Hosni Mubarak
Hosni Mubarak محمد حسنى سيد مبارك | |
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4.º Presidente do Egito | |
Período | 14 de outubro de 1981 a 11 de fevereiro de 2011 |
Vice-presidente | Omar Suleiman |
Antecessor(a) | Anwar Al Sadat |
Sucessor(a) | Mohamed Morsi |
Primeiro-ministro do Egito | |
Período | 7 de outubro de 1981 a 2 de janeiro de 1982 |
Antecessor(a) | Anwar Al Sadat |
Sucessor(a) | Ahmad Fuad Mohieddin |
Vice-presidente do Egito | |
Período | 16 de abril de 1975 a 14 de outubro de 1981 |
Antecessor(a) | Hussein el-Shafei |
Sucessor(a) | Omar Suleiman |
Secretário-geral do Movimento Não-Alinhado | |
Período | 16 de julho de 2009 a 11 de fevereiro de 2011 |
Antecessor(a) | Anwar Al Sadat |
Sucessor(a) | Mohamed Hussein Tantawi |
Dados pessoais | |
Nascimento | 4 de maio de 1928 Kafr-El Meselha, Monufia, Reino do Egito |
Morte | 25 de fevereiro de 2020 (91 anos) Cairo, Egito |
Alma mater | Academia Militar Egípcia |
Cônjuge | Suzanne Mubarak |
Filhos(as) | Alaa Mubarak Gamal Mubarak |
Partido | Partido Nacional Democrático |
Religião | Sunismo |
Profissão | Militar |
Assinatura |
Muhammad Hosni Said Mubarak, em árabe محمد حسنى سيد مبارك GColIH (Monufia, 4 de maio de 1928 – Cairo, 25 de fevereiro de 2020) foi um militar e político egípcio, presidente da República Árabe do Egito de 1981 até 2011.
A partir de sua ascensão na Força Aérea egípcia, tornou-se vice-presidente em 1975; sucedeu Anwar Al Sadat, depois que este foi assassinado, em 6 de outubro de 1981. Assumiu o poder de seu país, em 14 de outubro de 1981. Era considerado um dos mais poderosos chefes de estado do Oriente Médio. Devido a sua posição neutra no conflito árabe-israelita, mediou diferentes negociações entre as duas partes.
Nos últimos dias de seu governo, foi alvo de críticas e de protestos por parte da população egípcia, que pedia sua renúncia, que acabou ocorrendo[1] em 11 de fevereiro de 2011.[2]
Foi condenado a prisão perpétua pela morte de 239 manifestantes nos protestos que o derrubaram em 2011.[3] Foi absolvido por estas mortes em 29 de novembro de 2014, tendo sido hospitalizado no mesmo período por problemas de saúde.[4] Em 9 de maio de 2015, foi condenado a três anos de prisão, dessa vez por corrupção.[5]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Trajetória
[editar | editar código-fonte]Quando jovem, formou-se pela Academia Militar, em 1949, e pela Academia da Força Aérea Egípcia, em 1950. Assumiu posições de comando na Força Aérea, entre 1966 e 1969. Em 1972, o presidente Anwar el-Sadat nomeou-o comandante-chefe daquele ramo das Forças Armadas. O seu desempenho na guerra de Yom Kippur, com Israel, em 1973, valeu-lhe a promoção a marechal, que lhe foi concedida em 1974.[6][7][8][9]
Em 1975, Sadat nomeou-o para o cargo de seu vice-presidente. Nos anos que se seguiram, Mubarak esteve envolvido em importantes negociações diplomáticas com outros países do Oriente Médio. Foi o principal mediador na disputa do território do Saara Ocidental, entre Marrocos, Argélia e Mauritânia.[6][7][8][9]
Após o assassinato de Sadat, tornou-se presidente do Egito, em 1981, sendo reeleito por quatro vezes: em 1987, 1993, 1995 e 1999. Renunciou à Presidência, em fevereiro de 2011, após quase trinta anos no poder, em meio a sérios distúrbios populares.[6][7][8][9]
Seu governo foi marcado por progressos nas relações com os países árabes e pelo arrefecimento das relações com Israel, especialmente após a invasão israelense do Líbano, em 1982. Mubarak reafirmou o tratado de paz com Israel, em 1979, ao abrigo dos acordos de Camp David, e cultivou boas relações com os Estados Unidos. Durante a Guerra do Golfo, posicionou-se ao lado dos EUA, contra as intenções expansionistas do Iraque de Saddam Hussein e, durante a Guerra do Iraque, criticou a intervenção, em 2002, afirmando que "Tememos um estado de desordem e caos prevaleça na região".[10] Desempenhou também um papel importante na mediação do acordo entre Israel e a Organização de Libertação da Palestina, assinado em 1993.[6][7][8][9]
Em 2004, Mubarak afirmou, em entrevista ao Le Monde, que considera existir um "ódio sem precedentes" contra os Estados Unidos nos países árabes (entre os quais se inclui o Egito), motivado pela proteção econômica e militar concedida pelo governo norte-americano a Israel.
Foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal a 19 de Agosto de 1983.[11]
Fortuna
[editar | editar código-fonte]Segundo fontes da imprensa mundial, a família de Hosni Mubarak tem uma fortuna espalhada pelo mundo, que segundo a ABC News, rede norte-americana de TV, gira entre 50 000 e 70 000 milhões de dólares. O presidente teria construído sua fortuna a partir de contratos das Forças Armadas, na época em que ele era oficial da Aeronáutica. Quando se tornou chefe de governo, em 1981, começou a diversificar o patrimônio. “As pessoas já o consideram abertamente um líder corrupto”, disse Amaney Jamal, professora de ciência política na Universidade de Princeton. De acordo com o The Guardian, jornal de Londres, Mubarak e a família têm capitais em bancos britânicos e suíços, e fortes investimentos imobiliários em grandes metrópoles como Londres, Nova Iorque e Los Angeles, além de áreas junto ao Mar Vermelho.[6][7][8][9]
A população jovem se revoltou depois de conviver por anos em alta taxa de desemprego e situação de pobreza enquanto o Presidente Mubarak acumula riquezas absurdas à custa de corrupção e impunidade nos desvios de recursos públicos.[6][7][8][9]
Os investimentos que fez ao longo de 30 anos no poder foram, na sua maioria, aplicados no estrangeiro; o jornal Al Khabar referia, no ano passado, os exemplos de Manhattan e Beverly Hills, nos dois extremos dos Estados Unidos.[12]
Protestos em janeiro de 2011 e derrocada
[editar | editar código-fonte]Em janeiro de 2011, estimulados pela queda do chefe do governo autoritário da Tunísia Zine El Abidine Ben Ali, centenas de milhares de egípcios iniciaram protestos exigindo a renúncia de Mubarak ao redor do país, principalmente nas cidades do Cairo, Alexandria e Suez. Em 1 de fevereiro de 2011, mais de um milhão de pessoas — segundo a rede de televisão Al Jazeera — tomam a praça Tahrir, no Cairo, na maior demonstração contra Mubarak até então. Protestos maciços também ocorreram em outras cidades do Egito, como Alexandria e Suez, no mesmo dia em que Mubarak declarou que deixaria o cargo após eleições previstas para o mês de setembro do mesmo ano, onde afirmou que não as disputaria.[2]
Em 11 de fevereiro de 2011, Mubarak renunciou juntamente com seu vice e o poder repassado para um Conselho Militar.[2]
Julgamentos, prisão e liberação
[editar | editar código-fonte]Após deixar o poder em 2011, Mubarak, que aparentava estar doente e internado num hospital no Egito, compareceu a todas as sessões do julgamento, depois de sofrer um ataque cardíaco, durante os interrogatórios judiciais. Foi julgado e condenado à prisão perpétua por crimes de guerra e contra a humanidade.[13] Mubarak foi sentenciado pela morte de 850 manifestantes da revolução egípcia de 2011.[2][14]
Em novembro de 2014, o Tribunal Penal de Cairo também cancelou as acusações de corrupção de Mubarak.[15][16]
