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Jabuti

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Jabuti (desambiguação).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaJabuti
Jabuti adulto
Jabuti adulto
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Testudinata
Família: Testudinidae
Género: Chelonoidis
Espécie: C. carbonaria
C. denticulata

Jabuti, jaboti[1] (do tupi iawotí)[2] ou jabutim é a designação vulgar, utilizada no Brasil, para duas espécies de répteis providos de carapaça, exclusivamente terrestres, nativos da América do Sul[3], do gênero Chelonoidis, da ordem dos quelônios, da família dos testudinídeos. As duas espécies de jabuti distribuídas no Brasil são a Chelonoidis carbonaria (jabuti-piranga, o mais comum) e a Chelonoidis denticulata (jabuti-tinga). A fêmea dos jabutis é chamada jabota.[4] Seus parentes mais próximos (inclusive pertencentes ao mesmo gênero Chelonoidis) são a Tartaruga do Chaco (Chelonoidis chilensis, as vezes é referida como Jabuti-argentino pelos brasileiros) e a Tartaruga-das-galápagos (Chelonoidis nigra)

Hábitat e distribuição

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São encontradas duas espécies de jabuti no Brasil, com ampla distribuição:

Característica

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São animais que possuem casco convexo — carapaça bem arqueada — e pernas grossas e adaptadas à vida terrestre. A carapaça é uma estrutura óssea formada pelas vértebras do tórax e pelas costelas. Funciona como uma caixa protetora na qual o animal se recolhe quando molestado. É revestido por escudos (placas) córneas. Os jabutis podem chegar aos 70 cm de comprimento aos 80 anos. Sua expectativa de vida é de 80 anos, porém, havendo registros de animais alcançando 100 anos.[7]

A carapaça do jabuti é preta e possui um padrão em polígonos de centro amarelo e com desenhos em relevo. A cabeça e as patas retráteis são de um tom de preto fosco, com manchas vermelhas, ou amarelas, a depender da espécie. O plastrão é reto ou convexo nas fêmeas e côncavo nos machos, justamente para encaixarem nas fêmeas por ocasião da cópula.

Hábitos e alimentação

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Possuem hábitos diurnos e gregários (vivem em bandos) e passam o tempo em busca de alimento, podendo percorrer grandes distâncias. Eles são onívoros, e uma alimentação equilibrada deve ter folhas e legumes; frutas e proteína animal.[8] Em cativeiro os Jabutis podem ter sua dieta complementada por 50% de ração canina de boa qualidade.[9] A ração pode ser umedecida com água para amolecer, o que é importante na alimentação de filhotes. O restante da dieta deve conter frutos variados (uvas, bananas, pera e maçã) e verduras (couve e almeirão)[9] Também pode ser oferecido, ocasionalmente, carne moída crua e ovos cozidos. Por outro lado, nunca oferecer leite ou derivados, que não são digeridos pelo animal. É importante também um suprimento de cálcio, que pode ser fornecido pela farinha de osso.[9] Os jabutis não possuem dentes. No lugar deles há uma placa óssea que funciona como uma lâmina. Os jabutis podem virar caso tentem cruzar algum obstáculo e é comum os machos virarem durante a cópula. Nesse caso, sem ter como se desvirar, o animal pode morrer.[10] Os jabutis precisam de água fresca para viver, e não apenas a água dos alimentos. Por serem exclusivamente terrestres, e sem capacidade de nadar, a morte por afogamento infelizmente é muito comum.[11]

Possuem o hábito da coprofagia, o que faz deles animais com grande probabilidade de contrair patógenos de outros vertebrados, como os de cães, gatos e até humanos.[12][13]

Legislação brasileira

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O jabuti é considerado pela legislação como um animal silvestre, por isso para tê-lo em domicílio, segundo a legislação brasileira, é preciso que seja oriundo de um criadouro e registrado junto ao órgão ambiental.[14][15] Até 2011 esse registro era realizado pelo IBAMA. Atualmente os órgãos estaduais de Meio Ambiente é que detêm a competência de registro dos criadouros comerciais de fauna silvestre.

Apesar da proibição, o jabuti é tradicionalmente criado como animal de estimação em diversas partes do país.[16]

Aspectos culturais

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Na cultura indígena brasileira, o jabuti é o herói invencível em diversas narrativas.[17][18]

Premiação literária

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O Prêmio Jabuti é considerado o mais importante prêmio literário do Brasil.[19]

Provérbios e ditos

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No Brasil, há alguns provérbios populares acerca da figura do jabuti. Entre eles:

  • "Jabuti não pega ema".[20]
  • "Jabuti não sobe em árvore".[21]
  • "Jabuti quando tem pressa, aprende a voar".[22]

Na agricultura, na Região Nordeste do Brasil, jabuti é um dispositivo tosco usado para descaroçar algodão.[23]

No processo legislativo brasileiro, jabuti designa a inserção de norma alheia ao tema principal em um projeto de lei ou medida provisória enviada ao Legislativo pelo Executivo. Este termo surgiu por analogia ao ditado popular “jabuti não sobe em árvore” usado para expressar fatos que não acontecem de forma natural.[24][25][26]

