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Crianças desconfinadas: processos, contextos e narrativas

2023, Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história

https://doi.org/10.22533/at.ed.7862309013

Este estudo foi realizado com o objetivo de entender como está se delineando esse processo de desconfinamento e retorno ao ensino presencial das crianças da educação infantil e do ensino fundamental/ anos iniciais em escolas públicas e privadas da Capital Baiana, bem como o que ficou de aprendizagem dessa experiência do ensino remoto e/ou híbrido na percepção da família e da escola. Nos resultados são evidenciados dois polos de discussões entre as realidades do ensino público e privado, de aproximações e também de distanciamentos. Tempos de incertezas e paradoxos em que muitos desafios são descortinados e nos convida à reflexão sobre um vírus invisível aos olhos humanos, mas capaz de virar o mundo às avessas e que forçosamente nos fez refletir sobre tantas outras invisibilidades sociais.

Editora chefe Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira Editora executiva Natalia Oliveira Assistente editorial Flávia Roberta Barão Bibliotecária Janaina Ramos Projeto gráfico Bruno Oliveira Camila Alves de Cremo Luiza Alves Batista Imagens da capa iStock Edição de arte Luiza Alves Batista 2023 by Atena Editora Copyright © Atena Editora Copyright do texto © 2023 Os autores Copyright da edição © 2023 Atena Editora Direitos para esta edição cedidos à Atena Editora pelos autores. Open access publication by Atena Editora Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de Atribuição Creative Commons. Atribuição-Não-ComercialNãoDerivativos 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores, inclusive não representam necessariamente a posição oficial da Atena Editora. 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Conselho Editorial Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Prof. Dr. Adilson Tadeu Basquerote Silva – Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí Prof. Dr. Alexandre de Freitas Carneiro – Universidade Federal de Rondônia Prof. Dr. Alexandre Jose Schumacher – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná Prof. Dr. Américo Junior Nunes da Silva – Universidade do Estado da Bahia Profª Drª Ana Maria Aguiar Frias – Universidade de Évora Profª Drª Andréa Cristina Marques de Araújo – Universidade Fernando Pessoa Prof. Dr. Antonio Carlos da Silva – Universidade de Coimbra Prof. Dr. Antonio Carlos Frasson – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Dr. Antonio Gasparetto Júnior – Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais Prof. Dr. Antonio Isidro-Filho – Universidade de Brasília Prof. Dr. Arnaldo Oliveira Souza Júnior – Universidade Federal do Piauí Prof. Dr. Carlos Antonio de Souza Moraes – Universidade Federal Fluminense Profª Drª Caroline Mari de Oliveira Galina – Universidade do Estado de Mato Grosso Prof. Dr. Crisóstomo Lima do Nascimento – Universidade Federal Fluminense Profª Drª Cristina Gaio – Universidade de LisboaProf. Dr. Daniel Richard Sant’Ana – Universidade de Brasília Prof. Dr. Deyvison de Lima Oliveira – Universidade Federal de Rondônia Profª Drª Dilma Antunes Silva – Universidade Federal de São Paulo Prof. Dr. Edvaldo Antunes de Farias – Universidade Estácio de Sá Prof. Dr. Elson Ferreira Costa – Universidade do Estado do Pará Prof. Dr. Eloi Martins Senhora – Universidade Federal de Roraima Profª Drª Geuciane Felipe Guerim Fernandes – Universidade Estadual de Londrina Prof. Dr. Gustavo Henrique Cepolini Ferreira – Universidade Estadual de Montes Claros Prof. Dr. Humberto Costa – Universidade Federal do Paraná Profª Drª Ivone Goulart Lopes – Istituto Internazionele delle Figlie de Maria Ausiliatrice Prof. Dr. Jadilson Marinho da Silva – Secretaria de Educação de Pernambuco Prof. Dr. Jadson Correia de Oliveira – Universidade Católica do Salvador Prof. Dr. Jodeylson Islony de Lima Sobrinho – Universidade Estadual do Oeste do Paraná Prof. Dr. José Luis Montesillo-Cedillo – Universidad Autónoma del Estado de México Profª Drª Juliana Abonizio – Universidade Federal de Mato Grosso Prof. Dr. Julio Candido de Meirelles Junior – Universidade Federal Fluminense Prof. Dr. Kárpio Márcio de Siqueira – Universidade do Estado da Bahia Profª Drª Kátia Farias Antero – Faculdade Maurício de Nassau Profª Drª Keyla Christina Almeida Portela – Instituto Federal do Paraná Profª Drª Lina Maria Gonçalves – Universidade Federal do Tocantins Profª Drª Lucicleia Barreto Queiroz – Universidade Federal do Acre Prof. Dr. Luis Ricardo Fernandes da Costa – Universidade Estadual de Montes Claros Prof. Dr. Lucio Marques Vieira Souza – Universidade do Estado de Minas Gerais Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Profª Drª Marianne Sousa Barbosa – Universidade Federal de Campina Grande Profª Drª Marcela Mary José da Silva – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Prof. Dr. Marcelo Pereira da Silva – Pontifícia Universidade Católica de Campinas Prof. Dr. Marcelo Pereira da Silva – Pontifícia Universidade Católica de Campina sProfª Drª Maria Luzia da Silva Santana – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Prof. Dr. Miguel Rodrigues Netto – Universidade do Estado de Mato Grosso Prof. Dr. Pedro Henrique Máximo Pereira – Universidade Estadual de Goiás Prof. Dr. Pablo Ricardo de Lima Falcão – Universidade de Pernambuco Profª Drª Paola Andressa Scortegagna – Universidade Estadual de Ponta Gross aProfª Drª Rita de Cássia da Silva Oliveira – Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof. Dr. Rui Maia Diamantino – Universidade Salvador Profª Drª Sandra Regina Gardacho Pietrobon – Universidade Estadual do Centro-Oeste Prof. Dr. Saulo Cerqueira de Aguiar Soares – Universidade Federal do Piauí Prof. Dr. Urandi João Rodrigues Junior – Universidade Federal do Oeste do Pará Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande Profª Drª Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti – Universidade Federal da Bahia / Universidade de Coimbra Prof. Dr. William Cleber Domingues Silva – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Prof. Dr. Willian Douglas Guilherme – Universidade Federal do Tocantins Sentidos e sujeitos: elementos que dão consistência à história 3 Diagramação: Correção: Indexação: Revisão: Organizador: Camila Alves de Cremo Flávia Roberta Barão Amanda Kelly da Costa Veiga Os autores João Henrique Lúcio de Souza Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S478 Sentidos e sujeitos: elementos que dão consistência à história 3 / Organizador João Henrique Lúcio de Souza. – Ponta Grossa - PR: Atena, 2023. Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-65-258-0978-6 DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.786230901 1. História. I. Souza, João Henrique Lúcio de (Organizador). II. Título. CDD 901 Elaborado por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166 Atena Editora Ponta Grossa – Paraná – Brasil Telefone: +55 (42) 3323-5493 www.atenaeditora.com.br [email protected] DECLARAÇÃO DOS AUTORES Os autores desta obra: 1. Atestam não possuir qualquer interesse comercial que constitua um conflito de interesses em relação ao artigo científico publicado; 2. Declaram que participaram ativamente da construção dos respectivos manuscritos, preferencialmente na: a) Concepção do estudo, e/ou aquisição de dados, e/ou análise e interpretação de dados; b) Elaboração do artigo ou revisão com vistas a tornar o material intelectualmente relevante; c) Aprovação final do manuscrito para submissão.; 3. Certificam que os artigos científicos publicados estão completamente isentos de dados e/ou resultados fraudulentos; 4. Confirmam a citação e a referência correta de todos os dados e de interpretações de dados de outras pesquisas; 5. Reconhecem terem informado todas as fontes de financiamento recebidas para a consecução da pesquisa; 6. Autorizam a edição da obra, que incluem os registros de ficha catalográfica, ISBN, DOI e demais indexadores, projeto visual e criação de capa, diagramação de miolo, assim como lançamento e divulgação da mesma conforme critérios da Atena Editora. DECLARAÇÃO DA EDITORA A Atena Editora declara, para os devidos fins de direito, que: 1. A presente publicação constitui apenas transferência temporária dos direitos autorais, direito sobre a publicação, inclusive não constitui responsabilidade solidária na criação dos manuscritos publicados, nos termos previstos na Lei sobre direitos autorais (Lei 9610/98), no art. 184 do Código Penal e no art. 927 do Código Civil; 2. Autoriza e incentiva os autores a assinarem contratos com repositórios institucionais, com fins exclusivos de divulgação da obra, desde que com o devido reconhecimento de autoria e edição e sem qualquer finalidade comercial; 3. Todos os e-book são open access, desta forma não os comercializa em seu site, sites parceiros, plataformas de ecommerce, ou qualquer outro meio virtual ou físico, portanto, está isenta de repasses de direitos autorais aos autores; 4. Todos os membros do conselho editorial são doutores e vinculados a instituições de ensino superior públicas, conforme recomendação da CAPES para obtenção do Qualis livro; 5. Não cede, comercializa ou autoriza a utilização dos nomes e e-mails dos autores, bem como nenhum outro dado dos mesmos, para qualquer finalidade que não o escopo da divulgação desta obra. A produção coletiva “Sentidos e Sujeitos: Elementos que dão Consistência a História” em seu terceiro volume guarda expressiva relação com o contexto social em que foi produzida. Em seu ofício, os pesquisadores das humanidades dialogam com o tempo em que vivem marcados por desafios, problemas e esperanças. A partir de suas vivências e experiências (do ponto de vista benjaminiano), desvendam os labirintos das explicações científicas, edificando conhecimento por meio da interação dialógica entre as demandas do presente e as tradições teóricas dos vários campos das humanidades. Essa obra traz pesquisas que dão sentidos a sujeitos que são objetos de investigação e que estão ‘sujeitos’ a novos sentidos e olhares a partir da representação do leitor. Nossos colegas pesquisadores que fazem essa obra se debruçaram sobre as vivências humanas (sobre suas próprias experiências) em diversos tempos e lugares, se empenhando em analisar, entender e decifrar as atribuições dos sujeitos como produtores de sentidos, representações, pontes, frisuras, transformações, encontros e conflitos, APRESENTAÇÃO que caracterizam a convivência humana. Pegando emprestada uma citação do famoso historiador francês Roger Chartier, quando o mesmo conceitua a palavra “representação” e enfoca sua importância para a história cultural, podemos dizer que essa obra “tem por principal objeto identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma realidade social é construída, pensada, dada a ler” (CHARTIER, 1990, pp. 16-17). Chartier (1990) nos leva a refletir sobre representações que podem edificar discursos que, envolvidos com os sujeitos, geram entendimentos das realidades e produzem sentidos. Ao mesmo tempo em que, ao edificar sentidos, as representações descortinam concepções de mundo e “falam” tanto de quem as representa quanto daquilo que é representado. Isso se aplica a todos os discursos, incluindo o discurso aqui apresentados. Dessa forma, no primeiro capítulo “CONSTRUÇÕES, CAMINHOS E REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO HUMANA E A ESCOLA”, o pesquisador da Universidade Federal Rural de Pernambuco, João Henrique Lúcio de Souza, a partir do seu testemunho de vida, faz uma contextualização, um relato autobiográfico, a partir de teóricos que caracterizam cada fase de sua vida escolar. No segundo capítulo ““A ESCOLA QUE EU ESTUDEI NÃO É A MESMA QUE MEUS FILHOS ESTUDAM”: A ESCOLA PÚBLICA BÁSICA ATRAVÉS DAS RECORDAÇÕES E IMPRESSÕES DE PAIS E MÃES”, as pesquisadoras da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) Maria Antônia Veiga Adrião e Gizele Lima dos Santos resgatam as recordações e impressões de pais, mães e avós (1980-2010) a fim de entender a razão do distanciamento entre escola e progenitores em escolas públicas situadas na zona noroeste do Ceará. Já no artigo “CRIANÇAS DESCONFINADAS: PROCESSOS, CONTEXTOS E NARRATIVAS”, Sandra Alves Moura de Jesus e Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti, pesquisadoras da Universidade Católica do Salvador, se propõem a entender o processo de desconfinamento e retorno ao ensino presencial das crianças da educação infantil e do ensino fundamental/anos iniciais em escolas públicas e privadas de Salvador/BA, bem como o que ficou de aprendizagem dessa experiência do ensino remoto e/ou híbrido na percepção da família e da escola. A pesquisadora Natália Martins Besagio, pesquisadora da Universidade Estadual de Maringá, com o artigo “A “MÚSICA DO DIABO”: O BLUES COMO EXPRESSÃO DA CULTURA FEMININA AFRO-AMERICANA”, evidencia a música como viés de luta para as mulheres negras, que deixaram um amplo legado à cultura norte-americana, quebraram os tabus da desigualdade de gênero a partir do famoso gênero musical norte-americano blues. No quinto capítulo, o artigo a “LOUCURA DO