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terça-feira, 7 de janeiro de 2025

A imagem do dia


Lewis Hamilton faz hoje 40 anos. Não é inédito na história da Formula 1 - sequer no atual pelotão da competição - ter pilotos quarentões ao volante, a ganhar corridas e campeonatos. Recordo apenas três exemplos: Juan Manuel Fangio, Jack Brabham e Graham Hill. E o argentino foi campeão do mundo aos 46 anos, em 1957. 

O britânico chega ao clube dos 40 a enfrentar o maior desafio de sempre: Ferrari. E ele terá de mostrar que continuará a ser vencedor e terá estofo de campeão, num pelotão no qual alguns dos pilotos que competem tem idade para serem seus filhos. E, como sabem, nem é o mais velho do atual pelotão! 

É verdade que é dono de sete títulos mundiais, 105 vitórias, 104 poles, 202 pódios e outros tantos recordes, é Cavaleiro do Reino, mas tudo isso tem de ser nada, se quer evitar o destino de Sebastian Vettel e de Fernando Alonso, campeões do mundo noutras equipas, mas que falharam aquilo que a Scuderia não conquista desde 2007: o campeonato do mundo de pilotos. 

E também tem outro duelo: contra o seu companheiro de equipa. O monegasco Charles Leclerc foi criado na Scuderia e lá está desde 2019, e apesar de nunca ter tido uma chance real de conquistar o título, tem conseguido superar os seus companheiros de equipa, e estes nunca foram uns quaisquer. Afinal de contas, o primeiro que encarou foi Sebastian Vettel, e de uma certa forma, ganhou o duelo com Carlos Sainz Jr., embora alguns tenham dito, ao longo de 2024, que Maranello dispensou o piloto errado. 

O meu problema é que Hamilton parece ter sido superado por George Russell nos últimos anos de Mercedes. É verdade que isso começou a acontecer depois da ascensão da Red Bull e da chegada de George Russell à equipa, mas depois de ter ouvido que a Mercedes poderá ter armas para regressar ao topo da Formula 1, a partir de 2026, questiono-me se o britânico deu um passo em falso, ou foi para a Scuderia para ganhar um camião de dinheiro e garantir uma reforma dourada. E eu acho que muitos ainda não pensaram - ou não querem pensar - nessa hipótese. Não digo que tenha ido ali para isso, mas esse poderá ser "o seu plano B".

O seu plano B se o carro não for bom.

O seu plano B se Leclerc o superar na batalha interna.

O seu plano B se ele não alcançar o seu oitavo título.

E daquilo que eu presumo que seja o futuro, se calhar o ideal teria ter ficado na Mercedes e tentar ganhar o duelo interno com o George Russell. Mas são as escolhas dele e há que respeitá-las. Agora, o risco de ter um futuro semelhante ao de Michael Schumacher, quando regressou, em 2010, é bem real.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Noticias: Hamilton terá um longo programa de testes na Ferrari


Na véspera do seu 40º aniversário, a Ferrari anunciou ter preparado um extenso programa de testes para que Lewis Hamilton se adapte aos monolugares da Scuderia. Com as recentes alterações aos regulamentos dos testes privados, a equipa de Maranello está a fazer tudo para que a adaptação do heptacampeão do mundo aconteça da melhor forma possível. 

No total serão quatro dias e mil quilómetros, o máximo permitido para os carros a 2023, e o primeiro teste será entre os dias 20 e 21 de janeiro, em Fiorano, seguido de outra sessão em Barcelona. Ainda não foi escolhido que carro ele usará, se será o chassis SF-23 ou o F1-75 de 2022.

O diretor desportivo, Frederic Vasseur, está confiante na adaptação de Hamilton, realçando a sua experiência e preparação em simulador. Quanto à Scuderia, está neste momento a todo o vapor para a conclusão do seu chassis, cujo nome ainda não é conhecido, para a sua apresentação, a 19 de fevereiro, em Maranello, uma semana antes dos testes de pré-temporada, a 26 do mesmo mês. 

Hamilton, que vai para a sua 19ª temporada na categoria máxima do automobilismo, estreia-se na Ferrari depois de seis temporadas na McLaren (2007-12) e 12 na Mercedes (2013-2024), onde conseguiu seis dos sete títulos mundiais. 

sábado, 21 de dezembro de 2024

Noticias: Ferrari de 2025 será mais radical que o anterior


O chassis da Ferrari para 2025 será totalmente novo, disse o seu diretor desportivo. Segundo conta Frederic Vasseur, apesar da competição que tiveram na segunda fase do campeonato, lutando pelo título de Construtores com a McLaren, os responsáveis da formação de Maranello querem dar um passo em frente e estão a conceber e construir um carro completamente novo.

Apesar de Vasseur pouco ou nada ter dito sobre o que será o carro, os rumores apontam que  2025 terá um novo chassis e uma nova caixa de velocidades, ao passo que a suspensão anterior será ‘pull-rod’ ao invés do sistema ‘push-rod’ utilizado até agora pela equipa, ao contrário da Red Bull e McLaren. E tudo isto no ano em que terão Lewis Hamilton na equipa, ele que fará 40 anos dentro de algumas semanas. 

Estamos no quarto ano deste regulamento e conhecemos os nossos projectos anteriores. É por isso que o novo carro será completamente novo. Partilhará menos de um por cento com o seu antecessor”, afirmou Vasseur, o chefe de equipa da Ferrari.

O carro, cujo número ainda não se sabe, não será apresentado a 18 de fevereiro em Londres, na apresentação coletiva da Formula 1, para comemorar os 75 aos da competição. Ao contrário do que as outras equipas farão, irá ser mostrado ao mundo em Fiorano no dia 19 de Fevereiro, como tem sido habitual nos últimos anos.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Noticias: Ferrari anuncia parceria com a Cadillac


De uma certa maneira, era esperado, mas a Ferrari anunciou esta terça-feira que irá fornecer motores à Cadillac nas duas primeiras temporadas onde estará na Formula 1, ou seja, de 2026 a 2028. Para além disso, a equipa terá caixas de velocidades também da Ferrari, e o seu chassis será feito pela Dallara, onde basicamente será uma "Haas II", pelo menos, nestes primeiros anos na categoria máxima do automobilismo.

"[Anunciamos] um acordo plurianual a partir de 2026 com a Andretti Formula Racing LLC, referente ao fornecimento de unidades de potência e caixas de velocidades à equipa liderada pela TWG Global e General Motors, sujeito à Andretti Formula Racing LLC receber confirmação por escrito da FIA – F1 de que sua candidatura no Campeonato FIA de Fórmula 1 de 2026 foi aceite e aprovada", afirmou a Ferrari, no comunicado oficial.

Com isso, a Cadillac-Andretti será a terceira equipa do pelotão a usar os V6 turbohíbridos italianos, juntamente com a estrutura oficial e a Haas. Ela estará na Formula 1 a partir de 2026, depois da sua candidatura ter sido aprovada pelas restantes equipas no fim de semana do GP de Las Vegas.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Youtube Formula 1 Vídeo: Ecclestone e a sua coleção (que colocou à venda, parte II)

Como sabem, há uma semana, Bernie Ecclestone anunciou que iria colocar a sua coleção de 69 carros à venda, com a ajuda de Tom Hartley, que irá vender os carros um a um, a um preço que poderá ser superior a 600 milhões e euros - quanto mais tempo passa, mais isto parece ser mais lucrativo para os bolsos do "anãozinho" de 94 anos, que decidiu não esperar para morrer para colocar a sua coleção à venda. 

No meio disto tudo, ele sentou-se ao lado de Hartley para falar dos carros que tem, e neste episódio, fala dos Ferraris que acabou por colecionar ao longo dos anos. Desde o 375 que deu a vitória a Alberto Ascari no GP de Itália de 1951, aos carros que Niki Lauda usou no seu tempo na Scuderia, passando pelo carro de 2002, pertencente a Michael Schumacher.  

domingo, 8 de dezembro de 2024

Formula 1 2024 - Ronda 24, Abu Dhabi (Corrida)


E por fim, chegou-se à meta. 

Demorou muito tempo, estiveram em todos os continentes, exceto em África, mas depois de ter começado em março, em dezembro, a três semanas do Natal, chegou a Abu Dhabi para a bandeira de xadrez do campeonato. Altura de despedidas - Carlos Sainz Jr sai da Ferrari, Lewis Hamilton da Mercedes, (se calhar) Checo Pérez da Red Bull, e tantos, tantos outros.  

