Protestantismo no Brasil
O protestantismo chegou ao Brasil no período colonial com as tentativas francesas e holandesas de se firmarem no país. Consolidou-se a partir da abertura dos portos, embora o catolicismo continuasse oficial durante boa parte do século XIX. Desde a separação Estado e religião com a República, o protestantismo floresceu, sendo hoje o segundo maior segmento religioso do Brasil.
Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 havia cerca de 42,3 milhões de fiéis no país, o que representava 22,2% da população brasileira.[1] O Pew Research Center publicou também um estudo realizado entre 2013 e 2014 em que os protestantes já representavam 26% da população brasileira[2] e, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Datafolha, no fim de 2014 os protestantes já seriam 29% da população do país, mostrando um rápido crescimento do grupo religioso no país, parte de uma mais ampla ascensão das igrejas evangélicas na América Latina.[3] E segundo o Latinobarómetro, em 2017, 27% da população brasileira era protestante.[4] Segundo projeções de vários pesquisadores, incluindo o IBGE, o Brasil será de maioria protestante em 2032.[5]
Demografia
[editar | editar código-fonte]Está em curso uma Transição Religiosa no Brasil que se manifesta em 4 aspectos: Declínio absoluto e relativo das filiações católicas; Aumento acelerado das filiações evangélicas e protestantes (com diversificação das denominações e aumento dos não institucionalizados); Crescimento lento do percentual das religiões não cristãs; Aumento absoluto e relativo das pessoas que se declaram sem religião.[6]
Segundo o censo de 2010 feito pelo IBGE essa é a ordem de denominações protestantes por membros[7]:
- Igreja Evangélica Assembleia de Deus (12.314.410 membros)
- Igreja Batista (3.723.853 membros)
- Igreja Congregação Cristã do Brasil (2.289.634 membros)
- Igreja Universal do Reino de Deus (1.873.243 membros)
- Igreja do Evangelho Quadrangular (1.808.389 membros)
- Igreja Adventista do Sétimo Dia (1.561.071 membros)
- Igreja Evangélica Luterana (999.489 membros)
- Igreja Evangélica Presbiteriana (921.209 membros)
- Igreja Pentecostal Deus é Amor (845.383 membros)
- Igreja Cristã Maranata (356.021 membros)
- Igreja Evangélica Metodista (340.938 membros)
- Igreja o Brasil para Cristo (196.665 membros)
- Igreja Evangélica Casa da Benção (125.550 membros)
- Igreja Evangélica Congregacional (109.591 membros)
- Igreja Cristã Nova Vida (90.568 membros)
Apesar da Igreja Universal do Reino de Deus e mais algumas igrejas neopentecostais serem consideradas seitas por grande parte dos protestantes (por infringirem algumas das Cinco Solas), ela foi colocada como igreja de origem pentecostal pelo IBGE.
Entre as maiores denominações protestantes históricas do Brasil em número de adeptos estão os batistas (3,7 milhões), os adventistas (1,5 milhão), os presbiterianos (0,9milhão),[8] luteranos (1 milhão) e metodistas (340 mil).
