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Revisão: Gleyce D uque
Editoração: Leonardo M arinho
C apa e projeto gráfico: E duardo Souza
C D D : 248 -V id a Cristã
ISBN: 85-263-06 80-4
As citações bíblicas foram extraídas da versão A lm eida R evista e C orrigida,
edição de 1995 da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.
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20001-970, R io de Janeiro, RJ, Brasil
I “ edição: 2005
Su m á r io
In tro d u çã o .......................................................................................7
( '.ipítulo 1
Clo m preen den do a M ensagem do R e in o de D e u s ...............15
( '.apítulo 2
A 1)iferença entre o Justo e o Injusto ..................................... 29
( lapítulo 3
A Expansão do R e in o dos C é u s ............................................... 43
( '.apítulo 4
( a isto, o Tesouro In c o m p a rá v e l.................................................55
( apítulo 5
I ançai a R e d e ............................................................................... 63
( apítulo 6
I i<lelidade e D iligência na O b ra de D eus .............................. 73
( .ipítulo 7
( ) ( iracioso Perdão de D e u s ....................................................... 81
( ‘.ipítulo 8
( i isto, a R ocha Inabalável ........................................................101
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
C apítulo 9
A Justiça e a G raça de D eus .................................................... 115
C apítulo 10
R ealizan d o a V ontade do P a i ................................................... 127
C apítulo 11
Vigiai, pois não Sabeis Q u a n d o V irá o S e n h o r .................. 137
C apítulo 12
As Bodas do Filho de D e u s ..................................................... 151
C apítulo 13
A Parábola da Pérola de G rande V alor................................... 161
C apítulo 14
A Parábola das Coisas N ovas e V elhas....................................169
C apítulo 15
A Parábola das O velhas e dos B o d e s ..................................... 179
In t r o d u ç ã o
A Bíblia Sagrada é, sem dúvida, o livro mais lido n o m u n
do, ainda que outras religiões, fora o ju d aísm o e o cristianism o,
ten h am seus livros sagrados. E n tretan to , a Bíblia é a Palavra de
D eus revelada e escrita em linguagem hum ana. Esta se diversi
fica em tipos distintos de figuras representativas que devem ser
interpretadas de acordo co m o c o n tex to de cada u m a delas.
São várias as figuras de linguagem utilizadas na Bíblia, es
pecialm ente n o O rie n te M édio. E m v irtu d e da diversidade de
linguagem — com o sím bolos, parábolas, m etáforas, alegorias,
símiles e tipos, e outras mais — , req uer-se um a interpretação
correta que respeite o pensam ento inserido em cada texto. A
esse estudo d enom inam os H e rm e n ê u tic a B íblica. P or se tratar de
literatura sacra, a herm en êu tica é definida com o um a ciência de
in te rpretação dc^te x to s o u palavras, cujas regras procuram co n siderar o texto de acordo co m o seu sentido original.
D en tre todas as figuras existentes na B íblia/as parábolas
ganham u m espaço m aio r e especial, prin cip alm en te as criadas
As
P
a r á b o l a s
,d
e
J
e su s
pelo S en h o r Jesus C risto. Ele foi o M estre p o r excelência na
utilização de parábolas.
D e f in iç ã o d o t e r m o p a r á b o la
A palavra parábola é com posta de dois vocábulos gregos: o
prefixo p a ra e o sufixo ballein (ou bailo), que significa “lançar ou
colocar ao lado d e” . P ortanto , p od em os e n ten d er que parábola
é algo que se coloca ao lado de outra coisa para fins de com pa
ração, o u para dem o nstrar a sem elhança entre dois elem entos.
Jesus utilizava u m m éto d o to d o especial quand o falava p o r pa
rábolas. Ele aproveitava algum evento do cotidiano de sua é p o
ca e explorava aspectos especiais daquele aco n tecim en to para
ensinar algum a verdade espiritual. A parábola podia ser tirada
de um a história real o u algum a outra criada a p artir de fatos
possíveis do dia-a-dia das pessoas. U m a parábola era, na verda
de, um a espécie de ilustração da vida. Podia ser u m relato de
coisas terrenas, às vezes, histórico — geralm ente fiel à e x p eri
ência h u m an a — narrado de m o d o a com u nicar um a verdade
m oral o u algum ensino espiritual.
A c la s s if ic a ç ã o d a s p a r á b o la s p o r g r u p o s
A o estudar as parábolas de C risto, po d em o s agrupá-las em
certa o rd em de assunto p o rq u e Jesus p reocu pou-se em o rdenálas de acordo co m a situação do m o m e n to e do propó sito da
apresentação das mesmas. O s estudiosos, n o deco rrer dos anos,
v ê m sugerindo várias classificações, mas H e rb e rt L ockyer as
dividiu da seguinte form a: “ 1) Parábolas teocráticas ou didáticas
(as proferidas p o r Jesus na qualidade de R a b i o u M e stre aos
discípulos), co m o propó sito de in struir e treinar. E ntre elas
estão as de M ateus 13, além de algumas outras. 2) Parábolas
evangélicas o u da graça (as p ro ferid as p o r Jesus em caráter
H
In
t r o d u ç ã o
evangelístico), que visam a alcançar os pobres. E n tre elas estão
sobretudo as registradas p o r Lucas. 3) Parábolas proféticas o u de
j u í z o (as proferidas p o r Jesus co m o pro feta ), que proclam am as
grandes verdades de governo e do ju íz o m oral de D eus. E ntre
elas estão as parábolas co m o a dos L avradores M a u s (M t 2 1 .3 3 41) e a da F igueira E sté ril (Lc 1 3 .6 -9 )” .1 U m o u tro estudioso,
Siegfried G oebel, preferiu fazer um a classificação p o r ordem
do p erío d o do m inistério de C risto, da seguinte m aneira: “ 1) a
prim eira série de parábolas em C afarnaum ; 2) as últim as pará
bolas de acordo co m Lucas; 3) as parábolas do ú ltim o p e río
d o ” . P orém , p o r m elh o r que seja cada classificação apresentada,
n e m sem pre satisfaz p lenam ente os estudiosos. O que im porta,
de fato, é descobrir a verdade central (ou principal) dessas pas
sagens e colocá-las em prática. Tem os de fugir das form as lite
rárias que in ib em a m ensagem de cada parábola e in terp retálas de m o d o a aplicá-las ao nosso p ró p rio coração.
A e s tr u tu r a d e u m a p a r á b o la
D e m o d o objetivo e específico, precisam os saber que um a
parábola se c o m p õ e de três partes: ocasião, n arração e aplicação
espiritua l. Q u a n to à prim eira parte,Jesus explorava algum evento
especial na ocasião em que estava falando ao povo, o u a grupos
distintos do judaísm o, co m o os escribas e fariseus, para ensinar
algum a lição espiritual. G eralm ente, o objetivo da lição relacionava-se co m a m ensagem do R e in o dos céus que anunciava e
pregava. Para que a parábola tivesse aceitação dos seus ouvintes,
Jesus a apresentava em form a de narração. Essa parte envolvia o
m o d o co m o Ele tecia o enredo da parábola, dando beleza, es
tética e atração. A o final de sua narrativa só lhe restava fazer a
aplicação esp iritua l d a essência do seu ensino. A parábola era um
m éto d o eficiente através do qual era com unicada a verdade
que Ele queria ensinar. Jesus sabia tirar proveito do m o m e n to
9
As
P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
que se lhe dispunha para despertar a consciência dos seus o u
vintes. Algum as parábolas não aparecem com o tais, mas com o
símiles — figura de linguagem m u ito pró x im a da parábola.
E m geral, o c o rre m co m a idéia básica de ilustrar o pensam ento
do autor. O sím ile “ consiste em um a com paração form al entre
dois objetos ou ações, que não estão m aterialm en te relaciona
dos entre si, n o rm alm en te precedid o p o r um a conjugação de
com paração, co m vista a im pressionar a m en te co m algo c o n
creto, parecido o u sem elh an te” .2 A lguns estudiosos en ten d em
a pa rá bola com o u m sím ile a m p lia d o , p orqu e a com paração vem
expressa, e o sujeito e a coisa com parada m antêm -se separados.
A in t e r p r e t a ç ã o d e p a r á b o la s
A lguns pregadores se p reo cu p am tanto co m os detalhes
irrelevantes de um a parábola que acabam p ro d u zin d o in te r
pretações fora do co n tex to do ensino que Jesus queria, de fato,
transm itir. U m a parábola é co m o um a roda de bicicleta co m
os seus raios devidam ente dispostos para dar segurança e eq u i
líbrio ao ciclista. N ão são os raios os elem entos mais im p o rta n
tes, mas sim, a verdade central, a lição principal da parábola. Os
raios representam apenas os detalhes secundários, p o ré m é o
eixo central que im p o rta em p rim eiro lugar. A parábola n o r
m alm ente ensina um a só verdade central. P o r exem plo: na do
Filho Pródigo, o eixo central é o am o r do pai que recebe e
espera pela volta do filho rebelde. H á pregadores que ficam tão
preocupados em in terp retar “as bolotas que os porcos co m i
am ” que acabam esquecendo o ensino principal da parábola.
Jesus sabia co m inteligência explorar a linguagem parabó
lica sem cair n o sim plism o de apenas filosofar sem revelar al
gum a verdade profunda. J. Mackay, em seu livro E u , p o ré m , vos
I 'figo, afirm ou que “há dois pó rtico s no form oso edifício do
pensam ento de Jesus pelos quais o cristão pod e penetrar: o
10
In
t r o d u ç ã o
serm ão da m o n tan h a e as parábolas” . M ateus o rg an izo u seu
relato n o E vangelho dando ao m esm o um a certa cronologia
aos assuntos relatados, b e m com o aos discursos de Jesus, espe
cialm ente as parábolas. Essa fo rm a de organização escriturai
facilita a com preensão dos leitores com uns co m o tam b ém da
queles que se dedicam ao estudo da Palavra de D eus.
Sua interpretação deve ser feita ressaltando o seu caráter
específico, p o rq u e as parábolas, em b o ra se pareçam c o m outros
gêneros literários (figuras de linguagem ), se distinguem pela
form a co m o se relacionam co m a vida real. A preocupação
básica de Jesus ao co n tar u m a parábola era a de ensinar algum a
lição de cu n h o m oral o u espiritual. E para to rn á-la fascinante e
atrativa, Ele a ornava co m detalhes de beleza histórica que en
riqueciam o enredo da m esm a. E ntretanto , ao in terp retar um a
parábola, deve-se evitar a p re o cu p aç ã o exag erada c o m as
m inúcias, p o rq u e isso p o d e desvirtuar o ensino p rincip al da
parábola. N atu ralm en te, Jesus desafiava a inteligência dos seus
críticos ao criar situações d entro de u m a parábola c o m verda
des m isteriosas só com preendidas p o r aquelas pessoas que al
cançaram u m nível espiritual elevado. A p ró p ria Bíblia declara
que as coisas espirituais som ente são entendidas pelos espiritu
ais (M t 11.25; 1 C o 2.12-14).
P r in c íp io s d e in t e r p r e t a ç ã o d e p a r á b o la s
O p rin cíp io do contexto. O bservar o co n tex to de um a escri
tura é u m prin cíp io im portantíssim o para in terpretá-la. Todas
as parábolas foram precedidas de situações históricas que in d u
ziram Jesus a usar esse m é to d o para aclarar verdades m orais e
espirituais. U m a das leis que regem a in terpretação de u m tex
to, seja ele sagrado o u secular, é o seu contexto. O co n tex to
cultural e histórico p o d e facilitar a com preensão do ensino
principal da parábola. N esta, o seu c o n tex to p o d e ser aquela
11
As P
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situação histórica que o b rig o u o M estre a co n tar u m a parábola
para esclarecer um a verdade discutida. O c o n tex to im ediato,
antes e depois, oferece ao in térp rete a luz sobre o que se queria
ensinar.
O princípio teológico. As parábolas não tê m a finalidade de es
tabelecer doutrina ou teologia, mas visam a confirm ar algum
elem ento teológico contido num a parábola. U m certo autor
declarou que “as parábolas não são fontes prim árias de d o u tri
na” . O princípio teológico que rege qualquer parábola bíblica é
aquele que se insere nos conceitos e verdades espirituais ensina
das. Por exem plo, nelas encontram os as expressões “R e in o de
D eus” e “R e in o dos céus” . N a realidade, essas duas expressões
estão relacionadas com a linguagem de cada autor, mas p o d em
ser sinônimas, na m aioria das vezes que as encontram os nas pa
rábolas. Existem as de cun h o escatológico, que visam a m ostrar
o futuro da Igreja o u de Israel. A um a parábola co m algum ensi
no escatológico a interpretação deve seguir a linha teológica do
pensam ento de Jesus sobre assuntos escatológicos. U m a das re
gras simples de herm enêutica é “ o ensino geral da Bíblia” sobre
d eterm inado assunto ou doutrina. Por isso, os ensinos com teor
escatológico nas parábolas de C risto devem ser interpretados
sob o princípio do “ ensino geral das Escrituras” .
O utrossim , os autores dos Evangelhos objetivaram alcan
çar leitores específicos. M ateus d irecio n o u seu Evangelho a
seu p ró p rio povo, os israelitas. M arcos d ireciono u seus escritos
aos gregos, um a vez que, a despeito de estarem no p erío d o do
Im p ério R o m a n o , a cultura grega ainda exercia forte in flu ên
cia. Lucas foi u m au to r ex trem am ente didático, até p o rq u e era
m édico e tinha u m nível elevado de cultura. Ele escreveu aos
rom anos, que eram os governantes da época. F inalm ente,João
parece ter se dedicado a destacar m uito mais o sentido espiritu.il dos ensinos de Jesus e fortalecer a crença na sua divindade.
In
t r o d u ç ã o
O objetivo principal deste livro não é ensinar regras de
interpretação, mas oferecer alguns elem entos básicos de in te r
pretação, para facilitar aos leitores a com preensão das parábolas
apresentadas. Esta obra tem p o r objetivo ajudar os que m inis
tram a Palavra de D eus, oferecendo esclarecim entos sobre as
parábolas de Jesus no E vangelho de M ateus.
P a s to r E l í e n a i C a b r a l
I le rb e rt Lockyer, Todas as Parábolas da B íb lia ,V id a , 1999, pp. 146,147.
Eadras B entho, H erm en êu tica F ácil e D escom plica da, CPA D , 20 0 3 , p. 308.
13
C a p ít u l o 1
C o m pr e e n d e n d o
a
M en sa g em d o
R e in o d e D eu s
M a t e u s 1 3 .1 - 9
A se m e a d u r a n ã o é a v a lia d a e m te rm o s de q u a n tid a d e e proporção,
m a s p e la q u a lid a d e da terra q u e recebe a se m e n te .
O capítulo 13 de M ateus registrou sete parábolas de C risto
proferidas nas cercanias de C afarn au m ,ju n to ao m ar da Galiléia.
G eralm ente, Jesus subia na p o p a de algum b arq u in h o ; outras
vezes, em terra, colocava-se em algum p o n to mais alto, tendo
diante de si a planície de G enesaré, e então m inistrava ao povo
que afluía para ouvi-lo. Form a de com unicação típica do povo
do O rie n te M édio, em especial na Palestina, o M estre usava
m uitas figuras de linguagem para transm itir seus ensinos. P o
rém , o m éto d o mais utilizado foi a linguagem p o r parábolas.
Jesus foi especialista em usar linguagem figurada. P or esse
m éto d o de com unicação, Ele conseguia ilustrar as verdades es
pirituais e morais que desejava ensinar. Para cada parábola, C risto
tinha um a lição especial. E na Parábola do S em eador d eix o u nos um a das mais extraordinárias lições sobre os tipos distintos
de corações (solos, terren o s), os quais receb em a sem eadura.
O versículo 3 diz que Jesus “falou-lhe de m uitas coisas p o r
parábolas” . O te rm o parábola vem da língua grega, e significa,
As
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a r á b o l a s
d e
J
e s u s
literalm ente, “ colocar coisas lado a lado, para que se perceba as
sem elhanças” , ou p o d e ser definido com o “u m a com paração
ilustrativa na form a de narrativa” . Jesus, p o rtan to , contava suas
parábolas a partir de fatos da vida cotidiana. N esta parábola,
C risto se volta para a vida agrícola da Palestina a fim de ilustrar
a receptividade do R e in o de D eus n o coração das pessoas.
O SEM EA DO R
A ntes de qualq uer interpretação especulativa e secundária
devem os considerar o sentido original do ensino que Jesus
queria transm itir àquele povo.V isto que Ele estava contrastan
do os inim igos do R e in o co m os verdadeiros discípulos, c o n
fo rm e está retratado no capítulo 12, M ateus organiza seus re
gistros de to rm a especial e conecta co m o capítulo 13, no qual
Jesus ensina p o r parábolas (M t 13.1-3).
O que aprendem os e interpretam os inicialm ente nesta pa
rábola? O contexto da parábola indica o próprio C risto com o
“o sem eador” . N o texto está escrito que: “o sem eador saiu a
sem ear” (v. 3). P or quê? A o analisar as circunstâncias anteriores
no capítulo 12, vemos que Jesus havia se deparado com m uita
oposição e dureza de coração daqueles ouvintes. Sua m ensagem
não havia sido b em aceita, especialm ente pelos escribas e fariseus
que sem pre buscavam algo para acusá-lo. M uitas pessoas foram
até Ele, e já era o fim da tarde quando C risto entrou n u m p e
queno barco e dali passou a falar à m ultidão desejosa (por m eio
de parábolas) pelos seus ensinos. O p o n to de partida da in terpre
tação acerca de q uem era o sem eador tem u m caráter particular,
porque indica subjetivam ente o próprio C risto com o “o_seuie^ador” .Todavia, essa característica particular da interpretação não
im pede que se dê u m sentido genérico aos cristãos_como “se^
meadores” .N ão acrescenta n em fere os princípios herm enêuticos
que regem a interpretação dessa parábola.
|( )
C
o m pr e e n d e n d o
a
M
e n s a g e m
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D
e u s
N esta parábola Jesus teve com o objetivo principal m o strar a
diferença d os corações quanto à recepção da Palavra de Deus.
Era o p ró p rio C risto revelando a rejeição ao seu m inistério por
parte dos judeus. N a parábola seguinte, a do Joio e do T rigo (M t
13.36-43), Jesus se identifica (v. 37) com o aquele que “sem eia a
b oa sem ente” . Antes dEle, outros haviam atuado co m o semea
dores da Palavra, especialm ente no A ntigo Testamento. Porém ,
foi Jesus, que a si m esm o se referiu com o o “ Filho do H o m e m ” ,
para distinguir-se dos demais em singularidade, q u em podia e
sabia com o sem ear em quaisquer terrenos. A expressão “ Filho
do H o m e m ” revelava, de m odo especial, a hum anidade de Jesus,
com o ser gerado no ventre de um a m ulher, sendo, porém , sua
geração operada pelo Espírito Santo. Ele é o “sem eador” que
veio para fazer diferença dos demais “sem eadores” 0o 1.11,12).
Q E sp írito S a n to tam b ém é u m sem eador da boa sem ente.
Ele é o que inspira os sem eadores ao serviço da sem eadura e
q u em rega a sem ente lançada. C risto declarou acerca do Espí
rito e o seu trabalho na vida do pecador: “ O v ento assopra
o n d e quer, e ouves a sua voz, mas não sabes d o n d e vem , n em
para ond e vai; assim é to d o aquele que é nascido do E sp írito ”
(Jo 3.8). E n ten d em o s que essa passagem im plica, m etaforica
m ente, n um a ação do E spírito sem eando a Palavra de D eus.
N ã o significa que o E spírito faça o nosso papel de “ sem eado
res” , o u seja, evangelizadores. mas é E le qu e m toca o nosso
espirito e som os d espertados p ara espalhar a sem e n te ., C o m o
C risto ascendeu ao P ai, Ele ainda m inistra através do E spírito
SajTtxyo-Seu Paracleto , e este m in istra através dos crentes, nos
quais op era p elo seu Espírito (Jo 14.26).
O s cristãos autênticos são os sem eadores na dispensação da
graça^ A m issão evangelizadora dos discípulos de C risto é
identificada em dois textos dos Evangelhos (M t 28.19,20 e M c
16.20). A missão de C risto foi a de u m sem eador e Ele a passou
!
17
As P
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d e
J
e s u s
aos seus discípulos, os quais sem eiam em toda a terra desde
então. O que Jesus c o m eço u a ensinar, seus discípulos deram
co n tin u id ad e (At 1.1). N a história inicial d a igreja, surgiram
outros g randes sem eadores, entre os quais Paulo, que se decla
rava rep resentante de C risto co m o sem eador, e dizia que: “vis
to que buscais_uma p rova d e C risto q u e fala em m im , o qual
não é fraco para convosco; antes, é poderoso entre vós” (2 C o
13.3). Paulo considerava seu m inistério com o um a sem eadura
de coisas espirituais (1 C o 9.11). A.o dar testem u nho de sua
conversão, o apóstolo usa a m etáfora do vaso para ilustrar sua
utilidade na expansão do n o m e de Jesus (At 9.15). Paulo, p o r
tanto, to rn o u -se u m au tên tico sem eador da “boa sem en te” do
evangelho de C risto . T odo crente em Jesus é u m sem eador da
sua Palavra e, indubitavelm ente, enco ntrará os mais variados
tipos de solos para receber a boa sem ente. Fom os salvos para
s e r v ir e sem ear a boa sem ente e devem os servir co m am o r e
espírito sacrificial (SI 126.6).
N a ótica de C risto não há um a m era preocupação com
expansão e quantidade. N ão era apenas a propo rção da q u an ti
dade de sem entes que lançam os sobre a terra, de qualq uer
m aneira, sem critério. Para J esus, não deveria haver inibição
quanto ao ato de sem ear a b o a sem ente, p o rq u e o que interes
sava m esm o era que a sem ente fosse sem eada, a tem p o e fora
de tem po, em q u alquer solo que estivesse disponível para se
lançar a sem ente. N ã o se trata de u m ato de sem ear aleatoriaen co n trar algum a terra capaz de recebê-la e ro m p er co m as
dificuldadérH eT ualrutíficação. P óT õú tro lado, a falta de c rité
rio para a sem eadura refere-se ao trabalho cuidadoso do sem e
ador. T udo o que o sem eador te m de fazer é sem ear^Fazer que^
cresça a sem ente é algo que vai além de sua capacidade. E
trabalho m isterioso, sem a intervenção hum ana.
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C
o m pr e e n d e n d o
a
M
e n s a g e m
d o
R
e in o
d e
D
e u s
A SEM ENTE
O s Evangelhos Sinóticos tratam , às vezes, das mesmas narra
tivas históricas, porém com a visão do autor do Evangelho. Mateus,
M arcos e Lucas narraram a m esm a parábola e destacaram nuanças
percebidas particularm ente p o r cada u m dos autores. M ateus
descreve a “sem ente ” com o “a palavra do reino ” (M t 13.19);
Lucas a descreve com o “a palavra de D e u s” (Lc 8.11); M arcos,
simplesmente, com o “ a palavra” (Mc 4.15). N a ótica de M ateus,
“a palavra do rein o ” referia-se à natureza e exigências do R e in o
messiânico desejado e esperado pelos judeus, mas incom preendido
e, de certo m odo, rejeitado p o r eles. Tesus m esm o in terpretou
sua parábola e desta c o u algunssolos nos quais as sem entes lan cadas
não germ inaram. E le interpretou esses ^terrenos” (solos) com o
aqueles que não “com preendem ” a sua m ensagem ou com o aque
les que a rejeitam (M t 13.13).
Jesus tam b ém quis m ostrar aos seus discípulos que a sem e
adura d a “boa sem en te ” não p o d ia ficar restrita a u m solo espe
cífico, o u seja, a u m g ru p o étnico, n o caso, os judeus, mas teria
um a dim ensão glóbãl, co m o está esc rito :“P o rta n to , ide, ensinai
todas as n açõ es, batizando-as em n o m e do Pai, e do Filho, e do
E spírito S an to” (M t 28 .1 9 ).A lição básica dessa parábola é que
é preciso sem ear toda a sem ente. Toda a sem ente refere-se, es
sencialm ente, à plen itu d e da m ensagem do evangelho da graça
de D eus que é Jesus C risto (At 20.24,25). O evangelho é a
sem en te viva, p oderosa, que ultrapassa qualq uer elem en to físi
co p o rq u e “ é p o d er d e D eus para salvação de. todo aquele que
c rê ” (R m 1.16). A B íblia diz que esta “ sem entg ” é “v iva e
incorm ptÍY Êl” (1 Pe 22-25); te m p o d e r e p rodu z fé (R m 1.16;
10.17); é celestial e divina (Is 55.10,11); im utável e e terna (Is
40.8); p o d e ser enxertada e salvar_(T g 1.18,21).
O u tro aspecto im p o rtan te que se percebe é que n o cam po
das sim ilitudes tanto o sem eador q u an to a sem ente significam
19
As
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a r á b o l a s
d e
J
e s u s
o m esm o elem ento, que é “ a palavra de D e u s” . O ra, a Bíblia é
a Palavra de D eus tanto q u a n to C risto é ajp ró p ria. Palavra d ivina. Se a Bíblia é a Palavra viva de D eus, p o rtan to , está cheia de
C risto, que é o Verbo de D eus enviado para salvar o m u n d o (Jo
1 .1 ).Jesus é o logos de D e u s ,“ o V erbo divino que estava com
D eus... se fez carne e h ab ito u entre nós, e vim os a sua glória”
0o 1 .1 4 ).Ele m esm o é a sem ente.A Palavra escrita dá testem u
n h o de que veio com o a Palavra v iva 0o 5.39). O s que receb e m “a sem e n te ” (a Palavra, C risto), recebem a vida, p o rq u e
tê m vida em seu n o m e 0 o 20.30,31). P ortanto , a sem ente que
sem eam os na terra dos corações hum anos n ão só é a “sem en te
de C risto ” , com o tam b ém é o p ró p rio C risto. A sem ente do^
R e in o dos céus é E le m esm o, o R e i . .
A TERREN O PARA O PLANTIO
(M t
13.4-8)
Jesus apresentou sua parábola co m m uita criatividade, pois
destaco u quatro tipos distintos de terrenos nos quais a sem ente
podia ser semeada. Figurativam ente, o te rren o o n d e cai a se
m en te é o coração das pessoas e a receptividade à sem ente se
apresenta de m aneiras diversas. O que aprendem os nesta parábola é que o coração h u m an o é com o u m te rreno que p o d e
receber um a sem ente e pro d u zir fruto, com o tam b ém poderá
desenvolver dureza e re je iç ã o a qualq uer tipo de sem ente. N o
plano espiritual, o terren o do coração das pessoas é tam b ém
espiritual, todavia p od e desenvolver disposições favoráveis ou
contrárias à recepção das coisas espirituais. P or causa da n a tu
reza pecam inosa e reb elde adquirida p elo h o m em ,ji d isposição
do_seu coração to rn o u-se rebelde e endurecida. O que Jesus
nos m ostra na Parábola do S em eador é que a sem ente é lançada
em quatro tipos de terrenos, mas n e m todos serão receptivos à
“boa sem en te” .
í ’()
C
o m pr e e n d e n d o
a
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e n s a g e m
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O t e r r e n o “ a o p é d o c a m i n h o ” ( w . 4 ,1 9 )
N aquela época, Jesus p ro cu ro u co n d u zir a m en te dos seus
ouvintes aos cam inhos feitos p o r entre os cam pos, co m o p o
dem os exem plificar co m o texto de M ateus 12.1, q u e diz:“N a quele tem po, passou Jesus pelas searas, em u m sábado; e os seus
discípulos, ten d o fom e, com eçaram a colher espigas e a co
m e r” . E m suas viagens, Jesus passava p o r m uitos lugares, nas
m o n ta n h as, nos deserto s, às m argens d o m ar da Galiléia, ju n to
aos r ios e, especialm ente, nos cam inhos p o eirentos entre as plantagões-de trigo, cevada, aveia e outros grãos. O povo israelita
aproveitava to d o o espaço de terra cultivável, p o rq u e era p o u
co para cultivá-lo. D a experiência vivida p o r aquelas terras, Ele
sabia tirar proveito para ensinar verdades profundas c o m ilus
trações da vida cotidiana. P o r isso. C risto tirava lições d a v ida
pesqueira, da agricu ltu ra e até da pecuária.
N esta parábola, e m especial, suas andanças pelas terras
agricultáveis lhe deram jim a^visão dos vários tipos de terras que
p o d em receber sem entes e frutificarem ou não. N a sua percep
ção, Ele n o to u u m tipo d e terrcno que não era acessível à se
m ente: era a terra “ao p é do cam inh o” . As sem entes lançadas
objetivam e n te o u as que caíam naquela terra batida “p o r acaso”
não p en etravam a terra., então o s pássaros as com iam , porque
estavam expostas sobre aquela terra dura ao pé do cam inho.
/
Q u e classe d e ouvintes é com parada a esse tipo de te rre no?
S eg undo o p ró p rio C risto definiu n o versículo 19, é aquela
classe de pessoas que ouve a Palavra de D eus e não a entende,
n e m se esforça para entendê-la. E a classe de o u vin te s-te rra -d u m .
N a realidade, nos parece que são pessoas displicentes co m as
coisas de D eus e acham que não precisam se p reo cu p ar com
isso. O te rre n o “ ao pé do cam in h o ” é batido e pisado pelos
transeuntes da vida. E, p o rtan to , te rre n o duro, im penetrável e
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As P
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inacessível. São m uitas as influências exteriores que alcançam o
coração h u m a n o e in fluenciam sua vida.
As “aves” que v êm e c o m em as sem entes expostas naquela
terra dura representam o quê? Jesus m esm o dá a resposta, quando
diz:“ O u v in d o alguém a palavra d o R e in o e não a entendendo ,
vem o m aligno e arrebata o que foi sem eado no seu coração;
este é o que foi sem eado ao pé do cam in h o ” (M t 13.19). O
M estre in te rp re ta essas aves com o sendo “ o m alig n o ” . E quem
é o tal? E m toda a Bíblia a p alavra “m alig n o ” refere-se aoJD iabo e aos d e m ô nios sob seu dom ínio. Segundo o dicionário
A urélio, “m alig n o ” deriva do latim e significa “ser propenso
para o mal, ser m aléfico, m au, nocivo, pernicioso, danoso” . Es
ses elem entos identificam a pessoa do D iabo. E m M arcos 4.15,
o p ró p rio Tesus denuncia Satanás co m o o ladrão da sem ente da
t Palavra de D eus para que o pecad o r n ão a receba (To 10.1,10).
A saves do céu que arrebatam a sem ente lançada no coração
precisam ser enxotadas. As “aves d o x é u ” p o d e m representar os
agentes espirituais da m aldade que são acionados p a ra im p e d irem o progresso do “reino de D eus na te rra ” (E f 6.10-13).
Esses dem ônios atuam de várias m aneiras, com as mais dife
rentes características para enganar e seduzir os incautos. Essas
“ aves” p o d e m representar ho m en s o u m ulheres usados p o r
Satanás para pisarem a terra do coração das pessoas, influenci
ando suas m entes co m artifícios intelectuais e ateístas, ou com
idolatria, para lhes fechar e en d u recer o coração.
O
o u v in te representado pelo te rren o ao pé do cam inho
na verdade, o de coração fechado. E um a classe de pessoas que
recebem a sem ente co m o ouvido, mas não p e rm ite m descer ao
coração. A sem ente fica exposta na flor da terra, na cam ada e x te
rior, e não entra para o interior. L am entavelm ente, tem os esse
tipo de crentes no seio da igreja que, a despeito de participa
rem de atividades sociais e religiosas, são pessoas sem p ercep -
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I ção espiritual. N ada do que acon tece n o te rren o espiritual as
I sensibiliza p o rq u e são desprovidas de um a experiên cia in te rio r
I profunda. A sem ente não pod e p e n etrar n e m germ inar, e então
'(fica exposta para que “as aves do c é u ” , que representam os
agentes do mal, a arrebatem . A Palavra não surte efeito.
O t e r r e n o c h e io d e “ p e d r e g a is ” ( w . 5 ,6 ,2 0 ,2 1 )
Z ' Esse é o tipo de ouvinte que recebe inicialm ente bem a
Palavra de D eus, mas tem pouca duração, porque onde há p e
dregulhos o jsolo_é m ovediço e não perm ite criar raízes. N a rea
lidade, esse tipo é aquele q u e facilm ente se em ocio na co m o q ue
ouve, p o rém os obstáculos da vida im pedem que a Palavra ger
m ine n o seu coração. E o tipo de pessoa que chora quando ouve
a Palavra, faz confissões de necessidade, mas não consegue se
desvencilhar das pedras de sua vida pessoal. A sem ente é recebi
da, co n tu d o não cria raízes. Essas pessoas recebem a sem ente na
cam ada de cima da terra, isto é, na camada em ocional do cora^_
ção, todavia não deixam p enetrar a terra. São pessoas entusiastas
que se com ovem co m facilidade e gostam de ouvir a m ensagem
do evangelho. N o entanto, são pessoas superficiais, cuja fé é tem Iporal e frágil, incapazes de superar dificuldades.
- As pedras neste te rren o p o d em representar problem as de
o rd em m oral, v ícios, m aus h ábitos de caráter e p e c a d o s recoiv
rentes. N o ta-se um a diferença na form a de receber a sem ente
nos dois prim eiros tipos de terrenos (ou solos). O te rre n o “ao
pé do c am in h o ” é o endurecido, fechado, com pacto, que não
dá espaço para mais nada. São as pessoas que não e n te n d e m a
Palavra. Porém , o segundo tipo de te rre n o é cheio de pedras. Esse
te rre n o é o coração daqueles que, im ediatam ente, e n ten d em a
Palavra, mas de m o d o superficial. São pessoas que têm d ificuldadfis em adm inistrar seus sen tim en tos e e m o ç õ es, p o r isso, são
volúveis e m ed rosas. Estão sem pre resvalando em algum a difir.
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As
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culdade que não sabem resolver. M uito s cristãos vivem na su
perficialidade espiritual, pois im aginam que pojc se em o cio n a
rem n u m culto com um a m ensagem o u u m cântico não precisam de mais nada, po&jsso n ão se esforçam para tirar as pedras.
d e -suas vidas. E les receb em a sem ente naquele m o m e n to (v.
20) e ela até chega a brotar de im ediato (v. 4), mas não desen
volve suas raízes. E típico do “ cristão-pedregulh o ” . que está
sem pre buscando novidades e não se firm a na fé. A hipocrisia
acaba sendo um a característica desse tipo. de_ cren te, sem pre
propenso a grandes e m o ç õ e s, m anifestando- as co m freqüência
n o s cultos da igreja. A o calor de u m culto de adoração de lo u
vor, ele m anifesta fervor e faz d em o nstraçõ es de profissão de fé,
mas passando aquele m o m en to , volta a ser o m esm o cristão
inseguro de sem pre, facilm ente “levado p o r v e n tos de d o u trin a
e vãs filosofias” . A inda que deseje frutificar, ele não consegue,
p o rq u e não possui raízes profundas em si m esm o. São pessoas
de convicções d u v id o sas, inseguras e frágeis. N ã o su p o rtam tribulações e provas, e co m facilidade tropeçam e caem.
(w . 7 , 2 2 )
D iz o texto literalm en te:“E_outra caiu entre espinhos, e os
espinhos cresceram e sufocaram -na” . N a língua grega, a pala
vra “ esp in h o ” é a k a n th a , que se refere a “planta espinhosa” ,
típica das terras do O rie n te M édio. P or exem plo, a coroa de
espinhos que os rom anos fizeram para Jesus era, de fato, um a
“ coroa de [ a k a n th o n ]” (M t 27.29). Esse tipo de planta espin ho
sa se espalha e se dim ensiona sobre a terra de tal form a, que
outras plantas não subsistem naquele terreno. G eralm ente, esse
tipo de solo é constituído de rochedos elevados cobertos de
p ouca terra. Sobre ele é fácil e n co n tra r essa planta de a k a n th o n
(de espinhos) e lançar sem entes frutíferas. As vezes, u m a p o n ta
de terra que entra pelo m ar e é cercada de águas p o r todos os
O te r r e n o c h e io d e “ e s p in h o s ”
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lados. N aquela p o n ta de terra rochosa crescia m uita planta de
espinhos. O a u to r da C arta aos H eb reu s escreveu o seguinte:
“ P orque a terra que em bebe a chuva que m uitas vezes cai so
bre ela e p rodu z erva proveitosa para aqueles p o r q u em é lavra
da recebe a bênção de D eus; mas a que p rodu z espinhos e
abrolhos é reprovada e p e rto está da m aldição; o seu fim é ser
queim ada” (H b 6.7,8). E ntend e-se, p o rtan to , que esse tipo de
te rren o to rn a in útil o trabalho do sem eador. E interessante
n o tar que a sem ente lançada ali en co n tro u possibilidade de
germ inar, mas logo foi sufocada pelos espinhos.
A sem elhança dos problem as típicos do terreno pedregoso,
esse terceiro tam b ém é cheio de obstáculos e estorvos. Jesus
quis de fato dar u m destaque especial a esse te rre n o porq u e
esses espinhos sufocaram a sem ente (v. 22).
Q u e tipos de espinhos p o d em sufocar a “boa sem e n te ”? O
tex to de M ateus 13.22 apresenta dois tipos de espinhos e Lucas
8.14, três. M ateus indica “ os cuidados deste m u n d o ” e “ a sedu
ção das riquezas” , e Lucas considera três: “ cuidados, riquezas e
deleites da vida” . Todos esses espinhos estão, na verdade, na
m esm a dimensão.
N a p rim eira expressão — “ cu id ad o s deste m u n d o ” — ,
M ateus coloca em destaque duas palavras: “ cuidados” e “ m u n
d o ” . A_jDrimeira_ delas fala de preocupações secundárias que
acabam d o m in an d o a m en te e o coração das pessoas, sem dei
xar espaço para a p rio rid ad e m aior que é .o .“reino de D eu s” .
Essas preocupações sufocam a floração e a frutificação da Pala
vra de D eus, que é a fonte de toda a vida e de toda fecundidade.
M u ito s cristãos não frutificam na vida cristã p o rq u e vivem su
focados pelas preocupações da vida. N ã o tê m tem p o para as
coisas de D eus. A segunda p alavra significa u m sistema espiri
tual invisível que oferece às criaturas to da sorte de coisas que
roubam o espaço da relação e co m u n h ão co m D eus.
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As
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A segunda expressão — “ a sedução das riquezas” — refe
re-se ã possessão de riquezas que tê m sufocado a vida espiritu
al de m uitos irm ãos que n ão tem , tem po. para a oração, m ed itação e c o m u n hão com D eus. A participação nas atividades da
igreja to rn a-se nula p o rq u e “ a sedução das riquezas” tom a o
prim eiro lugar em suas vidas. Paulo e x o rto u sobre o p erigo
que co rre m os “ que q u erem ficar rico s” (1 T m 6.9).
A terceira expressão — “ os deleites da vida” — en co n trase em Lucas, com o já m en cio n ad o a n terio rm en te. Sem dúvi
da, os deleites propiciados pela prosperidade m aterial in d u zem
as pessoas à arrogância e à presunção. A busca desm edida p o r
prosperidade m aterial facilita o cam inho das tentações e, in e
vitavelm ente, o lugar da Palavra de D eus.é sufocado n o cora
ção dessas pessoas. N os tem pos m od ern o s, q uand o a equivoca
da teologia da prosperidade é pregada e ensinada co m o desco
b e rta de se ficar rico, a verdadeira teologia é abandonada. A
prosperidade m aterial deveria ser u m m o d o de servir m elh o r a
D eus e não para p ro d u zir sentim entos presunçosos no coração
daqueles que se im aginam mais abençoados que os outros.
O t e r r e n o d a “ b o a t e r r a ” ( w . 8 ,2 3 )
A quarta classe destacada p o r Jesus é o que cham aria de
ou vin tes-b o a -terra p orqu e são aqueles que ouv em e co m p re e n
dem a Palavra de D eus e dão frutos. A “boa te rra ” recebe a
sem ente p o rq u e é macia, profunda, sem pedras e limpa. E a
terra fértil e fofa que recebe a sem ente e é propícia à sua ger
m inação e desenvolvim ento. Pelo m enos três características^são
m anifestadas nesse tip o .de te rre n a . P rim eiro, as pessoas ouv em
e en te n d e m a Palavra. G eralm ente, tais pessoas são sensíveis às
coisas espirituais. São desejosas de c o n h ecer e aprend er p orqu e
suas raízes são profundas. Segundo, as pessoas to rn am -se fru tí
feras. Essa atividade frutífera é dem onstrada p o r um a dinâm ica
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o m p r e e n d e n d o
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in te rio r da sem ente plantada e pela qualidade da terra. Jesus
destaca essa dinâm ica quand o d iz :“ ... e deu fruto: u m , a cem ,
outro, a sessenta, e outro, a trin ta ” (M t 13.8).
