Papers by Élida S A N T O S Ribeiro
Mulemba, 2024
É sabida a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na educação básica a p... more É sabida a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na educação básica a partir da Lei 10.639/03, mas se tornou patente que, na prática, essa lei encontra dificuldade de realização – especialmente pela falta de material didático adequado e de profissionais formados de maneira pertinente e satisfatória. A necessidade de se desenvolverem projetos educacionais antirracistas enfrenta a resistência contra séculos de ensino eurocêntrico, de apagamento cultural e de subalternização. A partir de uma perspectiva metodológica cartográfica, buscamos dar acesso a experiências partilhadas no curso de extensão “Um pouco mais sobre nós: contos africanos de língua portuguesa e possibilidades em sala de aula”; entretecendo os relatos da experiência com trechos de contos de autoras e autores africanos e afro-brasileiros partilhados ao longo do curso. Com estes relatos, pretendemos saudar a potência de espaços de trocas e leituras que subvertam a estrutura opressora colonial, responsável, durante anos, por oferecer uma história única, silenciadora, bem como cavar formas outras de reunir, de escrever, de tecer impressões. Ademais, esperamos que os contos mencionados possam subsidiar iniciativas de letramento racial afins, guarnecidas pelas literaturas africanas e afro-brasileiras, na direção de uma educação antirracista e emancipadora.
Tekoporá. Latin América Review of Environmental Humanities and Territorial Studies, 2023
Vivemos numacivilização de humanos muito humanos que segue há séculos sufocando em todo ... more Vivemos numacivilização de humanos muito humanos que segue há séculos sufocando em todo o mundo o que subsiste de outras culturas e seres; que ao impor um modelo de sociedade, homogeneiza narrativas, corpos, vozes, povos. Dada a cosmovisão ocidental e a noção de funcionalidade que permeia a epistemologia moderna, nos perguntamos qual a funçãode contar mais uma história e buscamos pensar a participação ativa que temos nas construções narrativas que promovemos e disseminamos. A proposta do presente artigo é criar interseções com potências criativas entre o processo devir-educadore a fabulação (Deleuze, 1993), de modo a fazer sobrevir uma educação que se pretenda inventiva, criativa e comum (Stengers, 2015). Para tanto, convidamos educadores a se abrirem para uma educação-invenção esvaziada de certezas que se deixa afetar e ser afetada por vozes multiespécies dissonantes. A partir de uma breve discussão a respeito dos processos de produção de realidades no fazer educativo coma fabulação, bem como de entrelaçamentos com narrativas ameríndias, colocamos em suspeição as formas recorrentes de vermos e falarmos das práticas educativas para estimularmos pensamentos e práticas que irrompam narrativas menores. Buscamos, com isso, tensionar não só a noção de funcionalidade que permeia a epistemologia moderna, mas também as fronteiras entre humanos e não-humanos, fazendo sobrevir as coordenações históricas e as paisagens que temos co-criado. Portanto, fabular um povo por vir comAilton Krenak (1992; 2019; 2020), Daniel Munduruku (2001), Davi Kopenawa (2015), com a montanha, pássaros, ventos (...); descolonizar neste hoje nossos pensamentos, práticas e, principalmente, nossos afetos desde as relações afetivas multiespécies que temos engendrado. Afinal, o que é entrar em comunicação com o que há em nós de planta, bicho, floresta, água, indígena, criança? Aqui seguimos uma pista: tornar-se passagem, estar em processo, entender-se inacabado, encontrar outrem, descolonizar(-se).