Entre os pentecostais e os neopentecostais, os grupos com o maior número de seguidores são a Assembleia de Deus (12,3 milhões), a Congregação Cristã no Brasil (2,3 milhões), a Igreja Universal do Reino de Deus (1,8 milhão) e a Igreja do Evangelho Quadrangular (1,8 milhão).[9] O segmento religioso cristão protestante apresentou um forte crescimento no país nos últimos anos, aumentando o seu número de seguidores em 61% no período compreendido entre 2000 e 2010.[10]
Os dados do Censo 2010 mostram que as religiões evangélicas de origem pentecostal são as que têm a maior proporção de fieis com renda per capita inferior a um salário mínimo: 63,7% do total. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) também mostram diferenças entre as áreas rurais e urbanas do país. Nas zonas rurais, 77,9% são católicos e 10,1% são evangélicos de origem pentecostal, enquanto nas zonas urbanas esses percentuais são de 62,2% e 13,9%, respectivamente. Na média do país, 64,6% se declararam católicos e 12,2%, evangélicos pentecostais.[11]
As igrejas que mais cresceram no período de 2000-2010 foram as igrejas pentecostais, dentre elas a Assembleias de Deus, igreja evangélica/protestante que mais cresceu, passando de 8,4 milhões para 12,3 milhões de fiéis.[12][13]
No mesmo período a Igreja Universal do Reino de Deus passou de 2,102 milhões para 1,873 milhão.[14][15] Já a Igreja Mundial do Poder de Deus ganhou 315 mil seguidores e apareceu pela primeira vez na lista de igrejas do Censo. A congregação foi fundada no final da década de 1990 por Valdemiro Santiago, após ele deixar a Igreja Universal, onde era pastor. [12] [16][17]
A Congregação Cristã no Brasil também sofreu queda no número de membros,[18] somente no estado de São Paulo perdeu 27% o membros em 10 anos.[19]
A Igreja Presbiteriana do Brasil tem mostrado crescimento no período de 2010-2015.[20] Em 2011 a igreja relatou 1.011.300 membros,[21] número 9,7% maior do que o obtido no censo de 2010.[22] Algumas instituições da igreja, criticam a exaltação dos números de crescimento do protestantismo no Brasil, por motivo de que este deveria mudar mais significativamente os hábitos e comportamentos de seus membros.[23]
Um pesquisa realizada em toda a América Latina, divulgada em 2014 relatou que o número de protestantes no Brasil já chegava a 26% da população brasileira, enquanto os católicos estariam em 61%.[24]
Segundo pesquisa de 2014, 54% dos evangélicos no Brasil foram criados no catolicismo, mas abandonaram a religião por alguma razão.[25]
Maioria religiosa
[editar | editar código-fonte]Embora nenhuma das unidades federativas no Brasil tenha uma maioria protestante, em muitos municípios brasileiros os protestantes tiveram um papel significativo na fundação e desenvolvimento da cidade, como cidades de imigração alemã[26] e fundadas por missões presbiterianas.[27] Em outras o crescimento da religião fez com que o Protestantismo se tornasse majoritário no município. Segundo projeções de vários pesquisadores, incluindo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil se tornará de maioria protestante em 2032.[5]
Segundo o Censo do IBGE em 2010 o Protestantismo foi a maior religião nas seguintes cidades:
- Alto Caparaó (Minas Gerais)[28]
- Cristianópolis (Goiás)[29]
- Guaraíta (Goiás)[30]
- Palestina de Goiás (Goiás)[31]
- Belford Roxo (Rio de Janeiro)[32]
- Nova Iguaçu (Rio de Janeiro)[33]
- Silva Jardim (Rio de Janeiro)[34]
- Seropédica (Rio de Janeiro)[35]
- Cajati (São Paulo)[36]
- Arroio do Padre (Rio Grande do Sul)[37]
- São Lourenço do Sul (Rio Grande do Sul)[38]
- Itapuã do Oeste (Rondônia)[39]
- Caroebe (Roraima)[40]
- Laranja da Terra (Espírito Santo)[41]
- Santa Maria de Jetibá (Espírito Santo)[42]
História
[editar | editar código-fonte]Período colonial
[editar | editar código-fonte]No ano de 1532, chegou, ao Brasil, o primeiro protestante: o luterano Heliodoro Heoboano, filho de um amigo de Lutero, que aportou em São Vicente.[43]
O protestantismo calvinista chegou ao Brasil pela primeira vez com viajantes e nas tentativas de colonização do Brasil por huguenotes (nome dado aos reformados franceses) e reformados holandeses e flamengos durante o período colonial. Esta tentativa não deixou frutos persistentes. Uma missão francesa enviada por João Calvino se estabeleceu, em 1557, numa das ilhas da baía de Guanabara, fundando a França Antártica. No mesmo ano, esses calvinistas franceses realizaram o primeiro culto protestante no Brasil e, de acordo com alguns, da própria América. Mas, pela predominância católica, foram obrigados a defender sua fé ante as autoridades, elaborando a Confissão de Fé de Guanabara, assinando, com isso, sua sentença de morte, pondo um fim no movimento. Inclusive, o padre José de Anchieta é acusado de ter puxado a alavanca de enforcamento de um dos reverendos mortos.[44]
