Línguas tuaregues
Línguas tuaregues ⵜⴰⵎⴰⵌⴰⵆ | ||
---|---|---|
Outros nomes: | Tamaxeque, Tamahaq, Tamajaq, Tamashek | |
Falado(a) em: | Argélia Burquina Fasso Líbia Mali Níger | |
Região: | Saara | |
Total de falantes: | 1.2 milhões (Ethnologue) | |
Família: | Afro-asiática Berbere Línguas tuaregues | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | --
| |
ISO 639-2: | tmh | |
ISO 639-3: | vários: tmh — tamaxeque (genérico) thv — Tahaggart Tamahaq taq — tamaxeque ttq — Tawallammat Tamajaq thz — Tayart Tamajeq | |
O tuaregue,[1] também conhecido como tamaxeque[2][3] (AFI: [ˈtæməʃɛk]) e tamajaque (ⵜⴰⵎⴰⵌⴰⵆ, tamahaq) é um grupo de dialetos e línguas berberes aparentados, falados pelos berberes tuaregues em partes de Mali, Níger, Argélia, Líbia e Burquina Fasso, com alguns poucos falantes na região de Kinnin, no Chade.[4]
Outras línguas berberes e o tamaxeque são mutuamente compreensíveis e em geral são consideradas como uma única língua (pelo linguista dinamarquês Karl-G. Prasse, por exemplo), sendo que há algumas distinções fonéticas (afetando a pronúncia de z e de h, por exemplo). O tamaxeque é muito conservativo em alguns aspectos, mantendo duas vogais curtas onde as outras línguas berberes do norte têm uma ou mesmo nenhuma. Além disso, sofreu muito menos influências léxicas do árabe do que as demais línguas berberes.
Um dos exemplos das línguas tuaregues é o tamahaq. A região nativa da língua é deserto do Saara, envolvendo a Argélia, na região da Ahaggar no Sul da Argélia, o ocidente da Líbia e o norte do Níger, locais onde a língua até hoje é utilizada por nativos. O tamahaq não possui uma expressiva variação das línguas tuaregues do sul das Montanhas Aïr, Azawagh e Adagh.[5] Muitas das línguas com origem congruente ao tamahaq possuem uma forte influência do árabe, mas o tamahaq é classificado com uma das mais puras. O tamahaq muitas vezes está integrado com o tamasheq ou tamajeq, variações próximas que possuem mais estudos acerca, contudo, o tamahaq possui sistemas que suavemente diferenciam das suas "irmãs", principalmente na área da fonética, havendo até mesmo variações dentro do próprio tamahaq derivações, principalmente na região sul do Saara, em grupos como o Kélowi e Awelímmiden.[6]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A palavra tuaregue é um exônimo, com origem no termo árabe hassaniya ta:rg-i, que denota um guerreiro nascido livre[7].
Por sua origem no ramo berbere, a língua possui similaridade com línguas como tarifit e cabila, também havendo línguas da família que o foram extintas, como as línguas guanches das Ilhas Canárias e o líbio antigo.[7]
Distribuição e Dialetos
[editar | editar código-fonte]Os falantes de tuaregue estão espalhados, em geral, pela região do Saara, mais especificamente nas áreas montanhosas, sendo os nativos povos de montanha, em especial as montanhas Montanhas Aïr, Azawagh e Adagh. As variedades do tuaregue são línguas de povos nômades, mais concentrados no sul da Argélia, norte do Mali e sul do Niger. Um exemplo recente do nomadismo é a presença da língua em Burquina Faso.[8]
O tuaregue é dividido em sua forma popular baseada na sua pronuncia de nome[7]
- Tamashek (Tamachek, Tamashaq) - Mali (exceto Meneka)
- Tamajak (Tamajek, Tamajeq) Niger, Mali, (Meneka)
- Tamahak (Tamahaq) Argélia (Hoggar range)
E também existe a sua divisão revisada, baseada em grupos distintos, que possuem status autônomo
- Tamashek (Tamachek) - Mali (Kidal, Gao, Timbuktu)
- Tawellemmett (Tawallammat) - Niger (NW), Mali (Menaka)
- Tayert (Tayart) Niger (norte, Air range)
- Tamahak (Tamahaq) Argélia (Hoggar)
Número de Falantes
[editar | editar código-fonte]Seus números de falantes são (segundo Ethnologue em 2004): 270,000 para Tamashek, 62,000 para Tamahak, 640,000 para Tawellemmett, e 250,000 para Tayert.[7]