Ao contrário do que acontece em Losail, ali em Abu Dhabi, espera-se pelo por do sol para que os carros alinhem nas suas posições na grelha e esperem para que as luzes se apaguem pela última vez na temporada. Ou seja, com o sol no horizonte, as cortinas corriam numa das temporadas mais imprevisíveis desde 2021. Especialmente quando nada esperava isto, no inicio da temporada. 


Na partida, Norris largou bem e manteve o primeiro lugar na primeira curva, mas atrás... o Inferno quase gelou. Max queria tirar o segundo lugar de Oscar Piastri e tudo o que conseguiu foi tirá-lo da pista e ele acabou com um pião que assustou todo o pelotão. Ambos caíram para o fundo da grelha, mas nenhum deles acabou a sua corrida por ali. Aliás, a alguns, foi uma corrida de recuperação, especialmente para Charles Leclerc, que recuperou muitas posições, para chegar aos pontos o mais depressa possível. Afinal, um dos McLaren estava de fora, e ter os dois Ferrari nos pontos seria ótimo para as suas aspirações para o título. 

Max acabou com 10 segundos de penalização, por ter causado o acidente, e a perda de alguns pontos na super-licença. Mas isso não foi suficiente para que ele ficasse inibido destes gestos. Até afirmou que, se tirassem os outros pontos em 2025, que aproveitaria e tiraria uma licença paternal!  

Mas quem também ficou com danos, e de forma permanente, foi Sérgio Pérez, que se despistou na curva seis encostou o carro ainda na volta. Falar a expressão "final melancólico" começa a ser redundante...

Nessa altura, para piorar - um bocadinho - as coisas, Piastri, na sua tentativa de recuperação, acabou por bater na traseira do Williams de Franco Colapinto. Os comissários viram aquilo e ele acabou com 10 segundos de penalização. 


Claro, nas voltas seguintes, com Norris na frente de Sainz Jr em segundo quem era o terceiro classificado era Pierre Gasly. O piloto da Alpine aproveitou muito bem a situação e ficou nessa posição enquanto os outros recuperavam o tempo perdido. Mas até lá, tinha os seus 10 minutos de fama.

Na volta 21, Leclerc foi às boxes trocar de pneus, colocando duros para tentar chegar ao final da corrida, e parecendo que era isso que o resto do pelotão iria fazer. Nesta altura, ele já era quarto, e regressou à pista na oitava posição.  

As trocas continuavam, com Sainz Jr e Norris a trocar de pneumáticos nas voltas 26 e 27, respetivamente, mas o britânico manteve a vantagem sobre os Ferrari. Quase ao mesmo tempo, atrás, mais um final melancólico: a Williams pediu a Franco Colapinto para que fosse à box e parasse o carro de vex. Segunda desistência da corrida, segundo final melancólico da temporada. Sim, sim, já começa a não ser imaginativo... 


Na volta 31, mais sarilhos: Magnussen e Bottas tocam-se, depois do finlandês ter travado tarde demais para evitar a colisão. Com danos no seu lado direito, sem parte da asa dianteira e com um furo. Claro, com suspeita de danos no braço da suspensão, apesar do finlandês ter chegado às boxes, não saiu mais dali. Não era o final que Bottas queria para a sua longa carreira na Formula 1.  

Na volta 35 foi Hamilton a ir às boxes, naquela que era a sua última paragem para trocar de pneus na sua longa história pela Mercedes, e uma das últimas da temporada. Por esta altura, a noite tinha caído, e alguns pilotos continuavam a sua recuperação. Piastri queria chegar aos pontos e colaborar para o título de Construtores da McLaren, e Max queria passar o máxima do que podia, para chegar o mais alto possível. No final, o neerlandês chegou ao sexto posto, e Piastri conseguiu passar nas voltas finais o Williams de Alex Albon, não sem antes apanhar um susto quando ficou colado na sua traseira, saindo de pista. 

E na última volta, Hamilton passou Russell. Cortesia ou no braço?


Independentemente disto tudo, Norris fazia uma corrida sem mácula, e com isso, chegava à meta como vencedor, na frente dos Ferrari. Parecia que, só com ele, a McLaren tinha conseguido o tal título que procuravam. Mas quase no final, Piastri conseguiu um ponto, e isso, apesar de ser mínimo, confirmou o título que a equipa de Woking procurava desde... o século passado.  

No final, o fogo de artificio habitual do final do ano mostrara não só o final normal de uma temporada. E a ideia de que o final de algo raro tinha chegado. Espera-se que 2025 não seja não dominante como se teme, mas... espera-se que as pessoas não tenham saudades desta temporada.   

sábado, 7 de dezembro de 2024

Formula 1 2024 - Ronda 24, Abu Dhabi (Qualificação)


Normalmente, Abu Dhabi providencia um ambiente de final de esta para uma temporada que foi a mais longa da história da Formula 1, com 24 corridas. Com a Liberty Media a fazer com que a temporada agora dure tanto quanto a gestação de um bebé, ou seja, nove meses, e claro, ao fim de algum tempo, as pessoas começam a ficar fartas de andarem por ali. E mesmo que este seja um fim de semana para embrulharem tudo, regressar ao Reino Unido e preparar para a nova temporada, dali a mês e meio tudo começa de novo, para que em março, a nova temporada arranque sem percalços.  

Era também um tempo de despedidas... e estreias. Valtteri Bottas, Guanyou Zhou, Franco Colapinto e Kevin Magnussen estavam a despedir-se da Formula 1 - pelo menos oficialmente. Lewis Hamilton ia embora da Mercedes, depois de 12 temporadas de ótimos serviços, e Carlos Sainz Jr. também ia da Ferrari para um futuro incerto na Williams. Quanto a Sérgio Pérez, tudo indicava que também iria embora pela porta pequena, apesar de muitos terem afirmado o contrário. Como disse um amigo meu durante a semana, "Checo... eslovacou-se."

Em contraste, Jack Doohan conseguiu um ligeiro avanço em relação aos estreantes de 2025, ao estrear-se "a frio" no Alpine que era de Esteban Ocon, que saiu antes de tempo, porque se desconfiava já ter tirado a camisola da equipa, porque para o ano estará na Haas, ao lado de Oliver Bearman. Aliás, bem vistas as coisas, as três corridas que o britânico já conseguiu este ano poderão afirmar que ele é que tem o maior dos avanços para a próxima temporada... 

Antes da qualificação, soube-se que Charles Leclerc iria ser penalizado em 10 lugares por causa de uma troca num dos componentes do carro, ou seja, na melhor das chances, iria partir de 11ª na grelha, e a sua corrida iria ser de luta por um lugar nos pontos e tentar ajudar na luta pelo título de Construtores. Parecia que a McLaren já tinha uma mão e meia no troféu, ou se quiserem, a Ferrari iria lutar com uma mão amarrada às costas...  

Caía a noite em Abu Dhabi, a Q1 começou com os pilotos a adaptarem às condições da pista. Nada de muito especial ao longo desta primeira fase, com a agitação a ser mais forte na parte final. Ali, o asfalto começou a ficar mais fresco, fazendo os pneus moles funcionar, e os tempos começaram a cair. Ao ponto de Valtteri Bottas ter o melhor tempo! 1.23,481. Leclerc fez depois 1.23,302, 


Entre os que ficaram para trás foram os Williams de Alex Albon e Franco Colapinto - um final desapontante depois da promessa ao longo das corridas onde participou - o Alpine de Jack Doohan - não se esperava muito desta estreia atirada para os tubarões - o Sauber de Guanyou Zhou, e por fim, o Mercedes de Lewis Hamilton. Um final melancólico, dirão alguns, um erro de calculo, dirão outros, por causa da saída tardia das boxes. Mas o cone que ficou por baixo do carro quando Nico Hulkenberg perdeu o controlo por ter acelerado demais parece ser o maior dos culpados pelo mau tempo do veterano britânico.

E assim passamos para a Q2. 

Não houve grande história, mesmo antes de Max Verstappen fazer 1.22,998, para ficar no topo da tabela de tempos. Isso ficou guardado para a parte final.

Ali, as coisas começaram quando Carlos Sainz Jr marca 1.22,980, mais cinco milésimos que Leclerc, que depois... viu o seu tempo apagado por ter passado dos limites da pista! Péssima noticia para o monegasco, que já tem a penalização de dez lugares para cumprir. Bottas conseguiu 1.23,341, suficiente para colocar o seu Sauber na Q3, o que é um grande feito para alguém que fará ali na sua última corrida na Formula 1... por enquanto. 