Por volta de 1630, durante o domínio holandês em Pernambuco, a Igreja Reformada Neerlandesa (em holandês: Nederlandse Hervormde Kerk, ou NHK) instalou-se no Brasil. Foram fundadas 22 igrejas protestantes no Nordeste do Brasil, sendo que a maior era a do Recife, que contava inclusive com uma congregação inglesa e uma francesa. Esta se reunia no templo Gálico, que tinha, no conde Maurício de Nassau, seu membro mais ilustre. Segundo o professor Alderi Souza de Matos, "as igrejas foram servidas por mais de 50 pastores ('predicantes'), além de pregadores auxiliares ('proponentes') e outros oficiais. Havia também muitos 'consoladores dos enfermos' e professores de escolas paroquiais".[45] A Igreja Cristã Reformada batizou indígenas, lutou por sua libertação e pretendia traduzir a Bíblia para o tupi e ordenar pastores indígenas. Esse período se encerrou com a Guerra da Restauração portuguesa. Quando não houve mais condições de manter Recife, o Nordeste foi devolvido a Portugal. Terminava, assim, a missão cristã reformada, impossível sem a proteção de um país protestante.[46] Um grupo de indígenas potiguara seguiu resistindo e praticando a fé reformada até 1692, movimento que a historiadora cearense Jaquelini de Souza chama de Igreja Reformada Potiguara.[47]
Brasil monárquico
[editar | editar código-fonte]No período joanino e imperial ocorreu a inserção definitiva do protestantismo no Brasil. Nessa fase, predominou o protestantismo de imigração[48] e o início de atividades missionárias, principalmente de organizações britânicas, americanas e germânicas.[49] Entretanto, o protestantismo dessa época viu-se limitado pela constituição imperial de 1824 que, apesar de dar liberdade de culto, reconhecia o catolicismo como oficial.[50] Dessa forma, as perseguições veladas ou consentidas pelo Estado tornaram difícil o enraizamento do protestantismo ao largo da sociedade brasileira do século XIX.[51]
As primeiras igrejas com atividade contínua chegaram ao Brasil quando, com a vinda da família real portuguesa para o Brasil e a abertura dos portos a nações amigas por meio do Tratado de Comércio e Navegação. Em 1811, comerciantes ingleses estabeleceram a Igreja Anglicana no país. Seguiu-se a implantação de outras igrejas protestantes de imigrantes, principalmente a Igreja Luterana, trazida por imigrantes alemães a partir de 1824.
A primeira comunidade luterana foi a de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro organizada em 1824 por Friedrich Osvald Sauerbronn, o primeiro pastor luterano no Brasil. O luteranismo se estabeleceu e expandiu em solo brasileiro através da Imigração alemã no Brasil. No Rio Grande do Sul o primeiro pastor luterano Georg Ehlers chegou com a terceira leva de imigrantes a São Leopoldo também em 1824. Mas tais igrejas protestantes eram restritas às comunidades de imigrantes.
Na segunda metade do século XIX o protestantismo norte-americano começou a enviar missionários para a América Latina, envolvidos com a crença do destino manifesto[52].
Em 1835, o reverendo Foutain Elliot Pitts foi enviado pela Igreja Metodista Episcopal, dos Estados Unidos, com a missão de avaliar as possibilidades do estabelecimento de uma missão metodista nas terras brasileiras.[53] Chegando ao país com uma carta de recomendação do então presidente americano Andrew Jackson, o rev. Pitts desembarcou no Rio de Janeiro. Mais tarde em 1836 e 1837, foram enviados o rev. Justin Spaulding e rev Daniel Parish Kidder, com suas respectivas famílias, para compor a missão. Mas essa primeira tentativa não teve continuidade[54]
Em 1855, Robert R. Kalley, médico e missionário escocês, chegou ao Rio de Janeiro e, em 1858, fundou a Igreja Evangélica Fluminense, a mais antiga igreja protestante com ofícios religiosos em língua portuguesa. Essa congregação não tinha filiação direta com nenhuma denominação protestante, sendo, atualmente, uma Igreja Congregacional.[55]
Em 1859, o missionário Ashbel Green Simonton, da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, chegou ao Brasil e:
- em janeiro de 1862, fundou a primeira Igreja Presbiteriana no Rio de Janeiro;
- em 1864, fundou o jornal Imprensa Evangélica; e
- em 1867, organizou o primeiro seminário teológico protestante, no Rio de Janeiro.
