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ISBN 978-85-02-61839-8
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057
Dana, Samy
Em busca do tesouro direto / Samy Dana, Miguel Longuini. – São
Paulo : Saraiva, 2014.
ISBN 978-85-02-61839-8
1. Títulos públicos – Brasil. 2. Investimentos de capital 3. Finanças
pessoais I. Título II. Longuini, Miguel.
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1. Investimentos de capital
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Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer
meio ou forma sem a prévia autorização da Editora Saraiva. A violação dos
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AGRADECIMENTOS
gradeço à CPQi, empresa de tecnologia para Investment Bank, na figura do
A seu
CEO, Terry Boyland, e à sua equipe, em especial ao sempre presente
Andersson Louis DeGaspari, pela validação das calculadoras e revisão técnica,
além de Emerson Oliveira da Silva, pelo apoio nas calculadoras.
À Folha de S.Paulo e, em especial, ao caderno “Mercado”, dirigido por Ana
Estela de Sousa Pinto, e à editora do “Folhainvest”, Carolina Leite Franklin
de Matos, que abriram as portas para tratarmos do tema, primeiro, no blog
“Caro Dinheiro”, e depois na coluna on-line.
À Consultoria Júnior de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV),
especialmente ao Otávio Oliveira, pela revisão dos textos.
À Patrícia Basílio, pela revisão textual.
Ao Tiago Misiara, pelo apoio.
À Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais (Anbima), por gentilmente ceder dados do Índice de Mercado
Anbima (IMA)[1].
E aos amigos e familiares, que foram fundamentais neste processo,
oferecendo todo o suporte e o incentivo necessários para a produção desta
obra.
APRESENTAÇÃO
presente obra foi fruto de um trabalho que se iniciou no blog “Caro
A Dinheiro”,
da Folha de S.Paulo, cujo objetivo era esclarecer o mundo do
Tesouro Direto aos leitores e investidores.
Dividimos o livro em cada um dos cinco títulos públicos que são
comercializados pelo programa de vendas do Tesouro Nacional. Assim, além
das introduções necessárias, a primeira parte da obra aborda as Letras do
Tesouro Nacional (LTN) e as Notas do Tesouro Nacional, série F (NTN-F);
Letras Financeiras do Tesouro (LFT); Notas do Tesouro Nacional, série B
Principal (NTN-B Principal); bem como as Notas do Tesouro Nacional, série B
(NTN-B). Em seguida, abrimos espaço para a Estrutura a Termo da Taxa de
Juros (ETTJ) e o IMA – índice elaborado pela Anbima, que representa a
evolução da carteira de títulos públicos federais a preços de mercado.
Em todos os capítulos, buscamos demonstrar as características de cada
um dos títulos públicos, abordando, portanto, desde a teoria até os cálculos
mais complexos. Ao longo da obra, há diversas indicações para que o leitor
entre no site da editora, no qual disponibilizamos algumas calculadoras que o
auxiliarão nos cálculos. Além disso, se houver dificuldades no decorrer dos
capítulos, basta consultar os tópicos introdutórios e os apêndices.
Esperamos que o livro consiga esclarecer o funcionamento do programa
do Tesouro Direto para o leitor e ajudar na disseminação da educação
financeira no Brasil. Àqueles que tiverem dúvidas, críticas ou sugestões,
sugerimos que as enviem para www.editorasaraiva.com.br/contato.
PREFÁCIO
esperava em uma mesa de calçada em São Paulo, naquela manhã fria
E udeo2012.
Fora convidada para um café por Samy Dana, a quem conhecia
apenas de conversas por telefone e de ler textos encomendados para o
Caderno de Economia do jornal Folha de S.Paulo, que edito desde aquele ano.
Samy, professor da Fundação Getulio Vargas (FVG), começou a aparecer
nas páginas da Folha em 2011, como entrevistado em reportagens que
prestavam serviços ao leitor. “Vale mais a pena andar de táxi ou ter carro
próprio?”; “O que faço para equilibrar minhas contas?”; “Que cuidados
tomar ao financiar um veículo?” eram algumas das perguntas que ele nos
ajudava a responder. De fonte, passou a autor de textos analíticos sobre
vários aspectos da economia, mas, em sua maioria, com um enfoque mais
didático.
Naquela época, terminávamos um projeto para ampliar a oferta de
informações sobre finanças pessoais – que resultou no site “Folhainvest” –, e
o café foi marcado porque Samy queria fazer uma proposta de colaboração ao
jornal.
Do terraço, vi um garoto chegando a pé, de cabelo castanho (quase ruivo)
encaracolado, calça social e suéter, pasta embaixo do braço e guarda-chuva na
mão. Sim, era meu futuro colaborador, colocando em prática o que havia
ensinado aos leitores da Folha: carro próprio nem sempre é a melhor solução.
Na conversa, ficou clara a sintonia entre os planos de Samy e os nossos:
tratar de finanças pessoais com a linguagem mais clara possível e no sentido
mais amplo, desde como avaliar uma proposta de trabalho até como se livrar
de uma dívida, passando por consumo consciente e decisões de
investimento.
Queríamos divulgar essas informações com exemplos práticos, adaptados
à realidade de cada leitor: simulações, planilhas que ele mesmo pudesse
preencher, calculadoras interativas. Mais que isso, pensávamos em levar a
educação financeira a todos os aspectos da vida: o custo do namoro, o
orçamento para se criar um animal doméstico, as promoções das lojas.
E, principalmente, podíamos fazer isso com humor e de maneira arrojada
– um trabalho fundamental em um país no qual cerca de 40% dos adultos
não têm conta bancária e nada menos que dois terços da população não têm
intenção de poupar para o futuro.
Naquela uma hora de conversa, surgiram dezenas de novas ideias. Nos
últimos dois anos trabalhando juntos, foram mais centenas. Conhecendo a
energia incansável de Samy, serão, certamente, outros milhares daqui para a
frente.
Ana Estela de Sousa Pinto
Editora de Mercado da Folha de S.Paulo Em busca
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO AO TESOURO DIRETO
O que é Tesouro Direto?
Quais os requisitos mínimos para investir?
Quais são os títulos disponíveis?
O que devo fazer para começar a investir agora?
CAPÍTULO 2: TAXAS E IMPOSTOS
Informações que o investidor se depara na hora da compra
Quais são e como são cobrados os impostos
Taxas cobradas
CAPÍTULO 3: LETRAS DO TESOURO NACIONAL (LTN)
Desmistificando as Letras do Tesouro Nacional (LTN)
Exemplo de investimento
Rentabilidade bruta e líquida
Venda antecipada de um título LTN
Método alternativo de cálculo
CAPÍTULO 4: NOTAS DO TESOURO NACIONAL, SÉRIE F (NTN-F)
Desmistificando as Notas do Tesouro Nacional, Série F (NTN-F)
Fluxo de pagamento
Títulos disponíveis
Exemplo de investimento
Valor líquido do cupom
Rentabilidade bruta e líquida
Venda antecipada de um título NTN-F
Cálculo alternativo do preço de uma NTN-F
CAPÍTULO 5: LETRAS FINANCEIRAS DO TESOURO (LFT)
Desmistificando as Letras Financeiras do Tesouro (LFT)
Fluxo de pagamento
Títulos de LFT disponíveis atualmente
Funcionamento do valor nominal atualizado
Exemplo de investimento em LFT
Rentabilidade bruta e líquida
Descubra o efeito da queda na Selic sobre a LFT
Venda antecipada
CAPÍTULO 6: NOTAS DO TESOURO NACIONAL, SÉRIE B PRINCIPAL (NTNB PRINCIPAL)
Afinal, como funciona a NTN-B Principal?
Títulos de NTN-B Principal
Valor nominal atualizado
Exemplo de investimento
Mão na massa!
Rentabilidade bruta e líquida
Resgate antes do vencimento
Alternativa de cálculo
CAPÍTULO 7: NOTAS DO TESOURO NACIONAL, SÉRIE B (NTN-B)
A NTN-B
Títulos disponíveis
Metodologia de cálculo
Exemplo de investimento
Metodologia dos cupons
Rentabilidade bruta e líquida
Venda antecipada
Cálculo alternativo da NTN-B
CAPÍTULO 8: TÓPICOS EXTRAS: ESTRUTURA A TERMO DA TAXA DE JUROS
(ETTJ) E ÍNDICE DE MERCADO ANBIMA (IMA)
A Estrutura a Termo da Taxa de Juros (ETTJ)
O Índice de Mercado Anbima (IMA)
Cálculo
Títulos que fazem parte do cálculo do IMA
Comparando índices
CAPÍTULO 9: ENCERRAMENTO
APÊNDICES
Apêndice 1: Entenda a Matemática por trás dos títulos do Tesouro
Apêndice 2: O que nem todos sabem sobre as NTN-Bs e NTN-Fs
Apêndice 3: Entenda a rentabilidade negativa dos títulos do Tesouro
REFERÊNCIAS
Capítulo 1
INTRODUÇÃO AO TESOURO DIRETO
mencionado na Apresentação, o intuito deste livro é cobrir desde os
C omo
princípios e conceitos básicos até os cálculos operacionais. Cada capítulo
da obra tratará de um aspecto distinto do Tesouro, de forma que os leitores já
experientes podem pular, eventualmente, os tópicos mais básicos.
Assim, iniciaremos o Capítulo 1, que, especialmente, conta com uma
breve introdução no estilo pergunta-resposta.
O que é Tesouro Direto?
Tesouro Direto é um programa desenvolvido pelo Tesouro Nacional, em
parceria com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), para
compra e venda de títulos públicos para pessoas físicas.
Os títulos públicos podem ser entendidos como um instrumento que o
governo utiliza para se financiar. Ao mesmo tempo, do ponto de vista do
investidor, a compra destes se assemelha a um empréstimo feito ao governo.
Quais os requisitos mínimos para investir?
Além de ser uma das formas mais seguras de investimento, o Tesouro não
exige que grande quantia de dinheiro seja aplicada. Para estimular esta ação,
o governo reduziu o percentual da unidade do título de 20% para 10%. Ou
seja, atualmente o investidor pode comprar apenas um décimo do título.
Assim, o valor mínimo da aplicação é de aproximadamente R$ 80,00 para
compras tradicionais – aquelas realizadas sem agendamento prévio.
Por ter um sistema on-line, o investidor pode agendar a compra e venda
de títulos. Caso ele opte por aquela, o percentual mínimo é ainda menor: 1%
do valor de um título ou o mínimo de R$ 30,00.
É possível também reaplicar de forma automática o valor de resgate na
data de vencimento e os cupons[2] de juros pagos. Além disso, como os
investimentos para pessoas físicas podem ser feitos de R$ 80 a R$ 1 milhão,
muitos consideram essa modalidade como uma das mais democráticas,
atingindo diversos públicos.
Quais são os títulos disponíveis?
Há cinco títulos disponíveis no mercado primário, cada um com mecanismos
diferentes de remuneração e forma de pagamento.
A Tabela 1.1 apresenta um resumo de todos os títulos prefixados
acessíveis para compra pelo programa do Tesouro Direto, e a Tabela 1.2, os
pós-fixados, bem como suas principais características. Os próximos capítulos
abordarão, individual e detalhadamente, cada um desses títulos.
Tabela 1.1
Prefixados
Sigla
Nome
LTN
Letras do
Tesouro
Nacional
Rentabilidade
Definição
definida no
momento da
compra
Pagamento
Fonte: Elaborada pelos autores.
No
vencimento
Tabela 1.2
Fonte: Elaborada pelos autores.
O que devo fazer para começar a investir agora?
Caso o leitor se interesse, segue um breve passo a passo para seu primeiro
investimento no Tesouro:
O investidor deverá se cadastrar em algum banco ou corretora[3] que
sejam habilitados pelo Tesouro Direto.
2) Após a primeira etapa, para ter acesso à área exclusiva do Tesouro, ele
deve fazer o login no sistema[4] com seu CPF e senha.
1)
3) Com acesso ao sistema, ele observará quais são os títulos disponíveis
para compra, conforme a Tabela 1.3:
Tabela 1.3
Fonte: Disponível em: <https://tesourodireto.bmfbovespa.com.br>. Acesso
em: 3 set. 2014.
4) Após selecionar o título de interesse, seu agente de custódia – nome
técnico do banco ou da corretora – deverá ser inserido com a
quantidade e o valor total que se deseja investir.
5) Como em sites de compras, é possível inserir mais títulos na “cesta”.
6) Após decidir toda a “compra”, o cliente deverá finalizar clicando em
“Confirmar compra”.
7) Feito isso, o número de protocolo e a data-limite para a transferência
do dinheiro serão enviados ao seu agente de custódia.
Capítulo 2
TAXAS E IMPOSTOS
de nos aprofundarmos em cada um dos títulos do Tesouro Direto,
A ntes
faz-se necessária uma breve explicação sobre alguns itens que são comuns
a grande parte dos investimentos de renda fixa no Brasil.
Os próximos capítulos farão referência a esta introdução, portanto, deixea sempre à mão para eventual consulta, uma vez que essas informações são
recorrentes nos títulos, sites e mercados de renda fixa no Brasil. O intuito é
deixar os fundamentos claros para que, nos capítulos seguintes, não seja
necessário repeti-los.
Informações que o investidor se depara na hora da compra
Um investidor, ao entrar no Tesouro Direto, encontra uma infinidade de
informações, o que pode assustá-lo. A seguir, procuramos explicar a maioria
delas:
Data da compra: como o próprio nome diz, é a data em que o investidor
efetivamente compra o título.
Quantidade de títulos: ele pode comprar múltiplos dos títulos. A
quantidade mínima é 0,1 (ou seja, 10%). O Tesouro trabalha com
múltiplos dessa quantidade mínima (0,1). Por exemplo: 0,1 título,
0,4 título, 0,8 título, 1,3 títulos e assim por diante.
Preço unitário do título para compra: este é o valor que o investidor
pagará caso compre o título. O preço unitário de compra varia de
acordo com a oferta e a demanda. Tanto o valor atualizado como as
demais taxas expressas neste capítulo podem ser encontrados no site
do Tesouro Direto[5].
Preço unitário do título para venda: este é o valor bruto (ou seja, sem
descontar ainda taxas e impostos) que o investidor receberá caso
efetue a venda do título ao Tesouro Nacional antes de sua data de
vencimento.
Taxa (a.a.) compra: corresponde à rentabilidade bruta ao ano caso o
investidor adquira o título naquele momento e o mantenha até sua
data de vencimento.
Taxa (a.a.) venda: corresponde à taxa bruta ao ano pelo qual o investidor
poderá vender seu título ao Tesouro Nacional antes da data de
vencimento[6]. Essa taxa pode ser encontrada no site do Tesouro
Direto[7] somente nos dias de recompra de títulos (às quartas-feiras).
Data de vencimento: é a data em que o título vence, ou seja, quando o
valor nominal (principal) é pago pelo governo ao investidor. A partir
deste dia, o título deixa de existir.
Dias úteis entre a data de compra e a de venda: é fundamental saber o
número de dias úteis para efetuar as contas da rentabilidade, o qual
pode ser encontrado pelos dias corridos descontado o número de
sábados, domingos e feriados entre a data de compra e o vencimento.
Grande parte das taxas expressas no Tesouro Direto é capitalizada
por dia útil. Pode-se facilmente encontrar este número por meio de
nossa
calculadora,
www.editorasaraiva.com.br.
disponibilizada
no
site
Taxa de administração do banco/corretora: varia de 0 a 2%. No site do
Tesouro Direto[8], o investidor pode acessar a lista de corretoras e fazer uma
rápida busca. Estes são apenas intermediárias, já que todas são fiscalizadas
pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Para a
segurança dos investidores, os títulos públicos adquiridos são guardados na
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) em uma conta com os
nomes deles e CPF. No caso de a corretora falir, os investimentos no Tesouro
estarão a salvo – basta abrir uma conta em outra e pedir a transferência da
custódia para a nova conta.
Valor a ser resgatado: representa o valor líquido que o investidor
receberá caso faça o resgate na data de vencimento do título.
Quais são e como são cobrados os impostos
Títulos do Tesouro são aplicações financeiras de renda fixa e, portanto, há
incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto de
Renda (IR) sobre os rendimentos, dependendo do prazo da aplicação.
Se este for de até 29 dias, é cobrado o IOF, de forma decrescente,
conforme a Tabela 2.1 a seguir:
Tabela 2.1
Fonte: Elaborada pelos autores.
Para uma aplicação com resgate após 7 dias, por exemplo, haverá
incidência de 76% sobre o rendimento. Já após 25 dias, a alíquota será de
16%.
De 30 dias para frente, o investidor estará isento de IOF. Entretanto, o IR
continuará a ser cobrado também de forma decrescente. Ou seja, o IOF e o
IR não são excludentes: independentemente do prazo da aplicação, sempre
haverá incidência de IR.
O IR para renda fixa incorre de forma também decrescente sobre os
rendimentos, conforme a Tabela 2.2:
Tabela 2.2
Prazo (dias
corridos)
IR
até 180
22.5%
de 181 até
360
20.0%
de 361 até
720
17.5%
acima de
720
15.0%
Fonte: Elaborada pelos autores.
Taxas cobradas
Além dos impostos (IOF e IR), as compras de títulos estão sujeitas ao
pagamento de taxas operacionais referentes aos serviços prestados:
Taxa de custódia: 0,3% ao ano, referente aos serviços de guarda dos
títulos e às informações e movimentações de saldos. Essa taxa é
cobrada semestralmente (primeiro dia útil de janeiro e de julho) ou
na ocorrência de um evento de custódia (pagamento de juros, venda
ou vencimento do título), o que houver primeiro. Caso o título tenha
vencimento em prazo inferior a 1 ano, a taxa de corretagem (ou
custódia) será proporcional ao prazo do título.
Taxa de administração: varia de 0 a 2%, dependendo da corretora. O
investidor deve confirmá-la no momento da contratação (vale
lembrar que algumas corretoras não cobram corretagem). A taxa de
administração é cobrada na data de compra. Caso a venda seja feita
após 1 ano, a taxa é cobrada novamente na data do resgate.
Desta forma, no momento da operação de compra, o investidor pagará o
valor da transação (preço unitário do título vezes a quantidade adquirida)
mais 0,3% ao ano pago semestralmente (ou quando houver um evento de
custódia), além da taxa de corretagem (taxa do Agente de Custódia)
referente ao primeiro ano de custódia.
Por fim, a taxa de negociação[9] passou a não ser mais cobrada pelo
Tesouro. Esta representava uma alíquota de 0,1%[10], que incidia uma
única vez sobre o preço total e no ato da compra.
É importante notar que os valores da custódia e da taxa de administração
são calculados em função do valor de mercado do título, cujo cálculo é
realizado por meio de várias metodologias. Entretanto, elas podem não dar
uma estimativa muito precisa do Preço Unitário (PU) de mercado do título.
Mesmo usando a Estrutura a Termo da Taxa de Juros (ETTJ), ou seja,
entendendo o comportamento das taxas de juros de acordo com os
diferentes prazos, não teremos a taxa de mercado com acuidade nos prazos
mais longos, já que a estrutura a termo embute um prêmio de alto risco.
Nos cálculos usados neste livro, usamos a hipótese de que a taxa de
mercado é igual à de compra do título. Em razão de as taxas de custódia e de
administração serem baixas, a diferença entre as hipóteses será pequena, o
que pouco influenciará na decisão do investidor na compra do título ao se
comparar simulações que utilizam métodos distintos para estimar essas taxas.
Dadas essas informações, você, caro leitor, já terá uma base para quando
formos nos aprofundar em cada um dos títulos. No decorrer dos capítulos,
exemplos serão feitos para tornar esses cálculos e procedimentos mais claros.
E não se esqueça de voltar a este capítulo caso não entenda alguma parte das
explicações futuras.
Capítulo 3
LETRAS DO TESOURO NACIONAL (LTN)
à extensão do conteúdo deste assunto, bem como dos
D evido
subsequentes, ele será abordado em partes. Aos poucos, você, ilustre
leitor, terá conhecimento suficiente para tornar-se um grande investidor.
Desmistificando as Letras do Tesouro Nacional (LTN)
De forma geral, as LTNs são títulos prefixados, ou seja, a rentabilidade é
definida no momento da compra. Além disso, elas possuem fluxo de
pagamento único – este é realizado apenas no vencimento e, no caso da LTN,
é sempre R$ 1.000,00.
Em outras palavras, a LTN possui um fluxo de pagamento simples. O
investidor recebe o rendimento do título, mais o principal, em uma data
única (vencimento). O fluxo de pagamento pode ser expresso da seguinte
forma:
O preço unitário ou montante inicial, que é marcado pela data de
compra, é a quantia total que o investidor desembolsará adquirindo o(s)
título(s). Pode-se dizer que ele está comprando um pagamento futuro de R$
1.000,00, que será realizado pelo governo na data de vencimento do título.
O preço hoje nada mais é que o valor presente que se gasta por esse
pagamento futuro (R$ 1.000,00). A “Taxa de Juros Efetiva” é o total de
juros acumulado durante o período compreendido entre a compra e a venda
do título.
E por que os R$ 1.000,00? Esse valor foi estipulado pelo Tesouro
justamente para que o investidor possa saber, antes de comprar o título, qual
será sua rentabilidade. A seguir mostraremos melhor como isso funciona.
Apesar de se saber de antemão qual o valor de resgate, deve-se tomar
cuidado com a LTN. Caso o resgate do título seja feito antes do seu
vencimento, pode acontecer, eventualmente, de ser menor que o valor
investido. Resumidamente, o investidor perderá dinheiro. A dinâmica dessa
questão também será explicada mais à frente.
Como em todo tipo de aplicação em renda fixa, há incidência do Imposto
de Renda (IR) e/ou Imposto sobre Operações Financeiras (IOF),
respectivamente, sobre a LTN. Caso não se lembre, todas as informações sobre
a incidência desses impostos foram disponibilizadas no Capítulo 2.
Até o fechamento desta edição do livro, duas séries de LTN estavam
disponíveis para compra no mercado primário:
LTN010117 – título que vence em 01 de janeiro de 2017.
LTN010118 – título que vence em 01 de janeiro de 2018.
Serão apresentadas, a seguir, algumas informações próprias da LTN.
Ressaltamos que as definições gerais sobre os termos utilizados no Tesouro
podem ser encontradas nos Capítulos 1 e 2:
Preço unitário do título para compra: esse valor é sempre inferior a R$
1.000,00, pois a diferença entre o que o investidor pagar e os R$
1.000,00 (valor bruto de resgate) são os juros ganhos pelo
comprador.
Mais
adiante
matematicamente a esse valor.
será
mostrado
como
se
chega
Preço unitário do título para venda: a diferença existente entre o
valor de compra e o de venda pode ser explicada quando a demanda
por LTN for muito grande ou quando a oferta diminuir, isto é, o
governo ajusta o preço de acordo com a lei da oferta e da procura.
Taxa (a.a.) Venda: esclarecemos melhor por meio de um exemplo: caso a
taxa de venda seja de 8%, o preço desta pode ser encontrado
descontando-se o valor de resgate (R$ 1.000,00) a valor presente por
8%.
Valor líquido de resgate: o valor líquido nada mais é que os R$
1.000,00 menos o do imposto e das taxas. Será explicado a seguir
como se chega matematicamente a este valor.
Agora é a hora de fixar na cabeça essas informações. Vamos para um
exemplo prático.
Exemplo de investimento
O investidor poderá escolher entre os títulos de LTN, de acordo com suas
características, por exemplo, sua data de vencimento.
Dessa maneira, suponhamos a compra do título LTN010117, analisando
as seguintes informações:
Data da compra: 06/11/2013.
Quantidade de títulos: 2,0 (à escolha do investidor).
Preço unitário do título para compra: R$ 701,45 (vale lembrar que
nesse valor já está incluída a taxa de compra).
Preço unitário do título para venda: R$ 700,27.
Preço total de compra (valor investido líquido): R$ 1.402,90 (esse
valor é encontrado multiplicando-se o preço unitário de compra pela
quantidade de títulos).
Taxa (a.a.) de compra: 11,96% (taxa bruta anual). É a taxa que o
comprador ganhará da data de compra (30/07/2012) até a de
vencimento (neste caso, 01/01/2016).
Taxa (a.a.) de venda: 12,02% (taxa aplicada somente se o resgate for
feito antes da data de vencimento, que foi adotada para efeitos
ilustrativos).
Ao vender um título, o investidor está, de certa forma, vendendo um
direito de recebimento de R$ 1.000 para o governo (caso o investidor
compre somente um título). A taxa de venda nada mais é do que a
remuneração que ele obteria entre o preço que está vendendo e os R$
1.000,00. Pode-se dizer que o investidor, ao vender o título, deixa de
ganhar essa taxa.
Data de vencimento: 01/01/2017.
Dias úteis entre as datas de compra e de venda: 791 (ou seja,
descontando finais de semana e feriados, o título ainda tem uma
“vida” de 791 dias até o vencimento – esse valor pode ser
encontrado facilmente pela nossa calculadora).
Taxa de negociação: 0% (lembrando que a taxa foi extinta pelo
Tesouro).
Taxa de custódia: 0,3% ao ano (paga semestralmente).
Taxa de corretagem (administração do banco/corretora): 0,5% (a
taxa é referente ao primeiro ano de custódia e é paga na compra. No
resgate, há uma incidência de outra taxa de mesmo percentual, se a
data de permanência do título com investidor superar 1 ano). Nesse
caso, supomos uma corretora que cobre do investidor 0,5% ao ano.
Não se pode esquecer de que há instituições no mercado que não
cobram essa taxa.
Impostos: 15% dos juros auferidos (para encontrar esse valor, basta
olhar novamente a tabela do Imposto de Renda no Capítulo 2).
Mas como descobrir a rentabilidade? Para isso, disponibilizamos
uma calculadora no site www.editorasaraiva.com.br.
Por meio dessa calculadora, o investidor poderá estimar qual
será a rentabilidade da aplicação, já que sabemos de antemão o valor bruto
de resgate no vencimento (R$ 1.000,00).
Inserindo todos os dados pedidos pela calculadora, obtém-se a seguinte
tabela para ser feita uma simulação rapidamente:
Tabela 3.1
LTN
Insira os valores neste campo
Data de compra
06/11/13
Data do
vencimento
01/01/17
Valor investido
líquido
R$
1402,90
Taxa de compra
(% a.a.)
