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O Segredo dos Seus Olhos

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 Nota: Este artigo é sobre o filme argentino vencedor do Oscar. Para seu remake estadunidense, veja Secret in Their Eyes.
O Segredo dos Seus Olhos
El secreto de sus ojos
O Segredo dos Seus Olhos
Pôster promocional
 Argentina · Espanha
2009 •  cor •  127 min 
Gênero drama histórico-romântico · policial · suspense
Direção Juan José Campanella
Produção
  • Mariela Besuievski
  • Juan José Campanella
  • Carolina Urbieta
Roteiro
  • Eduardo Sacheri
  • Juan José Campanella
Baseado em
  • La Pregunta de Sus Ojos,
  • de Eduardo Sacheri
Elenco
Música
  • Federico Jusid
  • Emilio Kauderer
Diretor de fotografia Félix Monti
Direção de arte Marcelo Pont Vergés
Figurino Cecilia Monti
Edição Juan José Campanella
Companhia(s) produtora(s)
  • Tornasol Films
  • Haddock Films
  • 100 Bares
Distribuição
Lançamento 13 de agosto de 2009
Idioma espanhol

El secreto de sus ojos (prt/bra: O Segredo dos Seus Olhos)[2][3][4][5] é um filme hispano-argentino[5] de 2009, dirigido por Juan José Campanella; o roteiro, escrito por Campanella e Eduardo Sacheri, é baseado no romance La Pregunta de sus Ojos, escrito por Sacheri.[6]

O filme recebeu prêmios tanto em Hollywood quanto na Espanha, em especial o Oscar de Melhor Filme Internacional no Oscar de 2010, tornando a Argentina o primeiro país da América Latina a ganhar o prêmio duas vezes, sendo a primeira em 1985 com La historia oficial.[7][8][9] Três semanas antes, havia ganhado o prêmio espanhol equivalente, o Goya de Melhor Filme Estrangeiro em Espanhol. No seu lançamento se tornou a segunda maior bilheteria na história da Argentina, sendo superado apenas por Nazareno Cruz y el lobo.[10][11]

Em 2016, O Segredo dos Seus Olhos foi considerado o número 91 pela crítica internacional como os 100 Melhores Filmes do Século XXI pela BBC.[12] Em dezembro de 2021, a Europa Filmes iniciou a pré-venda no Brasil da edição limitada e definitiva do filme em blu-ray em parceria com a Versátil Home Vídeo, que será lançado exclusivamente na loja virtual Versátil HV.[13]

Em junho de 1974, o agente judiciário Benjamin Espósito investiga o estupro e assassinato de Liliana Colotto de Morales. Espósito promete ao marido de Liliana, Ricardo, que irá encontrar o assassino e conseguir prisão perpétua. Espósito tem a ajuda de seu parceiro alcoólatra Pablo Sandóval e da nova chefe do departamento Irene Menéndez-Hastings. Romano, rival de Espósito, acusa dois trabalhadores imigrantes do assassinato, Espósito descobre depois que ambos foram torturados a fim de se obter uma confissão.

Espósito descobre uma pista ao observar fotos antigas de Liliana, que foram entregues por Ricardo, muitas delas apresentavam um homem, identificado como Isidoro Gómez, encarando-a de forma suspeita. Espósito e Sandóval entram escondidos na casa da mãe de Gómez em Chivilcoy e encontram cartas de Gómez para sua mãe, as quais Sandóval rouba, fato que Espósito descobre depois ao retornar para Buenos Aires. Suas “visitas” apenas causam problemas com seus superiores, e eles não conseguem encontrar nenhuma evidência nas cartas. Gómez continua solto, devido a uma ligação descuidada de Ricardo para a mãe de Gómez, numa tentativa desesperada de encontrar o assassino da esposa. Por fim, o caso é encerrado.