O ex-padre José Manoel da Conceição (1822-1873) converteu-se ao protestantismo, tornando-se presbiteriano, e foi o primeiro brasileiro a ser ordenado ministro protestante, em 17 de dezembro de 1865.
Em meados de 1859, o pastor batista Thomas Jefferson Bowen e sua esposa, instalaram-se no Rio de Janeiro e deram início ao trabalho missionário, mas essa primeira missão batista duraria pouco tempo, sendo interrompida com a volta dos missionários.
Em agosto de 1867, pouco após a Guerra da Secessão, o reverendo Junius E. Newman, da Igreja Metodista Episcopal do Sul dos Estados Unidos, chegou ao Brasil e organizou a primeira congregação metodista em Saltinho, próximo a Santa Bárbara d'Oeste (São Paulo), junto aos imigrantes oriundos do sul dos Estados Unidos que ali se instalaram. Além de Newman, outros missionários metodistas foram enviados ao Brasil, nos anos seguintes.
Em 1871, A exemplo dos metodistas e presbiterianos que organizaram congregações junto aos sulistas norte-americanos radicados em Santa Bárbara, os batistas fundaram duas congregações de imigrantes: a de Santa Bárbara d'Oeste e outra em um local chamado Station, uma estação da estrada de ferro.
Em março de 1881, foram enviados ao Brasil, os missionários batistas William Buck Bagby, sua esposa Anne Luther Bagby, Zachery Clay Taylor e sua esposa Kate Grawfort Taylor. Em fevereiro de 1882, os casais Bagby e Taylor, em companhia do ex-padre Antonio Teixeira de Albuquerque, integrado à Igreja Batista em Santa Bárbara d'Oeste, transferiram-se para a Bahia. [56] Em 1907 fundava-se a Convenção Batista Brasileira.[57]
A Igreja Adventista chegou por intermédio de publicações alemãs enviadas para Brusque em Santa Catarina, tendo o porto de Itajaí como porta de entrada, isso em 1884, nessa época surgiram os primeiros conversos. Em maio de 1893, Alberto B. Stauffer chegou ao Brasil como missionário e introduziu a colportagem no país. Em 1896 organiza-se o primeiro templo adventista em Gaspar Alto. Também em 1896, foi fundada, em Curitiba, a primeira Escola Adventista no país.
Brasil republicano
[editar | editar código-fonte]O protestantismo no Brasil republicano caracterizou-se pela intensificação de atividades missionárias estrangeiras, a nacionalização de denominações históricas e a propalação do pentecostalismo. Nessa fase, o país passou a gozar liberdade religiosa constitucional, com separação entre estado e religião, o que permitiu o avanço do protestantismo no Brasil.[58]
Em 1910, o Brasil recebeu o pentecostalismo, com a chegada da Congregação Cristã no Brasil [59] e da Assembleia de Deus. Esta, em particular, foi trazida ao Brasil por dois missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, e estabeleceu-se inicialmente no norte, no Pará.[60]
Também no início do século XX se estabeleceram no Brasil denominações evangelicalistas e do Movimento de Santidade.[61] Em 1922, chegou ao país o Exército de Salvação, igreja reformada de origem inglesa, pelas mãos de David Miche e esposa, um casal de missionários suíços. Em 1928, chegou ao Brasil a igreja Metodista Livre, desenvolvendo seu trabalho entre japoneses, como também fez a Igreja Evangélica Holiness.[62]
Em 1932, alguns ministros brasileiros da Assembleia de Deus devolveram voluntariamente suas credenciais de obreiros e organizaram Igreja de Cristo no Brasil em Mossoró.
