NUNES, Diego; SONTAG, Ricardo. DAL RI JR., Arno; NUNES, Diego; SONTAG, Ricardo. História do direito penal: Confins entre direito penal e política na modernidade jurídica (Brasil e Europa). Florianópolis: Habitus, , 2020
A existência de leis especiais sobre crimes políticos, fora dos códigos penais, era bastante comu... more A existência de leis especiais sobre crimes políticos, fora dos códigos penais, era bastante comum no direito penal dos Estados autoritários e totalitários europeus. Ao mesmo tempo, como a aniquilação de inimigos políticos desempenhou um papel importante nas ideologias desses regimes, a parte especial de seus códigos penais invariavelmente começava com os crimes políticos. Por isso, não chega a surpreender que o Código Penal Brasileiro promulgado em 1940 tenha sido frequentemente considerado liberal, apesar da ideologia autoritária do Estado Novo. Mas a ausência de crimes políticos no Código de 1940 é incomum não apenas em comparação com os códigos autoritários e totalitários daquele período: todos os códigos europeus e latino-americanos em vigor na década de 1940 que conseguimos verificar tinham um capítulo ou pelo menos alguns dispositivos sobre crimes políticos. Este capítulo aborda, então, o problema das relações entre ideologia e direito penal sob regimes autoritários a partir do aparentemente paradoxal caso brasileiro, em que haveria uma contradição entre a ideologia do regime e o seu código penal.
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or hybridisations, can only really be understood by searching for factual factors, responsible for the impact of certain “foreign” ideas.
Political crimes play a key role in the historic comprehension of any authoritarian or totalitarian regime. The Criminal Code issued in 1930 by the Italian Fascist regime, for instance, opens its section (Book Two) on Specific Offences by highlighting crimes against the ‘personality’ of the State (delitti contro la personalità dello Stato), which consolidated a repressive structure directed at the persecution of political dissent. This is equally true for the authoritarian regime established in Brazil on 10 November 1937, the so-called Estado Novo (1937–45). The President of this new regime, Getúlio Vargas, rose to power after a coup d’Etat in 1930. In 1934, his regime promulgated a new Constitution and scheduled new presidential elections for January 1938. Vargas, mobilising the popular mindset by fear of communism, managed to plan a new coup, and in a radio broadcast announced to the nation the new – and authoritarian – 1937 Constitution.
About Ideology and Criminal Law
With populist, nationalist and repressive governments on the rise around the world, questioning the impact of politics on the nature and role of law and the state is a pressing concern. If we are to understand the effects of extreme ideologies on the state's legal dimensions and powers – especially the power to punish and to determine the boundaries of permissible conduct through criminal law – it is essential to consider the lessons of history. This timely collection explores how political ideas and beliefs influenced the nature, content and application of criminal law and justice under Fascism, National Socialism, and other authoritarian regimes in the twentieth century. Bringing together expert legal historians from four continents, the collection's 16 chapters examine aspects of criminal law and related jurisprudential and criminological questions in the context of Fascist Italy, Nazi Germany, Nazi-occupied Norway, apartheid South Africa, Francoist Spain, and the authoritarian regimes of Brazil, Romania and Japan. Based on original archival, doctrinal and theoretical research, the collection offers new critical perspectives on issues of systemic identity, self-perception and the foundational role of criminal law; processes of state repression and the activities of criminal courts and lawyers; and ideological aspects of, and tensions in, substantive criminal law.
or hybridisations, can only really be understood by searching for factual factors, responsible for the impact of certain “foreign” ideas.
Political crimes play a key role in the historic comprehension of any authoritarian or totalitarian regime. The Criminal Code issued in 1930 by the Italian Fascist regime, for instance, opens its section (Book Two) on Specific Offences by highlighting crimes against the ‘personality’ of the State (delitti contro la personalità dello Stato), which consolidated a repressive structure directed at the persecution of political dissent. This is equally true for the authoritarian regime established in Brazil on 10 November 1937, the so-called Estado Novo (1937–45). The President of this new regime, Getúlio Vargas, rose to power after a coup d’Etat in 1930. In 1934, his regime promulgated a new Constitution and scheduled new presidential elections for January 1938. Vargas, mobilising the popular mindset by fear of communism, managed to plan a new coup, and in a radio broadcast announced to the nation the new – and authoritarian – 1937 Constitution.
About Ideology and Criminal Law
With populist, nationalist and repressive governments on the rise around the world, questioning the impact of politics on the nature and role of law and the state is a pressing concern. If we are to understand the effects of extreme ideologies on the state's legal dimensions and powers – especially the power to punish and to determine the boundaries of permissible conduct through criminal law – it is essential to consider the lessons of history. This timely collection explores how political ideas and beliefs influenced the nature, content and application of criminal law and justice under Fascism, National Socialism, and other authoritarian regimes in the twentieth century. Bringing together expert legal historians from four continents, the collection's 16 chapters examine aspects of criminal law and related jurisprudential and criminological questions in the context of Fascist Italy, Nazi Germany, Nazi-occupied Norway, apartheid South Africa, Francoist Spain, and the authoritarian regimes of Brazil, Romania and Japan. Based on original archival, doctrinal and theoretical research, the collection offers new critical perspectives on issues of systemic identity, self-perception and the foundational role of criminal law; processes of state repression and the activities of criminal courts and lawyers; and ideological aspects of, and tensions in, substantive criminal law.
recentes, mas, também, com alguns clássicos da história do direito – que nos permitem vislumbrar a história do direito penal na modernidade a partir da complexa interface entre os campos jurídico e político. O lapso temporal do livro cobre aproximadamente dois séculos, englobando as origens da modernidade jurídica no final do século XVIII, o século XIX e algumas variações tardias do paradigma moderno no século XX na Europa e no Brasil, dois espaços jurídicos aparentemente bem determinados, mas que, por vezes, vão se entrelaçar nas narrativas de alguns capítulos. Os confins entre direito penal e política podem operar, historicamente, em diversos níveis. Embora a exaustividade seja um horizonte muito distante das nossas pretensões, nós tentamos selecionar dois eixos que nos permitissem estabelecer um quadro de referências, pelo menos, amplo e significativo. O primeiro eixo é o da política – especialmente legislativa – penal. Já o segundo é o da criminalização política, da construção e das concepções penais em torno dos crimes contra a dissidência política.