11,96%
Taxa de
administração
do
banco/corretora
(% a.a.)
0,50%
Data de venda
01/01/17
Taxa de venda
(% a.a.)
12,02%
Rentabilidade
bruta almejada
(% a.a.)
10%
Rentabilidade
líquida
almejada (%
a.a.)
10%
Taxa de
negociação
0%
Resultado da Simulação
P.U. de compra
do título
R$
701,45
Quantidade de
títulos
2,00
Dias corridos
entre a compra
e o vencimento
1.151
Dias corridos
entre a compra
e a venda
1.151
Dias úteis entre
a compra e o
vencimento
791
Dias úteis entre
a compra e a
venda
791
Valor investido
líquido
R$
1.402,90
Preço de
compra máximo
para obter a
rentabilidade
bruta almejada
Rentabilidade
bruta (a.a.)
Valor da taxa de
negociação
Taxa de
administração
R$
1.482,87
11,78%
R$ –
R$ 7,01
na entrada
Valor investido
bruto
R$
1.409.91
Valor bruto do
resgate
R$
2.000,00
Valor da taxa de
custódia do
resgate (0,3%
a.a.)
R$ 16,10
Valor da taxa de
administração
R$ 18,32
do resgate
Alíquota média
de Imposto de
Renda
15,00%
Imposto de
Renda
R$ 89,56
Valor líquido do
resgate
R$
1.876,02
Rentabilidade
líquida após
9,53%
taxas e I.R. (a.a.)
Fonte: Elaborada pelos autores.
Essa calculadora serve para facilitar as contas do investidor. Mas quais são
as fórmulas utilizadas? Para isso, é importante entender cada um dos
cálculos que envolvem a precificação do título.
Para iniciar, então, cada um dos cálculos, pegamos, primeiro, o valor total
de compra, ou seja, o preço unitário multiplicado pela quantidade de títulos
LTN comprados.
Valor total de compra = (p. u. [11]) × (quantidade de títulos)
Assim, temos:
Valor total de compra = (701,45) × (2)
Valor total de compra = 1.402,90
De R$ 1.402,90, deve-se adicionar 0,5% de entrada (taxa de
administração que supomos).
0,5% de R$ 1.402,90 = R$ 7,01
O valor investido total passa a ser de R$ 1.402,90 + R$ 7,01 = R$
1.409,91.
Vale lembrar que, como nesse exemplo de investimento, supomos a
compra de dois títulos, o valor de face da LTN passa de R$ 1.000,00 para R$
2.000,00 (dois títulos de R$ 1.000,00).
Para descobrir como que se chega em R$ 1.000,00, que é o valor de face
da LTN quando há compra de somente um título, basta realizar o seguinte
cálculo (não se esqueça de que, do valor investido líquido, devemos
considerar o preço unitário do título):
Como supomos, porém, a compra de dois títulos, vamos utilizar o valor de
R$ 2.000,00 (1.000 × 2,00). Do valor bruto de resgate deve-se deduzir os
impostos (a), o valor da taxa de custódia (b) e o valor da taxa de
administração do resgate (c):
a) Impostos: 15% de (R$ 2.000,00 – R$ 1.402,90) = R$ 89,56
É cobrado 15% de imposto, pois a aplicação ultrapassou o prazo de
720 dias (caso não se lembre, confirme no Capítulo 2). É importante
notar que a alíquota incide sempre sobre o rendimento do
investimento, por isso, deve-se calcular a diferença entre os valores de
face e do investimento.
b) Valor da taxa de custódia do resgate: o impacto da taxa de custódia
cobrada pela BM&FBovespa, 0,3% ao ano sobre o valor aplicado, é
calculado de forma simplificada. A fórmula nada mais é do que a
multiplicação do fator 0,3% pela quantidade de dias corridos da
aplicação, dividido por 365 (já que a taxa é anual), e por uma média
aritmética entre o valor investido (campo preenchido pelo investidor
na calculadora) e o valor bruto de resgate.
Ou seja:
O valor após as contas é, portanto, de R$ 16,10.
c) Valor da taxa de administração do resgate: primeiro, vale lembrar
que a taxa só é aplicada se o título for resgatado após o período de 1
ano. Caso o título seja resgatado antes, não será cobrada a taxa no
resgate.
O cálculo desse custo é muito semelhante ao da taxa de custódia,
mas duas diferenças devem ser levadas em conta: a primeira é que, na
parcela referente ao tempo de aplicação, o valor total em dias corridos
deve ser subtraído de 365 (número de dias do primeiro de aplicação).
Caso esta seja inferior a 1 ano, esse desconto não precisará ser feito,
pois a taxa já foi abatida no momento da aplicação. O segundo ponto é
que, em vez do 0,3% ao ano da taxa de custódia, cada instituição
financeira cobra uma taxa específica por seus serviços. A simulação
leva em conta o valor que o investidor preencher no campo “taxa de
administração do banco/corretora”. E não se pode esquecer de que
algumas corretoras não a cobram.
O cálculo é realizado da seguinte maneira:
O valor após as contas é de R$ 18,32.
O valor líquido de resgate é encontrado subtraindo-se as taxas e o imposto
do valor bruto de resgate. Veja a fórmula:
valor líquido de resgate = valor bruto de resgate – imposto (a) – valor da
taxa de custódia de resgate (b) – valor da taxa de administração de
resgate (c)
valor líquido de resgate = R$ 2.000,00 – R$ 89,56 – R$ 16,10 – R$ 18,32
valor líquido de resgate = R$ 1.876,02
Rentabilidade bruta e líquida
A rentabilidade das LTNs pode ser calculada da seguinte forma:
a) Rentabilidade bruta
Ou seja, a rentabilidade bruta do investidor durante os 791 dias úteis
aplicados foi de 41,85%. Para encontrar a rentabilidade anual, basta
utilizar a seguinte fórmula:
A rentabilidade bruta anual é, portanto, de 11,78%.
b) Rentabilidade líquida
O cálculo da rentabilidade líquida é feito utilizando-se o valor líquido
de resgate, ou seja, valor que o investidor realmente receberá no
resgate, já deduzido de seus devidos impostos e taxas.
A rentabilidade líquida no período teria sido, portanto, de 33,06%.
Para calcular a rentabilidade líquida anual, basta usar a seguinte
fórmula:
Assim, conforme calculado, a rentabilidade líquida anual é de 9,53% ao
ano, que é a rentabilidade anual efetiva que o investidor receberá. Não se
pode esquecer de que tanto a rentabilidade bruta quanto a líquida
calculadas agora só se manterão caso o resgate do título seja feito somente no
vencimento.
O fluxo de pagamento é o seguinte:
Trocando em miúdos, o investidor gastou R$ 1.402,90 para receber R$
o
1.876,02 líquidos no dia 1 de janeiro de 2017.
Lembramos que o valor de RS 1.000,00 pode de ser verificado por meio
da seguinte fórmula:
VN = valor nominal do título no vencimento
Logo, o valor nominal unitário do título no vencimento é de R$ 1.000,00.
Mas por que o investidor não recebe esses R$ 1.000,00? A princípio, seria
a quantia que ele adquiriria, entretanto, é preciso pagar impostos, além das
taxas de custódia e de administração, caso seja diferente de zero. Diante
disso, o investidor praticamente nunca recebe, na realidade, os R$ 1.000,00
(ou seus múltiplos, dependendo da quantidade de títulos que adquirir).
De acordo com esses cálculos, percebe-se que a taxa possui
comportamento inverso ao preço. Quanto menor for a taxa de juros, maior
será o preço do título, uma vez que um valor menor será descontado do valor
de resgate (R$ 1.000) pelos juros do período.
Os preços de compra variam de acordo com o vai e vem da taxa de juros
requerida pelos compradores, que, por sua vez, seguem a lei de oferta e
procura. Um aumento da taxa de juros diminuirá o preço do título. Em
contrapartida, uma redução dela elevará este preço.
Venda antecipada de um título LTN
E se o investidor optar por vender o título antes do vencimento?
Para aqueles que desejam realizar a venda antecipada do título, deve-se
primeiro saber a taxa de venda deste, que pode ser encontrada por meio do
site do Tesouro[12] nas quartas-feiras, data em que é realizada a recompra
dos títulos.
O valor da taxa de venda é calculado pelo Tesouro de acordo com a
oferta e a demanda pelos títulos.
Para descobrir qual será o valor do título em determinada data, serão
realizados, basicamente, os mesmos cálculos anteriores. A diferença é que o
número de dias úteis e corridos serão menores e incluiremos a taxa de
venda.
Recapitulando as informações:
Data da compra: 06/11/2013.
Quantidade de títulos: 2,0.
Preço unitário do título para compra: R$ 701,45.
Preço unitário do título para venda: R$ 700,27.
Preço total de compra (valor investido líquido): R$ 1.402,90.
Taxa (a.a.) compra: 11,96% (taxa bruta anual).
Data de vencimento: 01/01/2017.
Taxa de negociação: 0,0%.
Taxa de custódia: 0,3% ao ano.
Taxa de corretagem (administração do banco/corretora): 0,5%.
Impostos: 15% dos juros auferido (para encontrar esse valor basta olhar
a tabela do Imposto de Renda que havíamos mostrado).
Taxa (a.a.) venda: 12,02%.
Data de venda do título: 17/08/2015.
Dias úteis entre a data de compra e a de venda: 445.
Seguiremos aos cálculos:
Primeiro, por meio da calculadora, os resultados rapidamente são
encontrados.
Tabela 3.2
LTN
Insira os valores neste campo
Data de compra
06/11/13
Data de
vencimento
Valor investido
líquido
Taxa de compra
(% a.a.)
01/01/17
R$ 1.402,90
11,96%
Taxa de
administração
do
banco/corretora
(% a.a.)
0,50%
Data de venda
17/08/15
Taxa de venda
(% a.a.)
12,02%
Rentabilidade
bruta almejada
(% a.a.)
10%
Rentabilidade
líquida
almejada (%
a.a.)
10%
Taxa de
negociação
0%
Resultado da simulação
P.U. de compra
do título
R$
701,450518
Quantidade de
títulos
2,00
Dias corridos
entre a compra
e o vencimento
1.151
Dias corridos
entre a compra
e a venda
648
Dias úteis entre
a compra e o
791
vencimento
Dias úteis entre
a compra e a
445
venda
Valor investido
líquido
R$ 1.402,90
Preço de
compra máximo
para obter a
rentabilidade
bruta almejada
R$ 1.690,19
Preço de
compra máximo
para obter a
rentabilidade
líquida
almejada
R$ 1.381,64
Rentabilidade
11,60%
bruta (a.a.)
Valor da taxa de
negociação
R$ –
Taxa de
administração
R$ 7,01
na entrada
Valor investido
bruto
Valor bruto do
R$ 1.409,91
R$ 1.711,38
resgate
Valor da taxa de
custódia do
resgate (0,3%
a.a.)
R$ 8,29
Valor da taxa de
administração
do resgate
R$ 6,04
Alíquota média
de imposto de
renda
17,50%
Imposto de
renda
R$ 53,98
Valor líquido do
resgate
R$ 1.643,06
Rentabilidade
líquida após
taxas e I.R. (a.a.)
9,05%
Fonte: Elaborada pelos autores.
O valor investido líquido é de R$ 1.402,90. Para encontrar o valor
investido bruto, vale recapitular: de R$ 1.402,90 deve-se adicionar 0,5% de
entrada (taxa de administração que foi suposta).
0,5% de R$ 1.402,90 = R$ 7,01
O valor investido bruto passa a ser de R$ 1.402,90 + R$ 7,01 = R$
1.409,91.
Para poder calcular o valor bruto de resgate na venda antecipada, é
necessário, agora, alterar a fórmula matemática. Quando forem realizadas as
contas na venda, deve-se inserir a taxa desta, e não mais a de compra.
Primeiro, o n o de dias úteis utilizados para encontrar o valor bruto de
resgate é calculado da seguinte forma:
o
o
o
N dias úteis = (n dias úteis até o vencimento) – (n dias úteis até a data de
venda)
o
N dias úteis = 791 – 445
o
N dias úteis = 346
Como a opção utilizada foi a venda antecipada, devemos pegar os R$
1.000,00 finais (caso permaneça até o vencimento) e trazer para o valor
presente. Assim, é necessário encontrar essa variação no número de dias
úteis que, no caso, é de 346. Vale lembrar que, como supomos a compra de
dois títulos, o valor de face passa a ser de R$ 2.000,00. Pode-se, agora,
encontrar o valor bruto de resgate:
Do valor bruto de resgate, há a dedução dos impostos (a), do valor da taxa
de custódia (b) e do valor da taxa de administração do resgate (c):
a) Impostos: antes de realizar os cálculos, é importante notar que, como a
data de venda agora é realizada antes de o investimento completar
720 dias corridos e depois de 360 dias corridos, a alíquota de Imposto
de Renda é de 17,5% e não mais de 15%.
17,5% de (R$ 1.711,38 – R$ 1.402,90) = R$ 53,98
b) valor da taxa de custódia do resgate:
O valor após as contas é, então, de R$ 8,29.
c) Valor da taxa de administração do resgate:
O valor após as contas é, então, de R$ 6,04.
O valor líquido de resgate é encontrado subtraindo-se do valor bruto de
resgate as taxas e o imposto. Segue a fórmula para a realização do cálculo:
Valor líquido de resgate = valor bruto de resgate – imposto (a) – valor da
taxa de custódia do resgate (b) – valor da taxa de administração no
resgate (c)
Valor líquido de resgate = R$ 1.711,38 – R$ 53,98 – R$ 8,29 – R$ 6,04
Valor líquido de resgate = R$ 1.643,06
O investidor receberá, portanto, a quantia de R$ 1.643,06 ao consumar a
venda antecipada do título. Ressaltamos que não se sabe a taxa de venda em
uma data futura, já que ela depende da oferta e da demanda.
Método alternativo de cálculo
A partir de agora, falaremos sobre um método alternativo para se encontrar o
preço do título.
O cálculo a ser apresentado ensinará ao investidor a determinação do
preço a partir de uma rentabilidade estipulada. Por exemplo, qual será o
preço máximo que ele está disposto a pagar para garantir determinada
rentabilidade? Caso o investidor queira receber uma rentabilidade bruta de
10% ao ano em uma LTN, qual deve ser o preço do título?
Com
nossa
calculadora
disponibilizada
no
site
www.editorasaraiva.com.br, consegue-se facilmente encontrar o
preço de acordo com a rentabilidade que o investidor quiser. Mas
explicaremos aqui como realizar os cálculos estando munido
apenas de papel e caneta.
Primeiro, deve-se identificar o título LTN em questão. Vamos supor
novamente a LTN010117 – um título de LTN com vencimento em
01/01/2017.
Feito isso, e com a ajuda dessa mesma calculadora disponibilizada
no site www.editorasaraiva.com.br, o investidor deve identificar o
número de dias úteis entre a data de compra (supondo 06/11/2013)
e a de ven cimento (01/01/2017).
De acordo com nossa planilha, entre 06/11/2013 e 01/01/2017, há
791 dias úteis.
Conforme visto, um título de LTN possui valor de face de R$ 1.000,00.
Sendo assim, o fluxo de caixa fica:
O “X” representa o valor que o investidor está disposto a pagar para ter
uma rentabilidade de 10% ao ano.
O primeiro passo é transformar essa taxa anual em rentabilidade ao
período, conforme fórmula a seguir:
Em que: “taxa anual” é a rentabilidade bruta anual que o investidor
deseja receber, e “n o dias úteis” representa o número de dias úteis entre a
data de compra e a de vencimento. Veja como fica:
O investidor deseja ganhar 10% a.a., que é o equivalente a 34,87% nos
791 dias úteis. De posse da rentabilidade bruta no período, consegue-se,
então, encontrar o valor desejado. Segue o cálculo:
Desta forma, caso o investidor queira ter uma rentabilidade bruta anual
de 10% ou mais no título de LTN citado, o preço unitário de compra máximo
a ser pago em 06/11/2013 é de R$ 741,43. Se for maior que este, a
rentabilidade será menor que os 10% almejados.
Agora, caso o investidor queira saber o preço máximo a ser pago pelo título
de acordo com a rentabilidade líquida desejada, os cálculos são basicamente
os mesmos. A diferença será que, em vez de pegar o valor de face (R$
1.000,00), considera-se o valor líquido de resgate, encontrado também em
nossa calculadora.
Analisando a planilha novamente, com os mesmos dados já inseridos, vêse que o valor líquido de resgate é de R$ 938,01.
Agora, supondo que o investidor queira saber qual deve ser o preço do
título para ter uma rentabilidade líquida de 10% ao ano, novamente, devese transformar a taxa anual em uma equivalente ao período da aplicação.
Veja como fica:
De posse da taxa no período, basta encontrar o preço:
Entretanto, como estamos falando de rentabilidade líquida, devemos
ainda considerar a taxa de administração na entrada sobre o preço de
compra.
Chamamos de valor investido bruto a quantia que o investidor
efetivamente utilizou para adquirir o título, ou seja, o preço deste mais a taxa
de administração na entrada.
Supondo novamente que a corretora contratada cobre do investidor
0,5% ao ano, para encontrar, então, o preço ideal de compra, basta seguir
com a fórmula:
Ou seja, para ter uma rentabilidade líquida anual de 10%, o preço do
título não pode superar os R$ 692,01. Caso contrário, a rentabilidade será
menor.
Resumo
De acordo com o apresentado neste capítulo, a LTN é um título prefixado e
possui fluxo único de pagamento. Assim, o investidor, ao adquiri-la,
desembolsa o preço de compra dele para receber na venda o valor
utilizado mais o acréscimo de juros, conhecido como rentabilidade.
O credor do governo, no caso, nós, investidores, deve levar em
consideração dois maiores cuidados. O primeiro é em relação à venda
antecipada. Como vimos, caso o proprietário do título queira vender o
papel antes do vencimento, o preço pode variar de acordo com a
movimentação do mercado. Se a taxa básica de juros da economia estiver
aumentando, o preço cairá. O contrário também é verdadeiro. Já a
segunda preocupação é em relação à rentabilidade do título. O investidor,
ao comprá-lo, consente com o Tesouro uma taxa que será fixa até o
vencimento. Assim, deve-se levar em consideração esse custo de
oportunidade.
Capítulo 4
NOTAS DO TESOURO NACIONAL, SÉRIE F (NTN-F)
com os títulos do Tesouro Direto, este capítulo apresenta um
P rosseguindo
que possui a forma de pagamento um pouco diferente da que foi vista até
agora, no caso, da LTN. Trataremos, então, das Notas do Tesouro Nacional,
série F, popularmente conhecidas como NTN-F.
Desmistificando as Notas do Tesouro Nacional, Série F (NTN-F)
A NTN-F é um título prefixado, no qual o investidor conhece todos os valores
dos recebimentos na emissão. Em outras palavras, não há atualização no
valor nominal. Nos Capítulos 6 e 7, este termo será mais bem abordado.
Diante disso, ao comprar o título, o investidor conhece a rentabilidade que
receberá. Devemos lembrar que os preços da NTN-F, bem como os demais
negociados pelo Tesouro, podem ser comercializados com ágio ou deságio, de
acordo com a oferta e a demanda.
Geralmente, os preços são expressos em termos de taxa, ou seja, quando o
preço de uma NTN-F estiver expresso como 13,95%, significa que o título
remunerará ao investidor a taxa prefixada de 13,95%. Diferentemente da
LTN, esse título possui cupons semestrais, além do pagamento do valor
nominal, realizado no final, na data de vencimento.
O investidor recebe juros semestralmente, de acordo com estabelecido
pelo Tesouro na data de emissão. As NTNs vigentes pagam 10% a.a.
(equivalente a 4,88% ao semestre).
Quando o preço está com ágio[13] (leia-se acréscimo), o retorno desse
título fica menor do que o estipulado na emissão. De forma análoga, quando
está com deságio (leia desconto), o investidor irá receber, na NTN-F, uma
taxa maior do que a de cupom, no caso, de 10% a.a. ou de 4,88% a.s.
Fluxo de pagamento
A seguir, veja o desenho geral de um exemplo de fluxo de pagamento da
NTN-F:
O “total investido” expressa a quantia total despendida pelo investidor na
compra do título. A data de compra é o dia em que o título foi comprado.
O pagamento de cupom ocorre a cada 6 meses, a partir da data de
emissão do título. No caso da NTN-F, os pagamentos ocorrem no primeiro dia
de cada semestre do ano (01/01/20xx e 01/07/20xx).
Vale dizer que os investidores que compraram na emissão receberão seus
cupons a cada 6 meses a partir da data de compra. Já os que adquirem o
título após a data podem receber o primeiro cupom em menos tempo; sendo
que os valores dos cupons estão sempre embutidos no preço. No vencimento,
o investidor recebe, além do cupom, o valor nominal: R$ 1.000,00.
É importante lembrar que, como nos demais títulos do Tesouro, há
incidência do IOF e do IR sobre a NTN-F, o que faz o valor efetivamente
recebido pelo investidor ser diferente do valor teórico de resgate, nesse caso,
o cupom mais o valor nominal.
A cada fluxo de pagamento (cupom), há incidência do IR. Essa é uma das
explicações para que o investidor não receba o valor bruto dos pagamentos
semestrais.
No Capítulo 2, foi detalhado o funcionamento desses impostos, caso o
leitor não se recorde.
Títulos disponíveis
Até o fechamento da edição do livro, as seguintes séries de NTN-F estavam
disponíveis:
NTN-F 010117: título que vence em 01
NTN-F 010121: título que vence em 01
NTN-F 010123: título que vence em 01
NTN-F 010125: título que vence em 01
de janeiro de 2017.
de janeiro de 2021.
de janeiro de 2023.
de janeiro de 2025.
Exemplo de investimento
Seguimos, então, para o exemplo prático de um investimento em NTN-F.
Considere, portanto, a compra do seguinte título: NTN-F 010123.
O investidor encontrará, ao realizar a compra de um título NTN-F, as
seguintes informações:
Data da compra: 26/09/2012.
Data de vencimento: 01/01/2023.
Quantidade de títulos: 1,0.
Preço unitário do título para compra: R$ 1.033,65.
Preço unitário do título para venda: R$ 1.029,96.
Preço total de compra (valor investido líquido): R$ 1.033,65 (esse
valor é encontrado multiplicando-se o preço unitário de compra pela
quantidade de títulos).
Taxa (a.a.) compra: 9,87% (taxa bruta anual).
Taxa (a.a.) venda: 9,93%.
Dias úteis entre as datas de compra e de venda: 2.576 (descontando
finais de semana e feriados, o título ainda tem uma “vida” de 2.576
dias até o vencimento).
Taxa de negociação: 0,0% (até o fechamento desta edição do livro, essa
taxa foi extinta pelo Tesouro).
Taxa de custódia: 0,3% ao ano (pagos semestralmente).
Taxa de corretagem (administração do banco/corretora): 0,5%.
Para deixar claro como cada cálculo é realizado, segue o passo a passo, a
fim de se facilitar o entendimento: primeiro, o valor que sairá da carteira do
investidor é o preço unitário do título para compra multiplicado pela quantidade
de títulos adquiridos. De acordo com o exemplo, o valor de compra do título foi
de R$ 1.033,65. Como se adquiriu somente um título, o valor total gasto foi
de R$ 1.033,65. Esse é o valor investido líquido.
Nesse valor total despendido, será acrescida a taxa de administração na
entrada (taxa livremente arbitrada entre cliente e corretora. No exemplo,
supomos 0,5%). Somando essa taxa ao valor gasto pelo investidor, teremos o
valor investido bruto, que pode ser calculado da seguinte forma:
0,5% de R$ 1.033,65 = R$ 5,17
R$ 1.033,65 + R$ 5,17 = R$ 1.038,82
O valor investido bruto será, então, de R$ 1.038,82.
Como calcular o valor do cupom semestral do título?
Antes de demonstrar os cálculos, lembre-se de que o cupom semestral de
juros é de 10% ao ano e esse valor é dado pelo Tesouro.
De posse dessa informação, o cálculo do cupom de juros da NTN-F pode
ser feito facilmente. Segue um passo a passo para melhor entendimento:
Passo 1
Primeiro, deve-se encontrar a taxa semestral. Para isso, realiza-se a
seguinte conta:
Considerando-se a taxa de 10% a.a., temos:
Passo 2
Para encontrar o valor bruto de cada cupom, multiplica-se a taxa
semestral pelo valor nominal dos títulos, que é R$ 1.000,00. Segue a
fórmula:
cupom bruto = 1.000 × (0,048808)
cupom bruto = R$ 48,81
Esse valor de R$ 48,81 refere-se ao valor bruto remunerado por cada um
dos cupons. Resta, agora, calcular o valor bruto da última parcela. Como já foi
dito, a última parcela representa o valor nominal mais o valor do último
cupom. Ou seja:
Última parcela bruta = cupom bruto + valor nominal
Última parcela bruta = 48,81 + 1.000
Última parcela bruta = R$ 1.048,81
Para facilitar a compreensão, basta verificar novamente o fluxo de
pagamento da NTN-F. Segue um exemplo:
O fluxo apresentado tem o objetivo de ilustrar o pagamento dos cupons.
Assim, de acordo com o analisado, a cada semestre, o investidor foi
remunerado com um valor bruto de R$ 48,81 e, no vencimento, ele recebe
os R$ 48,81 mais o valor nominal do título, que é de R$ 1.000,00.
Mas como seria o fluxo de pagamento de acordo com os dados
apresentados?
Para o exemplo dado, o fluxo é similar ao anterior. A única diferença está
no número de cupons que, no caso do exemplo, é de 21. Ou seja:
O preço de compra será, nesse caso, de R$ 1.033,65. A data de compra é
26/09/2012, ou seja, quando o investidor a efetivou. O valor de R$
1.033,65 é obtido trazendo ao valor presente os fluxos da figura anterior
pela taxa de compra de 9,87%, observando o número de dias úteis entre a
data de compra e a dos fluxos.
Os números que estão embaixo de cada fluxo representam a quantidade
de dias úteis passados. A partir da data de compra do título, o primeiro
cupom está previsto para ocorrer em 64 dias úteis. Já no caso do vencimento
do título (último cupom), são 2.576 dias úteis.
