Papers by Edilene Coffaci de Lima
Apresentação do dossiê "Remoções forçadas de grupos indígenas no Brasil Republicano", publicado n... more Apresentação do dossiê "Remoções forçadas de grupos indígenas no Brasil Republicano", publicado na revista Mediações.
A experiência de curadoria compartilhada que irei apresentar 1 é bastante recente, foi concebida ... more A experiência de curadoria compartilhada que irei apresentar 1 é bastante recente, foi concebida e realizada em abril de 2015 e resultou na exposição que ocupou por dez meses parte do prédio histórico do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR (MAE/UFPR), em Paranaguá 2 . Nela foram apresentados os kãchi, i.e., o jogo de barbante, que chamamos de cama-de-gato, que realizam os Katukina (atuais Noke Kuin), um povo de língua pano, habitante de duas terras indígenas no estado do Acre, entre os quais iniciei trabalhos de pesquisa no início da década de 1990.
Desde a metade da última década, em grandes cidades do Brasil, começou a se difundir o uso da sec... more Desde a metade da última década, em grandes cidades do Brasil, começou a se difundir o uso da secreção da rã arbórea Phyllomedusa bicolor, chamada de kambô. Tradicionalmente usada como revigorante e estimulante para caça por grupos indígenas do sudoeste amazônico (entre eles, Katukina, Yawanawa e Kaxinawá)2, nos centros urbanos tem havido um duplo interesse pelo kambô: como um “remédio da ciência” – no qual se exaltam suas propriedades bioquímicas – e como um “remédio da alma” – onde o que mais se valoriza é sua “origem indígena”. O kambô tem se difundido, sobretudo, em clínicas de terapias alternativas e no ambiente das religiões ayahuasqueiras brasileiras, isto é, entre adeptos do Santo Daime e da União do Vegetal e de suas dissidências. Os aplicadores são bastante diversos entre si: índios, seringueiros e ex-seringueiros, terapeutas holísticos, líderes ayahuasqueiros e médicos. Neste artigo apresentaremos uma breve etnografia da difusão do kambô, analisando, sobretudo, o discurso que esses diversos aplicadores têm elaborado sobre o uso da secreção3, compreendida por alguns como uma espécie de planta de poder, análoga ao peiote e à ayahuasca.
ARACÊ - Direitos Humanos em Revista, 2017
RESUMO | Neste artigo trataremos da reconstrução das memórias do extermínio indígena no Brasil a ... more RESUMO | Neste artigo trataremos da reconstrução das memórias do extermínio indígena no Brasil a partir de documentos oficiais, apontando-os como uma " radiografia " do sistema estatal de repressão e graves violações de direitos humanos dos índios no período integracionista (pré Constituição de 1988). Essas peças, ainda, emplacam, pode-se dizer, a inserção da temática indígena nas narrativas sobre a última ditadura brasileira e no campo da Justiça de Transição-aos direitos e políticas de memória, verdade e justiça-no país. A partir do caso do povo Xetá (PR), conforme relatado pela CNV e CEV-PR, pretende-se refletir sobre os efeitos futuros desses documentos e os desafios postos à reparação, com a pergunta: o que pode significar uma justiça de transição para os povos indígenas no Brasil?
Resumo A partir da apresentação do uso da secreção da perereca conhecida como kampô (Phyllomedusa... more Resumo A partir da apresentação do uso da secreção da perereca conhecida como kampô (Phyllomedusa bicolor) entre os Katukina (falantes de uma língua pano e moradores de duas terras indígenas no Acre) irei desenvolver a ideia de que o kampô é, ao mesmo tempo, um objeto e uma técnica, ou um objeto técnico nos termos maussianos. Ao mesmo tempo, apresentarei a conceituação katukina de que o kampô pode ser entendido como uma " coisa " , hawe, em sua própria língua. Uma conceituação que põe em operação modos de concebê‑lo como um fazer aberto e prospectivo, permitindo assim abarcar as transformações de seus usos nos anos recentes. Abstract From the presentation of the use of the frog secretion known as kampô (Phyllomedusa bicolor) among the Katukina (speakers of a panoan language and residents of two indigenous lands in Acre) will develop the idea that kampô is at the same time, an object
CAMPOS - Revista de Antropologia Social, 2013
Desde meados da década de 1980, Philippe Erikson deu um impulso decisivo ao estudo dos povos de l... more Desde meados da década de 1980, Philippe Erikson deu um impulso decisivo ao estudo dos povos de língua pano, notadamente a partir de seus trabalhos de pesquisa entre os Matis, no Vale do Javari, e os Chacobo, na Bolívia, localizados próximos à fronteira brasileira. Professor na Université Paris-Ouest Nanterre (outrora Paris X) e pesquisador do EREA (Equipe de Recherche en Ethnologie Amérindienne), Philippe Erikson tem não apenas recepcionado diversos pesquisadores brasileiros em Paris, mas, sobretudo, incrementado a interlocução entre etnólogos dos dois lados do Atlântico, marca de sua delicadeza e generosidade. Nesta entrevista, realizada há três anos, em Buenos Aires, durante a realização da VIII Reunião de Antropologia do Mercosul, Philippe conversou com cinco panólogos sobre sua trajetória acadêmica, sua aproximação da Etnologia, sobre sua predileção pela Etnografia, em detrimento das ambições comparativas ou da procura por modelos teóricos que já o acompanharam. A entrevista foi revisada pelo próprio Philippe em julho de 2012, em Curitiba, com duas das entrevistadoras e depois ajustada eletronicamente até alcançar sua versão final, que vai aqui finalmente publicada.