Fonologia
[editar | editar código-fonte]Vogais
[editar | editar código-fonte]O sistema de vogais inclui 5 vogais longas /a, e, i, o, u/, versões "enfáticas" de /e, o/, e duas vogais curtas /ə, ă/[9]. As vogais enfáticas e/ e /o/ geralmente derivam de /i/ e /u/, enquanto que evidências comparativas mostram que /ə/ deriva do amálgama “proto-berbere” entre */ĭ/ e */ŭ/. As semivogais são classificadas por alguns autores como as vogais, sendo elas: /w, j/. Também há a citação da existência de alguns ditongos: /əw/ (>[u]), /ăw/, /aw/, /ew/, /iw/, /ow/, /uw/, /əj/ (>[i]), /ăj/, /aj/, /ej/, /ij/, /oj/, /uj/.[10], mas esse é um ponto de diálogo entre linguistas, pois alguns também dizerm não haver ditongosNa fala, antes da pronuncia de vogais enfáticas são reduzidas as vogais formando: ə/ em [ă], /e, i/ em um [e] “enfático”; e /u, o/ em [o] “enfático”, com algumas variações dialetais (com percepção de f /i, u/ "menos aberto" que /e, o/)[11].[9] Tabela de vogais[12]:
Anterior | Central | Posterior | |
---|---|---|---|
Fechada | ə | ||
Aberta | ă |
Anterior | Central | Posterior | |
---|---|---|---|
Fechada | i | u | |
Quase fechada | e | o | |
Aberta | a |
Consoantes
[editar | editar código-fonte]Labial | Aveolar | Palatal | Velar | Uvelar | Faringe | Glotal | ||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Plana | enfática | |||||||
Nasal | m | n | ŋ | |||||
Pausa | b | t d | tˤ dˤ | ɟ[13] | k ɡ | q | (ʔ) | |
Fricativa | f | s z | (sˤ) zˤ | ʃ ʒ | x ɣ[14] | (ħ ʕ) | h | |
Lateral | l | (lˤ) |
O inventário de consoantes se parece muito com o do árabe: vocalização diferenciada, uvulares, faringeais (tradicionalmente referidas como enfáticas) /tˤ/, /lˤ/, /sˤ/, /dˤ/, /zˤ/; requerendo a contração dos músculos da faringe, influindo na pronúncia da vogal seguinte (porém /lˤ, sˤ/ só ocorrem em palavras que vem do árabe e /lˤ/ é raro) [15]
/ŋ/ é um som raro, /ʒ/ é raro em Tadraq, e tem-se como exemplo do empréstimo árabe fonético através das fricativas /ħ, ʕ/ são usados apenas nas palavras árabes no dialeto Tanəsləmt, sendo, portanto, um empréstimo direto do árabe [12]. Mesmo que fazendo parte, em algumas descendentes do tuaregues, elas são trocadas por /x, ɣ/ respectivamente.[16]
A oclusiva glotal /ʔ/ é não fonêmica e não é presente nos dialetos árabes, mas pode ser encontra no vocabulário islâmico não assimilado. Ocorre no começo de palavras com vogal inicial para preencher a função da consoante inicial na estrutura da sílaba, embora se as palavras forem precedidas por uma palavra que termina em consoante, é feita uma ligação em substituição. O /a/ inicial de uma frase é também seguida por uma oclusiva glotal fonética[17]
A geminação é contrastiva. Normalmente /ɣɣ/ se torna [qq], /ww/ se torna [gg], e /dˤdˤ/ se torna [tˤtˤ]. /q/ e /tˤ são (com poucas exceções) sempre geminados. Além disso, em dialeto Tadraq /g/ é geralmente geminado, mas em Tudalt tom singelo /g/ pode ocorrer.[17]
A assimilação vocal ocorre, com a primeira consoante tomando a sonoridade da segunda (Ex.: /edˤkăr/>[etˤkăr]).[15]
A redução dos conjuntos consonantais modifica a palavra / fonema-final /-ɣt, -ɣk/ em [-qq] e /-kt, -ɟt, -gt/ em /-kk/ (Ex.. /tămaʃăɣt/>[tămaʃăq] 'Tamasheq').
Labial | Palato-
alveolar |
Velar | Uvular | Faringe | Laringe | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
plana | Enfática/
transformada emfaringe | |||||||
Plosiva | mudo | (p) | (tˤ) | tʃ | k | (q) | (ʔ) | |
voiced | b | dˤ | gʲ | g | ||||
Fricativa | mudo | f | (sˤ) | ʃ | χ | (ħ) | h | |
voiced | zˤ | ʒ | ʁ | (ʕ) | ||||
Nasal | m | ɲ | ŋ | |||||
Liquida | lateral | (ɫ) | ||||||
rótco | ||||||||
Aproximada | w | j |
Esta é uma tabela com as consoantes no tamasheq que, ao todo, somam 33[18], sendo boa para comparação de como as línguas derivadas da língua tuaregue são muito parecidas.