Editorial - Cristina Vano, Heikki Pihlajamäki, Ricardo Sontag
Supremas decisões: injustiças notórias e nulidades manifestas (1829-1841) - Adriana Pereira Campos
O princípio da insignificância e suas vicissitudes entre Alemanha e Brasil: análise de um caso de inadvertida criatividade jurídica (1964-2016) - Alexander de Castro
Entrelaçamentos culturais na primeira república: o código de processo penal do estado do Rio Grande do Sul (1898) e suas fontes doutrinárias e legislativas - Alfredo De Jesus Dal Molin Flores; Régis João Nodari
Commercial judiciary on the polish territories in the 19th century – a repackaged French product or a mock-up? - Anna Klimaszewska
Codificação, recodificação, descodificação? uma história das dimensões jurídicas da justiça no Brasil imperial a partir do código de processo criminal de 1832 - Diego Nunes
Tempranos ecos de la reforma universitaria cordobesa entre los juristas brasileños - Ezequiel Abásolo
Un nuovo modo di sciogliere i contratti bilaterali. augusto teixeira de freitas e la circolazione dei modelli tra europa e america latina nel xix secolo - Filippo Rossi
La storia costituzionale americana nella cultura giuridica italiana tra otto e novecento - Floriana Colao
Os “ideais civilizacionais” e a construção da imagem do direito pelos juristas na primeira república: anglo-americanos, franco-portugueses e germanistas - Gustavo Castagna Machado
Unlawful associations and combinations in the early penal codes. a comparative study of France and Spain - Isabel Ramos Vázquez
Penitenciarismo justicialista for export. el asesoramiento técnico de Roberto Pettinato en la construcción de la penitenciaría del litoral (Ecuador: mayo-septiembre de 1954) - Jorge A. Núñez
The circulation of transnational criminal law between the Americas and Germany (1848-1914) in extradition treaties, juridical discourses and international associations - Karl Härter
Terras em contenda: circulação e produção de normatividades em conflitos agrários no Brasil império - Mariana Armond Dias Paes
Cooper, Meyer, Blaxland et la circulation de l’argumentation lors de la controverse sur la codification du droit anglais (1830-1839) - Sylvain Soleil
Influências da circulação de ideias norte-americanas sobre o sistema de controle de constitucionalidade da constituição de 1891 - Wagner Feloniouk
A tradução do conceito de direito administrativo pela cultura jurídica brasileira do século XIX - Walter Guandalini Júnior
Translations:
La persecución de la traición en la guerra de la independencia (1808-1814). una aproximación al paradójico contexto español de recepción de las ideas liberales francesas - Aniceto Masferrer
Voyage en Italie. Code Napoleon e historiografia: um esboço inacabado - Paolo Cappellini
"Da sociedade de sociedades à insularidade do Estado entre Medievo e Idade Moderna"
PAOLO GROSSI
"Negociação penal, legitimação jurídica e poderes urbanos na Itália comunal"
ANDRÉA ZORZI
"O princípio de legalidade: um campo de tensão na modernidade penal"
PIETRO COSTA
"O Direito penal moderno entre retribuição e reconciliação"
GIORGIA ALESSI
"O 'Problema Penal' no Século XVIII"
GIOVANNI TARELLO
"Debates doutrinais sobre o crime contra o Estado no Ancien Régime"
ARNO DAL RI Jr.
"Notas sobre o direito penal político na Itália entre séculos XIX e XX"
FLORIANA COLAO
"Regimes jurídicos de exceção e sistema penal: mudanças de paradigma entre Idade Moderna e Contemporânea"
MASSIMO MECCARELLI
"Teoria da legislação e direito penal em Jeremy Bentham: a questão dos destinatários"
RICARDO SONTAG
"Justiça negociada, justiça hegemônica. Reflexões sobre uma nova fase dos estudos
de história da justiça criminal"
MARIO SBRICCOLI
"Francesco Carrara e o Problema da Codificação do Direito"
PAOLO CAPPELLINI
"O direito penal e o seu ensino (c. 1800-c. 1910)"
ANTÓNIO MANUEL HESPANHA
"A construção da dogmática penal entre o final do século XIX e início do século XX"
VERA REGINA PEREIRA DE ANDRADE
Programação completa:
9h: Abertura; 9h30: “História do direito de correção na América portuguesa”, Luís Fernando Pereira (UFPR); 10h: “História do direito de correção dos escravizados”, Ricardo Sontag (UFMG); 10h30: “História do direito de correção dos menores”, Alan Wruck Rangel (IEB-USP); 11h: “História do direito de correção nas relações conjugais”, Yves Jeanclos (Universidade de Estrasburgo, França). Debates com Monica Duarte Dantas (IEB-USP).
Organisation : Alexandre Frambéry-Iacobone et Marine Vetter, équipe CAHD de l'IRM,
université de Bordeaux vendredi 21 janvier 2022 9h00-18h00 (UTC/GMT+1h
Link para o texto: https://www.em.com.br/opiniao/2024/11/6997767-o-acoite-contemporaneo.html
Link para a notícia sobre o caso que deu ensejo ao texto: https://www.em.com.br/policia-prende-suspeito-de-chicotear-morador-de-rua.html