Nos anos 1950, surgiu uma nova onda do pentecostalismo, com a influência de movimentos de cura divina e expulsão de demônios que geraram diferentes denominações: A primeira delas a ser fundada em solo brasileiro foi a Igreja do Evangelho Quadrangular (inicialmente fundada com o nome Igreja Evangélica do Brasil) em 15 de novembro de 1951, na cidade paulista de São João da Boa Vista, trazida pelos missionários Harold Edwin Williams e Jesus Hermírio Vaquez Ramos, que se instalaram inicialmente na cidade mineira de Poços de Caldas. Por influência desta, muitas outras surgiram tais como: Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo fundada pelo já falecido missionário Manoel de Mello, que pertenceu ao ministério Quadrangular. Em 1962 surgiu a Igreja Pentecostal Deus é Amor, fundada pelo missionário David Miranda.[63]
Também nesta época várias igrejas protestantes que eram tradicionais adicionaram o fervor pentecostal, como exemplos, a Igreja Presbiteriana Renovada, a Igreja Cristã Maranata, a Convenção Batista Nacional. A Igreja Cristã Maranata foi fundada em outubro de 1968 no morro do Jaburuna em Vila Velha, Espírito Santo por quatro antigos membros da Igreja Presbiteriana do Centro de Vila Velha.[63]
Cooperação entre denominações protestantes
[editar | editar código-fonte]Em 1890, surgiram os primeiros esforços relevantes de cooperação interdenominacional:
- em São Paulo, alguns presbiterianos lideraram a formação de uma sociedade evangélica para a criação de um hospital não denominacional;
- um grupo de protestantes fundou a Liga Evangélica, cujo objetivo era proteger os direitos religiosos dos protestantes, assegurados pela Constituição republicana, mas frequentemente ameaçados.
Em 1902, foi fundada a Aliança Evangélica de São Paulo, presidida pelo missionário metodista norte-americano Hugh T. Tucker, essa aliança tinha o objetivo de promover a cooperação e o testemunho cristãos entre as igrejas evangélicas brasileiras para a evangelização.
Em 1911, foi fundada a União de Escolas Dominicais do Brasil, que, em 1928, passaria a ser denominada como: "Conselho Evangélico de Educação Religiosa".
Em 1913, quinze igrejas fundaram a Aliança das Igrejas Evangélicas Interdenominacionais.
Em 1916, foi realizado um Congresso no Panamá que reuniu 481 delegados, dentre eles o presbiteriano brasileiro Erasmo Braga, representando várias denominações protestantes do continente americano, como desdobramento desse Congresso, Erasmo Braga organizou, no Rio de Janeiro, uma Conferência Regional de evangélicos, para discutir um plano geral para o protestantismo brasileiro. A agenda daquela conferência incluiu:
- a organização de escolas protestantes;
- apoio financeiro para as igrejas nacionais;
- a criação de uma universidade que alcançasse as classes mais educadas;
- a criação de um seminário não-denominacional, o Seminário Unido;
- a criação de um Comitê de Cooperação Brasileiro, no estilo do Comitê de Cooperação Latino-americano (CCLA)[52].
Em 1916, foi fundada a Comissão Brasileira de Cooperação e o Centro Brasileiro de Publicidade.
Em 1922, foi fundada a Revista "Cultura Religiosa", que circulou até 1926.
Em 1926, foi fundada a União de Estudantes para o Trabalho de Cristo (UTEC), que, em 1940, passou a se denominar como União Cristã de Estudantes do Brasil (UCEB), que, em 1942, tornou-se, oficialmente, filiada à Federação Mundial de Estudantes Cristãos.
Em 1935, foi fundada a Revista "Sacra Lux", que circulou até 1939.
Em 1929, foi fundada a Revista "Lucerna", que circulou até 1930.
Em 1931, foi fundada a Federação das Igrejas Evangélicas do Brasil.
