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Guerra da Crimeia

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Guerra da Crimeia
guerras russo-turcas e guerras otomanas na Europa

Zuavos franceses e soldados russos enfrentam-se na torre Malakoff durante a Batalha de Sevastopol.
Data 16 de outubro de 185330 de março de 1856
Local Crimeia, Cáucaso, Balcãs, Mar Negro, Mar Báltico, Mar Branco, Extremo Oriente
Desfecho Vitória aliada, Tratado de Paris
Beligerantes
Império Otomano Império Otomano
Império Francês
Império Britânico
Itália Reino da Sardenha

Apoio:


Imamate do Cáucaso
Circássia
Principado da Abecásia
 Império Russo
Comandantes
Império Otomano Abdul Mejide I
Império Otomano Omar Paxá
Império Otomano İskender Paxá
Napoleão III
Jacques Leroy de Saint Arnaud
Maréchal Canrobert
Aimable Pélissier
François Achille Bazaine
Patrice de Mac-Mahon
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Rainha Vitória
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Conde de Aberdeen
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Lord Raglan
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Sir James Simpson
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Sir William Codrington
Itália Vítor Emanuel II
Itália Alfonso La Màrmora
Shamil
Sefer Bey Zanuko
Mikhail Shervashidze
Império Russo Nicolau I
Império Russo Alexandre II
Império Russo Píncipe Menshikov
Império Russo Pavel Nakhimov
Império Russo Vasily Zavoyko
Império Russo Nikolay Muravyov
Império Russo Yevfimy Putyatin
Império Russo Vladimir Istomin
Império Russo Conde Tolstoy
Forças
Total: 673 700
Império Otomano 165 000[1]
309 268[1]
107 864[1]
21 000[1]
889 000
Baixas
Total: 223 513 mortos

Império Otomano 45 400[1]
10 100 mortos em combate
10 800 mortos de ferimentos
24 500 mortos de doenças
135 485[1]
8 490 mortos em combate
11 750 mortos de ferimentos
75 375 mortos de doenças
39 870 feridos
40 462[1]
2 755 mortos em combate
1 847 mortos de ferimentos
17 580 mortos de doenças
18 280 feridos
2 166[1]
28 mortos em combate
2 138 mortos de doenças
Total: 450 015 mortos[1][2][3][4]

73 125 mortos em combate

80 000 feridos

A Guerra da Crimeia foi um conflito que se estendeu de 1853 a 1856, na península da Crimeia (no mar Negro), no sul da Rússia e nos Bálcãs. Envolveu, de um lado o Império Russo e, de outro, uma coligação integrada pelo Reino Unido, a França, o Reino da Sardenha — formando a Aliança Anglo-Franco-Sarda — e o Império Otomano (atual Turquia). Esta coligação, que contou ainda com o apoio do Império Austríaco, foi formada como reação às pretensões expansionistas da Rússia.

Nessa guerra, foi importante o papel da marinha de corso, pela França e Reino Unido.[5]

Desde o fim do século XVIII, os russos tentavam aumentar a sua influência na península dos Balcãs, região entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo muito em parte pelo enfraquecimento Otomano.

Em 1853, o czar Nicolau I se declarou o protetor dos Cristãos Ortodoxos e seus locais sagrados em Jerusalém, que faziam parte do Império Otomano. Como os Otomanos já tinham, anteriormente, dado aos franceses, sob a jurisdição dos franciscanos, a guarda pelos cristãos e por alguns locais sagrados, começou uma tensão entre russos e turcos.[6]

Sob esse pretexto, as suas tropas invadiram os principados otomanos do Rio Danúbio (Moldávia e Valáquia, na atual Romênia). O sultão otomano, contando com o apoio da Grã-Bretanha e da França, rejeitou as pretensões do czar, declarando guerra à Rússia. Mediante a declaração de guerra, a frota russa destruiu a frota turca na Batalha de Sinop.

O Reino Unido, sob a rainha Vitória, temia que uma possível queda da cidade de Constantinopla diante das tropas russas lhe pudesse retirar o controle estratégico dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, cortando-lhe as comunicações com a Índia. Por outro lado, Napoleão III de França mostrava-se ansioso para mostrar que era o legítimo sucessor de seu tio, Napoleão I. Mediante a derrota naval dos turcos, ambas declararam guerra à Rússia no ano seguinte, seguidos pelo Reino da Sardenha (governado por Vítor Emanuel II e o seu primeiro-ministro Cavour). Em troca, os turcos permitiriam a entrada de capitais ocidentais no Império.

