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Prosa

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A prosa é uma forma de escrita onde o texto é redigido em linhas contínuas e organizado em parágrafos, em oposição ao verso[1]. O termo designa também um gênero literário que, em oposição à poesia, é marcado por uma linguagem relativamente simples e objetiva, o que engloba gêneros textuais como o conto, a novela, o romance, o ensaio e a crônica[1].

A palavra vem do termo latino oratio prorsa, que significa "linguagem direta e livre", um termo que era empregado em oposição à oratio vincta, "linguagem travada, ligada por regras de versificação"[2].

Funcionamento do texto em prosa

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Diferentemente do verso, o texto em prosa não constitui qualquer tipo de regra. Porém, há entre os escritores algumas "boas práticas" que objetam organizar o conteúdo do texto. Essas "boas práticas" são abordadas em inúmeras obras didáticas, dentre as quais destaca-se Comunicação em prosa moderna, de Othon Moacir Garcia. As principais recomendações são[3]:

  • organizar o conteúdo do texto em temas e subtemas e tratá-los sistematicamente em blocos de texto chamados de parágrafos;
  • iniciar cada parágrafo com um espaço visível de distância da margem esquerda, com o objetivo de tornar mais fácil a identificação dos parágrafos;
  • iniciar cada parágrafo com a apresentação de uma ideia, fato ou objeto e, no decorrer do parágrafo, desenvolver essa apresentação.

Classificação

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Dom Casmurro é um texto em prosa do tipo romance.

A prosa divide-se em dois tipos básicos: a narrativa e a demonstrativa. A prosa narrativa, compreende a histórica e de ficção, enquanto a prosa demonstrativa reúne a oratória e a prosa didática (tratados, ensaios, diálogos e cartas).[4]

A prosa também pode ser classificada pela função, dividindo-se em narrativa (ou de ficção); argumentativa (tratados); dramática (texto teatral); informativa (livros didáticos, manuais, enciclopédias, jornais e reportagens); e contemplativa (ensaios).[4] A prosa considerada literária compreende o conto, a novela, o romance, a crônica, o apólogo e o texto teatral. As demais formas não são estudadas no campo da Literatura,[5] Porém, a essência da prosa literária está nas prosas de ficção: o conto, a novela e o romance.[6][5]

O conto é um tipo de história mais curta, construído geralmente com um único conflito, com poucas personagens. A novela também é um tipo de história curta, que pode apresentar um ou mais conflitos (normalmente de tamanho intermediário entre o conto e o romance, com a particularidade de a novela ter um andamento mais episódico, dando a impressão de capítulos separados. Já o romance é um tipo de história onde há um conflito principal, prolongado com conflitos secundários, vindos dos painéis de época, das divagações filosóficas, da observação dos costumes e hábitos.

O tempo é um dos aspectos mais importantes da prosa de ficção.[7] O tempo cronológico é específico do conto e da novela, embora possa ocorrer no romance linear. Já o tempo metafísico é característico do romance, e em especial, do romance introspectivo.[8]

Prosa poética

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Ver artigo principal: Prosa poética
Roman Jakobson propôs o termo prosa poética.

O linguista Roman Jakobson define "poesia" a partir das funções da linguagem: "poesia" é o texto em que a função poética predomina sobre as demais. Assim, um texto escrito em forma de prosa pode ser considerado de "poesia", se sua função principal, sua finalidade, for poética. A tal texto pode-se dar o nome de prosa poética ou poesia em prosa. Pois é "prosa" em sua forma; mas "poesia" em sua função, em sua essência, nos sentimentos que transmite.

Historicamente, o marco de início da prosa poética é geralmente associado aos simbolistas franceses, entre os quais Baudelaire e Mallarmé; no Brasil esse início também está associado aos simbolistas, principalmente ao Poeta Negro: o grande Cruz e Sousa, que tem cinco obras em prosa poética: Tropos e Fantasias (1893); Missal (1893); Evocações (1898); Outras Evocações (obra póstuma) e Dispersos (obra póstuma).