Em 13 de janeiro de 2015, o Tribunal de Cassação do Egito derrubou a última condenação remanescente contra ele e ordenou um novo julgamento.[17] Um novo julgamento sobre acusações de corrupção levou a uma condenação e a uma sentença de três anos de prisão em maio de 2015 para Mubarak, com penas de quatro anos para seus filhos Gamal e Alaa. Não ficou claro se a sentença levaria em conta o tempo já cumprido, visto que Mubarak e seus filhos já haviam passado mais de três anos de prisão e, por isso, em tese, não teriam que passar mais tempo na cadeia.[18] Partidários de Mubarak vaiaram a decisão, quando ela foi anunciada em um tribunal do Cairo, a 9 de maio.[19][20] A sentença também incluiu uma multa de 16,3 milhões de dólares e exigiu o retorno de 2,7 milhões de dólares desviados. Esses valores haviam sido previamente pagos depois do primeiro julgamento.[19]
Em 2 de março de 2017, Mubarak foi absolvido da acusação de provocar a morte de manifestantes em 2011.[21] Em 24 de março, foi libertado,[22] após completar sua última sentença de seis anos de prisão, em um hospital militar.[23]
Últimos anos, morte e sepultamento
[editar | editar código-fonte]Em setembro de 2018, uma foto de Mubarak, na qual o ex-presidente aparece bastante debilitado, é publicada nas redes sociais.[24]
Hosni Mubarak faleceu em 25 de fevereiro de 2020, aos 91 anos, no hospital militar Galaa, no Cairo. Segundo a televisão estatal do país, Mubarak faleceu devido a complicações ocorridas após uma cirurgia, que não foi especificada.[25]
O desaparecimento do "último raïs destituído", como Le Monde se referiu a ele, teve destaque na imprensa mundial. No Egito, a notícia teve maior cobertura da mídia do que a morte de Mohamed Morsi, em junho de 2019, e teve alguma repercussão nos meios políticos. A presidência publicou um comunicado, lembrando o papel militar de Mubarak, nas guerras dos Seis Dias e do Yom Kippur. Sua corrupção também foi evocada pela imprensa, embora o regime de Abdul Fatah Khalil Al-Sisi seja considerado tão autoritário, corrupto e militarizado quanto o de Hosni Mubarak.[26][27][28] De todo modo, Mubarak foi sepultado com honras de chefe de Estado, com a presença do Marechal Sissi. A cerimônia foi realizada na Mesquita Marechal - Tantawi,[29] em 27 de fevereiro, e o ex-presidente foi sepultado no mausoléu da família, em Heliópolis (Cairo).[30]
Referências
- ↑ «Mubarak renuncia à Presidência do Egito e entrega o poder ao Exército». Crise no Egito. G1. 11 de fevereiro de 2011
- ↑ a b c d Agência de notícias (11 de fevereiro de 2011). «Após 30 anos no poder, ditador Hosni Mubarak renuncia no Egito». www1.folha.uol.com.br. Folha de S. Paulo. Consultado em 3 de junho de 2012
- ↑ «Hosni Mubarak condenado a prisão perpétua». Jornal de Notícias. 2 de junho de 2012
- ↑ «Ex-ditador egípcio Hosni Mubarak é inocentado por mortes em 2011». Jornal Nacional. G1. 29 de novembro de 2014
- ↑ «Mubarak condenado a três anos de prisão por corrupção». Expresso. 9 de maio de 2015
- ↑ a b c d e f Arafat, Alaa Al-Din. Hosni Mubarak and the future of democracy in Egypt (Springer, 2011).
