Pietro Ottoboni (cardeal)
Pietro Ottoboni (Veneza, 2 de julho de 1667 - Roma, 29 de fevereiro de 1740) foi um cardeal e mecenas italiano. É especialmente relembrado como um generoso e importante patrono da música e arte da sua época. Ottoboni foi o último homem a deter o ofício curial de cardeal-sobrinho, que seria abolido pelo sucessor do seu tio Alexandre VIII, o Papa Inocêncio XII, em 1692. Ottoboni "amava a pompa, o desperdício, e o prazer sensual, mas era simultaneamente gentil, pronto a servir e caridoso".[3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Era sobrinho do papa Alexandre VIII (que também se chamava Pietro Ottoboni) e foi elevado ao cardinalato com o título de cardeal-presbítero de São Lourenço em Dâmaso imediatamente depois de ter recebido as ordens menores em 1689. Rapidamente foi nomeado Secretário de Estado e governador de Fermo, Tivoli e Capranica. Em seguida destacou-se no ambiente romano pela sua munificência e pelo mecenato de artistas, poetas e músicos. Membro da Academia da Arcádia, Ottoboni atraiu à sua pequena corte - situada no Palácio da Chancelaria -, compositores importantíssimos, como Arcangelo Corelli, Alessandro Scarlatti e Georg Friedrich Haendel.[1]
Passou para a ordem dos cardeais-bispos, assumindo a sé suburbicária de Sabina, sendo consagrado em 4 de fevereiro de 1725, em Roma, pelo Papa Bento XIII, assistido pelos cardeais Fabrizio Paolucci e Francesco Barberini, júnior. O seu regresso a Veneza em 1726 foi celebrado triunfalmente com festejos e concertos musicais, entre os quais destaca-se uma colecção de árias a que se chamou L'Andromeda liberata, uma das quais foi escrita por Antonio Vivaldi.[1]
Nas artes figurativas, preocupou-se com o sepulcro do seu tio, Alexandre VIII, na Basílica de São Pedro, no Vaticano (1695-1725) e encarregou a Filippo Juvarra o teatro (hoje perdido) do Palácio da Chancelaria.[1]
Pietro Ottoboni também foi responsável pela onda de neovenezianismo que caracterizou a pintura romana em finais do século XVII e inícios do XVIII: trabalharam para ele Francesco Trevisani e Sebastiano Ricci. Encarregou em 1712 a importantíssima série dos Sete Sacramentos ao bolonhês Giuseppe Maria Crespi (actualmente exposta em Dresden). Outro artista ao seu serviço foi Sebastiano Conca.[1]
Além de Filippo Juvarra, o cardeal Ottoboni tinha na sua dependência outros arquitectos de qualidade como Ludovico Rusconi Sassi, Giovanni Battista Vaccarini, Pietro Passalaqua e Domenico Gregorini. No entanto, a sua crónica carência de fundos impediu-o de fazer obras importantes na basílica da qual, como cardeal, era titular, a de San Lorenzo in Damaso.[1]
Em 1735 doou a sua colecção de antiguidades aos Museus Capitolinos de Roma.[1]
Pietro Ottoboni foi também bispo de Frascati, Porto e Santa Rufina e Óstia-Velletri, quando se tornou deão do Colégio dos Cardeais, além de arcipreste das basílicas romanas de São João de Latrão e Santa Maria Maggiore. Promoveu a sepultura dos restos mortais do compositor Arcangelo Corelli no Panteão de Roma. Pietro Metastasio foi seu afilhado.[1]
Faleceu em 29 de fevereiro de 1740, em Roma, durante a Sede Vacante. Na tarde do mesmo dia, foi transferido para a igreja de San Lorenzo in Damaso, onde o funeral ocorreu, e enterrado na capela do Santíssimo Sacramento, que ele havia construído para si mesmo naquela igreja. Por fim, teve um dos mais longos cardinalatos da história, com mais de 50 anos de Colégio Cardinalício.[2]
Conclaves
[editar | editar código-fonte]- Conclave de 1691 - participou da eleição do Papa Inocêncio XII[2]
- Conclave de 1700 - participou da eleição do Papa Clemente XI[2]
- Conclave de 1721 - participou da eleição do Papa Inocêncio XIII[2]
- Conclave de 1724 - participou da eleição do Papa Bento XIII[2]
- Conclave de 1730 - participou da eleição do Papa Clemente XII[2]
- Conclave de 1740 - participou como deão da eleição do Papa Bento XIV[2]
Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- A. Schiavo, Il teatro e le altre opere del cardinale Ottoboni, em "Strenna dei romanisti", XXXVII (1974), pp. 344–352.
- Mercedes Viale Fererro, Filippo Juvarra scenografo e architetto teatrale, Turim, 1970
- Francis Haskell, Mecenati e pittori, Turim, 2000
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «The Cardinals of the Holy Roman Church» (em inglês). www2.fiu.edu
- «Catholic Hierarchy» (em inglês). www.catholic-hierarchy.org
- «GCatholic» (em inglês). www.gcatholic.org
Precedido por: Lorenzo Raggi |
Cardeal-presbítero de São Lourenço em Dâmaso 1689 — 1740 |
Sucedido por: Tommaso Ruffo |
Precedido por: Francesco Barberini, sênior |
Vice-Chanceler da Santa Igreja Romana 1689 — 1740 | |
Precedido por Francesco Acquaviva d'Aragona |
Cardeal-bispo de Sabina 1725 — 1730 |
Sucedido por Annibale Albani |
Precedido por Benedetto Pamphili, O.E.S.S.H. |
Arcipreste da Basílica de São João de Latrão 1730 — 1740 |
Sucedido por Neri Maria Corsini |
Precedido por Lodovico Pico della Mirandola |
Arcipreste da Basílica de Santa Maria Maior 1730 — 1740 |
Sucedido por Emmanuele de Gregorio |
Precedido por Lorenzo Corsini |
Cardeal-bispo de Frascati 1730 — 1734 |
Sucedido por Pier Marcellino Corradini |
Precedido por Francesco Pignatelli |
Cardeal-bispo de Porto e Santa Rufina 1734 — 1738 |
Sucedido por Tommaso Ruffo |
Precedido por: Francesco Barberini, júnior |
Cardeal-bispo de Óstia-Velletri |
Sucedido por: Tommaso Ruffo |
Deão do Sacro Colégio Cardinalíco 1738 — 1740
|
- Nascidos em 1667
- Mortos em 1740
- Naturais de Veneza
- Nobres da Itália
- Cardeais da Itália
- Cardeais-sobrinhos
- Cardeais nomeados pelo papa Alexandre VIII
- Oficiais da Cúria Romana
- Bispos nomeados pelo Papa Bento XIII
- Cardeais-bispos de Sabina-Poggio Mirteto
- Cardeais-bispos de Frascati
- Cardeais-bispos de Porto-Santa Rufina
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- Decanos do colégio dos cardeais
- Mecenas da Itália
- Bispos do século XVIII
- Italianos do século XVII
- Italianos do século XVIII