Em 1975, Espósito encontra Ricardo em uma estação de trem em Retiro e descobre que ele estava tentando encontrar Gómez. Espósito convence Menéndez a reabrir a investigação. Enquanto isso, bebendo em um bar, Sandóval faz uma descoberta: um conhecido identifica vários nomes nas cartas - aparentemente sem qualquer relação - como jogadores de futebol do Racing Club de Avellaneda. Assim, após identificar ele como um fã do Racing, Espósito e Sandóval vão a um jogo entre Racing e Hurácan, na esperança de encontrar Gómez.

No estádio do Hurácan, Espósito e Sandóval conseguem localizar Gómez na multidão, mas um repentino gol provoca um tumulto que permite Gómez escapar. Começa então uma perseguição e Gómez é apanhado por seguranças do estádio. Espósito e Menéndez o prendem ilegalmente e Menéndez faz Gómez confessar depois de macular seu orgulho masculino. Goméz é julgado e sentenciado, mas Romano paga a fiança e o liberta um mês depois e o contrata como um assassino de aluguel para a facção de direita do Partido Peronista, para assim, conseguir vingança de Espósito. Espósito e Menéndez tentam reverter, porém são impedidos por Romano. Espósito conta a Ricardo Morales que o assassino da sua esposa nunca irá para a prisão.

Semanas depois, Sandóval entra em uma briga de bar, fazendo com que Espósito leve ele ao seu flat e busque sua esposa. Ao retornar ao flat, encontra a porta aberta, suas fotos reviradas e Sandóval morto a tiros em seu quarto. Espósito conclui que Romano mandou assassinos atrás dele, mas Sandóval fingiu ser ele para protegê-lo. Temendo por sua vida, Espósito se esconde por 10 anos na província de Jujuy com os primos de Menéndez. Espósito retorna a Buenos Aires em 1985 para encontrar Gómez desaparecido, Romano assassinado durante o Processo de Reorganização Nacional, e Menéndez casada com dois filhos.

Em 1999, Espósito visita Ricardo, visando trazer sentido ao caso, o qual havia se mudado em 1975 para um chalé isolado na área rural da província de Buenos Aires. Ricardo perde o controle quando Espósito o pergunta como lidou com a morte da mulher e do fim injusto da investigação, dado que Gómez nunca mais foi visto após se tornar parte da segurança de Isabel Péron. Ricardo conta a Espósito que ele sequestrou e matou Gómez anos antes e Espósito vai embora. Momento depois, entretanto, Espósito dirige de volta à casa de Ricardo, onde ele encontra Ricardo alimentando Gómez, o qual Ricardo manteve preso por 25 anos sem falar com ele. Gómez implora a Espósito por contato humano, mas Ricardo diz a ele “Você me prometeu uma prisão perpétua”.

De volta a Buenos Aires, Espósito visita o túmulo de Pablo Sandóval pela primeira vez. Ele, então, vai ao escritório de Menéndez, pronto para confessar seu amor por ela, algo que ela sempre esperou dele. Sorrindo e ansiosos, ele ficam no escritório juntos e fecham a porta.

Contexto Histórico e Político

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O cenário do filme vincula as personagens à situação política na Argentina em dois períodos diferentes: 1975 e 1999. Os principais eventos ocorrem em 1975, um ano ante de começar a última ditadura civil-militar na Argentina (1976-1983); o último ano da presidência de Isabel Martínez de Perón teve grande turbulência política, com violência tanto da esquerda, quanto de organizações terroristas patrocinadas pelo estado, especialmente nas mãos da Aliança Anticomunista da Argentina (conhecida como AAA ou triplo A), um esquadrão da morte de extrema direita fundado em 1973 e bastante ativo em particular sob controle de Isabel  Perón (1974-1976). Um golpe militar em 1976 iniciou a chamada "Guerra Suja" que é representada no personagem de Isidoro Gomez e sua proteção pelo governo, devido ao seu trabalho de ajudar a administração  e seu sistema judicial a encontrar (e depois matar) ativistas de esquerda e militantes ou guerrilheiros.[14] O Processo de Reorganização Nacional foi um período de mais de sete anos (1976-1983) marcado por violações generalizadas dos direitos humanos.[15] O terrorismo patrocinado pelo Estado da junta militar criou um clima de violência cujas vítimas estavam na casa dos milhares e incluía ativistas de esquerda e militantes, intelectuais e artistas, sindicalistas, estudantes e jornalistas, assim como, marxistas e guerrilheiros peronistas.