Ortografia
[editar | editar código-fonte]As línguas tuaregues são geralmente escritas no alfabeto tifinague nativo, existe porém algum uso do alfabeto árabe nalgumas áreas desde os tempos medievais, enquanto que o alfabeto latino é oficial no Mali e no Níger. O programa nacional do Mali de alfabetização (DNAFLA) estabeleceu um padrão para o uso do alfabeto latino, o qual é usado com modificações, conforme o léxico de Karl-G. Prasse, também no programa de alfabetização de Burquina Fasso. Em Níger, outro sistema foi usado, havendo também diferenças nos usos do tifinague e na escrita árabe.[19]
A escrita árabe é mais usada por tribos islâmicas, e pouco consideradas nessas padronizações.
O uso do tifinague é restrito principalmente à escrita de fórmulas mágicas, a qual é feita em palmas, quando o silêncio é exigido, e nas cartas escritas recentemente[20]
O sistema DNAFLA é uma espécie de ortografia morfo-fonêmica, sem indicação de voigais encurtadas, sempre escrevendo a particular direcionada como < dd>, e não uma indicação de assimilação (Exemplo. <Tămašăɣt> for [tămašăq])[21]
Em Burquina Fasso as ênfases são marcadas por "ganchos" nas letras como na língua fula, por exemplo. <ɗ ƭ>.[21]
Tifinague[22] | árabe | Equivalência no latim | |
---|---|---|---|
Nome | Caractere | ||
Tegherit | ⴰ | ا | a,e,i |
Yeb | ⵀ | ب | b |
Yet | ⵜ | ت | t |
--- | --- | ث | --- |
Yej | ⵊ | ج | j |
Yeg | ⴶ | --- | g |
--- | --- | ح | -- |
Yok | ⵆ | خ | k |
Yed | ⴷ | د | d |
--- | --- | ذ | -- |
Yer | ⵔ | ر | r |
Yez | ⵣ | ز | z |
Yeṭ | ⵟ | ط | ṭ |
Yoẓ | ⵥ | ظ | ẓ |
Yec | ⴾ | ک | c |
Yel | ⵍ | ل | l |
Yem | ⵎ | م | m |
Yen | ⵏ | ن | n |
Yeṣ | ⵚ | ص | ṣ |
Yeḍh | ⴺ | ض | ḍ |
--- | --- | ع | --- |
Yeγ | ⵗ | غ | γ |
Yef | ⴼ | ف | f |
Yoq | ⵈ | ق | q |
Yes | ⵙ | س | s |
Yeš | ⵛ | ش | š |
Yeh | ⵂ | ھ | h |
yu | ⵓ | و | u w |
Yey | ⵢ | ي | y |
Gramática
[editar | editar código-fonte]A ordem básica das palavras Tuaregues é Verbo-Sujeito-Objeto. Os verbos podem ser agrupados em 19 classes morfológicas, algumas das quais têm definições semânticas. Os verbos levam consigo informações sobre o sujeito da frase na forma de marcação pronominal. Não há adjetivos simples e puros em Tuaregue, conceitos de adjetivação são expressos uma forma relativa de verbo chamada particípio (algo diferente do que se tem em Português). As Tuaregues são muito influenciadas pelas Línguas songais norte, como a Língua Tasawaq, cujos falantes são Tuaregues étnicos, mas falam variantes songais. Essa influência inclui pontos de fonologia e alguns de gramática, havendo também muitas palavras de origem externa.
A ordem básica das palavras Tuaregues é Verbo-Sujeito-Objeto. Os verbos podem ser agrupados em 19 classes morfológicas, algumas das quais têm definições semânticas. Os verbos levam consigo informações sobre o sujeito da frase na forma de marcação pronominal. Não há adjetivos simples e puros em Tuaregue, conceitos de adjetivação são expressos uma forma relativa de verbo chamada particípio (algo diferente do que se tem em Português). As Tuaregues são muito influenciadas pelas Línguas songais norte, como a Língua Tasawaq, cujos falantes são Tuaregues étnicos, mas falam variantes songais. Essa influência inclui pontos de fonologia e alguns de gramática, havendo também muitas palavras de origem externa.
Morfologia
[editar | editar código-fonte]Sendo uma língua “raiz-e-padrão” ou “templática”, raízes “triliterais” (com base de três consoantes) são os mais comuns em tamaxeque. Niels e Regula Christiansen usam a raiz “k-t-b” (escrever) para deomostrar conjugações de aspecto completes de passado.