Q uando a Palavra (a sem ente) p e n etra fu n d o a terra d o
coração, ela p ro duz bons fru tos, que é o resultado das convic
ções firm es n o p o d er da Palavra (Jo 15.8'). E m terceiro lugar, as
pessoas to rn a m -se frutíferas in d ep en d en te da quantidade ou
proporção. N ã o im p o rta q u em p ro d u z mais ou m enos. O que
im p o rta é que p ro d u zamos o suficiente para alcançar m uitas
pessoas (SI 1.3). P orém , há um detalhe que indica q u e certos
grãos ren d em mais que outros. Isto não significa q u alq u er p ri
vilégio propiciado ou discrim inativo. N o m u n do em que vi
vem o s, algu m as pessoas p ro d u zem mais que as outras, e no
R eino d e D eus é a m esm a coisa. O im p o rtan te é q u e todos
produzam , in d ep en d en tem e n te da quantidade. A p ro p o rç ão é
equivalente à capacidade individual de cada “ g rã o ” (semente)
produ zir o u não.
O s estudiosos tê m procurad o en te n d e r o texto de M ateus
13.8, que destaca as proporções de produtividade das sem entes
semeadas. O fam oso teólogo Fausset in terpreta esse texto da
seguinte form a: “ trin ta p o r u m ” designa o nível m e n o r de
fru tificação; “ sessenta p o r u m ” , o nível in te rm e d iá rio de
frutificação; “ cem p o r u m ” , o mais elevado nível. U m outro
teólogo co m en to u esse texto da seguinte m aneira:“Assim com o
os níveis dos ouvintes sem fru to eram três, tam b ém é tríplice a
abundância de frutos. A queles que tinham , foi-lhes d a d o ” .1 A
sem ente plantada em nossos corações germ inará e frutificará
m ediante a nossa disposição para produzir.Todavia, a lição m aior
desta parábola não é sim plesm ente frutificar, o que está relaci
onado co m a disposição para querer aprend er e e n te n d e r a
Palavra de D eus. E o en te n d im e n to intelectual e espiritual da
Palavra que produzirá algum fruto. Essa parábola te m a ver
27
As P
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co m a nossa capacidade de ouvir, e n te n d e r e o b e d e c e r . N o s
sa receptiv idade à Palavra “ descortin ará a verdade na ju sta
p ro p o rç ã o do e n te n d im e n to dos h o m e n s ” . Só e n ten d erem o s
as verdades profund as d o R e in o de D eu s m ed ian te nossa
receptividade. Jesus falou e m “m istérios do re in o ” , in d ican d o
que n e m todos c o n h e c eria m esses m istérios, mas aqueles para
os quais fossem revelados. A uns o e n te n d im e n to é m e n o r e
mais len to ; a outros, é m ais am plo e claro, tal c o m o a palavra
declara: “ trin ta p o r u m , sessenta p o r u m e cem p o r u m ” . N a
igreja, os crentes são distintos m em bros do C o rp o de C risto
(1 C o 12.12,27) e, naturalm ente, cada m em b ro deve c u m p rir
o seu papel dentro do C o rp o . P o r isso, po d em o s e n ten d er que
cada pessoa produzirá “ a boa sem en te” na m edida da sua capa
cidade de frutificar. N ã o h á espaço para,ciúm es o u invejas, des
de que j:ad a u m produza à propo rção de seu, e n ten d im en to
dos “m istérios da P alavra de D e u s” .
C O N C LU SÃ O
Aprendemos com esta parábola do semeador que existem três tipos
de solos que representam obstáculos para germinar, crescer e
desenvolver. Em termos de desenvolvimento cristão, no primeiro
solo o cristão não se desenvolve; no segundo, a semente é frustrada
quanto à germinação; no terceiro, encontra um pouco de terra,
mas é sufocada pelos espinhos; e no quarto, ela encontra terra capaz
de germiná-la e fazê-la crescer e frutificar.
C a p ít u l o 2
A D if e r e n ç a e n t r e
o Ju
s t o
e o
In j u s t o
M a te u s 1 3 .2 4 -3 0
A existência do joio no meio do trigo não impede que vivamos com graça e inteligência,
sem nos deix ar afetar pelo veneno do joio.
A Parábola do Jo io e do T rigo não aparece nos demais
Evangelhos Sinóticos, ainda que alguns estudiosos a v êem com o
um a versão revisada de M arcos. E ntretanto , é um a afirm ação
im provável, um a vez que os detalhes dos dois textos (M t 13.2430 e M c 4.26-38) ten h am nuanças distintas. D eix an d o de lado
o aspecto crítico dos textos, mais um a vez Jesus se volta para a
vida agrícola, b e m típica daqueles tem pos, e utiliza as mesmas
figuras do cam po; p o rém , com sentidos diferentes. A verdade
ensinada é a m esm a que a anterior, mas as figuras recebem u m
sentido diferente. N a Parábola do Sem eador, “ a sem e n te ” é a
Palavra de D eus (Lc 8.11); todavia, nesta p aráb o L fd o Jo io e do
trigo, as sem entes representam as pessoas. As sem entes do trigo
são “ o s ü lh o s do R e in o ” e as do jo io são “ os filhos dx) M alig
no ^ (M t 13.38). N a p rim eira parábola, a boa sem ente é a Pala
vra do R e in o que regenera a vida do h o m em : p orém , nesta,
“ os filhos do R e in o ” , co m suas vidas transform adas pela Pala
vra, são os elem entos que fazem diferença. O nefasto trabalho
As P
a r á b o l a s
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de sem ear o jo io é atividade do D iabo (M t 13.39). O jo io é
figura m etafórica de algo m al, e sem eá-lo significa infiltrar coi
sas ruins. T ais coisas p o d em significar os erros, as heresias e
d esvios d o u trin á rios que o Inim igo semeia.
Jesus declara que o jo io rep resen ta os “ filhos do M alig
n o ” (M t 13.38). Q u e m são eles? As pessoas más que rejeita m a verdad e d e C risto e passam _a sem ear ervas danin has
(joio) ju n to das sem en tes boas (trigo ). O s “ filhos do M alig
n o ” l i a os m u n d a n o s q u e estão sob o d o m ín io de Satanás e
qu£_lhe o b e d e c e m c eg am en te, fazen d o a sua v o n ta d e (Jo
8.44; 1 Jo 3.8 ,1 0 ; 5.19). São a g e n te s do D ia b o para p ro m o
v e r a d e so rd e m e a m istu ra do c e rto c o m o errad o , da ju sti
ça c o m a inju stiça, da luz c o m as trevas n o m e io , do povo, de
D eu s. O s “ filhos do R e i n o ” p recisam estar aten to s e v ig i
lantes para im p e d ir a invasão so rra te ira dos “ filhos do M a
lig n o ” . Eles te n ta m nos c o n v e n c e r de aceitar o e sp írito do
m u n d o n o estilo de—vida cristã q u e a d o ta m o s; in flu en ciar
nossas decisões espirituais n o sen tid o de faz e r-n o s buscar
so lu ç ões m e ra m e n te h u m anas; e m in a r nossa m e n te cristã
para a d o ta rm o s u n ia m e n ta lid a d e q u e c o n tra ria a Palavra d e
D eu s. Essa m istu ra sem d istin ção e n tre trevas e luz é p e r n i
ciosa para o R e in o de D eus.
O CA M PO DE PLA N TIO (v. 24)
E n q u an to na Parábola do.S cin cad o r a sem ente é a Palavra
de D e u s, nesta, similar à anterior, a sem en te representa “ os fi
lhos d o R e in o ” . O s exegetas bíblicos apresentam duas in te r
pretações acerca do “ cam po de p lan tio ” . Vamos p a rtir da se
guinte q u estão: qu_e_“ ca m p o ” é este que p roduz “trigo e jo io ”
a o jn e s m o tem po? O que representa esse “ c am p o ” ? A lguns
mestres en te n d e m que se trata da “igreja” com o u m todo, isto
6, toda a cristandade, que tem n o seu seio essa m istura de “trig o
A D
if e r e n ç a
e n t r e
o
J
u s t o
e
o
In
ju s t o
e jo io ” . N u m sentido restrito e m ístico, alguns desses estudio
sos vêem a Igreja co m o “ o c o rp o m ístico de C risto ” . N o en
tanto, a in terp retaç ão que deve m erecer nossa apreciação com o
m elh o r e indiscutível é a que Tesus apresentou q u an d o disse
aos discípulos que “ o cam po é o m u n d o ” (M t 13.38). Portanto,
o “m u n d o ” é o lugar ond e a Igreja foi plantada e, co m o tal,
deve frutificar neste m u n d o e do seu b o m fru to deve m itigar a
fom e das pessoas.
|esus foi incisivo quan d o d eclarou q u e “ o cam po é o in u n
d o ” . O ra, se a Igreja é a expressão da sem ente m anifesta no
m undo, ela não p o d e fu g ir ao seu papel de revelar essa verda
de pelo te stem u n h o pessoal de cada cristão e pregação dessa
verdade a todas as pessoas. C ada cristão c o m p ro m e tid o co m
C risto é u m a expressão dessa sem ente. O m u n d o precisa ver
«pi_nós._ojpoder dessa sem en te p ositiva se n d o sem eada em
toda a terra, a to d a s as civilizações, e tn ias, raças e nações. P au Iprescreveu a T im ó te o, d iz e n d o -lh e que D eus “ q u e r q u e to r_
dos o s h o m e n s se_s.alvem g v e n h a m ao co n h e c im e n to da.ver
da d e ” / ! T m 2.4).
A Igreja está no m u n d o para produzir bons frutos Qo 15.5,8).
Ela é cõnlStuícia p elo s “filhos do R e in o ” , e com o tal som os
identificados co m o as sementgs genuínas de trigo. O ra, sabe
mos que existem sem entes que im itam o trigo, mas não o são.
P °r isso a nossa verdade p recisa prevalecer sobre a m entira do
joio. D eus é S en h o r desse “ cam po de trig o ” e, se “ o cam po é o
m u n d o ” , en ten d em o s que Ele é o S en h o r do m undo, o p ro
prietário verdadeiro desse cam po (Cl 1.13-17). Ele te m o di
reito de propriedade, a despeito de o D iabo ser o “ladrão e
salteador” (Jo 10.1) que p ro cu ra to m ar posse da propriedade
que p e rte n c e u n ica m e n te a Ele (SI 24.1). Este cam po é a esfera
da habitação hum ana. P ortanto, é o m u n d o n o qual habitam os
e D eus o am ou acim a de tu d o (Jo 3.16).
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DOIS SEM EADORES
O s versículos 24 e 25 dizem assim: “ O R e in o dos céus é
sem elhante ao h o m e m q ue sem eia boa sem en te n o seu cam po;
mas, d o rm in do os. h o m en s, veio o seu inim igo, e sem eou j )
ioio n o m eio do_trigo, e retiro u -se” . N esta escritura Jesus des
tacou d o i ^ e m e a d o i^ :“ o J ]io n T e m ^ i^ s e m £ ^ b o a sem ente no
seu c am p o ” , isto é. o d o n o do cam po de trig o _(v. 24), e “ o
in im ig o ” (v. 25) que furtivam ente en tro u naqugle cam po e
sem eou o ioio. O s dois sem eadores são distintos em caráter e
propósito em relação àquele cam po de plantio. O p rim eiro
sem eador é “o h o m e m ” , d o n o do cam po, tam b ém identifica
do co m o “ o pai de fam ília” (M t 13.24,27) e co m o “o Filho do
H o m e m ” (M t 13.37). N a parábola anterior, o sem eador é id en
tificado de form a dupla: pode representar to d o cristão que prega
o E vangelho de C risto, e tam b ém ser identificado com o sendo
o p ró p rio S en h o r Jesus.
J e su s, o s e m e a d o r q u e s e m e ia n o s e u p r ó p r io c a m p o
E m duas expressões nos versículos 24 e 27 encontram os os
pronom es possessivos “seu cam po” e “teu cam po” os quaisjb rta lecem o_argum ento de que Jesus é o d on o desse cam po. O inim igo vem de fora e invade_o cam po que pertence ao S enhor
para sem ear o ioio, p o r isso nada é dele. Porém , n u m sentido
especiaL.q n an d n jnna pessoa aceita a C risto com o S enhor e Sal
vador de sua alma, o Espírito Santo entra em ação, regenerando
a pessoa e a to rn an d o “ sem ente de trig o ” neste campo.
O D i a b o , o i n i m i g o q u e s e m e i a o j o i o n o t r ig a l d e C r is t o
N esta parábola, esse sem eador que surge furtivam ente en
q u anto os servos d o rm iam nada te m a ver com esse cam po de
trigo. Ele é u m invasor que não possui o m e n o r p u d m u a u
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constrangim ento para invadir o cam po do S en h o r Jesus. P o r
isso, é tratado na Bíblia de m o d o direto, co m o “seu in im ig o ” ,
isto é,in im ig o do d o n o do cam po (v. 25), ou de m o d o indireto,
co m o “u m in im ig o ” (v. 28).Todavia, de um a fo rm a específica e
direta, ele é id entificado co m o o “D ia b o ” (v. 39). É in im igo de
tu do quanto se refere ao S en h o r Jesus, p o r isso não te m respei
to, n e m p u d o r. Ele se infiltra n o m eio “ d os filhos d o R e in o ” ,
isto ,é. d o trigal. e sem eia ervas daninhas co m o in tu ito de pre
j udicar a colheita final. D e certa form a existe um a trin d a de do
b em e outra do m al q ue se o p õ e m entre si: o Pai e o m u n d o (1
Jo 2.15), o E s p írita e a carn e (G1 5.17), C risto e o D iab o (G n
3.15). N a verdade, o Inim igo sem eou n u m cam p o que não era
seu. A inda que esse cam po perten ca ao Senh o r Tesus,“ o in im i
g o ” (D iabo) sem pre procurará p ro d u zir ali o mal.
Trigo é sím bolo de alim en to, n u trição e energia para as
almas fam intas espiritualm ente. N o A ntigo Testam ento, o trigo
era usado com o oferta no tem plo (Ed 6.9; 7.22). E ntre outros
alim entos com o azeite, v in h o , sal e cevada, o trig o não p o d ia
faltar p o rq u e esses alim entos representavam a provisão de D eus
para,o povo: é sím bolo da provisão divina para os ho m en s (SI
81.16; 147.14). Jesus foi o sem eador p o r excelência q u e veio
para sem ear a boa sem ente n o seu cam po.
S e r v o s r e la p s o s
N o versículo 25, Jesus declara que os servos. daquele rei
foram relapsos co m suas responsabilidades de cuidado e vigi
lância com o cam po sem eado. O tex to diz, literalm ente: “ mas,
d o rm in d o os h o m e ns, veio o seu in im ig o , e sem eou o ioio no
m eio do trigo, e retiro u -se” (M t 13.25). A Igreja está neste
m undo com o guardiã do cam po plantado. N ã o pod e d o rm ir
nem tosqueneiar. O ioio foi sem eado dg m o d o ocu lto pelo
inim igo que percebera que os servos daquele rei agiram com
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irresponsabilidade e falta co m suas obrigações. Eles deveriam
saber que o in im igo age furtivam ente.
D O IS T I P O S D E S E M E N T E S (M t 13.24,25)
D uas sem entes distintas, o trig o e o jo io são sem eados nes
se cam po. O texto bíblico declara que “ o Filho do H o m e m ”
foi q u em sem eou “ a boa sem en te” , o trigo, e “ seu in im ig o ” (o
D iabo) sem eou o jo io n o m eio do trigo.
Ojoio
O
que é jo io ? (v. 25) Existe u m gênero de plantas (,lo liu m
p erten cen te à fam ília das gramíneas, tam bém identificada com o
z i z a n i o n (grego) ou, na form a aportuguesada, c izâ n ia . É um a
h erbácea parecida com o trig o no perío d o de fojjiagciru mas
que m ostra a diferença n o p erío d o de floração e frutificação. O
jo io (cizânia) é u m a espécie de erv ilha b rava, c o m folhas
pinuladas e flores papilionáceas, às vezes, de cor a zu l-p u rp u rin o
o u averm elhada, que n o p erío d o de m aturação do trig o logo é
distinguida pela sua cor. E n q u an to as plantas (o trig o e o jo io )
são novas quase não se distinguem um a da outra, m as, depois
de crescidas, não se c o n fu n d em mais (M t 13.39,40). D iz o tex
to que quand o os hom ens estavam “ d o rm in d o ” veio o inim igo
e sem eou o jo io no m eio do trigo. A té que apareça a espiga
não se percebe qualqu er diferença entre o trig o e o ioio. So
m e n t e quand o surge a espiga, do trig o se percebe a diferença.
pois “ o jo io ” produ z grãos pretos (ou verm elhos, e até azulados)
e o trig o p rodu z grãos amarelos. E um a espécie de “ erva danin h a ” o u “trig o silvestre” , q ue te m em seus grãosju m a certa
p orcen tag em de v e n en o. A ingestão do grão do jo io m isturado
ao trig o poclc-provacar náuseas, vertigens e até convulsões. E
interessante perceber_que_o j 0L0 surge similar-aq ram o do trigo
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en quanto é novo, p o r isso o zelo que a Igreja deve te r co m os
novos convertidos. N a co lh eita, o trabalh o de separação tem
de ser feito co m cuidado, para se tirar do m eio do trig o to do
grão falso. E im p o rtan te n o tar que o jo io é sem eado com o
(rigo^jie tal fo rm a que, q u an d o se perceb e a distinção na
m aturação do cam po, o trabalho de separação do trig o e do
joio tem de ser feito individualm ente. N a visão d e C risto, a
leparação do trig o e do j o io^será feita na consum ação dos sé1 ulos, n o Ju ízo F inal, quando os anjos d e D e u s serão os ceifeir
ros_(Mt 13.39,40).
( ) tr ig o
O trig o é u m a planta herbácea, da fam ília das gram íneas,
>111e tem sua o rig em na região entre o M ed iterrân eo e o Irã, e
i' cultivada em todas as terras tem peradas. A etim ologia dessa
|>.i lavra deriva do latim , tritricum a e stiv u m , que significa “ herbái ca de verão” ; daí o fato de ser um a planta que é cultivada
especialm ente em terras quentes. A planta te m fo rm ato cilín■li ico e ereto, folhas planas, espigas densas e cariopses ovóides,
mlumescidas, tenras e farinosas.Jesus cham a a atenção dos seus
discípulos para o cultivo do trig o e o devido cuidado que se
deve ter com o m esm o. O trigo, pelas características nutritivas
i protéicas, fornece dos seus grãos o am ido panificável c o n h e i ido com o “p ã o ” .Jesus, em sua parábola, faz um a m etáfora do
)’i.io de trig o e o cham a “boa sem en te” e ainda, m etaforica
m ente, explica aos seus discípulos que essa “boa sem e n te ” são
"os filhos do R e in o ” (M t 13.38). N a parábola anterior, era a
I ulavra do R e in o ” (M t 13.19), isto é, a Palavra de D eus. N esta
IMi.íbola, “ a boa sem en te” pro d u z o resultado esperado p o r
|i m i s ,
m ediante a receptividade, en te n d im e n to e obediência
d i , pessoas que, ao receberem “ a b o a sem en te” em seus cora
ções, tornaram -se “filhos do R e in o de D e u s” .
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O utrossim , o trigo é sím bolo de alim ento, n u trição e en er
gia para os que têm fom e e sede de justiça, isto é, fom e e sede
espiritual (M t 5.6). Jesus foi e ainda é “ o h o m e m que semeia
boa sem ente n o seu p ró p rio c am p o ” (M t 13.24). N ós, os cris
tãos, som os os sem eadores de nosso tem po, p o r isso ainda há
sem ente n o celeiro de D eus para ser sem eada n o m undo. Jesus
é o pão vivo do céu que p o d e m itigar a fom e espiritual dos
fam intos (Jo 6.35,48-50).
O TEM PO DA COLHEITA
A colheita im plica esperança, paciência e fé de q u em la
v rou a terra e sem eou. O apóstolo Paulo escreveu que “ o la
vrador que trabalha deve ser o p rim eiro a gozar dos fru tos” (2
T m 2.6) e o apóstolo T iago reforçou ainda mais esse conceito
de colheita quand o escreveu: “Eis que o lavrador espera o pre
cioso fru to da terra, aguard and o-o co m paciência, até que re
ceba a chuva tem p o rã e a serôdia” (Tg 5.7). Am bas as referên
cias bíblicas indicam que a colheita é o resultado final de to do
o tem p o de espera paciente para se desfrutar do fruto.
N esta parábola (do jo io e do trigo), a m ensagem de Jesus
tinha u m caráter escatológico de ju ízo porque falava da separa
ção entre os bons e os maus, entre os justos e os injustos, entre o
trigo e o jo io , e entre “ os filhos do R e in o ” e “os filhos do M alig
n o ” (v. 38). Porém , duas perguntas são feitas pelos discípulos de
Jesus que m ereceram respostas objetivas do M estre.
D u a s p e r g u n ta s in te r e s s a n te s
A prim eira pergunta está n o versículo 27: “ Senhor, não
semeaste tu no teu cam po boa sem ente? P or que tem , então,
jo io ? ” Esta prim eira perg u n ta dem onstrava a preocupação dos
discípulos co m o fato de que “ o c am p o ” perten cia ao S en h o r e
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que o sem eador era o p ró p rio S en h o r que havia sem eado ape
nas “a b o a sem en te” . P o r que, então, apareceu o jo io nesta
semeadura? O ra, se o jo io era a representação do m al, tem os de
adm itir que a existência do m al é inevitável. C o m o e n te n d e r e
aceitar a existência do m al n o seio da igreja? C o m o co m p re
ender a sua realidade n o m undo?
A questão acerca do jo io e do trigo, nesta parábola, nos
leva a u m dos mais profundos m istérios relacionados co m a
questão “do b e m e do m al” . S em entrarm os na discussão desse
tem a -—“ b e m e m al” — , a m ensagem da parábola é que “ o mal
é um a realidade que se o p õ e a D eus. N ã o é um a pessoa p ro p ri
am ente dita, p o r isso a idéia divulgada de que o D iab o é o
próprio m al é falsa. O D iabo utiliza o m al para se o p o r a D eus.
N o N ovo Testam ento percebe-se u m certo dualism o apresen
tado pelos escritores, tais com o: reino de D eus e reino de Sata
nás, luz e trevas, b e m e mal, verdade e m entira. E ntretanto ,
tem os de te r o cuidado para não personificar o D iab o com o o
mal. D a m esm a form a, “ o b e m ” não é D eus, mas D eus é o
criador do b e m e do mal, c o n fo rm e nos é dito em Isaías 45.7:
"Ku form o a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu,
o Senhor, faço todas essas coisas” . C o n tu d o , é necessário que
se faça a devida interpretação acerca do “m al” a que se refere o
profeta. M attew H enry, em seu C o m e n tá rio B íblico, tece o se
guinte com entário:
N ão há outro Deus senão Jeová. N ada pode ser feito
sem Ele ou sem a sua aprovação. Ele ordena a paz e guia
tudo para o bem ; cria o mal, não o mal do pecado, mas o do
castigo. É o autor de tudo que é verdadeiro, santo, b o m e
feliz; o mal, o erro e a m iséria entraram no m undo p o r sua
permissão, através da voluntária apostasia de suas criaturas,
mas estão restringidos e regidos p o r seus justos propósitos.1
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P ortanto, a existência d o m al é u m fato indiscutível. A ques
tão filosófica e teológica da questão do “b e m e do m al” não
cabe neste estudo, senão o de reco n h ecer que Jesus ensinou
sobre este tem a distinguindo “ o b o m trig o ” e “ o m au jo io ” .
O ra, naquele cam po de plantio o sem eador havia sem eado
apenas “a boa sem en te” ; p o r que, então, surgiu, neste cam po, a
“m á sem en te” ?
A fo rm a singular da frase “boa sem en te” te m u m sentido
coletivo porqu e se refere às sementes tiradas do bornal e lançadas
na terra.T em os que conviver com este fato. N a igreja, o cam po
foi sem eado com “boa sem en te” , mas nos deparam os constan
tem en te co m “sem entes daninhas” que aparecem para envene
nar a vida dos crentes. A hostilidade de Satanás contra a Igreja
estará sem pre presente, p o r isso precisam os estar atentos c o n tras as suas astutas ciladas. A “boa sem ente são os filhos do R e i
n o ” , os crentes sinceros e com p ro m etid os co m o R e in o de
D eus, que representam o “ trig o ” sem eado. O “jo io ” , p o r sua
vez, constitui-se “ dos filhos do M alig n o ” , isto é, todos aqueles
que fazem a vontade de Satanás. Esse “in im ig o ” introduz, infiltra
“ os seus filhos” no m eio da igreja, n o cam po de trigo, para
envenenarem o trigal co m heresias e conceitos espirituais er
rados.
A segunda pergunta está no versículo 28: “ Q ueres, pois,
que vam os arrancá-lo?” U m a vez que sabem os que o jo io é
praga n o m eio do trigo tendem os a to m ar m edidas drásticas
contra aquela praga. Jesus m ostrou a im paciência dos trabalha
dores daquela seara que q u eriam de im ediato arrancar to d o o
jo io . Q u e ria m lim par o cam po daquelas ervas daninhas, mas o
“pai de fam ília” cham ou a atenção daqueles hom ens para dois
fatos. P rim eiro, seria perda te n tar arrancar o jo io quand o ainda
estivesse verde, pois nesta fase inicial de crescim ento da planta
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ção, os dois são m u ito parecidos. A rrancar o jo io significaria o
risco de arrancar tam b ém o trigo. Isto ilustra a existência do
mal do jo io no m eio do trigal.Tem os de ter paciência e esperar
o tem po p ró p rio de separar o verdadeiro do falso. As vezes, n o
seio da igreja, há cristãos im pacientes com aqueles q u e não
correspo ndem ao padrão de cristãos autênticos, mas Jesus nos
exorta a que tenham os paciência co m os tais.
C u id a d o c o m p r o c e s s o d e s e p a r a ç ã o d o tr ig o e d o j o i o
A parábola nos m ostra que a ceifa (a colheita, a sega) deve
acontecer no tem p o p ró p rio , quand o se fará a separação entre
0 trigo e o jo io . O senhor do cam po de trig o ensin ou aos seus
trabalhadores que não se deve p recipitadam ente arrancar o jo io,
mas disse-lhes: “D eixai crescer am bos ju n to s até a ceifa” (M t
13.30).A Igreja é constituída de pessoas hum anas e,inevitavel
m ente, terem os de conviver co m pessoas boas e más, sinceras e
1 .ilsas, justas e injustas até o tem p o da ceifa. N ã o cabe à Igreja
querer ex tirp ar aquelas pessoas que causam problem as ao seu
progresso. N ã o po d em o s te r a im paciência de Jo ão e Tiago,
que q u eriam que descesse fogo do céu para consu m ir os que
rejeitavam a m ensagem de C risto (Lc 9.5 1,52).Tem os de co n
viver com o mal, p o r isso p od em os en te n d e r a oração sacerdoi.il de C risto pelos seus discípulos:“ ... não peço que os tires do
m undo,m as que os livres do m al” (Jo 17.15).A prendem os com
( !risto que a colheita precipitada o u antes do tem p o devido é
uma am eaça para o trigo. São dois elem entos e princíp ios que
it ião de se desenvolver paralelam ente até a ceifa.
O u tra verd ad e q u e deve ser destacada é q u e os ceifeiros
ii,‘to são os h o m e n s, mas os anjos de D eu s (M t 13.3 9 ,4 1 ).
N o te m p o p resen te, q u a n d o a p lan tação está crescen do, e
' n q u an to não ch eg ar a m aturação , u m a vez p erceb id a a exisIcncia do jo io , n ão deve h aver p re cip ita ç ão e in to le rân cia.
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L am e n ta v e lm en te , a in to le râ n c ia e a im p a ciên cia para co m
os cren tes p ro b lem á tic o s n o seio da igreja tê m p ro d u z id o
gran d es p reju ízo s m orais e espirituais. M u ito s cristãos n o
vos acabam sendo e x tirp a d o s ju n ta m e n te c o m os p ro b le
m ático s. A disciplina c o rre tiv a é rec o m en d áv el para a lim
peza do cam po, mas a exclusão sem m ise ricó rd ia acaba des
tru in d o ta m b é m o trig o (1 C o 5.4 ,5).
O t e m p o p r ó p r io d a c e ifa
P odem os in terp retar o versículo 30 em duas partes. A p ri
m eira diz o seguinte: “D eixai crescer am bos ju n to s até à cei
fa...” Sub tende-se que Jesus queria m ostrar que ao se extirpar
o jo io do m eio do trig o corre-se o risco de cortar tam bém o
trigo, p o r isso o S en h o r aconselha a deixarm os que am bos cres
çam ju n to s até o tem p o da colheita final. E n q u an to a ram agem
do trig o está nova e verde, é difícil p erceber a diferença co m o
jo io p o rq u e se parece m u ito com o trigo naquela fase. S o m en
te na m aturação do trig o se perceberá a diferença entre ambos.
A lição que aprendem os nesse conselho do S en hor deve ser
aplicada na vida pastoral da igreja. N o seio da igreja sem pre
aparece o jo io para prejudicar a vida do trigo. D evem os ter
paciência e capacidade de suportar o falso, o hipócrita, o “faz
de c o n ta” n o m eio do povo de D eus. As vezes, o S en h o r p e r
m ite que o jo io esteja n o m eio do nosso cam po de trig o para
que aprendam os a conviver sabiam ente.
A segunda parte do versículo 30 diz: “ ... p o r ocasião da
ceifa, direi aos ceifeiros: colhei p rim eiro o jo io e atai-o em
m olhos para o queim ar; mas o trigo, ajuntai-o n o m eu celei
ro ” . N a p rim eira parte, tem os de conviver co m o jo io até o
tem po da ceifa e, na segunda, o M estre indica que o tem p o da
colheita será na “ consum ação dos séculos” , isto é, no tem p o do
Ju ízo Final de D eus.
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O que p o d em o s e n te n d e r p o r “ fim do m u n d o ” ? A pala
vra m u n d o , n o c o n te x to dessa parábola, refere-se ao sistem a
satânico q u e im p era na terra. M as chegará u m dia em que
esse será desfeito e terá fim , para que se in icie u m nov o te m
po, o da p le n itu d e de D eus. Q u a n d o cheg arm os a esse tem po,
então se fará a separação en tre o trig o e o jo io . O S e n h o r usa,
mais um a vez, a linguagem figurada e m etafó rica para falar
do processo de separação na co lh eita final. A d estru ição do
jo io aco n tecerá o b e d e c e n d o ao seguinte processo: será c o lh i
do separadam ente e atado em feixes para, finalm en te, ser lan
çado na “ fo rn alh a de fo g o ” (M t 13.42). A lin g u ag em de ju íz o
é figurativa, mas não desfaz a realidade. A “ fo rn alh a de fo g o ”
é ilustrada para m o strar o estado final dos ím pios na G eena, o
“lago de fo g o ” (Ap 21.8). P o r o u tro lado, a co lh eita d o trig o
é feita de m o d o especial p o rq u e o S e n h o r o rdena aos ceifei
ros que ju n te m to d o o trig o e o c o lo q u e m n o seu celeiro.
N atu ralm en te, esse processo de separação aco n tecerá e m dois
estágios e tem p o s distintos. P rim e iro será co lh id o e separado
o trig o que representa os ju sto s, os fiéis, e depois, n u m a se
gunda fase, n o final de tu d o , o jo io separado será atado em
feixes e lançado n o “ fogo a rd e n te ” , q u e é o estado final dos
ím pios. N a vinda do S en h o r Jesus, to d o o trig o (os salvos)
será reco lh id o para os celeiros nos céus (1 Ts 4 .1 5 -1 7 ).
A prendem os com esta parábola que tem os de conviver neste
tem po presente co m a existência do mal, mas po d em o s viver
com sabedoria, p ru d ên cia e firm eza na fé, sem nos deixar en
volver pelo mal. A prendem os tam b ém que o p o d e r m ilagroso
do S en h o r p o d e transform ar jo io em trigo, pois tem os até o
tem po da ceifa a o p o rtu n id ad e de ver esses m ilagres operados.
Temos de aprend er que há tem p o para tudo, de sem ear e de
colher, co n fo rm e está escrito na Bíblia: “ T udo te m o seu te m
po determ inado, e há tem p o para to d o o propó sito debaixo do
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céu: há tem p o de nascer e tem po de m o rrer; tem p o de plantar
e tem p o de arrancar o que se p la n to u ” (Ec 3.1,2).
C o m e n tá rio B íblico de M a tth e w H e n ry . CPA D , R io de Jan eiro, 20 02, p. 593.
42
C a pít u l o 3
A Ex p a n s ã o d o
R e in o d o s C éu s
M a t e u s 1 3 .3 1 ,3 2 ; A t o s 2 .4 4 - 4 7 ; 1 2 .2 4 ; 1 9 .2 0
* A Igreja é o R e i n o de D e u s e x p a n d id o e p r o e m in e n te so bre a terra, revela do p o r J e s u s n o
m isté rio p o d ero so d o c re scim ento e d e s e n v o lv im e n to do g rã o de m o sta rd a .
A pregação de Jesus C risto em to d o o tem po de sua vida
terrena teve p o r objetivo específico falar do R e in o dos céus. E m
cada parábola havia elem entos da estrutura do R ein o , sua com
posição, vida interior, relações com o m u n d o exterior e exten
são no m u n d o das criaturas.Várias parábolas, entre as quais, a do
G rão de M ostarda, tratam de crescim ento e desenvolvim ento do
R ein o de D eus na terra. Sua habilidade com a linguagem figu
rada deu-lhe a autoridade de falar com profundidade teológica
e filosófica, mas utilizando um a form a clara e acessível a qual
quer pessoa, de qualquer grau de cultura. N esta parábola, em
especial, Ele se volta para o m u n d o da botânica e usa a figura de
um a pequena sem ente (grão) de m ostarda para ilustrar u m gran
de R ein o , o dos céus. A o fazer essa comparação, Jesus fala de
desenvolvim ento, crescim ento e expansão desse R ein o . P ortan
to, o “grão de m ostarda” , quando sem eado na terra, sendo p e
queno e dim inuto, te m a força in terio r para se desenvolver, cres
cer e transform ar-se num a grande árvore. C risto confere um
As
P
a r á b o l a s
d e
Je
s u s
to m poético e literal à descrição da mostarda e diz que ela to r
na-se suficientem ente grande para abrigar até m esm o os pássa
ros em seus ramos. N a verdade, a lição espiritual que esta pará
bola nos dá é sobre a elevação, expansão e proem inência do
R e in o de D eus na terra.Três pontos principais sugerem estudar
m os esta parábola: a sem ente, a hortaliça e as aves do céu.
A SEM ENTE DE M OSTARDA
Se Jesus estivesse em nossos dias em carne e osso certa
m en te Ele usaria os recursos m o d ern o s para ilustrar suas g ran
des verdades, que são eternas e nunca caem em desuso. N a q u e
les dias, Ele se voltou para as coisas próprias dos hábitos e cos
tum es, b em com o dos valores m orais da época e, co m um a
linguagem especial, ensinou verdades profundas que são os va
lores que conhecem os em nossos tem pos m o d ern o s. A o utili
zar figuras da vida física, anim al, botân ica e hum ana, Jesus agu
ç o u o c o n h e c im e n to existente da época co m o ta m b ém a
curisiodade das pessoas pelas novidades que apresentava. H á
um a certa sim ilitude entre as parábolas do Sem eador, do Jo io e
do Trigo, do G rão de M ostarda e do F erm en to. C ada parábola
tem a sua interpretação própria, mas Ele falou dando um a har
m o n ia q u anto às lições que queria ensinar. A inda que alguns
in térpretes divirjam quanto ao ensino que cada parábola apre
senta, tem os de reco n h ecer que o S en h o r foi u n ifo rm e em
seus ensinos. Jamais em pregou um a figura co m dois sentidos
diferentes. E m cada parábola há um a perfeita h arm o n ia na
m ensagem final que Jesus queria ensinar.
O
g r ã o d e m o s t a r d a (v . 3 1 )
A m ostarda é u m a palavra de o rig e m egípcia, sin a p is ,
que aparece esp ecialm en te nos três p rim eiro s E vangelh os,
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C
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p o r q u atro vezes (M t 13.31; 1 7 .2 0 ;M c 4 .3 1 ;L c 13.10; 17.6).
Jesus u tiliza a m o stard a c o n h e c id a n a P alestina c o m o s in a p is
nigra e s in a p is alb a . Esses dois tipos de m ostarda, a n e g ra e a
branca, são sem en tes p e q u e n in as. N o s dias de Jesus, era a
s in a p is nigra, o u seja, a m o stard a n eg ra, q u e era a m ais c o
n hecida c o m o um a hortaliça. O ra, um a ho rtaliça é u m a plan
ta h erb ác e a q u e p ro d u z sem en tes, as quais, d epois de tr itu
radas, serv em de te m p e ro para co m id a. E ra u m a p lan ta que,
q u a n d o em te rra fértil, p o d ia crescer ra p id a m e n te até cerca
de três m etro s e m eio. E m seus ram os esten d id o s, as aves do
céu p o d ia m a n in h ar-se.
A liç ã o d o s c o n tr a s te s
Essa era a lição q u e Jesus q u e ria ensinar: a dos contrastes.
O q u e significa co n tra ste ? S ignifica “ o grau m arca n te de d i
ferença o u de opo sição e n tre coisas da m esm a n a tu re z a ”
(D ic io n á rio H ouaiss). N esta p arábo la, Jesus u tiliza -se dessa
fo rm a de ilustração para m o stra r as diferenças de valores
en tre as coisas do re in o desse m u n d o e do R e in o de D eus.
D e u m m o d o especial, os co n trastes in te rn o s e e x te rn o s da
planta da m o stard a ap resen tad o s nesta paráb o la in d ic a m o
p o d e r m isterio so do d im in u to grão dessa p lanta. P elo fato
dessa h o rta liça p ro d u z ir tão p e q u e n in as sem entes, Jesus q u e
ria q u e seus discípulos e n te n d e sse m q u e u m a se m e n te tão
p e q u e n a era capaz de p ro d u z ir u m g ra n d e resultado. A p a r
tir de u m c o m e ç o o b scu ro ch eg a-se a u m final s u rp re e n
d en te. N a realidade, “ a m e n o r de todas as se m e n te s” e a
“ m aio r das p lan tas” fo rm a m u m c o n tra ste d e n tro da p ará
bola, q u e so m e n te nos é possível c o m p re e n d e r c o m u m a
visão espiritual. A o p eraç ã o d ivina é o e le m e n to q u e p ro
m ove o c re sc im en to do R e in o de D eu s. E m v irtu d e do d i
m in u to ta m a n h o e peso do grão de m ostarda, o R e in o de
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As P
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D e u s (a Palavra) surge do nada para to rn a r-s e tu d o o que o
p o d e r de D eu s p o d e fazer. A Igreja, c o m o u m grão de m o s
tarda, p e q u e n in o e p o u c o n o ta d o de in ício , foi capaz de
s u rp re e n d e r o m u n d o c o m a sua vida dinâm ica. P o d e-se
c o m p a ra r esse sucesso do grão de m o stard a à fé nascida n o
coração de um a pessoa capaz de su rpreen der, p o ste rio rm e n te ,
c o m u m a g ran d e o b ra em favor do R e in o de D eus.
O p o d e r m is t e r io s o d a fé
C erta feita, Jesus estava rodeado de um a grande m ultidão
carente e curiosa pelos seus milagres quand o aproxim ou-se
u m h o m e m , pai desesperado pelo estado espiritual e físico de
seu filho, e p ed iu -lh e que o curasse (M t 17.14-21). S egundo o
relato de M ateus, os discípulos não conseguiram libertar o ra
paz. U m sentim ento de frustração e derrota d o m in o u o cora
ção daqueles discípulos. Jesus não apenas curou e lib erto u o
rapaz de um a casta de dem ônios que o escravizara até então,
mas aproveitou o ensejo para dar u m a lição aos seus discípulos.