Em 1934, foi fundada a Confederação Evangélica do Brasil (CEB) a partir da fusão de três organizações interdenominacionais protestantes:
- a “Comissão Brasileira de Cooperação”;
- a “Federação de Igrejas Evangélicas do Brasil”; e
- o “Conselho Evangélico de Educação Religiosa no Brasil”[64].
Em 1955, surgiu no interior da CEB a Comissão "Igreja e Sociedade”, possivelmente por influência das igrejas luterana e metodista, que eram filiadas ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e que portanto tinham compromisso com a agenda da referida entidade. Dentre as pessoas que atuaram nessa comissão, destaca-se o teólogo e missionário norte-americano Richard Shaull.
Em 1955, a referida Comissão organizou, na cidade de São Paulo, a “I Reunião de Estudos sobre a responsabilidade social da Igreja”, que contou com a participação de dezenove pastores e vinte e um leigos protestantes.
Também em 1955, a referida Comissão passou a se denominar como: “Setor de Responsabilidade Social da Igreja”, tendo como secretário executivo Waldo Cesar.
Muitos dos integrantes desse setor da CEB desejavam assumir uma posição político-social mais consistente, que incluísse um “compromisso efetivo com a sociedade” para além do “assistencialismo junto aos pobres”.
Em 1962, o “Setor de Responsabilidade Social da Igreja” organizou uma Conferência no Recife que contou com palestrantes tais como: Gilberto Freyre, Celso Furtado, Paul Singer, Juarez Brandão Lopes, dentre outros.
Após o Golpe Militar de 1964, os setores mais progressistas são excluídos da CEB e, em 1965, fundam o Centro Evangélico de Informações (CEI), com o apoio do "Igreja e Sociedade na América Latina" (ISAL) e do Conselho Mundial de Igrejas[65].
Pentecostalismo e neopentecostalismo
[editar | editar código-fonte]Em 1910, o Brasil recebeu o pentecostalismo, com a chegada da Congregação Cristã no Brasil (1910) e da Assembleia de Deus (1911). A partir de 1950, o pentecostalismo transformou-se com a influência de movimentos de cura divina que geraram diferentes denominações, tais como a Igreja "O Brasil Para Cristo" e a Igreja do Evangelho Quadrangular. Nessa época, algumas denominações protestantes que eram tradicionais adicionaram o fervor pentecostal, como exemplo, a Convenção Batista Nacional e as igrejas Presbiteriana Renovada e Igreja Cristã Maranata, ambas surgidas a partir de dissidências da Igreja Presbiteriana do Brasil.[carece de fontes] Na década de 1970, surgiu o movimento neopentecostal, com igrejas mais secularizadas, padrões morais menos rígidos e ênfase na teologia da prosperidade, sendo a mais notável a Igreja Universal do Reino de Deus. Durante a década de 1980, surgiram igrejas neopentecostais com foco nas classes média e alta, trazendo um discurso ainda mais liberal quanto aos costumes e menos ênfase nas manifestações pentecostais. Dentre essas igrejas se destacam a Igreja Renascer em Cristo e a Igreja Evangélica Cristo Vive.[carece de fontes]
Expansão evangélica
[editar | editar código-fonte]Nos últimos trinta anos, o protestantismo tem se expandido de forma destacada no país, sendo o segmento religioso com maior índice de crescimento.[66]
Há diversas explicações para o crescimento protestante no Brasil nas últimas décadas. Entre os motivos estão, por exemplo, as migrações internas. No país, as religiões evangélicas tendem a crescer nas regiões de expansão da fronteira agrícola e nas favelas e municípios de regiões metropolitanas. Nessas áreas, muitos moradores são migrantes de outras partes do país. Como são zonas de ocupação recente, verifica-se a ausência tanto do Estado quanto da Igreja Católica — que não tem agilidade para deslocar padres e paróquias. Por sua vez, as igrejas evangélicas são mais ágeis e acabam suprindo essa ausência. Já regiões que não recebem migrantes, onde a população já está estabelecida, ou no interior rural, a tendência é as pessoas continuarem seguindo a mesma religião com a qual cresceram.[67] Outra explicação é o maior proselitismo religioso: o evangelismo está presente na mídia, na televisão e rádios, além dos próprios meios de comunicação que as igrejas adquirem, comprando espaços em televisões abertas.[68]