O conflito iniciou-se efetivamente em março de 1854. Em agosto, os turcos, com o auxílio de seus aliados, já haviam expulsado os invasores dos Bálcãs. De forma a encerrar definitivamente o conflito, as frotas dos aliados convergiram sobre a península da Crimeia, desembarcando tropas a 16 de setembro de 1854, iniciando o bloqueio naval e o cerco terrestre à cidade portuária fortificada de Sebastopol, sede da frota russa no mar Negro. Embora a Rússia tenha sido vencida em batalhas como a de Balaclava e em Inkerman, o conflito arrastou-se com sua recusa em aceitar os termos de paz. Entre as principais batalhas desta fase da campanha registam-se:

Durante o cerco a Sebastopol, a doença cobrou um pesado tributo às tropas britânicas e francesas, tendo se destacado o heroico esforço de Florence Nightingale dirigindo o atendimento hospitalar de campanha. A praça-forte, em ruínas, só caiu um ano mais tarde, em setembro de 1855.

O Tratado de Paris

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Fronteiras do Império Otomano nos Balcãs. Depois do tratado de Paris de 1856 (linha azul clara); e
Depois do Tratado de Berlim de 1878 (linha vermelha).
Ver artigo principal: Tratado de Paris (1856)

A guerra terminou com a assinatura do tratado de Paris de 30 de março de 1856. Pelos seus termos, o novo czar, Alexandre II da Rússia, devolvia o sul da Bessarábia e a embocadura do rio Danúbio para o Império Otomano e para a Moldávia, renunciava a qualquer pretensão sobre os Balcãs e ficava proibido de manter bases ou forças navais no mar Negro.

Por outro lado, o Império Otomano, representado por Aali-pachà ou Meliemet Emin era admitido na comunidade das potências europeias, tendo o sultão se comprometido a tratar seus súditos cristãos de acordo com as leis europeias. A Valáquia e a Sérvia passaram a estar sob proteção internacional.

Enquanto isso, em Jerusalém, estabelecia-se o Status-quo que organiza a divisão de posses das Igrejas dentro da Cidade Santa.[6]

Novas hostilidades

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Na Conferência de Londres (1875), a Rússia obteve o direito de livre trânsito nos estreitos de Bósforo e Dardanelos. Em 1877, iniciou nova guerra contra a Turquia, invadindo os Bálcãs em consequência da repressão turca a revoltas de eslavos balcânicos. Diante da oposição das grandes potências, os russos recuaram outra vez. O Congresso de Berlim (1878), consagrou a independência dos Estados balcânicos e as perdas turcas da ilha de Chipre, para o Reino Unido, da Arménia e parte do território asiático para a Rússia e da Bósnia e Herzegovina para o Império Austro-Húngaro. Em 1895, o Reino Unido apresentou um plano de partilha da Turquia, rechaçado pela Alemanha, que preferia garantir para si concessões ferroviárias. Nos Bálcãs, no início do século XX, o crescente nacionalismo eslavo contra a presença turca levou a região à primeira das Guerras Balcânicas. Esta política russofóbica iria perdurar até a Entente anglo-russa de 1907 quando começa a emergir o Império Alemão na política europeia.[8]

Referências

  1. a b c d e f g h i Clodfelter 2017, p. 180.
  2. Figes 2012, p. 489.
  3. Mara Kozelsky, "The Crimean War, 1853–56." Kritika: Explorations in Russian and Eurasian History 13.4 (2012): 903–917 online.
  4. Zayonchkovski, Andrei Medardovich (2002). Восточная Война 1853–1856 [Eastern War 1853–1856] (em russo). Volume II part 2. Saint Petersburg, Russia: Полигон [Polygon]. ISBN 978-5-89173-158-5. OCLC 701418742. Consultado em 29 de janeiro de 2020 
  5. Vasconcellos, J.S. (1939). Princípios de defesa militar. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército 
  6. a b «Guerra da Crimeia, quando Jerusalém e Belém levaram a Europa à guerra». Israel em Casa. 31 de agosto de 2021. Consultado em 7 de janeiro de 2022 
  7. «Центральный военно-морской музей» (em russo). Consultado em 6 de maio de 2012 
  8. F. William Engdahl, A Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order, Londres, Pluto Press, 2004, pp. 29-30.
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  • Badem, Candan. The Ottoman Crimean War (1853–1856) (Leiden: Brill, 2010). 432 pp. ISBN 90-04-18205-5
  • Bridge and Bullen, The Great Powers and the European States System 1814–1914, (Pearson Education: London), 2005
  • Bamgart, Winfried The Crimean War, 1853–1856 (2002) Arnold Publishers ISBN 0-340-61465-X
  • Clodfelter, M. (2017). Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Encyclopedia of Casualty and Other Figures, 1492-2015 4th ed. Jefferson, North Carolina: McFarland. ISBN 978-0786474707 
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Historiografia e memórias

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Fontes contemporâneas

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Ligações externas

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