Vale notar que, a cada semestre, o investidor será remunerado com um
valor bruto de R$ 48,81.
Isso o fará receber 20 cupons contendo esse valor, e um 21 o cupom – o
último – no valor de R$ 1.048,81, representando valor nominal de R$
1.000,00 mais os R$ 48,81. Esse último pagamento ocorre na data de
vencimento, que no caso é 01/01/2023.
Note que, independentemente do preço de compra, a NTN-F possui
sempre cupons que remuneram a quantia bruta de R$ 48,81. Não se
esqueça de que ainda serão descontados taxas e impostos destes R$ 48,81.
Essa questão será explicada adiante.
Para descobrir o valor bruto dos cupons e do resgate, deve-se somar a
cada um dos cupons brutos (que possuem valor fixo de R$ 48,81) mais o
valor de resgate. Segue a fórmula:
Agora, é preciso saber qual o valor líquido (real) que o investidor recebe ao
comprar um título NTN-F.
Valor líquido do cupom
Para descobrir o valor líquido pelo investidor, deve-se encontrar, primeiro, o
valor líquido de cada cupom, ou seja, a quantia que o investidor realmente
receberá a cada semestre.
Esse valor pode ser encontrado deduzindo-se todos os custos do cupom
bruto (impostos, taxa de administração e taxa de custódia).
Para facilitar o seu entendimento e, permitindo-o simular futuros
investimentos em NTN-F, faça o download da calculadora por meio
do site www.editorasaraiva.com.br.
Com o objetivo de agilizar a compreensão, as deduções serão feitas por
partes:
a) Imposto de Renda
De cada cupom, deve-se deduzir o IR. Como este é cobrado de forma
decrescente e proporcionalmente ao número de dias corridos que foram
utilizados, esses fatores devem ser considerados na hora dos cálculos.
As bases do IR são os juros e ganhos líquidos aferidos pelo investidor pela
compra do título e ocorrem no pagamento dos juros, no vencimento ou na
venda do título, o que houver primeiro.
No caso do primeiro cupom, o IR é proporcional aos juros recebidos e não
aos integrais.
Os juros proporcionais são calculados pela fórmula:
Assim, encontrado o valor do juros proporcionais, é possível, então,
encontrar o valor do IR a ser pago. Veja:
valor do IR = juros proporcionais × alíquota
No caso dos outros pagamentos de juros, o IR é cobrado sobre os juros
integrais:
valor do IR = 48,81 × alíquota
No caso do último cupom, além dos juros recebidos, o investidor aufere o
rendimento da diferença entre os valores de compra e do principal:
valor do IR sobre o principal = (valor final – valor inicial) ×
alíquota
valor do IR sobre o principal = (1.000,00 – valor inicial)
×alíquota
A seguir, mostraremos um caso prático:
Data de compra: 26/09/2012.
Data do 1 o cupom: 01/01/2013.
Foram 96 dias corridos entre as datas de compra e de recebimento do 1 o
cupom. O cálculo a ser feito é o seguinte:
Os R$ 48,81, de acordo com o já calculado, são o valor bruto do cupom.
Os 184 representam o número de dias corridos entre 01/07/2012 e
01/01/2013. Já os 22,5% significam a alíquota do IR a ser deduzida desse
o
prazo do 1 cupom.
Deve-se notar que, no último fluxo de caixa, os juros são a base do
imposto e o ganho em relação ao principal. É importante ficar atento também
à alíquota correta do IR (conforme visto no Capítulo 2) a ser utilizada de
acordo com o prazo.
b) Taxa de custódia
Para calcular o valor da custódia de um título, precisamos primeiro
calcular o p.u.[15] deste. Para a NTN-F, este cálculo é dado pela fórmula:
em que: “n” é o número de fluxos entre a data de compra e o vencimento do
NTN-F, enquanto “dias úteisi” são o número de dias úteis entre as datas de
compra e de pagamento do cupom i, e “dias úteisv” são o número de dias
úteis entre as datas de compra e de vencimento.
E prossegue-se com o cálculo:
Ressaltamos que o número de dias úteis de cada fluxo foi encontrado
com utilização da nossa calculadora. Entretanto, como a taxa de custódia é
cobrada sobre cada cupom, devemos, então, encontrar o p.u. projetado para
cada um. A seguir, apresentamos a fórmula matemática para encontrarmos o
valor de custódia:
Em que “d. c. atuais” são o número de dias do período de custódia,
ressaltamos ainda que, caso não se recorde dos 0,3%, basta ler novamente o
Capítulo 2.
Como visto, o valor de custódia necessita de um p. u. de mercado próprio
do cupom que se deseja calcular. Sendo assim, para computar esse preço
unitário, utiliza-se a mesma fórmula para o cálculo do p. u. de compra,
substituindo-se a taxa de compra pela de mercado. Há diversas formas para
se projetar a taxa de mercado. Nesse caso, vamos supor que esta seja igual à
taxa de compra. Portanto:
Para calcular o valor da custódia a ser pago em 01/01/2013, devemos
encontrar o p. u. de mercado nessa data, em que “n” é o número de fluxos
entre 01/01/2013 (inclusive) e o vencimento (01/01/2021). “Dias úteis”
são o número de dias úteis entre 01/01/2013 e os pagamentos de cupom
subsequentes. Segue:
Logo:
O período de custódia ocorre entre dois eventos de custódia (conforme
visto no Capítulo 2), ou seja, a compra e o pagamento do primeiro cupom de
juros. No exemplo, esse número de dias corridos é igual a 96.
Para calcular o valor da custódia a ser paga em 01/07/2013, devemos
encontrar, agora, o p. u. de mercado nessa data. Basta seguir o mesmo
procedimento, atentando-se ao número de dias úteis:
Logo:
O período de custódia, nesse caso, ocorre entre dois pagamentos de juros,
a saber, 01/01/2013 e 01/07/2013, somando-se 181 dias corridos.
c) Taxa de administração
Em relação à taxa de administração, não há cobrança dela no primeiro
ano do investimento. Os dois primeiros cupons não sofrem deduções.
Segundo o mesmo esquema de cálculo do valor da taxa de custódia,
devemos novamente encontrar o p. u. de mercado projetado para o cupom
do qual queremos calcular o valor da taxa de administração.
Para facilitar o entendimento, detalhamos novamente as contas:
No 3 o cupom, primeiro que incorre a cobrança de taxa de
administração, a fórmula é a seguinte:
Precisamos, entretanto, encontrar o p.u. de mercado na data desse
cupom, ou seja 01/01/2014. Veja:
Encontrado o preço unitário de mercado projetado, seguimos:
O período de taxa de administração é de 1 ano após a compra
(26/09/2013) até o pagamento do 3 o fluxo (01/01/14), totalizando 96
dias corridos (“d. c. atuais”). Lembrando ainda que supomos, no início deste
capítulo, uma taxa de administração de 0,5% ao ano. Então:
Do 4 o cupom a diante, a taxa de administração é cobrada integralmente.
Desta forma, basta calcular o p. u. para a data do fluxo respectivo, como no
exemplo que faremos a seguir.
Para calcular o valor da taxa de administração a ser paga em
o
01/07/2014 (4 cupom), devemos encontrar o p. u. de mercado nessa
data, em que n é o número de fluxos entre 01/07/2014, inclusive, e o
vencimento (01/01/2021). “Dias úteis” são o número de dias úteis entre
01/07/2014 e os pagamentos de cupons subsequentes. Veja:
Logo:
Os “d.c.atuais” representam 181 dias corridos, ou seja, o período dessa
taxa de administração que incide entre dois pagamentos de juros, a saber,
01/01/2014 e 01/07/2014.
d) Valor líquido do cupom
Agora, pode-se encontrar o valor líquido de cada cupom. Para isso, basta
simplesmente seguir a fórmula:
Valor líquido do cupom = valor bruto do cupom – IR (a) – taxa de custódia (b) –
taxa de administração (c)
Como exemplo, segue o cálculo do valor líquido do primeiro cupom:
Valor líquido do cupom = R$ 48,81 – R$ 5,73 – R$ 0,84 – R$
0,00
Valor líquido do cupom = R$ 42,24
Ou seja, o investidor receberá, em valores reais, R$ 42,24 do primeiro
cupom da NTN-F.
Após encontrar o valor líquido de cada um dos cupons (valor bruto do
cupom menos a taxa de IR, menos a taxa de custódia, menos a taxa de
administração) deve-se, então, somar todos, não esquecendo dos R$
1.000,00 contidos no último fluxo referente ao principal (que, como
mencionado, não sofre incidência do IR e nem das taxas).
O leitor pode encontrar o valor líquido de resgate facilmente,
utilizando
a
nossa
calculadora,
disponibilizada
www.editorasaraiva.com.br. Veja abaixo os outputs dela:
Tabela 4.1
no
site
Resultado da Simulação
Quantidade
de títulos
adquiridos
P. u. de
compra
Dias corridos
entre a
compra e o
vencimento
1,00
R$
1.033,65672
3.748
Dias corridos
entre a
compra e a
venda
3.748
Dias úteis
entre a
compra e o
vencimento
2.576
Dias úteis
entre a
compra e a
venda
2.576
Preço de
compra
máximo para
obter a
rentabilidade
bruta
almejada
Preço de
compra
máximo para
obter a
rentabilidade
R$ 1.020,58
R$ 878,38
líquida
almejada
Rentabilidade
bruta (a.a.)
9,87%
Valor da taxa
de
administração
na entrada
R$ 5,17
Valor da taxa
de
negociação
R$ –
Valor
investido
bruto
Fluxos
Tipo de fluxo
R$ 1.038,82
01/01/13
cupom
pago
Dias úteis
entre compra
e fluxo
64
Dias corridos
entre
liquidação e
fluxo
96
Valor do fluxo
R$ 48,81
Alíquota do IR
sobre cupom
22,50%
Valor retido
pelo IR sobre
o cupom
R$ 5,73
Valor retido
pela custódia
sobre o
cupom
R$ 0,83
Valor retido
pela taxa de
adm. sobre o
cupom
–
Valor líquido
dos cupons
R$ 42,24
Valor bruto do
resgate
R$ 2.024,97
Valor da taxa
de custódia
R$ 32,46
do resgate
Valor da taxa
de
administração
R$ 48,79
do resgate
Imposto de
Renda
R$ 151,99
Valor líquido
do resgate
Rentabilidade
líquida após
taxa e I.R.
(a.a.)
R$ 1.791,74
7,41%
Fonte: Elaborada pelos autores.
Do ponto de vista financeiro, essa conta não faz sentido, uma vez que
dinheiro possui valor no tempo. O valor líquido do primeiro cupom não pode
ser adicionado de forma aritmética, por uma questão intertemporal dos juros,
com o valor de outro cupom em um instante diferente de tempo.
Rentabilidade bruta e líquida
Depois de encontrado o valor líquido do investimento, pode-se, então,
descobrir a rentabilidade de um título de NTN-F.
Antes de seguir, vale fazer uma consideração importante: a calculadora
disponibilizada pelo próprio Tesouro indica, para esses dados, uma
rentabilidade bruta com uma margem de diferença pequena, taxa essa
diferente da que será apresentada aqui.
Essa divergência ocorre porque o Tesouro não utiliza – para cálculo da
rentabilidade bruta – o valor investido líquido, e, sim, o valor investido bruto.
Nesta calculadora, será considerado o primeiro, uma vez que a taxa bruta
não deve ponderar taxas na entrada.
Porém, ao realizar o cálculo da rentabilidade líquida, faz sentido utilizar o
valor investido bruto, já que nele se incluem as taxas de entrada (valor
efetivo ou líquido desembolsado pelo investidor).
Para ajudar, será montado um exemplo de como calcular a rentabilidade
bruta (sem deduzir impostos) e a líquida (já deduzida dos devidos impostos).
a) Rentabilidade bruta
Como a NTN-F possui cupons semestrais de juros, o cálculo passar a ser
um pouco diferente, comparado aos títulos que possuem fluxo de pagamento
único.
Para encontrar a rentabilidade bruta, o investidor deve descobrir qual
taxa se iguala ao preço do título do valor presente de todos os cupons brutos
(no caso, de R$ 48,81) mais o valor nominal (no caso, de R$ 1.000,00).
Há duas maneiras de se realizar essa operação. A primeira é por meio de
nossa calculadora. A outra é ao melhor estilo “papel e caneta”, que será
explicado a seguir.
Primeiro, deve-se identificar o número de dias úteis até cada um dos
títulos e a taxa anual do cupom (valor fornecido pelo Tesouro). Esses dados
podem ser encontrados inserindo todas as informações do título na
calculadora. O esboço do fluxo de pagamento, como feito a seguir, facilitará
para realizar os cálculos.
A rentabilidade bruta nada mais é que o valor da taxa interna de retorno
(TIR) quando o valor presente líquido (VPL) for igualado a zero.
Para entender da melhor forma esses termos e, consequentemente, os
fluxos de pagamentos dos títulos do Tesouro, leia o Apêndice 2.
Partindo dessa premissa, a fórmula para trazer os fluxos brutos ao valor
presente pode ser expressa da seguinte maneira:
Prosseguir com os cálculos até chegar no último termo, que no caso, é
T = 20:
O primeiro termo, o preço, é negativo, já que representa uma saída de
caixa, enquanto os demais representam as entradas de caixa (ver a figura do
fluxo de pagamento acima). Para mais, detalhes, basta ler os apêndices ao
final do livro.
Ao igualar todos esses termos a zero, a somatória trará o valor da TIR.
Como ela, neste caso, representa a rentabilidade bruta do título, após as
contas, o investidor pode reparar que o valor é de 0,0374% ao dia útil.
Para calcular a rentabilidade bruta anual, basta usar a seguinte fórmula:
A rentabilidade bruta anual do título representa a taxa de compra anual,
que é de 9,87% ao ano.
b) Rentabilidade líquida
O cálculo da rentabilidade líquida é similar ao da bruta, com uma
exceção: agora utilizaremos o valor dos fluxos líquidos (preço e cupons
efetivamente pagos) ao invés dos fluxos brutos (preço e cupons brutos
anunciados sem taxas).
Para T = 0: – R$ 1.038,82 [17]
Prosseguir com os cálculos até chegar no último termo, que no caso é T =
20:
Realizando, então, novamente os cálculos e alterando somente para o
valor líquido de cada cupom, o investidor encontrará uma TIR de
0,0283729%.
Para encontrar o valor da rentabilidade líquida anual, basta seguir com a
fórmula:
Ou seja, a rentabilidade líquida anual do título é de 7,41% ao ano.
Venda antecipada de um título NTN-F
Caso o investidor precise, por algum motivo, resgatar o valor do título antes
de seu vencimento, o Tesouro abre essa possibilidade. A recompra dos títulos
é feita às quartas-feiras, possibilitando ao investidor adquirir seu dinheiro
antes do prazo definido no momento da compra. Entretanto, dependendo
do título do Tesouro, da situação do mercado e de quando for realizado o
resgate, pode acontecer de o investidor perder dinheiro ao fazer essa
operação. Para mais detalhes leia o Apêndice 3.
No caso da NTN-F, o rendimento é nominal, ou seja, o investidor está
sujeito a perda de poder aquisitivo em caso de alta da inflação e/ou da taxa
de juros. Além do mais, caso ele realize a venda antecipada do título de
NTN-F, pode ter rentabilidade menor ou maior do que o acordado no
momento da compra desse mesmo papel.
Para a simulação de venda antecipada, será utilizado o mesmo exemplo
da NTN-F do início do capítulo (com vencimento em 01/01/2023). Para
efeitos ilustrativos, adotaremos a data de 01/07/2015 para realizar a
simulação da venda antes do vencimento, que será em uma quarta-feira,
possibilitando-se esta negociação do título.
Para descobrir facilmente o valor de resgate nessa data, basta utilizar a
calculadora. No campo “data de venda”, altere para a data suposta
(01/07/2015).
O investidor terá a planilha desta forma:
Tabela 4.2
NTN-F
Insira os valores neste
campo
Data de compra
26/09/12
Data do
vencimento
01/01/23
Valor investido
líquido
Taxa de compra
(% a.a.)
R$
1.033,65
9,87%
Taxa de
administração
do
banco/corretora
(% a.a.)
0,50%
Data de venda
01/07/15
Taxa de venda
(% a.a.)
9,93%
Rentabilidade
bruta almejada
(% a.a.)
10,00%
Rentabilidade
líquida
almejada (%
10,00%
a.a.)
Taxa de
negociação
Taxa anual do
cupom (% a.a.)
Fonte: Elaborada pelos autores.
Apresentando os seguintes resultados:
Tabela 4.3
0%
10%
Resultado da Simulação
Quantidade
de títulos
adquiridos
P.u. de
compra
Dias corridos
entre a
compra e o
vencimento
1,00
R$
1.033,65672
3.748
Dias corridos
entre a
1.007
compra e a
venda
Dias úteis
entre a
compra e o
vencimento
Dias úteis
entre a
compra e a
venda
2.576
692
Preço de
compra
máximo para
obter a
rentabilidade
R$ 1.023,26
bruta
almejada
Preço de
compra
máximo para
obter a
R$ 975,49
rentabilidade
líquida
almejada
Rentabilidade
bruta (a.a.)
9,77%
Valor da taxa
de
administração
na entrada
R$ 5,17
Valor da taxa
de
R$ –
negociação
Valor
investido
bruto
Fluxos
Tipo de fluxo
R$ 1.038,82
01/01/13
cupom
pago
Dias úteis
entre compra
e fluxo
64
Dias corridos
entre
liquidação e
fluxo
Valor do fluxo
Alíquota do IR
sobre cupom
96
R$ 48,81
22,50%
Valor retido
pelo IR sobre
o cupom
R$ 5,73
Valor retido
pela custódia
sobre o
R$ 0,83
cupom
Valor retido
pela taxa de
administração
sobre o
cupom
Valor líquido
dos cupons
–
R$ 42,24
Valor bruto do
resgate
R$ 1.298,03
Valor da taxa
de custódia
R$ 8,75
do resgate
Valor da taxa
de
administração
R$ 9,28
do resgate
Imposto de
R$ 42,95
Renda
Valor líquido
do resgate
Rentabilidade
líquida após
taxa e I.R.
(a.a.)
R$ 1.237,06
7,24%
Fonte: Elaborada pelos autores.
Para calcular o valor bruto de resgate de um título composto em uma
data de compra e comercializada em uma de venda, basta pensar que,
negociando esse papel, estamos cedendo o direito de receber os juros depois
da data de venda.
Em relação ao cálculo do preço sobre o direito de receber os juros depois
da data de venda, isto é, o preço de venda do título, basta trazer os fluxos
vendidos a valor presente pela taxa de venda:
Assim, para calcular o valor bruto de resgate, somamos os fluxos a serem
pagos com o preço de venda.
O IR a ser pago na venda será:
IR = (preço de venda – preço de compra) × alíquota
A taxa de administração será calculada em relação ao p. u. de mercado,
computado para a data do fluxo depois da venda, sendo proporcional ao
número de dias corridos entre o último pagamento de juros e a data de
venda. O valor da custódia será calculado da mesma maneira.
Valor líquido
Aqui o esquema é igual ao resgate no vencimento. O investidor deve deduzir
as taxas (administração e custódia) e o IR de cada cupom. Do valor deduzido
(cupom líquido), basta somá-los. O valor será, então, o valor líquido de
resgate.
Utilizando a data 01/07/2015 como exemplo de venda antecipada, o
valor líquido de resgate passa a ser de R$ 1.277,59.
Rentabilidade bruta
Para T = 0: – R$ 1.033,65
Prosseguir com os cálculos até chegar no último termo, que no caso é
T = 5:
Como a TIR, neste caso, representa a rentabilidade bruta do título, após as
contas, o investidor pode reparar que o valor é de 0,03699% ao dia útil. Para
calcular a rentabilidade bruta anual, basta usar a seguinte fórmula:
A rentabilidade bruta anual do título na venda antecipada é de 9,77% ao
ano.
Rentabilidade líquida
Para T = 0: – R$ 1.038,82
Deve-se prosseguir com os cálculos até chegar no último termo, que no
caso é T = 5:
Realizando novamente os cálculos, alterando somente para o valor líquido
de cada cupom, o investidor encontrará uma TIR de 0,027752%.
Para encontrar o valor da rentabilidade líquida anual, basta seguir com a
fórmula:
A rentabilidade líquida anual do título na venda antecipada é de 7,24%
ao ano.
A rentabilidade bruta na data de vencimento era de 9,87% ao ano –
representava a taxa de compra do título. Agora, essa taxa passa a ser de
9,77% ao ano. A rentabilidade líquida, que antes era de 7,41% ao ano, passa
a ser de 7,24% ao ano. Já o valor líquido, se for resgatado no vencimento,
representa o valor de R$ 1.791,74. Com o resgate antecipado, esse valor
passa a ser de R$ 1.237,06.
Cálculo alternativo do preço de uma NTN-F
Anteriormente, mostramos como encontrar a rentabilidade de um título
NTN-F a partir de seu preço de compra. Entretanto, há uma segunda
possibilidade de se realizar esse cálculo.
O investidor pode estipular uma rentabilidade que queira ganhar sobre o
título e, assim, descobrir qual o preço máximo que estará disposto a pagar pelo
papel, garantindo a rentabilidade de escolha.
Suponha que o investidor queira ter uma rentabilidade bruta de 12% ao
ano em um título de NTN-F. Qual deve ser o preço do título para que ele
garanta essa taxa?
Por possuir fluxos de pagamentos semestrais (conhecidos como cupons), a
NTN-F tem a necessidade de realizar a taxa retorno, conhecida em finanças
como taxa interna de retorno deles (TIR).
Para que você entenda da melhor forma os cálculos, vamos supor que um
investidor avalie a compra de uma NTN-F 010123 (ou seja, com vencimento
em 01/01/2023) no dia 20/05/2013. De acordo com o Tesouro, em
20/05/2013, essa NTN-F possuía taxa de compra de 9,97% ao ano e seu
preço era de R$ 1.040,43.
Antes de iniciarmos com os cálculos, é importante entender os que foram
realizados anteriormente, ou seja, tínhamos o valor de todos os fluxos (preço
do título e valores a serem recebidos). Com eles em mãos, encontrávamos o
valor da TIR de cada um destes fluxos. A partir dela, vinha então a
rentabilidade.
Entretanto, agora temos a rentabilidade, mas não o preço de compra. É
por isso que vamos utilizar o cálculo inverso. A partir da rentabilidade (TIR)
que o investidor deseja ter, encontramos o preço máximo de compra do título
que o investidor estará disposto a pagar.
Rentabilidade bruta
Primeiro, então, deve-se transformar a taxa anual de 12% em uma taxa em
dias úteis. Veja:
Para converter a taxa em dias úteis, deve-se elevar a taxa anual a 1/252,
já que em um ano há 252 dias úteis.
A taxa de 0,044981% representa, então, a taxa interna diária de retorno
do investimento.
Como já sabemos o valor de cada cupom intermediário (R$ 48,81) e o
valor de resgate no vencimento (R$ 1.048,81), basta trazê-los ao valor
presente, utilizando a TIR diária encontrada (0,044981%).
Mas por que trazer a valor presente? Para entender melhor, basta ler o
Apêndice 2. Ou seja, a soma dos fluxos de caixa ao valor presente a uma taxa
de 0,044981% resulta no preço de compra do título.
Esse cálculo é facilmente realizado em uma planilha de Excel (veja
nossa
calculadora
disponibilizada
no
site
www.editorasaraiva.com.br. Já no estilo papel e caneta, a conta
fica um pouco mais trabalhosa. Veja a fórmula:
O valor de cada cupom bruto é de R$ 48,81 e o do último fluxo é de R$
1.048,81. Já a sigla “n. d. u.” indica o número de dias úteis até o momento
de seu respectivo cupom. O “X” indica o valor que queremos descobrir, ou
seja, o valor resultante ao trazer os fluxos ao valor presente.
De acordo com nossa calculadora, disponibilizada no site
www.editorasaraiva.com.br, até o 1o cupom foram 28 dias úteis.
Até o 2o cupom foram 158 dias úteis. Já até o cupom final, 2.417
dias úteis. Veja como fica a fórmula:
Realizando os cálculos – considerando todos os fluxos – encontra-se o
preço do título:
X = R$ 930,59
Caso o investidor queira uma rentabilidade bruta de 12% ao ano, o preço
do título não pode ser maior que R$ 930,59.
Rentabilidade líquida
Agora, vamos analisar outro cenário. Suponha que o investidor deseja uma
rentabilidade líquida de 11% ao ano. Os cálculos serão basicamente os
mesmos.
Novamente, deve-se transformar a taxa anual em uma taxa em dias
úteis. Veja:
Agora, porém, o valor dos cupons não será fixo em R$ 48,81 e nem o
cupom final valerá mais R$ 1.048,81.
Já que tratamos da rentabilidade líquida, o valor que o investidor vai
efetivamente receber, cada fluxo terá dedução da taxa de custódia, do IR e,
se houver, da taxa de administração.
Pela nossa calculadora, inserindo os dados restantes apresentados no
cálculo com rentabilidade bruta, o investidor terá acesso a todas informações
necessárias.
O cálculo do preço pode ser expresso como a soma do valor presente dos
fluxos líquidos:
O “i” representa agora a TIR líquida em dias úteis. Já “X” indica o
resultado da operação: o valor resultante ao trazer os fluxos para o valor
presente.
Novamente, com a calculadora em mãos, basta verificar o valor líquido de
cada um dos cupons, bem como seus respectivos dias úteis.
Diante dos dados obtidos, o valor líquido do primeiro cupom é de R$
45,97, havendo 28 dias úteis entre a data de compra e o pagamento desse
cupom. Já o segundo possui valor líquido de R$ 37,46, havendo 158 dias
úteis entre a compra e seu pagamento. Para o último cupom, o valor é de R$
1.037,66 e 2.417 dias úteis.
O cálculo fica da seguinte forma:
Para encontrar o preço de compra ideal a uma rentabilidade líquida de
11% a.a, é necessário adicionar o 0,5% de taxa de administração aos R$
847,53 – os dois valores podem ser encontrados em nossa calculadora:
Agora, o preço máximo a ser pago pelo investidor para que ele tenha uma
rentabilidade líquida de 11% ao ano é de R$ 843,66. Um preço acima desse
fará o investidor amargurar uma rentabilidade menor que os 11% líquidos
esperados.