A partir do século XX o gênero foi adotado por muitos poetas e poetisas, de estilos e inclinações muito diversos. A essas obras está reservado esse novo espaço, que já de saída inclui algumas obras de poetas como Cláudio Willer e José Geraldo Neres que já faziam parte de nosso acervo. Hoje apresentamos um novo poeta adepto desse gênero: Jorge Amaral.

Enquanto a poesia surgiu nos primórdios da atividade literária, a prosa desenvolve-se na Idade Média. A prosificação das canções de gesta deu origem às novelas. O romance surge no século XVIII e o conto desenvolve-se no fim da Idade Média e início do Renascimento. No entanto, há registos isolados anteriores, como o embrião de novela Ciropédia, de Xenofonte[9] e o conto As Mil e Uma Noites.[5]

O romancista brasileiro José de Alencar

A prosa barroca no Brasil surge no século XVII, com a oratória dos jesuítas, tendo como nome central o Padre Antônio Vieira.[10] No século XVIII, surgem os primeiros grêmios literários e eruditos, na Bahia e no Rio de Janeiro, denominados "academias".[11] Surgem também os atos acadêmicos, sessões de várias horas em homenagem a pessoas ou a datas religiosas, compreendendo sermões, poemas e óperas.[12] No século XIX, textos em prosa têm grande influência na história do país. Destacam-se os panfletos de Frei Caneca, condenado à morte pela participação na Confederação do Equador, e, principalmente, os ensaios de Hipólito da Costa em O Correio Braziliense contribuíram para a independência e as crônicas de Evaristo da Veiga na Aurora influenciaram a abdicação de Dom Pedro I.[13] A prosa do Romantismo inclui nomes como o de José de Alencar (O Guarani, romance de 1857), Álvares de Azevedo (Noite na Taverna, conto de 1855), Manuel Antônio de Almeida (Memórias de um Sargento de Milícias, de 1854) e Joaquim Manuel de Macedo (A Moreninha, romance de 1844).

O romancista angolano Castro Soromenho

Em Cabo Verde, a prosa literária antecedeu a poesia,[14] e em Moçambique, o conto tem sido o gênero literário mais importante no período pós-independência,[15] tendo Orlando Mendes como pioneiro no romance.[16] Em Angola, a primeira novela surge com Alfredo Troni em 1882 (Ngá Mutúri), mas o primeiro romance tipicamente angolano é O Segredo da Morta (1929), de Assis Júnior.[17] Destacam-se posteriormente Terra Morta (1949), de Castro Soromenho,[18] e mais recentemente os autores Luandindo Vieira,[19] Boaventura Cardoso,[20] Manuel Rui[21] e Ruy Duarte.[22] Em Guiné-Bissau, destaca-se a prosa de Fausto Duarte,[23] Abdulai Silla,[24] Odete Semedo, Filinto de Barros.[25]

Referências

  1. a b Brandino, Luiza. «Prosa: o que é, características, tipos, no Brasil - Mundo Educação». Mundo Educação. Consultado em 09 de outubro de 2024  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. MOISÉS, Massaud (2012). A criação literária: poesia e prosa. São Paulo: Cultrix. p. 66. ISBN 9788531611810 
  3. GARCÍA, Othon M. (Othon Moacyr) (2010). Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Editora FGV. pp. 219–245. ISBN 9788522508310 
  4. a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome moi371
  5. a b c Moisés 2002, p. 372.
  6. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome moi84
  7. Moisés 1996, p. 101.
  8. Moisés 1996, p. 102.
  9. Moisés 2002, p. 320.
  10. Bosi 2006, p. 43.
  11. Bosi 2006, p. 48.
  12. Bosi 2006, p. 50-51.
  13. Bosi 2006, p. 85.
  14. Veiga 1998, p. 118.
  15. Lopes 2004, p. 307.
  16. Medina 1996, p. 123.
  17. Santilli 2003, p. 293.
  18. Santilli 2003, p. 296.
  19. Medina 1996, p. 134-135.
  20. Macêdo 2007, p. 107.
  21. Macêdo 2007, p. 119.
  22. Macêdo 2007, p. 135.
  23. Augel 2007, p. 111.
  24. Augel 2007, p. 113-114.
  25. Augel 2007, p. 293.