Interview with Julio Cezar Melatti
O conteúdo deste website está sujeito à legislação francesa sobre a propriedade intelectual e é p... more O conteúdo deste website está sujeito à legislação francesa sobre a propriedade intelectual e é propriedade exclusiva do editor. Os trabalhos disponibilizados neste website podem ser consultados e reproduzidos em papel ou suporte digital desde que a sua utilização seja estritamente pessoal ou para fins científicos ou pedagógicos, excluindo-se qualquer exploração comercial. A reprodução deverá mencionar obrigatoriamente o editor, o nome da revista, o autor e a referência do documento. Qualquer outra forma de reprodução é interdita salvo se autorizada previamente pelo editor, excepto nos casos previstos pela legislação em vigor em França.
A Antropologia tem sido definida por sua metodologia: o trabalho de campo. No contexto contemporâ... more A Antropologia tem sido definida por sua metodologia: o trabalho de campo. No contexto contemporâneo, entretanto, são muitas as transformações e as negociações entre pesquisadores e grupos
pesquisados que podem se prolongar por caminhos imprevistos. Procurarei neste artigo abordar algumas delas a partir da pesquisa entre os Katukina (pano), localizados no Acre, ao longo de vinte anos.
A frase que dá título ao artigo pretende resumir as transformações em torno das negociações sobre a presença da antropóloga em campo, quando parecem se tornar insuficientes a militância e a parceria políticas. Buscar-se-á, a partir deste caso particular, mostrar como a posição das lideranças se gestou gradualmente e se articulou com a valorização cultural relacionada à popularização do kampô no meio urbano e ao suposto risco de biopirataria. Qual o valor, afinal, do trabalho de campo para os diferentes sujeitos e que os coloca momentaneamente em desacordo?
Desde a metade da última década, em grandes cidades do Brasil, começou a se difundir o uso da sec... more Desde a metade da última década, em grandes cidades do Brasil, começou a se difundir o uso da secreção da rã arbórea Phyllomedusa bicolor, chamada de kambô. Tradicionalmente usada como revigorante e estimulante para caça por grupos indígenas do sudoeste amazônico (entre eles, Katukina, Yawanawa e Kaxinawá) 2 , nos centros urbanos tem havido um duplo interesse pelo kambô: como um "remédio da ciência" -no qual se exaltam suas propriedades bioquímicas -e como um "remédio da alma" -onde o que mais se valoriza é sua "origem indígena". O kambô tem se difundido, sobretudo, em clínicas de terapias alternativas e no ambiente das religiões ayahuasqueiras brasileiras, isto é, entre adeptos do Santo Daime e da União do Vegetal e de suas dissidências. Os aplicadores são bastante diversos entre si: índios, seringueiros e ex-seringueiros, terapeutas holísticos, líderes ayahuasqueiros e médicos. Neste artigo apresentaremos uma breve etnografia da difusão do kambô, analisando, sobretudo, o discurso que esses diversos aplicadores têm elaborado sobre o uso da secreção 3 , compreendida por alguns como uma espécie de planta de poder, análoga ao peiote e à ayahuasca.
Campos-Revista de …, Jan 1, 2005
bibliotecavirtual.clacso.org.ar
Esta comunicação 1 pretende ser uma primeira aproximação ao xamanismo katukina 2 , feita através ... more Esta comunicação 1 pretende ser uma primeira aproximação ao xamanismo katukina 2 , feita através das referências aos animais na prática e no discurso xamânico.