Perguntaram -lhe: “P or que não p ud em os nós expulsá-lo?” Je sus, de fo rm a objetiva e direta, respondeu-lhes: “P or causa da
vossa p eq u en a fé; p o rq u e em verdade vos digo que, se tiverdes
fé com o u m grão de m ostarda, direis a este m o n te: Passa daqui
para acolá — e há de passar; e nada vos será im possível” (v. 20).
A o usar a figura do “grão de m ostarda” , Jesus quis dem onstrar
o p o d er m isterioso e qualitativo da fé. A dificuldade dos discí
pulos para curar e libertar aquele jo v em e n d em o n in h ad o deu a
Jesus a o p o rtu n id ad e não só de curar aquele pob re h o m em ,
mas acim a de tudo, de m ostrar-lhes que a fé é algo m isterioso
e poderoso quando exercida na devida proporção. A o m esm o
tem po, a figura do “ grão de m ostarda” é usada pelas caracterís
ticas misteriosas e poderosas de aparecer do nada e operar gran
des coisas.
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E s tr a té g ia s e s p ir it u a is v e r s u s e s t r a t é g ia s m a t e r ia is
O m ercado evangélico está repleto de interessantes livros
que oferecem m étodos de crescim ento da igreja na terra. Esses
m étodos têm a sua im portância, mas te n d e m a fugir dos p rin
cípios naturais estabelecidos na Bíblia para u m crescim ento
equilibrado em quantidade e qualidade. A visão m ercadológica
de crescim ento não vê a Igreja na ótica de C risto. P or m elh o
res que sejam as idéias, os planos, as discussões de conceitos e
de m a rke tin g em presarial para fazer um a igreja crescer, não p o
dem o m itir o elem ento fundam ental do verdadeiro crescim ento
da Igreja que é o espiritual. A Igreja é mais que u m co n g lo m e
rado de pessoas em to rn o das d ou trinas cristãs; é mais que u m
m ero g ru p o social. A Igreja, a despeito de ser constituída de
pessoas hum anas, é u m projeto de D eus apoiada e sustentada
p o r Ele.
L am entavelm ente, m uitos líderes evangélicos se deixaram
em b eb er c o m estas novidades para suas igrejas e as dirigem
com o empresas. E ntretanto , a falta de fé é típica desse tipo de
liderança que abandona os princípios vitais do N o v o Testa
m en to para abraçar to d o tipo de novidade.
A credito que o evangelho é p o d er de D eus suficientem ente
capaz e su p erio r a to da e qualq uer idéia hum ana de cresci
m ento (R m 1.16). N ã o há neste co n ceito pessoal n e n h u m re
trocesso, tam p o u co qualquer resquício de legalism o atrofiante.
Não! P orém , creio que os m éto d o s n eo testam en tário s não
p o d em ser relegados p o r m étodos tem porais de hom ens. P re
cisamos, sim, renovar a fé e to rn á-la m enos racionalista e mais
racional e espiritual.V ejo certa distância entre ser racional e ser
racionalista. O cristão racional avalia as coisas de D eus p o r um a
perspectiva bíblica e inteligente. O cristão racionalista avalia as
coisas espirituais relegando-as ao m ero c o n h ecim en to intelec
tual da verdade. O apóstolo Paulo declarou que “ o h o m e m
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As P
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natural não com p reende as coisas do E spírito de D eus, porqu e
lhe p arecem loucura; e não pode entendê-las, p o rq u e elas se
discernem espiritualm ente” (1 C o 2.14). O ra, o p o d er m isteri
oso da fé só é possível aos que a recebem e a exercitam em sua
vida cristã.
A visão que C risto d eix o u -n o s é a do “ grão de m ostarda”
e o seu p o d er m isterioso de crescim ento sem q ualq uer esforço
hum ano. A estratégia divina para o crescim ento da igreja difere
das estratégias hum anas baseadas em esforços hum anos. O após
tolo Paulo descreveu o crescim ento do cristão com o u m p ro
cesso pelo qual a Igreja toda cresce. E m Efésios 4.15, ele regis
trou: “ seguindo a verdade em caridade, cresçam os em tu d o
naquele que é a cabeça, C risto ” . D epreen d e-se desta escritura
tanto o crescim ento do cristão (individualm ente) com o o da
Igreja (coletivam ente).Trata-se de um crescim ento m edian te o
desenvolvim ento da m aturidade espiritual e do com p ortam ento
cotidiano (E f4.12-14).
O
c a m p o d e s e m e a d u r a (v . 3 1 )
U m “ c am p o ” não fica nun ca em lugares altos e cheios de
elevações físicas. U m cam po de plantio é sem pre u m lugar
extenso e plano. N as terras do O rie n te M édio existem poucos
cam pos de plantio e os existentes são aproveitados ao m áxim o
para o plantio de grãos. N o caso da m ostarda, a terra não tinha
de ser, obrig ato riam en te, u m lugar plano, com o se faz necessá
rio para o plantio do trigo, cevada e aveia, p o r exem plo.
H á u m p e q u e n o detalhe nesta parábola que deve m erecer
a nossa apreciação. Está descrito “ que u m h o m em , pegando
dele [do grão de m ostarda], sem eou n o seu cam p o ” . O p ro n o
m e possessivo “seu” indica que aquele cam po não era u m cam po
alheio, de o utrem , mas p erten cia ao sem eador. A sem ente foi
semeada no “seu cam po” (v. 31). O s outros Evangelhos Sinóticos
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lem braram a m esm a parábola: M arcos escreveu que a sem ente
foi sem eada“ na te rra ” (M c 4.31), e Lucas disse que foi sem eada
“na sua h o rta ” (Lc 13.19). Estas pequenas diferenças são apenas
de linguagem dos autores, p o rq u e a verdade que Jesus queria
ensinar foi m antida na sua integridade. Se foi n u m cam po, ou
na terra, o u num a horta, não tem os de forçar os detalhes de
linguagem , pois tê m o m esm o sentido. U tilizando a linguagem
de M ateus, “ o c am p o ” é, sem dúvida, o do m u n d o ; o m esm o
das parábolas sim ilares. P o d em o s e n te n d e r q u e a sem en te
sem eada n o m u n d o n o dia de Pentecostes foi peq u en a e insig
nificante (“ quase cento e vinte pessoas” —, A t 1.15,16), mas
poderosa. E ntão, rep entinam ente, cresceu o n ú m ero de discí
pulos (At 2.14,37-41) para quase três m il almas.
A liç ã o d o c r e s c im e n to
N ão parece que Jesus estivesse preocupado em falar de cres
cim ento n u m érico , mas, sim, reu n ir os dois elem entos funda
m entais para se avaliar o crescim ento do R e in o de D eus. Esses
dois elem entos são, essencialm ente, o quantitativo e o qualita
tivo. O crescim ento da hortaliça da m ostarda indica que Jesus
queria que “ o R e in o dos céus” , representado pela sua Igreja na
terra, tivesse u m crescim ento baseado não em valores m ateri
ais, mas em valores espirituais. A instituição do discipulado em
M ateus 28.19,20 diz:“ Ide, p o rtanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em n o m e do Pai e do Filho e do E spírito
Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos te n h o
ordenado. Eis que estou convosco todos os dias até a consum a
ção dos séculos” . H á um a relação dessa ordenança co m o dese
jo de C risto no sentido de ver sua Igreja crescer. O c u m p ri
m ento da G rande Com issão foi o segredo dos discípulos, apren
dido, sem dúvida, entre outras coisas, c o m o ensino dessa pará
bola do grão de m ostarda.
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N essa lição Je su s destacou a qualidade desse grão capaz de
esconder em seu m inúsculo in te rio r um a força descom unal
para to rn ar-se um a grande árvore. A prendem os, tam bém , que
o crescim ento do R e in o de D eus é centrífugo, isto é, parte de
dentro para fora, e pela sua força íntim a o reb en to parte para
fora co m crescim ento à vista. O tam anh o é d im in u to (um
grãozinho), mas o p o d er é im enso, capaz de transform ar um a
sem ente p eq u en a em um a grande árvore.
A G R A N D E ÁRVORE
O tex to d iz,lite ralm e n te :“ ...m as, crescendo, é a m aior das
plantas e faz-se um a árv ore” (M t 13.32). Lucas descreveu assim :“ ... e cresceu e fez-se grande árv ore” (Lc 13.19). O s b o tâ
nicos dizem que as hortaliças são plantas que p o d e m adquirir
aparência de árvores, mas são plantas com p letam ente diferen
tes das árvores. Porém., Jesus, a despeito da linguagem quase
que hiperbólica utilizada para ilustrar a hortaliça da m ostarda,
teve p o r objetivo fazer com paração.
Aforma de crescimento
O crescim ento de um a árvore é lento e progressivo, mas o
de um a hortaliça, neste caso a m ostarda, se desenvolve rápido e,
geralm ente, é de pou ca duração, p o rq u e esta vive apenas o su
ficiente para pro d u zir flores e sem entes. P orém , quand o Jesus
com para o R e in o de D eus a um a hortaliça de m ostarda, sugere
u m desenvolvim ento to talm ente alheio à sua natureza e cons
tituição. P or esta razão, alguns intérpretes preferem não co m
parar o crescim ento da Igreja ao da m ostarda. E ntretanto , o
ensino básico e fundam ental dessa parábola é m ostrar que, in
dep en d en te da form a rápida e m isteriosa de desenvolvim ento
do grão de m ostarda, “ o R e in o de D e u s” (a Igreja) su rp reen
deria o m u n d o co m sua expansão e proem inência.
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N as parábolas similares anteriores a esta, aparece o cam po
de plantio, e em cada u m desses cam pos havia problem as típi
cos de solos e sem entes. Esses problem as de recepção, absorção
e desenvolvim ento do cam po são típicos daqueles que rece
b e m a Palavra de D eus. C ada problem a tinha de ser encarado
com diligência e paciência da parte do ag ricu lto r (1 C o 3.8).
N o sentido geral, a Igreja é o grão de m ostarda sem eado no
m u n d o e esse grão desenvolveu-se e cresceu e to rn o u -se um a
grande árvore. D ois m il anos se passaram e a Igreja expandiu se em toda a terra. O cam po representa o lugar onde foi semeada
a Igreja de C risto.
Esse cam po p o d e ser in terp retad o de dois m odos: com o
“m u n d o físico” , ond e vivem os, e com o o “m u n d o espiritual” .
Esse últim o sistema é invisível e age n o m u n d o das criaturas.
C onsiderando essa palavra pela perspectiva espiritual, a Bíblia
identifica o “m u n d o ” com o u m sistema de co m an d o satânico
em que os dem ô nios agem para deter o crescim ento da Igreja
de C risto. João, o apóstolo, disse que “ sabemos que som os de
D eus e que to d o o m u n d o está n o m alig n o ” (1 Jo 5 .1 9 ).Vive
m os neste m u n d o (físico e espiritual) com o Igreja e nele nos
deparam os co m dois oponentes: a carne e o D ia b o , os quais se
in cu m b e m de criar todas as dificuldades possíveis ao desenvol
v im en to do R e in o de D eus. São agentes satânicos co n tra C ris
to e sua Igreja.
João escreveu em sua p rim eira epístola: “P orque tu d o o
que há no m undo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do m undo.
E o m u n d o passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a
vontade de D eus perm an ece para sem pre” (1 Jo 2.16,17). Essa
escritura revela que o D iabo te m sob o seu sistema três ele
m entos com andados p o r seus agentes para infectarem os cris
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tãos e, p o r esse m odo, im p ed ir o seu crescim ento. O antagonis
m o do “ m u n d o ” contra a Igreja de C risto é um a represália de
Satanás para reb ater a m ensag em insistente de João: “ Filhinhos, não am em os o m u n d o ” , no que se inclui, não só negar
nosso afeto ao que é m undano, mas a separação de tu d o o que
o m u n d o oferece.
O ra, se sabemos que “ o m u n d o ” é u m sistema diabólico
que se o p õ e a D eus, devem os nos m an ter fiéis à sua Palavra.
Esse sistema espiritual diabólico explora os elem entos da nossa
natureza hum ana pecam inosa para nos lançar contra D eus, entre
os quais, a “ concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos
e a soberba da vida” . Esses elem entos corrosivos estão sob o
d o m ín io do E spírito Santo na vida do cristão e som ente serão
efetivos se nos deixarm os enganar pelo pecado.
A p rim eira classe de incentivo do “ espírito do m u n d o ” é à
“ concu p iscên cia da c a rn e ” . A palavra concupiscência te m sua
o rig e m na língua grega, e p ith u m ía , e q u e r dizer: “ desejo in co n tin en te, forte, in con trolável” . O s agentes dem oníacos se
prestam a incentivar nossa carne, o u seja, os “ desejos próprio s
da c arn e” relacionados com o com er, beber, sexo e outras coi
sas mais. Esses desejos não são naturais, mas incontroláveis e
c o n d u zem a pessoa a glutonarias, bebedices, adultérios, prosti
tuições e abusos. Q u an to aos “ desejos incentivados pelos olhos”
são os pecados da atração dos olhos, e “a soberba da vida” está
relacionada com a busca de ostentação pela opulência, em que
a pessoa perde o b o m senso, e para ter posse de coisas que
satisfaçam sua vaidade pessoal é capaz de praticar loucuras. O ra,
esses elem entos são nocivos ao crescim ento individual do cris
tão e, autom aticam ente, afetam o crescim ento do C o rp o de
C risto, a Igreja.
Assim com o nas parábolas anteriores havia obstáculos ao
desenvolvim ento das sem entes semeadas, na Parábola do G rão
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de M ostarda, aprendem os que em to d o u m cam po o n d e é
sem eada a boa sem ente aparecem tam b ém as más sem entes.
D o p o n to de vista escatológico, aprendem os que n o final de
tu do haverá a separação entre o falso e o verdadeiro, entre o
trig o e o jo io . O s falsos cristãos serão separados dos verdadeiros
cristãos pelo p o d e r do evangelho (M t 13.39-43).
Q u e s i g n i f i c a e s s a “ g r a n d e á r v o r e ” ? (v . 3 2 )
Todos sabemos que a m ostarda é um a hortaliça que pod e
crescer até um a altura de três a quatro m etros. Ela existe, espe
cialm ente, no vale do Jordão. R azão pela qual Jesus usou a
figura da m ostarda para falar em parábolas. A inda que alguns
intérpretes discordem da idéia básica do significado dessa “ár
vore” , ela pod e representar cada crente em particular, mas a
idéia principal é a de que represente to d o o c o n ju n to que
com p õe a Igreja na terra. E m síntese, um a árvore cham a a aten
ção p o rq u e se to rn a visível aos olhos hum anos. C ada salvo em
C risto constitui-se parte da Igreja invisível, mas de m o d o geral
a igreja visível p o d e ser esta árvore sobre a qual, em seus ram os,
os pássaros p o d em aninhar-se. S egundo o C o m e n tá rio Bíblico
P entecostal, da CPAD, os autores co m en taram o seguinte: “A
referência à árvore indica u m im p ério em expansão (e.g., Ez
17.23; 31.3-9; D n 4.10-12); os pássaros representam as nações
do im p ério (D n 4 .2 0 -2 2 )” .
AS AVES D O CÉU
O texto diz: “mas, crescendo, é a m aio r das plantas e faz-se
um a árvore, de sorte que vêm as aves do céu e se an in h am nos
seus ram os” (v. 32). Alguns intérpretes en te n d e m que essas “ aves
do c é u ” sim bolizam Satanás e seus poderes insidiosos contra a
Igreja. O fam oso exegeta bíblico H e rb e rt Lockyer, em seu li-
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As P
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e s u s
vro sobre parábolas, escreveu: “ ...sustentam os, pois, que a s‘aves
do c é u ’ não representam hom ens e nações, e sim o mal, isto é,
Satanás, o príncipe da potestade do ar (E f 6.12), que tem o b
servado em segredo co m o se tem estendido o R e in o desde o
seu p e q u e n o início até seu grande desenvolvim ento atual” .
E ntretanto , a despeito dessas interpretações negativas acerca do
que representam essas “ aves do céu ” , prevalece aquela, a qual o
“ grão de m ostarda” significa o triu nfo rápido e final do evan
gelho, e as “ aves do c é u ” passam a ter u m sentido positivo de
proteção e refúgio à som bra dessa grande árvore.
O fam oso expositor bíblico T rench in te rp re to u que “ as
aves são um a profecia de refúgio e defesa que deve haver para
todos os hom ens na igreja” .Jesus não p reo cu p o u -se em deta
lhar a interpretação dessa parábola, p o rq u e preferia destacar a
verdade principal do seu ensino e não os detalhes pitorescos de
um a parábola, que são, às vezes, apenas u m m o d o de dar beleza
e estética à história. O que vale é a sua aplicação clara, visto
que a lição básica que Jesus queria transm itir aos seus discípu
los era sobre o crescim ento da Igreja n o m undo. Ele deixou
claro que era a partir do seu p e q u e n o com eço com o u m “ grão
de m ostarda” que a Igreja cresceria até alcançar a altura de um a
árvore.
As “ aves do c éu ” p o d em não ter, o brig atoriam ente, um a
interpretação específica. Parece-nos que essas “aves do c é u ”
fazem parte apenas da com posição da parábola, sem n e n h u m
significado especial. N u m certo sentido, elas p o d e m significar
apenas a representação daqueles que p o d e m se abrigar nessa
grande árvore (M t 6.26; D n 4.10-12).
C a p ít u l o 4
C r is t o ,
O T e s o u r o In c o m p a r á v e l
M a t e u s 1 3 .4 4 - 4 6 ,5 1 - 5 4
A Igreja e o R ein o se entrelaçam, se fundem, porqne expressam a
essência do amor de Deus.
Várias parábolas tiveram apenas um ou dois versículos e esta,
a do Tesouro Escondido, é um a delas. A despeito do resum ido
conteúdo, sem m uitos detalhes, esta parábola é rica em sua m en
sagem. É um a parábola sem paralelos p o rq u e não se en co n tra
nos demais livros sinóticos do N ovo Testam ento. C o m o Jesus
era especialista em parábolas e preferia ensinar através das m es
mas (M t 13.34), não lhe era difícil falar p o u co co m m u ito
c o n teú d o espiritual. Era costum e dos povos antigos, especial
m en te do O rie n te M édio, esconder m oedas, obras de m etais
preciosos em lugares escavados na terra, p o r causa das guerras e
p o r outras circunstâncias que lhes dava a segurança de não se
rem roubados ou saqueados. A lição básica de Jesus não era dar
u m sentido do p orqu ê das pessoas esconderem seus tesouros na
terra, mas era, essencialm ente, o de m ostrar o que u m hom em *
pode fazer quando en co n tra u m tesouro escondido. O R e in o
de D eus é tão desejável que, quando u m h o m e m o enco ntra, é
capaz de sacrificar-se para não perder aquele tesouro.
As Pa
r á b o l a s
d e
J
e s u s
O R E IN O DOS CÉUS
O tex to diz literalm ente que o “ R e in o dos céus” é com p a
rado a “u m tesouro escondido n u m c am p o ” (v. 44), en q u an to
que, na outra parábola, o “R e in o dos céus” é com parado “ ao
h o m e m neg o cian te” que busca boas pérolas. H á um a certa di
ferença na com paração à despeito da sim ilaridade das duas pa
rábolas. N a prim eira, o R e in o dos céus é com parado a “ u m
teso u ro ” e na seguinte, o R e in o dos céus é com parado a “u m
h o m e m ” . U m antigo c o m en tad o r bíblico escreveu o seguinte
no ano de 1940: “ O R e in o dos céus é u m estado de coisas
proveniente do do m ín io das doutrinas e dos princípios da re
ligião de C risto sobre a vida e a consciência dos hom ens, e da
infusão em seus corações e im plantação é sem elhante a um a
sem ente, e quanto ao m o d o do seu crescim ento e desenvolvi
m en to é sem elhante ao grão de m ostarda, e sem elhante ao
ferm en to quanto ao alto valor dos seus benefícios o u de seus
resultados práticos, quanto ao ardor do e m p en h o co m que es
tes são procurados, é sem elhante “ a u m tesouro escondido no
c am p o ” .
H á d ife r e n ç a e n tr e “ R e in o d o s c é u s ” e “ R e in o d e D e u s ” ?
A o lo ngo da história da Igreja e da form ação do c o rp o de
doutrinas cristãs, essa questão do “R e in o dos céus e R e in o de
D e u s” te m sido discutida. A lguns teólogos não v êem qualq uer
distinção. E ntretanto , outros sustentam que, pelo fato de os
Evangelhos de M arcos e Lucas usarem a m esm a fraseologia:
R e in o de D eus, e som ente M ateus em pregar a term in o lo g ia
R e in o dos céus, então, os dois reinos são u m e o m esm o. P o
rém , outros estudiosos destrinch am a m atéria e e n ten d em que
as diferenças são mais im portantes que as similaridades de ambas
as term inologias. A lguns v êem o “R e in o de D eu s” com o algo
C
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,
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In
c o m pa r á v e l
in teiram en te relacionado co m a soberania divina e o seu d o
m ínio sobre todas as coisas criadas. O u tro s v êem o “ R e in o dos
céus” com o u m reino escatológico e m essiânico relacionado
com o futuro de Israel, quando o Messias se assentará n o T rono
de Davi. Am bas as suposições são aceitáveis; p orém , não deve
mos dogm atizar essa diferença para evitar contradições. A es
sência das duas term inologias, R e in o dos céus e R e in o de D eus,
é a m esm a p o rq u e falam do d o m ín io do ún ico D eus verdadei
ro expressando-se em dimensões distintas. A cim a nos céus, onde
D eus habita, e em baixo (sob) dos céus, ond e D eus dom ina
sobre toda a criação, prevalece o fato de que Ele é D eus sobre
tu d o e todas as coisas e co n ced eu esta glória ao Filho, Jesus
C risto (Cl 1.13-18; Fp 2.6-11).
H á s im ila r id a d e o u n ã o e n tr e R e in o d e D e u s e R e in o
d o s céu s?
O que im p o rta nesse estudo das sim ilaridades o u não, é
que o reino, in d e p e n d e n te se a te rm in o lo g ia é dos céus o u de
D eus, in d iscu tiv elm en te é algo espiritual que vem de cim a. A
visão do R e in o que Jesus qu eria am pliar na m e n te dos seus
discípulos era a visão da m anifestação da soberania divina na
terra e identificada na vida dos cristãos. A relação do “ re in o ”
co m o n o m e de “D e u s ” (R e in o de D eus) indicava o quê
Jesus qu eria deixar im p lan tad o n o coração dos seus discípu
los — o re c o n h e c im e n to de que Ele, o Senhor, é o ú n ico
D eus a q u e m devem os adorar, servir e obedecer. O m u n d o
precisa ver D eus na vida dos cristãos, e isso significa estar sob
o d o m ín io do R e in o de D eus. A utilização do te rm o R e in o
dos céus p o r M ateus indicava que o céu está acim a de nossas
cabeças e o rein o se m anifesta de cim a para baixo. A lguns
teólogos p referem in te rp re ta r a expressão co m o algo relacio
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As P
a r á b o l a s
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e s u s
n ado co m o R e in o m essiânico desejado e esperado pelo povo
de Israel até o dia de hoje.
Esse reino p o d e ser conceb ido com o existente n o céu, ou
então no coração dos hom en s regenerados. O s rem idos co m
p õ e m o R e in o de D eus. A Igreja seria a coletividade form ada
p o r esses rem idos, “ nos céus e na te rra ” . Som os a expressão
desse reino n o m u n d o em que vivem os. A au torid ad e régia de
C risto, co m o R e i dos reis, é m anifestada n o testem u n h o de
cada cristão.
O CA M PO O N D E ESTÁ
E S C O N D ID O O T E SO U R O
O texto diz literalm en te:“ ... o R e in o dos céus é sem elhante a u m tesouro escondido n u m c am p o ” (v. 44). S ubtende-se
que esse “ c am p o ” refere-se ao “m u n d o ” habitado, e o “tesou ro ” , q ualq uer que seja, está escondido neste cam po. E xistem
várias interpretações aceitáveis que p o d e m m erecer a nossa
apreciação.
Para uns, o cam po é a Bíblia Sagrada, p o rq u e ela é a reve
lação de D eus, na qual se p o d e en co n trar preciosos tesouros
que e n riq u ecem a vida espiritual dos que a lêem .
O u tro s e n ten d em que o cam po representa a Igreja visível,
externa, e o tesouro representa a Igreja invisível e espiritual.
U m a outra interpretação diz que “ o c am p o ” é Israel, nação
adquirida p o r D eus. Todas estas interpretações são interessan
tes, mas deve prevalecer a que te m m aior consenso entre os
expositores bíblicos.
A in te rpretação m ais aceitável entre os teólogos é que o
cam po represen ta o m u n d o dos h o m en s. Foi este m u n d o dos.
hom ens, c riado p o r D e us, q u e co rro m p eu -se co m o pecado,
que Ele planejou salvar através do seu Filho. Está escrito que
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c o m pa r á v e l
“ oV erbo se fez carne e h ab ito u entre nós, e vim os a sua glória,
com o a glória do U n ig ên ito do Pai, cheio de graça e de verda
d e ” (Jo 1.14). A o falar para u m h o m e m desejoso de en co n trar
o tesouro de sua vida, cham ado N ico d em o s, Jesus disse: “ Por
que D eus am o u o m u n d o de tal m aneira que deu o seu Filho
unigênito, para que to d o aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida e te rn a ” (Jo 3.16). P ortanto, o cam po o n d e estava
esse tesouro é o m u n d o que tan to D eus am ou.
Q ue hom em
é este?
O te x to g en eraliza esse h o m e m , isto é, não lh e dá n o m e
algum , n e m o id en tifica c o m o u tro h o m e m de seu tem p o .
Jesus apenas diz e m sua paráb o la q u e “ u m h o m e m a c h o u e
e sc o n d e u ” . Q u e h o m e m p o d e ser este? N as parábo las a n te
riores, Jesus id en tific a o “ h o m e m ” c o m o aq u ele q u e “ se
m eia a se m e n te ” e, de m o d o in d ire to , sugere ser E le m esm o
este h o m e m .
Porém , na Parábola, do Tesouro Escondido, “o h o m e m ” é
m elhor identificado com o pecador que encontra a Cristo, “o
tesouro ” m aior que alguém pode encontrar na vida. Paulo, o
escritor n e o testam en tário que m e lh o r soube desenvolver a
cristologia, deu testem unho pessoal do seu encontro co m C ris
to, e p o r ele avaliou com o perda todas as demais coisas para
tom ar posse de C risto com o seu tesouro achado. Escrevendo aos
lilipenses ele declarou: “Mas o que para m im era ganho reputeio perda p o r Cristo. E, na verdade, ten h o tam bém p o r perda to
das as coisas, pela excelência do conhecim ento de C risto Jesus,
m eu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as
considero com o esterco,para que possa ganhar a C risto” (Fp 3.7,8).
N o Brasil existem regiões ricas em m inérios co m o ouro,
diam antes, esmeraldas e outras pedras de valor. N ã o faz m uito
leinpo, nas últim as décadas do recente século passado, na fa
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m osa Serra Pelada, situada na região am azônica, m ilhares de
hom ens subm etiam -se a grandes sacrifícios físicos e m ateriais
para cavarem aquela terra e descobrirem ouro. M u ito ouro foi
enco ntrado, mas houve, tam bém , m uita frustração, p o rq u e n em
todos os hom ens e m ulheres que se aventuraram em tal em
preitada conseguiram en co n trar ouro suficiente para ficarem
ricos. O s que mais en riq u eceram foram os donos das terras
garim padas. N a Parábola do Tesouro E n contrado, aquele h o
m em , ao descobrir o tesouro, com p ro u o cam po o qual estava
escondido.
O T E SO U R O E S C O N D ID O
Para alguns intérpretes o tesouro é Israel, p o r causa do tra
tam en to que a Terra Santa sem pre recebeu em relação a D eus
(Êx 19.5; D t 7.6; 14.2; SI 135.4; Is 62.1; J r 31.1-3).
O u tro s vêem “ o teso u ro ” com o sendo a “ Igreja” . S egundo
H . L ockyer,“ é difícil conciliar a idéia de que a verdadeira Igre
ja seja o tesouro escondido que C risto en co n tro u (e que deu
tu d o de si para adquirir) co m o fato de que a Igreja de C risto
foi eleita p o r D eus antes da fundação do m undo, e que C risto
está relacionado co m tal escolha” . Paulo escreveu aos efésios:
“ C o m o tam b ém nos elegeu nele antes da fundação do m undo,
para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em cari
dade, e nos predestinou para filhos de adoção p o r Jesus C risto,
para si m esm o, segundo o beneplácito de sua vontade, para
lo uvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no
A m ad o ” (E f 1.4-6).
H á, tam bém , os que v êem o tesouro com o a m anifestação
presente e im an en te do R e in o de D eus, no sentido do d o m í
nio estabelecido na vida secular.
E m u m sentido mais específico, o en ten d im en to mais plau
sível acerca desse tesouro é que, se o R e in o dos céus significa
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C
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sua m anifestação visível no m undo, C risto é a expressão m áxi
m a dessa m anifestação. D iz a Palavra de D e u s:“Ele nos tiro u da
potestade das trevas e nos tran sp o rto u para o R e in o do Filho
do seu a m o r” (C l 1.13). Q u a n d o o p ecad o r recebe a C risto em
sua vida pessoal está, na verdade, en co n tran d o e receb en d o o
R e in o de D eus em sua vida (Jo 5.39). C risto é, p o rtan to , o
tesouro de valor incalculável que deve ser buscado acim a de
tu d o (R m 12.1). O texto bíblico, usando a expressão “ te so u ro ”
m etaforicam ente, deixa claro ser o p ró p rio R e in o dos céus o
tesouro. E m bora, haja forte discussão sobre o significado do
tesouro, p od em os en ten d er que, q uand o u m p ecad o r en co n tra
esse tesouro, o b té m cidadania n o R e in o dos céus, o u seja, a
p ró p ria salvação. O que en co n tra o tesouro é o in divíduo que
entrega sua vida a C risto para o b ter salvação e a cidadania no
R e in o dos céus.
Possuir a C risto é o b ter o m aior teso u ro da vida. N ad a é
mais precioso e m ais caro, p orqu e C risto é o ú n ico tesouro que
nos tira da nossa mais p ro fu n d a pobreza espiritual. P ortanto,
possuir a C risto significa possuir o R e in o que satisfaz plena
m ente aos desejos da nossa alma. Paulo falou dessa riqueza aos
efésios, quand o escreveu: “ ... para que saibais qual seja a espe
rança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua h eran
ça nos santos” (E f 1.18).
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C a p ít u l o 5
La n ç a i a R ed e
M a t e u s 1 3 .4 7 - 5 0 ; 2 5 .3 1 - 3 4
N a riqueza de ilustrações apresentadas p o r Jesus através do
m étodo mais utilizado p o r Ele durante o seu curto m inistério
terrestre, três figuras são recorrentes: a do lavrador, a do com ercj.inte e a do pescador. Essas figuras faziam parte da vida cotidiana
do povo daquela época e Jesus sabia explorar os aspectos pitores
cos da vida das pessoas e de suas atividades religiosas, políticas,
i Ipmésticas e da agricultura. Porém , nesta Parábola da R e d e notascl um a certa similaridade com a parábola anterior (do jo io e do
trigo), porque ambas falam de bons e maus, juntos no m esm o
contexto, mas separados posteriorm ente n o juízo. E interessante
que ambas as parábolas encerram com a declaração de Jesus de
que o juízo dos bons e dos maus aconteceria “ ... na consumação
11(>s séculos” (M t 13.48,49). Portanto, ambas dão u m enfoque prev iite e futuro. N a Parábola da R e d e aprenderemos o tipo de tral.imento que a Igreja deve dispensar àquelas pessoas boas e ruins.
Esta é a últim a de um a série de sete parábolas do capítulo 13
I' ■M ateus e, p o r isso m esm o, Jesus fixou a atenção dos seus
As P
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discípulos para o “fim da dispensação da graça” , a consum ação e
o Juízo Final. C inco aspectos especiais nos cham am a atenção
nesta parábola: a rede, o mar, os pescadores, os peixes e os anjos.
A R E D E (M t 13.47)
O
tex to diz literalm ente: “ O R e in o d os céus é sem elhan
a u m a rede lançada ao m a r” . G rande parte do m inistério te r
restre de Jesus foi exercido ju n to ao m ar da Galiléia. Por isso,
Ele aproveitava as ocasiões e os lugares para tirar lições para os
seus ensinos. N aturalm ente, nada mais natural que, estando ju n to
ao mar, falar de pescaria, de rede e de pescadores. Foi ali ju n to
ao m ar que Ele escolheu e convidou pescadores para serem
seus discípulos. Sim ão e A ndré, depois T iago e João, eram pes
cadores, para os quais fez o seguinte convite:“V inde após m im ,
e eu vos farei pescadores de h o m e n s” (Mc 1.17, A R A ). Jesus
tinha u m a visão m enos restritiva em relação aos ju d eu s, p o r
isso grande parte de seu m inistério co n cen tro u -se na Galiléia
dos gentios. Seu objetivo básico era o de fundar o seu R e in o
entre os povos da terra, a p artir de Israel, mas não exclusiva
m en te Israel. A rede seria lançada ao m ar, o u seja, ao m undo,
cuja pesca seria de hom ens de todas as nações e povos.
O
tipo de rede utilizada naquele m ar diferenciava u m pou
daquelas confeccionadas para o oceano. Jesus ilustrava co m o s
m ateriais que estayain ali junto, dos pescad ores-Era um red e
pesada e grande e co m chum bada nas co rd as inferiores, cujo
objetivo ç.ra-de_vatEer o fu n do do m ar e recolh er to d o tipo de
peixes, bons e ru in s.
A m a lh a d e s s a r e d e
C ertam ente, essa rede era confeccionada para recolher toda
espécie de peixes sem fazer qualq uer tipo de seleção. A m alha
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La
n ç a i a
R
e d e
da rede recolhe todos, in d ep en d en te da qualidade do peixe
p o rq u e sua finalidade era p ren d er e reter esses peixes, bons e
ruins, ú te is e in ú teis.
A Igreja é a expressão do R e in o dos céus e, p o r isso, ela
recebe em seu seio to da espécie de pessoas, sem q u alq u er dis
crim inação ou seleção (At 1 0 .3 4 :E f6 .9 V N a operação do evan
gelho, quando a Igreja lança a red e, alcança grande quantidade
de pessoas., p o rq u e elas são atraídas a aceitarem o evangelho e
viverem nas m alhas da igreja, em sua com unhão. E ntretanto ,
n e m todas p erm an ecem . Alguns textos bíblicos exem plificam
a função de um a rede (Jó 19.6; SI 66.11; Ec 9.12), os quais
p o dem ilustrar o sentido de u m a rede em p ren d er, salvar, im ^_
pedir etc.
A r e d e n ã o d is c r im in a o s p e ix e s
N atu ralm en te, há u m a diferença entre um a tarrafa e um a
rede. U m a tarrafa. segundo o D icio n ário A urélio, é “u m a rede
de pesca, circular, co m ch u m b o nas bordas e u m a corda ao
centro, pela qual o pescador a retira fechada da água, depois de
havê-la arrem essado ab erta” . O u tro detalhe, um a tarrafa en volve o trabalho de um a só p e ssoa e_tem pon tos definidos eseolh.idos.pelo pescador para lançá-la. U m a rede lançada ao m ar
envolve o trabalho de várias pessoas, p o rq u e ela é extensa. P or
tanto, quand o a rede é lançada “nada está tão_abaixo que a rede
não possa descer para alcançar (um pecador) n e m tão acima
que não o possa atin g ir” . N in g u é m é tão m al que possa ser
deixado de fora nem t ão b o rn -q n e se faça distinção. A rede
i ecolhe bons e m aus. Esta rede se estenderá até a consum ação
d.i dispensação da graça, que iniciou-se n o D ia de Pentecostes
t* term inará co m a volta de Cristo.
A rede não seleciona n e m faz acepção de pessoas (At
10.34,35). O papel da igreja te m sido co n fu n d id o p o r m uitos
—
— ‘T
1
”
...........................”
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e su s
líderes, quand o se atrevem a to m ar para si o atrib u to que so
m en te a D eus pertence, que é o de p ro ced er a exclusão. N a tu
ralm ente, a igreja disciplina, corrige restabelece os seus m e m
bros den tro de princípios bíblicos de am or,justiça e m isericó r
dia. A rede reúne e ju nta os peixes todos. Ela não separa o s
peixes de im ediato. E interessante n o tar que na Parábola do
T rjgo e rLo-Joio Tesus trato u da separação e n tre b ons e maus na
“ consum ação dos séculos” . P orém , na Parábola da R ede o e n
sino sobre a separação de bons e ruins te m u m destaque espe
cial. Tesus queria evitar os erros da hipocrisia dos escribas e
fariseus que faziam acepção sem, n e n h u m escrúpulo.
As grandes cruzadas evangelísticas convocam o trabalho de
m uitas pessoas, não só do pregador, e ilustram m uito b e m u m
dos recursos de D eus para a pescaria de almas. A Igreja tem de
ench er-se com os peixes apanhados pela rede do Evangelho. O
profeta Isaías, m uitos séculos antes, profetizou sobre isto ao
escrever: “ ... a terra se ench era do co n h ecim en to do Senhor,
com o as águas co b rem o m a r” (Is 11.9).Jesus deixo u explícito
o alcance dessa rede co m o Evangelho, quand o disse: “E este
evangelho do R e in o será pregado em to d o o m undo, em tes
tem u n h o a toda as gentes, e então virá o fim ” (M t 24.14).
O MAR
O m a r r e p r e se n ta a h u m a n id a d e
N o co n tex to da parábola “ o m ar ” representa a to d a_.aJmm anidade caída.Alguns textos bíblicos referem -se ao m ar com o
um a m etáfora de gente, povos, n açõ es (cf. Is 57.20; D n 7.3; Ap
13.1). A idéia que a Bíblia sugere acerca do m ar não é apenas_a_„
sua extensão e p eriferia, mas refere-se à sua profundidade e
obscuridade de_ pecado, e. trevas. P orém , o E vangelho te m o
p oder de tirar do fu n d o do m ar ao mais vil pecado r e salvá-lo
L
a n ç a i a
R
e d e
(R m 1.16). O u tro s significados acerca do m ar são tratados nas
Escrituras, mas no co n tex to dessa parábola, o m ar representa a
hum anidade perdida, a qual D eus tanto am a a p o n to de en tre
gar seu Filho Tesus para salvá-la (Jo 3 .1 6 ).
O u tr o s s ig n ific a d o s d a fig u r a d o m a r
A lguns intérpretes v êem o m ar co m o representando as na
ções gentílicas, para as quais, nesta dispensação da graça, D eus
tem se voltado para salvá-las. Porém ,_o sentido, g en érico da
palavra “ m ar” nesta, parábola inclui todas as criatu ras, sem dis
tinção de cor, raça, cultura o u nação, p o rq u e para D eus, neste
plano salvífico através d e C risto, ju d e us e gentios são apenas
criaturas que precisam de salvação (G1 3.8; C l 3.11). A rede,
quando lançada ao m ar, recolhe t oda esp écie de peixes, p o r isso
0 evangelho não discrim ina n in g u é m n o m u n d o . Tem de ser
pregado a toda criatura (M c 16.15). P orém , a seleção (ou c o n
trole de qualidade) feita pelos pescadores não é feita na m alha
1 Ia rede, mas depois de terem recolhido to d o o peixe e trazido
■i praia. Essa separação entre “bons e ru in s” é trabalho final,
leito pelos anjos de D eus na consum ação dos séculos.
OS PESCADORES (M t 13.48)
O te x to alude_aos pescadores de m o d o in direto p o rq u e se
ivfere mais especificam ente ao trabalho de “p u x ar” a rede para
1 praia e o trabalho de “apan har” os peixes e separá-los, entre
I >ons e ru in s. N aturalm ente, esse p o n to representa a missão p rin i ipal da Igreja de C risto na terra que é a evangelização.
[e su s c o n v o c o u d o z e d is c íp u lo s p a r a s e r e m
p esca
dores d e h o m en s
Jesus sabiam ente soube usar esta parábola da rede, d irig in i li >-se a alguns dos seus discípulos que viviam da pesca, pois Ele
67
As
P a rá b o la s de Jesu s
relacionava-se com o trabalho que eles co n h eciam m uito bem .