PODER OU O ABSURDO DA VIOLÊNCIA NO ESTADO? UM ENSAIO SOBRE TEMPO PRESENTE”, o APRESENTAÇÃO pesquisador Antonio Carlos da Silva da Universidade Católica de Salvador faz uma reconstituição histórica, tomando o Brasil como exemplo, com uma larga discussão teórica para mostrar que nosso país, apesar de gigante, se encontra adormecida no estado de presente contínuo. No sexto capítulo intitulado “DEFUNTOS PERFUMADOS: RAÍZES DO EMBALSAMAMENTO NA IDADE MÉDIA EUROPEIA” de coautoria dos pesquisadores Eduardo Mangolim Brandani da Silva, Eloara dos Santos Cotrim e Christian Fausto Moraes dos Santos da Universidade Estadual de Maringá, vemos desdobramentos das possíveis origens da prática do embalsamento como herança cultural da Civilização romana, do cristianismo primitivo e dos povos bárbaros. Para os autores o embalsamamento medieval é uma espécie de continuidade da metodologia cristã. Por fim, no sétimo e último capítulo, “A ALMA PENADA DE ANTÔNIO DE SOUZA NETTO: UM SENHOR DA GUERRA NA LITERATURA E NA HISTÓRIA (1835-1865)” do pesquisador da Universidade Federal do Rio grande do Sul, Cesar Augusto Barcellos Guazzelli, que, a partir do romance “Netto Perde Sua Alma” de Tabajara Ruas, procura os significados sobre as fronteiras do caudilhismo e as guerras, especialmente a Guerra dos Farrapos. Bem, esperamos que as leituras destes capítulos possam ampliar seus conhecimentos e instigar novas reflexões, e, que essa produção, com seus objetos e objetivos, seja também um objeto a ser estudado, analisado e criticado. Boa leitura e reflexões! João Henrique Lúcio de Souza REFERÊNCIAS CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990. CAPÍTULO 1 ............................................................................. 1 CONSTRUÇÕES, CAMINHOS E REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO HUMANA E A ESCOLA João Henrique Lúcio de Souza https://doi.org/10.22533/at.ed.7862309011 CAPÍTULO 2 ........................................................................... 12 “A ESCOLA QUE EU ESTUDEI NÃO É A MESMA QUE MEUS FILHOS ESTUDAM”: A ESCOLA PÚBLICA BÁSICA ATRAVÉS DAS RECORDAÇÕES E IMPRESSÕES DE PAIS E MÃES Maria Antonia Veiga Adrião Gizele Lima Dos Santos https://doi.org/10.22533/at.ed.7862309012 CAPÍTULO 3 ...........................................................................24 CRIANÇAS DESCONFINADAS: PROCESSOS, CONTEXTOS E NARRATIVAS Sandra Alves Moura de Jesus Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti SUMÁRIO https://doi.org/10.22533/at.ed.7862309013 CAPÍTULO 4 ...........................................................................38 A “MÚSICA DO DIABO”: O BLUES COMO EXPRESSÃO DA CULTURA FEMININA AFRO-AMERICANA Natália Martins Besagio https://doi.org/10.22533/at.ed.7862309014 CAPÍTULO 5 ...........................................................................46 LOUCURA DO PODER OU O ABSURDO DA VIOLÊNCIA NO ESTADO? UM ENSAIO SOBRE TEMPO PRESENTE Antonio Carlos da Silva https://doi.org/10.22533/at.ed.7862309015 CAPÍTULO 6 ...........................................................................62 DEFUNTOS PERFUMADOS: RAÍZES DO EMBALSAMAMENTO NA IDADE MÉDIA EUROPEIA Eduardo Mangolim Brandani da Silva Christian Fausto Moraes dos Santos Eloara dos Santos Cotrim https://doi.org/10.22533/at.ed.7862309016 CAPÍTULO 7 ...........................................................................76 A ALMA PENADA DE ANTÔNIO DE SOUZA NETTO: UM SENHOR DA GUERRA NA LITERATURA E NA HISTÓRIA (1835-1865) Cesar Augusto Barcellos Guazzelli https://doi.org/10.22533/at.ed.7862309017 SOBRE O ORGANIZADOR .........................................................87 SUMÁRIO ÍNDICE REMISSIVO ..................................................................88 CAPÍTULO 3 CRIANÇAS DESCONFINADAS: PROCESSOS, CONTEXTOS E NARRATIVAS Data de aceite: 02/01/2023 Sandra Alves Moura de Jesus Mestra em Família na Sociedade Contemporânea pela Universidade Católica de Salvador. Bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (PROSUCCAPES). Historiadora e Professora. Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti Pós-doutora pela Universidade de Coimbra, Portugal. Doutora em História pela Universidade de León. Professora e investigadora do Programa de PósGraduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo – Universidade Federal da Bahia. RESUMO: Este estudo foi realizado com o objetivo de entender como está se delineando esse processo de desconfinamento e retorno ao ensino presencial das crianças da educação infantil e do ensino fundamental/ anos iniciais em escolas públicas e privadas da Capital Baiana, bem como o que ficou de aprendizagem dessa experiência do ensino remoto e/ou híbrido na percepção da família e da escola. Nos resultados são evidenciados dois polos de discussões entre as realidades do ensino público e privado, de aproximações e também de distanciamentos. Tempos de incertezas e paradoxos em que muitos desafios são descortinados e nos convida à reflexão sobre um vírus invisível aos olhos humanos, mas capaz de virar o mundo às avessas e que forçosamente nos fez refletir sobre tantas outras invisibilidades sociais. PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. Desconfinamento. Ensino. Escola. ABSTRACT: This study was carried out with the aim of understanding how this process of deconfinement and return to classroom teaching of children in kindergarten and elementary school/early years in public and private schools in the capital of Bahia is taking shape, as well as what was left of learning of this experience of remote and/ or hybrid teaching in the perception of the family and the school. The results show two poles of discussions between the realities of public and private education, of approximation and also of distances. Times of uncertainty and paradox in which many challenges are unveiled and invites us to reflect on a virus invisible to human eyes, but capable of turning the world upside down and forcibly made us reflect on so many other social invisibilities. Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 24 KEYWORDS: Pandemic. Disconfinement. Teaching. School. “É preciso ter atenção quando definimos o que é a natureza. A natureza não existe fora de nós. Não mora apenas onde há árvore e passarinho. Nós, com as nossas cidades, somos também a natureza. O vírus que nos atinge é parte dessa natureza. Aliás, uma das razões que levaram a desvalorizar o estudo dos vírus foi a nossa visão antropocêntrica do que é importante no mundo natural. Muito pouco sabemos dessa criatura invisível que virou o mundo do avesso.” Mia Couto, 2020. “[...]não se pode saber sem sentir e na prática do sentir há também um conhecimento. Se separarmos as dimensões e acharmos que a aprendizagem é sobretudo ou é apenas saber, ela pode ser feita na tela de computador? Pode. Mas fica sempre amputada de outra dimensão. Antonio Nóvoa, 2020. Sujeitos a tantos seres imprevisíveis e todo-poderosos, o ser humano e toda a vida não-humana de que depende não podem deixar de ser iminentemente frágeis. Se todos estes seres invisíveis continuarem activos, a vida humana será em breve (se o não é já) uma espécie em extinção. Boaventura Souza Santos, 2020. INTRODUÇÃO: TEMPOS INTENSOS E TENSOS Com tamanhas transformações sociais, o último biênio revelou fragilidades, instabilidades e pontos relevantes para convívios e relações. Olhar atento e vivenciado em concomitância, a partir de observação e participação como mulheres, mães e professoras, a experiência relatada nesse texto traz um ponto de vista multireferenciado e de identidades que se cruzam e conectam, alcançando especialmente a Sociologia da Educação (DUBET, 2008; VALLE, 2014) e das Emoções (SOGHMAN, 2022), além das ambiências e as cumplicidades entre esferas familiares e educacionais, agências sociais e relacionais. Se estudos sobre famílias e processos educativos já tinham dimensão interdisciplinar (MESSEDER, CASTRO & MOUTINHO, 2016), a crise sanitária e as mudanças recorrentes nas esferas educativas indicaram fatores e processos intensificados e de tensões. Momento histórico do Tempo Presente que revelou desigualdades, não concretização de políticas e que a ideia de que as conexões entre as duas esferas é bastante implicada e interligada (VIEIRA, 2022) poderia ser invertida ou, alegoricamente, colocada na ampulheta. Tomando esse panorama, de intensas transformações e urgências advindas da crise estrutural que se matizou a partir do âmbito sanitário Covid-19, a captação da experiências de famílias - hiperconvivência e sobreposição de atividades para mulheres, em destaque (CAVALCANTI & SILVA, 2018; CAVALCANTI, 2022) e escolas objetivou compreender a dinâmica do ensino remoto e/ou híbrido em tempos de pandemia, bem como o processo Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 25 de desconfinamento e o retorno para o ensino presencial de crianças da Educação Infantil e/ou Ensino Fundamental/Anos Iniciais, atingindo faixas etárias entre 3 e 10 anos como prevalência. Nesse contexto, há que se destacar dois relevantes cenários que figuram como principais ambientes nesse processo: a família e a escola, como o coração do sistema social. Contudo, é preciso considerar ainda questões de classes, etnia, idade como variáveis sociais que indicam ou não espaços de exclusões e impactam no desenvolvimento da pessoa, para além de toda crise de direitos humanos em tempos pandêmicos. Discussão ampla e que emerge da necessidade de transformação de uma sociedade excludente que sucateia a educação, onde se tem fome não apenas de comida, mas também de saberes e de justiça social. Por esta razão, o lócus de observação foi em uma escola privada na capital baiana, frequentada em sua maioria por crianças das classes média e alta, que se encontravam em processo de transição do ensino híbrido e/ou remoto para o presencial. A instituição possui excelente estrutura física e operacional, além de profissionais que incansavelmente buscam cumprir todas as medidas e protocolos de segurança, aliando o fazer pedagógico dentro dos limites e possibilidades que o biênio 2020 e 2021 revelou a partir da crise sanitária mundial (COVID-19). Utilizando consentimento e assentimento de sujeitos envolvidos, tal investigação foi possível pelo uso de instrumentos validados e resguardando a confidencialidade e sigilo para preservação de identidades. Apesar de todos os recursos existentes na referida escola, se descortinam nas crianças sofrimentos e dificuldades no processo de ensino e aprendizagem, num universo desconhecido que um vírus conseguiu trazer à tona, mas que de certa forma em alguns aspectos sempre estiveram ali presentes. Assim, a inquietação para esta observação se torna relevante (como atividade integrada ao estágio docente e observação em contexto escolar), em função de já ser um desafio o retorno à modalidade de ensino presencial numa escola privada e com recursos adequados à essa nova realidade, o que dizer do nosso sucateado ensino público? A educação é um direito fundamental, que precisa ser preservado para todas as crianças e todos os adolescentes por igual. Mas, em casa, sem os recursos adequados para aprender – como um computador e acesso à internet de boa qualidade –, meninas e meninos em situação de pobreza e vulnerabilidade estão sendo deixados para trás. Muitos deles podem depender apenas de um celular para ter contato com professores e receber as atividades escolares. (Manifesto assinado por UNICEF, UNESCO e OPAS/OMS. Julho, 2021). Tempos de incertezas, negacionismos, medos, lutos e lutas, de presenças ausentes, de tantos retrocessos sociais que não abrangem apensas o campo educacional, mas que acabam refletindo no ambiente escolar realidades e dificuldades relacionais inerentes a um processo de ressocialização e adaptação a este novo momento imposto pela crise sanitária em escala mundial. Quando se soma a tudo isto, as vulnerabilidades sociais como a fome Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 26 e a falta de acesso digital, aliada à problemas estruturais na escola pública que antecede à pandemia, as violências se sobrepõem e os abismos sociais se acentuam ainda mais. Tempos de máscaras que ocultam sorrisos, mas que também salvam vidas. Tempos estranhos, de paradoxos e de muitas urgências estruturais. Tempo de lições importantes para a humanidade, mas sobretudo, tempo de alinhar o papel da família e da escola no sentido de potencializar e reconhecer a educação como forma de resistência na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. A partir dessas indagações, surgiu a ideia de realizar uma pesquisa com familiares e docentes/corpo pedagógico, objetivando entender como está se delineando esse processo de desconfinamento e retorno ao ensino presencial das crianças da educação infantil e do ensino fundamental/anos iniciais em escolas públicas e privadas da Capital Baiana, bem como o que ficou de aprendizagem dessa experiência do ensino remoto e/ou híbrido na percepção de agentes que integram esferas familiares e escolares. APROXIMAÇÕES METODOLÓGICAS E RETRATOS DE SUJEITOS PARTICIPANTES Para essa pesquisa, foi elaborado um questionário digital (Google Formulários) com quatros perguntas fechadas e três abertas, para conhecer a percepção de familiares, docentes e corpo pedagógico diante da problemática que motivou a realização desse estudo e descrição de situação-problema que envolveu campos de socialização (famílias e escola). Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, através de amostra privilegiada/indicativa e ensaística, a partir de contatos relacionados à prática profissional das pesquisadoras, tendo sido utilizado como recurso grupos de WhatsApp que participavam docentes e familiares das crianças, em sua maioria, intitulados de ‘grupos de mães’. Foram obtidas 60 respostas no total, sendo representada por 66,7% (sessenta e seis vírgula sete pontos percentuais) da escola da privada e 33,3% (trinta e três vírgula três pontos percentuais) da escola pública, conforme demonstrado em gráfico a seguir (GRÁFICO 1 – Captação de realidades pública e privada). Na sequência, os dados são desmembrados em quadro detalhando os percentuais por familiares e docentes/corpo pedagógico de ambas as instituições (pública e privada). Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 27 Fonte: Elaboração das autoras para análise dos dados/2021 Escola Pública Escola Privada 22 Familiares 55% 8 Familiares 40% 18 Docentes/Corpo pedagógico 45% 12 Docentes e Corpo pedagógico 60% Fonte: Elaboração das autoras/2021. No quadro demonstrado foi possível identificar que na escola privada a participação de familiares foi maior que a de docentes/corpo pedagógico, enquanto na escola pública ocorreu o inverso; tendo havido uma maior participação do corpo funcional, do que da família. Sendo uma possível explicação para essa constatação, a dificuldade de acesso às ferramentas eletrônicas de um modo geral pelos familiares da escola pública, seja por falta de habilidade no manuseio ou mesmo por não ter condições de manter o custo para o pagamento de uma rede de conexão com a internet. Em relação ao papel de cada um dos respondentes na vida do/a estudante pesquisado, 50,8% (cinquenta vírgula oito pontos percentuais) são representados por familiares e 42,4% (quarenta vírgula quatro pontos percentuais) por docentes. Referente ao corpo pedagógico (psicólogos/as escolares e coordenadores/as) foram duas repostas para cada profissão respectivamente; em percentual, ambas representaram 3,4% (três vírgula quatro pontos percentuais). Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 28 Fonte: Elaboração das autoras para análise dos dados/2021 No questionário digital, não foi solicitado nenhum tipo de identificação do participante. Mas para uma melhor compreensão dos resultados, foram estabelecidos blocos de respostas considerando o papel do respondente na vida da criança (familiar ou docente/ corpo pedagógico) e a que tipo de ensino se referia (público ou privado). Ao serem questionados para que sinalizassem como estava sendo o ensino remoto e/ou híbrido e o que ficou dessa experiência, abaixo destacam-se alguns posicionamentos que revelam realidades entre os espaços de ensino público e privado a partir das seguintes questões norteadoras: Como foi ou está sendo a experiência com o ensino remoto e/ou ensino híbrido? O que ficou ou ficará dessa vivência? Como descreveria os principais desafios do processo de desconfinamento e retorno presencial das crianças ao ambiente escolar, considerando os seguintes aspectos: Processo de ensino/aprendizagem e questões comportamentais? Muitas foram as reflexões que se tornaram possíveis a partir das respostas obtidas, como poderemos identificar nas narrativas e contextos descritos ao longo desse breve estudo. DAS EXPERIÊNCIAS, EXTRAIR ANÁLISES E ELABORAR SUGESTÕES Nos resultados foram evidenciados dois polos de discussões entre as realidades do ensino público e privado, de aproximações e de distanciamentos. Se aproximam quando se referem, a importância da interação social para as crianças no espaço escolar e da participação da família para o êxito no processo de ensino/aprendizagem; assim como, nos relatos da exaustão que envolve a prática de ensino remoto/híbrido e a percepção da dificuldade de aprendizagem. Mas se distanciam, quando o acesso à escola como “direito” é negado, diante de contexto de vulnerabilidades sociais, como a falta de acesso digital, para citar um exemplo (CAVALCANTI & DIAS, 2022). Entre tantas realidades que se entrecruzam ou se afastam, muitos relatos de Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 29 familiares indicam a dificuldade no acompanhamento escolar pela falta de didática e compreensão dos conteúdos, o que de certa forma favoreceu para o reconhecimento e valorização do fazer pedagógico e dos/as profissionais da área de educação; importância esta, invisibilizada principalmente pelos poderes públicos. Foi mencionado também, um processo de exaustão física e emocional, como relatado anteriormente, que envolve a família, a escola e as crianças que tiveram de ressignificar a forma de ensinar, de aprender e reaprender. Embora diversos familiares estivessem fisicamente presentes em casa no período mais agudo da pandemia (2020), muitas ausências se revelaram. As famílias estavam sobrecarregadas e com dificuldades para conciliar as atividades domésticas e profissionais (home office), além do necessário assessoramento das crianças no ensino remoto e/ou híbrido. Suscitando também reflexões acerca de outros retrocessos sociais – para além do contexto educacional, afinal as instabilidades da crise sanitária (COVID - 19), envolvem todas as dimensões sociais - exemplo disso, são medidas transitórias que tendem a se perpetuar, como teletrabalho que tem negligenciado o direito à desconexão; aumentando significativamente a jornada diária do trabalhador, acentuando os problemas de saúde ocupacional (BARBAGIANI, 2021). Sem mencionar a crise econômica, o desemprego e tantas outras mazelas sociais, num cenário político de extrema direita e que vem reduzindo de forma exponencial os investimentos na esfera educacional. No momento de incerteza que estamos vivendo em função das consequências pandêmicas, a sociedade, a escola e as famílias precisam reinventar-se diariamente. “Nunca foi tão necessário estarmos afinados e alinhados no processo formativo e emocional de todos os envolvidos” (BORSTEL, FIORENTINI E MAYER, 2020, p. 42). A ausência do ensino no momento pandêmico, especialmente na esfera pública por falta de recursos, a escola foi negligenciada como agenciadora de consciências, pois ela alimenta a esperança de um futuro possível, sobretudo para os mais vulneráveis. Para elucidar algumas dessas observações, a seguir foram destacadas