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Para Além do Bem e do Mal

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Jenseits von Gut und Böse
Além do bem e do mal

Capa da edição original de Jenseits von Gut und Böse.
Autor(es) Alemanha Friedrich Nietzsche
Idioma Alemão
País  Alemanha
Lançamento 1886
Cronologia
Assim Falou Zaratustra
Genealogia da Moral

Jenseits von Gut und Böse. Vorspiel einer Philosophie der Zukunft (em português: Para além do bem e do mal. Prelúdio a uma filosofia do futuro), publicado em 1886, nasceu de reflexões e anotações de Friedrich Nietzsche, durante a composição de Assim Falou Zaratustra, e inicia uma nova fase literário-filosófica do autor, a sua fase de negação e destruição.

Além do Bem e do Mal foi escrito em um tom mais crítico e denso, contrastando com os seus livros anteriores, como "Humano, Demasiado Humano", "Aurora" e "A Gaia Ciência", os quais foram escritos em um tom de leveza e serenidade. Nietzsche considerava este livro, juntamente com "Assim Falava Zaratustra", o seu livro principal, abarcando uma maior multiplicidade de assuntos e reflexões. Assim definiu Nietzsche este livro a seu amigo Jacob Burckhardt: "Peço-lhe que leia este livro (se bem que ele diga as mesmas coisas que o meu Zaratustra, mas de uma forma diferente, muito diferente)…".

Este livro chamara a atenção de um famoso jornalista do jornal suíço "Bund", Widmann. Seguem os comentários desse jornalista sobre o livro: "Os 'sticks' de dinamite que foram usados para a construção da via-férrea de Gouthard ostentavam uma bandeira negra para anunciar um perigo de morte. É neste sentido muito preciso que nós falamos do novo livro do filósofo Nietzsche como sendo um livro perigoso. Mas este termo não contém a menor crítica ao autor e à sua obra, da mesma forma que essa bandeirola negra não estava lá para criticar o explosivo. Longe de nós ainda a ideia de entregar o pensador solitário aos corvos e rãs da pia batismal, atraindo atenção para o caráter perigoso do seu livro. A dinamite, espiritual como material, pode servir a uma obra muito útil. Não é preciso usá-la com fins criminosos. Mas onde for colocado o 'stick' é melhor dizer claramente: 'Aqui há dinamite!…' Nietzsche é o primeiro a conhecer um novo caminho, tão assustador que sentimos realmente medo quando o vemos seguir, solitário, essa senda até agora não trilhada!…" Widmann parecia saber exatamente quais palavras que mais lisonjeariam Nietzsche, que, naturalmente, rejubilou-se com o artigo.

O livro consiste em 296 seções numeradas e um "EPODE", intitulado "Das Montanhas Altas". Ele é dividido em 9 partes, as quais tratam de assuntos como: a influência dos preconceitos populares no trabalho do erudito e do filósofo; a conceituação nietzscheana de liberdade e espírito livre e sua expectativa sobre a filosofia do futuro; a essência do homini religiosi, suas diversas facetas e seu comportamento frente à ciência; análise da moral corrente; análise da filosofia e da ciência da época, e da mente do erudito europeu; um ensaio sobre a condição política da Europa, a qual se afogava nas rivalidades de suas maiores potências, crítica ao nacionalismo e ao anti-semitismo (em uma das sub-seções deste ensaio, Nietzsche toca, pela última vez, no "problema" da miscigenação entre as raças européias, mostrando expectativas vagas "na criação de uma nova raça que venha a governar a Europa" — esta "raça", como aponta o texto precedente, seria resultado do caldeamento das nobrezas européias e da raça judaica, a qual estendia mais e mais seu domínio econômico sobre a Europa); retratação do que Nietzsche chamava "moral aristocrática", suas nuances e seu contraste com a moral cristã, que foi tão atacada em vários dos seus escritos. No final do livro, há um poema por ele escrito, chamado "Das altas montanhas". Este poema é também traduzido como "Do Alto dos Montes", na tradução do livro por Antonio Carlos Braga.[1]

As seções são organizadas em nove partes

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  • Parte I: Dos preconceitos dos filósofos (Von den Vorurtheilen den Philosophen). (1. - 23.)
  • Parte II: O espírito livre (Der freie Geist). (24. - 44.)
  • Parte III: A essência/natureza religiosa (Das religiöse Wesen). (45. - 62)
  • Parte IV: Provérbios e interlúdios (Sprüche und Zwischenspiel). (63. - 185.)
  • Parte V: Pela história natural da moral (Zur Naturgeschichte der Moral). (186. - 203)
  • Parte VI: Nós, doutos (Wir Gelehrten). (204. - 213)
  • Parte VII: Nossas virtudes (Unsere Tugenden). (214. - 239.)
  • Parte VIII: Povos e pátrias (Völker und Vaterländer). (240. - 256.)
  • Parte IX: O que é aristocrático? (was ist vornehm?). (257. - 296.)

"Supondo que a verdade seja uma mulher"

I: Dos Preconceitos dos Filósofos

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§1. Vontade de verdade §2 §3 §4 §5. As trilhas ocultas da dialética §6. Filosofia enquanto a confissão pessoal de seu autor §7 §8 §9. Natureza: a própria indiferença como poder §10. Vontade de verdade §11 §12 §13 §14 §15 §16 §17 §18 §19. Moral: como teoria das relações de dominação sob as quais se origina o fenômeno vida §20 §21 §22 §23

II: O Espírito Livre

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§24 §25 §26 §27 §28 §29 §30 §31 §32. Os períodos da Moral §33 §34 §35 §36 §37 §38 §39 §40 §41 §42 §43 §44

III: A Natureza Religiosa

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IV: Máximas e Interlúdios

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V: Contribuição à História Natural da Moral

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VI: Nós, eruditos

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VII: Nossas Virtudes

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VIII: Povos e Pátrias

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IX: O que é nobre?

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Obras na mesma época

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No mesmo ano da publicação do livro, 1886, iniciara Nietzsche a composição de "Genealogia da Moral", a qual deveria ser uma continuação de Além do Bem e do Mal, de acordo com a intenção do autor. "Genealogia da Moral" é um dos mais incisivos livros da filosofia ocidental, o qual toca, com eloqüência e uma profundidade inquietante, o problema mostrado, de forma mais sucinta, no livro antecessor: a derrocada da moral cristã, precedida pela "morte" do Deus cristão, uma breve história da origem dos sentimentos disseminados pelos ideais ascéticos e uma ampla visão desses mesmos ideais. É reconhecido como o auge da psicologia social de Nietzsche.

Referências

  1. Nietzsche, Friedrich, Além do Bem e do Mal - Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 31. 3ª edição. Editora Escala, 2011. ISBN 85-7556-699-7
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