Batalha de Curuzu
Batalha de Curuzu | |||
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Guerra do Paraguai | |||
Data | 1° a 3 de setembro de 1866 | ||
Local | Curuzu, Paraguai | ||
Desfecho | Vitória da Tríplice Aliança. | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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A Batalha de Curuzu foi um conflito ocorrido entre os dias 1° e 3 de setembro de 1866, no contexto da Guerra do Paraguai. Após a primeira batalha de Tuiuti, vencida pelos aliados em 24 de Maio de 1866, o comandante Mitre aproveitou as reservas de dez mil homens trazidos por Manuel Marques de Sousa, Visconde de Porto Alegre e decidiu atacar as baterias do forte de Curuzu e do Forte de Curupaiti, que guarneciam a direita da posição de Humaitá, às margens do rio Paraguai. No dia 1º de setembro, as 7:30 da manhã a esquadra brasileira, com os encouraçados Bahia, Barroso, Lima Barros, Rio de Janeiro e Tamandaré na vanguarda, frente ao forte de Curuzu, mais a canhoeira Magé, frente à ilha do Palmar, junto com os navios de madeira Greenhalgh, Beberibe, Belmonte, Araguari, Ipiranga, Parnaíba e Ivaí. O tiroteio entre o forte e os navios durou 4 horas. Enquanto isso os navios de madeira desembarcavam 800 soldados no chaco, para destruírem a base de onde os paraguaios disparavam brulotes e torpedos contra os navios brasileiros. Com o cair da noite o bombardeiro foi suspenso.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Segundo o historiador, Francisco Doratioto, a Guerra do Paraguai se deu por conflitos que remetem às questões do Prata como, disputas entre facções locais (os federalistas e unitaristas na Argentina e blancos e colorados no Uruguai) , fronteiras entre os países e navegação pelos rios platinos.[1]
Em sua obra, Maldita Guerra, é possível perceber, de forma resumida, o que levou cada país a adentrar ao embate:
“ | A guerra era vista por diferentes ópticas: para Solano López era a oportunidade de colocar seu país como potência regional e ter acesso ao mar pelo porto de Montevidéu, graças a aliança com os blancos uruguaios e os federalistas argentinos, representados por Urquiza; para Bartolomeu Mitre era a forma de consolidar o Estado centralizado argentino, eliminando os apoios externos aos federalistas, proporcionado pelos blancos e por Solano López; para os blancos, o apoio militar paraguaio contra argentinos e brasileiros viabilizaria impedir que seus dois vizinhos continuassem a intervir no Uruguai; para o Império, a guerra contra o Paraguai não era esperada, nem desejada, mas, iniciada, pensou-se que a vitória brasileira seria rápida e poria fim ao litígio fronteiriço entre os dois países e às ameaças à livre navegação, e permitira depor Solano López.[1] | ” |
O episódio que marca o início do conflito foi apreensão do navio brasileiro, Marques de Olinda, que levava o presidente da província do Mato Grosso, Frederico Carneiro Campos, em portos paraguaios. A tripulação e todos os passageiros sucumbiram no país, devido ao mal tratamento na prisão para a qual foram levado. Outro evento que caracteriza o ponto de partida para a Guerra foi a invasão do Mato Grosso, resultando em um confronto que, ao todo, durou cinco anos e pode ser dividido em 5 fases: Ofensiva Paraguaia ( 1864-1865); Contra-ataque Aliado (1865-1866); Estagnação (1866-1868); Os Aliados retomam a ofensiva (1868-1869) e, por fim, Caça a Solano López (1869-1870). Foi durante a 2º fase que aconteceu a Batalha de Curuzu aconteceu entre 1° e 3 de setembro de 1866.[2][1]
A batalha