Revista Jataí, 2023
O presente artigo tem por objetivo
central apresentar algumas contribui-
ções da Pedagogia Waldo... more O presente artigo tem por objetivo
central apresentar algumas contribui-
ções da Pedagogia Waldorf em relação
à interposição de limites na primeira
infância, nos primeiros sete anos, es-
pecialmente no que tange a situações
de mordidas, empurrões, beliscões e
outras situações semelhantes – recor-
rentes nessa fase. Para tanto, são abor-
dadas peculiaridades da referida etapa
do desenvolvimento infantil, sobretu-
do a partir da elaboração do sentido
vital e do sentido do tato, bem como
de desdobramentos possíveis para seu
adequado desenvolvimento. Com base
no estudo da Pedagogia Waldorf e da
experiência prática docente com essa
metodologia, são veiculadas possíveis
conduções nas situações conflituosas
em questão. São apresentados exem-
plos que, no lugar de propor receitas
e saídas fáceis, tencionam oferecer re-
pertórios outros, a serem adaptados e
atualizados em situações concretas, de
acordo com a singularidade das crian-
ças envolvidas e com o contexto em
que estão inseridas. Busca-se confluir
para uma abordagem inclusiva, não
moralizante, de maneira a resistir à
visão produtivista da infância, tributá-
ria do paradigma moderno-ocidental,
cultivando o reencantamento da infân-
cia, na direção de seres humanos mais
livres e autônomos – a partir da cons-
trução de uma ética própria e genuína
Resumo: Vivemos numa civilização de humanos muito humanos que segue há séculos sufocando em todo ... more Resumo: Vivemos numa civilização de humanos muito humanos que segue há séculos sufocando em todo o mundo o que subsiste de outras culturas e outros seres. Uma civilização que tenta, incessantemente, impor um modelo de sociedade que homogeneiza narrativas, corpos, vozes, povos-indígenas, afrodescendentes, caiçaras, camponeses, crianças. Dada a cosmovisão ocidental e a noção de funcionalidade que permeia a epistemologia moderna, nos perguntamos qual a função de contar mais uma história e buscamos pensar aqui a participação ativa que temos nas construções narrativas que promovemos e disseminamos, especialmente, no campo da educação. Assim, a proposta do presente artigo é criar interseções com potências criativas entre o processo devir-educador e a fabulação (DELEUZE, 1993), de modo a fazer sobrevir uma educação que se pretende inventiva, criativa e comum (STENGERS, 2015). Para tanto, convidamos os/as educadores/as a se abrirem para uma educação-invenção esvaziada de certezas e que se deixa afetar e ser afetada por vozes dissonantes. Uma educação que possa conceber tempos ampliados, onde caibam histórias menores e em que se possa adivinhar um tempo não linear, que subjaz ao cronológico, em que o presente possa entrecruzar futuro e passado, em que as memórias estejam em movimento. A partir de uma breve discussão a respeito dos processos de produção de realidades no fazer educativo com a fabulação-das histórias, das memórias inventadas (BARROS, 2008), dos corpos-, bem como de entrelaçamentos com narrativas ameríndias, colocamos em suspeição as formas recorrentes de vermos e falarmos das práticas educativas para estimularmos pensamentos e práticas que irrompam narrativas menores. Narrativas e modos de existências que nos contem histórias outras, que subvertam um jeito dito certo, verdadeiro e único de estar na Terra. O que defendemos neste texto, portanto, é que criemos linhas de fuga que destoem da ideia de um mundo comum, unívoco, tão presente nos discursos educativos, nos currículos escolares e, sobretudo, na nossa própria subjetividade. Fabular um povo por vir, sonhar um comum por vir-com Ailton Krenak (1992; 2019; 2020), Daniel Munduruku (2001), Davi Kopenawa (2015), a montanha, os pássaros, os ventos (...)-é, também, descolonizar neste hoje nossos pensamentos, nossas práticas e, principalmente, nossos afetos, no sentido de torná-los próprios e comuns, singulares e plurais. Em outras palavras, acreditamos que um dos caminhos possíveis para a descolonização seja povoar e deixar ser povoado pelos devires-outrem, o que inclui a possibilidade das próprias crianças passarem pelo devir-criança, os próprios indígenas passarem pelo devir-índio, os caiçaras pelo devir-caiçara, as mulheres pelo devir-mulher, o educador pelo devir-educador etc. Deste modo, esse chamado de devir é um chamado para entrarmos em contato com o outro do outro. Afinal, o que é entrar em comunicação com o que há em nós de planta, bicho, floresta, água, indígena, africano, criança, mulher? Aqui seguimos uma pista: é tornar-se passagem, estar em processo, entender-se inacabado, encontrar, descolonizar-se. Palavras-chave: Devir-educador. Fabulação. Descolonização.
Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, 2022
A partir da correlação do cenário de negacionismo científico evidenciado na pandemia da COVID-19 ... more A partir da correlação do cenário de negacionismo científico evidenciado na pandemia da COVID-19 com a trajetória eurocêntrica da ciência ocidental, bem como do estabelecimento de verdades, parâmetros e premissas conduzidos e legitimados pela mesma, são refletidos alguns aspectos a serem deslocados no modelo cognitivo vigente, no sentido de sua vivificação e de sua ligação com a vida e com outros saberes. Nessa direção, apostando em perspectivas e métodos outros, o trabalho objetiva tecer aproximações entre a educação em ciências e o método da cartografia, por meio de uma revisão bibliográfica, nas seguintes ba-
ses de dados: Redalyc, SciElo e DOAJ, tendo sido encontrados somente seis trabalhos que atendessem aos critérios de inclusão. Assim, são investigadas e discutidas as contribuições possíveis dessa metodologia à pesquisa e educação em ciências, especialmente no que diz respeito às políticas de cognição, interpelando o entendimento corrente de conhecimento – considerado uma representação da realidade ou da verdade. Entendemos que uma perspectiva inventiva e emancipadora de ciência, que encarna o conhecer no acesso à experiência, amplia-se nas singularidades e multiplicidades, construindo territórios comuns – não
unívocos –, cultivando confiança e pertencimento.
Ensaio Research in Science Education, 2022
From a correlation of the scientific negationism scenario evidenced in the COVID-19 pandemic with... more From a correlation of the scientific negationism scenario evidenced in the COVID-19 pandemic with the Eurocentric trajectory of Western science, as well as the establishment of truths, parameters and assumptions conducted and legitimized by it, some aspects to be displaced in the model current cognitive are reflected, in the sense of its vivification and its connection with life and with other knowledge. In this direction, betting on other perspectives and methods, the work aims to weave approximations between science education and the method of cartography, through a bibliographical review, in the following databases: Redalyc, SciElo and DOAJ, having been found only six works that met the inclusion crite-
ria. Thus, the possible contributions of this methodology to science research and education are investigated and discussed, especially with regard to cognition policies, questioning the understanding of knowledge as a representation of a reality or truth. We understand that an inventive and emancipatory perspective of science, which embodies knowledge in access to experience, expands in singularities and multiplicities, building common – not univocal – territories, cultivating confidence and belonging.
ClimaCom, 2021
O presente escrito destina-se a pôr em suspensão a premissa de que o fenômeno do negacionismo dec... more O presente escrito destina-se a pôr em suspensão a premissa de que o fenômeno do negacionismo decorre da “ausência de ciência”, de algo que ocorre “fora” da ciência ou onde a ciência “não chegou suficientemente”. Outrossim, reflete sobre as implicações entre os negacionismos, as verdades científicas como inquestionáveis e os sectarismos da própria ciência. Em que medida a crítica e a desconstrução acrescentam mais “ruínas às ruínas”? O descrédito em relação à ciência não seria tributário, também, de suas posturas dogmáticas e sectárias? Em que medida os negacionismos fermentam inseridos num contexto científico hegemônico que, no lugar de engajar, fundamenta-se na negligência de saberes outros, na afirmação de verdades universais, na obediência, nos sectarismos e na estabilização de fatos e mundos? A partir das reflexões de Costa
(2021), Latour (2020) e Freire (1987), bem como de outras e outros interlocutores, apostamos na construção de engajamento, cuidado e emancipação, na direção de empreender diálogos, multiplicações de perspectivas e dimensões, como tentativas de fuga dos pensamentos unívocos, universalizáveis, sectários.
Revista Linha Mestra, 2021
Numa perspectiva freiriana de que a leitura da palavra é tributária da leitura de mundo, ou das l... more Numa perspectiva freiriana de que a leitura da palavra é tributária da leitura de mundo, ou das leituras de mundos possíveis, os olhares sobre a vida fundam também modos de conhecer. A produtividade constituída por um modo capitalístico de operar, conhecer e se relacionar atravessa as mais diversas esferas da vida, priorizando metas e resultados em detrimento dos processos e do sentido. Ao pensar a educação, desde a primeira infância, as metas geralmente determinam como e o que se deve conhecer, fazer, ser. O que busca escapar desses padrões é considerado erro – desviando das Grandes Narrativas em sua ciência maior.