Resumo
A NTN-F, como a LTN, é um título prefixado, isto é, o investidor sabe, no
momento da compra, quanto irá receber no vencimento. Entretanto, a NTNF, diferentemente da LTN, realiza pagamentos semestrais ao detentor do
título: são os conhecidos cupons de juros. Com eles, o comprador pode
optar tanto pelo reinvestimento desses pagamentos ou mesmo resgatá-los e
fazer qualquer outro investimento.
Vale ressaltar aqui um cuidado: por se tratar de um título prefixado, o
investidor concorda, no momento da compra, em receber a rentabilidade
(taxa de compra) apresentada. Desta forma, se, por acaso, a taxa básica de
juros dobrar durante o período de aquisição do título e for maior que a
rentabilidade acordada, o comprador receberá menos que a taxa básica.
Porém, caso o investidor acredite que, durante o período de
maturidade do título, a taxa básica estará abaixo da rentabilidade
acordada (taxa de compra), ele fez um bom investimento. Feita a ressalva,
basta, então, entender a metodologia do título, bem como os cálculos
apresentados durante o capítulo, para aumentar as probabilidades de se
realizar uma boa compra.
Capítulo 5
LETRAS FINANCEIRAS DO TESOURO (LFT)
V eja a seguinte reportagem[18]:
Figura 5.1
Fonte: Folha de S.Paulo, Coluna “Caro Dinheiro”, 03/02/2014.
No último parágrafo do artigo, são expostas as Letras Financeiras do
Tesouro. Afinal, que LFTs são essas?
As LFTs são títulos pós-fixados cuja rentabilidade segue a variação da taxa
Selic [19] – a taxa de juros básica da economia. Este capítulo pretende,
portanto, analisar os efeitos da taxa sobre o título e apresentar todos os
cálculos que o envolvem. Primeiro, vamos mostrar as definições mais teóricas,
abordando, em seguida, o lado mais prático do título.
Desmistificando as Letras Financeiras do Tesouro (LFT)
A remuneração da LFT é dada pela variação da taxa Selic diária, registrada
entre as datas da compra e do vencimento do título, acrescida, se houver, de
ágio ou deságio.
Quando o preço está com ágio (leia-se acréscimo), o retorno do título fica
menor do que o estipulado na emissão. No caso da LFT, um ágio significa que
o investidor terá uma remuneração menor do que a Selic. De forma análoga,
quando o preço de um título está com deságio (desconto), o investidor
receberá, no caso da LFT, uma taxa maior do que a Selic.
Geralmente, os preços são expressos em termos de taxa, ou seja, quando o
preço de uma LFT estiver expresso como –0,02%, significa que o título está
com ágio e remunerará o investidor com o equivalente à Selic menos 0,02%.
O ágio ou deságio são decorrentes da oferta e da demanda por títulos, o que
será explicado em breve.
As LFTs podem ser caracterizadas como títulos de baixo risco para perfil
conservador. Elas remuneram a Selic que, se estiver em queda, não oferece
riscos significantes (retornos negativos, por exemplo).
O investidor recebe o valor investido acrescido dos juros na data do
vencimento ou de venda do título. Em outras palavras, supondo que o título
não esteja com ágio nem deságio, se o investidor permanecer por 1 ano com o
título, ele receberá os juros pela Selic relativos a esse ano na data da venda.
Fluxo de pagamento
A LFT possui fluxo de pagamento simples. O investidor faz a compra e recebe
o rendimento com o principal na data de venda ou vencimento do título (o
que ocorrer primeiro). Esses títulos são também conhecidos como títulos zero
cupom, por não possuírem pagamentos intermediários entre a compra e o
vencimento.
A seguir um exemplo do fluxo de pagamento da LFT:
O preço unitário – montante inicial, que é marcado pela data de compra –
é a quantia total que o investidor gastará comprando o(s) título(s). A taxa de
juros efetiva no período é o total acumulado de juros durante o período
compreendido entre a compra até a venda do título.
O valor de regate, marcado pela data de venda, é a quantia líquida que o
investidor irá receber. Esse valor compreende o montante que o investidor
gastou adquirindo o título mais os juros acumulados no período.
Títulos de LFT disponíveis atualmente
Até a conclusão deste livro, somente um título de LFT estava disponível para
compra no mercado primário:
LFT070317 – título que vence em 07 de março de 2017.
Lembre-se de que somente os investidores da LFT que comprarem os
títulos na data de emissão e ficarem até o final do prazo receberão
exatamente a variação da taxa Selic.
Quando um investidor compra um título já existente, LFT070317, por
exemplo, ele pode ganhar uma taxa maior ou menor que a Selic, de acordo
com a oferta e a demanda. A mesma lógica vale quando o investidor vende o
título antes do seu vencimento.
Funcionamento do valor nominal atualizado
Para se entender a lógica e o funcionamento das LFTs, é fundamental que se
compreenda o significado do valor nominal atualizado.
Como a LFT é um título indexado à Selic, o governo corrige o valor a ser
pago (valor nominal atualizado – VNA) diariamente. O VNA facilita o
acompanhamento dos indexadores – a Selic, nesse caso.
Na sua data-base (data de início da atualização do VNA, que é
01/07/2000), o VNA tinha como valor R$ 1.000,00. A partir daí, ele é
atualizado, diariamente, conforme a evolução da taxa Selic. O VNA pode ser
encontrado pela seguinte fórmula:
Por exemplo, caso a taxa Selic se mantenha em 8% ao ano durante o
investimento feito por 1 ano, o valor do VNA no final desse período será 8%
maior do que o do começo do período.
Assim, a variação do VNA entre duas datas (que no caso da LFT070317 é
entre a data de compra até março de 2017) indica qual a variação do
indexador a que ele se refere.
Por meio do site da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiros e de Capitais (Anbima)[20], o investidor pode encontrar o valor
nominal já que, como o próprio nome diz, este é atualizado de acordo com a
variação diária da Selic.
Exemplo de investimento em LFT
Por meio de um exemplo prático, será explicada uma compra de LFT, bem
como algumas informações.
O investidor poderá escolher entre os títulos de LFT de acordo com as
suas características, a exemplo de sua data de vencimento, supondo a
compra do título LFT070317 e analisando as seguintes informações:
Data da compra: 10/07/2012.
Quantidade de títulos: 2,0 (à escolha do investidor).
Preço unitário do título para compra: R$ 5.282,37. Vale lembrar que
nesse valor já está incluída a taxa de compra e o VNA. A seguir será
explicado como se chega nele.
Preço unitário do título para venda: R$ R$ 5.270,76. É importante
notar que nesse valor a taxa de venda já está incluída. Futuramente
será explicado como chegar nele.
Preço total de compra (valor investido líquido): R$ 10.564,74. Esse
valor é encontrado multiplicando-se o preço unitário de compra pela
quantidade de títulos.
Taxa (a.a.) compra: –0,06%. O investidor receberá –0,06% a menos que
a Selic caso fique até o vencimento.
Taxa (a.a.) venda: –0,02%. Taxa aplicada somente se o resgate for feito
antes da data de vencimento.
Data de vencimento: 07/03/2017.
Dias úteis entre as datas de compra e de venda: 1.170. Descontando
finais de semana e feriados, o título ainda tem uma “vida” de 1.170
dias até o vencimento – esse valor pode ser encontrado facilmente
pela nossa calculadora.
Taxa de custódia: 0,3% ao ano (pagos semestralmente).
Taxa de corretagem (administração do banco/corretora): 0,4%. Essa
taxa é referente ao primeiro ano de custódia e é paga na compra.
Taxa Selic: 9,5% ao ano (por ser um investimento pós-fixado, só sabemos
a taxa Selic de um período ao final dele. Nesse sentido, o valor de
9,5% será utilizado como expectativa da taxa para efeitos
ilustrativos).
Como o VNA é atualizado diariamente, podemos dizer que, caso a Selic se
mantenha fixa em 9,5%, o VNA irá variar por dia útil da seguinte maneira:
Ressaltamos que esses valores podem ser encontrados facilmente no site
do Banco Central[21].
Impostos: 15% dos juros auferidos (para encontrar esse valor, basta
olhar a tabela do IR no Capítulo 1).
Utilizando a calculadora e inserindo os valores apresentados, o investidor
encontrará os seguintes dados:
Tabela 5.1
LFT
Insira os valores neste campo
Data de compra
Data do
vencimento
Valor investido
líquido
Taxa de compra
(% a.a.)
10/07/12
07/03/17
R$
10.564,74
–0,06%
Taxa de
administração
do
banco/corretora
(% a.a.)
Expectativa de
taxa Selic para o
período (% a.a.)
0,40%
9,50%
Data de venda
07/03/17
Taxa de venda
(% a.a.)
–0,02%
Rentabilidade
bruta almejada
(% a.a.)
10,00%
Rentabilidade
líquida
almejada (%
a.a.)
10,00%
Taxa de
negociação (%
a.a.)
0,00%
Resultado da simulação
Dias corridos
entre a compra
e o vencimento
1.700
Dias corridos
entre a compra
e a venda
1.700
Dias úteis entre
a compra e o
vencimento
1.170
Dias úteis entre
a compra e a
1.170
venda
Preço de
compra máximo
para obter a
rentabilidade
bruta almejada
Preço de
compra máximo
para obter a
rentabilidade
R$
10.314,84
R$
9.503,07
líquida
almejada
Rentabilidade
bruta (a.a.)
Valor da taxa de
negociação
9,43%
R$ –
Taxa de
administração
R$ 42,26
na entrada
Valor investido
R$
bruto
10.607,00
Valor bruto do
resgate
R$
16.056,20
Valor da taxa de
custódia do
resgate (0,3%
a.a.)
Valor da taxa de
administração
do resgate
R$
185,98
R$
194,73
Alíquota média
de imposto de
15,00%
renda
Imposto de
Renda
Valor líquido do
resgate
R$
823,72
R$
14.851,77
Rentabilidade
líquida após
taxas e I.R. (a.a.)
Fonte: Elaborada pelos autores.
7,52%
Essa calculadora serve para facilitar a realização das
contas para o investidor. Caso queira ter acesso a ela, basta realizar o
download por meio do site www.editorasaraiva.com.br. Mas será
explicado agora como as contas são feitas.
No caso das LFTs, iniciaremos as explicações dos cálculos, a partir do valor
nominal atualizado (VNA). Como não se conhece o VNA na data de
liquidação, o Tesouro Nacional o projeta a partir da meta da taxa Selic no
mês. A seguir serão apresentadas as fórmulas necessárias para se estimar o
preço de compra do LFT.
Primeiro, calcula-se a cotação, para que se possa analisar o efeito do ágio
no preço e, consequentemente, na rentabilidade do título. No valor “taxa de
compra”, deve-se colocar o ágio ou deságio presente no momento da compra.
Note que a cotação será sempre igual a 100 quando o título for vendido
ao par, ou seja, sem ágio (acréscimo) ou deságio (desconto).
Em segundo, o VNA projetado é calculado da seguinte maneira, sendo
que a meta para a taxa Selic pode ser encontrada no site do Banco
Central[22].
Com a cotação e o valor do VNA projetado em mãos, podemos achar o
preço de compra:
Note que o preço de compra do título já é calculado e apresentado ao
investidor no momento da compra.
Para calcular o VNA da LFT em qualquer data, basta corrigir o VNA atual
pela Selic em sua data-base (01/07/2000), pelo Fator Selic [23], até a
véspera da data de interesse.
Assim, o cálculo utilizado para estimar o VNA em uma data futura é o
seguinte:
Exemplo:
Pegamos agora o valor total que o investidor comprou em LFT
(quantidade de título × preço unitário do título para compra). De acordo
com o exemplo, esse valor é de R$ 10.564,74.
De R$ 10.564,74, deve-se descontar 0,4% de entrada (taxa de
administração que supomos).
0,4% de R$ 10.564,74 = R$ 42,26
O valor investido bruto passa a ser de R$ 10.564,74 + R$ 42,26 = R$
10.607,00.
Já para calcular o valor bruto de resgate, três etapas devem ser feitas. Veja
cada uma delas:
Etapa 1
Etapa 2
Etapa 3
Sendo que:
d.u.t.: dias úteis totais – número de dias úteis entre a compra e o
vencimento do título.
d.u.v.: dias úteis até a venda – número de dias úteis entre a compra e a
venda do título.
O valor bruto de resgate é a soma das três etapas:
Valor bruto de resgate = Etapa 1 + Etapa 2 + Etapa 3
Para deixar essa operação mais clara, vamos substituir pelos valores da
simulação que fizemos.
Valor bruto de resgate = 16.056,20 – 16.086,06 + 16.086,06
Valor bruto de resgate = 16.056,20
Como a venda do título foi feita na data de vencimento dele, somente a
primeira etapa torna-se relevante para o cálculo, já que a dois e a três se
cancelarão. As duas últimas etapas surtirão efeito no cálculo final caso seja
feita a venda antecipada do título, pois, neste caso, a quantidade de dias
úteis entre compra e vencimento será diferente do total de dias úteis entre a
compra e a venda.
No caso da venda na data de vencimento, como “d.u.t.” e “d.u.v.” são
iguais, o expoente dos denominadores das etapas serão zero, o que gera um
denominador comum igual a um. Na sequência, do valor bruto de resgate,
devemos deduzir os impostos (a), o valor da taxa de custódia (b) e o valor da
taxa de administração do resgate (c):
a) Impostos: 15% de (R$ 16.056,20 – R$ 10.564,74) = R$ 823,72
Caso não se lembre, são cobrados 15% de imposto, pois a aplicação
ultrapassou o prazo de 360 dias.
Valor da taxa de custódia do resgate: o impacto da taxa de custódia
b) cobrada pela BM&FBovespa, de 0,3% ao ano sobre o valor aplicado, é
calculado de forma simplificada. A fórmula nada mais é que a
multiplicação do fator 0,3% pela quantidade de dias corridos da
aplicação, dividida por 365, já que a taxa é anual, e por uma média
aritmética entre os valores investido (campo preenchido pelo
investidor na calculadora) e bruto de resgate. Ou seja:
O valor após as contas é, portanto, R$ 185,98.
c) Valor da taxa de administração do resgate: Primeiro, vale lembrar
que a taxa só é aplicada se o título for resgatado após o período de 1
ano. O cálculo desse custo é muito semelhante ao da taxa de
custódia, apenas se deve levar em conta duas diferenças. A primeira é
que, na parcela referente ao tempo de aplicação, o valor total em dias
corridos deve ser subtraído de 365 (número de dias do primeiro ano
de aplicação). Caso a aplicação seja inferior a 1 ano, esse desconto não
precisará ser feito, pois a taxa já foi descontada no momento da
aplicação. O segundo ponto é que, ao invés do 0,3% ao ano da taxa de
custódia, cada instituição financeira cobra uma taxa específica por
seus serviços. A simulação leva em conta o valor que o investidor
preencher no campo “taxa de administração do banco/corretora”.
Logo:
O valor líquido de resgate é encontrado subtraindo-se as taxas e o imposto
do valor bruto de resgate. Segue a fórmula para realizar o cálculo:
Valor líquido de resgate = valor bruto de resgate – imposto (a) – valor da taxa
de custódia do resgate (b) – valor da taxa de administração no resgate (c)
Valor líquido de resgate = 16.056,20 – 823,72 – 185,98 –
194,73
Valor líquido de resgate = R$ 14.851,77
Rentabilidade bruta e líquida
Em relação à rentabilidade das LFTs, os preços são corrigidos diariamente (já
descontados ágio e deságio) e, por isso, é uma modalidade pós-fixada. Para
ajudar, há a seguir um exemplo de como calcular a rentabilidade bruta (sem
deduzir impostos) e a líquida (já deduzida dos devidos impostos):
a) Rentabilidade bruta
Pegaremos o valor total de compra do título, que é de R$ 10.564,74,
e o valor bruto do resgate (sem dedução de impostos), R$ 16.056,20,
lembrando que não precisa ser necessariamente na data de
vencimento.
É importante ainda ressaltar um fato: para o cálculo da
rentabilidade, consideramos que o “valor investido líquido”, como
denominado pelo Tesouro, é parte da rentabilidade bruta, já que este
não inclui o valor da taxa de administração na entrada. No entanto, o
“valor investido bruto” é considerado para cálculo da rentabilidade
bruta, pois inclui o valor de tal taxa. A rentabilidade poderá ser
calculada desta forma pela seguinte equação:
A rentabilidade bruta no período teria sido, portanto, de 51,98%. Para
calcular a rentabilidade bruta anual, basta usar a seguinte fórmula:
b) Rentabilidade líquida
O cálculo da rentabilidade líquida é feito utilizando-se o valor líquido
de resgate, isto é, o que o investidor realmente vai receber no resgate,
deduzido já de seus devidos impostos e taxas.
A rentabilidade líquida no período teria sido, portanto, de 39,88%.
Para calcularmos a rentabilidade líquida anual, basta usarmos a
seguinte fórmula:
Desta forma, a rentabilidade anual efetiva, isto é, o que o investidor
realmente vai receber, é de 7,52%.
Agora que cada uma das informações está clara, montamos o fluxo de
pagamento da LFT:
Segundo o fluxograma anterior, e resumindo a simulação de compra feita
de uma LFT, vemos que o investidor adquiriu uma unidade do título em
10/07/2012, no valor de R$ 10.564,74. Após a compra (1.170 dias úteis
depois), ele receberá, na data de vencimento (07/03/2017), a quantia
líquida de R$ 14.851,77.
Lembre-se de que o valor de R$ 14.851,77 só ocorrerá caso a taxa Selic se
mantenha em 9,5% por todo o período do título e se a venda for feita na
data de vencimento. Caso contrário, o preço sofrerá variações – para cima ou
para baixo – de acordo com as oscilações do mercado.
Descubra o efeito da queda na Selic sobre a LFT
Mas e se a taxa Selic cair? Será vantajoso para o investidor?
Além da simulação que realizamos de um investimento em LFT, com taxa
Selic constante em 9,5% ao ano, vamos supor agora outro cenário. Imagine
que a previsão da Selic passe a ser de 7,5% ao ano. Vamos usar os mesmos
dados do exemplo anterior, alterando somente a taxa Selic nos cálculos.
O que acontecerá? Compensará manter os investimentos em LFT ou não?
Utilizando-se os mesmos valores já mostrados da simulação anterior e
alterando-se somente o valor da Selic para 7,5% ao ano, o valor a ser
resgatado, de acordo com a calculadora LFT, passará a ser de R$ 13.751,14.
Vamos realizar as contas no papel rapidamente: Primeiro, para encontrar
o valor bruto de resgate nesse novo cenário, utilizamos somente a fórmula da
etapa um, já que, como vimos, quando a venda é feita na data de
vencimento do título, as etapas dois e três podem ser desconsideradas, uma
vez que se anularão.
E agora, calculando os impostos e taxas…
a) Impostos:
= 15% de (R$ 14.739,19 – R$ 10.564,74)
= 626,17
b) Valor da taxa de custódia do resgate:
c) Valor da taxa de administração do resgate:
Assim, é possível encontrar o valor líquido de resgate. Veja:
Valor líquido de resgate = 14.739,19 – 626,17 – 176,78 –
185,10
Valor líquido de resgate = R$ 13.751,14.
E, finalmente, calculando as rentabilidades…
O fluxo de pagamento passará a ser o seguinte:
Em comparação, quando foi feito o cálculo do título tendo como base a
Selic em 9,5% ao ano, o valor de resgate foi de R$ 14.581,77. Caso a Selic
seja 7,5% ao ano, o valor de resgate passará a ser de R$ 13.751,14.
A rentabilidade, logicamente, cairá também com a queda da Selic. Com a
taxa Selic em 9,5% ao ano, a rentabilidade líquida anual era de 7,52%; em
7,5% ao ano, esta passa a ser de 5,75% ao ano.
O investidor deve estar atento na hora da compra do título, pois a
rentabilidade informada neste momento – Selic mais ágio e deságio – é
garantida somente se ele permanecer com o título até seu vencimento e o
governo assegurar o pagamento – apesar das chances de o governo dar calote
no pagamento desses títulos serem, hoje, consideradas remotas.
Ao comprar, portanto, uma LFT, não se sabe de antemão qual a
rentabilidade do período, uma vez que se ignora como a taxa Selic se
comportará no futuro. Para isso, cabe ao investidor analisar a tendência da
taxa – que pode ser consultada no site do Banco Central[24] – e ficar atento
às tendências do mercado.
Venda antecipada
E se o investidor quiser vender seu título (LFT) antes do vencimento?
Aqueles que desejam realizar a venda antecipada receberão o valor de
mercado do LFT.
Ao fazer o resgate antes da data de vencimento, será aplicada a taxa de
venda nos cálculos, a qual pode ser um ágio ou deságio, dependendo da
demanda por determinado título.
Essa possibilidade de venda antecipada, bem como a compra de títulos já
existentes, tem por objetivo prover liquidez. Logo, mesmo que você compre
uma LFT com vencimento em 2017, pode vender antecipadamente caso
necessite do dinheiro. Nesse caso, o valor pago será determinado pela lei de
oferta e de procura.
Os preços dos títulos no dia podem ser encontrados no site do Tesouro
Direto. Se o cenário econômico não for alterado da data da compra até a da
venda, provavelmente o valor a ser recebido será próximo do esperado.
Resumo
A LFT, ou Letras Financeiras do Tesouro, é um título pós-fixado cuja
rentabilidade depende da variação da taxa Selic. Sendo assim, o investidor
deve estar atento às projeções da taxa básica da economia.
Geralmente, a taxa de compra/venda do título representa um ágio ou
deságio que o Tesouro Nacional estabelece, com intuito de controlar a
oferta e a demanda pelo título.
No caso da LFT, um ponto deve ser levado em consideração. Como os
títulos públicos são precificados todos os dias úteis, caso o Banco Central
estipule, por exemplo, um aumento da taxa Selic, o título será
automaticamente precificado, o que pode acarretar uma não vantagem
imediata (ganho de rentabilidade).
No entanto, caso a elevação na taxa básica não seja esperado pelo
mercado, o investidor se deparará com um aumento no preço, o que
ampliará a rentabilidade.
A LFT é um título indicado àqueles que apostam no aumento da taxa
básica durante o período de maturidade da LFT adquirida. Caso se
perceba que a taxa se manterá constante ou sofrerá queda, pode ser
interessante buscar por títulos prefixados.
Capítulo 6
NOTAS DO TESOURO NACIONAL, SÉRIE B PRINCIPAL (NTN-B PRINCIPAL)
capítulo apresenta mais um título pós-fixado disponível no Tesouro
E ste
Direto: as Notas do Tesouro Nacional, série B Principal.
As Notas do Tesouro Nacional (série B) são subdividas em dois títulos:
NTN-B e NTN-B Principal. A diferença central entre eles é que o primeiro
possui pagamento por meio de cupons de juros, e o segundo, no vencimento.
Este capítulo abordará a NTN-B Principal, enquanto o próximo, a NTN-B.
Como nos capítulos anteriores, esse título será divido em diferentes
partes, contendo, como sempre, definições e mecanismos, fazendo
referência aos cálculos que o envolvem: o valor nominal atualizado (VNA), a
questão da venda antecipada e uma simulação de cenário para a inflação.
Caso o investidor queira acompanhar os cálculos com uma
calculadora, disponibilizamos a planilha da NTN-B Principal. Para
acessar, basta entrar no site www.editorasaraiva.com.br.
Afinal, como funciona a NTN-B Principal?
A NTN-B Principal é um título pós-fixado, que está vinculado ao Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o qual é calculado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e é o índice oficial do Brasil para o
plano de metas de inflação e política econômica do Governo.
Como vantagem mais importante, a NTN-B Principal permite ao
investidor obter rentabilidade em termos reais: ganho descontado da
inflação.
No site do IBGE [25], há o histórico do IPCA. O valor de resgate do
investimento em seu vencimento varia de acordo com esse índice.
Para um melhor entendimento da remuneração do título, é válido fazer
uma breve explicação sobre juro nominal e real.
Juro nominal é a rentabilidade do investimento sem considerar a
inflação.
Juro real representa a quantia que o investidor recebe além da
inflação.
Por exemplo, suponha um investidor que obteve ganho nominal de 10%
em 1 ano. No entanto, a inflação nesse período foi de 10%. Pode-se dizer
que o ganho real foi nulo, uma vez que, apesar de ter aumentado
nominalmente 10% do seu investimento, os preços subiram 10%, ou seja, o
poder de compra permaneceu o mesmo.
A NTN-B Principal remunera, além da variação do IPCA entre as datas da
compra e a de vencimento do título, uma taxa de juros que pode ser
entendida como ganho real. Em outras palavras, o IPCA garante a
manutenção do poder de compra, e essa taxa de juros define o ganho real do
título.
De forma simplificada, a rentabilidade proporcionada pelo título será em
função do IPCA, acrescido dos juros reais da NTN-B Principal. Por exemplo,
imagine que a taxa de uma NTN-B seja 3,5%. Essa remuneração deve ser
entendida como ganho real, afinal, o título pagará 3,5% acima da inflação
medida pelo IPCA no período por eles.
Fora isso, como os demais títulos, é possível a incidência de ágio ou
deságio decorrentes da oferta e da demanda por eles.
A NTN-B Principal é composta por um fluxo de caixa simples, pois o
pagamento é feito em uma parcela única, na data de vencimento do título,
conforme demonstração:
O valor investido representa a quantia gasta pelo investidor para adquirir
o título. A data de compra é, como o próprio nome indica, o dia em que o
título foi comprado. Entre a compra e a venda, ocorre o faturamento dos
juros vinculados ao IPCA que, na demonstração, está indicado por taxa de
juros efetiva no período.
O valor de resgate é a quantia que o investidor receberá após ter
adquirido o título. Esse valor incorpora a variação do IPCA e os juros reais do
período. A data do vencimento indica o dia em que o investidor realiza o
resgate do valor aplicado e a venda do título.
Títulos de NTN-B Principal
Até o fechamento da edição desta obra, os seguintes títulos estavam
disponíveis:
NTN-B Principal 15052019 – título que vence em 15 de maio de
2019.