Pessoa | |||
---|---|---|---|
s | 1 | ...-ăɣ | |
2 | t-...-ăd | ||
3 | m | y-... | |
f | t-... | ||
part. | m | y-...-ăn | |
f | t-...-ăt | ||
pl | 1 | n-... | |
2 | m | t-...-ăm | |
f | t-...-măt | ||
3 | m | ...-ăn | |
f | ...-năt | ||
part. | ...-nen |
A correspondência verbal com Japonês continua com o uso do aspecto; o tamaxeque usa, conforme registrou Sudlow:
- Perfeito: ações completas
- Estativo: "estados finais, resultados de uma ação completa."
- Imperfeito: ações futuras ou possíveis, "muitas vezes usado seguindo um verbo que expressa emoções, decisão ou pensamentos,” pode ser marcado com "'ad'" (na forma curta "'a-'" com preposições).
- Cursivo: ações em andamento, muitas vezes habituais.
Pronomes
[editar | editar código-fonte]Os pronomes nas línguas tuaregues possuem uma forte semelhança entre elas. Por isso, pode-se tomar como base uma para análise e entendimento, tendo em vista a liquides de possíveis variáveis. Toma-se como base nas seguintes tabelas a Língua tamahaq[24]
Pronomes pessoais
[editar | editar código-fonte]Primeira pessoa | |||
---|---|---|---|
Singular | Plural | ||
Eu e meu-CO | ⴾⵏ Nec
Masc e Fem |
Nós e Nós-CO | ⴺⵏⴾⵏ Necenéḍ
masc |
ⴺⵜⵏⴾⵏ Necéneteḍ
fem | |||
De mim | ⴰⵏⴰ | De nós | ⵗⵏ ⵏⴰ Inanáγ |
Segunda pessoa | |||
---|---|---|---|
Singular | Plural | ||
tu | ⵢⴾ Cai
masc |
Vocês | ⴺⵏⵓⴶⴰ Agaw/ueneḍ
mas |
ⵎⴾ Cam
fem |
ⴺⵜⵎⴶⴰ Agúmateḍ
fem | ||
de ti | ⴾⵏⴰ Inéc
masc |
de vocês | ⵏⵓⵏⴰ Inow/uen
masc |
ⵎⵏⴰ Iném | ⵜⵎⴾⵏⴰ Inécmet
fem |
Terceira pessoa | |||
---|---|---|---|
Singular | Plural | ||
Ele | ⴰⵜⵏⴰ Enta | Eles | ⴺⵏⵜⵏⴰ Entenéḍ |
Ela | ⴰⵜⵏⴰ Enta
ⵂⴷⵜⵏⴰ |
Elas | ⴺⵜⵏⵜⵏⴰ Entenetéḍ |
Dele | ⵙⵏⴰ Inis | deles | ⵏⵙⵏⴰ |
Dela | ⵜⵏⴰ Init | delas | ⵜⵏⵙⵏⴰ |
Sufixos de pronome | |||
---|---|---|---|
1ª pessoa | 2ª Pessoa | 3ª pessoa | |
Singular | ⴰ i | ⵢⴾ Cai
masc |
ⵜ t |
ⵎⴾ Cam
fem |
ⵜⵜ tet | ||
Plural | ⵓⵏ anaγ | ⵏⵓⴾ | ⵏⵜ |
ⵜⵎⴾ | ⵜⵏⵜ |
*Meu como pronome pessoal do caso oblíquo
Pronomes possessivos
[editar | editar código-fonte]As vezes são feitos como casos genitivos dos pronomes pessoais, mas também existem sufixos do pronome possessivos que possuem poucas diferenças do sufixo do pronome pessoal[25]
1ª pessoa | 2 pessoa | 3ª pessoa | |
singular | ⴰ i | ⴾ ie
masc |
ⵙ is
masc |
ⵎ im
fem |
ⵜ it
fem | ||
plural | ⵗⵏ anaγ | ⵏⵓ ow/uen
masc |
ⵏⵙ isan
masc |
ⵜⵎⴾ ocmet
fem |
ⵜⵏⵙ isnet
fem |
Pronomes interrogativos
[editar | editar código-fonte]ⴰⵎ Ma, quem ou o que[25]
Pronomes demonstrativos
[editar | editar código-fonte]Singular[26]</ref> | Plural | ||
---|---|---|---|
Isso | masculino | ⵂⵓ hah | ⵂⵓ hich |
ⵗⴷⵓ hadaγ | ⵗⴷⵓ hiedaγ | ||
Feminino | ⵂⵜ Tah | ⵂⵜ Tich | |
ⵗⴷⵜ Tadagh | ⵗⴷⵜ Tiedaγ | ||
aquilo | Masculino | ⵂⴷⵓ had | ⵂⴷⵓ Hidieh |
ⵂⴷ Dieh | ⵗⴷⴷⵓ hidiedaγ | ||
Feminino | ⵂⴷⵜ Tadieh | ⵂⴷⵜ Tidieh | |
ⵗⴷⴷⵜ Tidiedaγ | |||
Aquilo | Masculino | ⵗⵓⴰ Ahein | ⵗⴷⵏⵓ Hiendaγ |
ⵗⴷⵏⵓ Hendaγ | ⵗⴷⵏⵂ Hiendaγ | ||
ⵗⴷⵏⵂ Hendaγ | |||
Feminino | ⵗⴷⵏⵜ Tendaγ | ⵗⴷⵏⵜ Tiendaγ |
Substantivos