Q u a n d o os convo cou para seguí-lo, desafiou-os a serem pesca
dores de hom ens (M c 1.16-18). Suas redes seriam outras redes,
as quais receberiam pessoas de toda classe, raça, cultura e nação.
O evangelho tem sido um a red e p o d e rosa nestes séculos da era
cristã.
A a r te d a p e s c a r ia
G eralm ente, o pescado r conhece as águas o nd e há abundância de peixes, p o r isso ele deve co n h ecer os p o n to s __ceifcQS
o n d e lancar a rede. Ele con h ece as marés, os rem ansos, os v en
tos, as características climáticas e a profundidade das águas. Es
ses são os co n hecim entos prim ários indispensáveis ao pesca
dor. N a evangelização, os pescadores de almas devem pescar
o n d e se en co n tram as almas perdidas. N ã o se pesca em aquáriõs~(peixes pescados), mas nos rios profundos e em alto-m ar.
C erta feita Jesus o rd en o u a Sim ão Pedro: “ Faze-te ao m ar alto ”
(Lc 5.4).
O pescador deve co n h e c er a arte de pescar, seja através de
anzóis, de tarrafas ou de redes. Q u e m evangeliza precisa do
evangelho para p o d er pregar aos ou tro s- D eve saber usar o
m aterial de pesca, isto é. deve estar apto para pescar os peixes
em jdiferentes am bientes o n d e se e n contram .
M ilh õ e s d e p e s c a d o r e s d e a lm a s p a r a C r is to
O
n ú m ero de pescadores co m eço u co m cLq z ê . ho.m ens
tem se m ultiplicado em m ilh ões através dos,séculos, Essa redcnão tem se rom pido, apesar de todos os m eio s-de deslxuiçloqne o in im ig o de nossas almas, tem lancada - no_.mundo para_
d eter o avanco da Igreja. D irig indo -se especificam ente a Pedro,
Jesus lhe disse que seria pescador de hom ens (Lc 5.10). O ím
68
L
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R
e d e
p eto da evangelização precisa m over os corações co m am o r e
desprendim ento. A Igreja P rim itiva foi capaz de revolucio nar o
seu tem p o co m o arrojo da evangelização.
T o d o c r e n te e m
C r is to é c o n v o c a d o p a r a se r
p e s c a d o r d e a lm a s
Todo ganhador de almas é pescado r neste grande m ar. A
igreja p o d e ser um a rede que lança o evangelho em to d o o
m undo. C ada crente, individualm ente, é u m p escador de almas
(At 1.8). A profissão de pescador é um a profissão de alegrias e
tristezas, p o rq u e há dias q u e “ o m ar não está para p eixe” .
OS PEIXES
O s p e ix e s q u e c a e m
n a m a lh a d a r e d e s ã o in d is
c r im in a d o s
Sabemos que a rede não discrim ina, n em seleciona os pei
xes. A parábola diz que a rede apanha peixes de toda espécie,
hons e ru in s. N a verdade, a rede não passa de mais um recurso
lium ano do qual D eus se serve na terra para organizar a sua
Igreja. JNaturalm ente. a Igreia,n um certo sentido ,p o d e ser co m p.irada a um a rede, porqu e nela entra to d o tipo de pessoas, in depcndente de_cor, raça e condição social. A Igreja recebe em suas
in.ilhas toda espécie de pessoas e trabalha para cuidar dessa gente
,i(6 a consum ação dos séculos quando, então, se fará a separação
• ncre bons e ruins, justos e injustos, úteis e inúteis (M t 24.14).
( >s p e i x e s b o n s e r u i n s q u e c a e m n a m a l h a d a r e d e
Ao longo da história da Igreja, a questão d o u trin á ria sobre
n st'u papel em relação a seleção ou separação entre os bons e
69
As P
a r á b o l a s
d e
J
e su s
ruins te m sido discutida, sem n o en tan to se te r chegado a u m
d en o m in a d o r co m u m . A questão não é c o n tu n d en te, n o m eu
p o n to de vista, en ten d o que o ensino de Tesus é claro quan do
diz que a separação entre bons e m au s será feita na “ consum a
ção.dos séculos” , e será trabalho dos anjos (M t 13.48,49). Essa
questão levantada p o r Jesus nesta parábola não é diferente de
outras parábolas que nos fazem recordar a distinção entre o
trig o e o jo io que crescem ju n to s e se entrelaçam . A separação
só é feita na colheita.
N a verdade, vem os nestas parábolas a sim bologia da igreja
visível que, te m em seu seio, um a m escla de crentes e in créd u
lo s e toda sorte de gente, o n d e se to rn a difícil, às vezes, distin
gu ir quem é quem . Porém , isto faz parte da vida c o m u m de
u m a igreja local (visível). O apóstolo Paulo declarou aos rom a
nos que
nem to d o s os que são de Israel são israelitas” (R m
9.6-8). E n ten d em o s tam bém que m uitos se dizem cristãos^ mas
não o são. P ertencer à igreja visível não im plica necessariam ente
ser m em bro.da Igreja verdadeira. Existem pessoas religiosas, mas
não regeneradas. Existem tam b ém p essoas que se batizaram em
águas, mas nunca foram lavadas pelo sangue de Cristo. Pessoas
que professam exteriorm ente serem cristãs, mas in terio rm en te
não possuem qualquer sinal de cristianismo (M t 7.21).
O PAPEL DOS ANJOS N O FINAL
D OS TEM PO S ( M t 13.49,50)
T am entavelm ente. em nossos tem pos atuais tem havido
distorção.quanj o .ao papel dos anjos em relação à igreja atual e
ao m u n d o presente. E n tre ta n to, saberm os que du ran te esta
dispensação da graça é o E spírito Santo que está form ando
ativam ente a Igreja, não os anjos. Eles (os anjos) c o n trib u e m de
algum m o d o para facilitar o trabalho dos pescadores, mas o
70
L
a n ç a i a
R
e d e
e s tím u lo v e m d o E s p ír ito S an to . P o r é m , ao fin a l desta
dispensaçao, n a volta d e C risto para a sua Igreja am ada, é que_
os anjos entrajã p em ação, isto é, n o arrebatam ent o dos vivos e
na ressurreição d o s m o rtos em C risto. N esse evento, os anjos
farão a separarão entre bons e ru in s—
J. C. R y le, em seu co m en tário de M ateus, escreveu sobre
essa q uestão :“ N ã o nos c o n ten tem o s em ser m em bros da igreja
de um a m aneira externa. N e m to d o s os que estão d e n tro da_
rede sã q :yerdadeiros,discípulos de Tesus C risto. M uitas pessoas
que recebem as águas d o batism o jam ais recebem as da v ida.
M uitos que participam d o pão e do v in h o na_Ceia do S en h o r
j amais sg alim entam do co r p q jde C r is ta .p o r m eio da fé,” . P or
isso, ajgrej-a local é sem pre um a m escla de pessoas, convertidas.,
c _riã o ç o nv.erti das.
C O N C LU SÃ O
Esta parábola nos ensina a definir nosso papel co m o obrei
ros pescadores que lançam a rede do evangelho para apanhar o
maior n ú m ero possível de almas para C risto. O que im p o rta é
que preguem os o evangelho e as resgatem os do m u n d o . P o i ém, q u anto à questão in te rio r do coração das pessoas, so m en le no final será verdadeiram ente revelado, e os anjos terão u m
papel im p o rtan te nesse evento. Q u e o S en h o r nos p e rm ita es
tender a rede da salvação e convidar a todos os ho m en s que se
n rependam e creiam n o evangelho.
71
C a p ít u l o 6
Fid e l id a d e e D il ig ê n c ia
n a
O b r a d e D eus
M a te u s 2 5 .1 4 - 3 0
A m e d id a d a fid e li d a d e n ã o é a q u a n tid a d e , m a s a q u a lid a d e de n o ssa obra p a ra o S e n h o r.
H á um a c erta sim ilaridade entre as parábolas dos talentos e
das m inas nos registros d e J M ateus e de Lucas (Lc 19.11-27).
In d e p e n d e n te He alguns detalhes diferenciados entre as duas
parábolas, p o d e m o s p erceb er que a lição de ambas é a m esma:
‘‘talentos” o u ‘‘m inas’’ representam valores espirituais e m orais
co m os quais Hevemos “ neg o ciar” , isto é, desenvolver em nossa
vida cristã. JRxiste tam bérn_um a certa relação d o u trin á ria dessa
parábola co m a parábola d as dez v irgens, p o rq ue as duas a p o n
tam para o futuro advento de C rista_O s personagens das d u as.
parábolas — ; as virgens e os servos — sim bolizam as m esm as
pessoas: p orém , elas são vistas sob vários aspectos. N a Parábola
das D ez V irgens a Igreja é estim ulada a vigiar; na Parábola dos
Talentos a Igreja é estim ulada a fazer a obra do R ein o .
As
P a rá b o la s d e Jesu s
OS TALENTOS SÃO REPA RTID O S
D ISTIN TA M EN TE ( M t 25.14,15)
O
q u e e r a ta le n to ?
A idéia básica da parábola sobre talentos referia-se ao h o m em rico que possuía um a b oa q u a n tidade de dinheiro e que,
precisando ausentar - se daquela terra, resolveu distribuir res
ponsabilidades d e n e gociação aos seus servos (trabalhadores) e
o fez_d e acordo co m a capacidade de cada u m dos seus três
servosJvlateus utilizou o te rm o grego ta la n to n , que significa
“ talen to ” e referia-se a um a m oeda de alto valor. Eqüivalia
“ u m talen to ” a seis m il denários e, u m denário correspondia
ao salário diário de u m trabalhador (M t 1 8 .23-28).“ U m talen
to ” eqüivalia tam b ém a seis m il dracmas, o equivalente a 12.600
gramas de prata, mas o talento podia ser tam b ém de ouro e de
cobre. O valor de u m talento, p o rtan to , dependia do tipo de
m etal do qual era feito a m oeda.
O q u e s i g n i f i c a m o s t a le n t o s n a ó t i c a d a p a r á b o la ?
N o m u n d o secular, um a pessoa co m talen to s é identificada
co m o alguém que te m habilidades especiais para fazer deter
m inadas coisas. N o rm a lm e n te, são criativas e_ inventivas, p o r
isso seus talentos são m anifestos em várias áreas da vida h u m a
na. Esses talen to s tê m sido in te rp retados figurativam ente com o
habilidades ou opo rtunidad es de cada pessoa para fazer algum a
coisa útil. E m relação ao R e in o de D eus na te rra , essas habili
dades p o d em representar dons naturais o u dons espirituais re
cebidos. de D eus. Q u a n d o se te m consciência desses dons, os
m esm o s p o d em ser ad m inistrados em favor do R e in o de D e u s.
Podem os entendê-los co m o bens pessoais, ou seja, u m co n -
74
F
id e l id a d e
e
D
il ig ê n c ia
n a
O
b r a
d e
D
e u s
ju n to de qualidades naturais e graças espirituais que qualificam
estas pessoas a realizarem determ in ado s serviços para o R e in o
de D eus na terra. O nosso. S en hor é Tesus C risto e dEle vem
tu d o o que te m os e so m os, pois tu d o foi criado n E le, p o r m eio
dEle e para E le (Cl 1.16), e sem Ele nada som os e nada p o d e
m os fazer na sua obra 0 o 15.5). C ada crente, e m particular, é
dotado__de alg um talento co m o qual pod erá trabalhar para o
S en h o r e receber a devida recom pensa.
O s ta le n to s fo r a m
r e p a r tid o s e n tr e o s s e r v o s c o n
f o r m e a c a p a c id a d e d e c a d a u m
(M t 2 5 .1 5 )
N ão se trata de algum tipo de discriminação, mas de capaci
dade p essoal que cada crente possui para servir. O im p ortante é
que cada qual faça b em o seu trabalho e prospere naquilo que foi
dotado para fazer. Q ra. se D eus é o nosso C riad or e nos fez dife
rentem ente e nos deu capacidades distintas é porque cada qual .
preenche o espaco que_o outro n ão pode preencher. N inguém é
totalm ente com pleto n em totalm ente inútil sem que tenhaltlgurn
dom para desenvolver. Segundo a parábola, aquele senhor entre
gou a u m servo cinco talentos; a outro, dois e ao terceiro, um
talento. Cada qual deveria desenvolver os seus talentos da m elhor
form a possível, porque a cada um foram_da dos talentos de acordo
co m a capacidadej3essoal.,Aprendem os, nesta desigualdade de
distribuição, que não é .a quantidade que vale para D eu s, mas_a
qualidade com que desenvolvemos nossos talentos.
O TRABALHO DOS SERVOS ( M t 25.15-18)
O q u e r e c e b e u c in c o t a le n t o s ( w . 1 6 ,1 9 - 2 1 )
Era, indiscutivelm ente, talentoso! T anto é verdade que, im e
diatam ente após a saída do seu senhor, esse servo não perdeu
75
As
P a rá b o la s d e Jesu s
tem po, mas pôs-se a trabalhar co m diligência e fidelidade. D iz
o texto que esse servo “foi, e co m eles neg o cio u e granjeou
outros cinco talen to s” (M t 25.16,20). O verdadeiro cristão se
esm era em negociar seus talentos e fazê-los prósperos. N ão
te m preguiça, mas trabalha co m diligência em tu d o o que faz.
N ão exibe o que não tem , mas negocia e granieia o u tro tanto,
p o rq u e rejeita o ócio o qual não p o d e fazer parte _da vida de
u m servo de D eus. E aquele que confia no seu S en h o r e o tem
co m o j u sto e fiel e sabe., que ao final, quand o o seu S en hor
voltar, receberá o seu galardão (1 C o 15.10; Fp 4.13).
O
q u e r e c e b e u d o is t a le n t o s ( w . 1 7 ,2 2 ,2 3 )
Pelo fato de ter recebido apenas dois talentos, o segundo
em pregado reconhecia que era tu d o o que podia fazer. Ele
tinha consciência de suas lim itações. N ã o teve inveja o u ciú
m es do que recebera cinco talentos, p o rq u e sabia que não faria
ren d er m ais além d o s dois recebidos. A p ren d em o s que deve
m os nos aquietar e aceitar o que o nosso S en h o r sabe e c o n h e
ce a nosso respeito. D evem os fazer o m elh o r co m o que tem os
recebido. Esse servo não se fez de rogado, mas trabalhou com
afinco e granjeou outros dois talentos.
O
q u e receb eu apenas u m
t a le n t o ( w . 1 8 ,2 4 ,2 5 )
Q uanto aQJterceiiQ. em pregado, era term os de qualidade, o
nível do seu trabalho seria o m esm o, p o rq u e D e u s não estava
qillilitido a im portância nem dim inuindo o valor daquele servo,
p o r ter-lhe dado apenas u m talento para administrar. E ntretanto,
ele se deixou dom inar p o r u m sentim ento de inveja e de ciúm e,
além d e ter desenvolvido u m espírito d e ingratidão e de falta de
autocrítica. Ele deveria saber que não pod eria fazer m uito com
mais de u m talento, mas se fizesse com aquele único talento.
76
F
id e l id a d e
e
D
il ig ê n c ia
n a
O
b r a
d e
D
e u s
certam ente lhe seria acrescentado outro ou mais. pela fidelidade
e pela alegria de fazer o m elh o r para agradar o seu senh or. P o rém , ele criticou o seu senhor e ainda o acusou d e iniustjca,_(Mt
25.24,25). D evem os aprender a nos co n ten tar com aquilo que
tem os.recebido do S enhor e fazer o m elhor para agradá-lo. .
ÊX ITO E INSUCESSO D O
TRA BA LH O DOS SERVOS
Todo servo deve obrigação ao seu senhor, co m o tam b ém
prestar contas de suas atividades. S o m o s servos de C risto e te
m os recebido d Ele dons. e opo rtu n id ad es os quais devem_ser
trabalhados. TiLílü o que S en h o r req u er de cada u m de seus
servos é fidelidade e responsabilidade..
O ê x it o d o s d o is p r im e ir o s s e r v o s ( w . 1 6 ,1 7 ,1 9 - 2 3 )
A narrativa declara que am bos, tanto o que recebera cinco
talentos q u anto o que recebera dois talentos, foram e negocia
ram co m seus talentos, granjeando o dob ro do que receberam
de seu senhor. N a verdade, eles foram fiéis e diligentes ao tra
balho recebido para fazerem . N a vida cotidiana da igreja, to d o
crente te m recebido de_Cxisto — o S en h o r, dons e o p o rtu n i
dades, de_realizacão os quais p rom ovem e fazem prosperar a
igreja,social, m aterial e esp iritu alm en te.D ian te de,C risto, nada,
é justificável não fazer a obra c o r n os talentos recebido s.Tem os
que confiar na forca do S en h o r para realizar a obra ÍFp 4.13).
Existe u m adágio latino que diz: “m â x im u s in m ín im u s ”, que
qu er dizer: “fazer o m áxim o nas m ín im as coisas” . Esse é o se
gredo da fidelidade! D eus não olha a quantidade d o s dons re
cebidos, mas a fidelidade co m que os desenvolvem os.. A m b o s
os servos, o p rim eiro e o segundo, não m ed iram esforços p ara
negociar co m os talentos recebidos.
77
As Pa
r á b o l a s
d e
J
e s u s
O in s u c e s s o d o t e r c e ir o s e r v o ( w . 1 8 ,2 4 ,2 5 )
Esse servo é o tipo do crente que n un ca_está satisfeito com
nada na igreja. Sem pre te m algum a crítica negativa e vê tu d o
com pessim ism o. P or isso esse servo “foi, e cavou na terra, e
escondeu o dinheiro do seu sen h o r” (v. 1 8 ).E daquelas pessoas
que_tentam salvar suas vidas, mas acabam p e rd e n d o -as, com o
está^escritoj.“P o rq u e aquele que quiser sajvar a sua vida p erd êla-á, e q u em perder a sua vida p o r am or de m im achá-la-á”
(M t 16.25). Esse servo foi punido, m esm o te n d o apenas um
talento. M u ito m ais-severam ente será p u n id o o que tiver rece
b ido mais_de_u m talento e não os n e gociar. O s dons são dados
para serem usados na obra do Senhor. T udo o que o S en hor
espera é que sejamos fiéis e abundantes na sua obra. P or isso
Paulo nos exorta: “ ... sede firm es e constantes, sem pre a b u n
dantes na obra do S enhor, sabendo que o vosso trabalho não é
vão no Senh o r ” (1 C o 15.58).
A PRESTAÇÃO DE CONTAS (M t 25.19)
É interessante n o tar o que diz o texto: “E, m u ito tem po
depois, veio o senho r daqueles servos” . Esse te m po indica o
fu tu ro do ajuste de contas de todas as pessoas.Todos tem os de
prestar contas u m dia, do b e m e do m al que tem os feito a nós
m esm os, e ao nosso próxim o.
F id e lid a d e a n te s d a r e c o m p e n s a
A ntes de req uerer qualq uer direito de rec o m p ensa o servo
deve cu m p r ir o seu trabalho, p ara receb er apen as o que for
justo. A recom pensa a mais, isto é, o p rêm io pelo trabalho
feito, será sem pre fru to da b o n d ad e do Senhor, com o aco n te
ceu co m os dois prim eiros servos que apresentaram resultados
positivos ao seu senhor. A recom pensa deles foi o direito c o n -
78
I
F
id e l id a d e
e
D
il ig ê n c ia
n a
O
b r a
d e
D
e u s
cedido para entrarem “ n o gozo do seu sen h o r” (w . 21-23 ). O
servo infiel foi injusto ao acusar seu senho r de m au e afirm ar
que p o r m ed o preferiu e n terrar o talento na terra (v. 18). Ele
foi im pro dutivo duas vezes: um a, p o r não negociar co m o talento recebido; outra, p o r en terrar o talen to . Para garantir sua
estupidez, ele en te rro u seu talen to . N ad a fez co m ele, para parecer,hon esto diante de seu senhor. P or isso, foi co n d en ad o e
cham ado de “ m au e negligente servo” (v. 26).
R e c o m p e n s a d e p o is d a fid e lid a d e
Parece u m jo g o de palavras, mas significa que antes de pensar
em recom pensa, to d o servo deve fazer seu trabalho p o rq u e é
servo e o faz com prazer e fidelidade. O p rêm io da fidelidade é
explícito nas palavras: “ Sê fiel até à m o rte, e d a r-te-e i a coroa
da vida” (Ap 2.10). A recom pensa daqueles fiéis servos foi o
convite para entrar “n o gozo do S e n h o r” (w . 21-23). Percebese u nia desproporção entre trahalhQ e recom pensa quand o o
S en h o rjasa d uas expressões: sobre p o u c o e sobre m u ito , N a
realidade, o m u ito que fazem os pelo Senjiox_é p o u co pela im
portância, da recom pensa qu£-Ele_nos confere. O s serviços de
hoje são incom paráveis co m os serviços que terem os na eter
nidade (Ap 22.3). As vezes,no serviço do Senhor, tem os cansa
ço, d o r e aflição, mas serão suportáveis quand o en trarm o s no
gozo do Senhor, nosso serviço não sofrerá qualquer tip o de
dificuldade física, em ocional ou espiritual (H b 12.2).
R e c o m p e n s a e p u n iç ã o n o a ju ste d e c o n ta s
O S en h o r voltará para reaver seus ta le n tos (v. 19). A quele
se n h o r veio q u a n d o os em pregados não o esperavam . Assim
será na v inda do S en h o r (M t 25.13). D evem os trabalhar co m
afinco e estar atentos co m o nosso trabalho até que E le ve-
79
As
P a r á b o la s d e Jesu s
nha. Q u a n d o E le v ier ajustará c o n ta s co m os seus servos, pois
“ -..j^ada u m d e nós dará contas de si m esm o a D eus” (R m 14.12).
O s fiéis serão abençoados e entrarão n o gozo do Senhor, mas
o s infiéis, ficarão de fora e serão p u n id o s sem m isericórdia, p o rque não cu m p riram seus p apéis na ausência do S en h o r. A B í
blia diz que
cada u m receberá do S en hor to d o o b e m que
fizer” (E f 6.8). T am b ém diz a Palavra de D eus: “M as q u em
fizer ag ravo jreceb erá o agravo que fizer” (C l 3.25).
A prendem os algumas lições preciosas nesta parábola. P ri
m eiro, que to d o cristão au tên tico te m recebido algum d o m de
D eus para trabalhar. S egundo, que u m dia, to d o cristão apre
sentará o fru to do seu trabalho no ajuste de contas co m o
Senhor. Terceiro, que existem cristãos infiéis e injustos para
co m o Senhor, p o r isso nada fazem para crescer na obra de
D eus. Q u arto , q ue haverá u m ju lg a m e n to de nossas obras. Para
os justos, n o T rib u n a l de C risto (2 C o 5.10), e para os injustos,
no julgam ento do G rande Trono Branco (Ap 20.11-15). Q u in to ,
que há recom pensa para os fiéis e pun ição para os infiéis.
80
C a p ít u l o 7
O G r a c io s o
Pe r d ã o d e D eus
M a t e u s 1 8 .1 5 - 3 5
P erdã o im p lica n o tra b a lh o d u p lo e recíproco e n tre D e u s e nós.
P erd o a m o s p o r q u e f o m o s p e rd o a d o s.
D os mestres de com unicação pedagógica, é indiscutível que,
Jesus foi u m exem plo singular, pois utilizava, princip alm ente,
m étodos pró p rio s explorando sem pre a linguagem alegórica e
figurada. E specialm ente as parábolas, que era u m m é to d o p o
pular de instrução e Jesus soube ensinar através desse m éto d o
com encanto, profundidade e clareza em suas colocações. C o n tar
histórias sem pre atraiu as pessoas e a m aneira de apresentá-las
sob a form a de parábolas provocava a im aginação dos ouvintes
e os levava a refletir sobre os conceitos e verdades m orais e
espirituais contidos nelas. Sobre os mais variados assuntos rela
cionados co m princíp ios m orais e espirituais, em especial, os
assuntos que tratavam das coisas do R e in o dos céus p o r Ele
anunciado. A m or, perdão, reconciliação, justiça, respeito h u m a
no, alegrias e tristezas e tantos outros assuntos eram tratados
p o r Jesus nas suas parábolas, e a Bíblia declara: “ T udo isso disse
Jesus p o r parábolas à m ultidão e nada lhes falava sem paráb o
las” (M t 13.34).
As
P a rá b o la s d e Jesu s
A parábola deste capítulo tem sido identificada p o r outros
títulos, tais c o m o :“ O C re d o r Incom passivo” , “ 0 Servo Incle
m e n te ” , mas, na verdade, ela trata de u m assunto da m aiorjim portância na experiência cotidiana das pessoas: o tratam ento
co m a ofensa e co m o perdão. São princípios de vida, que
n o rteiam o cristão quanto ao ato de p erdoar q uand o ofendido.
O fensa e perdão são dois elem entos da nossa vida cotidiana
que afetam todas as nossas em oções. Jesus estabeleceu alguns
princípios de tratam ento do perdão aos que nos ofendem . N esta
parábola, Jesus fala do perdão num a perspectiva to talm ente
hum ana, p o rq u e não se trata apenas do perdão de D eus para o
h o m e m , mas do perdão do ofendid o para o ofensor, isto é, do
h o m e m para o h o m em . Jesus trata dessa relação entre aqueles
que ofen d em e os que são ofendidos.
O P O N T O DE PARTIDA PARA O
PER D Ã O (M t 18.1-20)
U m a h is tó r ia re a l
“N ã o posso jam ais perd o á-la” . Foram as palavras de u m
h o m e m à sua esposa depois de dez anos de casados.Tudo havia
com eçado na vida conjugal com m uito am or, tern u ra e dedi
cação m ú tu a entre o casal Jo ão e M aria. N asceram dois filhos
saudáveis e bon ito s e João e M aria se esforçavam para que a
vida fosse m enos árida que o sem i-deserto do nordeste brasi
leiro ond e viviam. C o m esforço e d en o d o lim param a terra das
pedras e a prepararam para ser produtiva usando os recursos
possíveis para que isto acontecesse. Flavia certa paz e tranqüili
dade na vida daquela família naquele lugar. D e repente, M aria
co m eço u a esfriar no relacionam ento co m o m arido e co m os
filhos criando um a barreira quase que intransponível nas rela
ções co m a família. N in g u é m sabia o que estava acon tecendo
82
O
G
r a c io s o
P
e r d ã o
d e
D
e u s
coí|n M aria. Ela to rn o u -se dura co m os filhos e fria co m o
marido.Vivia irritada e não revelava nada, do que estava aconte
cendo. A coexistência fechada, de irritação e de silêncio, am ar
gou a vida daquele lar. João, o m arido, não conseguia en te n d e r
o que havia acontecido. P ro cu ro u algumas vezes dialogar com
M aria, mas ela fugia sem pre de q ualq uer tipo de conversa. Esse
estado de am argura d u ro u dez anos. E ntão, u m dia Jo ão desco
b riu que sua esposa o havia traído dez anos atrás e tinha difi
culdades de enfrentar a situação e conviver co m sua culpa. Ela
ficou doente em ocional e fisicam ente com o resultado daquele
estado de vida e de culpa do qual não conseguia libertar-se
através da confissão e do pedido de perdão. N aturalm ente,João,
ao descobrir o que havia acontecido, ficou cheio de ó d io e
queria vingar-se a qualq uer custo. P or dez anos viveu n u m
clim a de receios, dúvidas e rancores, e agora, co m o coração
cheio de ira e rancor, o pensam ento que lhe aguilhoava dia e
n o ite era a vingança contra o h o m e m que entrou na sua casa
co m o am igo e que agia com o se nada tivesse acon tecido ao
lo ngo desses anos.
A idéia de p e rd o a r a esposa e aquele h o m e m que fizera
m al ao seu casam ento, era algo h u m a n a m e n te im possível. E n
tretanto,João era u m cristão de p ou ca intim idade co m a igreja,
mas tin h a n o seu coração, algum a sem en te do E vangelho. A o
p ro c u rar aconselhar-se co m o seu pasto r não p o d e evitar a
palavra “p e rd ã o ” . O pasto r o levou a orar ju n ta m e n te consi
go a oração que Jesus ensinou: “ P erd o a-n o s as nossas dívidas,
assim c o m o nós p erd o am o s aos nossos devedores” (M t 6.12).
Jo ão reagiu logo após a oração e d eclarou ao pastor: “ N ã o
posso jam ais p e rd o a r m in h a esposa n e m esse h o m e m ” . O
pasto r então falo u -lh e co m voz m ansa, mas firm e: “Jo ão, as
palavras de C risto a você são estas:‘Se, p o ré m , não perdoardes
aos h o m e n s as suas ofensas, ta m b é m vosso Pai vos não p e rd o
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As
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a r á b o l a s
d e
Je
s u s
ará as vossas ofensas’ (M t 6 .1 5 )” . João, mais um a vez reagiu e
disse ao pastor: “ C o m o posso p erd o ar o h o m e m que a rru i
n o u o m e u lar e que d estru iu tu d o o que eu mais amava?” O
p asto r c o n v id o u Jo ão para orar, o qual c o m e ç o u a chorar
profusam ente en q u an to o pastor apresentava ao S en h o r aquela
situação. A oração foi u ng ida e de g rande em o ção e o E sp íri
to Santo p ro d u ziu n o coração de Jo ão u m p ro fu n d o senti
m e n to de perdão. Ele sentiu-se lib erto daqueles sentim entos
am argos de revolta e de vingança que acabariam p o r m atá-lo.
A o voltar para casa, sua esposa e os dois filhos p e rce b e
ram que havia algo sereno em seu rosto. Ele reu n iu a fam ília
na sala de estar e então falou-lhes do que D eus fizera em seu
coração. N ã o so m en te p e rd o o u a esposa, mas p e d iu -lh e p e r
dão p o r não te r conseguido tratar desse p ro b lem a antes. A
esposa, que vivera o sen tim e n to de traição e culpa em sua
consciência e estava c o m p ro m e te n d o sua saúde em o cio n al e
física, d e rra m o u -se em lágrim as diante do m arid o e dos fi
lhos e p e d iu perdão a todos. D ep o is de abraçarem -se, esposa
e m arid o , pais e filhos, Jo ão declarou à esposa: “M aria, vivi
m o m e n to s de ódio e rancores co m p ro fu n d o desejo de v in
gança, mas D eus fez u m a obra em m eu coração e preferi
aceitar as palavras de que deveria p erd o a r para ser perdoado.
E u te p e rd ô o de to d o o m eu coração e te p eço perdão p o r
não te r sabido adm inistrar esta situação” .
A liç ã o b á s ic a d a p a r á b o la
A lição desta parábola é que o perdão dilui to d o o obstá
culo em ocional negativo quando estamos dispostos a rec o n h e
cer que, antes de cobrar a dívida dos que nos devem , tem os
um a dívida im pagável co m D eus. Se aquele h o m e m esperasse
que sua esposa, que lhe havia ofendido co m seu adultério, lhe
confessasse o que havia acontecido, talvez não houvesse a o p o r
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tunidade de perdão. Q u a n d o o perdão p artiu dele, não apenas
aliviou sua carga de ódio e desejo de vingança, mas lib ero u sua
esposa para que pudesse refletir e agir co m atitude recíproca.
O perdão deve partir daquele que estiver p ro n to para adm inis
trar essa atitude, in d ep en d en te da atitude do ofensor. Existe
u m ditado que diz o seguinte:“U ltrajando seu inim igo, você se
coloca abaixo dele; vingando um a injúria, você estará n o m es
m o nível do m in n g o ; p erdoando, você está acima dele” .
S im p lic id a d e v e r su s e m u la ç ã o
Jesus cham a para p e rto de si u m m enino, e no m eio dos
seus discípulos dá um a estupenda lição de vida acerca da rela
ção das am bições pessoais e o m o d o de agir para obtê-las. Os
versículos de 1 a 3 indicam essa exem plificação feita p o r Jesus
àqueles hom ens. O m o d o de ilustrar foi igualm ente simples e
belo, e ao m esm o tem p o foi to cante e im pressivo para aqueles
discípulos. H avia nascido no coração deles, desejos carnais e,
inconvenientes de em ulação cheios de am bições de grandeza,
capazes de neutralizar q ualq uer sentim ento puro de com p a
nheirism o, respeito m ú tu o e espírito de perdão. U m sentim ento
im p u ro os incitava a querer superar uns aos outros, e esse sen
tim en to de rivalidade e com p etição foi detectado p o r Jesus,
que im ediatam ente p ro cu ro u co rrig ir algumas atitudes entre
os seus discípulos. Jesus apelou para a sim plicidade de um m e
n in o para desfazer a em ulação daqueles hom ens.
O C O N T E X T O DA PARÁBOLA
O objetivo final desta parábola so m ente será alcançado se
en ten d erm o s to d o o seu contexto, p o rq u e o m esm o é a p re
paração do cam po de ação para as verdades que Jesus queria
ensinar sobre o perdão irrestrito.
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A n a lis a n d o o c o n t e x t o d a p a r á b o la (M t 1 8 .1 - 6 )
Para falar de perd ão e c o m o ad m in istrá-lo nas nossas re
lações pessoais acerca de ofensas, Jesus se volta para um a c ri
ança e c o m especial te rn u ra ensina aos seus discípulos sobre
valores m orais, entre os quais o perdão. Ele ilustra a natureza
in o c e n te de um a criança e destaca a sua sim plicidade para
rep resentar o verdadeiro sentido do perdão (v. 2). Jesus c o
m e ç o u fazendo elogio ao espírito simples e créd u lo de um a
criança para ensinar que assim deve ser o espírito p e rd o a d o r
de q u e m precisa p e rd o a r e ser perdoado. N esse sen tid o não
há espaço para o espírito vingativo. O ra, q u an d o som os sim
ples co m o um a criança, p o d em o s lidar mais facilm ente co m
as ofensas que nos fazem n o dia-a-dia. A vingança é um a
arm a in ú til que só p ro d u z dissabor e destrói não só a pessoa
que é alvo da vingança, mas ta m b ém aquela que a levou a
efeito. D av id A ugsburger, em seu livro L iv r e p a ra P erdoar, es
creveu: “A vingança inicia u m a excursão sem fim , descendo
aos mais recô n d ito s recessos do rancor, da represália e das
im piedosas desforras” .
A o ilustrar sobre nossos sen tim en to s em relação a p o d er
e d o m ín io , Jesus havia p erceb id o um a certa ansiedade dos
discípulos sobre grandeza e s ta tu s d e n tro do g ru p o , isto é,
q u em era o m aior entre eles. A o to m ar u m m en in o para ilus
trar a lição que daria àqueles h o m en s adultos e am ad u reci
dos, p o ré m agind o co m atitudes in co eren tes, quis m o strarlhes o q u a n to é perig o so q u an d o nos to rn a m o s im pacien tes
e d o m in ado s p o r sen tim en to s que fogem ao padrão que Ele
os estava ensinando. E ntão, nos to rn a m o s capazes de o fen d er
nossos co m p an h eiro s (ou irm ãos na fé), de feri-los co m ati
tudes presunçosas para co n seg u irm o s posição e grandeza e n
tre os demais.
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O c o n tr a s te e n tr e o p e c a r v o lu n ta r ia m e n te e se r
in d u z id o a p e c a r
O texto contido nos versículos seguintes (w. 6-9) indica a
perspicácia de Jesus em ensinar lições de vida que envolvem as
relações entre as pessoas, especialmente quanto às questões de ofensa
e perdão. D epois de valorizar a posição da criança no m undo dos
hom ens, Jesus enfatizou que, no R ein o de Deus, escandalizar os
pequeninos constitui-se pecado grave. Ele destacou que “o fazer
pecar a m eu irm ão” pode ser um a form a de “ofender a m eu ir
m ão” e isto significa, na linguagem bíblica,“ escândalo” .
O ra, o que é escândalo? N a língua grega, o term o aparece em
M ateus 17.27, com o substantivo ,skandaion e com o verbo ,skandalizo.
N a versão Almeida Revista e C orrigida, os term os são traduzidos
p o r “ escândalo” e “escandalizar” . E m outras traduções e versões
esses mesmos term os aparecem com o “pedra de tropeço” o u “fa
zer tropeçar” , “fazer errar” e fazer pecar” . Nas palavras de Jesus
esses term os têm u m sentido m uito forte de rejeição, pois o resul
tado final de quem induz um a pessoa simples a pecar ou “a fazer
errar” é digno de condenação. A linguagem metafórica é tão forte
que Jesus utilizou a expressão “arrancar o olho” , ou “cortar a m ão
ou o p é ” que servissem de condutores de pecados (M t 5.29,30).
Essas figuras metafóricas de extirpação de órgãos físicos, com o
mãos, pés e olhos, não pod em ser interpretadas literalmente.
O contexto dessa passagem bíblica indica que se trata da
excom unhão de u m m em bro escandalizado, mas Jesus p ronu n
ciou u m “ai” sobre os que provocam tal situação (M t 18.7). Os
“pequeninos” , segundo o contexto do ensino de Jesus, são aquelas
pessoas indefesas, incapazes de reagir negativamente. Jesus decla
rou que os tais são protegidos p o r D eus através dos seus anjos (Mt
18.10). O ra, se u m cristão ofende e escandaliza u m irm ão em
C risto e não repara seu erro, pode sofrer o dano de sua atitude.
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As
P a rá b o la s d e Jesu s
Porém, se o ofendido dem onstrar disposição para perdoar, sem
dúvida estará dentro da matemática divina do perdão, isto é, tom a
a iniciativa e o faz, se preciso, até “setenta vezes sete” .
A INICIATIVA PARA O PER D Ã O
O ra, se teu irm ão pecar contra ti, vai e rep reen d e-o entre ti
e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irm ão. M as, se não te ouvir,
leva ainda contigo u m ou dois, para que, pela boca de duas ou
três testem unhas, toda palavra seja confirm ada. E, se não as
escutar, dize-o ã igreja; e, se tam b ém não escutar a igreja, co n sidera-o com o u m gentio e publicano (M t 18.15-17).
D e quem
d e v e h a v e r a in ic ia tiv a d o p e r d ã o ?
A iniciativa deve partir do ofendido. S egundo a orientação
do p ró p rio M estre, há um a inversão de posições. N o rm a lm e n
te, segundo os padrões tradicionais da experiência hum ana, a
iniciativa sem pre deveria partir do ofensor e nunca do ofendi
do. Jesus inverte os papéis e estabelece u m novo padrão, um a
nova m aneira de agir em relação a culpa e perdão. Ele estabe
lece que a iniciativa deve partir do ofendido, não do ofensor. A
filosofia de Jesus difere to talm ente dos sistemas m undanos. A
busca da reconciliação deve partir do ofendido para que haja
paz entre as partes. O m o d o cristão é buscar sem pre um a o p o r
tu nidade de dem o nstrar u m coração p ro n to para p erdoar e
reconciliar-se. Q u a n d o alguém ofende o seu irm ão dem onstra
im aturidade espiritual, p o r isso o ofendido deverá agir com
atitude reconciliadora e perdoadora.
J e su s c o n fr o n ta se u e n s in o c o m
a le i d a T o rá
Jesus foi categórico e explícito q uand o disse:“ Se teu irm ão
pecar contra ti” . Ele estava falando, na realidade, que o ofendi
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do não deveria esperar que o ofensor viesse até ele para p e d ir
perdão, mas que a iniciativa deveria partir do ofendido. Segun
do estudos mais apurados em alguns m anuscritos, não se en
contra a expressão “ contra ti” , do versículo 15. D ev id o à exis
tência de falhas m ateriais dos m anuscritos originais p o r d e te ri
oração provocada pelo tem p o é possível que não se en co n tre
esta expressão nos originais. E ntretanto , esse fato não m odifica
o sentido do ensino de Jesus sobre o perdão. Ele queria que os
seus discípulos e todos aqueles que ouviam , especialmente aque
la parábola, entendessem que o pecado deveria ser confro nta
do co m os ensinos que a lei ju daica lhes dava. Jesus fez questão
de declarar que não veio a este m un d o para renegar a lei mosaica,
mas para cum p ri-la. Inteligen tem ente, Jesus explo ro u o co
n h e cim en to de um a lei que os seus ouvintes sabiam de cor.
T anto Ele q u anto os escribas e fariseus sabiam que a lei daT orá
ensinava que o p ró x im o deveria ser co rrig id o quand o achado
em pecado, pois ignorar o pecado significava com p actuar com
o m esm o (Lv 19.17). A correção era feita reservadam ente para
preservar a dignidade de ambas as partes — o irm ão acusado
p o d eria não ser culpado e o acusador p o d eria estar enganado.