Campos-Revista de Antropologia Social, Jan 1, 2005
Os dois trabalhos encomendados pelos dois últimos governos do Acre -o anterior (Orleir Cameli, de... more Os dois trabalhos encomendados pelos dois últimos governos do Acre -o anterior (Orleir Cameli, de 1995 a 1998) e o atual (Jorge Viana, de 1999 em diante)para avaliar os impactos da pavimentação da BR-364 sobre a população indígena da região do alto Juruá foram cancelados. Antes de abordar os detalhes e os motivos que justificam os cancelamentos, apresento um breve histórico da BR-364, particularmente no que diz respeito à população da TI Katukina do rio Campinas. O traçado completo da rodovia BR-364 perfaz mais de três mil quilômetros, passando por seis estados: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre. A sua porção norte é a conhecida 'saída para o Pacífico', originalmente idealizada nos governos militares -embora hoje se pense em outras 'saídas para o Pacífico' pelo próprio Acre (via BR-307, próximo a Assis Brasil), pelo Mato Grosso (a partir de Cáceres) e pelo Mato Grosso do Sul (a partir de Corumbá). Mal afamado internacionalmente devido aos desastres socioambientais nos trechos já concluídos entre Cuiabá e Rio Branco, o plano de estender a pavimentação da BR-364 até a fronteira com o Peru esteve durante muito tempo engavetado por falta de apoio financeiro para o empreendimento. A possibilidade de que se repetissem os mesmos erros nunca foi descartada. Ainda hoje os Kaxarari, grupo de língua pano localizado em Rondônia, percorrem os meandros jurídicos em busca de compensação pelos desastres socioambientais causados pela empreiteira Mendes Júnior em suas terras durante a pavimentação do trecho entre Porto Velho e Rio Branco, na década de 1980 (Silva 2000).
Books by Edilene Coffaci de Lima
El libro presenta una selección de trabajos de especialistas brasileños, franceses y argentinos q... more El libro presenta una selección de trabajos de especialistas brasileños, franceses y argentinos que promueve el debate sobre las formas relacionales de construcción de la alteridad en la etnología sudamericana, tanto en distintos momentos históricos como en diversos ámbitos geográficos (Amazonía, Chaco, Andes, Guyanas). Los trabajos procuran trascender lo que generalmente se entiende por ‘relaciones de alteridad’ o ‘relaciones interétnicas’ sin hacer tanto hincapié en los vínculos entre los diferentes grupos indígenas y los representantes externos del contacto (el Estado, misioneros, militares, exploradores, antropólogos, ONG’s), sino más bien, y fundamentalmente, analizando la trama de relaciones, conexiones y transformaciones recíprocas entre los distintos grupos indígenas y asimismo en el etnoconocimiento antropológico derivado de tales interacciones. En este sentido, el libro busca romper la clásica imagen de grandes bloques estáticos (‘indios’ y ‘blancos’) centrándose en cambio en los procesos concretos de construcción de relaciones entre los distintos grupos étnicos.
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Papers by Edilene Coffaci de Lima
pesquisados que podem se prolongar por caminhos imprevistos. Procurarei neste artigo abordar algumas delas a partir da pesquisa entre os Katukina (pano), localizados no Acre, ao longo de vinte anos.
A frase que dá título ao artigo pretende resumir as transformações em torno das negociações sobre a presença da antropóloga em campo, quando parecem se tornar insuficientes a militância e a parceria políticas. Buscar-se-á, a partir deste caso particular, mostrar como a posição das lideranças se gestou gradualmente e se articulou com a valorização cultural relacionada à popularização do kampô no meio urbano e ao suposto risco de biopirataria. Qual o valor, afinal, do trabalho de campo para os diferentes sujeitos e que os coloca momentaneamente em desacordo?
Books by Edilene Coffaci de Lima
pesquisados que podem se prolongar por caminhos imprevistos. Procurarei neste artigo abordar algumas delas a partir da pesquisa entre os Katukina (pano), localizados no Acre, ao longo de vinte anos.
A frase que dá título ao artigo pretende resumir as transformações em torno das negociações sobre a presença da antropóloga em campo, quando parecem se tornar insuficientes a militância e a parceria políticas. Buscar-se-á, a partir deste caso particular, mostrar como a posição das lideranças se gestou gradualmente e se articulou com a valorização cultural relacionada à popularização do kampô no meio urbano e ao suposto risco de biopirataria. Qual o valor, afinal, do trabalho de campo para os diferentes sujeitos e que os coloca momentaneamente em desacordo?