[editar | editar código-fonte]Todas as palavras palavras são masculinas ou femininas, para identificar é simples. todas estão no masculino, menos a que possuem ⵜ no final ou em alguma parte delas. Aqui também utiliza-se uma com base, sendo escolhida neste artigo a tamahaq [27]
Numero
[editar | editar código-fonte]O plural do substantivo no masculino é formado
- 1º Adicionando-se | ao singular; caso comecem com ⴰ a pronuncia a ou e do singular, no plural adquire o som de i
- 2º Singular terminado em ⴰ, comumente é feita a troca por |ⵜ (tan ou ten); a mudança da vogal inicial a ou e segue o mesmo padrão na mudança por i
- 3º Muda-se a pronuncia da inicial p ou i
- 4º Em casos mais raros uma palavra no singular que termina com ⴰ, seu plural se altera para |ⵓ ( wen)
em casos de substantivos femininos no plural tem-se:
- 1º Adição do afixo | ao singular e quando é terminado- as duas ultimas- com as letras compostas, ou em duas letras (não ha alteração na vogal curta)
- 2º Palavras terminadas em ⴰ, na maioria dos casos, troca-se por |
Declinação do substantivo
[editar | editar código-fonte]Não ha necessariamente uma declinação do substantivo no tamahaq, o que ocorre, na verdade é que no final ocorre uma prefixação às palavras que governam, o que alguns estudiosos consideram uma declinação
- Nominativo e acusativo: são iguais
- Genitivo: adicção do prefixo |ⴰ ao nominativo ⵓ e o dativo prefixando-se ⵢ ou ⴰ
Formação substantivo
[editar | editar código-fonte]Grande parte dos substantivos derivam de verbos, tendo a sua formação dependente do gênero. Por exemplo, os substantivos masculinos derivam do radical do verbo, trocando ⵢ, quando inicia, por ⴰ, e corta-se o final ⵜ quando o radical termina em um. As mudanças também podem ocorrer em vogais curtas que, mesmo que não expressas na escrita, são percebidas na fala. Já na formação dos substantivos femininos é visto a prefixação e afixação do ⵜⴰ, e caso o radical inicie com ⵢ ou ⴰ uma supressão de algumas letras ocorre com a prefixação do ⵜ
Verbos
[editar | editar código-fonte]Os verbos em tamahaq são ciados nas principias gramaticas como a raiz na formação de substantivos e adjetivos. A forma mais simples do verbo é 3ª pessoa do singular do pretérito.
Ocorre a distinção dos gêneros (entre masculino e feminino) na terceira pessoa do singular, a primeira e segunda pessoa do simular possuem somente uma forma para cada, que é utilizado para ambos. No plural, a segunda e terceira pessoa possuem distinção de masculino e feminino, já na primeira pessoa há um "comum", que é utilizado para ambos
Person | Singular | Plural | |
---|---|---|---|
1ª | ektabaɣ ‘Eu escrevi’ | nektab Nos escrevemos (pass)’ | |
2ª | (m) | tektabad ‘Tu (2s) escreveste’ | tektabam ‘Vós (2p/masc) escrevestes’ |
(fem) | tektabmat ‘Vós (2p/fem) escrevestes’ | ||
3ª | (m) | iktab ‘Ele escreveu’ | ektaban ‘Eles (3/p/masc) escreveram’ |
(fem) | tektab ‘Ela escreveu’ | ektabnat ‘Elas (3/p/fem) escreveram’ |
A correspondência verbal com Japonês continua com o uso do aspecto; o tamaxeque usa, conforme registrou Sudlow:
- Perfeito: ações completas
- Estativo: "estados finais, resultados de uma ação completa."