Dessa maneira, este trabalho busca investigar como a infância e a arte contribuem para interpelar o funcionalismo moderno, a ciência maior, o tempo produtivo e a postulação de verdades estabelecidas. A partir de relatos, recortes fotográficos, poesias e diálogos teóricos, esses escritos ensaísticos propõem interrogar: como o paradigma do erro-acerto institui
infâncias e mundos? Como o funcionalismo moderno se cruza com as processualidades da infância? E como a infância e a arte trabalham nas fissuras abertas, desconcertando o que se quer certo e conformado, atuando como antiferramentas? Entende-se, aqui, que o espanto, a
invenção, e as perdas de tempo que a arte e a infância carregam consigo traem a funcionalidade das metas, abrem-se à errância e a uma outra política da educação.
Books by Élida S A N T O S Ribeiro
Afirmar, inventar, re existir o que pode uma educação filosófica Parte 2 textos individuais e estudos coletivos, 2020
Desde que nascemos, somos inseridos numa cultura, que é, por si, pedagógica. Isso quer dizer que,... more Desde que nascemos, somos inseridos numa cultura, que é, por si, pedagógica. Isso quer dizer que, paralelamente à convivência está inserido um processo pedagógico onde, por meio de gestos e discursos, somos impelidos a agir, pensar e sentir em conformidade com o meio?
Ebook - Maternidades Plurais Editora Bindi OFICIAL, 2020
Seminário Virtual da Mulher: Educação, Cultura e Ciência, 2020
O presente texto é um relato de práticas de um grupo de orientação e trabalho de uma Universidade... more O presente texto é um relato de práticas de um grupo de orientação e trabalho de uma Universidade pública situada na cidade de Macaé. Refletem-se, aqui, os encontros semanais desse grupo majoritariamente feminino de pesquisadoras – contando com quatro mestrandas, um mestrando e uma orientadora – em trabalho remoto devido ao contexto pandêmico. Objetivamos, com este relato, salientar a importância de práticas acadêmicas que proporcionem debates horizontais e socialmente críticos, que incorporem subjetividades e afetações dos sujeitos envolvidos, assim como contribuir no fomento das mesmas, na direção de uma educação como prática da liberdade. Foi possível, ao longo do texto, relacionar a escolha das autoras e dos autores estudados pelo grupo – e
o formato dialógico e participativo dos encontros – com uma práxis potencialmente emancipatória, aberta às insurgências da realidade. Assim,
abrem-se brechas e caminhos para as necessárias aproximações da pesquisa com a prática pedagógica, na direção da produção de uma ciência outra.
Afirmar, inventar, re-existir: o que pode uma educação filosofica?, 2021
Conference Presentations by Élida S A N T O S Ribeiro
CONEDU - VII Congresso Nacional de Educação, 2020
A partir de um contexto intrapandêmico, onde a Ciência é alvo de narrativas em disputa, inclusive... more A partir de um contexto intrapandêmico, onde a Ciência é alvo de narrativas em disputa, inclusive para negá-la, entendemos a importância de colocar em questão a dinâmica hegemônica de fazer e pensar Ciência. Neste artigo, buscamos mapear e trazer à tona diferentes perspectivas teórico-epistemológicas que, de alguma maneira, apresentem insubordinações ao paradigma científico hegemônico, não para negá-la, mas para contribuir em direções renovadoras. Para tanto, usamos a metodologia de Estado da Arte, revisitando os anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências nos anos de 2011 a 2019. A partir desse levantamento, foram selecionados dez trabalhos para uma análise qualitativas, com a categorização de conceitos atribuídos nesses trabalhos tanto ao paradigma científico hegemônico quanto nas perspectivas contra-hegemônicas identificadas. Para aquele paradigma, identificou-se, principalmente, as seguintes atribuições: fechada, colonial, eurocêntrica, positivista e objetivista; para os paradigmas contra-hegemônicos, destacaram-se as seguintes atribuições: abertos, complexos, em construção e inclusivos (de saberes locais e de subjetividades). Ademais, identificou-se um notável crescimento do apoio nesses paradigmas nos últimos anos e que esse movimento de transformação é fundamental para atribuir sentidos e significados (outros) à Ciência e uma maior ligação desta com a vida.