P o r isso a Torá exigia que duas o u três testem unhas sustentas
sem a acusação se o ofensor se recusasse a atender o cotejo
inicial (D t 19.15; cf. M t 18.16).'
T rês p a sso s p ara o p erd ã o
Três passos deveriam ser dados para que o problem a fosse
resolvido. PjTmeiro. o ofendido deveria ir até o ofensor e p ro
curar resolver entre am bos em particular. Segundo, se o ofensor
não estivesse disposto a solucionar o problem a, então o ofendi
do procuraria testem unhar o fato levando consigo duas ou três
testem unhas para o diálogo entre am bos. E, se p o r todos os
m odos, o ofensor se recusasse a resolver o problem a entre am
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bos, deveria levar o caso perante a igreja, para que esta julgasse
o caso. E, se p o r fim o ofensor não quisesse m esm o resolver o
problem a, o ofendido estaria livre da alma desse ofensor, um a
vez que o m esm o não reagisse favoravelm ente ao perdão. N e s
ta escritura, Jesus indicou, tam bém , a necessidade da disciplina
eclesiástica quando o ofensor não se predispõe a reco n h ecer a
ofensa. As vezes, a ofensa tinha u m grau de gravidade e n o rm e
que p o d eria até m esm o levar ã expulsão (exclusão) da igreja.
O que Jesus deixa claro é que devem os buscar todas as form as
possíveis de solução. P o rém , se o ofen so r persistir em seu ca
m in h o de ran co r e im p en itên cia, só resta-lhe a e x co m u n h ã o
(1 C o 5.1-5; 2 T s 3.6-15; 2 Jo 10).
AS IM PLICAÇÕES D O PER D Ã O
(M t 18.21,22)
D estacam os an te rio rm e n te os aspectos da rejeição de um a
pessoa à autorid ad e de um a igreja, e isto não p o d e ser relacio
nado co m o papel da igreja rom ana que coloca a autorid ad e da
igreja n o patam ar da autorid ad e divina. Isto não se refere a
um a hierarquia religiosa o u eclesiástica, até p o rq u e a Igreja de
C risto ainda seria edificada quando Ele falou sobre o seu papel
n o m undo. H avia naquele tem p o em cada sinagoga ju daica
um a ju n ta de anciãos que tratava dos negócios religiosos da
sinagoga (congregação, igreja), co n fo rm e se constata em Lucas
7 .3 -5 . A igreja local foi a sucessora da sinagoga e, p o r esta se
m odelava, inicialm ente, os serviços in tern o s e os aspectos dis—
ciplinares aos seus participantes. Jesus, inteligentem en te, utili
zou a experiência da sinagoga, de um a form a indireta, para
ilu s tra r c o m seus e n sin o s. A ssim c o m o n a sin ag o g a os
freqüentadores estavam acostum ados a certos princípios disciplinares, tam bém , a futura igreja que estava sendo fundada, cer
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tos princípios seriam preservados, tais co m o o de levar u m
irm ão recalcitrante peran te a com u nidade para falar-lhe e d e
cidir sobre sua rejeição aos conselhos.
A A U TO RID A D E DA IGREJA LOCAL
D iz o tex to , em seguida:
e, se ta m b é m não escutar a
ig reja” (M t 18.17). As in terp retaçõ es q u a n to a esse te x to são
diversas p o rq u e d e p e n d e m da fo rm a de g o v ern o adotada p o r
cada igreja. A form a co n g reg acio n al e n te n d e q u e o recalci
tran te deve ser levado p u b licam en te p e ran te a com u n id ad e.
P o rém , a fo rm a presbiterial e n te n d e que o assunto deve ser
tratado pelo prebistério , p o rq u e este representa a igreja. A
fo rm a teo crática é aquela que e n te n d e a a u to rid ad e pastoral
co m o capaz de rep resentar os interesses da igreja, p o r causa
da sua a u to rid ad e espiritual o u to rg ad a p o r D eus. N ã o cabe
neste estud o d iscu tir as form as de a u to rid a d e eclesiástica.
P o rém , é indiscutível o fato de que n o versículo 18, Jesus
confere ao apostolado peso e a u to rid ad e de p ro ib ir e p e rm i
tir, assim co m o ligar e desligar q u e m estiver sob a sua a u to ri
dade espiritual na igreja. C o m p e tia aos líderes espirituais da
igreja estabelecer term o s de c o m u n h ã o e regras disciplinares
para a igreja local. N ã o se trata de c o n ferir au to rid ad e ex clu
siva a um a pessoa, co m o n o caso de Pedro, mas a a u to rid ad e
era extensiva aos dem ais apóstolos. S u b e n te n d e-se q u e esta
a u to rid ad e é co n ferid a ao lo n g o da h istória da Igreja aos lí
deres de q u alq u er igreja local. A igreja rom ana defende a idéia
de que P edro foi ú n ico q u e receb eu esse tip o de a u to rid ad e
e, daí p o r diante, so m en te o seu sucessor exerceria esta a u to
ridade. E ntretanto, ainda no p rim eiro século da era cristã, Pedro
foi censurad o p o r te r exercido a u to rid ad e in d e p e n d e n te dos
dem ais apóstolos (G1 2 .1 1 -1 5 ).
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As
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O tr a t a m e n t o d a ig r e ja c o m
o s r e c a lc itr a n te s
A declaração “ considera-o com o u m gentio e publicano” (v.
17) deve ser avaliada, não com o um a form a de discriminação, mas
segundo o fato de que gentios e publicanos eram classes de pesso
as sem qualquer compromisso com o D eus de Israel. O s gentios
eram todos os estrangeiros que não faziam parte das promessas de
Israel, mas queriam ser tratados com o irmãos de fé, mas Israel
rejeitava tal possibilidade. Q uando Jesus citou, por um a perspecti
va negativa, gentios e publicanos, não tinha em m ente qualquer
tipo de discriminação racial ou social. O contexto deve ser anali
sado para se ter em m ente o que Jesus quis dizer aos seus discípu
los. Percebe-se, então, que Jesus referia-se a essas duas classes de
pessoas com o estranhas à vida religiosa, em especial a dos judeus.
Aliás,Jesus sempre foi amável com aqueles que os judeus conside
ravam “pecadores” , tais quais os gentios e publicanos. Por serem
estrangeiros que não estavam com prom etidos com os ditames e
regras judaicas, os gentios eram reputados p o r pecadores. Os
publicanos, p o r sua vez, podiam ser gentios, mas a m aioria deles
era constituída p o r judeus que não tinham qualquer com prom is
so com os interesses judaicos, tanto em term os políticos com o
religiosos. Por isso, os publicanos que eram judeus eram conside
rados traidores pelos demais judeus, um a vez que eram cobradores
de impostos da parte do Im pério R o m a n o no governo da Pales
tina. Portanto, um a pessoa que endurece o coração para o perdão
e que se rebela contra qualquer possibilidade de reconciliação é
considerada um a pessoa recalcitrante, para a qual resta-lhe toda a
responsabilidade e penalidade.
P r e v e n ir a n te s d e ju lg a r
O profeta E zequiel, no capítulo 3, versículos 18 e 19, falou
ao povo de Israel e deu um a conotação de responsabilidade
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e u s
pessoal: “ Q u a n d o eu disser ao ím pio: C erta m e n te m orrerás;
não o avisando tu, não falando para avisar o ím pio acerca do
seu cam inh o ím pio, para salvar a sua vida, aquele ím pio m o rre
rá na sua maldade, mas o seu sangue da tua m ão o requererei.
Mas, se avisares o ím pio, e ele não se converter da sua im piedade
e do seu cam inho ím pio, ele m orrerá na sua maldade, mas tu
livraste a tua alm a” . A ntes de qualquer ju ízo precipitado, todo
líder cristão deve esforçar-se ao m áxim o para salvar aquela vida
de um a condenação da qual não poderá voltar atrás posterior
m ente. A igreja não é um a casa de execução sumária; porém ,
deve preservar seus valores disciplinares procurando salvar vidas,
até porque o ju ízo final sobre qualquer pessoa não nos pertence.
Assim com o há deveres para o m em bro co m u m da igreja, tam
b é m há deveres para os que lideram a igreja do D eus vivo.
N os versículos 18 a 20, Jesus estabelece o p rin cíp io de au
to ridad e espiritual da liderança da igreja referente à questão
disciplinar que envolve o ofensor e o ofendido. N o versículo
18 Jesus d eixo u explícito que o líder espiritual da igreja — no
caso, o pastor — te m autorid ad e para “ligar e desligar” no céu
e na terra a pessoa em dívida espiritual para co m D eus e co m
a igreja. N atu ralm en te, o abuso dessa au to rid ad e, o u o seu
em prego de form a equivocada, p o d e gerar conseqüências n e
gativas.Tem havido ao lo ngo da história da Igreja m uitas injus
tiças contra pessoas que co m eteram falhas m orais e espirituais
O C O N C E IT O DE JESUS
SO BRE O PER D Ã O
N o m u n d o m o d e rn o existem m ilhares e m ilhares de obras
de ajuda pessoal que desenvolvem conceitos sobre os assuntos
mais diversos de ordem m oral e psicológica. Jesus fez m uito
mais que em itir m eros conceitos morais; Ele os evidenciou
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e su s
ensinando e praticando no dia-a-dia de sua vida terrena. P o
rém , na Parábola do C re d o r Incompassivo, o u seja, do perdão
irrestrito, c om o prefiro referi-la neste estudo, Jesus utiliza toda
a sua argúcia para ilustrar com o se deve, de fato, p erd o ar a
q u em nos ofende.
U m a p e r g u n ta q u e p r o v o c o u u m a r e s p o sta c o n c e itu a i
N o versículo 21 tem os um a p erg u n ta feita co m u m a m e n
talidade legalista que pro v o co u u m a resposta co n ceitu ai ca
paz de ro m p er com estigmas m oralistas sem n e n h u m a coisa
nova que pudesse resolver o p ro b lem a de culpa e perdão. D iz
o texto: “E ntão, Pedro, ap ro x im an d o -se dele, disse: Senhor,
até quantas vezes pecará m eu irm ão co n tra m im , e eu lhe
perdoarei? A té sete?” (M t 18.21) Foi o in trép id o P edro q u em
fez a p erg u n ta que levou Jesus a dar um a resposta que m u d a
ria o c o n ceito de perdão. Jesus havia falado de ofensa e p e r
dão e isto pro v o co u curiosidade entre os discípulos. A p e r
g unta de P edro procurav a d e te rm in a r a quantidade de vezes
que se deveria p e rd o a r u m ofensor. A idéia que Pedro tinha
sobre a atitude de perd ão referia-se a um a prática entre os
ju d e u s de que a q u an tid ad e legal para se p e rd o a r alguém seria
de três e sete vezes. E ra tradicion al o ensino dos rabinos “ de
q u e se pod ia p e rd o a r o ofensor até três e não ir até quatro
vezes” (Am 1.3;Jó 33.29,30 ).
A
m a te m á tic a d o p e r d ã o
Essa m atem ática apresentada p o r Jesus, co m o resposta à
p e rg u n ta de Pedro, viria a rev olucio nar os sistemas de valores
m orais e espirituais existentes: “ N ã o te digo que até sete, mas
até setenta vezes sete” (M t 18.22). A tradição estabelecia três
ou sete vezes a q u an tid ad e para o perdão. Jesus q u e b ro u a
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e u s
m atem ática legalista dos ju d eu s e, num a linguagem hiperbólica,
falou em setenta vezes sete, para in d icar u m n ú m e ro ilim ita
do para a capacidade de p e rd o a r o ofensor. P o r exem plo, a
B íblia fala do an ted ilu v ian o L am eque, o qual teve sua c o n d e
nação am pliada, não apenas sete vezes co m o C aim , mas se
te n ta vezes sete (G n 4.23,24). Jesus, co m seu m é to d o rev olu
cionário, transform a o co n c eito negativo em positivo, de se
te n ta vezes sete de condenação, para setenta vezes sete o ato
de perdoar.
PER D Ã O E JU STIÇ A ( M t 18.23-35)
D epois da resposta que Pedro recebeu, Jesus aproveitou o
ensejo da curiosidade dos discípulos para lhes ensinar u m novo
conceito de perdão através de um a sábia parábola.
O a ju ste d e c o n ta s
O versículo 23 declara que u m certo rei resolveu acertar as
contas co m os seus servos. U m deles devia “ dez m il talentos”
(v. 24) e, naturalm ente, o rei ch am o u -o para o ajuste de contas.
A lição inicial que o M estre queria dar aos seus discípulos era
de que haveria u m dia, em que, todos prestaríam os contas ao
Senhor. A Bíblia declara que esse ajuste de contas será inevitá
vel. Nossas dívidas espirituais para co m D eus são imensas, pois
cada pecado que com etem os constitui-se um a dívida que c o n
traím os co m D eus. N ão se trata de um a dívida co m u m , mas
um a dívida co m o R e i, o nosso Senhor. E m 2 C o rín tio s 5.19,
Paulo usa a expressão “ ...n ão lhes im p u tan d o os seus pecados” ,
que significa “ não lhes to m an d o em conta os seus pecados” .
Temos hoje u m fiscal co b rad o r dessa conta que é a nossa cons
ciência (coração), mas tem os alguém que pag o u a nossa conta
com o seu p ró p rio sangue, Jesus C risto (1 Jo 3.20; 1.7).
95
As
P a rá b o la s d e Jesu s
A im e n s a d ív id a c o n t r a íd a ( w . 2 3 ,2 4 )
A quele servo do rei devia “ dez m il talentos” , indicando
que sua dívida era m u ito m aior do que ele p o d eria pagar. O
perdão do rei foi total para aquela dívida, e aquele servo não
ficou devendo absolutam ente nada. Todos nós precisam os re
co n h ecer que som os devedores de D eus e Ele nos p erd o o u ,
p o r causa do seu grande am or. Q u e m ama a D eus am a ao seu
próxim o. Assim com o D eus nos p e rd o o u to da a dívida que
tínham os para co m Ele, tam bém devem os perdoar os nossos
devedores (M t 6.15).
A d ív id a e r a i m p a g á v e l (M t 1 8 .2 5 )
D iz o texto que o servo,“não ten d o com que pagar” , ape
lo u à com paixão do seu senhor. D o p o n to de vista bíblico,
to d o pecado é u m a dívida insolvente, isto é, somos incapazes
de pagá-la. Se D eus cobrasse segundo a perfeita ju stiça seria
m os condenados co m o devedores insolventes. A ju stiça req uer
satisfação. Q u a n d o se m ede a justiça co m o m érito do pecado,
não resta n e n h u m esforço p ró p rio para satisfazer a justiça divi
na. S egundo o p rin cíp io b íb lic o ,"... o salário do pecado é a
m o rte ” (R m 6.23). Isto significa que o pagam ento que recebe
m os p o r nossos pecados é a m orte. Sem o perdão divino, a
m o rte eterna será inevitável, mas C risto veio a este m u n d o e
pagou a nossa dívida (1 Pe 2.24).
A j u s t iç a c o m p la c e n t e (M t 1 8 .2 6 ,2 7 )
A quele servo não tinha com o pagar sua dívida. E ntão, de
sesperado, apelou ao coração b on doso do rei para dar-lhe te m
p o para pagá-la. O rei ficou com padecido daquele h o m e m e
p e rd o o u -lh e to da a dívida. A despeito daquele servo não m e
recer perdão, pois o seu coração era irresponsável e insensato,
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O
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r a c io s o
P
e r d ã o
d e
D
e u s
d u ro para co m os outros, o rei ainda assim com padeceu-se
dele. A atitude daquele rei dem onstra o que D eus fez p o r nós.
Som os im erecedores da com paixão divina, mas sua justiça tem
em sua essência a m isericórdia, p o r isso Ele foi capaz de p e rd o
ar todos os nossos pecados. O pagam ento exigido pela justiça
teria de ser pago e Jesus assum iu a nossa dívida. Ele nos p e r
doou! (1 Jo 1.7-9).
A IN C LEM ÊN CIA D O SERVO
PE R D O A D O (M t 18.28-35)
A c r u e ld a d e e s e v e r id a d e d e u m
ser v o in c le m e n te
O s versículos 28 a 30 diz que aquele servo, ao sair da casa
do seu sen h o r anistiado q u anto à sua divida, não teve a m esm a
atitude co m u m conservo seu que lhe devia um a im portância
b e m m enor. Toda aquela dem onstração de benevolência do
seu senhor não lhe serviu de exem plo na h o ra de tratar co m
alguém que lhe devia. Esse servo agiu com extrem a crueldade
e aspereza. Seu rig o r revelou seu coração egoísta dom in ado
p o r um a desm edida avareza. T ão logo, aquele servo perdoado
saiu da presença de seu senhor, foi atrás de u m conservo que
lhe devia e passou a cobrar-lhe sem m isericórdia. Sua atitude
foi de um a crueza m aldosa para com o h o m e m que lhe devia
e contrastava co m a b on d ad e e a com paixão do seu senhor. Ele
queria m isericórdia, mas não era capaz de usar de m isericórdia
para co m o próxim o. A diferença de ambas as dívidas era e n o r
m e, pois, e n q u an to o servo devia dez “m il talento s” , o seu c o n
servo lhe devia tão -so m en te “ cem dinheiros” .E le esqueceu-se
com p letam en te da b on dade de seu senhor e não m ed iu conse
qüências ao cobrar do seu conservo sem n e n h u m resquício de
m isericórdia. O texto declara que esse servo usou de violência,
p eg an d o -o co m ambas m ãos pelo pescoço e apertava-o e su
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As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
focava-o sem pena. D iz literalm ente o texto que aquele servo,
“ ...lan çan d o m ão dele,sufocava-o” (v. 28).
N o m u n d o da im piedade não há m isericórdia. Esse espíri
to m u n d an o te m de ser repelido do m eio cristão, mas às vezes
constatam os atitudes sem elhantes de irm ãos contra irm ãos no
seio da igreja. O senho r daquele servo, ao saber de sua cruelda
de com o outro, ficou indignado e m an d o u cham á-lo para que
fosse conscientizado de que, não sabendo ser ju sto co m o seu
conservo, não lhe restava outra atitude, senão cu m p rir o rigor
da lei (M t 18.32,33), c o n d e n a n d o -o a pagar p o r sua crueldade.
O s e n h o r d a q u e le s e r v o r e v o g o u o p e r d ã o d a d ív i
d a ( M t 1 8 .3 4 )
O que significa “revogar” ? Significa to rn a r sem efeito um a
p rim eira decisão tom ada. A quele senho r to rn o u nulo, isto é,
invalidou o perdão concedido àquele servo in grato e incle
m ente. Isto nos ensina que as dívidas que contraím os co m D eus
p o r nossos pecados são tratadas na sua totalidade. O u terem os
o perdão co m p leto ou se paga a p ena na sua totalidade. Q u a n
do aceitam os a C risto, toda a dívida é perdoada m edian te o
pagam ento satisfeito pela obra expiatória que C risto ofereceu
ao Pai no Calvário.Veja o que o au to r da Epístola aos H ebreus
escreveu sobre essa questão: “M as este, havendo oferecido u m
ú n ico sacrifício pelos pecados, está assentado para sem pre à
destra de D eus, daqui em diante esperando até que os seus
inim igos sejam postos p o r escabelo de seus pés. Porque, com
u m a só oblação, aperfeiçoou para sem pre os que são santifica
dos” (H b 10.12-14). O ra, o que significa “ oblação” ? Esta pala
vra, no sentido mais simples, significa “ oferta” que se faz a D eus.
E ntend e-se, p o rtan to , que Jesus ofereceu a oferta perfeita, total
e única da sua p ró p ria vida na cruz do C alvário e isto resultou
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e r d ã o
d e
D
e u s
no “perdão c o m p le to ” de C risto. P or isso, as atitudes daqueles
que foram perdoados são pautadas pela obra do E spírito Santo
no sentido de santificação, isto é, separação total do pecado.
E ntretanto , o que nos cham a a atenção nesta parábola é o
fato daquele senhor, ao descobrir o ato de injustiça praticado
contra o seu conservo que lhe devia, revogou o perdão co n ce
dido àquele servo. Esta atitude do rei desfaz aquela idéia de
que “um a vez salvo, salvo para sem pre” , pois a salvação req u er
de todos nós a preservação daquilo que recebem os. A quele
servo não soube preservar a bênção do perdão p orqu e não
soube perd o ar ao seu conservo. A obra salvífica im plica sua
ação em três tem pos distintos. N o tem p o passado, em relação
ao perdão salvador que recebem os. E a salvação da pena do
pecado. N o tem p o presente, im plica a preservação do perdão
recebido e o m o d o co m o o vivenciam os em relação ao nosso
próxim o. E a salvação da presença do pecado, ou seja, da reali
dade do pecado que nos rodeia tão de perto. E, p o r fim, no
tem po futuro refere-se à salvação do co rp o do pecado. O ra,
para serm os salvos no futuro precisam os corresponder aos p rin
cípios de justiça, pelos quais fom os salvos. Porém , é n o versículo
35 que tem os a resposta.
J e s u s f a z a a p lic a ç ã o d a p a r á b o la
O tex to diz, literalm ente: “Assim vos fará tam b ém m eu Pai
celestial, se do coração não perdoardes, cada u m a seu irm ão, as
suas ofensas” (M t 18.35). A o p erd o ar alguém que nos ofende
devem os fazê-lo de coração, pois o perdão é u m dos elem entos
vitais para a sobrevivência, indispensável para term o s um a vida
saudável, física, m oral e esp iritu alm en te. A p ren d em o s nesta
parábola que o “ ...juízo final será sem m isericórdia sobre aquele
que não fez m isericórdia; e a m isericórdia triunfa sobre o ju íz o ”
(Tg 2.13). A lição que aprendem os nesta parábola corresponde
99
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
ao co n tex to d o u trin á rio de toda a Bíblia sobre perdão,justiça e
ju ízo. Existe u m co n ceito universalista que declara que D eus é
am or e ao final de todas as coisas, Ele perdoará a todos sem
distinção. P orém tal conceito não te m respaldo bíblico. A B í
blia nos m ostra q u e a justiça jam ais deixa de ser cum prida. A
p ena do pecado é sem pre inevitável. Se eu não posso perdoar
aquele que peca contra m im , co m o po d erei esperar o perdão
de Deus? C o n tu d o , se sou perdoado e aprendo a perdoar aquele
que m e ofende, satisfaço a justiça de D eus.
C O N C LU SÃ O
Q u e é,pois, o perdão? O perdão im plica na capacidade de
anular a dívida contraída de nosso irm ão contra nós m esm os e
que jam ais será lem brada. E o que D eus fez p o r nós (H b 8.12).
C o n fo rm e n o ta explicativa do C o m e n tá rio P entecostal. C P A D : R io de Janeiro, 20 03, p. 107.
100
C a p ít u l o 8
C r is t o ,
A R o c h a In a b a l á v e l
M a t e u s 7 .2 1 - 2 8
S e o S e n h o r n ã o ed ifica r a casa, e m vã o tra b a lh a m os q u e e d ific a m .
S a lm o s 1 2 7 . 1
As mais notáveis m ensagens de Jesus e m sua vida te rre n a
fo ram apresentadas através de parábolas. Ele era capaz de fu
gir dos m éto d o s de lin g u ag em que explorassem apenas a re
tó ric a sem clareza nos p en sam en to s e nas idéias. Ele sabia
usar as figuras de lin g u ag em que despertassem a atenção dos
seus o u v in tes e os levassem a refletir sobre os co n ceito s apre
sentados. As parábolas eram ricas e persuasivas. Ele não foi
u m m ero pro sead o r o u c o n ta d o r de histórias, mas apresenta
va suas verdades profundas através de um a lin g u ag em acessí
vel ta n to para o sim ples c o m o para o in telectu al e os c o n d u
zia para d e n tro das parábolas. Suas narrativas tin h a m consis
tên cia e, a despeito da sim plicidade, eram singulares e in c o m
paráveis. Ele era capaz de d izer u m a g rande verdade apenas
c o m u m d ito parabólico, u m sím ile que ilustrasse a verdade
que desejava expor. Sua criatividad e neste m é to d o de lin g u a
g em o to rn o u o M estre dos m estres. Ele pod ia ilustrar através
As P
a r á b o l a s
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e s u s
de um a parábola os mais diversos assuntos c o m p aran d o -o s
co m coisas da vida cotidiana das pessoas. Ele foi capaz de
tran sp o r a h istória q uand o expôs verdades que só te ria m sen
tid o n o futuro.
A Parábola das D uas Casas é a parte final do Serm ão da
M o n tan h a, precedida pelo ensino de u m p rin cíp io vital que
im plica n um a distinção entre obediência e desobediência. N os
versículos 21 ao 23, antecedendo o sentido prático do seu e n
sino, a parábola faz um a clara adm oestação relatando que não
basta fazerm os coisas típicas de um a espiritualidade exterior.
P o r mais notável que pareça um a religiosidade e x terio r de
m onstrada em regras e conceitos de m oralidade, nada disso nos
levará ao céu, a não ser que te n h a m o s u m a c o n d u ta que
corresponda àquilo que fazemos ex terio rm en te. A ntes de tudo,
D eus espera de nós atitudes in teriores de f L e obediência que
possam ser ex teriorizadas. Jesus estava p reo cu p ado co m um a
falsa p rofissão, de fé que se exteriorizava apenas de lábios. E m
segund o lu gar, destacou tam b ém que n ão basta o uv ir a verda
d e sem, p raticá-la. O m o d o com o procuram os ouv ir os ensinos
de Jesus será identificado no m o d o com o praticam os aquilo
que ouvim os.
A través desta paráb o la ap ren d ere m o s a im p o rtâ n c ia do
co m p ro m isso q u e devem os te r c o m o cristian ism o v e rd a
d eiro e a m e lh o r fo rm a que Jesus u so u para a p ren d erm o s
esta verdad e ilustrada. E le ilustra duas c o n stru çõ e s feitas p o r
d iferen tes h o m en s: um a “ so b re j i ro c h a ” e a o u tra “ so b re a
a re ia ” . A licão p rim o rd ia l é m o stra r c o m o devem os c o n str u ir nossa vida espiritu al; e n tre ta n to , nos_ in d ica ojdp.o de
m ateria l de c o n stru ç ã o e o solo sobre o qual c o n stru ir. O
p rin c íp io de “ o u v ir e p ra tic a r” , “ o b e d e c e r e d e so b e d e c e r”
será re c o n h e c id o pela nossa c o n d u ta , em relação a D eus e
ao m u n d o n o qual vivem os.
102
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,
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In
a b a l á v e l
ADVERTENCIAS Q U E PR E C E D E M A
PARÁBOLA
Esta parábola co n té m verdades contrastantes co m o ensino
dos escribas e fariseus:“E acon teceu que, co ncluindo Jesus este
discurso, a m ultidão se adm irou da sua d o u trin a, p o rq u an to os
ensinava com autoridade e não com o os escribas” (M t 7.28,29).
Se a autorid ad e dos escribas e fariseus baseava-se m u ito mais
na força da letra dos oráculos de D eus, a autorid ad e de Jesus
baseava-se na força do espírito desses oráculos. P ortanto, o e n
sino de Jesus desmascarava a hipocrisia dos seus inim igos.
N aturalm ente, para en ten d erm o s a finalidade da Parábola
das D uas Casas, precisam os voltar ao co n tex to do ensino que
Jesus queria transm itir aos seus discípulos. A linguagem figura
da da parábola ilustra a im portância da firm eza e, ao m esm o
tem po, da vulnerabilidade das pessoas em relação às coisas es
pirituais. Para culm inar seu discurso, o M estre constru iu u m
cam inho pelo qual chegaria à parábola utilizando-se da m es
ma. U m p o u co antes, e x o rto u seus ouvintes acerca de alguns
cuidados que deveriam ter. Estas advertências foram aclaradas
co m o enredo da parábola.
O teólogo J. C. R y le, em seus com entários bíblicos do
E vangelho de M ateu s, dejtaca três g ru p os de religiosos que
p o d em ser notados: os “falsos p rofetas” (M t 7.15-20); os ‘‘falsos
p rofessos” (vv. 21-23) e os “falsos o u v in tes” (vv. 24-27).
A
p r im e ir a a d v e r tê n c ia : D is t in g u ir o fa ls o e o v e r
d a d e ir o
Jesus adverte contra os “falsos profetas” que surgiam no
seio da igreja. N os versículos 13 e 14, deste m esm o capítulo,
Jesus apresenta as figuras de “ d uas p o rtas” e de “ dois cam i-
103
As P
a r á b o l a s
d e
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n h o s” . A m bas as figuras estão im plícitas q u anto ao ensino qual
Ele queria transm itir aos seus ouvintes naquele discurso. Ele
fala do cam inho largo e o, estreito, b e m c o m o fala da porta
estreita e a larga. Aos_que trilh am para entrarem -pela p o rta
estreita^precisam estar alertas às am eaças que surgem n o cam i
nho, pois as mesm as, co m o in tu ito de desviar e interceptar
nosso objetivo, im p ed em -n o s de conquistarm os o R e in o dos
céus. Esses interceptores são indicados com o “falsos profetas” .
Q M estre n os convida a en trarm os pela p o rta estreita, mas
essas.am eaças to rn am -se em pecilhos c -obstáculos para n ossa
caminhada.. Q u e m são esses.obstáculos? Q s “falsos profetas” .
Q u e m são esses falsos profetas? O que eles representam e com o
p o d em ser reconhecidos? E m p rim eiro lugar, precisam os id en
tificar u m profeta verdadeiro com o aquele que recebe de D eus
um a m ensagem para ser entregue aos hom ens.
A responsabilidade de u m profeta era en o rm e; ele deveria
dizer apenas aquilo que recebeu, sem acrescentar ou dim inuir.
E ntretanto, o falso profeta declarava-se p o rta-voz da palavra de
Deus. mas_falsificava_a m ensagem original, dando outra com ple
tam ente diferente. N aturalm ente, a missão do profeta era a de
conduzir os hom ens no cam in h o de D eus: entretanto, eles assim
o faziam diferentem ente, condu zin do- os p o r cam inhos fora da
vontade d e D e u s. E ram falsos guias, falsos c o n d u to res. Desde o_.
A ntigo Testam ento, os verdadeiros profetas advertiam o p o m .d e .
Israel acerca dos falsos profetas, tam bém identificados de pasto
res in úteis. A profecia de.Zacarias 11.16,17 declara:
Porque eis que levantarei um pastor na terra, que não
visitará as que estão perecendo, não buscará a desgarrada, e
não sarará a doente, nem apascentará a sã; mas com erá a
carne da gorda e lhe despedaçará as unhas. Ai do pastor in ú
til, que abandona o rebanho; a espada cairá sobre o seu bra-
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ço e sobre o seu olho direito; o seu braço com pletam ente se
secará, e o seu olho direito com pletam ente se escurecerá.
N a verdade, D eus prediz a suscitação de u m falso profeta,
ou seja, u m falso pastor que o d en o m in a de “in ú til” aos in te
resses do reb anh o de D eus. Fala do abuso das ovelhas e da falta
de cuidado e proteção pastoral. Seria alguém que cuidaria ape
nas dos seus pró p rio s interesses e, para satisfazer sua luxúria,
desviaria as ovelhas p o r cam inhos escabrosos e fora dos cam i
nhos de D eus. D e u m certo m o d o , Jesus referià-se a esse tipo
de “falso profeta” , os quais viviam n o m eio do povo de Israel
naqueles dias, mas que agiam “vestidos de ovelhas” , sendo, de
fato, lobos.
O quadro religioso vivido p o r aquela geração dos seus dis
cípulos era exatam ente o que dem onstrava a casta religiosa re
presentada pelos “ escribas e fariseus” . C onsideravam -se “ guias
espirituais” que professavam co n d u zir o povo no cam inho da
verdade, mas eram , de fato, falsos profetas, que os levavam a
satisfazer seus p ró p rio s interesses. Q u a n d o os lobos “vestidos
de ovelhas” en tram n o m eio do rebanho, as ovelhas não p erce
b e m co m facilidade a m entira e o engano, porque só v êem o
exterior. N ã o faltam hoje no seio da igreja os “falsos profetas” ,
que não passam de falsos guias espirituais, isto é, falsos pastores
do reb anh o do Senhor. Jesus alertou para este fato e in d ico u
que a farsa p o d e ser identificada e reconhecida pelo exam e dos
fru to s desses e le m e n to s: “ P o rta n to , p elo s seus fru to s os
conhecereis” (M t 7.20).
C rem os no m inistério profético no seio da igreja com o
havia nos seus p rim órdio s. E ntretanto , a atividade profética não
ficou detida o u restrita àqueles dias p o rq u e a sua m anifestação
aconteceria, de m o d o distinto da m anifestação profética no
Antigo Testam ento. A profecia seria um a manifestação através
105
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do d o m da profecia dado para instrução, edificação e ex o rta
ção (1 C o 12.10; 14.3). A Bíblia recom en da que as m ensagens
proféticas sejam julgadas segundo a Palavra de D eus. Isto in d i
ca que a igreja precisa desenvolver a capacidade de discerni
m en to espiritual de toda e qualquer m anifestação, para que se
evite distorções e heresias.
Falsos profetas tê m surgido no seio da igreja produ zindo
grandes danos à igreja de C risto com o u m todo. Lam entavel
m ente, a Palavra de D eus te m sido relegada a u m segundo
plano na direção espiritual da igreja, e tem se dado exagerada
ênfase a m anifestações espirituais relativas aos dons, sem o d e
vido respaldo bíblico que serve de orientação para a vida da
igreja. A m elh o r ou a m aior profecia espiritual não é a profe
rida m eram en te p o r algum profeta, mas aquela m ensagem res
paldada nos princípios que n o rteiam a m inistração desse dom .
A parência de santidade e persuasão pessoal p o r atitude piedosa
não se constitui prova de autenticidade.T oda m ensagem p reci
sa ser provada e julgada pelos critérios da Palavra de D eus.
N aqueles dias, Jesus perceb eu que os chefes religiosos, à
sem elhança dos seus antecessores (Jr 28), arrastavam o povo à
ruína espiritual.Jesus previa o p erigo futuro contra a sua igreja,
quand o falsos profetas entrariam no m eio do povo de D eus
“vestidos de ovelhas” , com aparência de santidade e piedade,
mas seriam , na verdade, “lobos devoradores” que arrebatariam
as ovelhas do aprisco do Senhor. O fru to seria a prova m aior
que revelaria esses falsos profetas (M t 7.16). U m a vez que não
é fácil distinguir o falso do verdadeiro, resta tão -so m en te p e r
ceber essa.distinção “p o r seus fru to s” .
A s e g u n d a a d v e r tê n c ia : D i z e r s e m fa z e r (M t 7 . 2 1 - 2 3 )
C o n fo rm e citam os a n terio rm en te, J. C. R y le in d ico u u m
segu n d o g ru p o de religiosos, que são “ os falsos professos” . Q u e m
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são eles? C o m o agem e co m o p od em os identificá-los? São
aquelas pessoas que declaram “ crer” no Evangelho, mas sua
profissão de crença é falsa, p o rq u e dizem o que não praticam .
J o h n S to tt, teólogo inglês, c o m e n to u esse texto de M ateus e
o in te rp re to u co m o “ o ato de fazer-se um a profissão de fé
sim plesm ente verbal” . Q u a n d o alguém apenas diz crer em J e
sus, mas não lhe obedece está, na verdade, negando aquilo que
diz crer. Confessa co m a boca, mas neg a-o co m as obras. N o
versículo 21 está escrito: “ N e m to d o o q u e m e_d iz” , isto é,
n e m to d o aquele que fala m u ito significa estar falando a verda
de do seu coração. Logo n o versículo 22, Jesus d iz: “M u ito s,
naquele dia, hão de dizer” . N o te a distinção entre as duas frases. A p rim eira diz: “ n em to d o ” ejna frase seguinte, diz: “ m u i
tos hão de d izer” , in d ican do que são duas situações distintas. A
p rim eira refere-se ao simples ato d e falar sem qualq uer co m prom isso co m D eus. A segunda ap o n ta para o_“ ú ltim o dia” ,
qu a n d o, n em todos, mas m uitos hão de te n tar se j u stificar di
ante de D e u s, mas será tarde.
N a verdade, o que Jesus ensina é que devem os, sim, confes
sar a nossa fé de m o d o verbal, mas esse ato deve ser acom pa
nhado da obediência ao que Jesus ensinou. D esenvolveu-se no
seio da igreja .nos, ú ltim o s^ di^s um a h e resia sobre “ o p o d e r da
palavra” . Essa teologia ensina que somos amaldiçoados ou aben
çoados p o r aquilo que dizem os. Sem dúvida, esse p o d e r das
palavras é m u ito relativo, p o rq u e se D eus, em sua infinita sabe
doria, nos julgasse e condenasse pelas palavras que proferim os,
n e n h u m de nós estaria vivo. Jesus sabia da vulnerabilidade
em ocional nas coisas que fazem os o u falamos, p o r isso o m ín i
m o que Ele espera daqueles que professam crer nEle é que
sejam capazes de praticar aquilo que dizem o u professam. N a
turalm ente, todos nós precisam os controlar nosso “ h o m e m in
te rio r” para que nossa língua tam b ém seja controlada. E in te
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
ressante n o ta r que Jesus, naquele discurso, não se d irig iu a pes
soas irreligiosas, mas a pessoas que diziam crer nEle. E ram pes
soas exigentes q uanto aos requisitos das leis mosaicas, mas que
não eram sinceras quanto à sua prática. C ham avam a D eus de
Senhor, mas não faziam, de fato, a vontade do Senhor. A esses,
o S en h o r lhes diz: “ apartai-vos de m im , vós que praticais a
in iq ü id ad e” . N ã o basta d izer:“ Senhor, S en h o r” . E preciso que
nossa confissão seja autêntica, verdadeira e acom panhada de
real obediência ao S en h o r (R m 10.9,10). O “fazer” é req u eri
do além do ato de “ dizer” (M t 6.10; 28.20).
A te r c e ir a a d v e r tê n c ia : O u v ir s e m
p r a tic a r o q u e
o u v iu (M t 7 .2 4 -2 6 )
Q terceiro tipo de religiosos apontado p o r R y le se c o m
põ e dos “falsos o u vintes” , com o está declarado n o versículo
2 6 :“E aquele que ouve estas m inhas palavras e as não pratica...”
Existem , na verdade, dois tipos de o uvintes: o q u e_ouve e p ra
tica o que o uv iu e aquele que ouve e.não pratica o que ouviu.
O s seguidores de Jesus não só são desafiados e estim ulados a
“ ou v irem as suas palavras de vida e te rn a ” , mas tam b ém a colo
carem em prática as palavras ouvidas. A quele que “ ouve e pra
tica” é com parado “ ao h o m e m p ru d e n te ” . Porém , aquele que
apenas “ ouve as palavras de C risto ” e não as pratica é com para
do ao “h o m e m insensato” .
Tiago, irm ão do Senhor, escreveu em sua epístola que “A
religião pura e im aculada para co m D eus, o Pai, é esta: visitar
os órfãos e as viúvas nas suas trib u laçõ es e guardar-se da
co rru p ção do m u n d o ” (Tg 1.27). O que sabe o u v ir é tratado
co m o “sábio” p o rq u e desenvolve a capacidade de crer que é,
antes de tudo, u m ato volitivo, um a atitude de nossa vontade.
D ispor-se a o u v ir é um a form a de crer. C re r é querer, p o rq u e
108
C
r is t o
,
a
R
o c h a
In
a b a l á v e l
o fato de crer nas palavras de C risto ultrapassa a barreira do
“ ego h u m a n o ” para conquistar “o saber” nas palavras de C ris
to. A “prática” daquilo que se “ ouve de C risto ” significa a su
peração das dificuldades do “ cam inho estreito e da p o rta es
treita” (M t 7.13,14).
A PARÁBOLA EXPLICADA
Todo o c o n tex to dessa parábola era u m a preparação da
parábola que Jesus p ro p o ria aos seus ouvintes. A parábola das
duas casas construídas, um a sobre a rocha e a outra sobre a
areia, seria apenas u m co n to interessante, sem n e n h u m signifi
cado para aqueles ouvintes, se não houvesse um a razão especial
da parte de Jesus. N a realidade, a parábola tm ha u m caráter
ilustrativo das verdades apresentadas p o r Jesus.
N os versículos 24 a 27, Jesus dá u m d irecionam ento à sua
m ensagem . Ele havia ensinado aspectos relacionados com “ o
dizer e o fazer” e, tam bém , c o m “ o o u v ir e p raticar” .D ep o is de
estabelecer que aqueles que aceitassem as suas doutrinas e as
praticassem certam en te ganhariam o céu, e para os que não as
aceitassem, teriam u m destino final trágico.