É estimado que por volta de dez mil dos desaparecidos eram guerrilheiros do grupo Montoneros (MPM), a mais antiga organização guerrilheira, que começou a operar em 1970, e do Exército Revolucionário do Povo (ERP).[16][17] Apesar de na época existir violência envolvendo a esquerda, a maioria provocada pelos Montoneros, a maioria das vítimas eram não-combatentes desarmados[18], e as guerrilhas foram exterminadas em 1970, enquanto que a ditadura continuou com seus crimes até sair do poder, fato acelerado pela derrota na Guerra das Malvinas em 1982, resultando na convocação de eleições um ano depois. A Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas originalmente estimou que por volta de 13 mil indivíduos estavam desaparecidos. Estimativas atuais para o número de pessoas mortas ou desaparecidas varia de 9,089 a mais de 30,000. Os próprios militares reportam ter matados 22 mil pessoas em uma comunicação com a Inteligência Chilena, e as Mães e Avós da Praça de Maio, que são a organização mais importante pelos direitos humanos na Argentina, sempre mantiveram que o número de desaparecidos está na casa dos 30 mil[19][20].

Desde 1983, a Argentina manteve a democracia como sistema de governo: neste ano Raúl Alfonsín foi eleito presidente a logo falou contra o uso de tortura e esquadrões da morte pela junta argentina que sequestraram e mataram os “desaparecidos”, escondendo seus corpos em lugares desconhecidos. No cargo, Alfonsín começou a punir policiais e tropas que foram responsáveis por milhares de mortes na chamada “Guerra Suja”.[21][22] Em 1985 o governo promoveu o Julgamento das Juntas que julgou e condenou o homem que estava no alto da hierarquia militar durante a ditadura, deixando de lado outros militares e civis que também eram responsáveis pelos crimes do período[23][24].

O segundo período retratado é em 1999, durante os últimos dias da administração de Carlos Menem. Durante este período, as leis nacionais conhecidas como “Lei do Ponto Final” e “Lei de Obediência Devida” - sancionadas em 1980 - ainda estavam valendo. Esses elementos legais, popularmente conhecidos como “as leis de anistia” , bloquearam a investigação de milhares de casos de abusos aos direito humanos cometidos durante a ditadura no país. Esse período da história Argentina é mostrado para enfatizar a situação em que Ricardo Morales viveu, já que a impunidade que criminosos e violadores dos direitos humanos, como Gómez, desfrutavam na época impediu que Morales o levasse à justiça: o sistema penal condenaria Morales por suas ações. Ao mesmo tempo, muitos ex-torturadores e assassinos da ditadura - que poderiam ter sido amigos ou parceiros de Gomez - estavam livres, e poderiam se vingar de Morales. Esse fato explica ainda mais porque Morales escolheu se isolar com Gómez por tantos anos.

Em 2003 o clima político mudou, e durante a administração do presidente Nestor Kirchner, a Lei do Ponto Final e a Lei de Obediência Devida, juntamente com os perdões executivos foram declarados nulos e sem efeito, primeiramente pelo Congresso a depois pela Suprema Corte.[25] Essas mudanças, promovidas pelo governo em 2005, possibilitou que o poder judicial processasse e julgasse todos os orquestradores de terrorismo patrocinado pelo Estado, assim como atos criminosos motivados politicamente em 1975. Os crimes desse período ainda estão sendo julgados a partir de 2020[26].