NTN-B Principal 15082024 – título que vence em 15 de agosto de
2024.
NTN-B Principal 15052035 – título que vence em 15 de maio de
2035.
As datas de vencimento dos títulos (sempre no dia 15) podem ser
explicadas pela data em que é realizada a coleta de preços para cálculo do
IPCA. Em outras palavras, o IBGE contabiliza a inflação do dia 15 do mês
anterior ao 15 do mês vigente.
Sendo assim, é importante entender o VNA da NTN-B Principal, já que é
um dos temas fundamentais dos mecanismos e cálculos que envolvem esse
título.
Valor nominal atualizado
Para entender, portanto, a lógica e o funcionamento da NTN-B Principal, é
imprescindível compreender o significado de VNA.
Como a NTN-B Principal é um título indexado ao IPCA, o governo corrige
o valor nominal a ser pago, conhecido como VNA, o qual facilita o
acompanhamento dos indexadores. Nesse caso, é o IPCA.
Em sua data-base (data de início da atualização do VNA, que é
15/07/2000), o VNA tinha como valor R$ 1.000,00. A partir daí, ele vem
sendo atualizado conforme a evolução do IPCA.
O VNA atual da NTN-B Principal pode ser encontrado por duas fórmulas:
VNA atual = (VNA do mês anterior) × (1 + IPCA)
ou
VNA atual = (VNA data base) × (fator de variação do IPCA entre a data base e a
corrente)
Como o IPCA é divulgado apenas uma única vez (dia 15 de cada mês),
muitos investidores trabalham com a projeção do IPCA. Por exemplo, no dia
30 de janeiro, apesar do último VNA disponível ser do dia 15, os investidores
projetam uma variação do IPCA compreendida entre os dias 15 e 30. Nesse
caso, é comum utilizar o VNA projetado, conforme fórmula:
VNA projetado = VNA (1 + IPCA projetado)x
Na formula anterior, o “x” representa variações dos dias corridos desde a
última divulgação do índice. É uma forma de projetar o VNA no decorrer do
tempo, uma vez que o VNA exato é conhecido somente no dia da divulgação
do IPCA (dia 15 de cada mês). Matematicamente, o “x” pode ser expresso da
seguinte forma:
De posse, então, do valor do VNA (ou do VNA projetado), o investidor
consegue encontrar, por exemplo, o preço de compra do título. Esse cálculo
será abordado mais à frente, quando for feita uma simulação de compra de
uma NTN-B Principal.
Note que o VNA pago pelo Tesouro ao final do investimento, por depender
do IPCA, só será conhecido no dia do resgate. No entanto, é possível
acompanhar a evolução do IPCA pelo site do IBGE.
Caso o IPCA sofra aumento durante o investimento, o valor do VNA será
também elevado e, por conseguinte, afetará o valor de resgate do título. Com
esse mecanismo, o Tesouro consegue indexar a inflação no título.
Desta forma, a variação do VNA entre duas datas (que no caso da NTN-B
Principal 15052035 é de novembro de 2013 até maio de 2035) indica qual
a oscilação desse indexador (inflação). O histórico de valores do VNA está
disponível no site do Tesouro Direto[26].
Exemplo de investimento
Veja um exemplo prático de um investimento em NTN-B Principal.
Considere a compra do seguinte título: NTN-B Principal 150835.
O investidor encontrará, ao realizar a compra de um título NTN-B
Principal, as seguintes informações:
Data da compra: 15/01/2013.
Data de vencimento: 15/08/2024.
Quantidade de títulos: 2,0.
Preço unitário do título para compra: R$ 1.498,81 (lembrando que
nesse valor já está incluída a taxa de compra[27]).
Preço total de compra (valor investido líquido): R$ 2.997,62. Esse
valor é encontrado multiplicando-se o preço unitário de compra pela
quantidade de títulos.
Taxa (a.a.) compra: 3,51% (taxa bruta anual). Essa taxa é o ganho real,
ou seja, o investidor obterá esses 3,51% mais a variação do IPCA.
Dias úteis entre a data de compra e o vencimento: 2.908.
Descontando finais de semana e feriados, o título ainda tem uma
“vida” de 2.908 dias até o vencimento.
Taxa de custódia: 0,3% ao ano (pagos semestralmente).
Taxa de corretagem (administração do banco/corretora): 0,5%.
Expectativa IPCA para o período: 5,84%.
A partir desses dados, o investidor pode estimar quanto receberá,
em termos reais, na data de vencimento do título. Para isso, basta
lançar os valores na calculadora, disponibilizada no site
www.editorasaraiva.com.br e verificar o resultado da simulação.
Além disso, a calculadora facilitará o entendimento dos conceitos que
virão. Veja a seguir um exemplo dela:
Tabela 6.1
NTN-B Principal
Insira os valores neste campo
Data de compra
15/01/13
Data do
vencimento
15/08/24
Valor investido
líquido
R$
2.997,62
Taxa de compra
(% a.a.)
3,51%
Taxa de
administração
do
banco/corretora
(% a.a.)
0,50%
Expectativa do
IPCA para o
período (% a.a.)
5,84%
Data de venda
15/08/24
Taxa de venda
(% a.a.)
6,15%
Rentabilidade
bruta almejada
(% a.a.)
10%
Rentabilidade
líquida
almejada (%
a.a.)
Taxa de
negociação
10%
0,00%
Resultado da Simulação
Dias corridos
entre a compra
e o vencimento
4.229
Dias corridos
entre a compra
e a venda
4.229
Dias úteis entre
a compra e o
2.908
vencimento
Dias úteis entre
a compra e a
venda
Preço de
compra máximo
2.908
para obter a
rentabilidade
bruta almejada
Preço de
compra máximo
para obter a
rentabilidade
líquida
almejada
Rentabilidade
bruta (a.a.)
R$
2.860,62
R$
2.400,04
9,55%
Valor da taxa de
negociação
R$ 0,00
Taxa de
administração
na entrada
R$ 14,99
Valor investido
bruto
R$
3.012,61
Valor bruto do
resgate
R$
Valor da taxa de
8.592,49
custódia do
resgate (0,3%
a.a.)
Valor da taxa de
administração
do resgate
R$
201,43
R$
306,74
Alíquota média
de imposto de
15,00%
renda
Imposto de
renda
R$
839,23
Valor líquido do
resgate
R$
7.245,09
Rentabilidade
líquida após
7,90%
taxas e I.R. (a.a.)
Fonte: Elaborada pelos autores.
Ressaltamos que o leitor deve ter em mãos essa parte, pois os cálculos
apresentados a seguir farão referência aos conceitos aqui utilizados.
Mão na massa!
Daremos sequência agora aos cálculos que envolvem a compra de um título.
Para que o investidor possa acompanhar (caso queira) a simulação de
maneira simplificada, basta utilizar a calculadora disponível. Ela facilita a
realização das contas, entretanto, o intuito é ser uma ferramenta capaz de
facilitar o entendimento dos investimentos, além de descomplicar as
operações matemáticas.
Primeiro, será explicado o preço de compra da NTN-B Principal, cuja
fórmula é a seguinte:
preço de compra = (VNA projetado) × (cotação)
Deve-se encontrar, antes, o VNA e o valor da cotação. Como visto, a database do VNA é 15/07/2000, nessa ocasião, o valor era de R$ 1.000,00.
Portanto, quando uma fórmula fizer referência ao VNA (data-base), significa
dizer que ele é R$ 1.000,00. Segue novamente a fórmula para cálculo do
VNA:
VNA projetado = VNA (1 + IPCA projetado)x
O “x” representa variações dos dias corridos. Pode ser calculado da
seguinte forma:
Neste caso,
Como o exemplo ocorre exatamente nas datas de divulgação do IPCA, dia
15, não é necessário projetar o IPCA. Logo, (x = 0) significa que o VNA é
conhecido (não projetado). Desta forma, conforme indicado pela planilha do
Tesouro, o VNA é igual a 2.231,71. Já a cotação ocorre da seguinte maneira:
A cotação pode ser entendida como a porcentagem do preço em relação
ao último VNA. Por exemplo, o preço de uma cotação no valor de 67,16%,
corresponde a 67,16% do VNA. Em outras palavras, o preço é 32,84% menor
que o VNA atual. Note que a cotação será sempre igual a 100 quando o título
for vendido pelo seu valor de face.
Pode-se, então, achar o preço de compra:
preço de compra = VNA × cotação
O preço de compra do título é calculado e apresentado ao investidor no
ato da compra.
Já o valor total que o investidor comprou em NTN-B Principal pode ser
encontrado com a simples multiplicação da quantidade adquirida de títulos
pelo preço unitário do título para compra. De acordo com o exemplo, esse
valor é de R$ 2.997,62 (pois em nossa simulação foram adquiridos dois).
De R$ 2.997,62, deve-se descontar 0,5% de entrada (taxa de
administração suposta).
0,5% de R$ 2.997,62 = R$ 14,99
O valor investido bruto passa a ser de R$ 2.997,62 + R$ 14,99 = R$
3.012,61.
O valor bruto de resgate pode ser calculado da seguinte forma:
Do valor bruto de resgate, devemos deduzir os impostos (a), o valor da
taxa de custódia (b) e o valor da taxa de administração do resgate (c):
a) Impostos: 15% de (R$ 8.592,49 – R$ 2.997,62) = 839,23
Caso não se lembre, é cobrado 15% de imposto, pois a aplicação
ultrapassou o prazo de 720 dias (basta olhar novamente a tabela de
impostos no Capítulo 2).
b) Valor da taxa de custódia do resgate: o impacto da taxa de custódia
cobrada pela BM&FBovespa, de 0,3% ao ano sobre o valor aplicado,
nada mais é que a multiplicação do fator 0,3% pela quantidade de
dias corridos da aplicação, dividida por 365, já que a taxa é anual, e
por uma média aritmética entre o valor investido (campo preenchido
pelo investidor na calculadora) e o valor bruto de resgate. Ou seja:
O valor, após as contas é, então, de R$ 201,43.
c) Valor da taxa de administração do resgate: Primeiro, vale lembrar
que essa taxa só é aplicada se o título for resgatado após o período de 1
ano.
O cálculo desse custo é muito semelhante ao da taxa de custódia.
Apenas se deve levar em conta duas diferenças. A primeira é que, na
parcela referente ao tempo de aplicação, o valor total em dias corridos
deve ser subtraído de 365 (número de dias do primeiro de aplicação).
Caso a aplicação seja inferior a 1 ano, esse desconto não precisará ser
feito, pois a taxa já foi descontada no momento da aplicação.
O segundo ponto é que, ao invés do 0,3% ao ano da taxa de
custódia, cada instituição financeira cobra uma taxa específica por
seus serviços. A simulação leva em conta o valor que o investidor
preenche no campo “taxa de administração do banco/corretora”. Ou
seja:
O valor, após as contas é, então, de R$ 306,74.
Já o valor líquido de resgate é encontrado subtraindo do valor bruto de
resgate as taxas e o imposto. Segue a fórmula para realizar o cálculo:
valor líquido de resgate = valor bruto de resgate – imposto (a) – valor da taxa
de custódia do resgate (b) – valor da taxa de administração no resgate (c)
valor líquido de resgate = R$ 8.592,49 – R$ 839,23 – R$ 201,43 – R$ 306,74
valor líquido de resgate = R$ 7.245,09.
O valor que o investidor efetivamente receberá após comprar esse título
de NTN-B Principal é de R$ 7.245,09.
A seguir, o desenho do fluxo de pagamento líquido desse título:
O investidor desembolsa, em 15/01/2013, a quantia de R$ 2.997,62
para receber R$ 7.245,09, em 15/08/2024 (2.908 dias úteis após a
compra).
É interessante notar que cálculos foram feitos supondo não haver
variação do VNA, portanto, a taxa de compra encontrada é de juro real, ou
seja, acima da inflação. Uma eventual oscilação do IPCA atualizaria o valor
de resgate do título.
Rentabilidade bruta e líquida
Na sequência, abordaremos aspectos sobre a rentabilidade desse título, como
seus cálculos e mecanismos. A rentabilidade é, muitas vezes, a primeira
informação que o investidor analisa quando vai realizar algum investimento.
É importante que o leitor saiba interpretar corretamente esse conceito.
Pode-se dizer que há 2 tipos de rentabilidade: bruta e líquida. A primeira
representa uma taxa sem contar impostos e outras deduções. Já a segunda, e
mais importante, revela a taxa efetivamente obtida com o investimento.
a) Rentabilidade bruta
Seguindo às contas, para calcular a rentabilidade bruta, é necessário
utilizar o valor total de compra do título, de R$ 2.997,62, e o valor
bruto do resgate (sem dedução de impostos), que é de R$ 8.592,49,
recebidos no ato do vencimento do título de quando a venda ocorrer,
o que pode, eventualmente, acontecer antes da data do vencimento
(venda antecipada).
Vale novamente notar aqui uma lógica diferente utilizada pelo
Tesouro Nacional. Como o termo valor investido bruto considera a
taxa de administração na entrada, utilizaremos para cálculo da
rentabilidade bruta o valor investido líquido, já que este não pondera
essa taxa na entrada.
Sendo o valor investido bruto entendido como o valor efetivo
desembolsado pelo investidor, consideraremos este no cálculo da
rentabilidade líquida.
Matematicamente, a rentabilidade bruta representa a seguinte
equação:
A rentabilidade bruta no período é, portanto, de 186,64%.
Para calcular a rentabilidade bruta anual, basta usar a seguinte
fórmula:
A rentabilidade bruta anual é de 9,55%.
b) Rentabilidade líquida
O cálculo da rentabilidade líquida é feito utilizando-se os valores
efetivamente pagos e recebidos, deduzidos já de seus devidos
impostos e taxas. Veja:
A rentabilidade líquida no período teria sido, portanto, de
140,49213%. Vale notar a expressiva diferença quando o valor é
comparado com os 186,64% de ganho bruto no período.
Para calcular a rentabilidade líquida anual, basta aplicar a seguinte
fórmula:
Rentabilidade líquida anual = 7,90%, contra os 9,55% de
rentabilidade bruta.
Desta forma, pode-se dizer que o investidor terá um ganho efetivo
de 7,90% ao ano.
Resgate antes do vencimento
Abordaremos agora a questão da venda antecipada de um título de NTN-B
Principal. Para entendimento completo do resgate antes do vencimento
desse título, é necessário entender o funcionamento da taxa de juros na
formação do preço.
Primeiro o leitor deve lembrar que a taxa informada no momento da
compra só entrará no bolso se:
o investidor permanecer com o título até seu vencimento;
o governo não der calote no fluxo de caixa prometido.
No caso de venda antecipada, o investidor deve sempre estar atento às
oscilações das taxas de mercado. Vale lembrar que as taxas de compra variam
diariamente e provocam alterações no preço. Segue um exemplo prático:
O preço de compra do título utilizado na simulação de investimento em
NTN-B Principal foi de R$ 1.498,81, com vencimento em 15/08/2024.
Vamos supor que o investidor queira realizar a venda do título em
16/02/2013 e que, nessa data, a taxa de juros vigente é de 10%.
Desta forma, ao realizar os cálculos, o leitor verificará que receberá valor
real de R$ 1.362,55, ou seja:
Entretanto, suponha que, nesse mesmo dia, logo após a realização da
compra, divulgam que o governo ameaça não pagar, aumentando o risco de
forma sensível. Os futuros compradores irão requerer uma taxa maior, nesse
caso, vamos supor que se contentem com 100% ao invés dos 10% praticados
no cenário anterior. Considerando, então, essa informação, a taxa que, antes,
era de 10% passa a ser de 100%. O título vale, agora, R$ 749,40, ou seja:
O investidor que receberia R$ 1.362,55 passa a receber apenas R$
749,40.
Vale lembrar que a venda antecipada nem sempre é ocasionada por
perdas no investimento. Em períodos de variações negativas, o investidor
pode, então, ter ganhos. Cabe sempre analisar as expectativas do mercado
para que seja possível tomar as melhores decisões.
Alternativa de cálculo
Apresentamos ao leitor uma forma alternativa de cálculo de uma NTN-B
Principal, contemplando a relação preço e rentabilidade/taxa.
Anteriormente, mostramos como o investidor pode encontrar a
rentabilidade de um título NTN-B Principal tendo em mãos o preço dele.
Agora, abordaremos como calcular o valor de acordo com uma rentabilidade
requerida.
É importante notar que, na NTN-B Principal, o investidor negocia uma
taxa de juros real, acima da inflação, já que é um título indexado ao IPCA.
Suponha, então, que o investidor queira receber uma rentabilidade de
10% ao ano de juros real (ou seja, acima da inflação) em determinado título
NTN-B Principal. Qual deve ser o preço do título para que se garantam esses
10% anuais?
É justamente em torno dessa questão que a sequência do capítulo se
baseará. Para tanto, vamos supor a compra da NTN-B Principal 15082024
(vencimento em 15/08/2024) no dia 24/05/2013.
Nesta data, 24/05/2013, esse título possuía um preço de compra de R$
1.411,81, o que implica uma taxa de compra de 4,42%.
Como visto, as NTN-B’s são títulos pós-fixados, vinculados à variação do
IPCA. Sendo assim, sua rentabilidade é formada pela taxa de compra sobre a
variação deste índice no período. Como o título é indexado ao IPCA, o
investidor receberá 4,42% mais a variação do IPCA no período.
Além do mais, por se tratar de um título pós-fixado, não sabemos ao certo
qual será o VNA no vencimento. Por isso, sempre que trabalhamos com NTNB, é necessário projetar o IPCA.
Por questões didáticas, trabalharemos com dois cenários: no primeiro,
consideraremos um IPCA nulo no período. Já no segundo, ponderamos um
IPCA de 5% de inflação ao ano.
Cenário A: IPCA = 0% ao ano
Rentabilidade bruta
Vamos agora descobrir qual o preço do título para que se obtenha uma
rentabilidade bruta de 10% ao ano acima da inflação.
Para encontrar o preço, deve-se transformar essa taxa anual desejada em
uma taxa no período. Para tanto, basta utilizar a fórmula:
O termo “n o d.u.” representa o número de dias úteis no período. Pela
nossa calculadora, ele pode ser facilmente encontrado. Basta inserir os
valores e ela trará, no resultado da simulação, os números desejados.
Vê-se, então, que, entre 24/05/2013 (data de compra) e 15/08/2024
(data de vencimento), há 2.819 dias úteis. Segue-se com a fórmula:
Ou seja, o investidor pretende ganhar 10% a.a., que é o equivalente a
190,43% nos 2.819 dias úteis. De posse da rentabilidade, o preço máximo
que deve ter o título pode ser calculado da seguinte forma:
O VNA representa o valor do título em determinada data. Como já visto,
ele é atualizado pelo IPCA.
Na data de compra do título, o VNA era de R$ 2.290,34. Como estamos
trabalhando com um cenário de inflação zero entre a data de compra e o
vencimento, o VNA na data do resgate será idêntico ao da data de compra.
O VNA pode ser encontrado facilmente pelo site da Anbima[28]. Há
também outras formas de cálculo, como valor presente do fluxo bruto final
(valor bruto de resgate), conforme explicamos anteriormente.
Aplicando-se a rentabilidade no VNA estimado do resgate:
Assim, caso o investidor queira uma rentabilidade bruta de 10% ao ano
sobre este título de NTN-B Principal, o preço máximo deve ser de R$ 788,60.
Repare que, neste caso, a rentabilidade de 10% representa o juro real, já
que a inflação foi zero.
Rentabilidade líquida
Suponha que o investidor queira agora uma rentabilidade líquida de 10%
ao ano. Sabemos que essa porcentagem representa 190,43% ao período.
Com esse valor em mãos, basta encontrar o preço, já que agora sua
fórmula é um pouco diferente. Entenda:
Ressaltamos que, nesse caso, o valor líquido de resgate representa o
mesmo que o VNA na data de vencimento do título, mas descontado de suas
taxas de administração, custódia e imposto de renda.
O valor líquido de resgate é o valor bruto de resgate deduzido também
pelas taxas de administração e custódia, além do IR. Pela nossa calculadora,
esse valor é facilmente encontrado. No caso, equivale a R$ 2.001,55.
Seguimos com os cálculos:
Agora, devemos lembrar que houve o pagamento da taxa de
administração no momento da aquisição do título. Como tratamos da
rentabilidade líquida, devemos descontar ainda no preço essa taxa. Supondo
que a taxa de administração seja de 0,5%, temos:
Dessa forma, para que se tenha uma rentabilidade líquida de 10% ao ano
acima da inflação, o máximo que o investidor deve pagar pelo título é R$
685,74.
No cenário atual, o preço de negociação do título é de R$ 1.411,81 e, por
isso, a rentabilidade oferecida ao investidor é de 4,42%, substancialmente
menor que os 10%.
Cenário B: IPCA = 5% ao ano
Rentabilidade bruta
Veremos, nas simulações a seguir, o que acontece se a inflação for
diferente de zero. Vamos supor agora que haja um IPCA anual no valor de
5%.
O primeiro passo é projetar o VNA na data do vencimento, conforme a
fórmula. Considerando o IPCA de 5% ao ano e os dias úteis entre a data de
compra e o vencimento, temos:
Entretanto, queremos uma rentabilidade bruta anual de 10% ao ano
acima da inflação e, para isso, devemos calcular a rentabilidade no período,
conforme fórmula:
Considerando-se os 2.819 dias úteis, o IPCA de 5% a.a. e a rentabilidade
real de 10% a.a., chegamos a:
Encontrando, portanto, o preço:
Essa simulação mostra que, independente do cenário de inflação, o
investidor da NTN-B consegue saber, por meio do preço de compra, qual a
taxa de juros que vai receber acima da inflação. Veja a seguir a rentabilidade
líquida para esse cenário.
Rentabilidade líquida
Para garantir a rentabilidade líquida, o investidor deve incluir as taxas
envolvidas, da seguinte forma:
O valor líquido de resgate é o valor bruto de resgate deduzido também
pelas taxas de administração e custódia, além do IR. Pela nossa calculadora,
esse valor é facilmente encontrado. No caso, equivale a R$ 3.344,36. E como
a supomos 10% de rentabilidade líquida almejada, manteremos o valor
calculado anteriormente.
Seguimos com os cálculos:
Conforme o caso anterior, deve-se incluir na conta o pagamento da taxa
de administração no momento da aquisição do título. Como consideramos a
rentabilidade líquida, devemos descontar essa taxa no preço. Supondo que a
taxa de administração seja de 0,5%, temos:
Agora, caso o investidor almeje uma rentabilidade líquida anual de 10%
acima da inflação, considerando um IPCA anual constante de 5% no
período, o máximo que deve ser pago pelo título é de R$ 663,85. É
importante notar que esse valor não coincide com o cenário de inflação zero,
pois os custos incidem sobre o valor nominal.
Resumo
Neste capítulo, aprendemos como calcular os preços de uma NTN-B
Principal, bem como sua rentabilidade, que é uma das ferramentas mais
utilizadas pelos investidores, com o intuito de verificar se o investimento é
bom.
Um ponto interessante é que, como o Tesouro Direto abre a
possibilidade da venda antecipada dos títulos às quartas-feiras, o investidor
não necessariamente precisa segurar o título até sua data de vencimento.
Entretanto, é importante saber que as oscilações nas taxas vigentes no
mercado afetam o valor do título. Para isso, realizamos diversas simulações,
com a finalidade de apresentar os dois lados da moeda: quando se pode
perder e ganhar nessa modalidade.
O próximo capítulo abordará a NTN-B, título público também indexado
ao IPCA, mas que possui pagamento de cupons intermediários.
Capítulo 7
NOTAS DO TESOURO NACIONAL, SÉRIE B (NTN-B)
artigo abordará o último título disponível pelo Tesouro Direto, as Notas
E ste
do Tesouro Nacional, série B ou, simplesmente, NTN-B.
Como nos demais capítulos, apresentaremos a metodologia de cálculo de
uma NTN-B, além de sua venda antecipada, simulação de cenário e outras
características peculiares do título.
Vale lembrar que os temas seguirão uma sequência linear. Portanto, caso
tenha dúvidas, basta voltar e ler os capítulos anteriores.
A NTN-B
A NTN-B é um título pós-fixado, com rentabilidade vinculada à variação do
Índice de Pesquisa ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado e elaborado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme vimos no capítulo anterior, o governo corrige o valor nominal a
ser pago da NTN-B, ou seja, é, por exemplo, o valor nominal atualizado
(VNA). A data-base do valor nominal é dia 15/07/2000. Nessa data, ele era
de R$ 1.000,00. Vale lembrar que este, bem como na NTN-B Principal,
possui atualização pelo IPCA no dia 15 de cada mês. Os próximos textos
abordarão da melhor forma esse assunto.
A NTN-B possui cupons semestrais e um pagamento final (valor nominal
atualizado). As NTN-Bs emitidas pagam uma taxa de juros de 6% ao ano
(aproximadamente 2,96% ao semestre), além da variação do IPCA. No
entanto, é importante observar que a taxa efetivamente recebida depende
das condições de compra e venda. Para ilustrar, as NTN-Bs remuneram,
atualmente, perto de 3,5% a.a. acima do IPCA. Essa questão será discutida
mais à frente.
Atualmente, existem duas datas para o vencimento desses papéis, 15/05
e 15/08. Para os papéis vencendo em 15/08, as datas de pagamento dos
cupons são programadas para os dias 15/02 e 15/08. E para os com
vencimento em 15/05, as datas são programadas para 15/05 e 15/11. Caso
a data de algum pagamento (cupom ou valor final) caia em um feriado ou
final de semana, ele é feito no dia útil seguinte.
A taxa de compra que o investidor encontra ao comprar um título de
NTN-B representa, financeiramente, a taxa interna de retorno (TIR)[29].
Os fluxos intermediários (cupons) são porcentagens do valor nominal
atualizado, os quais variam de acordo com o IPCA. Dessa forma, apenas os
valores reais (sem contar os ajustes pela inflação) são conhecidos.
Diante disso, a TIR encontrada deve ser vista como taxa real. Novamente:
se a TIR de compra é 3,5%, significa que o investidor ganhará 3,5% acima
da variação IPCA. Perceba que esse juro real já está desconsiderando a
inflação no momento. É o aumento do poder de compra efetivo.