algumas falas dos/as respondentes: “É uma readaptação para eles em todos os sentidos. Estão reaprendendo a conviver em grupo, a respeitar combinados extrafamiliares, a ouvir o outro, a ter empatia e a lidar com a mediação do professor presencialmente. Uma das consequências do ensino remoto foi a “liberdade” de se esconder atrás das telas e muitas vezes, camuflar as dificuldades, dificuldades estas que estão sendo expostas agora, presencialmente, o que para as crianças é um desafio.” (Docente escola privada). “No início foram momentos tensos por ser tudo novo e sem experiência, criança sem paciência e pais sem saber ensinar de forma que a criança compreendesse, porém ao passar do tempo foi se tornando um pouco melhor com o auxílio dos professores, que começaram a perceber e passaram a se dedicar de forma quase que particular com cada um aluno.” (Familiar escola Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 30 privada). “Exaustivo não só para as crianças, mas para as mães que acompanham a rotina de muitas horas de seu filho a frente de uma tela de computador.” (Psicóloga escola privada) “Período um pouco complicado para o desenvolvimento das crianças, inclusive consegui mantê-los em frente ao computador exatamente para os estudos e não para diversão, mas teve um lado bom que foi a participação mais ativa dos pais na aprendizagem deles.” (Docente escola pública) “Uma experiência desgastante porque a família termina tendo que fazer os afazeres domésticos e também ensinar as crianças que tem. Dificuldade para acompanhar a aula em alguns momentos ou demonstra falta de interesse”. (Familiar escola privada).” A partir das falas de familiares e docentes de ambos os ambientes de produção de conhecimento (público e privado), ficaram também latentes os distanciamentos que emerge das diversas dificuldades da escola pública, como a precariedade de uma internet de qualidade para que os/as estudantes pudessem acompanhar as aulas online. Tendo ficado constatado que, as crianças que conseguiram ter acesso a algum tipo de acompanhamento pedagógico durante o ensino remoto e/ou híbrido, foi possível minimizar a defasagem no processo de aprendizagem. Pontos abissais que separam as duas realidades de ensino e que diferentemente de outros países como a França, em que na escola pública não há divisão de classes e ainda assim há discussões sobre a arbitrariedade do currículo e favorecimento dos conteúdos para uma elite. O que nos leva a refletir a quão perversa é a escola pública brasileira – realidade que se acentua ainda mais diante da conjuntura de crise sanitária - pois a educação é um ‘capital social’ que tem potencial para gerar outros ‘capitais’ (BOURDIEU, 1993). No caso da escola brasileira, além de não permitir convivência entre as classes, ela se mostra promotora e reprodutora das desigualdades sociais e consequentemente étnicoraciais, considerando especificamente a realidade capital baiana que é o objeto desse estudo, onde reside a maior população de pessoas negras fora do continente africano (IBGE, 2017). “Para as crianças das escolas públicas foi muito deficitária, pois nem todas têm Internet e quando tem, a qualidade é péssima.” (Familiar escola pública) “São duas vias. Primeiro que a quantidade de alunos que a escola pública municipal de Salvador conseguiu alcançar foi muito pouca, visto as dificuldades em acesso aos meios tecnológicos necessários para o desenvolvimento de aulas remotas. Alguns alunos ficaram apenas pegando tarefas xerografadas na escola, por outro lado, as famílias que conseguiram acessar os grupos de WhatsApp mostraram interesse, participação por parte dos alunos e valorização do trabalho do professor.” (Docente escola pública) “Quanto ao ensino, acredito que só tem a agregar o retorno presencial. A escola se fez muito presente nesse processo online, porém a atenção dispensada ao Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 31 aluno presencial é melhor. Sobre as questões comportamentais, foi exatamente esse o motivo que me fez decidir pelo retorno dela ao presencial. Estava achando-a retraída nas aulas e se queixando do online, comportamento que mudou totalmente quando do retorno ao presencial.” (Familiar escola privada) “O processo de ensino ainda está lento, acredito que faltou mais planejamento e organização para esse retorno, quanto a aprendizagem, investimos em orientação pedagógica (para nossa filha) durante o período remoto, por consequência não há dificuldade por parte dela no acompanhamento das aulas e atividades escolares!” (Familiar escola pública). Os principais desafios estão sendo no processo de ensino e aprendizagem. As crianças estão chegando com defasagem de conteúdo, falta de estímulo e cansadas. Percebe- se o quanto essa pandemia afetou a educação e o aumento da desigualdade social.” (Docente escola pública) Outro ponto de relevância que se evidencia na pesquisa é a sinalização de como a falta de recursos públicos impactou para que os/as docentes da escola pública conseguissem desenvolver uma prática que pudesse atingir sua clientela e garantir o seguimento dos protocolos de segurança, minimizando assim os riscos de contaminação pelo COVID-19 tantos para os/as docentes/corpo pedagógico, como para os/as estudantes. Para melhor demonstrar esses distanciamentos revelados, destaca-se algumas falas de docentes/corpo pedagógico e familiares da escola privada, quando sinalizam que esse momento oportunizou a rever práticas pedagógicas e favoreceu a utilização de conteúdos digitais em sala de aula, discursos tão contrários ao visto na escola pública. Mencionam, ademais, uma certa tranquilidade no retorno para o ensino presencial, face a estruturação elaborada pela maioria das escolas privadas no seguimento dos protocolos sanitários para garantir a segurança das crianças e do seu corpo funcional. Acentua-se, deste modo, os abismos sociais já existentes antes da pandemia, relativos às duas esferas de ensino: público e privado, em tempos diferentes, em condições também desiguais e com intervalos e acessibilidades também em contornos distintos. “A readaptação ao processo ensino/aprendizagem esbarra na falta de acesso/ comunidade ao conhecimento que, por falta de recursos, lhe foi podado enquanto remoto. E, a partir do retorno, deparamos com o medo das partes, a dificuldade no cumprimento das demandas de segurança e o ‘retorno’ a uma liberdade ainda limitada” (Docente escola pública) “Considero uma proposta desafiadora, mas aberta a experiências agregadoras ao processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista as múltiplas