Para to rn a r mais claro o seu ensino Jesus apresenta a Pará
bola das D uas Casas: um a construída sobre a rocha e a outra,
sobre a areia. D ois personagens se destacam nesta parábola: o
h o m e m p ru d e n te e o h o m e m insensato. A casa construída p o r
cada u m desses personagens é m etaforicam en te com parada à
construção do caráter desses dois hom ens. N o ta-se que o M es
tre descreve o que acontece quand o se desencadeia sobre esses
dois ho m en s tem pestades de chuvas e vendavais. U m deles su
p orta b e m as vicissitudes sobre sua vida p o rq u e co n stru iu seu
caráter em lugar firm e, mas o o u tro não suporta o revés e se
desm orona com pletam ente.
109
As P
a r á b o l a s
O hom em
d e
J
e s u s
p r u d e n te
C o m o identificar “o hom em p rudente” ? (v. 24). N ão se trata
simplesmente de um a qualidade da alma ou do espírito. P ru d ên
cia é um a qualidade vital de sobrevivência. A parábola sugere que
aquele hom em prudente tinha u m com portam ento equilibrado.
Era alguém que sabia o que queria e o que estava fazendo. Era
alguém que fazia as coisas de sua vida com equilíbrio racional.
N ão agia induzido p o r meras emoções, porque preferia as coisas
consistentes. U m a pessoa prudente desenvolve a capacidade da
moderação, da cautela e da sensatez, p o r isso ele é considerado
sábio, porque constrói sua vida sobre fundam ento firme. P rudên
cia é um a qualidade moral que deve ser cultivada, especialmente
pelas pessoas de tem peram ento colérico ou sangüíneo. A precipi
tação é típica das pessoas que não param nunca para pensar no que
devem fazer, p o r isso acabam tendo frustrações. A moderação, a
ponderação, a precaução e a sensatez são term os sinônimos que
devem n ortear a nossa vida na construção dos nossos valores m o
rais e espirituais. O texto nos diz que o h om em prudente, em bora
tenha sido com batido no seu caráter, manteve-se firme. Ele não
desanim ou porque m esm o tendo sido surrado pelas tempestades,
não perdeu a confiança na rocha onde construiu sua casa. O ato
de “edificar sobre a rocha”, com o sugere o texto significa aquele
que “ escuta as palavras de Jesus e as pratica” (v. 24). A vida cotidi
ana implica num a aprendizagem enquanto vivemos, p o r isso de
vemos aprender a “ouvir a palavra de D eus e praticá-la” , pois dessa
form a construiremos um a vida estabilizada sobre a rocha que é
Jesus (Is 28.16; 1 C o 3.11; l T m l . l ; A t 4.11,12).
O hom em
in s e n s a to
O que é insensatez? S egundo os dicionários, “insensatez”
diz respeito à falta de senso; aquele é dem ente; tolo. Q uais são
110
C
r is t o
,
a
R
o c h a
In
a b a l á v e l
as características de um a pessoa tola? É alguém que está sem pre
com pressa e vive das coisas im ediatas, p o rq u e não sabe esperar.
A quele h o m e m da parábola foi considerado insensato p o rq u e
não estava p reocu pad o em constru ir sua casa co m segurança (v.
26). Ele se deixo u levar pelas aparências p o rq u e vivia sem pre
p rocuran do atalhos e resultados im ediatos. D o p o n to de vista
espiritual, esse h o m e m não firm ava a sua fé em algo consisten
te. E m nossos dias nos deparam os co m esse tipo de fé im ediata,
ond e os elem entos constituintes dessa m esm a fé são vu ln erá
veis e sujeitos a grandes decepções e frustrações. O ra, quem
deseja constru ir um a casa para si não p o d e construí-la de qual
q u er m aneira. O to lo despreza o ensino e a instrução.
A fir m e z a d a c a sa so b r e a r o c h a e as te m p e s ta d e s
(M t 7 .2 5 )
U m o u tro sentido para a construção dessa casa é a cons
trução da nossa fé, isto é, nossa crença “ nas palavras de C risto ”
(M t 7.24). O sentido m oral dessa construção refere-se à cons
trução do caráter; p o rém , o sentido espiritual dessa construção
aponta para a construção da nossa fé. D iz respeito àquilo que
crem os e com o o praticam os. E preciso estar b e m constru ído
para não cair. A palavra “ co m b ateram ” (v. 25) significa, literal
m ente, “ caíram sobre” ou “ caíram c o n tra” , o que dá a idéia de
algum a força e peso m aiores que se lançam sobre a vida de
um a pessoa, o u seja, todos aqueles elem entos da natureza co m o
“ chuvas torrenciais, ventos fortes e correntezas caudalosas” .
E ntretanto , Jesus sugeriu que a casa foi “ edificada” , isto é, foi
construída sobre u m fu n d am en to firm e (Pv 12.7; Is 28.16).
Tudo o que se lança sobre nossa vida, ten tan d o dem over o
edifício que construím os, será neutralizado pela profundidade
dos fundam entos da casa, isto é, da nossa vida espiritual. Sua
As P a r á b o la s d e Jesu s
firm eza te m a ver c o m os m ateriais que usamos para constru ir
o fundam ento, p o r isso a casa n ã o cai.
O hom em
q u e c o n s tr u iu
s u a c a s a s o b r e a a r e ia
(M t 7 .2 6 )
Esse h o m e m foi cham ado p o r Jesus de “insensato” , que
significa ser “falto de senso o u razão” , dem ente, que não tem
b o m senso. N ã o é difícil p e rce b e r alguém que não te m b o m
ju ízo quando constrói um a casa sobre a areia. Indubitavelm ente,
esse tipo de pessoa não tem ju íz o e não dem onstra o m e n o r
senso de inteligên cia. E ntre os dois hom ens ilustrados p o r Jesus
há u m contraste entre o “ o u v ir” e o “ fazer” . Se houvesse b o m
senso p o r parte desse co n stru to r, ele jam ais construiria sua casa
sobre a areia.
O que pod e representar a areia? Pode significar as opiniões
hum anas, a justiça própria. E x istem pessoas que são auto-su fi
cientes, alim entadas p o r u m ego sob o estigma da natureza
pecam inosa herdada de nossos prim eiro s pais, A dão e Eva. São
pessoas do tipo que não aceita n en h u m a instrução, n e m h u
m a n a r e m religiosa. A Bíblia declara que “ O te m o r do S en hor
é o p rincíp io da ciência; os lo uco s desprezam a sabedoria e a
in stru ção ” (Pv 1.7). Essa parábola te m p o r objetivo m ostrar
que aquele “h o m e m in sen sato ” representa a pessoa que não
p õ e em prática “ as palavras” ensinadas p o r Jesus. A loucura
desse h o m e m não consiste em não dar ouvidos às palavras de
Jesus, mas sim n o seu desprezo às coisas sérias da vida. Sua
lo u cu ra consistia n o fato de o u v ir a Palavra de D eus e não
dem o nstrar a m e n o r preocu pação em praticá-la.
Q u a n d o veio a tem pestade, a casa ru iu p o rq u e não tinha
u m b o m fundam ento. Era u m a casa vulnerável às intem péries
da vida, p o r isso não su p o rto u o com bate do tem poral que foi
ru in d o a sua base e, p o r fim, to d a ela.
112
C
r is t o
,
a
R
o c h a
In
a b a l á v e l
A LIÇÃO QUE A PARÁBOLA NOS ENSINA
Nesta parábola nos deparamos com dois tipos de ouvintes: os
que ouvem as palavras de C risto e as praticam ; e os que ouvem as
palavras de C risto e não as colocam em prática. E ntendem os
que o prim eiro grupo de ouvintes são aquelas pessoas que não
prestam apenas seus ouvidos, mas que recebem em seus cora
ções a palavra ouvida e as obedece sem restrição.Têm prazer em
ouvir a Palavra divina: “Mas bem -aventurados os vossos olhos,
porque vêem , e os vossos ouvidos, porque ouvem ” (M t 13.16).
U m a boa lição desta parábola é que cada u m de nós deve
edificar um a casa espiritual. Essa casa representa a nossa fé que
precisa ser apoiada na rocha inabalável que é Cristo. A Igreja
está edificada sobre esta R o c h a e assim sabemos que todo aquele
que está em C risto, p erm an ece firm ado nesta rocha. Ele é a
rocha inabalável sobre a qual depositam os toda a nossa confi
ança (1 Pe 2.4-10).
Finalmente, a lição básica que a parábola nos dá é dem onstra
da na figura dessas duas casas. Se construirm os nossa casa espiri
tual (nossa fé) de m o d o que o ouvir e o praticar sejam um a
realidade na nossa vida, estaremos seguros contra toda e qual
quer tem pestade que possa surgir. Todos os ataques de fora, no
cam po espiritual, serão neutralizados, se estivermos firm ados na
R o ch a eleita e preciosa, que é Cristo. Q u e cada u m de nós p e r
gunte a si m esm o: “Estou eu fazendo aquilo que o Senhor m e
m andou fazer?” D evem os ainda nos perguntar: “ Somos meros
ouvintes e maus praticantes do ensino da Palavra ou somos bons
ouvintes e praticantes daquilo que ouvim os da parte d ó Senhor?”
Cada u m de nós precisa avaliar sua própria vida neste sentido.
Q u a n d o lem os as Escrituras e ouvim os as palavras do Se
nhor; quan d o nos to rn am o s m em bros de um a igreja dizem os
que crem os em Cristo. Essa atitude nos responsabiliza em garan
tir aquilo que ouvim os e em praticá-lo (Tg 1.22-25; 2.14-20).
113
C a p ít u l o 9
A Ju s t iç a e a
G r a ç a
d e
D eus
M a t e u s 2 0 .1 - 1 6
A geração da u n d é c im a hora, resta -lh e o p r iv ilé g io de f a z e r a obra f i n a l n a dispensação da graça.
Essa parábola de Jesus é mais um a contracu ltura apresenta
da pelo M estre que desfaz a cultura dos privilégios e destaca a
graça e a generosidade do Pai celestial aos que chegam p o r
últim o. O c o n tex to dentro da parábola indica que esses “últi
m os” a chegarem para trabalhar na seara do S en h o r p o d e m ser
aqueles que não tin h am a m e n o r o p o rtu n id ad e n o R e in o de
D eus. A graça do S en h o r não discrim ina n em privilegia classes
específicas, mas dá o p o rtu n id ad e a todas as pessoas de serem
úteis no R e in o dos céus. D aí a m áxim a do S en h o r Jesus nesta
parábola: “Assim, os derradeiros serão os prim eiros, e os p ri
m eiros, derradeiros” (M t 20.16).
N esta parábola, Jesus com para o R e in o dos céus à u m pai
de família que denota alguém que possuía um a casa e um a
vinha (v. 8). U m certo dia, esse h o m e m saiu de m adrugada a
convocar trabalhadores para a sua vinha. E m vários períodos
de horas durante aquele dia, desde a hora terceira, sexta, n o n a e
undécim a, trabalhadores foram convocados para o trabalho. N o
As
P a rá b o la s d e Jesu s
versículo 16 Je su s repete u m co n ceito citado em M ateus 19.30
e o destaca: “Assim, os derradeiros serão os prim eiros, e os p ri
m eiros, derradeiros, porqu e m uitos são cham ados, mas poucos,
escolhidos” . Esse conceito ensina que D eus não é devedor de
ninguém . Para o S en hor não faz diferença o tem p o de traba
lho, mas sim, a disposição para o u v ir o cham ado e fazer o tra
balho no tem p o que tiver disponível.
DEUS, O V IN H ATEIRO (M t 20.1)
Para reforçar a idéia central do ensino que Jesus queria, de
fato, ensinar, o versículo 30 do capítulo 19 de M ateus tam bém é
citado nesta parábola. Lemos a história do jo vem rico que dese
java ter posse da vida eterna dem onstrando u m espírito egoísta e
interesseiro. Jesus, então, inteligentem ente dá a lição de que o
galardão m erecido nunca será na base de privilégios, n em de
classes sociais. O que im porta, na verdade, para D eus, é a atitude
desprendida das coisas materiais. Q u an d o Ele p ronu nciou a sua
m áxim a dentro dessa parábola estava am pliando a visão dos seus
discípulos. A ilustração da parábola que Jesus narra apresenta o
don o da vinha com o u m pai de família que cultiva para o sus
tento dos seus. N a idéia figurativa, D eus Pai é o vinhateiro que
plantou um a vinha e procura preservá-la. D eus é o grande Pai
de família que contrata trabalhadores para a sua vinha.
D e m o n s t r a ç ã o d a g r a ç a e d o s e n h o r io d o v in h a te ir o
O sen h o rio é identificado n o p ró p rio texto co m o “pai de
fam ília” , o que indica a sua autorid ad e de chefe da casa e, p o r
tanto, o p o d er de liderança sobre o que é seu. C ontextualizando
essa parábola, entendem o s que D eus é Pai de um a grande fa
m ília denom inada Igreja. D ele em ana a ordem de trabalho, a
visão e o sonho da vinha que plantou na terra. Sua graça de-
116
A J
u s t iç a
e
a
G
r a ç a
d e
D
e u s
m onstrada se refere ao m o d o de agir n o sentido de não im p o r
nada a n in g u ém sem o pagam ento ju sto. Indica que a graça de
D eus é dada a todos de igual m odo, in d ep en d en te da q u an ti
dade de tem p o de serviço, p o r isso os trabalhadores da u n d éc i
m a hora, que são os derradeiros (últimos), recebem tanto quanto
os que trabalharam o dia inteiro.
O p r in c íp io q u e d e v e n o r t e a r o s tr a b a lh a d o r e s n o s
t e m p o s a tu a is
É lam entável constatarm os que nos tem pos atuais, nossa
teologia pastoral ten h a sido tão d eturpada dentro da Igreja de
C risto. M uitas igrejas, p o r terem a m esm a atitude, estão viven
do o dram a daqueles m esm os trabalhadores e pelo fato de te
rem trabalhado mais tem po, não aceitam o tratam ento dispen
sado p o r D eus aos que chegaram depois. Estes se acham se
nhores da vinha, p o r serem prim eiros; p o rém , são tão servos
quanto os que chegaram depois. São eles que reclam am e di
zem : “Estes derradeiros trabalharam só um a hora, e tu os igualaste conosco, que suportam os a fadiga e a calma do dia” (M t
20.12). Precisam os en te n d e r o c o m p o rta m e n to do Pai celeste.
Ele é ju sto e dá a cada trabalhador o que lhe é devido. N in
guém é prem iado p o r tem p o de serviço, mas p o r ter feito o
serviço co m fidelidade e desprendim ento. N o te que aqueles
trabalhadores que haviam trabalhado o dia in teiro não aceita
ram ser equiparados em salário co m aqueles que trabalharam
apenas na u nd écim a hora.
N a verdade, o que Jesus queria ensinar era resultado de
algumas atitudes percebidas entre os seus discípulos. H avia algo
de vangloria e de orgulho que dom inava o coração de alguns
deles, tais co m o Pedro, A ndré e João. Pelo fato de terem sido os
prim eiros a deixar tu d o e seguir o M estre, desenvolveram um a
117
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
certa vaidade e, p o r isso, se sentiam com direito de su p erio ri
dade sobre os demais. Eles en ten d iam que haviam enfrentado
situações de privação e fadiga mais que os outros, mas Jesus
percebe o espírito que se desenvolvia entre os discípulos e lhes
dá a preciosa lição de que esses sentim entos são inconvenientes
no R e in o de D eus. E lam entável que m uitos líderes ajam com
o m esm o espírito que dom inava o coração daqueles discípulos
e que vivam sob o respeito hum ano.
O v in h a te ir o d is tr ib u iu e m
q u a tr o t e m p o s d is tin
t o s o tr a b a lh o n a v in h a ( w . 3 -6 )
A o lo ngo do dia, o vinhateiro saiu em busca de trabalha
dores para a sua vinha e o fez em tem pos distintos. C o m o
aquele S en hor saiu de m adrugada, o u seja, na p rim eira hora,
em busca de trabalhadores para sua vinha, ele foi convocando
h om ens para a hora terceira; depois buscou um a nova tu rm a
de trabalhadores na hora sexta e, tam bém , na hora nona. Final
m ente, sabendo que havia m uito trabalhado para aquele dia,
saiu a buscar trabalhadores para a hora undécim a.
N a vida cotidiana das pessoas em geral, as horas represen
tam períodos o u tem pos específicos. N a vida do povo ju d e u , o
dia é dividido em 12 horas, e na linguagem bíblica, d ep en d en
do do seu contexto, as horas têm um a sim bologia especial. N a
parábola que estamos estudando, Jesus utiliza a experiência
cotidiana dos ju d eu s quanto ao dia de trabalho e ensina um a
preciosa lição acerca dos trabalhadores do R e in o dos céus.
Ele divide o dia em quatro períodos de tem p o diferencia
dos: a prim eira hora (6 horas), pois aquele senho r saiu de m a
drugada; a terceira hora (9 horas); a sexta hora (12 horas, m eio dia); a non a hora (15 horas) e, p o r últim o, a décim a prim eira
h o ra (undécim a, 17 horas). A hora u nd écim a era exatam ente
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A J
u s t iç a
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G
r a ç a
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D
e u s
um a hora antes das 18 horas, quando o sol se p õ e no h orizon te.
E m todos esses períodos diferenciados, o u seja, a cada três h o
ras, aquele senhor (pai de família) persistiu na busca de traba
lhadores para a sua vinha, até en co n trar tantos quantos pud es
sem fazer o trabalho. O s intérpretes bíblicos p ro cu ram dar sen
tidos históricos distintos a cada tem p o de horas de trabalho na
vinha. P orém , o grande destaque é dado aos trabalhadores da
u nd écim a hora.
O v in h a te ir o se p r e o c u p a v a c o m
o r e s u lta d o f in al
d o tr a b a lh o
A parábola deixa claro que a p reocu pação de Jesus era
m ostrar que a recom pensa, a paga pelo trabalho, não era m e d i
da pela duração (ou tem po) do trabalho, mas sim, pela intensi
dade, fidelidade e qualidade do trabalho feito (1 C o 4.2; 2 T m
2 .2 ;T t 2 .1 0 ;P v 2 8.20;L c 16.10). Q u a n d o Jesus declara q u e “ os
derradeiros serão prim eiros, e os prim eiros, derradeiros” (M t
2 0 .1 6 ),Ele quis ensinar que a soberania divina não será exercida
à custa da justiça n e m da graça. D eus está livre de im posições
m orais, p o rq u e o contrato de trabalho indicava u m pagam ento
específico pelo trabalho feito. O vinhateiro não foi injusto com
n e n h u m daqueles trabalhadores, mas lhes pagou pelo contrato
feito co m cada u m deles. O que im portava para o vinhateiro
era que a sua vinha não viesse a sofrer solução de continuidade,
mas que, ao final do dia, o trabalho estivesse pronto.
Estam os n o tem po da graça e quase dois anos se passaram.
Os trabalhadores da p rim eira hora serão recom pensados tanto
quanto os da u nd écim a hora. O utrossim , o pagam ento será
feito na presença de C risto em seu T ribunal (2 C o 5.10), p o r
isso os que buscam recom pensa aqui na terra p o d erã o vir a
ficar frustrados na presença de C risto u m dia.
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As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
A VIN H A
(M t
20.1)
N esta p aráb o la,“ o R e in o e a v in h a ” tê m u m destaque es
pecial. O texto com eça falando n o “R e in o dos céus” , que sig
nifica o d o m ín io de D eus sobre o nosso m u n d o físico, sua
am plitude e superioridade, pois esse reino vem de cim a. D eus
te m plantado um a vinha neste m u n d o e conta conosco para
cultivar, cuidar, fazer produzir e usufruir do fru to dessa vinha.
A fig u r a d a v in h a
N o A ntigo Testam ento, Israel é o povo eleito de D eus e é
ilustrado com o a “v inha de D eus na te rra ” (Is 5.7; J r 12.10).
E xistem outras m etáforas de Israel, tais com o “ a oliveira” (R m
11.17) e a “figueira” (Lc 21.29). N o N o v o Testam ento, a figura
da “v in h a” ilustra a “ Igreja de C risto ” (Jo 15.1-8). N esta nova
dispensação a Igreja é a nova v inha de D eus na terra.
O
c o n v it e p a r a tr a b a lh a r n a v in h a
É o S en h o r q u em sai e cham a trabalhadores para a sua
vinha. Trabalhar na vinha im plica vocação e capacitação para
fazer o trabalho. C o m o p od em os identificar essa convocação
para se trabalhar na vinha do Senhor? Ele o faz p o r in te rm éd io
do E spírito Santo que apela nos corações das pessoas. D o m es
m o m o d o com o aqueles hom ens foram cham ados para um a
jo rn a d a de trabalho, o E spírito Santo tam b ém age e convoca
servos dispostos a se engajarem na obra de D eus (Ap 3.20). O
apóstolo Pedro, inspirado pelo E spírito Santo, declarou que
fom os cham ados para anunciar o p o d er do S en h o r (1 Pe 2.9).
O apóstolo Paulo escreveu a T im o te o que o S en h o r “nos sal
v o u e cham ou co m u m a santa convocação” (2 T m 1.9). E in te
ressante n o tar que aquele senho r convocou aqueles hom ens
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r a ç a
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D
e u s
em horas distintas de u m m esm o dia. D e a co rd o c o m a
escatologia, “ u m dia” eqüivale a u m tem p o específico e, cada
tem p o te m sua circunstância p rópria, seu co n tex to histórico.
P ortanto, cada hora (ou tem po) da história, o S en hor D eus
busca hom ens e m ulheres para trabalharem na sua vinha. P or
isso cada tem p o de trabalho de u m m esm o dia te m sua im p o r
tância e valor. O s convocados receberão p o rq u e fizeram no
tem p o que tiveram para fazer a obra, não p o d en d o se p re o c u
par c o m os demais. A cada tem po, cada obreiro deverá ter cons
ciência de sua obra, pois o nível de responsabilidade é o m es
m o, in d ep en d en te da circunstância. O im p o rtan te em tu d o isto
é que o preço do trabalho é feito na base da igualdade de
direito, não na base do m érito pessoal.
D eus é S en h o r de todas as coisas e faz co m o quer, p orqu e
suas ações são feitas sob a égide de sua in eren te justiça e m ise
ricórdia. Paulo fez um a citação interessante sobre esse aspecto
da vontade divina, quand o escreveu:“ ... co m p ad ecer-m e-ei de
q u em m e com p adecer e terei m isericórdia de q u em eu tiver
m isericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, n em
do que corre, mas de D eus, que se co m p ad ece” (R m 9.15,16;
Ê x 33.19).
P ortanto, cada tem p o na dispensação divina te m o seu va
lor, sua im portância, seu co n tex to histórico e D eus cham a a
q u em q u e r e os trata segundo sua soberana vontade. C ada ge
ração te m o seu valor e a sua im portância. A Igreja não p o d e
deixar de reconhecer o trabalho de cada geração, daqueles obrei
ros que deram o m áxim o de suas vidas para c u m p rirem a m is
são que lhes foi devida. N e m p o r isso o seu trabalho foi mais
im p o rtan te que o feito p o r esta geração atual. E lam entável
assistirmos ao desrespeito de obreiros atuais aos obreiros anti
gos. P orém , se cada geração trabalhar co m desvelo n o tem p o
que tiveram da parte de D eus, todos serão honrados.
121
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
O tr a b a lh o n a v in h a (M t 2 0 .1 )
O texto deixa im plícito que há m uito trabalho na vinha.
Esta vinha precisa dos cuidados de limpeza, do cultivo, do acom
p an h am en to das atividades no plantio e n o seu desenvolvi
m ento. Precisa, tam bém , da persistência e da paciência dos tra
balhadores até o tem p o da colheita (Tg 5.7). A Igreja é um a
vinha trabalhosa que requer dos seus viticultores dedicação para
que a m esm a produza b o m vinho. A qualidade do fru to dessa
vinha depende m u ito do cuidado dos trabalhadores co m a ter
ra, com o tronco, com os seus ram os. P or isso é necessário
qualificação dos trabalhadores na obra de D eus (2 T m 2.15).
OS TRA BA LH A DO RES DA V IN H A
O apóstolo Paulo ex o rto u a T im óteo, dizendo: “ Porque o
exercício corporal para pou co aproveita, mas a piedade para tudo
é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de
vir. Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação. Porque para
isto trabalhamos e lutam os, pois esperamos no D eus vivo, que é
o Salvador de todos os hom ens, principalm ente dos fiéis” (1 T m
4.8-10). Esta escritura indica que aqueles que trabalham na vi
nha de D eus devem fazê-lo porqu e am am a D eus e a sua obra.
A o c io s id a d e , u m a a m e a ç a p a r a a v in h a
A ociosidade n o co n tex to desta parábola deve ser vista sob
dois aspectos. O p rim eiro aspecto envolve aqueles hom ens que
estavam ociosos p orqu e não tin h am trabalho. E ram hom ens
que iam para a praça da cidade aguardar serviço. N ã o há no
tex to indicação de que aqueles hom ens não tivessem ex p eri
ência em trabalho de viticultura o u agricultura, um a vez que o
trabalho típico da Palestina era a agricultura o u a pesca n o m ar
da Galiléia. A queles hom ens receberam o convite do senhor
122
A J
u s t iç a
e
a
G
r a ç a
d e
D
e u s
da vinha e se dispuseram ao trabalho. A ociosidade deles não
era p o r preguiça o u com odism o, mas p o rq u e não havia convo
cação para o trabalho.
O segundo aspecto da ociosidade daqueles hom ens p o d e
ria representar com odism o, preguiça, desqualificação e desin
teresse. N a obra do R e in o de D eus não p o d e haver esse tipo
de atitude dos trabalhadores ( 2 T s 3 .1 1 ;l T s 5.14). Este ú ltim o
versículo, na tradução N V I, diz o seguinte: “ que advirtam os
ociosos” . P or o utro lado, te m faltado no seio da Igreja atual
aquele espírito de sacrifício, de paixão e desprendim ento para
fazer a obra. E m nossos tem pos atuais, a tecnologia m o d e rn a
te m to m ado o lugar das pessoas, até m esm o d entro da igreja. A
m o d ern id ad e te m usurpado o lugar da alegria, do prazer de
fazer a obra de D eus. A ociosidade g an h o u espaço na vida de
m uitos cristãos.
r
E t e m p o d e tr a b a lh a r !
D u ran te to d o o dia aquele senho r da vinha buscou traba
lhadores que realizassem a obra, de form a que a vinha não
viesse a sofrer solução de continuidade. N a terceira, sexta e
n o n a hora, o vinhateiro en co n tro u trabalhadores para a sua
vinha, e ao lo ngo do dia, todos trabalharam e cu m p riram suas
obrigações e receberam o salário ju sto pelo seu trabalho. C ada
trabalhador c u m p riu o seu papel com direito ao seu salário p o r
aquilo q u e fizera na v in h a daquele senhor. P o rém , foi n o
entardecer, n o crepúsculo do dia, na últim a hora, antes que o
sol se pusesse no h o rizo n te, isto é, na u nd écim a hora, que o
vinhateiro buscou o últim o g ru p o de trabalhadores para o tra
balho final na vinha.
N a história da Igreja, entram os na u nd écim a hora. S enti
m os que estamos no crepúsculo do ú ltim o trabalho da Igreja
na terra, quand o se fará a grande colheita, a colheita da graça
123
As
P a rá b o la s d e Jesu s
de Deus! Todos aqueles que trabalharam na v inha do Senhor,
da p rim eira à n o n a hora, to rn a ram possível o papel final da
Igreja neste tem po. N ão p od em os co rrer o risco de lam entar o
tem p o p erdido e confessar com o Israel em outros tem pos: “Pas
sou a sega, findo u o verão e nós não estamos salvos” (Jr 8.20).
O apóstolo Jo ão previa, profeticam ente, esse tem po e escreveu
em sua epístola: “ Filhinhos, é já a últim a h o ra ” (1 Jo 2.18).
A U N D ÉC IM A H O R A
(M t
20.6)
A parábola deixa transparecer que os que trabalharam na
u n décim a hora receberam mais do que esperavam. N a diferenci
ação das horas de trabalho, com vantagens e desvantagens, des
cobrim os que o critério de ju stiça divina não é baseado em
critérios hum anos. D escobrim os que os que trabalharam na
und écim a hora são tratados co m igualdade aos que com eça
ram de m anhã cedo. A bênção da salvação é de igual p ro p o r
ção, tanto para os que se convertaram há vinte, trin ta o u cin
qüenta anos, quanto aos que se convertaram hoje.
O t e m p o n ã o é m e r it ó r io n o s e r v iç o d o r e in o d e
D e u s (M t 2 0 .8 - 1 2 )
H á um a verdade im prescindível nesta parábola: n in g u ém
trabalha p o r prêm ios ou galardões extras, porq u e cada traba
lh ado r receberá aquilo que lhe for ju sto receber. A obra feita
não é m eritó ria pelo tem p o de trabalho. Q u e m trabalhou no
p rim eiro tem po, ou q u em trabalhou na und écim a hora, terá o
m esm o salário. O salário do S en hor não será pela quantidade,
mas pela qualidade do trabalho que fazem os na vinha. E o
p ró p rio S en h o r que ensina e declara co m um a sabedoria ím
par: “ O s últim os serão prim eiros, e os prim eiros serão ú ltim o s”
(M t 20.16, A R A ).
124
A J
u s t iç a
e
a
G
r a ç a
d e
D
e u s
A id é ia b á s ic a d o p e n s a m e n t o d e C r is to
N o R e in o de D eus na terra, não há discrim inação, n e m
discrepância social o u favoritismo. O s trabalhadores da u n d é
cim a hora são os trabalhadores do ú ltim o tem p o de D eus para
a Igreja na terra. O galardão desses últim os é o m esm o dos que
trabalharam nas prim eiras horas. O valor do serviço aos olhos
de D eus depende do espírito co m que é feito o trabalho.
C O N C LU SÃ O
N ão se trabalha na vinha de D eus visando recom pensas ou
vantagens. A recom pensa não é m aior n e m m enor, p o rq u e é
direito de todos. P equenos e grandes, pobres e ricos, todos são
tratados de igual m o d o na vinha do Senhor.
C a p í t u l o 10
R e a l iz a n d o a
V o n t a d e d o Pa i
M a te u s 2 1 .2 3 -3 2
A graça de D eus não discrimina ninguém, mas c perdoadora para com todos os pecadorcs.
Existe um a certa sim ilaridade entre algumas parábolas. N a
parábola a n terio r Jesus ilustrou algumas verdades falando do
trabalho em um a vinha. N esta, mais um a vez o M estre fala de
um a vinha, mas a distinção entre as duas parábolas reserva-se
aos personagens. N a prim eira, Jesus fala de convocação de tra
balhadores para a vinha de u m rei. N a segunda, a vinha precisa
de trabalhadores, mas o senho r daquela vinha convoca seus
dois filhos para o trabalho. E ntretanto , cada um a tem a sua
lição p ró p ria diferenciada pelos princípios e finalidades in seri
dos no enredo de cada um a das parábolas.
C o m o a classe religiosa dos ju d eu s era decididam ente in i
miga de Jesus e refutava tu d o q u anto era ensinado, tam bém ,
com m uita propriedade e inteligência, Jesus ensinava p rin c íp i
os de vida do R e in o dos céus e redargüia com argum entos as
insinuações maliciosas dos seus opositores.
N esta parábola, especificam ente, Jesus faz um a distinção
entre duas classes de pessoas que os ju d eu s discrim inavam : a
As
P a rá b o la s d e Jesu s
classe religiosa e a classe desprezada dos pecadores, isto é,
publicanos e m eretrizes. Jesus, co m sabedoria, não apenas re
provou esta discrim inação, mas lhes ensinou o m o d o com o
D eus vê esse tipo de problem a e co m o o resolve.
O PR Ó LO G O DA PARÁBOLA
(M t
21.23-27)
A finalidade dessa parábola objetivava respond er a um a
perg u n ta capciosa e maldosa da parte dos chefes religiosos dos
judeus: “ C o m que autoridade fazes isso?” (v. 23) U tilizando
seu m éto d o predileto através de parábolas, Jesus confrontava
abertam en te os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo,
e os levava a se irritarem pela capacidade que tinha de n e u tra
lizar todos os ataques intelectuais e religiosos contra sua pessoa.
A lguns episódios vividos e assistidos pelo povo de Israel to rn a
ram amargos para a presunção daqueles chefes religiosos. Por
exem plo, a entrada triunfal de Jesus pelas ruas de Jerusalém
sendo aclam ado e louvado pelo povo, que dizia: “ H osanas ao
Filho de D avi” (M t 2 1.9).Todos esses elem entos co n trib u íram
para o plano de m a rte contra Jesus não m uito depois daqueles
dias. Essa classe de hom ens constituía-se de líderes políticos e
religiosos que controlavam o Sinédrio.
A r e je iç ã o in t e le c t u a l e t e o ló g ic a d o s líd e r e s d e
Isr a e l ( w . 2 3 ,2 5 ,2 6 ) .
N aturalm ente, os líderes de Israel tem iam o avanço sim pá
tico entre Jesus e o povo, p o rq u e ensinava um a nova do u trin a
que confrontava os conceitos tradicionais da religião judaica.
N a verdade, era a últim a sem ana que precedia a sua m o rte no
Calvário. E ntão Jesus expôs--se de m o d o m u ito mais claro e
agressivo ao sistema religioso existente. A queles líderes busca
vam algum a contradição em Jesus, algum a ação que ofendesse
128
R
e a l iz a n d o
a
V
o n t a d e
d o
P
a i
as leis da religião e do Estado, mas não conseguiam quand o
tentavam pegá-lo em algum erro nas discussões em público.
Pelo contrário, eles sem pre acabavam p erd en d o nos con fro n
tos com Jesus. A p erg u n ta confro ntante daqueles líderes, nesta
feita, nas cercanias do T em plo era: “ C o m que autorid ad e fazes
isso?” Q ual era a fonte da autorid ad e de Jesus para falar do
m o d o co m o falava? Jesus deu-lhes um a resposta na form a de
réplica, pela qual não p u d eram dizer nada.
A resposta à provocação dos líderes de Israel (vv. 24,25,27).
N ã o havia n en h u m a acusação plausível da parte daqueles
ju d eu s e, p o r isso,Jesus, consciente e seguro, sabia dar respostas
que os deixavam sem q u alq u er co n tra-arg u m en tação . Jesus
m u d o u sua tática de resposta fazendo-lhes um a c o n tra -p ergunta sobre o que pensavam acerca do batism o de João Batista,
um a vez que eles sabiam que o povo o tinha com o grande
profeta, e eles o rejeitavam . T anto o povo q u anto o p ró p rio
Jesus aprovavam o m inistério de Jo ão Batista (M t 3.5 -7 ; Lc
7 .2 9 ,3 0 ).“ C o m que autorid ad e?” era a questão daqueles líde
res de Israel, pois eles controlavam o S inédrio — o principal
co rp o adm inistrativo ju d a ic o em Jerusalém . O s cham ados
“anciãos do p o v o ” eram , na verdade, os representantes das fa
mílias que exerciam p o d e r de influência sobre assuntos do g o
v erno local e n o Templo. Todavia, os principais opositores de
C risto eram os fa r ise u s que controlavam as sinagogas. Havia,
tam bém , dois outros grupos de políticos e religiosos, os herodianos
e os saduceus, que não se m isturavam aos escribas e fariseus,
mas, dom inados p o r um a inveja e ira co n tra Jesus, ju ntavam -se
para fazer pressão contra Ele. Esses grupo s inim igos p rocura
vam m eios pelos quais pudessem apanhá-lo desprevenido, levando -o a cair em algum a arm adilha teológica ou religiosa.
N ão ten d o assunto que pudesse desafiar a argúcia e o co n h eci
m ento de C risto para fazê-lo cair, então p artiram para colocar
129
As
P a rá b o la s d e Jesu s
em ju lg a m e n to a sua autoridade. D isseram eles: “ co m que au
to ridad e dizes e fazes estas coisas?” , e Jesus respondeu sem lhes
dar um a resposta objetiva, deixando no ar os pensam entos de
seus inim igos intelectuais. E m síntese Jesu s não lhes disse nada;
tão som ente fê-los en ten d er que a sua autorid ad e era tão óbvia
quanto era a autoridade de João Batista. N ão era praxe de C risto
desafiar as autoridades, isto é, os poderes suprem os da nação,
mas inevitavelm ente não te m eu opo r-se àqueles hom ens. Esse
prólo go à parábola deu a Jesus a o p o rtu n id ad e de co n tra-atacar seus inim igos e expor, mais u m a vez, alguns princíp ios do
R e in o dos céus. N ada m elh o r que lhes responder através de
um a parábola e, dessa feita, Ele o fez contando essa parábola de
u m pai e seus dois filhos.
DOIS TIPO S DE C O M PO R T A M EN T O
DAQUELES FILHOS
H á um a expressão típica de Jesus em várias situações, quando
precisava contra-atacar seus inim igos, que era: “M as que vos
parece?” (M t 17.25; 18.12) Esta expressão era o p ren ú n cio de
algum a parábola que Ele apresentava. N a linguagem tipológica
bíblica, a “v in h a” sem pre representou a Israel (SI 80.8-19; Jr
2.21; Ez 19.10). A resposta de Jesus era para aqueles israelitas
que lhe faziam oposição continuam ente. D aí p orqu e Jesus, mais
um a vez, conta a história de um a vinha, destacando u m pai
que era “ senhor daquela v in h a” e seus dois filhos.
O
o b j e t iv o d a p a r á b o la d o s d o is filh o s
Q u a n d o propôs esta parábola,Jesus se p reo cu p o u em m os
trar que aqueles dois tipos de filhos representavam duas classes
de pessoas que se confrontavam n o dia-a-dia da vida e co n ô m i
ca e religiosa de Israel. Q u e classes eram essas? O prim eiro
130
R
e a l iz a n d o
a
V
o n t a d e
P
d o
a i
filho correspo nde aos pecadores, representados pelos publicanos
e m eretrizes, discrim inados na sociedade israelita (v. 31), e o
segundo filho correspo nde à casta religiosa com posta pelos p rín
cipes dos sacerdotes e os anciãos do povo (v. 23), que h o n ra
vam a D eus co m os lábios, mas tin h am o coração lo nge da
presença do S en hor (Is 29.13).
D ir e ito s ig u a is d o s d o is filh o s e m
r e la ç ã o a o p a i
(v . 2 8 )
O s dois tinham direitos iguais dentro da casa do pai, b e m
co m o obrigações de respeito a ele. N ã o havia qualq uer razão
de discrim inação entre am bos pelo velho pai, pois as circuns
tâncias eram as mesmas, b e m com o os benefícios e obrigações.
O trabalho não era im posto pelo pai, mas foi u m pedido, um a
vez que, dentro de um a família, os negócios são do interesse de
todos os seus m em bros. E ntretanto , aqueles filhos deram res
postas diferentes ao pai. A lição m aior desse p o n to está no fato
de que no R e in o de D eus não há acepção de pessoas, n e m
privilégios. E m relação ao R e in o de D eus, não im p o rta se p e
cadores o u religiosos, todos te m direito a entrar, desde que
ten h am atitudes sinceras de arrep en d im en to e fidelidade ao
Senhor. N in g u é m entra n o R e in o de D eus n u m estado de
pecam inosidade, mas de purificação pelo sangue do “ C o rd eiro
de D eu s” .
N o entanto, o que se destaca neste p o n to é a atitude de
cada um daqueles filhos. Se troux erm os à contextualização o
fato de que D eus espera de seus filhos atitudes espontâneas e
amorosas para co m o Pai q uand o são convocados para o traba
lho, não tem os dúvidas de que essas atitudes positivas tê m sido
raras. A v inha d epende da disposição dos filhos n o sentido de
•itender à convocação do Pai Celestial para trabalhar (Jo 4.34).
131
As P
a r á b o l a s
U m
d e
J
e s u s
r e tr a to d e D e u s P a i
A figura do pai destaca-se na parábola. Ele não foi rude com
seus filhos, nem os tratou com imposição. Apenas solicitou que o
ajudassem na administração da vinha. N ão se sabe p o r quais razões
aqueles dois filhos foram maus, e não tiveram atitudes de respeito
e consideração com o pai.Alguns comentaristas parecem acom odar-se à idéia de que o filho que disse não ao pai e, arrependendose, acabou indo trabalhar na vinha, esteja livre de u m julgam ento
de sua atitude inicial. N a verdade, não é o arrependim ento o ele
m ento de destaque no ensino de Jesus, mas a sua atitude inicial,
ríspida e dura para com o pai. O segundo filho não foi m enos ou
mais rude, porque sua atitude foi ainda mais reprovada p o r Jesus.
