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Mundos-aldeias: No futuro, somos presentes

2024, Jornal A Tarde

Artigo sobre os 21 dias de ativismo na eliminação e prevenção de violências de gênero

OPI N IÃO SALVADOR TERÇA-FEIRA 26/11/2024 DESTAQUES DO PORTAL A TARDE Violência nos estádios pode render até 8 anos de prisão Piovani resgata denúncia contra ex e acusa a Globo atarde.com.br/esportes atarde.com.br/entretenimento A3 www.atarde.com.br 71 3340-8991 (Cidadão Repórter) 71 99601-0020 (WhatsApp) Raphael Muller / Ag. A TARDE EDITORIAL O perigo de ser mulher Uma nova pesquisa, divulgada ontem, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, indica a importância de se continuar buscando meios de proteção das vítimas, pois chega a 85 mil o número de mortas intencionalmente no mundo em 2023; e o mais grave: seis entre cada grupo de 10 “feminicídios” foram de autoria de parceiro íntimo ou outro membro da família. Os números do estudo produzido pela ONU Mulheres – ente das Nações Unidas voltado para análise qualitativa das questões de gênero – revelam um índice equivalentea140mulheresassassinadastodos os dias, ou uma a cada dez minutos. Os países da África detêm as maiores taxas de crimes cometidos em ambiente doméstico entre todos os continentes. No Brasil, como já se tornou recorrente, pretas e pardas, coincidindo com a de- Seis entre cada grupo de 10 “feminicídios” foram de autoria de parceiro íntimo ou outro membro da família pendência financeira em relação aos algozes, constituem maioria dos 21% de ameaçadas de morte por parceiros atuais ou ex-amores, conforme dados coligidos em sociedade pelo Instituto Patrícia Galvão e pela empresa Consulting, ao avaliarem percepções e vivências a partir das sensações de medo, ameaça e risco. O levantamento, viabilizado com apoio do Ministério das Mulheres, graças a uma emenda da deputada federal Luiza Erundina,implicapensaroquantootemor,um dos sentimentos de maior capacidade de mobilização, tem sido superado pela desconfiança das instituições policiais e judiciárias: das 44% em perigo iminente, 30% prestaram queixa e 17% pediram medida protetiva. A impunidade é outro fator altamente contributivo no sentido de sentirem-se as mulheres em contexto adverso, pois duas entre cada três entrevistadas não acreditam na aplicação da lei, embora o Brasil seja uma referência mundial, desde a elaboração da figura jurídica do “feminicídio”, implicando a autoria dos atentados por motivação erótica ou de algum tipo de relacionamento com homens violentos. A proporção cai para uma entre cada cinco, ao responderem sim à possibilidade da punição de cadeia para os meliantes. As charges publicadas neste espaço expressam as opiniões de seus autores TÚLIO CARAPIÁ Anisio Teixeira: o mestre dos mestres José Paes Landim Cronista, aposentado pelo Banco Central do Brasil e membro da Academia Santa-ritense de Letras [email protected] A Mundos-aldeias: no futuro, somos presentes Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismos da Universidade Federal da Bahia M arcas de histórias e de constante busca por direitos, justiça e bem viver. Os “mundos-aldeias” são junção de ideais, ações e elementos centrais para pessoas. Em ambientação macro e micro, o cotidiano urge como grito. As guerras de longe também são as mais próximas. Lutos e lutas. 21 dias de ativismo abrem eventos e reativam a urgência de projetar presente-futuro da vida comunitária. Do novembro – 20 (Consciência Negra) e 25 (Eliminação da Violência contra mulheres e meninas) – ao 10 de dezembro (Direitos Humanos), não extraímos somente números. Enfrentar múltiplas violências, fomentar análises que garantam informações e acessos, lembrar que princípios mínimos são deslocados e menosprezados com a mesma leveza do insustentável (ar- Fundado em 15/10/1912 Presidente: JOÃO DE MELLO LEITÃO mas, fraudes, discursos de ódio e de não reconhecimento). Meses de publicação de resultados e informes mundiais e nacionais que mapeiam e ampliam registros críticos: tráfico para exploração sexual, assédios, violências urbanas ou doméstico-familiares. Todas são violações de Direitos Humanos, obstáculos para liberdade e justiça social. Por isso, reforços urgentes: proteção, intervenção e incentivo. Os feminismos estão presentes e suas matizes escancaram situações limítrofes. Movimentos antirracistas também e na mesma medida. Multiplicam-se pesquisas, grita-se aos quatro cantos por vidas e alertas para prevenir e coibir. Crimes de ódio – físico, verbal e coletivo – deveriam ser classificados como