possibilidades que o professor tem de ampliar sua metodologia e atingir seus objetivos. Haja vista compreender que a sala de aula é um espaço singular, portanto quanto mais recurso dispuser, melhor será a garantia de êxitos para suas metas. Considero uma possibilidade fantástica de aprendizagem é preciso desacomodar e visitar novas janelas de conhecimento, o universo é infinito e nos convida a desafiá-lo todos os dias.” (Docente escola privada) Em termos de unidade pública, a experiência foi adoecedora tanto para o profissional quanto para clientela. Comunidade sem recursos para suprir a ausência do presencial e governo sem nenhum investimento plausível Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 32 para professor /aluno. No ensino remoto a dificuldade é conseguir prender a atenção das crianças, para que se minimize o impacto na defasagem de aprendizagem. Foi necessário reinventar a prática pedagógica e utilizar os recursos digitais como jogos, quiz para tornar o processo de ensino/ aprendizagem mais atraente. Outro aspecto é que as crianças que tiverem apoio dos pais tiveram melhor desenvolvimento. (Docente escola privada) Por aqui o retorno foi bem tranquilo, me sentir confiante por conta de a escola seguir todos os protocolos exigidos. Após o retorno eu percebi a extrema importância que foi o retorno presencial em vários sentidos sobre o crescimento no desenvolvimento comportamental, no processo de linguagem, na rotina semanal e na aprendizagem entre outros. (Familiar escola privada). Embora não tenha sido foco e nem a intenção da pesquisa em identificar o gênero do/a respondente, em algumas respostas tantos de familiares e docentes/corpo pedagógico se revela que a maioria das respostam foram dadas por mulheres, sejam familiares ou docentes que além de acumular funções com os afazeres domésticos e a vida profissional, a elas são atribuídas as funções do cuidar, em casa e no ambiente escolar. Apenas em escolas privadas que possuem professores especialistas, como por exemplo, das disciplinas de inglês, educação física e artes, é que foram identificados respondentes do sexo masculino. Mas em geral a profissão de professor/a da educação infantil e do ensino fundamental anos iniciais é um espaço quase que exclusivamente feminino. Se a escola e a família são bases importantes para a formação da sociedade, em que as mulheres aparecem como protagonistas nos papeis de cuidar e educar, qual a razão de continuarmos a reproduzir tantas ideologias machistas? Esta provocação fica como um convite à reflexão, especialmente para as educadoras, já que a discussão sobre gênero não é o objeto dessa investigação. As mulheres. A quarentena será particularmente difícil para as mulheres e, nalguns casos, pode mesmo ser perigosa. As mulheres são consideradas «as cuidadoras do mundo», dominam na prestação de cuidados dentro e fora das famílias. (SANTOS, 2020, p. 15). A utilização dos manuais didáticos, foi outro ponto que chamou atenção na referida pesquisa, tendo sido identificado que 86,5% (oitenta e seis vírgula cinco pontos percentuais) do total de respondentes do ensino público e privado quanto ao uso de livros didáticos durante o ensino remoto e/ou híbrido. Ficou ainda constatado que, apesar de todo processo de inserção dos recursos digitais e através de ambientes escolares em razão do contexto pandêmico, o recurso didático continuou centrado nos livros, considerados materiais frequentes no fazer pedagógico. Surpreendentemente com maior ênfase nas escolas privadas, esse instrumento de mediação do conhecimento, foi elencado por 95% (noventa e cinco pontos percentuais) das respostas positivas acerca da sua utilização de recursos. Enquanto na escola pública o total de utilização representa 55% (cinquenta e cinco pontos percentuais), o que requer Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 33 uma investigação direcionada para melhor entender essa discrepância, principalmente por considerar que no ensino privado há uma maior acessibilidade aos recursos digitais para utilização em salada de aula, como demonstrado neste estudo. Fonte: Elaboração das autoras para análise dos dados/2021 Ao questionar sobre a sua frequência de utilização, 86,5% (oitenta e seis vírgula cinco pontos percentuais) responderam que o seu uso é frequente. Desse modo, os livros básicos vinculados ao PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) aparecem como principais veiculadores e difusores de conhecimentos científicos, o que evidencia o livro didático ainda como o principal recurso de ensino e aprendizagem, mesmo em tempos pandêmicos, quando houve uma necessidade emergente de se lançar mão dos recursos digitais. Tal constatação tão paradoxal, supõe que o uso do livro físico pode estar atrelado a uma necessidade dessa aproximação com o palpável, tendo em vista todo esse movimento que impeliu uma velocidade no uso de ferramentas eletrônicas para dar conta do ensino remoto e/ou híbrido. Embora não podemos desconsiderar nesse contexto, a visão mercadológica atrelada aos livros didáticos, como “produtos” que são comprados por responsáveis em contexto escolar privado e que, portanto, precisa ser “consumidos”. Enquanto que, na realidade da escola pública, apesar da gratuidade do material didático, se observa uma problemática em relação à conscientização dos alunos/as que os utilizam e não os devolvem para que outros possam utilizá-los em anos subsequentes, o que compromete significativamente a sua disponibilização e o seu acesso para todos/as, além de consideração a questão de erário público, sustentabilidade e economia circular. CONSIDERAÇÕES QUE MERECEM ATENÇÃO Dentro deste cenário de crise sanitária mundial (SARS COVID-19), a pandemia traz Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 34 entre outras consequências, a importância relacional em todas as dimensões sociais e especialmente nos ambientes de produção de conhecimento (CAVALCANTI & DIAS, 2022). Apesar disso, neste processo de transição do ensino remoto e/ou híbrido para o ensino presencial, desnudam-se de forma latente as marcas de tantas ausências. Ausências que antecedem à pandemia, mas que se potencializam e se revelam em tantos antagonismos. Se na escola pública falta recursos e planejamento para minimizar os impactos causados pela crise sanitária, sobra vontade e esforço de uma boa parte de docentes/ corpo pedagógico e familiares para diminuir as fronteiras entre o ‘impossível’ e o ‘factível’. São muitas fomes, dores e violências sobrepostas para a maioria das crianças do ensino público, o que representa um fosso na desigualdade