Caso o IPCA auferido no período seja de 5% e a taxa de compra (TIR) de
3,5%, o juro nominal vale aproximadamente 8,68% (1,05 × 1,035 – 1).
Já o fluxo de caixa da NTN-B pode ser expresso da seguinte forma:
O total investido indica a quantia que o investidor efetivamente utilizou
ao comprar o título de NTN-B. As setas intermediárias representam o
recebimento dos cupons semestrais de juros (juros reais atualizados pelo
IPCA). Já a última seta ilustra – na data de vencimento – o valor final. O
investidor recebe o valor nominal atualizado, somado ao pagamento do
cupom.
Além disso, como em todos os outros títulos públicos, há a incidência de
impostos. Para entender melhor, reveja o Capítulo 1, no qual há todas as
informações acerca das taxas incidentes sobre os títulos.
Títulos disponíveis
Até o fechamento desta edição do livro, as seguintes séries de NTN-B
estavam disponíveis:
NTN-B 150820, título que vence em 15 de agosto de 2020.
NTN-B 150535, título que vence em 15 de maio de 2035.
NTN-B 150850, título que vence em 15 de agosto de 2050.
A seguir, vamos utilizar um desses títulos em simulações de cálculo.
Metodologia de cálculo
Como na NTN-B Principal, para entender a lógica e os mecanismos de preço
da NTN-B, é necessário saber como funciona o valor nominal atualizado[30].
O preço de compra de um título de NTN-B pode ser encontrado pela
seguinte fórmula:
preço de compra = VNA ×cotação
Para a cotação, utiliza-se a fórmula a seguir:
Supondo a compra da NTN-B 150535 em 15/03/2013, com taxa de
compra no valor de 4,09% (valor obtido pelo próprio Tesouro).
Para descobrir o número de dias úteis entre a data de compra e a
de vencimento, utilize nossa calculadora encontrada no site
www.editorasaraiva.com.br.
Os
cálculos
são
realizados
automaticamente, após a inserção dos dados pedidos.
Diante disso, e segundo a calculadora, o número de dias úteis é de
5.566. Com esses dados, consegue-se, então, encontrar o valor da cotação.
Tendo em mãos o valor da cotação (em porcentagem), basta encontrar o
valor do VNA na data de compra do título. Para isso, acesse o site do
Tesouro[31] e pegue a última atualização do VNA.
Nessa data, o VNA era 2263,839169. Diante disso:
Ou seja, os R$ 2.928,53 indicam o preço que o investidor paga para
adquirir um título dessa NTN-B. Ressaltamos que esse valor não inclui taxas e
custos.
Fluxo Financeiro
Já em relação ao pagamento do fluxo financeiro, que contém os cupons
semestrais, segue uma ilustração:
O total injetado representa o valor que o investidor efetivamente utilizou
ao adquirir um título de NTN-B, ou melhor, a somatória do preço de compra
e de todos os demais custos que são pagos à vista.
A data de compra, como o próprio nome diz, é o dia em que foi comprado
o título. As flechas intermediárias indicam os pagamentos semestrais de juros
da NTN-B, conhecidos como cupons. As datas destes variam de acordo com
o vencimento do título de NTN-B comprado.
Por exemplo: uma NTNB 150535 indica um título de NTN-B com
vencimento em 15 de maio de 2035. Sendo assim, como os cupons são pagos
a cada 6 meses, um cupom é pago em 15 de maio e o outro, em 15 de
novembro.
Já a NTN 15082050 (vencimento em 15 de agosto de 2050) paga
cupons nas datas 15 de agosto e 15 de fevereiro. Nesse caso, os meses de
pagamento são agosto e fevereiro.
Os cupons são formados pela variação do IPCA mais os juros reais
(futuramente explicaremos melhor). O valor a ser resgatado é o nominal
atualizado, somado ao último cupom. Esse último pagamento é feito na data
de vencimento do título, como indicado na figura acima.
Exemplo de investimento
Para melhor entendimento dos cálculos, será feita uma simulação com
dados reais: considere a compra do título NTN-B 150535.
O investidor encontrará, ao realizar a compra do título, as seguintes
informações:
Data da compra: 15/03/2013 (data escolhida no momento da
simulação).
Data de vencimento: 15/05/2035.
Quantidade de títulos: 1,0 (esse número é opção do investidor. É ele
quem escolhe quantos títulos deseja comprar).
Preço unitário do título para compra: R$ 2.928,53 [32].
Novamente, como os dados foram retirados no dia de divulgação do IPCA
(15 de janeiro), o VNA é conhecido, não havendo necessidade de se
trabalhar com o IPCA projetado. Mais à frente, será realizado um exemplo
com IPCA projetado: uma data de compra que não seja o dia 15.
Preço total de compra (valor investido líquido): R$ 2.928,53. Esse
valor é encontrado multiplicando-se o preço unitário de compra pela
quantidade de títulos:
preço total de compra (1 unidade) = 2.928,53 × 1 = 2.928,53
Para encontrar o valor efetivamente desembolsado, o mais correto seria
adicionar aos R$ 2.928,63 o valor da taxa de administração na entrada.
Entretanto, como o próprio site do Tesouro desconsidera esses valores ao
identificar o preço total de compra, optamos por manter dessa maneira.
Taxa (a.a.) compra: 4,09% (taxa real bruta anual). É o ganho real, ou
seja, o investidor obterá esses 4,09% mais a variação do IPCA no
período. Da mesma forma que a NTN-B Principal, à medida que o
IPCA varia, o VNA acompanha, alterando também o fluxo de caixa
recebido pelo investidor.
Os 4,09% representam, além da taxa de compra do título, a rentabilidade
real bruta.
Dias úteis entre a data de compra e o vencimento: 5.566 (ou seja,
descontando finais de semana e feriados, o título ainda tem uma
“vida” de 5.566 dias até o vencimento). Esse número pode ser
obtido facilmente pela nossa calculadora NTN-B.
Considerando os custos e taxas:
Taxa de custódia: 0,3% ao ano (pagos semestralmente, de forma linear).
Taxa de corretagem (administração do banco/corretora): 0,3%
(Lembre-se de que essa taxa varia a cada corretora).
IPCA: aqui será utilizado, como referência, o valor previsto do IPCA para
os próximos meses de 2013, que, no caso, é de 5,84%. Esse valor
ajudará a prever o VNA em cada data futura e, assim, o fluxo de
caixa projetado para o investidor.
Caso queira já simular alguns investimentos na NTN-B, basta inserir os
valores de interesse na calculadora. Ressaltamos que os próximos textos
explicarão as metodologias de cálculo dos títulos.
Metodologia dos cupons
Como a NTN-F, a NTN-B é um título que realiza pagamento de cupons,
portanto, esta seção será dedicada ao entendimento do valor do cupom
como formação do preço do título.
Para
melhor
entendimento
das
informações
apresentadas,
recomendamos ter em mãos nossa calculadora.
A metodologia de cálculo dos cupons será dividida em duas partes: a
primeira mostra como encontrar o valor bruto de cada cupom. Já a segunda
apresenta como achar o valor líquido de cada cupom.
a) Preço bruto dos cupons
O valor bruto do cupom na NTN-B depende do valor nominal atualizado,
que, por sua vez, é indexado ao IPCA. Dessa forma, para se projetar o fluxo de
caixa nominal do título, se faz necessário projetar o IPCA.
Quando é feito o fluxo com valor projetado do IPCA igual a zero,
encontra-se o fluxo real e, a partir disso, a taxa real de juros. Por exemplo: se
o IPCA gerar uma taxa de compra de 3%, pode-se dizer que o investidor
ganhará 3% mais a variação do IPCA, uma vez que as oscilações serão
incorporadas ao VNA.
Para começar, considere:
Cenário A (IPCA = 0% ao ano)
Neste caso, como o IPCA equivale a zero, os cupons não sofrem
atualização no preço. Desta forma, o valor bruto de todos cupons é igual.
Para encontrar, então, o valor do cupom, é preciso utilizar a seguinte
A taxa de 6% é fixa em todas NTN-Bs. Como ela é anual e se deseja
encontrar o valor da taxa semestral (já que os pagamentos dos cupons são
feitos semestralmente), eleva-se a taxa anual a 0,5 (meio), ou seja, faz-se a
raiz quadrada. Caso não se lembre, reveja o início deste capítulo, no qual se
explicam, de forma mais completa, esses valores.
O VNA utilizado pode ser encontrado pelo próprio site do Tesouro, no
qual, até o fechamento deste livro, apresentava problemas e o VNA estava
desatualizado. Para contornar esse contratempo, montamos uma planilha
com a lista de VNAs atualizados até a data presente.
Como a data de compra da simulação é 15 de março de 2013, deve-se
utilizar o VNA de março de 2013. Conforme planilha, o VNA é de R$
2.263,84.
Prosseguindo com a fórmula:
valor bruto do cupom = 2.263,84 × (0,029564014)
valor bruto do cupom = 66,96
Logo, sem dedução de custos e taxas, o cupom vale R$ 66,96. E como
esse cenário está considerando IPCA no período como 0%, o VNA se manterá
em 2.263,84 por todo o tempo em que o investidor estiver com o título.
Consequentemente, todos os cupons valerão, em valor bruto, R$ 66,96.
Cenário B (IPCA = 5,84% ao ano)
Para encontrar o valor do cupom, segue a mesma fórmula:
valor bruto do cupom = VNA × [(1 + 6%)0,5 – 1]
valor bruto do cupom = VNA × (0,029564014)
A diferença deste cenário para o anterior está no VNA, que, a partir de
agora, sofrerá mudanças, já que ele está acompanhando a evolução do IPCA
no tempo.
Para encontrar o VNA mês a mês, deve-se, primeiro, saber o VNA atual,
que pode ser obtido de duas maneiras:
Incluindo a variação do IPCA no mês em cima do último VNA. Os
1. valores mensais do IPCA podem ser encontrados no site do IBGE.
Após encontrar o valor do último IPCA mensal, basta fazer a fórmula do
VNA atual, seguindo a já apresentada no capítulo referente à NTN-B
Principal.
VNA atual = (VNA do mês anterior) × (1 + IPCA mensal)
Exemplo: suponha VNA de fevereiro, no valor de R$ 2.253,16, e o IPCA
anual de 5,84% (0,474% mensal). Sendo assim, o VNA de março é
encontrado utilizando-se a fórmula:
VNA atual = (2.253,16) × (1 + 0,474%)
VNA atual = 2.263,84
Ou seja, o VNA do mês de março é R$ 2.263,84.
Agora, usando o outro método:
VNA atual = (VNA data base) × (fator de variação do IPCA entre database e corrente)
Sabendo que o VNA na data-base (15/07/2000) vale R$ 1.000,00, basta
identificar o fator de variação, que é encontrado no site do IBGE. No caso,
em março, o fator de variação foi 2,26384.
VNA atual = (1.000) × (2,26384)
VNA atual = 2.263,84
Ou seja, o VNA do mês de março é R$ 2.263,84.
2. Pegando o valor direto do Tesouro Direto.
Basta acessar o site do Tesouro[33] e identificar o VNA do mês desejado.
Depois de encontrar o valor do VNA atualizado com o IPCA, siga com a
fórmula para cada um dos cupons.
b) Preço líquido dos cupons
Cenário A: IPCA = 0% ao ano
De posse do valor bruto dos cupons, basta descontar os custos para o valor
líquido de cada um deles – o que o investidor vai efetivamente receber.
Sendo assim, do valor bruto de cada cupom, é necessário deduzir os impostos
e taxas presentes (IR, taxas de administração e de custódia).
O imposto de renda é deduzido de forma regressiva, dependendo da
quantidade de dias. A taxa de administração decorre do que foi acordado
com o banco ou com a corretora. Já a taxa de custódia é fixa no valor de
0,3% ao ano.
Repare que esse procedimento é similar ao cálculo do cupom líquido
mostrado no capítulo da NTN-F, já que o cálculo utilizado para encontrar o
valor líquido dos cupons da NTN-B é o mesmo.
Ao realizarmos a simulação de um investimento em NTN-B, o cupom
bruto possui o valor de R$ 66,96. Deste, deve-se deduzir os custos: taxa de
administração, taxa de custódia e IR/IOF (dependendo do prazo da
aplicação).
Para facilitar o entendimento das informações anteriores, veja a Tabela
7.1, que foi retirada da nossa calculadora NTN-B:
Tabela 7.1
Fonte: Elaborada pelos autores.
Vamos explicar cada uma das deduções separadamente.
Taxa de custódia
A taxa de custódia segue basicamente o mesmo esquema feito para a
NTN-F (Capítulo 4). Diferentemente da taxa de administração, a custódia é
cobrada em todos os cupons, ou seja, não há carência no primeiro ano da
aplicação.
Para calcular o valor de custódia, também será necessário computar o
preço unitário de mercado da NTN-B. Ressaltamos que o cálculo do preço
unitário desse título é dado por:
p.u. = VNA × cotação
Sendo assim, para encontrarmos o p.u. projetado de mercado do título,
devemos encontrar, de antemão, tanto o VNA como a cotação.
Desta forma, consideraremos[34] a fórmula matemática da cotação
fornecida no início do capítulo, podendo já substituir valores:
Os 6% representam o cupom semestral de juros de uma NTN-B,
enquanto os 4,09% indicam a taxa de compra. Em relação ao número de
dias úteis utilizados, foi feita uma diferença entre os dias úteis do primeiro
cupom em relação ao seus cupons subsequentes. No caso do primeiro fluxo,
obtivemos zero, já que subtraímos a data do primeiro cupom por ela mesma e
assim por diante.
Realizando, então, os cálculos, encontramos o seguinte valor:
Cotação = 130,2086%
Como já temos em mãos o valor do VNA e, agora, a cotação, podemos
encontrar o preço unitário de mercado, projetado para o primeiro cupom.
Conseguimos encontrar o valor de custódia por meio da seguinte fórmula:
O “d. c. atuais” é a diferença em dias corridos entre as datas de compra
do título e de pagamento de seu primeiro cupom, ou seja, 58 dias. Seguimos:
No entanto, vale lembrar que esses cálculos são baseados em uma
simulação em que não houve variação do IPCA. Faremos, mais à frente, uma
demonstração sobre como realizar os cálculos seguindo a oscilação desse
indicador.
Taxa de administração
Essa taxa depende do que foi acordado entre o investidor e a corretora
que intermedia a transação. Algumas instituições simplesmente não cobram
a taxa, enquanto outras podem cobrar até 2%. Para efeitos didáticos,
utilizamos a taxa de 0,5%.
A taxa de administração não incide no primeiro ano, logo, o investidor
não a paga nos dois primeiros cupons da aplicação. Desta forma, os cálculos
feitos aqui serão para o terceiro cupom.
O procedimento para encontrar o valor da taxa de administração é
praticamente igual ao que foi feito na taxa de custódia. Começamos,
portanto, encontrando o preço unitário:
p.u. de mercado = VNA × cotação
Novamente, como já temos em mãos o VNA, precisamos da cotação. Veja:
Desta forma, encontramos o p.u.:
p.u. de mercado = VNA × cotação
p.u. de mercado = 129,4393% × 2.263,84 = 2.930,30
De posse do p.u. de mercado projetado para o terceiro semestre, basta
calcular o valor da taxa de administração, utilizando a seguinte fórmula:
Imposto de Renda
Para calcular o valor do IR que será deduzido, deve-se ter em mãos,
novamente, a data de compra do título.
Conforme ocorreu com as taxas de administração e custódia, o primeiro
passo é encontrar o intervalo de tempo entre as datas de compra e do cupom.
Como a data de pagamento do primeiro cupom é 15/05/2013, novamente
encontramos, por meio de nossa calculadora, 58 dias corridos desde a
compra (15/03/2013).
Como vimos no Capítulo 1, a alíquota do imposto de renda (22,5%; 20%;
17,5% ou 15%) depende do prazo do investimento, conforme a Tabela 7.2.
Tabela 7.2
Prazo
(dias
IR
corridos)
até
180
22,5%
de 181
até
360
20%
de 361
até
720
17,5%
acima
de 720
15%
Fonte: Elaborada pelos autores.
No caso do exemplo, o prazo do primeiro cupom cai na alíquota de 22,5%.
Sendo assim, aplica-se a fórmula:
Do primeiro cupom pago, foram deduzidos R$ 4,83 a título de IR. Essa
fórmula segue, então, para todos os demais cupons.
Para o cálculo do segundo cupom, novamente é preciso descobrir a
quantidade de dias entre a data de compra e o recebimento dele. Nesse caso,
há um intervalo de 242 dias.
Para 242 dias de aplicação, a alíquota do IR é de 20%. Do segundo
cupom em diante, o cálculo torna-se simplificado (conforme explicado no
capítulo da NTN-F). Diante disso, aplica-se a fórmula. Veja:
Neste caso, dos R$ 66,96, serão deduzidos R$ 13,39 de IR.
Os exemplos utilizados consideraram o IPCA zero. Como as NTN-Bs são
indexadas a ele, no caso de um IPCA diferente de zero, ele atingiria o valor
do cupom e o valor do VNA, o que impacta proporcionalmente todas as taxas
e impostos.
Cenário B: IPCA = 5,84% ao ano
No Cenário B, mostraremos como são feitos os cálculos para encontrar o
valor líquido de cada cupom (descontando imposto e taxas). Entretanto, foi
utilizado como base o IPCA valendo zero no período.
O intuito agora é, basicamente, demonstrar novamente os cálculos
anteriores, mas supondo, agora, a variação do IPCA no período, além de
entender como isso afeta os investimentos.
Para efeitos ilustrativos, o Cenário B usará um IPCA previsto de 5,84% ao
ano.
Antes de prosseguir, vale relembrar o conceito de valor nominal
atualizado (VNA) e sua relação com o IPCA.
O VNA, como visto, é o valor nominal do título, corrigido pelo Tesouro
Nacional, de acordo com a variação do IPCA. Na simulação de investimento
em NTN-B que temos feito, na data de compra (15/03/2013), o VNA era de
R$ 2.263,84. Entretanto, como a liquidação do título é feita um dia útil após
a compra, verifica-se, por meio da calculadora, que o próximo dia útil será
18/03/2013.
Sendo assim, antes de prosseguirmos com os cálculos dos VNAs mensais,
devemos projetar o VNA para o dia 18/03/2013. Entre este dia e
15/03/2013 (data de compra), há três dias corridos
Além disso, como algumas fórmulas utilizam como base o IPCA diário,
deve-se converter a estimativa anual do IPCA em diária. Para isso, utilizando
o IPCA estimado em nosso exemplo, de 5,84% ao ano:
Desta forma, temos:
Usaremos agora o VNA projetado para 18 de março, como referência aos
cálculos dos VNAs mensais futuros.
A partir desta data, o valor é atualizado conforme a fórmula (supondo
IPCA de 5,84% a.a.):
Ou seja, o VNA previsto para o mês de maio é R$ 2.285,42. Para
encontrar o VNA dos demais meses, basta repetir a fórmula.
E como já foi visto, o valor do cupom bruto semestral é encontrado com a
simples multiplicação do VNA pela taxa de juros da NTN-B.
Como os cupons são pagos semestralmente, deve-se, portanto,
transformar a taxa de juros anual da NTN-B, de 6%, em uma taxa semestral.
De posse da taxa de juros e do VNA, para encontrar o cupom bruto:
valor do cupom bruto = (VNA no mês) × (taxa semestral da NTNB)
Desta forma, o valor do cupom bruto para o primeiro cupom (mês de
maio) fica:
valor do cupom bruto = (2.285,42) × (2,956%)
valor do cupom bruto = 67,56
Ou seja, para encontrar o primeiro cupom, basta multiplicar o VNA do mês
de maio (mês do primeiro cupom) pela taxa semestral de juros da NTN-B.
De posse do valor bruto do cupom, pode-se encontrar o valor líquido
(supondo variação do IPCA no período). Os cálculos ficam um pouco
diferentes, utilizando agora o VNA atualizado pelo IPCA. Serão feitas as
contas para as taxas e para o IR.
Com os dados em mãos ou mesmo na tela, seguem, então, os cálculos das
taxas e do imposto.
Taxa de administração
Como visto em outros capítulos, há 1 ano de carência no pagamento da
taxa de administração. Sendo assim, os exemplos partirão do terceiro cupom.
Para o terceiro cupom:
Taxa de custódia
Lembre-se de que o Tesouro cobra uma taxa fixa do investidor no valor de
0,3%.
Para o primeiro cupom: utilizaremos aqui os mesmos dados do Cenário
A, mas adicionando agora uma premissa: presença de inflação (IPCA)
a uma taxa de 5,84% ao ano ou de 0,0156% ao dia.
Como o IPCA impacta diretamente a evolução do VNA, faremos uma
projeção do VNA.
O primeiro cupom é em 15/05/2013. Como a data de compra é em
15/03/2013, precisamos verificar a distância entre elas, que, no caso, é de
58 dias corridos.
Como já calculamos o VNA para o primeiro cupom, seguimos para a
próxima etapa, encontrando o novo p.u. de mercado projetado para o
primeiro cupom (lembramos que a cotação já foi calculada anteriormente):
Para o cálculo do valor de custódia, seguimos com a fórmula:
Imposto de Renda
Para o primeiro cupom:
Novamente, o número de dias corridos até o primeiro cupom é 58. E
como o prazo da aplicação é menor que 180 dias, a alíquota do IR é de
22,50%. Veja:
Para o segundo cupom:
Ressaltamos que essa fórmula vale para até o penúltimo cupom. No
entanto, a alíquota muda seguindo o prazo. Nesse caso, como temos 242 dias
corridos, a alíquota correta é de 20%. Aplicando a fórmula:
= (valor do cupom bruto) × (alíquota do IR)
= (69,52) × (20%)
= R$ 13,90
Para o último fluxo:
Primeiro, verificamos o resultado da simulação no último fluxo, por meio
da calculadora. Veja:
Tabela 7.3
Data de
pagamento
Tipo de
fluxo
15/05/35
Vencimento
Dias úteis
entre
compra e
fluxo
5.566
Dias
corridos
entre
compra e
fluxo
Valor do
fluxo
Alíquota do
IR sobre
cupom
Valor
8.093
8.208,28
15,00%
retido pelo
IR sobre o
cupom
Valor
retido pela
custódia
sobre o
cupom
Valor
retido pela
taxa de
adm. sobre
791,96
12,20
12,20
o cupom
Valor
líquido do
cupom
7.391,92
Fonte: Elaborada pelos autores.
Para calcular o último VNA na data do resgate, aplica-se a fórmula:
De posse do VNA, aplica-se a fórmula para achar o cupom:
Como o IR só incide sobre os rendimentos, deve-se somar o cupom ao
VNA da data de resgate para encontrar o fluxo final a ser recebido. Desse
valor, deve-se descontar o valor já pago pelo investidor (valor investido
líquido) para achar a base tributável do IR.
IR = [(valor do cupom bruto + VNA nesta data) – (valor investido líquido)] × (alíquota
do IR)
O VNA projetado nessa data (15/05/2035) vale 7.972,59, este valor
pode ser encontrado facilmente pela calculadora ou pelos cálculos à mão, por
meio da fórmula indicada no começo do livro. Já a alíquota do IR vale 15%,
pois o prazo da aplicação passou de 720 dias.
IR = [(235,69 + 7.972,59) – (2.928,53)] × (15%)
IR = 791,96
Encontrando os valores líquidos de cada cupom (cupom bruto menos as
taxas e o IR), o investidor consegue, então, estimar qual seu fluxo de caixa
líquido total da aplicação – quanto ele irá receber efetivamente em cada
data.
Rentabilidade bruta e líquida
Esta parte do capítulo abordará a rentabilidade de um título NTN-B. No caso,
haverá duas subpartes: a rentabilidade bruta e a líquida.
O cálculo da rentabilidade é uma das ferramentas essenciais para a
tomada de decisão do investidor. Por meio de uma única taxa, consegue-se
identificar, na maioria dos casos, qual o melhor investimento. Veja, a seguir,
como são feitos os cálculos.
Rentabilidade bruta
A rentabilidade bruta representa a taxa bruta de retorno do investimento.
Em outras palavras, é o total que o investidor ganhará sem descontar taxas e
impostos que incidem sobre os recebimentos.
No caso da NTN-B, que possui mais de um fluxo de pagamento (cupons
semestrais), a metodologia de cálculo da rentabilidade é um pouco diferente
em relação a títulos de fluxo único.
Como visto na NTN-F, o investidor recebe pagamentos intermediários
(cupons) em momentos distintos. Do ponto de vista financeiro, deve-se
considerar o valor do dinheiro no tempo.
A rentabilidade bruta é a taxa interna de retorno (TIR) do título de
NTN-B. A TIR pode ser facilmente calculada por uma planilha ou
simplesmente por meio de nossa calculadora, disponibilizada no
site www.editorasaraiva.com.br. Mas vamos explicar aqui a
metodologia no melhor estilo “papel, calculadora e caneta”.
Para encontrar a TIR, deve-se resolver a equação a seguir.
O valor investido líquido é o valor encontrado com a multiplicação do
preço de compra pela quantidade de títulos comprados. Em outras palavras, é
o valor desembolsado pelo investidor, sem considerar as taxas e os impostos.
Como na simulação supomos a compra de somente um título, o valor fica:
2.928,53 × (1) = 2.928,53
O valor de cada cupom bruto é encontrado facilmente em nossa
calculadora ou por meio de cálculos. Basta rever a seção de cálculos do
cupom, aqui neste mesmo capítulo. No caso, o valor do 1 o cupom bruto era
de R$ 67,56 e, do 2 o, R$ 69,52. Já o último fluxo era representado pela
soma do cupom (R$ 235,69) com o VNA (R$ 7.972,59), indicando o valor
de R$ 8.208,28.
Por fim, cada fluxo deve ser relacionado ao número de dias úteis (na
fórmula está expresso como “d.c. atual”), valor que pode ser encontrado
facilmente pela calculadora.
Veja como fica a fórmula:
Realizando os cálculos, encontra-se, então, o valor da TIR diária de
0,03852%. Para transformá-la em taxa anual, deve-se seguir com a fórmula:
Rentabilidade líquida
A rentabilidade líquida segue o mesmo esquema do cálculo da rentabilidade
bruta. A diferença é que agora serão considerados os valores líquidos, ou seja,
que efetivamente saíram e entraram no bolso do investidor.