parte do “sistema de morte” (Ochy Curiel, 2024). Em “Feminicídios em 2023: Estimativas globais” (ONU Mulheres) consta que a cada dez minutos uma mulher é assassinada por parceiro íntimo ou familiar. As violências têm impacto social e apontam consequências psicológicas, sociais e RELAÇÕES INSTITUCIONAIS: Luciano Neves CONTROLLER: Lucas Lago NÚCLEO DE IMPRESSOS Direção: Mariana Carneiro A TARDE e Massa!: Luiz Lasserre NÚCLEO DIGITAL Direção: Caroline Gois Portais e Redes Sociais: Rafael Sena COMERCIAL: Marluce Barbosa PROJETOS ESPECIAIS/NOVOS PRODUTOS: Tiago Décimo econômicas, tanto para vítimas quanto famílias e comunidade. A difusão de conhecimento não se restringe à educação formal, abrangendo sobremaneira comunicação social e mass media, saindo da “espetacularização” e banalização de violências para auxiliar no processo. Existem elementos que transformam silêncios e opacidades em conscientização. No campo artístico, ecoam vozes, corpos encarnados, performances criativas, contundentes críticas sociais. Isso pode ser observado nas atividades integradas ao Congresso UFBA (https://congresso2024.ufba.br/), mesclando artes, humanidades, interdisciplinaridade e o que faz a universidade em sua missão: abrir portas, interagir e propor “mundos viáveis, vivíveis e sustentáveis”. Dizer não a um presente é tomá-lo como agenda e germinar ações. Esfera privada, pública e digital são prioridades para ações de não violência. Educação e Artes como espaços de alta criticidade e formação continuada são essenciais e assumem Presente-Futuro. EDUCAÇÃO: Andréa Silveira CEDOC: Andreia Santana A TARDE FM Direção: Eduardo Dute Conteúdo: Jefferson Beltrão ASSOCIADA À SIP SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA MEMBRO FUNDADOR DA ANJ - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS bstraindo-se a parte positiva dos parlamentares que honram seus mandatos, choca-nos a postura do Congresso Nacional frente aos interesses do país. Ligando-me a essa parte positiva, apraz-me parabenizar a deputada federal, Alice Portugal, pelo seu Projeto de Lei número 1133/2015, concedendo o título de patrono da escola pública brasileira ao imortal Anísio Teixeira. Tão elogiável iniciativa, sancionada, em 15/11/24, no Dia do Professor, pelo presidente Lula, vale como uma justificável homenagem a quem fez por merecê-la, a quem deu o melhor de si e do seu ideal pela educação pública de qualidade, de transcendental importância para nosso país. Aliás, não apenas para o nosso, mas para os demais países, que, na busca do seu desenvolvimento, não ignoram a importância, nesse sentido, da educação na forma sonhada pelo homenageado. Baiano, filho de Caetité, 1900 foi o ano do nascimento de Anísio Teixeira, mas, também, o ponto inicial de uma vida que ele soube tão bem enriquecê-la como grande educador, mas, também, como escritor, jurista, junto a outros atributos culturais. Dando curso à sua rica trajetória, vamos reencontrá-lo no exercício de nobres missões, dentre as quais, como Secretário de Educação do governo Otávio Mangabeira, quando criou o Centro Popular de Educação Carneiro Ribeiro, mais conhecido como Escola Parque, inaugurada em 1950 e celebrada como uma instituição pública, gratuita, de tempo integral. Pela Universidade do Rio de Janeiro, graduou-se em Direito. Como jurista, escritor e educador, maior foi sua contribuição na criação de instituições federais, como a Universidade de Brasília (UnB), da qual foi reitor de 1963 a 1964. Participou, também, em companhia de Darcy Ribeiro, da criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que regulamenta o sistema educacional brasileiro. Como infalível é o axioma de que “Nem tudo são flores”, eis que, após o golpe militar de 1964, Anísio Teixeira se vê obrigado a percorrer sua Via Crucis, exilando-se nos Estados Unidos. Retornando ao Brasil, nasceu seu desejo de ocupar uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Antes disso, porém, desapareceu, enchendo as fontes de informações de controversos motivos, até que, em 14/03/1971, nos chega a verdade: seu corpo foi misteriosamente encontrado no poço de um elevador num prédio da Praia do Botafogo, no Rio de Janeiro. Conforta-nos a certeza de que os bons não morrem na gratidão dos que ficam. ASSOCIADA AO IVC INSTITUTO VERIFICADOR DE COMUNICAÇÃO PREMIADA PELA SOCIETY FOR NEWS DESIGN SEDE: RUA PROFESSOR MILTON CAYRES DE BRITO, N.º 204, CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP: 41.820-570, SALVADOR/BA, FALE COM A REDAÇÃO: (71) 2886-2683; SUGESTÃO DE PAUTA: [email protected].