[editar | editar código-fonte]Após a primeira Batalha de Tuiuti, vencida pelos aliados em 24 de Maio de 1866, o comandante Mitre aproveitou as reservas de dez mil homens trazidos por Manuel Marques de Sousa, Visconde de Porto Alegre e decidiu atacar as baterias do Forte de Curuzu e do Forte de Curupaiti, que guarneciam a direita da posição de Humaitá, às margens do Rio Paraguai.[2]
O Forte de Curuzu, ficava a margem leste do Rio Paraguai,equipado com três baterias de canhão apontadas para o rio, uma trincheira com cerca de 900 metros de comprimento (sentido leste-oeste), além de um fosso frontal com dois metros de profundidade, por dois de altura e um parapeito de quatro metros abrigando cerca de 2.500 soldados paraguaios. O forte foi construído com a finalidade de cobrir Humaitá, local onde se encontrava o sistema defensivo de Solano López.[3]
No dia 1º de setembro, as 7:30 da manhã a esquadra brasileira, com os encouraçados Bahia, Barroso, Lima Barros, Rio de Janeiro e Tamandaré na vanguarda, frente ao Forte de Curuzu, mais a canhoeira Magé, frente à Ilha do Palmar, junto com os navios de madeira Greenhalgh, Beberibe, Belmonte, Araguari, Ipiranga, Parnaíba e Ivaí bombardeiam o adversário. O tiroteio entre o forte e os navios durou 4 horas. Enquanto isso os navios de madeira desembarcavam 800 soldados no chaco, para destruírem a base de onde os paraguaios disparavam brulotes e torpedos contra os navios brasileiros. Com o cair da noite o bombardeiro foi suspenso.[1][3]
Em 2 de setembro, a esquadra imperial bombardeou o forte. O Visconde de Porto Alegre havia trazido 8385 homens que desembarcaram a cerca de 4 quilômetros de Curuzu e avançaram até a posição tiroteando contra os guaranis. No mesmo dia, as 14 horas, o couraçado Rio de Janeiro foi atingido por torpedos na proa e popa, indo a pique, junto com seu comandante Américo Brasílio Silvado e mais de 50 combatentes. O couraçado foi o único navio que os Aliados perderam desta dessa maneira e também, o único destruído pelos guaranis em todo o confronto. Uma hora depois Porto Alegre havia já desembarcado e reunido mais de 8000 homens, entre infantes, cavalarianos, artilheiros e pontoneiros na Guardia del Palmar.Apesar de ter encontrado resistência, conseguiu repelir o inimigo e preparar para o dia seguinte o ataque terrestre.[1][3]
Em 3 de setembro, com a posição já enfraquecida pela marinha, o exército tomou o forte, comandado pelo coronel Jimenez. O ataque foi feito por uma carga frontal de infantaria armada com baionetas caladas em fuzis. Embora vitorioso, o assalto também foi custoso para os aliados, resultado na baixa de 830 homens, 10% do efetivo total, pois o ataque de 1º de setembro não destroçou a artilharia inimiga, tão pouco desalojou seus defensores de suas posições nas trincheiras. A esquadra aliada também flanqueou as extremidades do forte. Os defensores contavam com a vantagem das terras pantanosas e espinheiros ao redor do forte. O forte após preparação pela artilharia, foi conquistado, os paraguaios perseguidos até a proximidade de Curupaiti.[3][4]
Segundo o historiador, Doratioto, Solano López puniu os soldados do 10º batalhão, trazidos de Corumbá, no Mato Grosso, que fugiram de Curuzu a Curupaiti, ao invés de defender o território. O batalhão foi perfilado e, o décimo soldado de cada fileira era retirado e fuzilados. Quanto as oficiais, estes sortearam palhas e os que tirassem as mais curtas também foram mortos, os que tiravam as mais longas eram rebaixados a soldados.[1]
A tomada do Forte de Curuzu, marca uma mudança nos cursos da Guerra. Até o momento, a ofensiva era feita pelo exército paraguaio, e após a derrota nas batalhas de 1º e 3º de setembro, os aliados passaram a atacar, adentrando cada vez mais em território inimigo.[3]
Derrotas e consequências