O valor investido efetivo é o que o investidor realmente vai “tirar da
carteira” para adquirir o título. No caso, ele é composto da seguinte forma:
valor investido efetivo = (valor investido líquido) + (taxa de administração na
entrada)
A taxa de administração é o valor a ser pago para a corretora no ato da
compra do título. Esse valor é formado pela multiplicação da taxa contratada
(no caso, supomos de 0,3%) pelo valor investido líquido (2.928,63).
No exemplo em questão:
Os cupons líquidos representam também os valores que o investidor
efetivamente receberá. É o valor dos cupons brutos descontados pelas taxas e
pelo IR.
Os cupons líquidos podem ser facilmente encontrados pela calculadora
ou seguindo os passos que foram mostrados anteriormente.
Veja, então, como fica o cálculo da TIR para a rentabilidade líquida:
Realizando os cálculos, encontra-se o valor da TIR diária, que é de
0,03198%. Entretanto, para facilitar a interpretação desse valor, é
interessante transformá-lo em uma taxa anual. Veja como o cálculo é feito:
Venda antecipada
Para investidores, que por algum motivo, não desejam ficar até o vencimento
com um título de NTN-B, o Tesouro abre, todas as quartas-feiras, a
possibilidade da venda antecipada.
Sempre que quiser fazer uma venda antecipada, o investidor deve tomar
cuidado. Dependendo da taxa de juros no dia da venda, ele pode ser
surpreendido com uma queda no preço e, por conseguinte, na rentabilidade.
Caso precise entender melhor, basta ver o Apêndice 3.
Para compreender a metodologia de cálculo em relação à venda
antecipada, deve-se entender primeiro o funcionamento do IPCA e verificar
o valor nominal atualizado (VNA) na data de venda desejada. Caso esta não
ocorra no dia 15 (data de divulgação do IPCA), o investidor deverá usar o
IPCA estimado.
Para tanto, o VNA pode ser encontrado de duas formas:
1) Uma delas é bem simples. Basta acessar o site da Associação Brasileira
das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima)[36] e
inserir a data desejada. O site projeta o VNA para a data, conforme o
indicado a seguir:
Tabela 7.4
VNA
IPCA
2.284,601846
0,55
F
2.284,601846
0,55
F
Fonte: Anbima.
A Anbima é uma associação que, além de outras atividades, tem o intuito
de oferecer informações aos investidores para que possam tomar decisões
mais precisas.
2) É possível encontrar o VNA também pelo saudoso estilo “papel e
caneta”. Para isso, é necessário se habituar ao cálculo do IPCA
projetado.
Como o IPCA é um índice divulgado mensalmente (sempre no dia 15 de
cada mês), analistas o projetam no decorrer do ano e, assim, é possível
encontrar períodos que não coincidem com este dia.
Por exemplo, suponha que um investidor queira vender seu título no dia
08/05/2013. Como esta não é uma data de divulgação oficial do IPCA,
deve-se projetá-lo, para, então, estimar o VNA do título nessa data.
Supondo, então, a data de venda em 08/05/2013, o investidor deve ter
em mãos a sua previsão de IPCA ou utilizar alguma projeção de mercado.
Uma possibilidade interessante é a projeção feita pelos analistas que é
reportada em relatórios, como a do Focus[37].
Para realizar essas projeções, o Banco Central faz a pesquisa das previsões
de instituições privadas, resume e divulga.
De acordo com o último relatório em relação à data de compra do título, o
IPCA projetado pelos analistas era de 5,59% ao ano.
Com base nesses 5,59% a.a., o investidor deve transformar a projeção ao
dia para, assim, encontrar o VNA estimado para a data de venda, dia
08/05/2013.
Para encontrar o IPCA diário, basta usar a fórmula a seguir:
Ou seja, o IPCA diário vale aproximadamente 0,0149%. A partir desse
valor, consegue-se projetar o VNA para a data de venda (08/05/2013). Veja
o cálculo:
VNA projetado na data de venda = (último VNA) × (1 + IPCA diário)d.d.c.
O termo “d.d.c.” indica a diferença de dias corridos entre a data de
divulgação do último VNA, nesse caso, dia 15/04/2013 e a data de venda,
nesse caso, 08/05/2013.
A diferença entre 15/04 e 08/5 é de 23 dias corridos, e pode ser
encontrada no site www.editorasaraiva.com.br. Já a série de VNAs é
divulgada diretamente pelo Tesouro Direto[38]. Para entender os cálculos
utilizados, deve-se seguir com a fórmula:
VNA = (VNA anterior) × (IPCA do mês)
O “VNA anterior” é encontrado pelo site do Tesouro, como já indicado, já
o IPCA do mês, no site do IBGE [39].
No caso, o último VNA conhecido, é do dia 15 é de abril e vale R$
2.274,48. Segue, então, o cálculo do VNA projetado (ressaltamos que o
número 23 representa a diferença entre os dias corridos, conforme já
calculado):
Ou seja, o investidor, ao realizar a venda antecipada desse título, em
08/05/2013, deverá usar o VNA de R$ 2.282,29 para fazer os cálculos.
Para encontrar o preço de venda do título, basta multiplicar agora o VNA
pela cotação, conforme já abordamos neste capítulo.
A taxa de venda é encontrada no próprio site do Tesouro[40] às
quartas-feiras. Ressaltamos que a taxa utilizada neste exemplo é
referente a 08/05/2013. Já o número de dias úteis é facilmente
encontrado pela
calculadora,
disponibilizada
no site
www.editorasaraiva.com.br e contempla a diferença entre as datas
de compra (15/03/13) e de venda (08/05/13). Neste caso, a
cotação[41] é de 99,4488%.
Encontrada a cotação, é possível, então, determinar o preço. Veja:
O investidor, ao vender antecipadamente o título, adquirirá R$
2.812,70, amargando uma rentabilidade negativa, já que o comprou quando
o preço era de R$ 2.928,53.
Por essas e outras situações, é interessante o investidor entender as
metodologias de cálculo envolvidas nos títulos do Tesouro Direto.
Cálculo alternativo da NTN-B
Como explicamos nos demais títulos, o investidor pode estipular uma
rentabilidade de interesse e, partir dessa taxa, identificar qual o preço
máximo deve ser pago pelo título.
Para isso, vamos supor a compra de uma NTN-B 150820, ou seja, um
título de NTN-B com vencimento em 15/08/2020.
Supomos que o título foi comprado em 27/05/2013 por R$ 2.594,64 e
possuía uma taxa de compra de 4,09% anual. Vale lembrar que a NTN-B é
um título indexado à inflação. Neste caso, o investidor receberá os 4,09%,
além da variação do IPCA no período.
Para facilitar o entendimento desse tema, vamos dividi-lo em dois
cenários.
No primeiro, supomos que não haja inflação (ou seja, IPCA = 0%)
durante o período da aplicação. Já no segundo, que há uma inflação
constante de 5% ao ano.
Cenário A: IPCA = 0%
Rentabilidade bruta
Pressuma que o investidor queira uma rentabilidade bruta de 12% ao
ano sobre o título NTN-B. Diante disso, qual deveria ser o preço do título para
que ele tenha a rentabilidade desejada?
Para iniciar esses cálculos, deve-se primeiro encontrar a rentabilidade
bruta por dia útil da aplicação. Para isso, basta utilizar a fórmula:
A “taxa anual” representa a rentabilidade bruta de interesse. Já o
“1/252” é o conversor que transformará a taxa anual em uma ao dia útil,
pois, em 1 ano, há 252 dias úteis.
Logo, a cada dia útil, o investidor deseja uma valorização de
aproximadamente 0,045% no título. Em finanças, essa taxa é chamada TIR.
Como a NTN-B é um título pós-fixado que oferece ao investidor o
pagamento de cupons semestrais, devemos encontrar o valor na data de
compra, conhecido também como valor presente do título. Para entender
esta questão, basta ler o Apêndice 1. Com isso, o investidor deve realizar a
seguinte fórmula:
O “i” indica a taxa desejada que, conforme já calculamos, representa o
valor de 0,04498% ao dia útil. O termo “n.d.u.” é o número de dias úteis
entre a data de compra e seu respectivo cupom bruto.
Por exemplo, de acordo com a calculadora, até o 1 o cupom bruto, foram
56 dias úteis. Até o 2 o cupom, 185 dias úteis.
Não esqueça que, para calcular o valor de cada cupom bruto é necessário
identificar o VNA na data de compra, que, neste caso, é dia 27/05/2013.
Como a data de compra não é dia 15, conforme explicamos
anteriormente, o VNA precisa ser estimado. Uma das formas mais simples é
pelo site da Anbima[42].
De acordo com a Anbima, no dia 27/05/2013, data de compra do título,
o VNA era de R$ 2.290,15. Ele é atualizado diariamente com a variação do
IPCA. No entanto, como no cenário A o IPCA é 0%, o valor do VNA, que é de
R$ 2.290,15, se manterá o mesmo durante toda a aplicação.
Com o VNA em mãos, fica fácil encontrar o valor dos cupons brutos. Como
a NTN-B possui taxa de juros de 6% ao ano e os cupons são pagos
semestralmente, devemos converter essa taxa anual em uma semestral. Veja:
De posse da taxa semestral, basta seguir com os cálculos do cupom bruto:
Ou seja, supondo que não haja inflação no período da aplicação, cada
cupom bruto semestral será de R$ 67,72.
Agora, para o cupom bruto final, basta aplicar a fórmula:
De posse dos dados necessários, retomamos à fórmula do cálculo do valor
presente.
Ou seja, caso o investidor queira uma rentabilidade bruta de 12% ao ano,
o preço máximo que se deve pagar no título é de R$ 1.699,30.
Rentabilidade líquida
Agora, supondo ainda o cenário com inflação a 0%, entenda como
realizar os cálculos caso o investidor queira uma rentabilidade líquida de
12% ao ano.
Novamente, é necessário transformar a taxa anual em uma taxa por dias
úteis. Sabemos que 12% ao ano equivalem a uma taxa de 0,04498% ao dia
útil.
De posse da taxa, para encontrar o preço máximo deixando o título com a
rentabilidade desejada, basta seguir com a fórmula:
Agora é necessário encontrar o valor de cada cupom líquido, descontando
do cupom bruto as taxas de administração e custódia, além do IR.
Os cálculos necessários para se encontrar os cupons líquidos já foram
demonstrados neste capítulo, na parte em que ensinamos a calcular no modo
“papel e caneta”.
Pela nossa calculadora, o investidor encontra os valores facilmente,
bastando inserir os dados solicitados, e ela definirá o valor de cada cupom
líquido.
o
De acordo com a calculadora, o valor do 1 cupom líquido é de R$ 59,55;
o
o 2 o, R$ 50,24; o 3 , R$ 49,26 e o último, R$ 2.382,02.
Com os dados em mãos, insira-os na fórmula:
Realizando os cálculos, encontramos:
preço inicial = 1.533,25
Entretanto, como falamos de rentabilidade líquida, devemos ainda
considerar o custo que o investidor teve ao adquirir o título: a taxa de
administração na entrada.
Para isso, é necessário descontar ainda essa taxa. preço inicial
Supondo uma taxa de administração de 0,3%:
Ou seja, caso o investidor adquiria um título desse por R$ 1.528,66, ele
garantirá hipoteticamente uma rentabilidade líquida de 12% ao ano. Se
pagar mais que esses R$ 1.528,66, irá se deparar com uma rentabilidade
menor.
Cenário B: IPCA = 5%
Agora, supondo um cenário em que haja uma inflação constante de 5%
ao ano, seguimos com os cálculos.
Rentabilidade bruta
Novamente, imagine que o investidor queira uma rentabilidade bruta
anual de 12% acima da inflação, que, neste caso, é de 5%.
Para encontrar a taxa requerida, segue a fórmula:
Ou seja, o investidor requer uma taxa ao dia útil.
Para encontrar o preço, o cálculo é basicamente o mesmo:
Os cupons brutos, porém, não serão uniformes. Como o VNA será
atualizado diariamente, dessa vez (IPCA de 5% ao ano), cada cupom bruto
seguirá essa evolução do VNA.
Pela nossa calculadora, o investidor tem acesso a cada um desses valores,
o que facilita os cálculos. Segundo ela, o 1 o cupom bruto, para uma inflação
anual de 5%, é de R$ 68,40, o 2 o de R$ 70,11 e o cupom final bruto de R$
3.352,95.
De posse dos dados, basta seguir com os cálculos:
Sendo assim, pagando R$ 1.700,31 e assumindo que o IPCA se
mantenha 5% ao ano durante toda aplicação do título, o investidor garante
uma rentabilidade bruta de 12% ao ano acima da variação do IPCA, que,
neste caso, é de 5%.
Rentabilidade líquida
E, para finalizar, supomos, agora, que o investidor almeje uma
rentabilidade líquida de 12% ao ano, que como já visto, equivalem a
0,06435% ao dia útil.
E, novamente, a fórmula do preço quando tratamos da rentabilidade
líquida:
Já que abordamos um cenário com uma inflação de 5% ao ano, há
variação no VNA, portanto, com o passar dos dias úteis, há consequente
alteração no valor dos cupons líquidos.
Por meio de nossa calculadora, o investidor encontra facilmente os
valores de cada cupom líquido, já atualizados pelo VNA. Segundo ela, o 1 o
cupom líquido equivale a R$ 60,16. O 2 o, a R$ 52,02, e o último, R$
3.224,49.
Assim, é possível dar sequência aos cálculos:
Efetuando o cálculo completo, encontra-se, então, o seguinte preço
inicial:
preço inicial = 1.498,79
E, como último detalhe, devemos descontar a taxa de administração do
preço inicial encontrado.
Supondo a mesma taxa de administração do primeiro cenário, ou seja, de
0,3%: 1.498,79
Desta forma, para que o investidor garanta hipoteticamente uma
rentabilidade líquida de 12% ao ano, dois fatos devem ocorrer:
1) O IPCA deve-se manter inalterado em 5% ao ano durante todo o
tempo da aplicação: entre a data de compra e a de vencimento.
2) O preço do título deve ser de R$ 1.494,31.
Resumo
Como a NTN-B Principal, a NTN-B é um título pós-fixado e também indexado
ao IPCA. Desta forma, permite ao investidor obter uma rentabilidade
sempre acima da inflação, já que o pagamento do título é composto por
uma taxa prefixada (determinada no momento da compra) com a variação
do IPCA.
Por esses motivos, a chance de se acertar com exatidão a rentabilidade
nominal a receber de um título pós-fixado é bem difícil, no entanto, o
investidor, no caso da NTN-B e NTN-B Principal, consegue prever a
rentabilidade real, ou seja, acima da inflação.
Quando comparada a NTN-B Principal, a NTN-B oferece a possibilidade
de remuneração de cupons semestrais, dando mais possibilidades ao
investidor. Sendo assim, o comprador do título pode tanto realizar o
investimento novamente nos cupons na aquisição do próprio título – ou de
outro – ou até mesmo resgatar essa quantia semestral e realizar outro tipo
de investimento.
Capítulo 8
TÓPICOS EXTRAS: ESTRUTURA A TERMO DA TAXA DE JUROS (ETTJ) E ÍNDICE DE
MERCADO ANBIMA (IMA)
a termo da taxa de juros (ETTJ) é geralmente utilizada para
A estrutura
analisar como as taxas de juros dos títulos de renda fixa variam com
diferentes prazos (a LTN, neste caso). No presente capítulo, trataremos do
caso mais comum, a ETTJ à vista. Pode-se dizer que será analisado o que o
investidor ganhará, em termos de taxa de juros ao ano, de hoje até
diferentes vencimentos.
A Estrutura a Termo da Taxa de Juros (ETTJ)
A estrutura a termo, ou curva de juros, nada mais é do que a representação
gráfica das taxas de juros em função do tempo. Grande parte dos emissores
de títulos, como o governo federal no caso do Tesouro Direto, possui taxas
que variam de acordo com o prazo de investimento.
A montagem da ETTJ é feita inserindo no eixo x (horizontal) as
maturidades dos títulos (data compreendida entre a compra e a venda) e no
eixo y (vertical) a taxa de juros ao ano correspondente.
Para ilustrar, veja a seguir o Gráfico 8.1 da ETTJ à vista da LTN:
Gráfico 8.1
Fonte: Elaborado pelos autores.
As taxas utilizadas para a montagem do gráfico acima foram retiradas do
histórico que está disponível no site do Tesouro[43].
Vemos que, em janeiro de 2013, há um título de LTN com vencimento
em janeiro de 2013, que possui taxa de compra de 7,14% ao ano. Logo, o
investidor que comprar em 01/11/12 receberá uma taxa equivalente a
7,14% até o vencimento (01/01/13).
Já em janeiro de 2014 (ou seja, vencimento em 01/2014), há um título
de LTN que possui taxa de compra de 7,38% ao ano. Dessa forma,
comprando em 01/11/12, tem-se uma taxa de 7,38% até o vencimento do
título (01/01/14).
O ponto de jan/2015 representa um título de LTN com vencimento em
janeiro de 2015 e possui taxa de compra de 7,87% ao ano, ou seja, o
investidor que comprar em 01/11/12 receberá uma taxa equivalente a
7,87% até o vencimento (01/01/15).
Por fim, verificamos que o ponto jan/2016 representa um título de LTN
com vencimento em janeiro de 2016 e possui taxa de compra de 8,27% ao
ano, ou seja, o investidor que comprar em 01/11/12 receberá uma taxa
equivalente a 8,27% até o vencimento (01/01/16).
O fato de a curva ser crescente pode ser explicado de duas formas:
expectativa de alta da taxa de juros da economia brasileira para o futuro e
máximo retorno para compensar o risco decorrente do prazo maior.
Uma curva constante (“flat” no jargão de mercado) significaria a
manutenção da taxa, ao passo que uma curva decrescente indicaria uma
queda de taxa nos anos futuros.
É interessante notar que não apenas as taxas do governo variam de
acordo com o tempo. Nos bancos, é possível perceber diferentes taxas para
distintos prazos tanto em investimentos como em empréstimos.
E as rentabilidades? Qual o efeito desse acréscimo das taxas sobre
o rendimento de cada um desses quatro títulos? Para isso, basta
utilizar a calculadora da LTN que disponibilizamos no site
www.editorasaraiva.com.br. Inserindo os dados de cada um dos
títulos na calculadora, o investidor poderá encontrar a rentabilidade
bruta e a líquida de cada um deles. Ressaltamos que se supôs nos
cálculos que o banco ou a corretora não cobram taxa de
administração.
A partir dos valores encontrados, pode-se montar um gráfico para analisar
da melhor forma o que ocorre, conforme o Gráfico 8.2 das rentabilidades
bruta e líquida de cada um dos quatro títulos:
Gráfico 8.2
Fonte: Elaborado pelos autores.
Para o título com vencimento em 2013, a rentabilidade bruta foi de
6,45% e a líquida, 4,49%, lembrando que todas as taxas são anuais para
efeitos de comparação. A rentabilidade líquida é menor que a bruta porque é
deduzido do valor líquido as taxas e impostos.
Seguimos então com as análises:
O ponto jan/13 e 6,45% representa um título de LTN com vencimento
em janeiro de 2013 e possui rentabilidade bruta de 6,45% ao ano, ou seja, o
investidor que comprar dia 01/11/12 e permanecer até o vencimento do
título (01/01/13) receberá uma rentabilidade bruta de 6,45%. Em relação
à rentabilidade líquida, verificamos que, caso o investidor permaneça com o
título até seu vencimento (01/01/13), receberá uma rentabilidade líquida
de 4,49%, Enquanto, para o título com vencimento em 2016, a
rentabilidade bruta foi de 8,24% e a líquida de 6,78% (verificamos no
gráfico pelos pontos jan/16 e 8,24%; jan/16 e 6,78%).
É interessante notar, portanto, que, quanto maior for o prazo do título,
mais rentável ele será em razão dos efeitos de tributos e taxas combinados
com a forma crescente da curva.
Resumo ETTJ
A Estrutura a Termo da Taxa de Juros é importante para realizar previsões
acerca da taxa de juros em determinado período futuro.
Em finanças, um dos conceitos mais utilizados é o de risco-retorno. Isto é,
para um risco maior, o investidor aguarda um retorno esperado maior.
Desta forma, a ETTJ também pretende apreçar o risco do investimento, já
que, quando o credor (no caso o investidor em títulos públicos) empresta o
dinheiro por um tempo mais longo (para o governo), o comprador do título
espera uma rentabilidade maior.
Nesse quesito, entra o papel principal da ETTJ, no qual o investidor
analisa a relação prazo e taxa para verificar qual o ponto melhor para ele.
Para isso, a curva a termo predita as taxas futuras de juros.
O Índice de Mercado Anbima (IMA)
Há diversas formas de verificar se seu investimento está caminhando bem ou
não. Alguns investidores comparam o rendimento de seus títulos com a
variação da inflação no período, enquanto outros o fazem com o DI [44], por
exemplo.
Entretanto, essas diferentes formas de comparações são pessoais e, muitas
vezes, não apontam a realidade sobre o rendimento de seus investimentos.
Desta forma, e pensando exclusivamente nos títulos públicos, a Associação
Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em
convênio com a Secretaria do Tesouro Nacional, desenvolveu o IMA.
O Índice de Mercado Anbima ou IMA, como o próprio nome diz, é um
índice capaz de fornecer uma ferramenta extra aos investidores para que
possam avaliar o rendimento de seus investimentos em títulos públicos.
Conforme a Figura 8.1, o IMA é composto por uma média ponderada dos
retornos diários de cada um de seus quatro subíndices, que serão explicados
a seguir:
Figura 8.1
Fonte: Estrutura da Anbima. Elaborada pelos autores.
IMA-Geral
Esse índice contempla todos os subíndices (IMA-S, IRM-F, IMA-C e IMA-B).
Para tanto, é feita uma ponderação de cada um conforme o peso relativo dos
títulos na dívida do governo.
IMA-Geral Ex C
O IMA-Geral Ex C é um índice composto pela ponderação de todos os
subíndices com exceção do IMA-C (formado pelas NTN-Cs). O intuito do
IMA-Geral Ex C é de apresentar aos investidores dados sobre as variações
apenas de títulos que são atualmente negociados pelo Tesouro Direto. Como
a NTN-C é o único título que não é mais negociado em mercado primário,
houve então a ideia de se estabelecer tal índice.
IMA-B
Esse subíndice representa a variação de preços das NTN-Bs, dos títulos do
Tesouro Direto que são indexados à inflação (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo – IPCA).
Com a intenção de atingir perfis distintos de investidores, o IMA-B possui
ainda duas categorias, classificadas de acordo com a maturidade dos títulos:
o IMA-B 5+ e o IMA-B 5. Ou seja, todas NTN-Bs que possuem prazo de
vencimento inferior a 5 anos estarão dentro da classificação IMA-B 5. Já as
NTN-Bs com prazo maior que este fazem parte do IMA-B +5. Desse modo, o
IMA-B é a ponderação dessas duas categorias, incluindo, assim, todas NTNBs no mercado.
IMA-C
O IMA-C é composto pela variação nos preços da NTN-C. Além disso, o IMA-C
também possui duas categorias: IMA-C 5+ e IMA-C 5. Assim, NTN-Cs que
possuem prazo de vencimento inferior a 5 anos são incluídas na constituição
do IMA-C 5, enquanto as demais fazem parte do IMA-C 5+.
IRF-M
Os títulos prefixados (LTN e NTN-F) são os componentes do IRF-M. Como
eles não estão atrelados a indexador algum, são mais sujeitos às variações
externas, como a expectativa futura de juros e inflação. Assim, uma
característica do IRF-M é a de registrar um prazo menor que o dos outros
índices. Desta forma, suas duas categorias são: IRF-M +1 e IRF-M 1. Títulos
prefixados com prazo de vencimento de até 1 ano compõem o IRF-M 1. Já os
com prazo superior a 1 ano, o IRF-M +1.
IMA-S
Esse índice é composto pelo LFT, título que paga ao investidor a taxa Selic
mais ágio ou deságio, dependendo das condições de oferta e de demanda
pelo título no mercado. Sendo assim, pode-se dizer que, em condições
normais da economia, o IMA-S é o índice menos volátil às premissas do
mercado, já que é composto quase que inteiramente pela taxa básica de juros.
Além do mais, diferentemente dos índices apresentados anteriormente, o
IMA-S não possui categorias conforme a maturidade da LFT.
Cálculo
Os índices são calculados com base na quantidade de títulos disponíveis no
mercado secundário e em seus respectivos preços. Ressaltamos que, por
mercado secundário, entendem-se as negociações feitas pelos títulos após
terem sido adquiridos pela primeira vez.
Títulos que fazem parte do cálculo do IMA
Para a realização dos cálculos dos índices, a Anbima estabeleceu alguns
critérios. Os tópicos abaixo apresentam características de títulos que não
fazem parte do cálculo:
Títulos que estão a menos de 1 mês da sua data de vencimento.
Títulos negociados diretamente pelo Tesouro Direto.
Títulos que possuem novos vencimentos e foram colocados nos últimos
2 dias após realizações do balanceamento dos índices.
Títulos com uma única colocação por meio de oferta pública.
Comparando índices
Para entender melhor, o Gráfico 8.3 traz um comparativo entre alguns
indicadores, além, é claro, do IMA.
Gráfico 8.3
Fonte: Elaborado pelos autores.
Assim, foram estipulados uma data-base – no caso, 01/04/2010 – e um
valor-base para cada um dos quatro indicadores, no caso, 1.000. Partindo,
então, desse número, fez-se uma análise do desempenho de cada um deles
com o decorrer do tempo.
Resumo ETTJ
Como observado, o Ibovespa é o índice mais volátil, comportando-se de
forma instável. Já o CDI, a Selic e o IMA-S caminham praticamente juntos
dentro do período estudado. Tal fato acontece porque o IMA-S representa o
índice composto por LFTs (título indexado à taxa Selic). Além disso, pelo
fato de a Selic utilizar como base a variação do CDI em sua composição,
estes três indicadores (CDI, Selic e IMA-S) possuem evolução parecidas.