ENPEC - Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2021
Num contexto onde a Ciência pendula entre ser considerada a Verdade e ser desqualificada e até ne... more Num contexto onde a Ciência pendula entre ser considerada a Verdade e ser desqualificada e até negada, este artigo busca analisar alguns elementos da Ciência Moderna que possam corroborar com essa polarização. A partir das concepções de cultura matrística e patriarcal em Humberto Maturana, o texto configura-se como um trabalho teórico de caráter ensaístico, em que algumas categorias são relacionadas ao paradigma patriarcal, como exclusão, medo, inimizade, controle, concorrência, hierarquização, linearidade e dualidade. A partir dessas categorias, perguntamo-nos: como o paradigma patriarcal pode ser associado com as formas vigentes de pensar e fazer Ciência? As categorias apontadas aqui como possivelmente configuradoras na(da) Ciência Moderna não se pretendem pontos estáticos ou determinantes, mas apontamentos de caráter maleável, fronteiriço e ensaístico, que possam permitir reflexões e deslocamentos nos modos de conceber e produzir conhecimento.
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Papers by Élida S A N T O S Ribeiro
central apresentar algumas contribui-
ções da Pedagogia Waldorf em relação
à interposição de limites na primeira
infância, nos primeiros sete anos, es-
pecialmente no que tange a situações
de mordidas, empurrões, beliscões e
outras situações semelhantes – recor-
rentes nessa fase. Para tanto, são abor-
dadas peculiaridades da referida etapa
do desenvolvimento infantil, sobretu-
do a partir da elaboração do sentido
vital e do sentido do tato, bem como
de desdobramentos possíveis para seu
adequado desenvolvimento. Com base
no estudo da Pedagogia Waldorf e da
experiência prática docente com essa
metodologia, são veiculadas possíveis
conduções nas situações conflituosas
em questão. São apresentados exem-
plos que, no lugar de propor receitas
e saídas fáceis, tencionam oferecer re-
pertórios outros, a serem adaptados e
atualizados em situações concretas, de
acordo com a singularidade das crian-
ças envolvidas e com o contexto em
que estão inseridas. Busca-se confluir
para uma abordagem inclusiva, não
moralizante, de maneira a resistir à
visão produtivista da infância, tributá-
ria do paradigma moderno-ocidental,
cultivando o reencantamento da infân-
cia, na direção de seres humanos mais
livres e autônomos – a partir da cons-
trução de uma ética própria e genuína
ses de dados: Redalyc, SciElo e DOAJ, tendo sido encontrados somente seis trabalhos que atendessem aos critérios de inclusão. Assim, são investigadas e discutidas as contribuições possíveis dessa metodologia à pesquisa e educação em ciências, especialmente no que diz respeito às políticas de cognição, interpelando o entendimento corrente de conhecimento – considerado uma representação da realidade ou da verdade. Entendemos que uma perspectiva inventiva e emancipadora de ciência, que encarna o conhecer no acesso à experiência, amplia-se nas singularidades e multiplicidades, construindo territórios comuns – não
unívocos –, cultivando confiança e pertencimento.
ria. Thus, the possible contributions of this methodology to science research and education are investigated and discussed, especially with regard to cognition policies, questioning the understanding of knowledge as a representation of a reality or truth. We understand that an inventive and emancipatory perspective of science, which embodies knowledge in access to experience, expands in singularities and multiplicities, building common – not univocal – territories, cultivating confidence and belonging.
(2021), Latour (2020) e Freire (1987), bem como de outras e outros interlocutores, apostamos na construção de engajamento, cuidado e emancipação, na direção de empreender diálogos, multiplicações de perspectivas e dimensões, como tentativas de fuga dos pensamentos unívocos, universalizáveis, sectários.
Dessa maneira, este trabalho busca investigar como a infância e a arte contribuem para interpelar o funcionalismo moderno, a ciência maior, o tempo produtivo e a postulação de verdades estabelecidas. A partir de relatos, recortes fotográficos, poesias e diálogos teóricos, esses escritos ensaísticos propõem interrogar: como o paradigma do erro-acerto institui
infâncias e mundos? Como o funcionalismo moderno se cruza com as processualidades da infância? E como a infância e a arte trabalham nas fissuras abertas, desconcertando o que se quer certo e conformado, atuando como antiferramentas? Entende-se, aqui, que o espanto, a
invenção, e as perdas de tempo que a arte e a infância carregam consigo traem a funcionalidade das metas, abrem-se à errância e a uma outra política da educação.