[editar | editar código-fonte]Os aliados, ao perseguirem os exercito guarani até Curupaiti, constatou que nessa localidade não haviam trincheiras do lado esquerdo e poderia ser facilmente tomada. Porém, o comandante Manuel Marquês de Sousa, ordenou que suas tropas voltassem a Curuzu, e só atacassem quando os reforços de infantaria, já solicitados para a ação, chegassem. Essa pausa no ataque, permitiu aos paraguaios que ocupassem as matas, se fortificassem e se preparassem para serem atacados em Curupaiti.[5]
No dia 8 de setembro, os comandantes Mitre, Polidoro e Flores oficializaram o plano de ataque que já fora comunicado aos oficiais Porto Alegre e Tamandaré. Neste plano, o ataque seria realizado pelas tropas reforçadas que já se encontravam em Curuzu, com o apoio da esquadra, enquanto a cavalaria sob o comando de Flores atacaria á direita e o 1º Corpo do Exército, do general Polidoro, permaneceria na defensiva em Tuiuti.[5]
Antes do ataque que estava planejado para acontecer no dia 16 de setembro, Solano Lopez solicitou um encontro com os comandantes Aliados o que, somado a intempérie que durou dias e, apagou as trilhas de reconhecimento feitas pela Tríplice Aliança , permitiu que o exército guarani se armasse.[6]
Quando o ataque efetivamente acontece, em 22 de setembro de 1866, a artilharia da Esquadra Imperial se mostrou incapaz de neutralizar o entrincheiramento paraguaio, protegido vários metros acima das margens do rio, enquanto que a infantaria, por conta das chuvas recorrentes, teve seu caminho atrasado, além da perda de lugares para se esconder dando maior visibilidade de ataque a artilharia inimiga, resultando assim, na baixa de quase mil soldados aliados.[6]
Galeria de imagens
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Destruição do Encouraçado Rio de Janeiro por um torpedo.
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Passagem do Curuzu.
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Vista N/S do interior do Forte de Curuzú, em 20 de Setembro de 1866. Cándido López, óleo sobre tela, 0,485 m. x 0,152 m, Museo Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires. Argentina.
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Tomada da bateria de Curuzú (3 de setembro de 1866) pelo 2º corpo do Exército Brasileiro, sob as ordens do Visconde de Porto Alegre.
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Tomada das trincheiras de Curuzu pelo Segundo Corpo de Exército, sob o comando do Barão de Porto Alegre.
Leituras adicionais
[editar | editar código-fonte]- DONATO, Hernâni. Dicionário das batalhas brasileiras. 2a ed, IBRASA, 1996, ISBN 8534800340, ISBN 9788534800341, 593 pp.
- De Lima, Luiz Octavio. A Guerra do Paraguai. Editora Planeta, 1ª edição 2016.
- DORATIOTO, Francisco, Maldita Guerra, Companhia das Letras, 2002, pg.95 e 96
- DOURADO, Maria Teresa. Doentes e famintos: cotidiano de um soldado na Guerra do Paraguai (1864-1870)
- GONÇALVES, Leandro José. Tática do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai Entre 1866 e 1868
- GONÇALVES, Leandro José. Uma nova perspectiva tática para a Batalha de Curupaity
- Muñoz, Javier Romero (2011). The Guerra Grande: The War of the Triple Alliance, 1865-1870
Referências
- ↑ a b c d e f Doratioto, Francisco (2002). Maldita Guerra. [S.l.]: Companhia das Letras
- ↑ a b Donato, Hernâni. (1996). Dicionário das batalhas brasileiras. [S.l.: s.n.]
- ↑ a b c d e Tática do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai - Entre 1866 e 1868
- ↑ Doentes e famintos: cotidiano de um soldado na Guerra do Paraguai (1864-1870):
- ↑ a b De Lima,, Luiz Octavio. (2016). A Guerra do Paraguai. [S.l.]: Planeta
- ↑ a b Muñoz, Javier Romero (2001). The Guerra Grande: The War of the Triple Alliance, 1865-1870. [S.l.: s.n.]