social brasileira. Apesar disso, a escola pública desponta como possibilidade de superação de um ciclo intergeracional de pobreza, da oportunidade de se pensar num futuro possível, de se ter esperança. Enquanto que, num movimento inverso, na maior parte das escolas privadas que não possuem tantos problemas estruturais, muitas crianças em sua ingenuidade, descortinam tantas ‘pobrezas simbólicas’ que é preciso uma riqueza de saberes dos profissionais da área de educação, para minimizar os impactos das carências emocionais, das incapacidades de ouvir um não, das dificuldades de lidar com frustrações e conflitos tão necessárias ao desenvolvimento humano, das sobrecargas de atividades e as cobranças para que se tornem melhores e mais competitivos, os excessos de presentes em contraponto a falta de afetividade e de presenças. São realidades distintas entre o ensino público e privado, mas em ambos, são necessárias habilidades que os cursos de formação no campo educacional não há o preparo para o/a profissional lidar com tantos desafios. Como forma de resistência a um sistema opressor e desigual, cabe ao educador/a, além de todos os papeis inerentes ao fazer pedagógico, a função de semear gente, de semear sonhos e colaborar para a formação de uma sociedade mais justa, que se valorize a igualdade e diminua os abismos sociais entre ricos e pobres. Se estamos a viver tempos estranhos e de incertezas, intensos e tensos, é preciso lembrar que as escolas são e estão vivas, como espaços de sociabilidade, de convivências e de reproduções sociais! Espaço de dúvidas, de curiosidades, de aprender com o lúdico, de bens relacionais imensuráveis. Ademais, a educação é direito inalienável garantido pela Constituição Brasileira (1988) e celebrada como importante exercício da cidadania. Mas ao contrário de pensarmos em alternativas práticas para garantir esse direito seguindo os protocolos de segurança, após toda temeridade inicial instaurada pelo risco da contaminação, a escola foi esvaziada de pessoas e de sentidos. O reflexo disso? Só o tempo dirá... No entanto, a percepção no retorno ao modelo presencial é de uma defasagem cognitiva e motora gritante, de individualismos ainda mais exacerbados, de tantas violências sobrepostas, de vulnerabilidades e abismos sociais Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 35 ainda mais acentuados, de questões socioemocionais preocupantes e que emergem a necessidade um olhar atento. Apesar disso, é preciso “esperançar” como dizia Paulo Freire (2014), que este momento de distanciamento tenha servido para que a família e escola se reconheçam como complemento uma da outra, sem esquecer cada qual o seu papel e caminhem juntas, para a promoção de uma educação libertadora e formadora de pessoas pensantes e conscientes dos seus direitos, da sua cidadania. Afinal, para dentro do portão de uma escola, cabe toda uma sociedade e suas mazelas. E o mais importante, contém crianças e seus sonhos. REFERÊNCIAS BARBUGIANI, L.H.S. Deslocamentos Humanos: um ensaio sobre os potenciais conflitos entre nacionais e estrangeiros. Revista eletrônica de História Social, n. 21. São Paulo: PUC-SP, 2018. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/cordis/article/view/46562. Acesso em 20/06/2022. BAUER, F.; NOLETO, M.; GROSS, S. Reabertura segura das escolas é urgente para garantir direitos de crianças e adolescentes. Manifesto assinado por UNICEF, UNESCO e OPAS/OMS. Julho,2021. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/manifesto-unicef-unesco-opas-oms-reabertura-segura-dasescolas. Acesso em 27/09/2022. BORSTEL, V.V., FIORENTIN M. J. E MAYER, L. Educação em tempos de pandemia: Constatações da coordenadoria regional de educação de Itapiranga. In: Desafios da educação em tempos de pandemia. Cruz Alta: Ilustração, 2020, pp. 37 – 53. BOURDIEU, P. À propos de la famille comme catégorie réalisée. Actes de la recherche en sciences sociales, vol. 100, 1993, pp. 32-36. 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Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Capítulo 3 37 A Afro-Americana 38, 39, 42, 44 Antiguidade 62, 65, 72 Antiguidade tardia 62, 65 B Blues 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45 Bourdieu 8, 31, 36 Brasil 5, 8, 22, 36, 46, 47, 49, 50, 51, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 74, 77, 78, 79, 80, 82, 83, 86, 87 C Caudilhos 76, 83, 84, 86 ÍNDICE REMISSIVO Civilização romana 62, 66 Continuidade 49, 62, 63, 66, 69, 72, 73 Cristianismo 62, 65, 69, 70, 72, 73 Cultura escolar 12 Cultura feminina 38 D Desconfinamento 24, 26, 27, 29 Desigualdade de gênero 38, 39 Distanciamento 12, 13, 36 Durkheim 5, 6, 7, 11 E Educação 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 25, 26, 27, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 50, 61, 87 Educação infantil 3, 6, 24, 26, 27, 33 Embalsamento 71 Ensino 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11, 13, 14, 16, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 87 Ensino remoto 24, 25, 27, 29, 30, 31, 33, 34, 35 Escola privada 26, 28, 30, 31, 32, 33 Escola pública 3, 6, 8, 12, 13, 16, 17, 21, 27, 28, 31, 32, 33, 34, 35 Estado 3, 8, 13, 18, 21, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 65, 70, 77, 78, 79, 80 Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Índice Remissivo 88 F Farrapos 76, 77, 78, 79, 81, 83, 85 Ficção 76, 77, 80 Formação 1, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 12, 13, 18, 19, 20, 33, 35, 38, 39, 46, 49, 51, 52, 56, 57, 58, 65, 70, 76, 77, 87 Formação escolar 12, 19 Fronteira 76, 79, 84, 85, 86 G Guerra 58, 61, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 83, 84, 85, 86 H Habitus 1, 2, 8 ÍNDICE REMISSIVO História 1, 2, 3, 4, 5, 6, 9, 12, 13, 15, 20, 21, 22, 23, 24, 36, 46, 49, 53, 54, 55, 57, 59, 60, 61, 74, 75, 76, 77, 85, 87 Historiografia 5, 85 I Idade Média 6, 62, 65, 69, 72, 73 L Loucura 46, 47 M Memória social 12 Música 4, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44 N Nação 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 60, 61, 86 Narrativa 1, 52, 55, 56, 58, 71, 77, 80 O Osmologia 62, 69, 70 P Pandemia 13, 24, 25, 27, 30, 32, 34, 35, 36, 37, 57 Paulo Freire 1, 2, 4, 7, 10, 22, 36 Povo 5, 40, 41, 43, 49, 78 Povos Bárbaros 62 Progenitores 12, 13, 14, 15, 16, 17 Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Índice Remissivo 89 R Racismo 12, 18, 19, 21, 39, 44, 58 Raízes 41, 47, 49, 50, 52, 56, 57, 58, 61, 62, 65 T Tempo presente 25, 46, 56, 57 ÍNDICE REMISSIVO Testemunho de vida 1, 2 Sentidos e sujeitos: Elementos que dão consistência à história 3 Índice Remissivo 90