Além de receber o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2010[27], o filme venceu o Prêmio Goya de melhor filme do ano.[28]

No site agregador de críticas Rotten Tomatoes, 91% das 133 resenhas dos críticos são positivas. O consenso diz: “Imprevisível e rico de simbolismo, este mistério de assassinato argentino faz jus ao seu Oscar com um enredo cativante, direção assegurada de Juan José Campanella, e performances hipnotizantes de seu elenco."[29] O Metacritic, que usa uma média ponderada, atribuiu ao filme uma pontuação de 81 em 100, baseado em 34 críticos, indicando "aclamação universal".[30]

Referências

  1. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome BJC2021
  2. «O Segredo dos Seus Olhos». Portugal: SapoMag. Consultado em 17 de setembro de 2019 
  3. «O Segredo dos Seus Olhos». Portugal: CineCartaz. Consultado em 17 de setembro de 2019 
  4. «O Segredo dos Seus Olhos». Brasil: AdoroCinema. Consultado em 17 de setembro de 2019 
  5. a b «O Segredo dos Seus Olhos». Brasil: CinePlayers. Consultado em 17 de setembro de 2019 
  6. «The Secret In Their Eyes (El Secreto De Sus Ojos)» (em inglês). Screendaily.com. Consultado em 31 de março de 2014 
  7. Child, Ben; agencies (9 de março de 2010). «Argentina celebrates Oscars triumph». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  8. «Argentina wins its second Oscar for "El secreto desus ojos» (em inglês). Road2argentina.com. Consultado em 31 de março de 2014 
  9. «G1 > Pop & Arte - NOTÍCIAS - Filme argentino "O Segredo dos Seus Olhos" leva Oscar». g1.globo.com. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  10. «leonardo favio su obra». web.archive.org. 25 de julho de 2011. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  11. Clarín.com. «El secreto ya es récord». www.clarin.com (em espanhol). Consultado em 17 de outubro de 2020 
  12. «The 21st Century's 100 greatest films». www.bbc.com (em inglês). Consultado em 17 de outubro de 2020 
  13. «Blu-ray: O Segredo dos Seus Olhos - Edição Definitiva Limitada com 1 Pôster, 1 Livreto e 2 Cards». Versátil HV. Consultado em 10 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de dezembro de 2021 
  14. «The Secret in Their Eyes and the Foreign Film Oscar». Cineaste Magazine (em inglês). Consultado em 17 de outubro de 2020 
  15. «Holocaust Museum Houston». hmh.org. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  16. [https://www.cedema.org/ver.php?id=2713 «Cedema.org - Viendo: A 32 a�os de la ca�da en combate de Mario Roberto Santucho y la Direcci�n Hist�rica del PRT-ERP»]. www.cedema.org. Consultado em 17 de outubro de 2020  replacement character character in |titulo= at position 28 (ajuda)
  17. «Folha de S.Paulo - O que é isso, montonero? - 02/10/2011». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  18. «The Spokesman-Review - Pesquisa no arquivo do Google Notícias». news.google.com. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  19. «Brasil de Fato». Brasil de Fato. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  20. «40 years later, the mothers of Argentina's 'disappeared' refuse to be silent». the Guardian (em inglês). 28 de abril de 2017. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  21. «Raul Alfonsin: Politician who led Argentina out of the dark years of». The Independent (em inglês). 3 de abril de 2009. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  22. «BBC Brasil - Notícias - Alfonsín ajudou a mudar relação entre Argentina e Brasil, dizem analistas». www.bbc.com. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  23. Molina, Federico Rivas (31 de março de 2019). «Na Argentina, falar da ditadura e dos militares que a conduziram é motivo de desonra». EL PAÍS. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  24. «Folha de S.Paulo - Justiça: Argentina leva ex-ditadores a julgamento - 19/03/2000». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  25. «Argentina: Amnesty Laws Struck Down». Human Rights Watch (em inglês). 14 de junho de 2005. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  26. «Argentina julga 35 acusados por crimes durante a ditadura». R7.com. 25 de junho de 2019. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  27. «Nominees for the 82nd Academy Awards» (em inglês). Oscars.org. Consultado em 31 de março de 2014 
  28. «El secreto de sus ojos got eight nominations for the Goya Awards» (em inglês). m24digital.com. Consultado em 31 de março de 2014. Arquivado do original em 2 de abril de 2015 
  29. «El Secreto de Sus Ojos» (em inglês). Rotten Tomatoes. Consultado em 31 de março de 2014 
  30. «El Secreto de Sus Ojos» (em inglês). Metacritic. Consultado em 31 de março de 2014 
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