Porém , neste p on to é o pai que se destaca com o alguém que
deseja contar com seus filhos na administração da sua vinha. Ele é
o retrato do Pai Celestial, sempre amoroso e pronto a dividir as
responsabilidades pela sua vinha na terra, a sua igreja. Q uando
agimos displicentem ente com a casa do Pai, a sua Igreja, nossa
atitude não difere dos “filhos indolentes” da parábola. N atural
m ente, a interpretação dessa parábola não se prende à resposta
objetiva de Jesus aos judeus, mas sugere u m ensino para o relacio
nam ento dos crentes em C risto com o Pai Celestial. É fato consu
m ado que somos filhos de Deus, e alcançamos esse direito filial
através de Jesus Cristo (Jo 1.12; R m 8.14; G1 4.5).
A C O N D U T A REPROVADA DOS FILHOS
A m bos os filhos receberam o m esm o pedid o da parte do
pai: “ Filho, vai trabalhar hoje na m inha v in h a ” (v. 28), mas am
bos deram respostas distintas ao pai. O p rim eiro filho disse
“ n ã o ” , mas arrepen deu-se p o ste rio rm e n te e foi. O segundo
filho disse “ sim ” , mas não foi trabalhar. Se analisarm os a c o n
duta de am bos, concluirem os que os dois responderam m al ao
132
R
e a l iz a n d o
a
V
o n t a d e
d o
P
a i
pai. Q u a lq u er arg u m en to pró o u contra se desfaz pelo m o d o
desrespeitoso q u e dem onstraram .
A m b a s as a titu d e s e s ta v a m s o b o e s t ig m a d a r e b e ld ia
O p rim eiro n egou -se a ob ed ecer à o rd em do pai; p o rém ,
depois, arrependeu-se. O segundo p ro m eteu obedecer, mas,
p o r fim, não o fez. O últim o, que disse “ sim ” , é tão desob edi
ente co m o o outro, que disse “n ã o ” , mas acabou in do trabalhar
na vinha do pai. A m bos dem onstraram atitudes controversas,
típicas de pessoas dom inadas p o r sentim entos vulneráveis à re
beldia. A vantagem do p rim eiro filho é o fato de te r se arre
p en d id o e ido à vinha. Q u an to s cristãos vivem na igreja usu
fru in d o das bênçãos de D eus, mas são dom inados p o r senti
m entos de contrariedade. São vulneráveis às tentações da car
ne que m ilitam contra o E spírito (G1 5.16,17).
A n a lis a n d o a c o n d u t a d o s d o is f ilh o s ( w . 2 8 ,2 9 )
O prim eiro filho ru d em en te respondeu ao pai:“não q u ero ” .
U m a resposta má, típica de u m coração m au. Ele foi rude ao
negar-se a obedecer à ordem do pai porqu e sua atitude exterior
dem onstrava sua natureza rebelde. Esse filho representa aquelas
pessoas que não têm qualquer sensibilidade espiritual.
O segundo “filho” , pelo contrário, respondeu positivamente:
“Sim, eu v o u ” . P o rém não foi. P ro m eteu um a coisa e logo fez
tudo ao contrário. D em on strou um a atitude inconseqüente para
com o pai. Esse filho nos m ostra que h ou ve contradição entre
sua palavra e a realização daquele trabalho, entre sua prom essa
e seu cu m p rim en to . Esse filho, pelo contrário, não teve arre
pen d im en to . Ele professou obediência aparente sem n e n h u m a
intenção de obedecer. Sua atitude era hipócrita. Disse “ Sim,
sen h o r” , mas não estava disposto a fazer a vontade do pai.
133
'a
r á b o l a s
de J
e s u s
A APLICAÇÃO DA PARÁBOLA
J e s u s l e v a n t a a q u e s t ã o d a a u t o r i d a d e (v . 3 1 )
N o enredo da parábola Jesus quis destacar a sua autorid ad e
sem discuti-la. P o r isso, con tra-ataco u a indagação dos seus in i
m igos co m outra pergunta. Eles questionaram : “ C o m que au
to ridad e fazes isso?” Jesus lhes responde co m outra pergunta
relativa à o rig em do batism o de Jo ão e o que ele ensinava (M t
21.31,32; M c 1.4; Lc 7.29,30). O ra, falar de João Batista, perso
nagem reco n h ecid o pelo povo co m o grande profeta, não era o
tipo de assunto que os chefes políticos e religiosos quisessem
discutir co m Jesus. Eles foram colocados n u m “beco de saída” ,
pois, se negassem a orig em espiritual do m inistério de João
Batista, seriam rejeitados pelo povo. João Batista tinha a apro
vação do povo e, se negassem a procedência divina do seu m i
nistério, estariam negando a autorid ad e espiritual dele. Jesus,
então, diante da resposta diplom ática daqueles hom ens em afir
m ar que não sabiam d on de vinha a au torid ad e de João, co n traatacou com um a resposta seca e objetiva ao declarar:“ N e m eu
vos digo co m que autorid ad e faço isso” (v. 2 7 ).D epois de n e u
tralizar seus oponentes,Jesus reforça sua reposta contando -lhes
a parábola. E co m eço u co m u m a pergunta: “M as que vos pare
ce?” (v. 28) Ele expôs sua parábola e, ao final, fez outra p e rg u n
ta solene: “ Q u al dos dois fez a vontade do pai?” (v. 31) A res
posta a esta pergunta de Jesus deve ser analisada sob a óptica da
atitude de cada filho.
Ações versus palavras
Esses dois elem entos, ação e palavra, revelaram o caráter
daqueles filhos. O s dois tin h am pecado contra a autorid ad e do
pai. U m foi áspero e duro; o ou tro foi falso e m au. P or esta
134
R
e a l iz a n d o
a
V
o n t a d e
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P
a i
im agem refletida pelos filhos podia-se estabelecer o verdadeiro
caráter de cada u m deles. O p rim eiro disse não, mas, arrep en
dendo-se, foi. Sua resposta foi do tipo que o pai não esperava
dele. E ntretanto, m u d o u de atitude depois. A Bíblia nos deixa
en te n d e r que to d o aquele que se arrepen de de um a m á c o n
duta en co n tra acesso a D eus (Ez 33.14-16). O o utro filho deu
um a resposta positiva, a m elh o r que aquele pai podia ouvir;
mas, na verdade, sua atitude era falsa. E xistem m uitos cristãos
que tê m lábios doces nas respostas, p o ré m seus corações dizem
o contrário (1 Jo 3.18). Professam p e rten ce r ao Senhor, mas
são desobedientes e rebeldes.
C O N C LU SÃ O
A prendem os nesta parábola que esses dois filhos represen
tam duas classes de pessoas. U m a é aquela que exibe religiosi
dade, mas não passa de aparência, sem n e n h u m conteúdo . A
outra é aquela classe pecadora, desprezada e discrim inada, mas
que pod e ser alcançada pela graça de D eus p o rq u e não te m
nada a esconder. U m a é falsa e dissimulada; a outra é pecadora,
mas é autêntica, não esconde o seu pecado. A graça de D eus é
para todos.
C a p í t u l o 11
V ig ia i, po is n ã o
q u a n d o
Sa b e is
V ir á o Se n h o r
M a t e u s 2 5 .1 - 1 3
T od o cristã o precisa e sta r a lerta p a ra a v in d a in esp era d a de C r is to e d e s e n v o lv e r a r e s p o n s a b ili
d a d e p e s s o a l de v e la r n o s e n tid o de e sta r s e m p re p r o v id o de a z e ite e m s u a v id a .
M ais um a vez o M estre utiliza u m a experiência típica dos
costum es tradicionais da época para ensinar u m a grande lição
aos seus discípulos. A lgum as vezes ele explorava experiências
da vida rural, da vida pesqueira, da vida política e, tam bém , da
vida social. N esta feita, ele faz um a parábola de u m casam ento.
A narrativa que desenvolveu é rica em detalhes e oferece a
o p o rtu n id ad e de m aio r reflexão sobre os seus ensinos.
Segundo os costum es orientais, um a festa de casam ento
celebrava-se à noite e, co m o não havia ilum inação elétrica,
precisavam de algum a lam parina. As famílias mais abastadas
pod iam festejar durante vários dias. A celebração com eçava
quand o o noivo (esposo) e alguns amigos iam à casa da família
da noiva para en co n trar a esposa e, depois, d irigir-se ao local da
celebração das bodas. Feitas as cerim ônias religiosas, os noivos
se dirigiam para as bodas acom panhados p o r u m a grande p ro
cissão de am igos.Todos os participantes deveriam estar devida
m en te vestidos e, com o a cerim ônia realizava-se à noite, ti
As P a rá b o la s d e Jesu s
n h am de estar providos co m suas próprias lam parinas, natural
m ente, de azeite com bustível. C h eg an d o ao local das bodas,
todos os convidados entravam e a p o rta princip al era fechada.
N e n h u m estranho teria acesso àquela festa. A parábola im plica
lições de previdência para que n in g u ém seja to m ad o de sur
presa q uand o o esposo chegar. O caráter dessa parábola tem
u m sentido profético e escatológico,poisJesus deixa b e m claro
sobre a sua volta e a necessidade de estarm os preparados para
aquele m o m en to .
ELEM ENTOS H E R M E N Ê U T IC O S
DA PARÁBOLA
C o m o esta parábola te m u m sentido escatológico especial,
exige-se um a interpretação objetiva e cuidadosa. A lguns ele
m entos da parábola req u er o cuidado h e rm e n ê u tic o no senti
do de evitar quaisquer p on tos de vista que afetem o ensino
geral da parábola. São po n to s de vista distintos que m erecem a
nossa apreciação mas que tem contradições. C o n tu d o a sua
análise serve de base para um a argum entação mais equilibrada.
O im p o rtan te nesta interpretação é desenvolver um a linha de
en te n d im e n to que respeite os princípios de interpretação b í
blica sem isolar a parábola do co n tex to teológico geral. N a
parábola dos dois servos (M t 24.45-51) aprendem os a im p o r
tância daqueles que vivem na expectativa da vinda do Senhor,
não apenas os que esperam , mas os que são fiéis e prudentes.
N a parábola das dez virgens a lição principal é a p rudência e a
previdência. E ntretanto , existem alguns detalhes dentro dessa
parábola que m erecem nossa apreciação. Irem os analisar esses
detalhes para que se am plie o en te n d im e n to do ensino que
Jesus quis deixar para seus discípulos. P or esse m o d o podem os
evitar distorções de interpretação.
138
V
ig ia i, p o is
n ã o
Sa
b e is
q u a n d o
V
ir á
o
Se
n h o r
T rês c o r r e n te s d e in te r p r e ta ç ã o
A p rim eira, in terp reta “ as virgens” com o sendo “u m g ru p o
especial” que representa o “rem anescente ju d e u ” (Ap 7.3,4;
14.1-4), identificado com o os “ 144 m il salvos n o p e río d o da
G rande T ribulação” . N atu ralm en te, essa interpretação diz res
p eito aquele tem p o especial que acontecerá n o p e río d o da
G rande Tribulação, e nada te m a ver co m Igreja.
A segunda in terpretação refere-se às virgens que represen
ta a Igreja co m o u m todo. E xistem dois grupos distintos no
seio da Igreja: o g ru p o das cinco loucas e o das cinco p ru d e n
tes. D iv id em em duas m etades, ou seja, 50% representando as
“ cinco loucas” , e os outros 50% representando as “ cinco p ru
dentes” . E nsinam que um a m etade será salva (as prudentes), e a
outra m etade (as loucas) serão deixadas. U m a m etade subirá e
a outra não subirá no arrebatam ento da Igreja. U sa-se com o
arg um ento o tex to de M ateus 2 4 .4 0 -4 2 que diz:“E ntão, estan
do dois n o cam po, será levado um , e deixado o outro; estando
duas m o en d o n o m o in h o , será levada um a, e deixada o u tra ” .
Esse te x to p reced e um a ex o rtação de C risto à sua Igreja que
será tirada antes que venha o g rande dia da v inda pessoal e
visível do Messias. P o rtan to , a idéia de duas m etades é in
com patível co m o ensino geral sobre o arrebatam ento da Igreja
( lT s 4.16,17).
A terceira in terpretação refere-se ao n ú m ero dez que tem
o sentido de totalidade; p o r isso, as dez virgens representam os
cristãos com o u m to d o (a Igreja) e cada cristão individual
m ente. Esta interpretação é a que ganha m aior aceitação no
m eio evangélico. As “ dez virgens” representam “um a totalida
d e” , ou seja, a totalidade dos crentes em C risto no m undo.
Assim com o estas virgens aguardavam a chegada do esposo,
assim, tam bém , a Igreja aguarda a vinda do Esposo.
139
As
O
P a rá b o la s de Jesu s
q u e r e p r e se n ta m
as d e z v ir g e n s ? (M t 2 5 .1 )
A d esp eito da m u ltip licid ad e de d e n o m in a ç õ e s cristãs,
esp ecialm en te, evangélicas, sabem os q u e as dez v irg en s não
rep re se n ta m dez p re te n d e n te s d o esposo. N ã o são dez d e
n o m in a ç õ e s cristãs c o m p e tin d o p elo m esm o esposo.V isitei
vários lugares e m Israel, em alguns deles, d en o m in a ç õ es cris
tãs, divididas e n tre si, b rig a m pela posse de terras. Eles im a
g in a m q u e C risto possa te r nascido, sep u ltad o e co lo c a d o as
m ãos o u coisas sem elh an tes e m algum a p a rte desse lugar.
C h eg a a ser triste v er Igrejas c o m o : a de R o m a , a A nglican a,
a O rto d o x a , a G reg a-siríaca e ou tras m ais, d isp u tan d o o p a
pel de v erd ad eira e ú n ica re p re se n ta n te de C risto . N a reali
dade, se o lh arm o s a Igreja de C risto p o r u m a p ersp ectiv a
universal, a v erem os distinta em co m u n id ad es (igrejas) lo
cais, q u e p o d e significar u m a p lu ralid ad e d e n tro da u n id ad e.
P o rém , não devem os levar para esta discussão. O que im
p o rta nesta parábo la é que as dez virgens rep resen tam , lite
ralm en te, os cren tes in d iv id u a lm e n te e, estes, c o m p õ e m o
c o rp o da Igreja (a esposa) de C risto .
P o r q u e o u s o d a p a la v r a “ e s p o s o ” a o in v é s d e
“ n o iv o ” ?
N aq u ele tem po, especialm ente nas terras do O rie n te M é
dio, o noivado era quase tão definitivo q u anto o casam ento.
U m a m u lh er com p ro m etid a em noivado era tratada com o “ es
posa” , em bora vivesse fisicam ente separada do noivo (ou espo
so). A m bos estavam obrigados à m esm a fidelidade, com o se
estivessem casados (G n 29.21; D t 22.23,24; M t 1.18,19). N a
linguagem escatológica, a Igreja é a esposa de C risto p o rq u e
está com p ro m etid a co m Ele (Ap 19.7; 21.9; 22.17).
140
V
ig ia i, p o is
n ã o
Sa
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q u a n d o
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n h o r
O e n s in o p r in c ip a l d a p a r á b o la
A linguagem da parábola é m etafórica (figurada), mas a
m ensagem dela é literal.Jesus queria ensinar aos seus discípulos
sobre a necessidade de cada crente estar devidam ente prepara
do para a chegada do esposo, o u seja, a vinda de C risto (M t
24.42; 25.13). A parábola fala de dez virgens que aguardavam o
esposo, mas isto não significa um a abertura para a poligam ia
(M t 25.1).A Igreja não é a constituição de dez esposas, o u dez
pretendentes. Essa idéia fere com p letam ente o p rin cíp io bási
co do casam ento que é a m onogam ia. P ortanto, a Igreja é só
um a esposa. O n ú m ero dez é red ondo, dá a idéia de algo c o m
pleto. O n ú m ero dez era m u ito significativo na vida cotidiana
dos povos antigos, especialm ente, do povo israelita. P o r exem
plo: os dez m and am en tos (Ex 20); dez hom ens para ju lg ar so
bre u m assunto (R t 4.2); para um a reunião em qualq uer sina
goga era exigido n o m ín im o dez pessoas; e segundo o h isto ri
ador Josefo, para se c o m er o cordeiro pascal exigia-se n o m ín i
m o dez pessoas presentes. N ão podem os dogm atizar o núm ero
dez n e m forçar qualquer interpretação, mas o m esm o ganha
im portância no sentido de valorizar seu significado de totalida
de. A totalidade das dez virgens representa o corpo form ado da
Igreja que reúne todos os crentes para form ar um a só esposa.
O p rim eiro versículo desse capítulo destaca o verbo sair,
quan d o diz: “E ntão o reino dos céus será sem elhante a dez
virgens que, to m an d o as suas lâmpadas saíram ao e n co n tro do
esposo” (M t 25.1, ênfase do autor). O verbo “sair” indica a
ação da Igreja se m ovim entando, isto é, saindo do lugar, para
en co n trar o esposo (1 Ts 4.15-17). O ra, o p ró p rio sentido da
palavra eclésia no grego significa “ sair para fora” o u “vir para
fora” . N o sentido espiritual, a Igreja é o povo que saiu para
fora dos seus term o s para en co n trar co m alguém im portante.
141
As
P a rá b o la s d e Jesu s
Todo crente em C risto saiu do seu estado de pecam inosidade
para u m novo estado de vida regenerada (2 C o 5.17).
DUAS CLASSES DE CR EN TES
(M t
25.2-5)
Jesus destacou estas duas classes de crentes co m o as p ru
dentes e as loucas. D evem os n o tar que as virgens estavam ves
tidas igualm ente e todas se prepararam para a chegada do es
poso, quando, então, haveria o cortejo nupcial até a festa das
bodas. H avia um a certa harm o n ia quanto as vestim entas assim
co m o todas levavam consigo as suas lâmpadas. Elas conheciam
o esposo e m an tin h am suas lâm padas acesas. P orém , o esposo
tardou, e então se percebeu a diferença entre as dez virgens.
A s lo u c a s (M t 2 5 .3 )
P or que o te rm o “loucas” ? D evido ao co m p o rtam en to que
dem onstraram . Elas foram irreverentes e insensatas. U m a pes
soa é louca quando perde a capacidade de refletir, de pensar
sabiam ente. E a falta de atitudes responsáveis. Ser cham ado de
“lo u c o ” não é nada fácil. As virgens displicentes foram cham a
das de “loucas” . Foram insensatas com relação a espera do es
poso. Elas representam os crentes que vivem descuidados quanto
à sua vida espiritual. Fazem “p o u co caso” das responsabilidades
espirituais e q u anto à oração (R m 12.12; 1 C o 7.5; 1 Ts 5.17);
quanto à leitura sistemática da Bíblia (2 T m 3. 15-17); quanto
ao espírito m issionário (Ez 3.18,19; M t 28.19,20; M c 16.1517); quanto ao am or fraternal (1 Ts 3.12; 4.9; R m 12.10). As
cinco loucas dem onstraram insensatez, pois não se preo cu p a
ram em levar azeite suficiente em suas vasilhas e lâmpadas (M t
25.3,5; H b 6.12; Pv 18.9). As virgens loucas dem onstraram
hipocrisia, isto é, falsa espiritualidade, falsa devoção e fingi
m en to (M t 25.3,8; 1 Pe 2.1; Is 9.17; Ez 33.31,32; 2 C o 5.12).
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A s p r u d e n t e s ( M t 2 5 .4 )
Por o utro lado, Jesus reconh eceu que as outras cinco vir
gens foram cuidadosas e previdentes. E m to d o o tem p o que
aguardavam a chegada do esposo, elas foram cuidadosas, caute
losas e vigilantes.Três qualidades foram dem onstradas pelas v ir
gens prudentes: previdência, sinceridade e vigilância. A p ri
m eira qualidade, previdência, indicava a precaução e a cautela.
Elas se prepararam para o futuro incerto. P or isso, elas tinham
azeite em suas vasilhas (M t 25.4). N ã o basta ter lâm padas poli
das e brilhantes, com aparência de norm alidade, mas vazias in
te rio rm e n te (M t 5.15,16; 1 Sm 16.7). Aquelas vasilhas precisa
vam ser um a provisão co n tín u a de azeite para as lâm padas. Isto
significa que o “ azeite” é sím bolo da provisão do E spírito San
to na vida do crente e precisa ser renovado dia a dia (E f 5.18; 2
R s 4.1-7). A segunda qualidade é sinceridade e isto significa
te r atitudes puras, sem m istura, sem alteração. Estas virgens p ru
dentes dem onstraram sua sinceridade quand o disseram às o u
tras: “ N ã o seja caso que nos falta a nós e a vós” (M t 25.9). A
terceira qualidade foi vigilância, isto é, estado de alerta, p ro n ti
dão (M t 25.13; R m 13.11).
A s c o n d iç õ e s e s p ir itu a is d a s d e z v ir g e n s (M t 2 5 .2 - 5 )
D uas classes de crentes são destacadas nesta parábola: os
insensatos e os prudentes. As loucas representam os crentes in
sensatos e alienados espiritualm ente. São típicos daqueles que
vivem na periferia da fé, pois n un ca se entrosam perfeitam ente.
São os que andam fora da linha do cristianism o. P or o u tro lado,
os p ru d en tes representam os cristãos cautelosos, previdentes,
pois m an tém um a vida cristã de vigilância e espiritualidade.
As dez virgens possuíam lâm padas e vasilhas de azeite (M t
25.7-9). As loucas tin h am azeite apenas nas lâmpadas até que
143
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
acabou, não tin h am n e n h u m azeite em suas vasilhas. Elas fo
ram displicentes e não se preocu param em prover o azeite. As
p rudentes, pelo contrário, tin h am azeite nas lâm padas e em
suas vasilhas.
R EQ U ISITO S INDISPENSÁVEIS PARA
E N T R A R NAS BODAS
As jovens virgens precisavam estar providas de alguns ele
m entos indispensáveis para participar das bodas.
V e ste s b r a n c a s. O principal fator req u erid o para se entrar
em um a festa de casam ento era a vestim enta, que tinha que ser
branca. P ortanto, vestidos brancos sim bolizavam a pureza da
noiva e o esplendor da festa. N a linguagem figurativa, os vesti
dos brancos feitos co m o tecido típico da época que era o
lin h o fino, significam (biblicam ente) as “justiças dos santos”
(Ap 19.8). N a era neotestam entária, os vestidos brancos dos
crentes em C risto são lavados no sangue do C ordeiro (Ap 7.14).
C a lç a d o s p r ó p r io s . O s calçados são feitos com o E vange
lho da Paz. O profeta Isaías ao falar da redenção desejada pelos
ju d eu s destacou o papel dos que levam a boa notícia e procla
m am a salvação e a paz. Ele disse: “ Q u ã o suaves são sobre os
m ontes os pés do que anuncia as boas novas, que faz o u v ir a
paz, que anuncia o bem , que faz o uv ir a salvação, que diz a
Sião: O teu D eus reina!” (Is 52.7) O apóstolo Paulo fez um a
aplicação dessa m ensagem de Isaías à pregação do evangelho
que é um a proclam ação de paz e salvação (E f 6.15).
L a m p a r in a s . O u tro fator que aparece nesta parábola são as
lam parinas providas de azeite para estarem acesas durante a noite
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n h o r
(M t 25.1). Essas lamparinas são ilustradas p o r Jesus em um a o u
tra figura interessante, a dos olhos. Jesus disse que a lâm pada do
corpo são os olhos (M t 6.22; Lc 11.33-36). O lhos obscuros, ce
gos, fechados não pod em produzir n en h u m a luz, assim sendo,
essas lâmpadas p o d em indicar a luz ou a cegueira que está no
crente. Jesus disse que a nossa luz deve resplandecer diante dos
hom ens (M t 5.15,16).Ter a luz acesa, não apenas ilum ina o que
está à frente da pessoa, mas significa “ estar vigilante” (Lc 12.35).
R e c ip i e n t e (v a s ilh a ) p a r a o a z e i t e ( M t 2 5 .4 ) . Esse recip ien
te era feito de couro b e m cu rtid o para não dar vasam ento e
para c o n te r o azeite com bustível. T ip o lo g icam en te, esses reci
pientes (ou vasilhas) representam a nossa vida espiritual que
precisa estar provida de azeite que é sím bolo de glória, brilho,
unção, energia e au torid ad e espiritual (E f 5.18). O bviam ente,
as pessoas naquela época não carregavam esses elem entos para
simples exibição, mas eram indispensáveis para se andar à noite.
P or isso, o azeite é sím bolo do E spírito Santo com o aquele que
cura, alim enta, unge, e fornece luz.
A CHEGADA D O ESPOSO (M t 25.10)
O c la m o r d a m e ia -n o ite
N o tex to está escrito: “M as à m eia-n o ite ouviu-se u m cla
m o r” (M t 25.6). E scatologicam ente, “ m eia- n o ite ” te m um a
sim bologia especial. Significava a consum ação o u o p rin cíp io
de u m novo dia, u m novo tem po. Para aquelas virgens, era a
ansiedade da chegada do esposo. Sim bolicam ente, m eia noite,
era a hora do silêncio, quand o todos d o rm e m o sono mais
intenso. Era a hora inesperada. A preocu pação de Jesus em sua
m ensagem nesta parábola era o de despertar seus discípulos
145
As
P a rá b o la s d e Jesu s
para o fato daquela hora inesperada, quando poucos estão aten
tos. A vinda de C risto será assim para a sua am ada esposa (1 C o
15.51,52; 1 Ts 4 .1 4 -1 7 ).“M eia n o ite ” pode significar a chega
da do fim da dispensação da graça e o despertar de um a nova
era, u m novo dia para a Igreja de C risto. E os que chegarem
tarde para as bodas pod erá significar o início de ju ízo sobre as
nações n o p erío d o da G rande Tribulação.
Q u a t r o d ia s e s c a t o l ó g i c o s
“M e ia -n o ite ” é um a expressão que significa p rin cíp io ou
consum ação de u m novo tem po. N a linguagem escatológica
da Bíblia, u m dia p o d e representar u m tem po, um a época, u m
p erío d o de tem po. O s teólogos apresentam , através de um a
linguagem m etafórica, quatro dias escatológicos que represen
tam dispensações, o u seja, períodos de tem pos.
O prim eiro dia escatológico é d en o m in ad o D ia do h o
m em . Esse dia representa toda a história da hum anidade em
que o h o m e m pensa, fála, ordena, decide, faz e desfaz.
O segundo dia escatológico é d en o m in ad o D ia de C risto
(Fp 1.10). Esse dia alcança três eventos escatológicos im p o r
tantes. D iz respeito ao en co n tro da Igreja com C risto nos ares,
o u seja, n o arrebatam ento da Igreja (1 C o 15.51,52; 1 Ts 4 .1 4 17). Alcança, tam bém , o T ribunal de C risto no céu, q uand o os
salvos em C risto hão de com parecer para o ju lg a m e n to de suas
obras feitas na te rra . Esse T rib u n a l n ão te rá u m se n tid o
condenador, mas prem iado r pelas obras feitas (2 C o 5.10; Fp
1.10; 2 C o 1.14; E f 5.27). O u tro evento im portante, dentro do
dia de C risto, diz respeito às Bodas do C ordeiro (Ap 19.1,7;
21.9,10). Esses três eventos acontecerão dentro do p erío d o do
“ dia de C risto ” n o céu; não na terra.
O terceiro dia é d en o m in ad o D ia do S en hor (D n 9.27;A p
1.7). O dia do S en h o r é confundido, às vezes, co m o dia de
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C risto pela ligação dos fatos que sucedem . E ntretanto , nesse
dia se inicia a in tervenção de C risto sobre a terra. Será o dia de
sua aparição, a sua m anifestação (epifanéia, gr.) pessoal e visí
vel sobre a terra, que c o rresp o n d e à profecia de D aniel 9.27;
A pocalipse 1.7, ou seja, ao final da G rande Tribulação que eq ü i
vale à “sem ana profética” de D aniel de sete anos. N esse dia,
C risto descerá gloriosam ente sobre o m o n te das Oliveiras em
Jerusalém (Zc 14.1-9) e julgará as nações e destruirá a trin d ad e
satânica constituída pelo A nticristo, o Falso Profeta e o D iabo
(grande D ragão). Será o dia da intervenção do S en h o r naquele
im p ério da m aldade (Ap 1 9 .1 1 -2 1 ;2 0 .1 0 ).E sse dia será q u an
do o S en hor instalará seu reino de m il anos sobre a terra (Ap
20.4-6). Ele reinará co m os seus fiéis e fará de Jerusalém , a
terrestre, a capital do reino sobre o m undo.
O q uarto dia é d en o m in ad o D ia de D eus (2 Pe 3 .1 2 ).Esse
será o dia do grande inventário universal. N ada escapará ao
co n h ecim en to e ju íz o de D eus. E identificado na Bíblia co m o
“ o ú ltim o grande dia” (2 Pe 3 .7 ;Jd 6). E, tam bém , identificado
com o “ o dia do G rande T rono B ra n c o ” , isto é, o dia do Ju ízo
Final, quand o todos os ím pios, em todas as eras serão julgados
e sofrerão o dano da “segunda m o rte ” , que significa, o “ e te rn o
b an im en to da presença de D e u s” .
A c h e g a d a d o e s p o s o (M t 2 5 .1 0 )
A chegada do esposo será precedida p o r “u m clam o r” (v.
6). Esse clam or tem o sentido de grito, brado, alerta, voz alta
para acordar q u em estiver d o rm in d o ou para alertar q u em es
tiver aten to para o inesperado (1 C o 15.51,52; 1 Ts 4.15,16).
Ele virá para um a esposa que o espera (M t 25.13,42,44; 1 C o
15.5 0 -5 2 );que o ama (1 Pe 3.18; 1 Jo 4 .1 9 );q u e reflete a glória
do esposo (2 C o 3.18); que te m o perfum e do esposo (2 C o
2.15; C t 4 .1 1 ).Ele virá in esp eradam ente,à sem elhança dos dias
147
As P
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e su s
de N o é, quand o aquela geração fez p o u co caso da sua m ensa
gem de ju íz o divino (M t 24.36-44). Ele virá em um a h o ra que
os servos negligentes não o esperam (Lc 12.45,46). Ele virá
n u m “ abrir e fechar de olhos” indican do que esse tem p o to r
na-se difícil co n tá-lo o u detectá-lo. Paulo, o apóstolo usou o
te rm o grego átom o s que im plica n um a partícula m ínim a de
tem p o quase que indivisível (1 C o 15.52). Será mais rápido
que o relâm pago que corta o céu de um p o n to a o utro (Lc
17.24). Ele virá buscar um a esposa que foi purificada, ataviada
para o en co n tro através do E spírito Santo (R m 1.4;A p 19.7,8).
AS BODAS D O CASAM ENTO
(M t
25.10)
O n d e se r á o lu g a r d a c e le b r a ç ã o d a s B o d a s?
N aturalm ente, o lugar das Bodas será nas m ansões celestiais,
n o céu, não na terra (Ap 19.1,7; 21.9,10); n e m será no perío d o
do m ilênio 11a terra. A despeito da linguagem figurada que a
Bíblia usa para ilustrar eventos espirituais, esse lugar não é fic
tício. E real e verdadeiro, p o rq u e a Bíblia assim o diz.
Q uem
é o esp oso?
O esposo é C risto (Ap 19.7) e a esposa é a Igreja n e o testam entária (E f 5.2 2-32). Ele é cham ado “ o C o rd eiro de
D e u s” , p o r causa do seu sacrifício no C alvário, pela sua amada
(Jo 1.29; 3.28,29).
Q uem
é a esp osa ?
A palavra “ esposa” refere-se, naturalm ente, a um a m u lh er e,
na Bíblia, m etaforicam ente, p o d e significar “ nação, povo, gen
te, co m u n id ad e” , co n fo rm e o co n tex to da escritura que usa a
palavra “m u lh e r” . P ortanto, 110 co n tex to figurado escatológico,
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a “ esposa” do C o rd eiro não é Israel, visto que Israel o rejeitou
em sua prim eira vinda (Jo 1.11), p o r isso, através de um a lin
guagem m etafórica, Israel é denom inada “m u lh er rameira, adúl
tera, p o r causa do seu pecado co m os costum es das nações (Ap
18.9,10,24). A verdadeira esposa é a Igreja gentia, lavada e
purificada pelo sangue do C o rd eiro e preparada pelo E spírito
Santo para ser a esposa do C o rd eiro (2 C o 11.2;A p 19.7).
Q uem
sã o o s c o n v id a d o s d a s B o d a s?
O s convidados do esposo para as Bodas (Ap 19.9) são os
anjos que os servirão. O rem anescente ju d e u (os 144 mil) sal
vos na G rande Tribulação (Ap 14.1-4), o am igo do noivo que
é o E spírito Santo e os santos do A ntigo T estam ento ressuscita
dos na grande ressurreição que aparecem na qualidade de am i
gos do esposo. Im agine os convidados do noivo que en co n tra
rem os lá, tais com o Abraão, Isaque, Jacó, José, M oisés, Elias,
D avi e tantos outros do A ntigo Testam ento.
A e x c lu s iv id a d e d a s B o d a s (M t 2 5 .1 0 )
D iz o tex to literalm ente que após o esposo e a esposa en
trarem co m os seus convidados no lugar da G rande Festa, id en
tificado com o “Bodas do C o rd e iro ” (Ap 19.7-9), a p o rta da
Casa do R e i será fechada. N a parábola, literalm ente, está escri
to que “fechou-se a p o rta ” (M t 25.10). Este é o tem p o da graça
de D eus quan d o todos os crentes tem a o p o rtu n id ad e de se
prepararem para aquele D ia Festivo; p o rém , quand o fechar-se
a porta, não haverá um a segunda o p o rtunidad e. Toda e qual
quer justificativa será desconhecida perante o Senhor (M t 25.11).
A grande lição que aprendem os nesta parábola é que de
vemos estar atentos para este G rande D ia da vinda do Esposo,
quando n in g u é m saberá a hora.
149
C a p í t u l o 12
As B o
d a s
d o
Fil h o d e D eu s
M a te u s 2 2 .2 - 1 4
G o z a m o s a q u i n a terra, agora, as benesses das B o d a s do R e i e n o s p re p a ra m o s
p a ra o c lím a x dessa f e s ta , n a s B o d a s d o C ord eiro.
Esta parábola é precedida p o r u m a expressão típica de Je
sus em várias outras situações:“E ntão Jesu s, to m an d o a palavra,
to rn o u a falar-lhes em parábolas” (v. 1). Esta expressão indica
que Jesus continuava a dar resposta às objeções dos seus in im i
gos declarados, os chefes do S inédrio e das sinagogas na capital.
A parábola que segue é, mais um a vez, u m a resposta às insinu
ações maldosas dos seus adversários (M t 21.46). O s intérpretes
confundem , às vezes, esta parábola co m outra em Lucas 14.1624. As duas parábolas falam de um a festa prom ovida p o r u m
rei. P orém , em ambas as festas os convidados rejeitam o convi
te. P or mais que se ten te en co n trar sim ilaridade nas duas pará
bolas, percebe-se detalhes distintos que lhes dão lições to tal
m ente distintas.
N esta parábola de M ateus as bodas são para o filho. N ão se
trata de n en h u m a festa co m u m , mas um a festa dada p o r u m rei
às bodas de seu filho. P o rém o rei enviou seus servos a fazerem
convites a pessoas de seu co n h e c im e n to e de seu filho. M etafo
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
ricam ente, Jesus estava direcionando esta parábola aos seus ad
versários e os acusa de estarem rejeitando o convite de D eus
para a festa do seu Filho. Todavia, eles preferiram desonrar o
filho e m atar seus servos. A lição princip al que Jesus p õ e em
destaque está no versículo 1 4 :“ ... m uitos são cham ados, mas
poucos, escolhidos” . Esse conceito indica tam b ém que a pará
bola te m u m sentido escatológico, p o rq u e fala de juízo.
U M C O N V I T E D O R E I (M t 22 .2,3)
Q uem
é o R e i?
E m toda a Bíblia, D eus, o S en h o r e C riad o r de todas as
coisas, é identificado p o r vários títulos, dentre os quais o de
R e i. N o hebraico, a palavra aparece, p elo m enos, 2.500 vezes.
N o hebraico, a palavra “ re i” aparece co m o m e le k , e n o grego
do N o v o T e stam en to a palavra é ba siléus. E x iste m vários
cognatos do te rm o c o m o “ re in o ” , “ ra in h a ” , “ re in a r” . D e
G ênesis 14.1 até A pocalipse 21.24, essa palavra está presente
nas páginas da B íblia. E n tretan to , em relação a D eus, a palavra
rei tem u m sentido especial e m etafó rico . Paulo o ilustrou
co m o R e i te rn o (1 T m 1.17 —A R A ). E m relação à Igreja,
C risto é o R e i (1 T m 6.15,16; M t 27.1 l) .E m síntese,D eus é o
S en h o r com p o d er suprem o sobre todas as coisas.
N as parábolas de C risto, D eus Pai é ilustrado de m o d o
especial. Nas duas parábolas anteriores (M t 21.28,33), D eus é
representado na figura do viticultor, pai e senho r de um a v i
nha. Nestas parábolas Ele é ilustrado na figura de “u m rei” e
“p ai” . N a outra parábola, o filho era o herdeiro da vinha; nesta,
é o filho do rei que vai se casar (SI 72.1). S ubtende-se que o rei
é o nosso Pai Celestial; o filho é Jesus C risto, o noivo que vai se
casar; a noiva é, indiscutivelm ente, a Igreja.
152
As
B o d a s d o F il h o d e D e u s
U m a c e le b r a ç ã o d e s e ja d a p e lo r e i ( w . 2 ,3 )
A despeito desta parábola ser um a resposta aos seus in im i
gos religiosos,Jesus, na verdade, estava apresentando um a pará
bola sob duas perspectivas: um a no presente e outra, futura.
A queles que inicialm ente foram convidados para as bodas (vv.
4-6) representavam os ju d eu s que rejeitaram o Filho, Jesus. E m
vez de aceitarem o convite, preferiram fazer outra coisa. O rei
sem pre desejou esta festa e, n o tem po devido, chegaria o m o
m en to da celebração. Era o desejo do rei e do filho, mas o
convite foi relegado p o r outros afazeres.
A c e le b r a ç ã o t e m
um
s e n tid o a tu a l
A celebração te m u m sentido presente e futuro, isto é,
escatológico. E n tretan to , colocar esta parábola n o c o n tex to
presente não desfaz a óptica escatológica da parábola. O ra, J e
sus estava falando para aquele povo que lhe ouvia naquele
m o m en to . P ortanto, a interpretação não se restringe a u m de
term in ad o tem po, mas o enredo da parábola te m u m sentido
dinâm ico, isto é, não te m u m sentido estático, 110 sentido de se
p o d er in terp retar escatologicam ente. O convite de D eus é ao
povo de Israel, esperando que reconhecesse em Jesus o herd ei
ro do R e in o (At 13.46).João, o apóstolo amado, escreveu que
Ele “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam ” (Jo
1.11). O p ro n o m e “seus” refere-se ao povo de Israel, do qual
Jesus era nascido. N esta parábola Jesus nos faz su btender que
Israel, com o povo, recusou o convite. O ra, p o r esse aspecto
histórico, entendem o s que, um a vez que Israel o rejeitou, res
tou a o p o rtu n id ad e para todos quantos não faziam p arte desse
Israel legalista. M ais um a vez fortalece o fato de que se o c o n
vite aos de casa foi rejeitado o m esm o foi aberto para todas as
nações e povos do m undo, e Jo ão disse: “Mas a todos quantos o
153
As
P a rá b o la s d e Jesu s
receberam d eu-lhes o p o d er de serem feitos filhos de D eus: aos
que crêem n o seu nom e, os quais não nasceram do sangue,
n em da vontade da carne, n e m da vontade do varão, mas de
D e u s” (Jo 1.12,13). N esse tem p o de m anifestação da graça de
D eus, a p o rta da casa do R e i foi aberta para todos os demais.
E m bora a celebração resulte no casam ento — união futura
entre C risto e sua Igreja — a festa está o co rren d o agora p o r
q ue já desfrutam os, nesta dispensação, as delícias desse “ja n tar
preparado” (v. 4).