No final, algumas surpresas, outras... nem tanto. Uma Sauber na Q3 - queriam mostrar serviço antes de virarem Audi - graças a Valtteri Bottas, Pierre Gasly com a sua Alpine e Nico Hulkenberg com a sua Haas, mas por outro lado, Charles Leclerc foi 12º e não passou, o que deixa a Ferrari só com um carro na Q3, e as suas chances de conquistar o Mundial de Construtores à McLaren muito pequenas. 

A acompanhar o infortunado monegasco, ficaram Kevin Magnussen - na sua última corrida na Formula 1 - os Racing Bulls de Yuki Tsunoda e Liam Lawson, e o Aston Martin de Lance Stroll, enquanto Fernando Alonso conseguiu passar para a fase seguinte.  

A agitação parou por uns minutos, afinal de contas, preparavam-se os carros para a Q3. 


Se nos primeiros minutos, gente como Nico Hulkenberg começou a fexer uma gracinha, com um tempo de 1.23,482, Max veio logo a seguir e melhorou com 1.22,945... apesar de ter perdido por momentos o controlo do seu carro na última curva! E foi ainda melhor que Sainz Jr, que pareceu logo a seguir, fazendo a curva de forma normal. Será mais um daqueles episódios que entrarão na lenda do piloto neerlandês, definitivamente...

Logo a seguir, vieram os McLarens. Se Oscar Piastri ficou a 20 centésimos de Max, Norris é apenas mais lento que Max em... quatro milésimos! E todos fizeram aquela curva sem perder o controlo.  

Na investida final, o primeiro espanto: Nico Hulkenberg, no seu Haas, faz 1.22,886, e bate Max, ficando na primeira posição, enquanto todos tinham os olhos nos McLaren. Eles ainda demorariam mais algum tempo para marcarem tempo, e quando assim foi, Oscar Piastri marcou 1.22,804, menos 82 centésimos para "Hulk", enquanto Norris, pouco depois, fez melhor: 1.22,595, arrecadando a pole-position. Entre eles, Sainz Jr, que não conseguiu mais que 1.22,824, sendo terceiro. 


Em jeito de rescaldo, foram os McLaren que levaram a melhor, com Norris - como sempre - a ser o melhor para conseguir a pole-position. Parece que o britânico está a gostar de fazer a volta mais rápida, batendo o seu companheiro de equipa, e com os Ferrari atrás na grelha, apesar do terceiro lugar de Sainz Jr, parece que tem tudo para alcançar o título de Construtores que lhes escapa desde 1998, os tempos de Mika Hakkinen e David Coulthard.  

Mais espantoso foi o lugar de Nico Hulkenberg, que é quarto, na frente de Max Verstappen, e o mau lugar de George Russell, sétimo, apenas na frente de Fernando Alonso, Waltteri Bottas e "Checo" Pérez, numa parte final que andou mais baralhada que o costume. Creio que seja o ambiente de final de festa, com alguns em melancolia e outros a querer atirar os foguetes e apanhar as canas...

Amanhã é dia de corrida. E claro, queremos saber como isto tudo acabará.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Vende-se: Coleção de Formula 1 de Bernie Ecclestone


Aos 94 anos, Bernie Ecclestone sabe que é melhor fazer isto enquanto for vivo. É que a sua coleção de 69 carros de Formula 1 e de Grande Prémio irá estar à venda no ano que vêm. O custo estimado desta venda? Acima de cem milhões de libras. 

E não é uma coleção qualquer: desde um Bugatti Type 54S de 1931 ao Ferrari de 2002 ganho por Michael Schumacher. E entre eles estão carros como todos os seus Brabham de Grande Prémio, um Auto Union de 1937, um Vanwall de 1957, guiado por Stirling Moss, um Maserati 250F do mesmo ano, guiado por Juan Manuel Fangio

Adoro todos os meus carros”, começou por falar Ecclestone, “mas chegou a altura de começar a pensar no que lhes vai acontecer no caso de já não estar cá, e foi por isso que decidi vendê-los. Depois de os colecionar e de os possuir durante tanto tempo, gostaria de saber para onde foram e não deixá-los para a minha mulher cuidar, caso eu não esteja mais por perto.", continuou.

Um [carro de] Grande Prémio e, em particular, um carro de Fórmula 1 é muito mais importante do que qualquer carro de estrada ou outra forma de carro de corrida, pois é o auge do desporto, e todos os carros que comprei ao longo dos anos têm características de corrida fantásticas. Depois de colecionar os melhores carros de Formula 1 desde o início deste desporto, decidi agora transferi-los para novas casas que os tratarão como eu os tratei e cuidarão deles como preciosas obras de arte.”, concluiu.

Todos estes carros serão vendidos individualmente por Tom Hartley Jr, sócio comercial próximo de Ecclestone, um dos concessionários mais bem sucedidos do mundo em automóveis desportivos e de competição. Não será um grande leilão, mas será uma abordagem mais individual, que acontecerá ao longo de 2025.

Formula 1 2024 - Ronda 23, Losail (Corrida)


A colocação do GP do Qatar perto do final do calendário não é inocente. E não falo por causa da possibilidade de ser ali ser o lugar da decisão do campeonato, mas também por causa do lugar onde fica. Situado no Golfo Pérsico, apesar de ser um lugar no deserto, é húmido, sobretudo à noite. E com os eventos de 2023 ainda na mente das pessoas, será interessante saber como será este ano. 

Neste final de semana, o tempo está muito mais fresco e é o vento que está a constituir um desafio. No entanto, os tempos por volta são muito mais rápidos nestas condições, o que está a contribuir para mais um fim de semana também muito físico. Gente como Lando Norris, que afirma acreditar na frescura do piloto, como condição para sobreviver a uma corrida destas. 

O meu pescoço não está muito feliz, por isso, sim, vai ser uma corrida difícil. Estas condições frias, com o vento, levam a uma corrida muito mais rápida do que no ano passado. E é ainda mais física, o que não pensei que fosse possível. Por isso, é complicado, mas é um desafio que temos de enfrentar.”, afirmou o piloto da McLaren antes da corrida. 

Aliás, está a ser um fim de semana interessante. Lembram-se da qualificação? Pois é, por causa de uma manobra lenta na pista quando George Russell fazia uma volta rápida, os comissários da FIA - os que sobraram, diga-se... - decidiram que era matéria de penalização, e tiraram a pole ao Max Verstappen. Mas ele largará de... segundo! Apenas mudaram de lugar na primeira fila da grelha. Enfim... o que acontece é que, se calhar, Russell ficará com o primeiro lugar no final da primeira curva. Mas Max poderá ser o piloto agressivo que é, conseguir uma boa partida e forçar Russell para ficar com o primeiro lugar, se ambos estarem lado a lado.  

Com os pilotos a escolherem pneus médios - excepto Nico Hulkenberg, com duros, tentando uma estratégia diferente - a estratégia era importante, porque esta é uma pista complicada de passar, e a temperatura do asfalto também importa para ter os pneus no ponto o mais cedo possível.


Na partida, Max conseguiu ser bem mais veloz que George Russell e ficando lado a lado na primeira curva, passou-o. Mas logo atrás, era desafiado pelo McLaren de Lando Norris, que ficou lado a lado, mas o neerlandês conseguiu manter a liderança. Atrás, confusão: Esteban Ocon e Franco Colapinto bateram e acabaram na gravilha, com Nico Hulkenberg a sofrer um furo e ir às boxes para trocar o pneu. Mas no meio disto tudo, a organização colocou o Safety Car,  ficando atrás do Mercedes nas próximas voltas, enquanto tiravam os carros acidentados do lugar perigoso. Nesta altura, Max estava na frente, com Norris a seguir e Russell em terceiro, seguido por Charles Leclerc.

A corrida recomeçou na quinta volta, com Oscar Piastri a passar Leclerc, passando depois a apanhar Russell para um lugar no pódio. Atrás, Liam Lawson tentou passar Valtteri Bottas, e acabou por fazer um pião. Regressou à pista, mas no último posto. No computo da luta pelo título de Construtores, a McLaren era bem melhor que a Ferrari. 