- ↑ a b c d e f Amin, Galal (1 de abril de 2011). Egypt in the Era of Hosni Mubarak (em inglês). [S.l.]: American University in Cairo Press
- ↑ a b c d e f «Timeline: Hosni Mubarak, Egypt's President for Three Decades, Resigns». PBS NewsHour (em inglês). 11 de fevereiro de 2011. Consultado em 25 de fevereiro de 2024
- ↑ a b c d e f Darraj, Susan Muaddi; Cox, Vicki (2007). Hosni Mubarak (em inglês). [S.l.]: Infobase Publishing
- ↑ Whitaker, Brian (3 de setembro de 2002). «Playing skittles with Saddam». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077
- ↑ «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Hosni Mubarak". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 11 de abril de 2016
- ↑ «Governo da Suíça manda congelar possíveis bens de Mubarak no país». Crise no Egito. G1. 11 de fevereiro de 2011
- ↑ «Hosni Mubarak: prisão perpétua após 30 anos de mão de ferro». UOL. 2 de junho de 2012. Consultado em 3 de junho de 2012
- ↑ «Ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, é condenado à prisão perpétua». Paraná-Online. 2 de junho de 2012. Consultado em 3 de junho de 2012
- ↑ «Hosni Mubarak: Egypt court drops charges over 2011 uprising deaths». BBC News (em inglês). 29 de novembro de 2014. Consultado em 29 de novembro de 2014
- ↑ Jason Hanna, Sarah Sirgany and Holly Yan (29 de novembro de 2014). «Egypt: Hosni Mubarak's charges for deaths dismissed». edition.cnn.com. CNN. Consultado em 29 de novembro de 2014
- ↑ «Egypt's high court overturns last conviction against Mubarak». Reuters (em inglês). 13 de janeiro de 2015. Consultado em 13 de janeiro de 2015
- ↑ «Hosni Mubarak and Sons Sentenced to 3 Years in Prison, Likely to Go Free». www.nbcnews.com (em inglês). NBC News. 20 de agosto de 2013. Consultado em 10 de maio de 2015
- ↑ a b Rohan, Brian (9 de maio de 2015). «Egyptian court sentences former president Hosni Mubarak and sons to three years in prison for corruption» (em inglês). National Post. Consultado em 9 de maio de 2015
- ↑ Malsin, Jared (9 de maio de 2015). «Egypt: Hosni Mubarak sentenced to three years in prison». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 9 de maio de 2015
- ↑ Printemps arabe en Égypte : Hosni Moubarak acquitté pour les meurtres de manifestants en 2011, france24.com.fr, 2 de março de 2017.
- ↑ «Égypte:L'ancien président Hosni Moubarak a été libéré». 20minutes.fr
- ↑ «Mohamed Morsi insulté jusqu'au bout». Le Temps}
- ↑ «Une photo de Hosni Moubarak provoque la fureur sur les réseaux sociaux». en.timesofisrael.com. 2 de setembro de 2018.
- ↑ «Hosni Mubarak, ex-ditador do Egito, morre aos 91 anos». noticias.uol.com.br. Consultado em 25 de fevereiro de 2020
- ↑ «L'ancien président égyptien Hosni Moubarak est mort» (em francês). Le Monde.fr. 25 de fevereiro de 2020
- ↑ «Égypte : l'hommage sans nostalgie de Sissi à Moubarak». Le Point.fr. 26 de fevereiro de 2020
- ↑ «O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak está morto». Le Figaro.fr. 25 de fevereiro de 2020
- ↑ «Egypte: Sissi rend hommage à Moubarak lors d'une cérémonie militaire». lepoint.fr. Le Point. 26 de fevereiro de 2020
- ↑ «Hosni Mubarak: Former Egyptian President dies aged 91» (em inglês). 25 de fevereiro de 2020. Consultado em 25 de fevereiro de 2024
Precedido por Anwar Al Sadat |
Presidente do Egito 14 de outubro de 1981 até 11 de fevereiro de 2011 |
Sucedido por Mohamed Morsi |
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Notícias e comentários recolhidos» (em inglês). na Al Jazeera English
- Nascidos em 1928
- Mortos em 2020
- Homens
- Presidentes do Egito
- Vice-presidentes do Egito
- Primeiros-ministros do Egito
- Militares do Egito
- Grandes-Colares da Ordem do Infante D. Henrique
- Políticos condenados por crimes
- Família Mubarak
- Grã-Cruzes da Ordem Nacional da Legião de Honra
- Secretários-gerais do Movimento dos Países Não Alinhados