No Brasil, as religiões evangélicas crescem em detrimento do catolicismo. Em 1872, 99,71% dos brasileiros eram católicos; 95% em 1940; 83,34% em 1991; 73,89% em 2000; 68,43% em 2009. Ao mesmo tempo, cresceu no país o número de evangélicos, de pessoas sem religião e de seguidores de outras crenças.[69]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de denominações protestantes no Brasil
- Cronologia das igrejas protestantes no Brasil
- Catolicismo no Brasil
- Calvinismo no Brasil
- Religião no Brasil
- Protestantismo em Portugal
- Controvérsias no protestantismo
Referências
- ↑ a b «Tabela do Censo Religioso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística» (PDF). Consultado em 16 Mar. 2017
- ↑ «Relatório do Pew Research Center sobre Religião na América Latina». Consultado em 16 Mar. 2017
- ↑ «Instituto de Pesquisa Datafolha sobre evangélicos no Brasil». Consultado em 16 Mar. 2017
- ↑ «Latinobarómetro:Religião na América Latina em 2017» (PDF). Consultado em 16 Mar. 2017
- ↑ a b Bruno Caniato (14 de maio de 2024). «Três fatores que explicam o fenômeno do 'boom' evangélico no Brasil». Veja. Consultado em 22 de agosto de 2016
- ↑ Nogueira, Kiko (5 de janeiro de 2018). «Transição religiosa: Estudo aponta cidades em que evangélicos já superaram católicos no Brasil». Diário do Centro do Mundo. Consultado em 9 de julho de 2023
- ↑ Quintslr, Marcia Maria Melo. «Censo Demográfico de 2010». IBGE. Censo Demográfico de 2010: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_deficiencia.pdf
- ↑ Estatísticas 2011
- ↑ IBGE. Tabela 1.4.1 - População residente, por situação do domicílio e sexo, segundo os grupos de religião - Brasil - 2010.
- ↑ Número de evangélicos aumenta 61% em 10 anos, aponta IBGE. G1. 29 de junho de 2012. Acessado em 29 de junho de 2012.
- ↑ O Diário, ed. (29 de junho de 2012). «Pobres são maioria entre evangélicos». Consultado em 29 de janeiro de 2013
- ↑ a b Censo: Igreja Universal perde adeptos, e Poder de Deus ganha
- ↑ https://noticias.gospelmais.com.br/assembleia-deus-denominacao-mais-cresce-brasil-38378.html
- ↑ https://www.igrejapresbiterianarenovada.com/noticias/censo-mostra-que-igreja-universal-perdeu-fieis-enquanto-a-igreja-mundial-ganha-cada-vez-mais-espaco/
- ↑ https://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,igreja-universal-perde-quase-230-mil-fieis-em-dez-anos,893365
- ↑ https://noticias.gospelmais.com.br/igreja-universal-perdendo-fieis-clones-42113.html
- ↑ https://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120629_uruguai_igreja_dg.shtml
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- ↑ https://oulorivallanforumeir.77forum.com/t4702-congregacao-crista-perde-27-dos-fieis-em-sao-paulo
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- ↑ https://www.iparacaju.org/2013/09/06/crescimento-evangelico-no-brasil-verdadeiro-ou-falso/
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- ↑ Nordeste e Sul são últimos 'bastiões' católicos do Brasil
- ↑ Crise na Igreja Católica brasileira é uma das razões da diminuição de fiéis, explica sociólogo
- ↑ Erro de citação: Etiqueta
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Breve História do Protestantismo no Brasil no site oficial do Instituto Presbiteriano Mackenzie (em português)
- Protestantismo no Brasil no site oficial da Revista da USP (em português)
- História do Protestantismo no Brasil (em português brasileiro)