Na oitava volta, Stroll, que era o último, era penalizado em 10 segundos, numa altura em que os comissários estão a vigiar Lewis Hamilton por ter causado falsa partida. Duas voltas depois, Stroll encostava às boxes de forma permanente, tornando-se na terceira retirada da corrida. Entretanto, na frente, Max fazia voltas mais rápidas atrás de voltas mais rápidas, tentando afastar-se de Lando Norris. Pouco depois, Hamilton sofreu uma penalização de cinco segundos por causa dessa falsa partida.

A partir da volta 17, a corrida se tornou cinzenta e as únicas ultrapassagens de relevo foram aqueles que todos faziam sobre o Yuki Tsunoda, enquanto na frente, Norris e Max marcavam voltas mais rápidas um ao outro, num combate à distância. 

As primeiras trocas de pneus aconteceram na volta 24, com Russell a ser o primeiro, com duros. Contudo a troca foi má, por causa do pneus traseiro direito, e perdeu alguns lugares, ficando ora dos pontos. Magnussen foi quatro voltas depois, e na volta 30, enquanto um espelho tinha voado para a reta da meta, Max tinha agora Norris na sua traseira, a pouco mais de um segundo. Na volta 35, Sainz Jr e Hamilton tinham problemas porque sofreram pneus. Ao mesmo tempo, Oscar Piastri foi às boxes, colocando médios. 

Mas logo a seguir apareceu o Safety Car, altura ideal em que boa parte dos pilotos foram à boxes para colocar duros. Russell foi uma segunda vez, colocar novamente duros. Algo do qual Russell estava puto da vida. Com os comissários a limpar o mais que podiam dos destroços, o Safety Car passava nas boxes para que pudessem limpar o melhor que podiam.


A corrida recomeçou na volta 40... instantes depois de Sérgio Pérez ter saído de pista. A razão tinha sido os pneus que não conseguiram ficar aquecidos o suficiente. Para piorar as coisas, um problema com o seu motor antecipou o final da corrida. Um azar nunca vem só... 

Na relargada, Norris largou melhor que Max, ficou lado a lado, mas o neerlandês conseguiu manter a posição. Atrás, Leclerc conseguiu passar Piastri para ser terceiro, mas no meio do pelotão, Sainz Jr despistara-se e Hulkenberg acabou fora, na gravilha. O Safety Car foi novamente chamado, e agora, cinco pilotos estavam de fora da corrida.

E a partir daqui, a chuva de penalizações. Primeiro, Norris teve um "stop & go" por causa de ele não ter levantado o pé numa situação de bandeiras amarelas, depois foi Hamilton, que se esqueceu de ligar os limitadores de velocidade nas boxes. Ambos acabaram no fundo do pelotão, e o britânico da Mercedes queria encostar o carro para retirar, mas a equipa não o deixou.

No final, enquanto Max caminhava para uma nova vitória, na frente de Leclerc e Piastri, Norris ficava ainda nos pontos - décimo, mais a volta mais rápida - algumas coisas interessantes aconteciam atrás. Pierre Gasly tinha aguentado os ataques de Carlos Sainz Jr e era quinto, a segunda melhor posição da temporada na Alpine, e no nono posto estava Zhou Guanyou, que dava os primeiros pontos da temporada para a Sauber, na semana em que o governo local anunciava que tinha uma participação parcial no projeto da Audi, a partir da próxima temporada. Valtteri Bortas poderia ter conseguido pontuar, mas o ritmo do carro de Norris era demais para ele e ficou à beira da pontuação.


Em termos de campeonato de Construtores, a Ferrari ganhou alguns pontos, e conseguiu levar a luta para Abu Dhabi, mas a McLaren ainda estava na mó de cima. 

E foi assim a noite qatari. Um pouco de aborrecimento, com ação... artificial. É um pouco como são as coisas na Formula 1, atualmente.          

sábado, 30 de novembro de 2024

Formula 1 2024 - Ronda 23, Losail (Qualificação)


A temporada de 2024 está resolvida, "habemus" campeão, agora é cumprir calendário até ao seu final. Toda? Bom, há o campeonato de Construtores, e é um clássico entre Ferrari e McLaren. E com duas corridas, mais a "sprint race" pelo meio, é melhor resolver a coisa o mais rapidamente possível, ainda por cima, com a McLaren em vantagem.  

Com este último fim de semana da temporada com "Sprint Race", claro, a agenda fica mais cheio que o habitual. As coisas começam bem cedo, com a qualificação para ela na sexta-feira, e no sábado, depois de uma corridinha sem história, os 150 metros finais deram um grande rebuliço quando Lando Norris decidiu abdicar da vitória a favor de Oscar Piastri. Há quem diga que foi um retorno de um favor, quem digam que oram ordens de equipa, quem até afirme que Norris fez isto porque não é fã das "sprint races", o facto é que aconteceu, e ninguém, ficou bem na fotografia.     

Ainda na ressaca da corrida Sprint, com os McLaren a fazerem dobradinha, e com a noite a se instalar há bastante tempo, a pista estava pronta para o espetáculo principal.  

A Q1 foi algo aborrecida, sem incidentes de maior - com o curioso caso de Sérgio Pérez ser passado por Franco Colapinto... na saída das boxes! - George Russell a querer marcar os melhores tempos, ao ponto de, no minuto final, ter sido ele o melhor, com 1.21,355, na frente de Carlos Sainz Jr. Mas atrás, era a complicação do costume: Colapinto não conseguia, bem como Esteban Ocon, enquanto Charles Leclerc conseguia melhorar o tempo, fazendo 1.21,278. Depois, Russell melhora, com 1.21,241, e entre os que ficavam de fora, Liam Lawson, Alex Albon e Nico Hulkenberg.

Chegados à Q2, a coisa começou calmamente, mas lá mais para o final, gente como Lando Norris começava a marcar tempo para a fase seguinte, e quanto mais para cima, melhor. No minuto final, o britânico era o melhor com 1.20,983, com Leclerc muito perto: 1.21,000. Max era o terceiro. Na última wolta que contawa, Max consegue 1.20,687, e era o melhor. 

E os que passaram foram os seguintes: dois McLaren, os dois Mercedes, os dois Ferrari, os dois Red Bull - vá lá, o Checo deu nas vistas! - Kevin Magnussen (cada vez melhor) e Fernando Alonso. Para trás ficaram Lance Stroll, Yuki Tsunoda, Pierre Gasly e os Sauber de Valtteri Bottas e Zhou Guanyu. 

E chegamos à Q3. 

Ali, os pilotos começaram a preparar-se para os minutos finais, porque sabiam que tudo o que tinha acontecido era um mero aquecimento. Aqui era o momento que contava. Primeiro, foi Sainz Jr. que conseguiu o primeiro tempo relevante: 1.21,042. Depois, Leclerc marcou 1.20,885, esperando por Russell, que vinha com um bom tempo. E conseguiu: 1.20,575. Piastri tentou, mas sem grande sucesso, e a seis minutos do final, Max marcou 1.20,620, sendo segundo, atrás de Russell. Quase parecia uma volta de aquecimento...  

Depois da pausa, a fase decisiva. Moles novos, todos foram para a pista tentar fazer melhor, e com o baixar da bandeira, os Ferrari não melhoraram, mesmo com Leclerc a fazer um tempo marginalmente melhor. Norris ainda não tinha marcado um tempo, mas estava na pista, na frente de Max. E no final? 

No final, Norris marcou 1.20,772, que não deu mais que terceiro. Max acelerou melhor e conseguiu, por ele mesmo, o tempo necessário para alcançar a pole-position. Inspiração? É bem capaz. Mas ele está mais descontraído e e faz isto pelo prazer de conduzir e pela fome de ganhar. George Russell fica do seu lado, mas se calhar, tem maior capacidade de ganhar a corrida que o neerlandês. 

Mas mais importante, era ver quem está atrás, e na luta que interessa: Norris e Piastri colocaram os seus carros na segunda fila, na frente de Leclerc, apenas quinto, e Sainz Jr, dois lugares mais abaixo, com Hamilton pelo meio. Para a Ferrari, não está a ser um grande fim de semana nesta luta particular pelo segundo campeonato em jogo. E temos de saber como corre amanhã se, por exemplo, Leclerc, fizer uma manobra para ficar na frente dos McLaren...