Referências

  1. Dicionário Michaelis. «Jabuti». Consultado em 7 de junho de 2016 
  2. «Jaboti». Michaelis On-Line. Consultado em 11 de junho de 2016 
  3. «Chelonoidis carbonaria (Red-footed Tortoise)». Animal Diversity Web. Consultado em 11 de janeiro de 2017 
  4. «Jabota : Significado de "jabota " no Dicionário Português Online: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa - Michaelis - UOL». michaelis.uol.com.br. Consultado em 11 de junho de 2016 
  5. «Jabuti Piranga - Chelonoidis carbonaria / carbonarius - Jabuti - Tartarugas AVPH». www.tartarugas.avph.com.br. Consultado em 11 de janeiro de 2017 
  6. «Jabuti Tinga - Chelonoidis denticulata / denticulatus - Tartarugas AVPH». www.tartarugas.avph.com.br. Consultado em 11 de janeiro de 2017 
  7. Universal (7 de novembro de 2007). «Bicho da semana: jabuti Que tal criar um réptil que pode viver por 100 anos?». Consultado em 8 de junho de 2016 
  8. «Cuidando Bem do Jabuti, parte 2». www.vidadejabuti.com. Consultado em 12 de janeiro de 2017 
  9. a b c Flosi, Francis Magno (2001). Manejo e enfermidades de quelônios brasileiros no cativeiro doméstico. SP: Continuous Educaton Journal - CRMV/SP - Volume 4, Fasclculo 2. pp. 65–72. Consultado em 24 de abril de 2017 
  10. «A tartaruga consegue se desvirar?». Terra 
  11. «Cuidando Bem do Jabuti, parte 1». www.vidadejabuti.com. Consultado em 12 de janeiro de 2017 
  12. DOS SANTOS, G. J.; PEREIRA, R. E. P. “Levantamento de Aspergillus fumigatus e Strongyloides sp. em Jabutis Mantidos Em Cativeiro No Bosque Municipal Dr. Belírio Guimarães Brandão- Zoologico Municipal Da Cidade De Garça – SP” Revista Científica Eletrônica De Medicina Veterinária. Ano IX. Número 16. Janeiro de 2011. Periódico Semestral. Garça/SP: Editora FAEF – ISSN: 1679-7353
  13. FERRAZ, Renato Ribeiro Nogueira; CORREIO, João Victor Fornari; RODRIGUES, Francisco Sandro Menezes; ERRANTE, Paolo Rugrero;BARNABÉ, Anderson Sena. “Levantamento De Enteroparasitas De Jabutis (família Testudinidae) Da Fundação Parque Zoológico De São Paulo”. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa. Vol. 11 Nº 24 Ano 2014. ISSN 2318-2083 (eletrônico). Obtida em: https://revista.lusiada.br/portal/index.php/ruep Visitado em: 12 de Outubro de 2015.
  14. www.bolsademulher.com (8 de junho de 2016). «Como comprar um jabuti de forma legalizada» 
  15. Fazeta Online (9 de agosto de 2013). «Comerciante se emociona ao entregar jabuti de estimação de mais de 23 anos à Polícia Ambiental em Alegre». Consultado em 8 de junho de 2016 
  16. Ecoloja. «Jabuti, Cágado ou Tartaruga?». Consultado em 8 de junho de 2016 
  17. Cascudo, Luís da Câmara (2000). Dicionário do folclore brasileiro 10 ed. São Paulo: Ediouro. p. 466. 930 páginas. ISBN 8500800070 
  18. Hartt, Charles Frederick (1952). Os Mitos amazônicos da tartaruga. Tradução e Notas de Luis da Camara Cascudo. Recife: Secretaria do Interior e Justiça. 69 páginas 
  19. G1. «Prêmio Jabuti divulga a lista dos vencedores de 2015». Consultado em 8 de junho de 2016 
  20. proverbios-populares.com. «Jabuti não pega ema». Consultado em 8 de maio de 2016 
  21. Míriam Leitão, para o G1. «Tem jabuti nessa árvore». Consultado em 8 de maio de 2016 
  22. editora Opção. «A sabedoria das frases universais». Consultado em 8 de maio de 2016 
  23. Houaiss, Antônio; Villar, Mauro de Salles; Franco, Francisco Manoel de Mello (2009). Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. 1986 páginas 
  24. Mandel, Gabriel (9 de outubro de 2013). «Jabuti na árvore: Câmara rejeita proposta para acabar com exame de Ordem». Consultor Jurídico. Consultado em 29 de maio de 2015 
  25. «Renan propõe extinguir 'jabutis' de medidas provisórias». Portal O Senado. Senado Federal. 28 de maio de 2015. Consultado em 29 de maio de 2015 
  26. OAB (22 de outubro de 2015). «Emenda "jabuti" é inconstitucional, decide STF». Consultado em 8 de maio de 2016