- Imperfeito: ações futuras ou possíveis, "muitas vezes usado seguindo um verbo que expressa emoções, decisão ou pensamentos,” pode ser marcado com "'ad'" (na forma curta "'a-'" com preposições).
- Cursivo: ações em andamento, muitas vezes habituais.
Pretérito
[editar | editar código-fonte]- 3ª Pessoa no singular no feminino: coloca-se o prefixo ⵜ ao masculino
- 2ª Pessoa: coloca-se o prefixo ⵜ e o afixo ⴷ ao radical
- 1ª Pessoa: coloca-se ⵓ ao radical
- 3ª Pessoa do plural (masculino): coloca-se o afixo | ao radical, no gênero feminino acrescenta ⵜ ao do masculino (|ⵜ)
- 2ª Pessoa do plural: coloca-se o prefixo ⵜ e o afixo ⵎ ao radical, no gênero feminino acrescenta o ⵜ ao feito no masculino[28]
Futuro
[editar | editar código-fonte]- Adiciona-se o prefixo ⴷⴰ quando a pessoa do pretérito não inicia com ⵜ, caso contrario, adiciona-se somente o ⴰ
- Em casos que a terceira pessoa do plural e primeira pessoa do plural na forma do pretérito terminarem com ⴰ, corta-se o ⴰ, formando então a mesma pessoa do futuro[28]
Presente
[editar | editar código-fonte]Formas do presente
- 1ª Muda-se inicial ⵢ por ⴰ e adiciona-se o teshdid sob o segundo radical
- 2ª Muda-se as iniciais ⵢ e ⴰ por ⵜⴰ
- 3ª Coloca-se o acento fatha no ponto vogal do primeiro radical e, assim como o primeiro, muda-se ⵢ por ⴰ.[28]
Existem diversas irregularidades quando queremos formar o presente.
Imperativo
[editar | editar código-fonte]- 2ª Pessoa do singular: retira-se o ⴰ do radical
- 2ª Pessoa do plural: no masculino, coloca-se o afixo ⵜⴰ ,no feminino, coloca-se ⵜⵎ ao da segunda pessoa do singular[29]
Passado do particípio
[editar | editar código-fonte]- Masculino no singular: coloca-se prefixo ⵎ, no feminino . coloca-se ⵎⵜ , ambos a adição ocorre no radical
- Masculino no plural: adiciona-se | ao masculino no singular, nos casos feminino adiciona-se ⵜ ao plural do masculino
Iniciais ⵢ ou ⴰ na terceira pessoa do singular não são considerados radicais
O verbo ser no tamahaque é escrito em ⴰ||ⴰ , usado no presente e no passado
- O verbo ter é escrito por ⵔⵓ yor, colado junto ao sufixo do pronome, em casso do presente. No passado, basta adicionar o prefixo ⴰ||ⴰ ao lado[29]
Sentença
[editar | editar código-fonte]O tamahaq é escrito da direita para esquerda, assim como o árabe. As formações das frases seguem as regras ditas anteriormente acrescentando ou suprimindo algo quando transita na forma verbal ou no gênero.[30]
- A ordem da palavra é VSO (verbo, sujeito e objeto)
- ⵙⴷⵙⵏⵏⵜ ⵂⴷ ⴰⵏⴰ Télsedas dih Ena (Diga aquilo novamente)
- ⴾⵏⴶⵎⴰ ⵛⵜⴰ Amagínic Etŝ (Coma seu jantar)
Vocabulário
[editar | editar código-fonte]Tafaghist | Português |
---|---|
Ahul
Tahultismill |
Olá |
Ma dăr tolăhăd?
Ma tăxlakăd? |
Como você está? |
Ălxer ɣas!
Ălxer ɣas təbarăk Aḷḷah |
Qual o seu nome? |
Tinsed dăɣ ălxer | Boa noite |
Tăɣlasăd | Bom dia |
Mi dət-təfălăd? | De onde você é? |
Referências
- ↑ S.A, Priberam Informática. «tuaregue». Dicionário Priberam. Consultado em 14 de abril de 2023
- ↑ S.A, Priberam Informática. «tamaxeque». Dicionário Priberam. Consultado em 14 de abril de 2023
- ↑ Correia, Paulo (2023). «Berberes — geografia e línguas» (PDF). A folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (73 — outono de 2023). pp. 10–19. ISSN 1830-7809
- ↑ Allati, Abdelaziz (23 de janeiro de 2010). «Les éléments qualificatifs berbères». Études et Documents Berbères (1): p. 11–22. ISSN 0295-5245. doi:10.3917/edb.029.0011. Consultado em 2 de maio de 2022
- ↑ «Tamahaq language». Google Arts & Culture. Consultado em 2 de maio de 2022
- ↑ Beckman 2012, p. 2.