E claro, amanhã há mais. Mas tem McLaren e Ferrari atrás dele. Que também tem fome de vencer.    

domingo, 24 de novembro de 2024

Formula 1 2024 - Ronda 22, Las Vegas (Corrida)


Las Vegas. Luzes, Jogo, um exército de Elvis em cada esquina, o sítio onde o resto da América vem expiar os seus pecados. Mas para o país que refinou o "show" para os níveis que conhecemos agora, não admirem se a Liberty Media aposte a sério nesta paragem. O circuito pode ser horrível, mas por causa dos neons, estão dispostos a largar do seu próprio bolso para poderem afirmar que fecham a Sunset Strip para ver carros velozes a passar. E Vegas no seu melhor. E é melhor que seja assim: 60 anos antes, outras luzes apareciam no horizonte, do tipo cogumelo atómico... 

Novidades antes da corrida: Franco Colapinto foi autorizado a participar, depois do seu acidente na Q2. Ele sofreu um impacto de 50G's, e para além disso, os mecânicos conseguiram reconstruir o seu carro. Contudo, apesar de ter conseguido um lugar no meio da grelha, irá largar das boxes, por causa de tudo o que passou: ele e o carro.  

Sol posto, noite fria, os pneus iriam representar uma componente importante. Afinal de contas, aquecê-los naquelas condições será importante para o desempenho dos pilotos na corrida. E claro, em termos de grelha, será também interessante saber até que ponto Max Verstappen continuará a conter Lando Norris na sua defesa da liderança, embora ele seja o primeiro a admitir que muito dificilmente, o título será seu neste final de semana na Cidade do Pecado.


Na partida, Russell aguentou bem e ficou com o comando da corrida, perante os ataques da concorrência. Gasly perdeu um posto, e Max conseguiu ficar na frente de Norris, o seu primeiro objetivo da noite. A partir dali, Hamilton começou a encetar a sua primeira recuperação, tentando alcançar o lugar mais alto possível antes das primeiras trocas de pneus, que aconteceriam a seguir - todos estavam a largar com médios. Atrás, os comissários da FIA descobriram que Oscar Piastri tinha largado do lugar errado e iriam penalizá-lo em cinco segundos quando ele fosse às boxes para trocar de pneus. 

Nas primeiras voltas, Leclerc parecia ser segundo, apesar de ter atacado Russell para conseguir a liderança, mas em pouco tempo, perdeu esse lugar para Sainz Jr... e Max. Hamilton continuava a sua recuperação, e sabia que tinha de ficar um pouco mais na pista para aproveitar a ocasião.   

A partir da volta 11 os pilotos foram às boxes, trocar médios para duros, com Sainz Jr e Leclerc a fazerem isso na volta 12, e Max logo a seguir. Na volta 15, quase todos tinham trocado de pneumáticos, com a grande exceção a ser Checo Pérez, que com isso, era segundo, na frente de Max. Mas claro, era sol de pouca dura. 


Na volta seguinte, a primeira desistência do dia, com Pierre Gasly, cujo motor tinha rebentado. Com o terceiro posto da grelha na véspera, a chance de um bom resultado tinha ido pelo cano abaixo. Por essa altura, Hamilton aproximava-se de Leclerc, e desejava o seu lugar.  

Na volta 30, mais paragens nas boxes, para colocarem duros. Max e Leclerc foram às boxes nessa altura, e Russell, o líder, na 32ª passagem pela meta. Max aguentava-se, apesar de ter sido passado nessa altura por Hamilton, quando lutaram por um lugar no pódio. Ou seja, os médios aguentaram... metade da corrida. Só para verem a dificuldade de aqueceram na noite de Nevada. Atrás, Norris é sexto, na frente de Piastri. Pelo menos, em termos de Construtores, tudo corre bem para a McLaren.

Na frente, os Mercedes afastam-se de Max Verstappen, que está a ver os Ferrari aproximarem-se, com Sainz Jr na frente de Leclerc. A dez voltas do final, virtualmente, Max era campeão do mundo, mas os carros de Maranello começavam a ameaçar nos seus espelhos. O espanhol passou-o na volta 42, e Max defendeu-se o mais que pode de Leclerc, até que o monegasco o passou na volta 47. Com o quinto posto, Max era o campeão na mesma. 

Mas na frente, os Mercedes estavam inalcançáveis. Russell era o melhor, e Hamilton, apesar de ter tentado, não conseguira apanhá-lo. Claro, há quem pergunte o que teria feito o veterano Hamilton se não tivesse cometido o erro da qualificação. E na meta, a Mercedes comemorava a sua dobradinha, Sainz o seu pódio, e Max, o seu campeonato. Curiosamente... no mesmo local e na mesma posição onde Nelson Piquet e Keke Rosberg alcançaram os seus primeiros títulos.


E foi assim a noite fria em Las Vegas.     

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

As primeiras contas para o "tetra" de Max Verstappen


A três corridas para o fim e com mais uma "sprint race", num total de 147 pontos em disputa, os 62 pontos de diferença para Lando Norris, neste momento, Max Verstappen tem uma chance - muito pequena, é um facto - mas começa a ter o seu primeiro "match point" para resolver as contas do título de 2024. já em Las Vegas. 

Para que acontecesse, tinha de haver uma "debacle" por parte de Ferrari e McLaren, bem como Sérgio Pérez voltar a ter a forma que teve no inicio da temporada, conseguindo um pódio e ficando na frente dos pilotos, quer da McLaren, quer da Ferrari, no fim de semana americano. Se Lando Norris for nono, por exemplo, Max será campeão na madrugada deste domingo na "Sin City", independentemente da posição. 

Caso contrário, se Norris acabar como vencedor em Vegas, com Max em terceiro, por exemplo, perderia apenas 10 pontos, ficando com 53 quando correr no Qatar (onde acontecerá a última "sprint race" da temporada), logo, basta ganhar essa "sprint race e nenhum dos seus rivais ficar acima do quarto lugar para ele ser campeão ainda antes dessa corrida qatari. Mesmo que perca - mera suposição, obviamente - um ou dois pontos nessa "sprint race", basta Max ganhar e Norris ficar em segundo para ele ser já campeão em Losail, porque seriam sete pontos de diferença, e se ficar com 51 e ganhar mais sete, seriam 58, logo, ficaria fora do alcance da concorrência.

Mas são contas complicadas, e essa possibilidade de vitória já em Vegas é se acontecer uma catástrofe na McLaren e na Ferrari. Muito provavelmente, as coisas se decidirão em Abu Dhabi, a 8 de dezembro. 

Mas também, depois desta corrida, as contas voltarão a ser feitas, e aí haverá mais certezas.   

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

A imagem do dia


Depois de uma longa temporada, tudo terminou no Japão. Em Suzuka, Mika Hakkinen tirou todas as dúvidas e triunfou no GP do Japão, contra um Eddie Irvine, que durante a corrida, nunca foi ameaça. Aliás, a maior ameaça foi o segundo classificado, Michael Schumacher, piloto da Ferrari, e que ali fazia a sua segunda corrida depois do seu regresso ao "cockpit", depois do seu acidente em julho, durante o GP da Grã-Bretanha.

Claro, para a Ferrari, houve um premio de consolação: o campeonato de Construtores, primeiro ganho em 16 anos. Mas o que alguns viram ali foi outra coisa: o alemão estava pronto para assaltar o título e ser o primeiro a acabar com o deserto que existia em Maranello desde 1979, e do qual não queria que fosse Eddie Irvine a consegui-lo.

Falei há uns tempos que Schumacher foi para a Ferrari em 1996 com o objetivo de dar à Scuderia os títulos que não conseguia desde 1979, nos pilotos, e desde 1983, nos Construtores. Em 1997, quase chegou lá, mas a manobra polémica no GP da Europa, em Jerez, contra Jacques Villeneuve, deitou tudo por terra - e a FIA desclassificou-o do campeonato. 

A temporada de 1999 praticamente acabou naquela cena da primeira volta em Silverstone quando ficou com travões no seu Ferrari no final da Hangar Straight. Descansou no verão, apesar das insistências de Luca di Montezemolo, o diretor da Scuderia, de regressar ao cockpit o mais depressa possível, para lutar pelo título, mesmo ele sabendo que o melhor seria descansar e lutar pelo título nas temporadas seguintes. No final, ficou seis corridas de fora, substituído pelo finlandês Mika Salo.

Mas - eu já contei esta estória há umas semanas - Schumacher não queria ajudar Irvine a conseguir o título. Ele estava na Scuderia para ficar com os restos, ser um numero 2 eficaz, e ao longo da história, sempre teve as equipas a trabalhar para ele, apenas para ele. Os seus companheiros de equipa ficavam ali para recolher os restos e não serem uma ameaça para Schumacher. De Nelson Piquet até Felipe Massa, poucos foram os que ganharam corridas com ele, pouco mais que colaboradores para os títulos de Construtores. E Rubens Barrichello foi o melhor exemplo de todos. Somente no regresso, em 2010, sentiu a velhice e foi sempre inferior a Nico Rosberg, na Mercedes. 