Por fim, o IMA-Geral, que é um indicador composto pelo conjunto de
todos os títulos públicos, segue no topo do gráfico por todo o período, já
que, em sua composição, há indexadores como IPCA, IGP-M e Selic.
Capítulo 9
ENCERRAMENTO
em títulos públicos são um dos melhores a se fazer. Ao
I nvestimentos
mesmo tempo em que nós, autores, queremos disseminar a cultura da
educação financeira no país, nasce a vontade de escrever essa obra.
Sendo assim, oferecemos aos (futuros) investidores um guia passo a passo
de como iniciar sua jornada ao programa de compras do Tesouro Direto, além
dos mecanismos e cálculos para cada um dos títulos, como também dicas em
relação à matemática financeira, que foram dadas ao final do livro.
Em relação às opções do programa Tesouro Direto, iniciamos com as
Letras do Tesouro Nacional (LTNs), que são títulos prefixados e com fluxo
único de pagamento (não possuem cupons). Depois, vimos as Letras
Financeiras do Tesouro (LFTs), que são títulos pós-fixados e indexados à taxa
Selic (taxa básica da economia brasileira), e as Notas do Tesouro Nacional,
série F (NTN-Fs), títulos prefixados, mas com pagamentos semestrais de
cupons de juros. Em seguida, detalhamos também as Notas do Tesouro
Nacional, série B Principal (NTN-Bs Principais), pós-fixadas e indexadas ao
IPCA (índice de inflação). Por fim, as Notas do Tesouro Nacional, série B
(NTN-Bs), que são também títulos pós-fixados ao IPCA, mas que possuem
pagamento de cupons semestrais.
Para cada um deles – sendo os títulos sem e com pagamentos de cupons –
tratamos dos cálculos e metodologias, já que uns demandam contas mais
complexas (a exemplo das NTN-Fs e NTN-Bs), com uso da sistematização de
valor presente e da taxa interna de retorno. Para tanto, detalhamos, da
melhor maneira possível, tornando a leitura agradável para os mais diversos
públicos.
Falamos das taxas de administração, corretagem e do Imposto de Renda
(IR).
Abordamos ainda pontos mais específicos de cada título, a exemplo do
ágio e deságio, do valor nominal atualizado (VNA), rentabilidades (tanto
bruta como líquida) etc.
Para os títulos pós-fixados e indexados ao IPCA, fizemos dois cenários: um
projetando valores e supondo taxa de inflação de 0% ao ano e outro
mostrando exemplo de investimento com inflação acima de zero.
A ideia era entender como a queda da taxa de juros impacta o preço dos
títulos prefixados e pós.
Por fim, para cada um dos títulos, apresentamos exemplos de aplicações
com dados que os investidores irão encontrar ao realizar suas próprias
aquisições.
Esperamos que este livro ajude a esclarecer e desmistificar metodologias e
cálculos não só dos títulos públicos, mas da própria matemática dos números.
Torcemos para que o leitor saiba identificar sozinho a melhor forma de
investimento, seja ela o Tesouro Direto ou não.
Apêndices
Apêndice 1
ENTENDA A MATEMÁTICA POR TRÁS DOS TÍTULOS DO TESOURO
melhor entendimento de grande parte dos investimentos – a qual se
P ara
inclui os títulos do Tesouro Direto – é necessário conhecer e entender
alguns termos, são eles: valor presente líquido e taxa interna de retorno.
Valor presente líquido (VPL)
O valor presente líquido, ou simplesmente VPL, representa, na matemática
financeira, o valor presente de pagamentos futuros, descontados
determinada taxa de juros e o investimento inicial. De forma geral, o VPL
indica o resultado do investimento, mensurado em termos financeiros.
Ao se tratar de um investimento, quando o VPL for positivo, significa que
é economicamente viável e aumenta o ativo do investidor. Se for igual a zero,
é economicamente viável, mas o ativo do investidor não mudará. Já se for
negativo, não é economicamente viável e o investidor terá perdas em seu
ativo.
Para facilitar o entendimento, será utilizado um título do Tesouro como
exemplo, supondo o seguinte fluxo de caixa de uma NTN-F (Notas do
Tesouro Nacional):
O preço de compra (saída de caixa) do título é, então, de R$ 750,00. Já
os cupons (entradas de caixa) são de R$ 48,00. O último cupom representa a
soma dos R$ 48,00 ao valor nominal do título (R$ 1.000,00), ou seja, R$
1.048,00. Ressaltamos que o valor nominal semestral verdadeiro vale R$
48,81. Já que se trata de um cálculo demonstrativo, esse valor foi
considerado como R$ 48,00.
Além desses dados, será utilizada como exemplo uma taxa mínima de
atratividade (TMA) de 5%.
A TMA representa a taxa de juros de um investimento. Ela diverge em
dois casos:
Representa a taxa mínima que um investidor se propõe a ganhar
quando faz um investimento.
Indica a taxa máxima que o tomador de dinheiro se propõe a pagar.
O investidor chega nessa taxa de acordo com o risco do investimento.
Quanto maior o risco, maior será a taxa exigida por ele. Sendo assim, antes de
proceder com os cálculos, veja a definição de algumas siglas:
“PV” representa o valor presente das entradas de caixa;
“CF0” equivale ao investimento inicial ou a saída de caixa;
“CFj” significa o fluxo de caixa no momento;
“i” indica a TMA.
O VPL pode ser encontrado subtraindo-se o “CF0” de “PV”, ou seja, VPL
= PV – CF0.
Primeiro, calcula-se o valor presente das entradas de caixa:
Já que PV > Cf0, o investimento é aceitável. Ao comprar uma unidade
de tal título de NTN-F quando a taxa mínima de atratividade é de 5%, há
um ganho de R$ 244,55. Para realizar os cálculos utilizando a calculadora
HP12C, basta seguir a sequência (lembrando que, como 750 representa
saída de caixa, este valor deve ser negativo):
Supondo agora um título do Tesouro que possui fluxo de caixa único: não
há cupons. Veja um exemplo de fluxo de caixa de uma LFT (Letras
Financeiras do Tesouro):
Seguindo novamente com os cálculos:
Já realizando os cálculos na HP12C:
Agora, caso fosse PV < CF0, tanto para a NTN-F como para a LFT, a
compra do título não seria viável, ou seja, o investidor teria perdas quando
adquirisse tal título.
O leitor pode realizar suas próprias simulações utilizando o
esquema “papel e caneta” e seguir com os cálculos apresentados
ou simplesmente utilizar nossa planilha. Basta fazer o download da
calculadora disponibilizada no site www.editorasaraiva.com.br.
Taxa interna de retorno (TIR)
A taxa interna de retorno (TIR) faz a soma dos valores presentes (entradas
de caixa) dos cupons ser igual ao preço do título (saída de caixa). Na prática,
vale dizer que quando a taxa mínima de atratividade (TMA) for igual a TIR,
o VPL é zero. Para melhor entendimento, será utilizado novamente o
exemplo de fluxo de caixa de uma NTN-F:
Ou seja, anteriormente, para calcular o VPL, era necessário encontrar o
valor de “PV”. Foi utilizada, então, a seguinte fórmula matemática:
Agora, de acordo com a definição de TIR, todos os fluxos devem ser
igualados a zero. Segue o cálculo a ser utilizado:
Retomando a fórmula VPL = PV – CF0, já que, para encontrar a TIR, o
VPL deve ser zero, a fórmula fica desta forma:
A saída de caixa passa a ser igual à soma das entradas de caixa trazidas
pela taxa i:
O valor de “i” é 15,92%.
Essa conta pode ser feita facilmente pela calculadora HP 12C, utilizandose os seguintes comandos:
Ou pode ser também encontrada por meio do Excel. Utilize nossa
planilha, caso queira entender da melhor forma o procedimento ou fazer
mais algumas simulações.
Assim, a TIR nada mais é do que o valor da taxa que faz a soma de todos
os fluxos igualar-se a zero. Encontrado o valor da TIR, o VPL passa a valer
zero. A partir desse raciocínio, pode-se encontrar, por exemplo, a
rentabilidade bruta de alguns títulos do Tesouro.
Apêndice 2
O QUE NEM TODOS SABEM SOBRE AS NTN-Bs E NTN-Fs
ara entender o fundamento principal dos reinvestimentos, é necessário
P dominar
os mecanismos da taxa interna de retorno (TIR).
Antes de aplicar as contas aos cenários ilustrativos propostos em títulos
públicos, vale um entendimento geral do conceito de TIR.
A fórmula pode ser entendida como:
Em que “Preço” é o valor que o investidor desembolsa na data de compra
e “n”, o número de fluxos presentes.
Em caso de maiores dúvidas, reveja o Apêndice 1, que esclarece demais
dúvidas a respeito da TIR.
Seguindo, então, aos exemplos.
Cenário 1
Suponha aqui o caso de um desembolso de R$ 100, com dois semestrais e
consecutivos de R$ 10. O fluxo de caixa pode ser entendido como:
A ilustração pode ser traduzida da seguinte forma:
Fluxo 0: – R$ 100
Fluxo 1: + R$ 10
Fluxo 2: + R$ 110
Os valores positivos indicam as entradas de caixa. Já os negativos, as
saídas. Sendo assim, para descobrir a TIR desta operação, basta utilizar a
fórmula:
Caso isso aconteça, pode-se dizer que os R$ 10 obtidos no fluxo 1
aumentam (10%) até o fluxo 2, totalizando R$ 11. Somando os R$ 11 aos
R$ 110, o fluxo fica desta forma:
Fluxo 0: – R$ 100
Fluxo 1: R$ 0
Fluxo 2: + R$ 121
Abaixo, veja um breve cálculo da taxa total no período e no semestre.
Os 21% referem-se, portanto, à taxa do investimento do seu início até
seu vencimento/resgate. Já 10% representam somente a taxa em
determinado momento (neste caso, semestre) do investimento. Para que a
TIR se iguale à taxa do cenário A, é necessário que o cupom final seja 121.
Na matemática simples, o investidor precisará, então, ganhar R$ 1 a mais
para que a TIR fique igual à do cenário 1.
Cenário 2
Suponha agora que o detentor do título não reinvista o dinheiro – os R$ 10
recebidos no fluxo 1 ficarão parados até o 2. Em outras palavras, o cupom de
R$ 10 do fluxo 1 é reinvestido a 0% para o 2. Sendo assim, o fluxo pode ser
entendido como:
Fluxo 0: – R$ 100
Fluxo 1: R$ 0
Fluxo 2: + R$ 120
Repare que a taxa efetivamente obtida é 0,44 pontos percentuais menor
que a TIR, apesar de os valores serem os mesmos.
Cenário 3
Em alguns casos, como assistimos no Brasil nos últimos anos, as taxas de juros
da economia caem. Suponha, neste exemplo, que no dia em que o detentor
do título recebe o primeiro cupom (fluxo 1), as taxas vigentes estão no
patamar de 5% e não 10%, como na data inicial. Neste caso, o cupom de R$
10 do fluxo 1 é reinvestido a 5% para o 2, ou seja, os R$ 10 do fluxo 1 viram
R$ 10,5 no 2. Veja a ilustração:
Fluxo 0: – R$ 100
Fluxo 1: R$ 0
Fluxo 2: + R$ 120,50
A taxa efetiva ficou 0,23% abaixo da TIR. Esse fato é oriundo de uma
queda nas taxas de juros da economia. Isso pode acontecer com qualquer
investidor, já que ele não consegue prever a taxa vigente na data de
recebimento dos cupons futuros.
Caso queira entender melhor a formação de preço em relação a taxa de
juros, leia o Apêndice 3.
Cenário 4
Neste cenário, o investidor é surpreendido com um aumento das taxas
vigentes. Quando ele recebe o cupom, as taxas estão 5 pontos percentuais
acima da taxa contratada. Passaram de 10% para 15%. Neste caso, os R$ 10
do fluxo 1 se transformam em R$ 11,5 no 2.
Fluxo 0: –R$ 100
Fluxo 1: R$ 0
Fluxo 2: + R$ 121,50
Ao contrário do cenário anterior, a taxa efetiva realizada é superior à TIR.
Isso ocorreu pois o fluxo 1, em razão das condições de mercado, foi
reinvestido a uma taxa superior à contratada.
Nos títulos públicos
Para consolidar o explicado até agora, vale uma aplicação no caso do Tesouro
Direto. Perceba que, apesar de serem apresentados exemplos simples, a regra
e o conceito são exatamente os mesmos.
Em outras palavras, o reinvestimento é uma eventual variação na taxa de
juros, que afeta diretamente a taxa efetiva obtida quando comparada à TIR.
Vale dizer que a TIR é chamada de “taxa de compra” nos sites que
operam o Tesouro Direto.
Para simular exemplos mais próximos da realidade dos títulos públicos,
suponha que o investidor tenha adquirido um título de NTN-F pelo valor de
R$ 750,00. Até o vencimento deste, ele recebeu dois cupons intermediários
mais o cupom final. Veja a ilustração do fluxo de caixa da operação:
Os fluxos de caixa deste exemplo são marcados da seguinte forma:
Fluxo 0: – R$ 750
Fluxo 1: + R$ 48
Fluxo 2: + R$ 48
Fluxo 3: + R$ 1.048
Esses valores podem ser substituídos nesta equação para, então, encontrar
a TIR do investimento. Ressaltamos que, como já explicado no Apêndice 1,
deve-se igualar a equação a zero. Veja:
A TIR é, então, 15,92%. Para calcular na HP12C, basta rever o Apêndice
1. E se o investidor optar por não realizar o reinvestimento dos cupons da
NTN-F?
Caso ele opte por isso, se deparará com o seguinte fluxo:
Os fluxos de caixa deste exemplo são representados da seguinte forma:
Fluxo 0: – R$ 750
Fluxo 1: R$ 0
Fluxo 2: R$ 0
Fluxo 3: + R$ 1.144
taxa efetiva ao semestre = 15,11%
A taxa obtida é, então, 15,11%. Ou seja, ao deixar de fazer os
reinvestimentos, o investidor deixa de ganhar a taxa de 15,92%.
Em suma, para a TIR concretizar-se em taxa efetivamente obtida, o
investidor precisa necessariamente reinvestir todos os fluxos intermediários
no mesmo título. Muitos se esquecem de reinvestir, amargando, depois, taxas
bem menores que as contratadas ou anunciadas.
Ainda que opte pelo reinvestimento, o investidor fica sujeito às taxas de
mercado que nem sempre equivalem a TIR contratada. Caso essa taxa seja
menor que a TIR, ele ficará com um retorno menor que o contratado.
No entanto, se a taxa for maior que a TIR, ele pode realizar uma taxa
maior que a contratada. Em todo caso, a taxa vigente não depende da
decisão dele e está sujeita às condições macroeconômicas.
Apêndice 3
ENTENDA A RENTABILIDADE NEGATIVA DOS TÍTULOS DO TESOURO
os títulos do Tesouro são considerados uma das opções mais
U ltimamente,
seguras e rentáveis de investimento.
Como já visto, para que se garantam as taxas firmadas na hora da compra
de títulos, dois fatos devem ocorrer:
1) O investidor permanece com o título até seu vencimento.
2) O governo honra (não dá calote) no fluxo de caixa prometido.
Entretanto, alguns investidores resgatam, por algum motivo, o dinheiro
investido nos títulos, revendendo ao governo os títulos comprados. A venda
antecipada dos títulos do Tesouro requer um pouco de atenção, já que, se
desfazer dos títulos antes do termo final, pode resultar ao investidor uma
taxa distinta da firmada no ato da compra.
Para ilustrar a questão, veja o Gráfico A3.1 sobre o preço de uma LTN. A
o
data 03/01/2011 (1 dia útil) representa quando o título de LTN foi
comprado. Já a data 02/01/2012 (252 o dia útil) indica, para efeitos
ilustrativos, o vencimento do título.
Gráfico A3.1
Fonte: Elaborado pelos autores.
O começo da reta demonstra o preço de compra do título, e o final é o
valor nominal do título, que vale R$ 1.000,00. Note que esse gráfico exige
um cenário em que não houve alteração de expectativa de juros no período.
Para encontrar o preço de compra do título, a fórmula utilizada é a
seguinte:
Supondo que se deseja saber o preço do título, por exemplo, em
o
27/05/2011, ou seja, no 100 dia (152 dias antes do vencimento).
No 100 o dia útil, o preço do título é R$ 958,66. Ressaltamos que o valor
de 7,25% representa o da taxa Selic atual.
Suponha agora um segundo exemplo em que o investidor realize a venda
antecipada no mesmo dia do exemplo anterior, ainda em 27/05/2011.
Porém, considere que, justamente nesta data, o governo surpreenda o
mercado, sinalizando que terá dificuldade de honrar seus compromissos em
02/01/2012. Como ninguém esperava por tal fato, a taxa requerida pelos
investidores sobe subitamente, digamos para 30% e, por conseguinte, o preço
do título cai.
O Gráfico A3.2 mostra o reflexo deste aumento inesperado na taxa de
juros sobre o preço do título.
Gráfico A3.2
Fonte: Elaborado pelos autores.
A queda no preço (representada pelo recuo na linha do gráfico)
indica o momento de alta inesperada na taxa de juros. Neste
período, pela suposição, a taxa de juros passou de 7,25% para 30%
a.a., conforme a calculadora disponibilizada no site
www.editorasaraiva.com.br. Neste novo cenário, a fórmula utilizada é
a mesma:
Supondo que o investidor queria, então, realizar o resgate do título no
100 o dia útil e que, como dito anteriormente, a taxa nesta data seja de 30%
ao ano. O preço é encontrado desta forma:
No 100 o dia útil, o preço do título vale, então, R$ 853,64. Esse valor foi
representado no Gráfico A3.2 como o ponto mais baixo.
Com o aumento da taxa, o preço do título acaba caindo. Assim, se o
investidor optar em realizar o resgate de seu título neste momento da
economia, terá uma rentabilidade negativa, já que o preço de venda é menor
que o de compra. Agora, caso haja uma queda inesperada na taxa de juros, o
investidor se beneficiará, já que o preço do título subirá.
Para facilitar o entendimento, disponibilizamos uma calculadora no
site www.editorasaraiva.com.br, referente aos dados utilizados
aqui. O leitor poderá simular as taxas e verificar, na prática, o
reflexo no preço.
Bons investimentos!
REFERÊNCIAS
ANBIMA. Disponível em: <https://www.anbima.com.br/vna/index.asp>.
<https://www.anbima.com.br/est_termo/Curva_Zero.asp>.
<https://portal.anbima.com.br/informacoestecnicas/indices/ima/Pages/resultados-e-carteiras.aspx>.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/?
selic>.
BM&FBOVESPA. Disponível em: <https://www.bmfbovespa.com.br/ptbr/mercados/outros-titulos/tesouro-direto/tesouro-direto.aspx?idioma=ptbr>.
BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Principles of corporate finance. 11. ed.
New York: McGraw-Hill/Irwin, 2013.
BRIGHAM, E. F.; EHRHARDT, M. C. Financial management – theory and practice.
14. ed. South Western: Cengage Learning, 2013.
FOLHA
DE
S.
PAULO.
Todos
os
links
disponível
em:
<https://carodinheiro.blogfolha.uol.com.br/categorias/tesouro-direto/>.
POMPEO, J. N.; HAZZAN, S. Matemática financeira. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
1 Os números e informações utilizados na presente obra que fazem
referência à Anbima não traduzem qualquer forma de orientação ou
incentivo da Associação para investimento ou outra operação. Os dados
foram utilizados somente como mera referência de mercado.
2 A questão dos cupons será mais bem abordada adiante, quando formos
tratar das NTN-Fs e NTN-Bs.
3 Para verificar quais bancos e corretoras estão habilitados, veja:
<https://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/instituicoes_index.asp
Acesso em: 20 ago. 2014.
4 Tela de acesso ao sistema do Tesouro Direto. Disponível em:
<https://tesourodireto.bmfbovespa.com.br/>. Acesso em: 20 ago. 2014.
5 Disponível em: <https://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto>. Acesso
em: 20 ago. 2014.
6 A questão da venda
subsequentes.
antecipada
será
abordada
7 Disponível
nos
capítulos
em:
<https://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/consulta_titulos/consultatitulos.asp
Acesso em: 20 ago. 2014.
8 Disponível
em:
<https://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/download/ranking/ranking
taxas.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2014.
9 A taxa de negociação, que tinha o valor de 0,10%, era cobrada uma
única vez, sobre o preço total e no ato da compra. Apesar do alarde e das
propagandas, essa taxa de negociação sobre a compra de títulos do
Tesouro Direto representava um ganho muito pequeno. Em outras
palavras, a diferença do preço final, comparando-se uma simulação com
outra sem a incidência da taxa de negociação, acaba sendo, de acordo
com o montante, imperceptível.
10 Incluindo a taxa de negociação, a rentabilidade líquida de um título de
LTN é de 6,85% ao ano; sem esta inclusão, é de 6,88% ao ano, ou seja,
ganha um aumento de 0,03%. Com base na rentabilidade da simulação,
para cada R$ 10 mil reais aplicados, a diferença é de apenas R$ 3,00. Tal
quantia mal pagaria um cafezinho nas grandes capitais.
11 p.u. = preço unitário.
12 Disponível
em:
<https://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/consulta_titulos/consultatitulos.asp
Acesso em: 1 set. 2014.
13 O ágio ou deságio são decorrentes da oferta e da demanda por títulos e
do cenário macroeconômico do país.
14 Falamos em fluxo anterior já que, como o título foi adquirido em setembro
de 2012 e os juros são proporcionais às datas de pagamento dos cupons
da NTN-F, ou seja, julho ou janeiro, devemos realizar a contagem dos dias
a partir de julho.
15 Preço unitário.
16 Caso o investidor tenha comprado dois títulos de NTN-F, seria 1.000 × 2
= 2.000, e assim por diante.
17 É importante notar que este valor contempla o preço de compra mais o
valor da taxa de administração na entrada (1.033,55 + 5,17). Dessa
forma, consideramos esse fluxo como líquido, já que seria a quantia
efetiva a ser desembolsada pelo investidor ao comprar o título.
18 Disponível
em:
<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/carodinheiro/2014/02/1406683compare-fundo-com-titulo-publico-antes-de-optar.shtml>. Acesso em: 1
set. 2014.
19 A taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) é um índice
pelo qual as taxas de juros cobradas pelo mercado no Brasil se baseiam. É a
taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por
um dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas no Selic, na
forma de operações compromissadas (compra com convenção de revenda
e venda, de recompra).
20 Disponível em: <https://www.anbima.com.br/vna/vna.asp>. Acesso em:
5 set. 2014.
21 Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/?SELICDIARIOS>. Acesso em:
1 set. 2014.
22 Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/>. Acesso em: 1 set. 2014.
23 O Fator Selic acumulado entre duas datas pode ser encontrado pelo
Banco Central: <https://www.bcb.gov.br/?SELICACUMUL>. Acesso em:
1 set. 2014. Lembrando que o Fator Selic representa o fator diário
correspondente à taxa da n-ésima operação.
24 Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/?SELICDIARIOS>. Acesso em:
1 set. 2014.
25 Disponível
em:
<https://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/ipca15/defaultipca
Acesso em: 1 set. 2014.
26 Disponível em: <https://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/vna.asp>.
Acesso em: 1 set. 2014.
27 Lembrando que, como os dados foram retirados no dia de divulgação do
IPCA (15 de novembro), nesse caso específico, o VNA é conhecido, não
havendo necessidade de se trabalhar com o IPCA projetado.
em:
<https://portal.anbima.com.br/informacoes28 Disponível
tecnicas/precos/vna/Pages/default.aspx>. Acesso em: 1 set. 2014.
29 O conceito de TIR está mais bem abordado no Apêndice 1, ao final do
livro.
30 Como esse título é vinculado ao IPCA, o governo atualiza o preço a ser
pago ao investidor, por meio do Valor Nominal Atualizado (VNA). Caso
não se lembre, o Capítulo 5 explica passo a passo como o VNA funciona.
Recomendamos a leitura para que seja possível entender os próximos
conteúdos da NTN-B.
em:
31 Disponível
<https://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/vna.asp>. Acesso
em: 1 set. 2014.
32 Ressaltamos que, nesse valor, pode ser encontrado o VNA de posse da taxa
de compra. Nesse exemplo, o preço de compra representa 129,30% do
VNA ou R$ 2.928,53.
em:
33 Disponível
<https://www3.tesouro.fazenda.gov.br/divida_publica/downloads/estatistica/ValN
Acesso em: 1 set. 2014.
34 Neste caso, estamos procurando o valor da taxa de custódia para o
primeiro cupom.
35 Falamos em fluxo anterior já que, como o título foi adquirido em março
de 2013 e os juros são proporcionais às datas de pagamento dos cupons
da NTN-B, ou seja, maio ou novembro, devemos realizar a contagem dos
dias a partir de maio.
36 Disponível em: <https://www.anbima.com.br/vna/index.asp>. Acesso
em: 1 set. 2014.
37 Focus é uma publicação semanal on-line, sempre às sextas-feiras,
divulgada pelo Banco Central e existe desde janeiro de 2001. O relatório
contempla diversas projeções de indicadores econômicos, entre eles, o
IPCA. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/?FOCUSRELMERC>.
Acesso em: 1 set. 2014.
38 Disponível
em:
Acesso em: 1 set. 2014.
39 Disponível
em:
<https://www3.tesouro.fazenda.gov.br/divida_publica/downloads/estatistica/ValN
<https://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaults
Acesso em: 1 set. 2014.
em:
40 Disponível
<https://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/consulta_titulos/consultatitulos.asp
Acesso em: 1 set. 2014.
41 A cotação é um importante componente do cálculo, pois permite analisar
o efeito do ágio no preço e, consequentemente, na rentabilidade do
título.
42 Disponível
em:
<https://portal.anbima.com.br/informacoes-
tecnicas/precos/vna/Pages/default.aspx>. Acesso em: 1 set. 2014.
43 Disponível
em:
<https://www3.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/historico.asp>.
Acesso em: 1 set. 2014.
44 O DI é uma taxa publicada diariamente pela Central de Custódia e de
Liquidação Financeira de Títulos (CETIP), que representa a taxa de
Depósito Interbancário – títulos emitidos pelos bancos como forma de
captação e que possuem prazo de 1 dia útil.