Books by Élida S A N T O S Ribeiro
o formato dialógico e participativo dos encontros – com uma práxis potencialmente emancipatória, aberta às insurgências da realidade. Assim,
abrem-se brechas e caminhos para as necessárias aproximações da pesquisa com a prática pedagógica, na direção da produção de uma ciência outra.
Conference Presentations by Élida S A N T O S Ribeiro
central apresentar algumas contribui-
ções da Pedagogia Waldorf em relação
à interposição de limites na primeira
infância, nos primeiros sete anos, es-
pecialmente no que tange a situações
de mordidas, empurrões, beliscões e
outras situações semelhantes – recor-
rentes nessa fase. Para tanto, são abor-
dadas peculiaridades da referida etapa
do desenvolvimento infantil, sobretu-
do a partir da elaboração do sentido
vital e do sentido do tato, bem como
de desdobramentos possíveis para seu
adequado desenvolvimento. Com base
no estudo da Pedagogia Waldorf e da
experiência prática docente com essa
metodologia, são veiculadas possíveis
conduções nas situações conflituosas
em questão. São apresentados exem-
plos que, no lugar de propor receitas
e saídas fáceis, tencionam oferecer re-
pertórios outros, a serem adaptados e
atualizados em situações concretas, de
acordo com a singularidade das crian-
ças envolvidas e com o contexto em
que estão inseridas. Busca-se confluir
para uma abordagem inclusiva, não
moralizante, de maneira a resistir à
visão produtivista da infância, tributá-
ria do paradigma moderno-ocidental,
cultivando o reencantamento da infân-
cia, na direção de seres humanos mais
livres e autônomos – a partir da cons-
trução de uma ética própria e genuína
ses de dados: Redalyc, SciElo e DOAJ, tendo sido encontrados somente seis trabalhos que atendessem aos critérios de inclusão. Assim, são investigadas e discutidas as contribuições possíveis dessa metodologia à pesquisa e educação em ciências, especialmente no que diz respeito às políticas de cognição, interpelando o entendimento corrente de conhecimento – considerado uma representação da realidade ou da verdade. Entendemos que uma perspectiva inventiva e emancipadora de ciência, que encarna o conhecer no acesso à experiência, amplia-se nas singularidades e multiplicidades, construindo territórios comuns – não
unívocos –, cultivando confiança e pertencimento.
ria. Thus, the possible contributions of this methodology to science research and education are investigated and discussed, especially with regard to cognition policies, questioning the understanding of knowledge as a representation of a reality or truth. We understand that an inventive and emancipatory perspective of science, which embodies knowledge in access to experience, expands in singularities and multiplicities, building common – not univocal – territories, cultivating confidence and belonging.
(2021), Latour (2020) e Freire (1987), bem como de outras e outros interlocutores, apostamos na construção de engajamento, cuidado e emancipação, na direção de empreender diálogos, multiplicações de perspectivas e dimensões, como tentativas de fuga dos pensamentos unívocos, universalizáveis, sectários.
Dessa maneira, este trabalho busca investigar como a infância e a arte contribuem para interpelar o funcionalismo moderno, a ciência maior, o tempo produtivo e a postulação de verdades estabelecidas. A partir de relatos, recortes fotográficos, poesias e diálogos teóricos, esses escritos ensaísticos propõem interrogar: como o paradigma do erro-acerto institui
infâncias e mundos? Como o funcionalismo moderno se cruza com as processualidades da infância? E como a infância e a arte trabalham nas fissuras abertas, desconcertando o que se quer certo e conformado, atuando como antiferramentas? Entende-se, aqui, que o espanto, a
invenção, e as perdas de tempo que a arte e a infância carregam consigo traem a funcionalidade das metas, abrem-se à errância e a uma outra política da educação.
o formato dialógico e participativo dos encontros – com uma práxis potencialmente emancipatória, aberta às insurgências da realidade. Assim,
abrem-se brechas e caminhos para as necessárias aproximações da pesquisa com a prática pedagógica, na direção da produção de uma ciência outra.