No pódio, Schumacher é um piloto satisfeito com ele mesmo. Não ganhou, mas Irvine - que foi um distante terceiro nessa corrida - não conseguiu o que ele temia, e sabia também que o futuro era dele. Estava em forma, recuperara bem e quaisquer dúvidas que existiam sobre ele, iria provar que estavam errados. Dali a um ano, naquele mesmo lugar, o campeão era ele, e iria abrir uma era na Formula 1.     

domingo, 27 de outubro de 2024

Formula 1 2024 - Ronda 20, México (Corrida)


O fim de semana mexicano, pelo menos nesta altura do calendário, é bem escolhido pelos organizadores do Grande Prémio por causa da "Semana de los Muertos", e claro, caveiras misturam-se com capacetes. Sempre cheio para apoiar os seus pilotos, sejam eles locais ou internacionais, o Autodromo Hermanos Rodriguex está sempre cheio que nem um owo para os aplaudir. E claro, nestes dias de "Drive to Survive", é uma festa dentro de outra festa. 

E a primeira grande cena do domingo... foi feita para Hollywood ver. O pessoal da Apex GP andou a gravar cenas onde Sonny Hayes, a personagem interpretada por Brad Pitt, estacionou o seu carro no estádio e, agarrando uma bandeira mexicana, comemora o que aparenta ser... uma vitória. E no fim de semana onde falamos do Fernando Alonso, que no alto dos seus 43 anos está a faxer o seu 400ºGP... o verão de 2025 será uma altura bem interessante para ir ao cinema, tenho a certeza! 

Todos iriam sair com médios, com as exceções de gente como Oscar Piastri, Liam Lawson, Franco Colapinto e Sérgio Pérez, que iriam partir com pneus duros.


A partida foi atribulada. Se Max conseguiu passar Sainz Jr na partida, graças à longa reta, atrás, havia catástrofe: Yuki Tsunoda, no seu Racing Bulls, ao tentar ganhar posições, acabou por bater no Williams de Alex Albon, acabando por ambos na berma, causando a entrada do Safety Car. Para além disso, Sérgio Pérez conseguiu recuperar algumas posições, mas depois os comissários descobriram que ele largou de um lugar inadequado e recebeu uma penalização de cinco segundos. Isto quando recuperou de 18º para 13º...

O Safety Car regressou às boxes na sétima volta, com Max na frente, e Sainz Jr atrás. Ele tentava afastar-se da concorrência, mas os Ferrari tentavam ter melhor ritmo de corrida que ele. No ibicio da nona volta, o espanhol aproximou-se e conseguiu passar na travagem para a primeira curva. Houve luta, mas o piloto da Ferrari aguentou-se. Na volta seguinte, Max foi atacado por Norris, mas o piloto da Red Bull resistiu até ao limite... e fora dela. O grande beneficiado foi Charles Leclerc, que com isso acabou na segunda posição, como em Austin (mas ao contrário).

Pouco depois, os comissários chegaram à conclusão de que as manobras de Max foram propositais e foi penalizado em 10 segundos. De uma certa forma, muitos acharam isso justo. E poucas voltas depois, outra penalização. 20 segundos parecia ser um grande castigo para o piloto neerlandês nesta corrida.

Na volta 16, outra baixa: Fernando Alonso retira-se, a pedido da equipa, alegadamente por causa de um problema de sobreaquecimento. Quatro voltas depois, Checo Pérez foi às boxes para cumprir a penalização e mudar de pneus para médios. 


Entretanto, na frente, os Ferraris mantinham-se na frente, tranquilos. Max foi às boxes na volta 27, queixando-se dos pneus, e depois de cumprir a penalização, regressou à pista com duros e na 15ª posição, mesmo no fundo do pelotão, apenas com Checo Pérez e Lance Stroll atrás de si. 

Hamilton parou na volta 29, colocando duros, Norris foi duas voltas depois, e Leclerc e Russell na 32ª passagem pela meta. Na 33ª foi a vez de Sainz Jr, embora ele tenha ido de forma relutante. Piastri parou apenas na 40ª volta, quase ao mesmo tempo que Liam Lawson faz o mesmo.

Passada a parte as passagens pela boxe, os Ferrari continuam na frente, com cerca de sete segundos de diferença entre os dois. Com o passar das voltas, o monegasco, seu companheiro de equipa, começou a apanhá-lo, porque Norris também se aproximava. Chegou a ficar a 3,8 segundos, mas perdeu tempo por causa dos pilotos que queriam dobrar. Mas a grande luta era entre os Mercedes, com Hamilton a apanhar e a tentar passar Russell na luta pelo quarto posto. Ambos na frente de Max, sexto e três lugares abaixo de Norris. 


A 10 voltas do fim, Norris estava a apanhar Leclerc e a luta pelo segundo posto estava ao rubro, com ele a chegar à distância do DRS. Ele pressionou de tal forma que na 63ª volta, monegasco da Ferrari saiu de frente na Peraltada, e com isso, Norris era segundo, agora a perseguir o espanhol para tentar a vitória. Mas se calhar já era uma impossibilidade. 

E foi assim até ao final. Não sem mais um episódio: alguns pilotos foram para as boxes no sentido de calçar os pneus moles para caçar a volta mais rápida e ficar com o ponto extra. Nessas incursões, o melhor foi Charles Leclerc, que conseguiu a melhor volta sem perder o seu lugar no pódio. 


Com isto, a quatro corridas do final da temporada, e com 47 pontos de diferença entre Max e Lando, e com os Ferrari a aproximarem-se, deverá ser um final bem interessante. E começar por São Paulo, dentro de sete dias.  

sábado, 26 de outubro de 2024

Formula 1 2024 - Ronda 20, México (Qualificação)


Não há tempo para refletir, apreciar a corrida anterior. É arrumar as malas e ir para o próximo lugar. É um circo e são esperados no lugar seguinte. E é a Cidade do México, o Autódromo Hermanos Rodriguez, a casa do automobilismo local, com o home a honrar dois irmãos que, há 60 anos, mostraram-se perante o mundo em carreiras frutuosas, mas infelizmente, com final curto e trágico. 

Agora é Sérgio Pérez, que todos esperavam que pisasse os passos destes antepassados, mas neste momento, parece ser mais um Hector Rebaque que ganhou corridas. Aliás, houve rumores sobre a sua retirada, que ele desmentiu prontamente, mas o fantasma está a pairar. E esta semana surgiu uma estatística que não está a ser favor: se Max Verstappen foi campeão, o oitavo posto de Pérez poderá ser a pior distância entre companheiros de equipa em mais de 40 anos. Pior que isso será o de 1981, quando Nelson Piquet foi campeão e o seu companheiro de equipa foi décimo. E quem era? Hector Rebaque. 

Com os Ferrari a mostrar alguma coisa nos treinos livres, parecendo que os eventos de Austin não foram um acaso, em contraste, Max Verstappen poderá estar em sarilhos. Ele sentiu problemas na unidade de potência do seu Red Bull logo na primeira sessão de treinos-livres que se mantiveram na segunda, não marcando qualquer tempo. E claro a chance de mudar componentes, significando uma penalização de 5 ou 10 lugares, será bem interessante para o resto do fim de semana. 

E isso, de uma certa forma, parece ofuscar outra coisa inédita: este é o fim de semana do 400º Grande Prémio de Fernando Alonso. Um piloto espanhol que, chegando quase adolescente, pretende ser o Matusalém do automobilismo e deseja ser o próximo Juan Manuel Fangio: o mais velho a ganhar corridas e campeonatos. 

Sem chances de chuva ao longo do final de semana, a qualificação começou calmamente, com os primeiros tempos a sério a serem feitos por Max Verstappen, que marcou 1.16,998. Em contraste, Sérgio Pérex estava no fundo da tabela... e não conseguia sair de lá. 

Pouco depois, Lando Norris marcou um tempo melhor, com novo jogo de moles, marcando 1.16,505, o pessoal queria marcar tempos melhores, mas para fazer isso, tinha de ter as rodas no lugar na curva 12, a anterior à entrada no estádio. E não estava a ser fácil. Oscar Piastri, por exemplo, estava a ter dificuldades... e as chances não estavam a ser muitas. O tempo foi modesto, e quase perto da eliminação direta. Sérgio Perex ficou imediatamente atrás, e ainda mais em risco ficou, especialmente depois do tempo de Charles Leclerc, que com o seu 1.16,972, era terceiro. 