- ↑ a b c d Heath 2005, p. 4.
- ↑ Heath 2005, p. 5.
- ↑ a b Sudlow 2001, p. 25.
- ↑ Sudlow 2001, pp. 25-26.
- ↑ Boutrais, Jean (1 de abril de 2009). «DIALLO, Youssouf, 2008, Nomades des espaces interstitiels ; pastoralisme, identité, migrations (Burkina Faso - Côte d'Ivoire)». Journal des Africanistes (79-2): 412–414. ISSN 0399-0346. doi:10.4000/africanistes.3129. Consultado em 2 de maio de 2022
- ↑ a b Heath 2005.
- ↑ Tabain, Marija; Beare, Richard; Butcher, Andrew (25 de agosto de 2013). «A preliminary spectral analysis of palatal and velar stop bursts in pitjantjatjara». ISCA: ISCA. doi:10.21437/interspeech.2013-86. Consultado em 2 de maio de 2022
- ↑ de Melo, Adriana. «Modulação de parametros imunologicos da resposta não especifica pelo composto MAPA». Consultado em 2 de maio de 2022
- ↑ a b Sudlow 2001, p. 29.
- ↑ Sudlow 2001, p. 27.
- ↑ a b Sudlow 2001, pp. 26-27.
- ↑ Heath 2005, p. 23.
- ↑ «Línguas tuaregues – Wikipédia, a enciclopédia livre». pt.wikipedia.org. Consultado em 2 de maio de 2022
- ↑ Abdel-Massih, Ernest T. (janeiro de 1977). «Thomas G. Penchoen, Tamazight of the Ayt Ndhir: Afro Asiatic Dialects I (Los Angeles: Uneda Publications, 1973). Pp. 124.». International Journal of Middle East Studies (1): 138–139. ISSN 0020-7438. doi:10.1017/s0020743800026842. Consultado em 2 de maio de 2022
- ↑ a b Sudlow 2001, p. 46.
- ↑ Beckman 2012, p. 5.
- ↑ a b CHRISTIANSEN (2002). Medium Ævum (1). 162 páginas. ISSN 0025-8385. doi:10.2307/43630426
- ↑ Beckman 2012, p. 34.
- ↑ a b Beckman 2012, p. 35.
- ↑ Beckman 2012, pp. 35-36.
- ↑ Beckman 2012, p. 21.
- ↑ a b c Beckman 2012, p. 11.
- ↑ a b Beckman 2012, p. 12.
- ↑ Beckman 2012, p. 31.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Beckman, Gary (2012). The Hittite Language: Recovery and Grammatical Sketch. [S.l.]: Oxford Handbooks Online. 77 páginas. doi:10.1093/oxfordhb/9780195376142.013.0022
- Christiansen, Niels and Regula. 2002. Some verb morphology features of Tadaksahak . SIL Electronic Working Papers 2002-005. Dallas: SIL International. Online. URL: https://www.sil.org/silewp/abstract.asp?ref=2002-005.
- Heath, Jeffrey (2005). A grammar of Tamashek (Tuareg of Mali). [S.l.]: Walter de Gruyter. 745 páginas. OCLC 60839346
- Sudlow, David. (2001). The Tamasheq of North-East Burquina Fasso. Köln: Rüdiger Köppe Verlag.
- Bougchiche, Lamara. (1997) Langues et litteratures berberes des origines a nos jours. Bibliographie internationale et sytematique. Paris: Ibis Press.
- Chaker, Salem, ed. (1988) Etudes touaregues. Bilan des recherches en sciences sociales. Travaux et Documents de i.R.E.M.A.M. no. 5. Aix-en-Provence: IREMAM / LAPMO.
- Leupen, A.H.A. (1978) Bibliographie des populations touaregues: Sahara et Soudan centraux. Leiden: Afrika Studiecentrum.
Dicionários
[editar | editar código-fonte]- Charles de Foucauld (1951-1952) Dictionnaire touareg-francais. 4 vol. Paris: Imprimerie Nationale de France. Publicação póstuma do fac-símile (autor falecido em dez. 1916); dialeto de Ahaggar, sul da Argélia.
- Jeffrey Heath (2006) Dictionnaire tamachek - anglais - français. Paris: Karthala. [covers dialects of northern Mali]
- Motylinski, A. (1908). Grammaire, dialogues et dictionnaire touaregs. Alger: P. Fontana.