No final, um choque e uma desilusão. Os locais, que não conseguiram ver o seu herói passar para a Q2, e a McLaren, que estavam a ver Oscar Piastri no fundo da grelha, nas 17ª posição, na companhia do Alpine de Esteban Ocon, do Williams de Franco Colapinto, e do Sauber de Guanyou Zhou. Um McLaren no topo, outro (quase) no fundo da grelha.

A Q2 aconteceu pouso depois. À medida que os minutos passavam e os carros rolavam para a pista com os seus compostos moles, os tempos começaram a sair. Se os tempos não foram nada de muito especial, comparado com a Q1, quase no final, as coisas agitaram-se, com a amostragem de bandeiras vermelhas. Na busca de uma volta que o colocasse na Q3, o Racing Bull de Yuki Tsunoda bateu forte contra o muro de pneus na curva 12, causando a interrupção de sessão. A sessão estava praticamente terminada, e como ele tinha o 11º tempo, o piloto japonês iria fazer companhia ao seu companheiro de equipa, Liam Lawson, os Aston Martin de Lance Stroll e do "tetracentenario" Fernando Alonso, e o Sauber de Valtteri Bottas. 

Retirado o carro de Tsunoda para as boxes, a Q3 prosseguiu alguns minutos mais tarde.

Depois dos primeiros minutos em que os pilotos começaram a dar as suas voltas para aquecerem o seu jogo de pneus moles, o primeiro a marcar um tempo digno desse registo foi Max Verstappen, que marcou 1.16,358. Norris respondeu com 1.16,937, e pouco depois, Charles Leclerc fez 1.16,415, para ser o segundo na tabela de tempos. Carlos Sainz Jr, piloto da Ferrari, colocou um tempo de 1.16,055, impressionante, suficiente para o colocar na pole-position. Quem diria! 

Para melhorar as coisas para a concorrência, o tempo de Max foi apagado porque ele colocou o carro fora da pista... não na curva 12, mas mais atrás, numa das chicanes, quando parecia estar a fazer "corta-mato".

Para a parte final, com o jogo final de moles, os pilotos tentaram melhorar os seus tempos, mas apesar de Leclerc ter conseguido 1.16.255, não fora suficiente para o despojar da pole-position. E ainda por cima, o espanhol parecia ir mais rápido. E conseguiu: 1.15,946, melhorando o seu tempo anterior! 

Max tira depois 1.16,171, dando o segundo melhor tempo, dividindo os Ferrari. Norris faz depois 1.16,260, e é o terceiro da tabela, deixando o monegasco na quarta posição. Foi por pouco, mas as coisas estão desta forma: ao centésimo de segundo.  

Pela primeira ocasião nesta temporada, o filho de Carlos Sainz é o poleman, mas isto mostra o campo geral: os Ferrari estão a melhorar nesta parte final, e poderão ser sérios candidatos a um... ou ambos os títulos? A resposta parece aparecer do domingo, depois desta corrida. Que será interessante de seguir.    

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Apreciação critica de "Gilles Villeneuve"


Sou um sujeito que mora numa casa que começa a ficar cheia de livros - compro 30 a 40 por ano, e os assuntos variam. E nem falo das ocasiões onde vou à biblioteca e requisito alguns, para poder ler em duas semanas, que é o tempo que eu tenho para ler. Se apenas comprasse os livros que leio, já teria mais de mil em casa, e a tendência seria para aumentar.  

Mas os meus livros sobre automobilismo não são muitos. E sempre que consigo um, é uma festa. Foi o que aconteceu há quase um mês quando, no Leiria Sobre Rodas, encontrei a biografia do Gilles Villeneuve a um preço de desconto - 10 euros. E é um "roubo", para quem conhece os "alfarrabistas" (em português do Brasil, sebos) onde por esse preço, podes levar três ou quatro livros de qualidade. Acreditem, falo por experiência própria.

Não parece muito - cerca de 330 páginas - mas como é um livro de capa dura, parece ter mais. Para mim, o inglês não é assustador, estou habituado desde criança a falar, ler e escrever. Mas mesmo assim, demorei cerca de uma semana para o ler, e foi depois de me esforçar no final de semana passado para ler o máximo que podia. 

Enfim, dito isto... vamos ao que interessa. 

Como disse, são cerca de 330 páginas a falar sobre a vida e carreira de Gilles Villeneuve. As suas origens, no Quebec rural, com um inicio de carreira que é considerada das mais excêntricas na história do automobilismo - fez "drag racing" (arrancada, no português do Brasil) e correu em "snowmobiles", antes de ir para a Formula Ford, em 1973, e a Formula Atlantic, no ano seguinte - e depois, a sua ascensão foi dramática, chegando à Formula 1 em três anos e meio, primeiro na McLaren e depois, à Ferrari, onde o Commendatore viu nele um resquício do passado, nomeadamente Tazio Nuvolari. E depois disso, como demorou cerca de uma temporada para abater as dúvidas e as resistências para ser o piloto dos corações de uma geração de "tiffosi". E momentos como o de Dijon, a 1 de julho de 1979, entraram na mente de todos.

Ao ler todas aquelas páginas, dá para entender muito de Gilles, o piloto, e Gilles, o ser humano. Como piloto, queria dar espetáculo, pretendia ganhar, mas num estilo "win or wall". Os tiffosi alegravam-se com isso, viam nele alguém que defenderia as cores do Cavalino até ao limite, e esse limite era as barreiras de proteção. Foi o que aconteceu em Imola, em 1980, na curva que agora tem o seu nome, onde um furo a alta velocidade o fez embater contra o muro, mas saiu de lá com escoriações e nada mais. 

E esse estilo fez perder corridas e campeonatos. Especialmente em 1979, quando ganhou duas das primeiras três corridas do ano, mas por exemplo, perdeu um pódio certo quando ficou sem gasolina na última volta do GP da Bélgica. Se tivesse acabado no pódio, talvez no final do ano, o título seria dele. E nem se fala do que aconteceu em Zandvoort, com a famosa manobra das três rodas, depois do furo que lhe custou outro lugar no pódio. Ou seja, perdeu o título de 1979, em muitos aspetos, por culpa própria. Jody Scheckter, seu companheiro de equipa, aproveitou os erros e excessos do seu companheiro de equipa para ser campeão.

Mas isso não o impediu de ser amigo dele. Aliás, um dos seus melhores amigos. E entramos noutra faceta: O Gilles humano. Tirando o episódio de traição do Didier Pironi - ele julgava que era amigo dele e colaborava no carro - ele era honesto para com as pessoas e leal para com os seus companheiros de equipa. Honrou os contratos que tinha - apesar de, no final de 1981, a McLaren tenha tentado seriamente tê-lo na sua equipa, caso Niki Lauda não aceitasse o convite para regressar, e pediu cinco milhões de dólares para correr com eles em 1982 - e era amistoso com todos: jornalistas, engenheiros, pilotos e outros. O único que teve uma relação tempestuosa ao longo da sua carreira foi Bernie Ecclestone, então patrão da Brabham e depois, da FOCA. Nunca se deram bem e na altura da cisão, sempre se queixou dos métodos dele de conseguir o que queria. E em Kyalami, na altura da greve dos pilotos de 1982, a coisa ficou tão azeda que se temeu que os dois baixinhos brigassem.

Há outros detalhes. Os episódios "loucos" - ele ia no limite ao volante, fazendo uma viagem Monaco-Modena em 3.45 horas, em vez das habituais cinco horas - arrepiava toda a gente, ao ponto de muitos se recusarem a ir com ele. E quando passou para os helicópteros - o seu Agusta custou-lhe 1,150 milhões de dólares, com um grande desconto em troca de um autocolante no fato de competição - a sua capacidade de voar nos limites continuou, confessando que adorava viajar quando o tempo estava mau. em condições de nevoeiro e chuva. Considerava um desafio.  

Para além disso, Gilles era exigente para com a família, apesar desta ser unida. Casou-se muito cedo - tinha 20 anos, quando Joann ficou grávida de Jacques - e andavam juntos num motorhome, primeiro no Canadá, depois na Europa, algo que não se via muito. Ele era calmo, algo tímido, e adorava mexer com ferramentas, especialmente quando repousava em casa. Quando começou a ter dinheiro, gastou-o em brinquedos caros - barcos, helicópteros, a casa do Mónaco - e isso causou tensão conjugal, com constantes discussões domésticas. Era exigente com ela e com os filhos, especialmente com Jacques, e a certa altura, no inicio de 1982, ele e Joann consideraram seriamente o divórcio: ele tivera um caso extraconjugal e escondeu o mais que pode. Ironicamente, os eventos de Imola, nas últimas duas semanas de vida, aproximaram-se muito em termos de relacionamento.

Outra coisa curiosa: por uns tempos, considerou construir a sua própria equipa. Aconteceu algures no final de 1981, onde aparentemente, alguns homens de negócios encontraram-se com ele, em Milão, e afirmaram que poderia arranjar dinheiro de uma grande tabaqueira. Chegaram-se a fazer planos - uma fábrica foi localizada em Paul Ricard, para a construção de um "Team Villeneuve". Contudo, descobriu-se que não era mais do que um esquema elaborado para angariar patrocinadores usando o nome dele. Não tinham dinheiro. Quem ajudou a explodir a bolha foi o seu amigo Scheckter, e isso acontece nos dias antes da corrida fatal de Zolder.  

Os eventos do seu acidente mortal e funeral são dramáticos e algo pungentes. Todos sofreram. Foi um choque duríssimo para muitos - não houve poucos que desabafaram que choraram com a sua morte. Mas também muitos outros disseram que, da maneira como corria, um grande acidente iria ser inevitável. E o próprio Gilles sabia disso. A certa altura, quando ele e Gaston Parent, seu empresário, falaram sobre um assunto do qual achava que teriam tempo para resolver, ele respondeu: "que garantia tenho se daqui a um ano andarei por aqui?" Ele mesmo sabia - e reconhecia - que estava a fazer malabarismos em trapézios sem rede.

O funeral durou quatro dias. Foi levado de Bruxelas para o Canadá num 707 da Força Aérea, com honras de funeral de estado, e o primeiro-ministro de então, Pierre-Eliot Trudeau, esteve presente no funeral, onde estavam mais de 10 mil pessoas num lugar pequeno que é Berthierville, e acabou por ser cremado, com as suas cinzas, provavelmente, na posse da família. Não ficaria admirado se algumas delas já estejam sobre o túmulo, em Berthierville - o pai de Gilles morreu em 1987, e a mãe em 2008 - mas como o livro é de 1988, essa parte não é muito falada.

Em suma, como biografia, cumpre o seu objetivo. Fica para a história, e conta os pormenores, conhecidos e não tão conhecidos. Como leitura é agradável, o estilo é claro - é escrito por um jornalista - e fica-se a conhecer o ser humano por trás do piloto. É uma boa leitura.       

domingo, 20 de outubro de 2024

Formula 1 2024 - Ronda 19, Estados Unidos (Qualificação)


Depois de um mês de ausência, a Formula 1 está agora numa roda viva, em paragens americanas. Este final de semana está a ser em Austin, num lugar no Texas fora do normal num estado de "cowboys", petróleo e gado. Aliás, o mote da cidade é "keep it weird", ou seja, "mantenham-se excêntricos". 

E numa pista onde, por causa do "Drive to Survive", uma pista que antes, tinha dificuldade em encher as bancadas, passou a ter 300 mil fãs a vibrar pelos pilotos e máquinas, tornando-se tão popular quanto Indianápolis ou Daytona. E ainda tem Las Vegas, onde provavelmente, mais algumas centenas de milhares lá estarão na Cidade do Pecado para ver pilotos a correrem a meio da noite. 

Ainda por cima, este ano está a ser emocionante, com os McLaren a aproximarem e a erodirem a vantagem que Max Verstappen conseguiu no inicio da temporada. Aliás, os Papaya Orange já apanharam os energéticos no campeonato dos Construtores, agora é Max que está a tentar impedir que os seus perseguidores mais diretos o apanhem antes de Abu Dhabi, dali a mês e meio. E conseguir a pole, bem como ganhar na Sprint Race - Norris foi terceiro - foi uma grande ajuda.

Mas não é isso que se anda à procura aqui. Agora era a altura da qualificação principal, aquela que define a grelha para domingo, o dia da grande corrida. E por exemplo, um dos estreantes, Liam Lawson, iria herdar... uma penalização, vinda de Singapura, feita por Daniel Ricciardo

Lando Norris e Fernando Alonso foram dos primeiros a irem para a pista na Q1 e todos eles seguirem pouco tempo depois, com o espanhol marcar 1.34,496. Norris marcou 1.34,029 logo a seguir, com Sainz Jr a ser segundo, a 75 centésimos. 

Max Verstappen teve a sua primeira saída na pista e marcou um tempo para pole-positon, com 1.33,690, com Pérez a ser terceiro, empatando o tempo com Norris. Hulkenberg conseguiu o segundo melhor tempo, mais 189 centésimos que o neerlandês da Red Bull. E isso foi antes de Pierre Gasly conseguir 1.33,550, com o seu Alpine, e com moles novos. Lawson fazia o quarto melhor tempo, mais 320 centésimos do melhor. 

Demorou alguns minutos até Charles Leclerc conseguir 1.33,241, e ficar no topo da tabela de tempos, e na parte final, Max consegue o melhor tempo, com 1.33,046, enquanto Lewia Hamilton surpreende pela negativa, indo meio segundo mais lento que o normal e foi o primeiro... dos não-qualificados! Ele fez companhia aos Sauber de Valtteri Bottas e Guanyou Zhou e os Williams de Franco Colapinto e Alex Albon.

A Q2 começou alguns minutos depois. Depois de alguns tempos interessantes, Norris conseguiu ser o melhor, com moles novos, conseguindo 1.32,851, 201 centésimos mais rápido que Max e 206 centésimos mais veloz que o seu companheiro de equipa, Oscar Piastri

Depois de algum tempo nas boxes, colocando novos compósitos, os pilotos saíram para uma volta final para conseguir passar à Q3. Com a temperatura a baixar um pouco, Max foi o primeiro, conseguindo 1.32,584, antes dos outros reagirem. Deram o seu melhor, mas ninguém o desalojou. Que ficou de fora foram o Haas de Nico Hulkenberg, o Aston Martin de Lance Stroll, os Racing Bulls de Yuki Tsunoda e Liam Lawson e o Alpine de Esteban Ocon

E agora, é a altura da Q3, a fase final, a da pole-position.

Norris foi dos primeiros a marcar uma volta na pista e conseguir 1.32,330, 620 centésimos superior a Oscar Piastri. Max consegue 1.32,361, ficando em segundo, e superior aos Ferrari e Piastri. Pérez marcou um tempo, mas por ter pisado os limites, esse tempo foi anulado.


Os carros recolheram às boxes para uma última chance, e ali, tentaram a sua sorte... até que George Russell bater no muro no terceiro sector, perto da meta. Bandeiras amarelas e... a sessão acabada, dando a pole a Lando Norris, na frente de Max e de Carlos Sainz Jr. De uma certa forma, foi um final anticlimático para a qualificação que foi, mas no domingo haverá mais ação para saber até que ponto este duelo entre McLaren e Red Bull acabará.        

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Noticias: Vasseur acredita no título de Construtores


No regresso da Formula 1, depois de um mês de ausência, a Ferrari espera que a subida de forma que mostrou a partir do GP de Itália continua a se mostrar, e ajude na luta pelo título de Construtores, contra a McLaren e a Red Bull. Em Austin, a Scuderia de Maranello apresentará um novo pacote técnico, e o seu diretor técnico, o francês Fred Vasseur, espera que seja um passo em frente e permita aos seis pilotos, o monegasco Charles Leclerc e o espanhol Carlos Sainz Jr, lutar pelos lugares do pódio em todas as corridas até ao final da temporada.

O francês sublinha que a equipa está preparada para se bater com a McLaren e a Red Bull. 

"O Charles e o Carlos prepararam-se bem e a equipa está animada e, como sempre, vamos concentrar-nos em nós para trazer para casa os melhores resultados possíveis. Temos que dar tudo de nós, porque as diferenças do pelotão são muito pequenas e tudo está ainda em aberto na classificação", afirmou.

Quando faltam seis provas para o final da temporada, a Ferrari encontra-se neste momento no terceiro posto do Campeonato de Construtores, a trinta e quatro pontos da Red Bull, a segunda classificada, e a setenta e cinco da McLaren, a líder da classificação.