- Prasse, Karl-G., Alojaly, Ghoubeid, and Mohamed, Ghabdouane (2003) Dictionnaire touareg-francais (Niger). 2ª ed. rev.; 2 vol. Copenhagen: Museum Tusculanum Press, University of Copenhagen. [1ª ed. 1998; abrange dois dialetos do norte do Níger]
- Prasse, Karl-G., Lexique Touareg-Français. Copenhague: Museum Tusculanum Press, 1998.
Gramáticas
[editar | editar código-fonte]- Christiansen, Niels, and Regula. "Some verb morphology features of Tadaksahak ." SIL Electronic Working Papers. 2002. SIL International. 2 December 2007 <https://www.sil.org/silewp/yearindex.asp?year=2002>.
- Hanoteau, A. (1896) Essai de grammaire de la langue tamachek' : renfermant les principes du langage parlé par les Imouchar' ou Touareg. Alger: A. Jourdan.
- Galand, Lionel. (1974) 'Introduction grammaticale'. In: Petites Soeurs de Jesus, Contes touaregs de l'Air (Paris: SELAF), pp. 15-41.
- Heath, Jeffrey. 2005. Grammar of Tamashek (Tuareg of Mali). (Mouton Grammar Series.) the Hague: Mouton de Gruyter.
- Prasse, Karl-G. (1973) Manuel de grammaire touarègue (tăhăggart). 4 vol. Copenhagen.
- Sudlow, David. (2001). The Tamasheq of North-East Burquina Fasso. Köln: Rüdiger Köppe Verlag.
Textos
[editar | editar código-fonte]- Ag Erless, Mohamed (1999) "Il ný a qu'un soleil sur terre". Contes, proverbes et devinettes des Touaregs Kel-Adagh. Aix-en-Provence: IREMAM.
- Aghali-Zakara, Mohamed & Jeannine Drouin (1979) Traditions touarègues nigériennes. Paris: L'Harmattan.
- Albaka, Moussa & Dominique Casajus (1992) Poésies et chant touaregs de l'Ayr. Tandis qu'ils dorment tous, je dis mon chant d'amour. Paris: L'Harmattan.
- Alojaly, Ghoubeïd (1975) Ǎttarikh ən-Kəl-Dənnəg - Histoire des Kel-Denneg. Copenhagen: Akademisk Forlag.
- Casajus, Dominique (1985) Peau d'Âne et autres contes touaregs. Paris: L'Harmattan.
- Chaker, Salem & Jélène Claudot & Marceau Gast, eds. (1984) Textes touaregs en prose de Charles de Foucaould et. A. de Calassanto-Motylinski. Aix-en-Provence: Édisud.
- Chants touaregs. Recueillis et traduits par Charles de Foucauld. Paris, Albin Michel, 1997
- Foucauld, Charles de (1925) Poésies touarègues. Dialecte de l'Ahaggar. Paris: Leroux.
- Lettres au marabout. Messages touaregs au Père de Foucauld. Paris, Belin, 1999
- Heath, Jeffrey (2005) Tamashek Texts from Timbuktu and Kidal. Berber Linguistics Series. Cologne: Koeppe Verlag
- Louali-Raynal, Naïma & Nadine Decourt & Ramada Elghamis (1997) Littérature orale touarègue. Contes et proverbes. Paris: L'Harmattan.
- Mohamed, Ghabdouane & Karl-G. Prasse (1989) Poèmes touaréges de l'Ayr. 2 vol. Copenhagen: Akademisk Forlag.
- Mohamed, Ghabdouane & Karl-G. Prasse (2003) əlqissǎt ən-təməddurt-in - Le récit de ma vie. Copenhagen: Museum Tusculanum Press.
- Nicolaisen, Johannes, and Ida Nicolaisen. The Pastoral Tuareg: Ecology, Culture, and Society. Vol. 1,2. New York: Thames and Hudson, Inc, 1997. 2 vols.
- Nicolas, Francis (1944) Folklore Twareg. Poésies et Chansons de l'Azawarh. BIFAN VI, 1-4, p. 1-463.
Tópicos linguísticos
[editar | editar código-fonte]- Cohen, David (1993) 'Racines'. In: Drouin & Roth, eds. À la croisée des études libyco-berbères. Mélanges offerts à Paulette Galand-Pernet et Lionel Galand (Paris: Geuthner), 161-175.
- Kossmann, Maarten (1999) Essai sur la phonologie du proto-berbère. Köln: Rüdiger Köppe.
- Prasse, Karl-G. (1969) A propos de l'origine de h touareg (tahaggart). Copenhagen.