A c e le b r a ç ã o se r á , ta m b é m , fu tu r a
N aturalm ente, esta parábola nos leva às “bodas do C o rd ei
ro ” (Ap 19.7-9). N o A ntigo Testam ento, a união m atrim on ial
era um a figura da relação entre D eus e Israel (Is 54.4). Porém ,
no N o v o Testam ento a figura do m atrim ô n io é apresentada na
relaç ão e s p iritu a l e n tre C ris to e a Ig re ja , a “ esposa do
C o rd eiro ” (Ap 19.7; 21.9).
OS CO N V ID A DO S D O REI
D o is in s is te n te s c o n v ite s p a ra Isra el
N o p rim eiro convite do rei (M t 22.1-3), os servos saíram
com endereço certo para convidar pessoas que faziam parte
das relações co m o rei para as bodas. Todavia, os convidados
apresentaram desculpas implausíveis para não irem a festa. P or
m otivos secundários e p o r preferirem tratar de seus interesses,
esses convidados não apenas rejeitaram o convite do rei, mas
ofenderam -no , desrespeitando sua autoridade. O s obstáculos
levantados p o r esses convidados não justificavam o p o u co caso
ao convite do rei.
O rei não desistiu da festa. Pelo contrário, resolveu fazer
u m segundo convite. Ele e n ten d eu que os convidados talvez
154
As
B o d a s d o F ilh o d e D e u s
não tivessem en ten d id o o convite e a im p o rtân cia do m esm o.
P or isso, o rie n to u os m ensageiros que levassem os convites e
declarassem aos convidados que o ja n ta r já estava preparado, os
bois e os cevados já m ortos, e tu d o estava p ro n to para a cele
bração (M t 22.4-7). P orém , outra vez, aqueles convidados re
jeitaram o convite do rei.
Esse fato foi en ten d id o p o r Paulo e B arnabé em um a de
suas prim eiras viagens missionárias. A o chegarem a A ntioqu ia
da Pisídia, visitaram as sinagogas e pregaram o evangelho de Cristo.
A m bos, entendendo o plano de D eus, não tem eram fazer co m
parações com as profecias do A ntigo Testam ento e declarar que
Jesus era o Messias prom etido (At 13.26). M ostraram aos ju deu s
que os ouviam que eram privilegiados em receber a palavra de
D eus antes dos gentios, mas eles rejeitaram o convite e, p o r isso,
m ediante a sua recusa a Jesus C risto co m o Salvador e Senhor, o
convite se voltaria para os gentios (At 13.46).
O s d o is p r im e ir o s c o n v it e s r e v e la r a m tr ê s c la s s e s
d e p esso a s
A p rim eira classe é a dos indiferentes, p o rq u e lhes interes
sava m u ito mais cuidar dos assuntos m ateriais, dos negócios, do
que ir a um a celebração. A segunda classe é a dos ingratos, pois,
um a vez que faziam parte da am izade do rei, ainda foram v io
lentos, m altratando os servos do rei. A terceira classe daqueles
prim eiros convidados era ainda p io r que as duas já m en cio n a
das p o rq u e não lhes interessava qualq uer coisa que não fosse
do seu p ró p rio interesse. A lém de m anifestarem um a oposição
amarga ao convite levado pelos servos do rei, ainda persegui
ram e usaram de violência co m eles. Seu egoísm o era tão forte
que aquele convite parecia ser um a afronta a eles e, p o r isso,
não h e sitara m u ltra ja r e m a ta r os servos d o rei (M t 2 2 .6 ).
155
As
P a rá b o la s d e Jesu s
É interessante n o tar que os indiferentes e os ingratos não m a
taram n e m perseguiram os servos. H istoricam ente, essas duas
classes de convidados não m ataram os profetas n e m o Messias,
mas sim os da terceira classe, os religiosos céticos, isto é, exata
m ente, os chefes religiosos que viviam perseguindo a Jesus.
Foram eles, dom inados p o r presunção capaz de os levar a odiar
e a m atar quem fizesse som bra sobre o p o d er que exerciam.
Eram , na verdade, u m a classe de pessoas co m um a visão errada
de religiosidade. O rei os p u n iu severam ente, suas cidades, suas
famílias, p orqu e o problem a não foi a simples recusa ao convi
te, mas a afronta à autoridade real e o desafio ao m atarem aqueles
servos. N a história da Igreja, através dos séculos, os servos de
C risto foram m o rto s e perseguidos p o r causa da m ensagem do
evangelho.
O te r c e ir o c o n v it e (M t 2 2 .8 - 1 0 )
Esse convite revela o p o d er divino de exercer a justiça ir
m anada à m isericórdia. S egundo o costum e da época, os c o n
vidados dessa feita não tinham absolutam ente nada co m o rei.
P o r isso, eram considerados indignos para participar de um a
festa na casa real. Esses convidados não tin h am etiqueta n e m
ostentavam classe social algum a. N ã o gozavam da am izade do
rei e eram pessoas com uns do povo, discrim inadas pela socie
dade de então (M t 22.8). O s gentios eram discrim inados pelos
ju d eu s p o r serem pagãos. Essa discrim inação devia-se ao fato
de serem adoradores de outros deuses, mas, ao receberem o
convite, foram acessíveis aos servos do rei e ench eram a casa
real. O texto diz que os servos do rei foram p o r todos os cam i
nhos possíveis e convidaram a todas as pessoas, in distintam ente
(M t 22.10). A o rd em do rei dizia que os servos deveriam ir a
todas as saídas do cam inho, significando que deveriam ir não
apenas às pessoas dentro dos term os geográficos de Israel, mas
156
As B
o d a s
d o
F
il h o
d e
D
e u s
a tantas quantas fossem encontradas fora das fronteiras do te r
ritó rio . O livro de A tos dos A póstolos é u m testem u n h o do
evangelho que foi levado para fora das fronteiras de Israel. A
recusa dos ju d eu s ao convite do R e i abriu a p o rta para os
gentios (R m 11.11; 15.27; E f 3.6).
O s p r o p ó s ito s d e D e u s n ã o p o d e m
fic a r fr u s tr a d o s
A rejeição dos ju d eu s p ro p icio u a entrada dos gentios no
R e in o dos céus (vv. 8-10). A despeito da rejeição dos ju d eu s ao
plano de salvação oferecido pelo Senhor, na presciência divina
já estava elaborado o plano que não frustraria o projeto divino
para a salvação da hum anidade. D eus não ab an d o n o u Israel em
seus propósitos; apenas foi colocado em segundo plano para
que assumisse o p rim eiro lugar, a Igreja, que é constituída de
ju d eu s e gentios. O propó sito de D eus é form ar um a fam ília
de filhos que assimilem a im agem de Jesus e sejam com o Ele
(R m 8.29). A eleição da p arte de D eus não é feita segundo a
carne (R m 9.8), mas segundo o Espírito. O im p o rtan te é que
o propósito divino não p o d e ser frustrado p o r interferências
hum anas, p o rq u e D eus faz valer seu propósito acim a de qual
q u er obstáculo. Se aqueles convidados da parábola tinham di
reito à festa, p o r serem ju d eu s, não alcançaram a justiça p o r
direito segundo a carne. O s demais convidados, aqueles consi
derados “ in dign os” , pelo contrário, ao aceitarem o convite, al
cançaram a justiça m edian te a fé (R m 9.30-33). Para eles, bas
to u ouvir, crer e aceitar o convite do R ei.
A F E S T A D O C A S A M E N T O (M t 2 2 .1 0 -1 2 )
O s benefícios e delícias do R e in o m essiânico são repre
sentados pela figura de u m a festa nupcial. O s ju d eu s foram
indiferentes ao convite do R e i. O s servos enviados p elo R e i ao
157
As
P a rá b o la s d e Jesu s
longo da história desse povo foram rechaçados e maltratados,
desde os prim eiros profetas até o últim o, entre eles, João Batista.
O s c o n v id a d o s p r e c is a v a m
e sta r v e s tid o s a d e q u a
d a m e n t e (v . 1 1 )
N o rm alm en te, q uem vai a um a festa de casam ento vestese apropriadam ente para o evento. P orém o rei sabia que estes
últim os convidados eram desprovidos da m e n o r condição m a
terial para o b terem vestidos apropriados. E ntão, sabendo da
situação desses convidados de últim a hora, o rei providenciou
vestes nupciais que os tornassem tão especiais quanto qualq uer
pessoa de elite. E scatologicam ente, a Igreja é a N oiva do C o r
deiro, o Filho do R e i (Ap 19.7,8). Q u al o significado sim bóli
co da “veste nupcial” ? Significa vestir-se com um a roupa ade
quada para um a festa de casam ento. N aturalm ente, aqueles que
vieram de u m m u n d o sujo e com andrajos velhos precisam
desnudar-se dessas vestes antigas, dos andrajos do pecado, e
vestir-se co m os vestidos próprio s de festa.
U m a s u r p r e s a d e s a g r a d á v e l n a f e s t a (v . 1 1 )
A lguém entrou no salão de festas da casa do rei mas não se
vestiu adequadam ente para as bodas. Era costum e do O rie n te
oferecer aos convidados algum a vestim enta adequada para um a
festa daquele nível. Isso foi feito a todos aqueles convidados
que eram pobres e não tin h am a m e n o r condição para tal. D e
repente, quando o rei entra n o recinto da festa para ver seus
convidados devidam ente vestidos, viu ali u m h o m e m não ves
tido de m aneira adequada. Era u m c o m p o rta m e n to inaceitável
para a sociedade de então. Trazendo isto para a realidade espi
ritual, entendem o s que é im possível alguém querer estar na
celebração m aior do R e in o de D eus sem estar trajado adequa
158
As
B o d a s d o F ilh o d e D e u s
dam ente. Tal co m p o rta m e n to significava um a atitude im p ró
pria para aquele am biente. A quele h o m e m , displicente naquela
festa, representa um a classe de pessoas que en te n d e m que p o
dem servir a D eus de qualq uer m odo, sem dem onstrar os sinais
da obra purificadora e santificadora do C alvário. Q u e m está
vestido co m suas próprias justiças não tem direito a q u erer
entrar na Festa quan d o todos estão trajando vestidos que re
presentam as “justiças dos santos” .
A v is ã o e s c a to ló g ic a d a s b o d a s
D ois textos bíblicos nos dão essa visão, em M ateus 22.10 e
Apocalipse 19.7-9. N a festa das bodas, co n fo rm e a parábola, o
versículo 10 d iz :“ ... e a festa nupcial ficou cheia de convida
dos” . Q u e alegria para o coração do rei ver sua casa lotada com
esses extraordinários convidados. Eles representam a Igreja ao
lo ngo de sua história e que, u m dia, será arrebatada. O s m ortos
em C risto serão ressuscitados (1 Ts 4.17) e conduzidos às b o
das do C ordeiro para o glorioso casam ento do Filho do R e i
co m a sua am ada Igreja.
Q u e sã o as b o d a s d o C o r d e ir o s e g u n d o A p o c a lip s e
1 9 .7 ?
A palavra “b o d a ” significa “ celebração” . P ortanto, a grande
celebração da eternidade acontecerá n o casam ento de Jesus
com a Igreja. A palavra “ cordeiro” refere-se ao papel expiatório
de C risto n o C alvário co m o “ o C o rd eiro de D eus, que tira o
pecado do m u n d o ” . O sentido da palavra “ co rd eiro ” em rela
ção a C risto fortalece a idéia de que a Igreja foi com prada p o r
u m alto preço, o do sangue do C ordeiro de D eus (Ap 5.6-9).
O “filho do rei” é a m esm a figura do “ C o rd e iro ” que se
resum e na pessoa de C risto. Ele é o Esposo desejado pela Igre
159
As
P a rá b o la s d e Jesu s
ja (a esposa). A “ esposa” do Filho do R e i, não é Israel, mas é a
Igreja rem ida n o C alvário (R m 1.6; 8.28; 1 C o 1.2,24,26).
O p erío d o das bodas do C ordeiro será após o arrebatam ento
e o T ribunal de C risto, e n q u an to aqui, na terra, acontece a
G rande Tribulação.
A lição básica dessa parábola está n o versículo 14, que mostra
a rejeição de Israel à obra de C risto. Israel era o povo cham ado
e eleito, o povo convidado para as bodas, mas sua rejeição p ro
piciou o convite a todos os povos.
160
C a p í t u l o 13
A Pa r á b o l a d a Pé r o l a d e
G r a n d e Va l o r
M a t e u s 1 3 .4 5 ,4 6
O u tr o s s im , o R e i n o dos céus é s e m e lh a n te ao h o m e m n eg o cia n te q u e busca bo as p é ro la s; e,
en co n tra n d o u m a p é ro la d e g r a n d e valor, f o i , v e n d e u tu d o q u a n to tin h a e c o m p ro u -a .
D istinta da parábola anterior, a Parábola da Pérola de G ran
de Valor não é um a m era repetição do M estre. Existe um a certa
similaridade entre essa parábola e a do tesouro escondido.Toda
via, na Parábola da Pérola Jesus desenvolve um a nova visão do
R e in o dos céus. E nqu an to na Parábola do Tesouro o h o m em
pecador é o que negocia para to m ar posse do tesouro (v. 44), na
Parábola da Pérola o negociante não é o pecador, mas o p ró p rio
C risto que veio de longe para buscar a pérola de grande valor.
U M A Ó PTIC A BÍBLICA DISTINTA
A questão interpretativa das parábolas deve ser feita co m
critério e sem n e n h u m invencionism o teológico, pois os p ró
prios in térpretes se divergem em po n to s de vista, os quais m e
r e c e m a p re c ia ç ã o . O p r ó p r io Je su s a b r iu e sp a ç o p a ra
dim ensionarm os a in terpretação de suas parábolas pela riqueza
de c o n teú d o m oral e espiritual que contêm . A sim ilaridade
entre as duas parábolas em alguns p on tos não nos im pede de
161
As
P a rá b o la s d e Jesu s
perceber as distinções existentes, até p orqu e não haveria razão
plausível da parte de C risto para contar duas parábolas sem
que cada um a delas tivesse a sua p ró p ria interpretação.
Q u a is as d ife r e n ç a s q u e p o d e m o s p e r c e b e r n a s d u a s
p a r á b o la s ?
N a p rim eira , o h o m e m descobriu o tesouro p o r casualida
de e então resolveu com p rar o cam po para ter posse daquele
tesouro. N a segunda, o negociante em preen deu um a viagem
com objetivo definido. Ele buscava en co n trar um a pérola que
superasse todas as demais existentes, e o fez co m afinco e obje
tividade. Ele sabia o que queria. Ele não tinha em m en te outra
idéia, n em outra jó ia, mas estava ciente de que havia um a “p é
rola de grande valor” em algum lugar. P o r isso, foi objetivo,
persistente e paciente em sua busca.
A m e lh o r e m a is p la u s ív e l in t e r p r e t a ç ã o d a p a r á b o la
D evem os perceber que os elem entos principais desta pará
bola são “ o h o m e m neg o cian te” e “ a pérola de grande valor” .
A inda que alguns intérpretes repitam a interpretação da pará
bola anterior, devem os e n ten d er que há distinção entre os ele
m entos que co m p õ e cada parábola. A sugestão natural, sem
n e n h u m critério h erm en êu tico , é in terp retar a pérola de gran
de valor co m o sendo C risto. H in os e poesias são feitos desta
cando C risto co m o a preciosa pérola. D en tro de um a visão
particular de valor, é perfeitam ente aceitável considerarm os a
C risto, o Salvador, com o a jó ia preciosa que encontram os e
que en riq u ece a nossa vida. N esta parábola, a interpretação
mais aceitável é a de que Jesus é o negociante que veio a este
m u n d o para en co n trar a jó ia rara de sua vida, um a pérola de
grande valor. Para esse em p reen d im en to Ele fez um a grande
162
A P
a r á b o l a
d a
P
é r o l a
d e
G
r a n d e
V
a l o r
viagem até en co n trar a sua tão desejada pérola. S ubtende-se,
naturalm ente, que esta pérola de grande valor, pela qual Jesus
deu tu d o o que tinha, era a sua Igreja gloriosa.
JESUS, O N E G O C IA N TE
Q uem
é o n e g o c ia n te ?
O texto diz literalm ente que “o R e in o dos céus é sem e
lhante ao h o m e m neg o cian te” (v. 45). N a parábola anterior, “ o
R e in o dos céus é sem elhante a u m tesouro escondido” (v. 44).
Esse negociante não era u m aventureiro; não era u m viajante
proscrito que não sabia o que queria. Ele tinha u m objetivo:
buscava boas pérolas, e não se satisfazia co m pérolas com uns.
N ã o era u m an jo en via d o p o r D e u s p ara rea liza r essa busca . Ele
era u m m ercado r que buscava boas pérolas.N ão era o arcanjo
M iguel n em o arcanjo G abriel, dois nom es b em identificados
em missões delegadas p o r D eus, o T odo-poderoso.
Ele não era u m mercador de q u in q u ilh a ria s . Ele tinha u m ideal,
um a m eta, u m sonho: e n c o n tra r“ um a pérola de grande valor” .
P or isso, subtende-se que era inteligente, altruísta, perspicaz e
sensível em sua busca. Ele estava certo de que pagaria u m alto
preço ao encontrá-la.
Esse “neg o cian te” dem onstrou, no co n tex to da parábola,
que era alguém m u ito inteligente, ativo, diligente e sensível
para negociar. Ele sabia o que queria. Possuía u m critério sele
tivo na busca das boas pérolas. Sua perspicácia espetacular o fez
buscar a sua pérola nos lugares mais rem otos, p o rq u e era p e r
sistente em seus objetivos e não perdia o entusiasm o em tu d o
o que fazia. O que almejava, de fato, era o sucesso da sua busca
e, para tal em preen d im en to , estava consciente de que pagaria
u m alto preço até en co n trar a “pérola de grande valor” que
163
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
ansiava. Ele foi o m ercado r de D eus que veio a esse m u n d o
para en co n trar essa singular jó ia preciosa.
F oi J e s u s o negociante q u e nos com prou p o r u m g ra n d e preço.
Paulo escreveu aos coríntios: “P orque fostes com prados p o r
b o m p re ço ” (1 C o 6.20). Ele disse mais: “ P orque já sabeis a
graça de nosso S en h o r Jesus C risto, que, sendo rico, p o r am or
de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis”
(2 C o 8.9). O “ b o m p re ço ” pago indicava o seu co n h ecim en to
de avaliação das pérolas boas o u ruins encontradas.
A o lo ngo da história da Igreja, renom ados pregadores do
evangelho tê m preferido in terp retar esta pérola singular com o
o p ró p rio C risto. E ntretanto , à luz do co n tex to da parábola,
não tem os dúvidas de que o negociante não é o utro senão o
p ró p rio C risto, que deu tu d o para ad q u irir esta pérola.
Precisamos levar em consideração que esta interpretação não
é m agna e única, p orém , a mais aceitável se considerarm os que
“ ... não há ninguém que busque a D eus” (R m 3.11) e entender
mos que é Cristo quem busca o pecador, conform e Ele m esm o
declarou: “Porque o Filho do F lom em veio buscar e salvar o que
se havia perdido” (Lc 19.10). N a parábola das cem ovelhas, é o
pastor que deixa as noventa e nove ovelhas no aprisco e sai em
busca da ovelha perdida (M t 18.12-14;Lc 15.3-7).N a parábola da
dracma perdida, é a m ulher que busca encontrar a sua dracma (Lc
15.8-10). Portanto, não devemos dogmatizar um ponto de vista
de interpretação quando o assunto sugere mais de um ponto de
vista. Ao final de tudo, todos os pontos de vista distintos não p o
dem ferir o princípio herm enêutico da verdade geral sugerida.
A PÉROLA VALOROSA
O
q u e é e q u e m , é a p é r o l a d e g r a n d e v a lo r ?
D iz o texto literalm ente: “E, enco ntrando um a pérola de
grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha e co m p ro u -a” (v. 46,
164
A P
a r á b o l a
d a
P
é r o l a
d e
G
r a n d e
V
a l o r
grifo do autor). A especialidade de Jesus para ilustrar verdades pro
fundas de maneira peculiar através de parábolas deu à figura da
pérola u m destaque especial. Jesus sabia tirar proveito dos valores
materiais e morais da época para ilustrar verdades profundas. Ele
ilustrou as pérolas porque elas tinham u m valor inestimável na
quela época. Só eram comparáveis às jóias de ouro, aos diamantes,
aos rubis e outras pedras preciosas raras.
C o m o s ã o fo r m a d a s as p é r o la s
É in teressan te a d iferença q u e existe na fo rm a çã o das
pérolas e das outras pedras preciosas. As pedras preciosas co m o
safira, d iam an tes, rubis, esm eraldas e ou tras m ais, tê m u m
p rocesso de fo rm a çã o m u ito le n to em relação às pérolas.
Estas são p ro d u zid as p o r u m o rg an ism o vivo q u e age n o
in te rio r de certo s m olusco s, as ostras m arítim as. Esse o rg a
nism o vivo sofre o a trito de algum c o rp o estranho, que p o d e
ser u m grão de areia o u u m ovo de algum parasito, o qual,
ao lo n g o de algum te m p o , vai se d im e n ta n d o esse o rg an is
m o e m cam adas até c h eg ar a ser u m a p e d rin h a a rre d o n d a d a
no in te rio r da ostra. A causa im e d ia ta da fo rm a çã o de u m a
pérola é a presença do e le m e n to q u e fere a carne do m olusco.
A lição p rim e ira q u e ap ren d em o s é que, de ta n to so frim e n
to n o i n t e r i o r d a q u e la c o n c h a , a q u e la c a r n e v a i se
se d im e n ta n d o em cam adas até to rn a r-se u m a jó ia p recio sa
e fo rm o sa, tão desejada pelas pessoas. O u tro ssim , a péro la
não se fo rm a in sta n ta n e a m e n te ; o d im in u to grão de areia
que a to rm e n ta e fere a c arn e do m o lu sco vai p ro d u z in d o
sobre aquela carn e o “ n á c a r” . O ra, o q u e é o nácar? E a q u e
la s u b s tâ n c ia b r a n c a e b r i l h a n t e , c o n s t itu í d a d e cal
carb o n atad o , q u e vai fo rm a n d o as cam adas p ro te to ra s para
dar o rig e m à pérola. Essa cam ada p ro te to ra é co n h ecid a com o
“ c o n c h a ” , e d e n tro dela se esco n d e a pérola.
165
As
P a rá b o la s d e Jesu s
C o m o a I g r e ja d e C r is to f o i fo r m a d a ?
Esse fato sobre a form ação das pérolas nos leva a pensar e
refletir co m um a analogia especial. Assim com o Eva, a m ãe de
todos os hom ens foi tirada do lado de A dão (G n 2.21,22), da
sua costela, assim, tam bém , a Igreja foi tirada do lado ferido de
C risto (Jo 19.34) no Calvário. Assim com o C risto se fez carne,
e na sua carne foi ferido pelos nossos pecados, assim tam b ém o
elem ento ferid or que o fez sofrer e que co b riu a sua carne
p rodu ziu e fo rm o u a sua preciosa pérola, a Igreja. Pelos sofri
m entos de C risto a Igreja foi gerada, assim com o a pérola é
produzida m edian te o sofrim ento infrin gido contra a carne do
m olusco. A Bíblia declara que a Igreja é o C o rp o de C risto (1
C o 12.27) e entendem os, neste c o n tex to de interpretação, que
nós, os crentes em C risto, somos o seu co rp o sofrido, mas trans
form ado na mais preciosa jó ia espiritual. O ra, se o co rp o de
C risto, com o carne, foi ferido pelos nossos pecados, tam b ém se
to rn o u a pérola form ada no m olusco do C alvário. C o m o o
grão de areia reveste a carne do m olusco co m um a beleza e
um a glória ím par, assim, tam bém , nós som os revestidos com a
glória daquEle que sofreu pelos nossos pecados.
A Igreja é a pérola de valor desejada pelos ladrões e saltea
dores sob o co m ando de Satanás (Jo 10.1,10) que vive desejan
do destruir e dissolver a Igreja através dos séculos. C o n tu d o , o
E spírito Santo te m preservado essa “pérola valorosa” , a Igreja,
da am eaça de destruição pelos m utiladores espirituais.
O u tra sem elhança entre o processo de form ação da igreja
e de um a pérola é a lentidão da espera que vai acon tecen d o em
segredo, n o in te rio r da concha, e co m segurança. N ã o é um a
form ação explícita, mas é gradual, co m o sugere a escritura de
P au lo :“ de glória em glória” (2 C o 3.18; R m 8.18). O E spírito
Santo trabalha, p ortanto, no processo de form ação da Igreja ao
lo ngo da “ dispensação da graça” . Estam os, na realidade, sendo
166
A P
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a l o r
transform ados, aperfeiçoados e am adurecidos até alcançarm os
a plenitud e de C risto, com o está escrito: “A té que todos ch e
guem os à unidade da fé e ao c o n h ecim en to do Filho de D eus,
a varão perfeito, à m edida da estatura com pleta de C risto ” (Ef
4.13). Assim co m o o nácar é a preciosa substância que vai
calcificando a carne do m olusco, p o d e sim bolizar a unção do
E spírito Santo que prom ove calcificação e consistência à Igreja
de C risto na terra.
A grande lição que aprendem os, contra todas as teorias
falsas da teologia da prosperidade, é a lição de que o so frim en
to nos aperfeiçoa e aprim o ra para que nos to rn em o s mais c o n
sistentes. O sofrim ento da pérola é tem porário, do m esm o m o d o
que acontece na vida do cristão. T o rn am o -n o s aptos para a
vida etern a e aprendem os co m as palavras de Paulo: “ ... se é
certo que co m ele padecem os, para que tam b ém co m ele seja
m os glorificados. P orque para m im te n h o p o r certo que as
aflições deste tem p o presente não são para com parar c o m a
glória que em nós há de ser revelada” (R m 8.17,18).
A p é r o la d e g r a n d e v a lo r s o b d u a s p e r s p e c t iv a s
A prim eira perspectiva dessa pérola valorosa é in d iv id u a l.
C ada pessoa é vista p o r Jesus C risto de m o d o especial e p a rti
cular, p o rq u e é um a “pérola de grande valor” pela qual Jesus
deu sua p ró p ria vida, a fim de adquiri-la. O apóstolo Pedro
declarou em sua epístola que som os p ro p ried ad e exclusiva de
D eus, p o rq u e Jesus nos co m p ro u para o seu R e in o de am or.
E m 1 Pedro 2.9 está escrito: “M as vós sois... o povo a d q u iri
d o ” . N a versão N V I diz “povo exclusivo de D e u s” e, finalm en
te, na A R A , “povo de p ro p ried ad e exclusiva de D e u s” . Essas
versões tê m na sua essência o m esm o sentido de “possessão” de
D eus. C ada cristão com p ro m etid o co m o R e in o de D eus p re
cisa valorizar o seu papel neste m u n d o de tantas im itações e
167
As P a r á b o l a s d e J e s u s
falsidades. E xistem “boas pérolas” com o existem “boas religi
ões” . E xistem pérolas originais e pérolas sintéticas. Porém , só
existe um a “pérola de grande valor” que sobrepuja todas as
demais.
A relação que se faz entre “ o reino e a Igreja” é perfeita
m en te aceitável. O reino não significa, no c o n tex to dessa pará
bola, u m lugar específico, mas se expressa na vida do povo de
D eus. Assim, a Igreja é a expressão do R e in o dos céus, isto é, a
dem onstração da soberania divina na face da terra. O s céus
representam aquilo que está abaixo do tro n o de D eus e diz
respeito ao do m ín io divino dos céus na terra. A Igreja é, p o r
tanto, a m anifestação tangível do R e in o de D eus.
D a m esm a form a com o um a pérola é produzida p o r u m
organism o vivo no fundo do m ar quando sofre o atrito de
algum corpo estranho e, ao longo do tem po, vai se sedim entando
em camadas até chegar a ser um a pérola, a Igreja vai sendo
form ada, de m o d o gradual, de glória em glória, até alcançar a
perfeição (2 C o 3.18).
168
C a p í t u l o 14
A Pa r á b o l a d a s C o is a s
N o v a s e V el h a s
M a t e u s 1 3 .5 2
A existência tio jo io no meio do trigo não impede que vivamos com graça c inteligência, sem
nos deix ar afetar pelo veneno do joio.
Esta é um a parábola narrada apenas em u m versículo e,
apesar de m enosprezada p o r alguns com entadores, possui um a
m ensagem im portantíssim a acerca do assunto princip al trata
do p o r Jesus em todas as suas parábolas. O R e in o de D eus
possui algumas características especiais e singulares, pois valo
riza algumas coisas, que dentro de u m padrão de valores na
experiência hum ana, não significam nada, mas que para D eus
são da m aior im portância. O destaque sobre “ coisas novas e
velhas” tiradas do m esm o baú indica que D eus não despreza as
coisas pequenas e insignificantes (Zc 4.10; 1 C o 1.27,28). Se
g u n d o H e rb e rt Lockyer, esta parábola foi a últim a de um a sé
rie de outras parábolas que Jesus havia contado e tinha p o r
objetivo dar um a im p o rtan te lição aos seus discípulos. D epois
de um a série de parábolas, co m a últim a apresentada Ele q u e
ria descobrir até que p o n to seus discípulos haviam assimilado
seus ensinos. P or isso,perguntou-lhes: “ ... entendestes todas es
tas coisas?” (M t 13.51).
169
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
E xistem alguns elem entos dentro dessa parábola que de
vem m erecer a nossa apreciação. São pessoas e coisas. D esta
cam-se: u m escriba instruído, o R e in o dos c é u s , o tesouro e as
coisas novas e velhas.
U M ESCRIBA IN STR U ÍD O
Disse Jesus:“ ... to d o escriba in stru íd o ” (v. 52). Q u e m é esse
escriba? O que ele faz? Q u al a im portância do seu trabalho?
O ra, u m escriba era pessoa respeitadíssima na sociedade de então,
especialm ente, na religião judaica, da qual era u m representan
te intelectual e teológico. E interessante que Jesus usou a pala
vra “ escriba” , que no grego é g ra m m a te u s, raiz de “gram ática”
no português. N o hebraico, o te rm o “ escriba” vem de sõter (ou’
satar , que significa “ escrever” . Em pregava-se sapar para designar
o secretário de u m rei (2 Sm 8.17). Havia, tam bém , o escriba
m ilitar, que escrevia os nom es dos recrutados para a guerra (Jr
37.15). E m relação à Lei de M oisés, e nos livros posteriores do
A ntigo Testam ento, u m escriba era u m p e rito na arte de escre
ver (Ed 7.6; N e 8.1). N os tem pos m onárquicos de Israel, os
escribas tin h am atividades de responsabilidade nos negócios
do Tem plo do Senhor. Isso tanto é verdade que foi desenvolvi
da a posição dos g ra m a teis tou hierou, “ escribas do T em plo” (2
R s 12.10; 1 C r 24.6; 2 C r 34.13). O fo rn ecim en to de cópias da
Torá e de outras partes das Escrituras era feito pelos escribas
levíticos (D t 17.18; J r 8.8). N o caso do profeta Jerem ias, suas
m ensagens eram registradas p o r u m escriba o u “am anuense”
(Jr 36.4,18,32). N o A ntigo Testam ento os escribas tin h am res
ponsabilidades de serviço para os reis, e do registro dos feitos
dos reis e dos eventos de Israel.
N os E vangelhos Sinóticos (M ateus,M arcos e Lucas), o ter
m o g ra m m a te u s aparece cerca de 60 vezes; em Atos dos A p ó sto
los, quatro, e um a vez citado p o r Paulo. O sentido genérico do
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te rm o g ra m m a te u s (escriba) abrange várias atividades que re
quer u m escrevente, co m o u m escrivão o u u m oficial civil de
um a cidade (At 19.35). Porém , n o N ovo Testamento, u m escriba
é sem pre identificado com o alguém que é p erito na Lei de
M oisés (ou seja, u m erudito naTorá), tam bém identificado com o
“rab in o ” o u u m “teólogo o rd e n a d o ” . N o m ik o s é u m a outra
palavra no grego relativa a g r a m m a te u s , a qual se e n co n tra no
N ovo T estam ento e significa “advogado” . O u tro te rm o grego
é n o m o d id a ska lo s, que significa “ in té rp re te da L ei” .E xiste ainda
um a outra expressão, dida ska lo s n o m o s, que se refere ao “m estre
da L ei” . P ortanto, o te rm o que mais aparece no N o v o Testa
m en to é n o m ik o s, que sugere sem pre se tratar de “u m p e rito
ju d aico na Lei de M oisés” (M t 22.35; Lc 10.25; 11.45,46, 52;
14.3). E m especial nos Evangelhos, percebe-se que os escribas
parecem ter se associado com os fariseus, p rin cip alm en te para
fazerem oposição a Jesus C risto (Lc 7.30; 11.53).
P ortanto, u m escriba ju d aico era alguém letrado, m estre
(professor) da Lei de M oisés, qualificado para ensinar nas sina
gogas (Mc 1.22). E ntretanto, a referência de M arcos indica que,
a despeito da im portância do cargo de escriba, sua autorid ad e
parecia não ser m u ito acatada. Jesus não era u m escriba, mas
falava co m autoridade. N o A ntigo T estam ento tem os em des
taque u m escriba cham ado Esdras (Ed 7.6,11), o h o m e m que
se destacou para ser u m líder entre o seu povo e convocá-los
para voltar a sua terra, e levar de volta to d o o tesouro que fora
dado ao D eus de Israel. Esdras foi o escriba que fez u m púlpito
de m adeira para ler a Lei de m o d o que todos os chefes de Israel
pudessem o u v ir sua leitura e exposição.
N o s dias de Jesus, os escribas, em sua m aioria, to rnaram -se
inim igos declarados dos ensinos de C risto, cuja d o u trin a base
ava-se em conceitos de vida e liberdade, e n q u an to os escribas e
fariseus criaram dou trinas co m amarras legalistas, das quais eles
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As P
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d e
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m esm os não eram cu m p rid o res.Jesu s os refu to u m uitas vezes
e os c o n d e n o u alertan d o seus discípulos com estas palavras:
“ ... G uardai-vos dos escribas...” (M c 12.38). O utras vezes, com
toda clareza,Jesus dizia-lhes diretam ente:“ ... ai de vós, escribas e
fariseus...” (M t 23.13-15,23,25; 27.41). Naqueles dias, os escribas
e fariseus criaram tantas amarras tem porais para a interpretação
da lei do S enhor que as pessoas tinham dificuldades em cu m p rila. Q u an d o Jesus foi acusado p o r eles de não estar cum p rindo a
Lei de Moisés, deu-lhes a resposta com firm eza de que Ele não
veio para revogar a lei, mas para cum pri-la (M t 5.17).
C O M O JESUS VIA U M ESCRIBA?
N o versículo 52 Jesus fez um a declaração acerca do papel
de u m escriba e o que se esperava dele com o u m in térp rete da
Lei. Jesus disse: “ ... p o r isso, to d o escriba instruído acerca do
R e in o dos céus” . N a versão N V I, diz literalm ente: “P o r isso,
to d o m estre da lei in struído quanto ao R e in o dos céus” , tra
duzin do de m o d o direto o sentido de u m escriba e o seu papel
no serviço religioso ju d aico naqueles dias. Jesus deixo u explí
cito que o papel de u m escriba era o de co n h ecer tu d o acerca
do R e in o dos céus. E ntretanto , não parece que os escribas de
seus dias se preocupavam tanto co m a questão do R e in o dos
céus, mas se preocupavam m uito mais com nuanças da Lei do
que co m os conceitos o u princípios da mesma.
Jesus não agia n e m falava co m espírito revanchista; p o r isso
Ele citou o escriba n u m sentido geral e favorável à im p o rtâ n
cia da função do m esm o no serviço de educação religiosa acerca
da Torá. P or este m otivo, não se p o d e ver os escribas som ente
n u m a persp ectiv a negativa, p o r causa de alguns q u e não
correspo ndiam ao papel para o qual foram designados. Essen
cialm ente, to do escriba tinha p o r missão ensinar a verdade da
lei de D eus ao povo.Todavia, m uitos deles corrom peram a missão
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que tin h am e, p o r isso, agiam co m atitudes m entirosas e h ip ó
critas que foram explicitam ente condenadas p o r Jesus.
A RELA ÇÃ O D O PAPEL D O S ESCRIBAS
C O M O D O S DISCÍPULOS DE JESUS
N o versículo 51, Jesus acabara de apresentar um a série de
parábolas. Esta fo rm a de linguagem foi utilizada p o r Ele para
revelar coisas profundas, p o ré m fugindo da linguagem filosófi
ca. E m M ateus 13.34,35 lem os:“T udo isso disse Jesus p o r pará
bolas à m ultidão e nada lhes falava sem parábolas, para que se
cum prisse o que fora dito pelo profeta, que disse: A brirei em
parábolas a boca; publicarei coisas ocultas desde a criação do
m u n d o ” . D epois dessas palavras,Jesus ainda apresentou outras,
mas antes de apresentar a oitava parábola, d eixo u en ten d er que
os seus discípulos não p o d iam agir com o os escribas e fariseus
que deturpavam o espírito da lei de D eus em benefícios de
interesses próprios. P o r isso, depois da Parábola da R e d e (M t
13.47-50), Ele se dirige diretam ente aos seus discípulos e lhes
p e rg u n ta:“ ... entendestes todas estas coisas?” (v. 51). N o d ecu r
so da apresentação de todas as outras parábolas, Jesus usou “ as
coisas velhas” ou “antigas” da lei (v. 52) para ilustrar co m novas
verdades as quais tirariam “ o véu de obscu ridad e” do e n te n d i
m en to daquelas antigas verdades. N a realidade,Jesus não estava
desprezando aT orá, com o acusavam os escribas e fariseus, mas
estava ab rin d o um a nova visão acerca das coisas passadas.Ver
dades ocultas (M t 13.35) im plícitas naquelas “ coisas velhas”
se to rn a ria m “ novas” p o rq u e Jesus veio a este m u n d o para
revelar os m istérios de D eus, com o declarou Paulo aos Efésios:
“ ... d esco b rin d o -n o s o m istério da sua vontade, segundo o seu
beneplácito, que propusera em si m esm o, de to rn a r a c o n g re
gar em C risto todas as coisas, na dispensação da plenitud e dos
As
P a r á b o la s d e Jesu s
tem pos, tanto as que estão nos céus com o as que estão na terra;
nele, digo, em q u em tam b ém fom os feitos herança, havendo
sido predestinados co n fo rm e o propósito daquele que faz to
das as coisas, segundo o conselho da sua v o n tad e” (E f 1.9-11).
E m síntese, assim com o os escribas deveriam revelar e en
sinar as verdades do R e in o dos céus aos hom ens e não o fize
ram , assim, os discípulos de C risto deveriam assum ir com res
ponsabilidade e com prom isso a proclam ação dessas verdades
reveladas a eles de m o d o especial através de parábolas. Jesus
esperava que seus discípulos entendessem o significado de cada
parábola e com o “ mestres do E vangelh o” ensinassem ao povo.
A sem elhança do “m estre da lei” que in terp reta e faz uso de
coisas velhas e novas, os discípulos deveriam co n tar a história
da salvação com o a receberam . N ós, Igreja de C risto, som os os
depositários das verdades reveladas e tem os a missão de explicitálas ao m u n d o para que todos co n h eçam ao D eus que enviou
Jesus C risto para ser o nosso Salvador e Senhor.
COISAS NOVAS EVELHAS
N os últim os anos, a Igreja te m sido invadida p o r novidades
e te m abandonado coisas antigas. Tem havido descaso co m a
história da Igreja e co m as dou trinas consideradas “velhas” ,
mas que, na verdade, são a base de tu d o em que crem os. A ban
don ar as coisas velhas sem pre trouxe conseqüências graves na
vida do povo de D eus. Essas “ coisas velhas” não se referem às
coisas tem porais que se apagam e se perdem no tem po, mas
trata-se de algo que form a “ o fu ndam ento dos apóstolos e dos
profetas” (E f 2.20). As “ coisas novas” são aceitáveis quand o não
ferem o prin cíp io das coisas antigas, sobre as quais são susten
tados e m antidos os valores originais.
L am entavelm ente, o espúrio m o v im en to neopentecostal é
um a contravenção ao verdadeiro m o v im en to do E spírito San
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to, p o rq u e te m às portas de seu m o v im e n to as novidades
carismáticas (espiritualistas) que exploram o em ocionalism o
sem n e n h u m equilíbrio em d etrim en to de u m evangelho raci
onal, sem ser racionalista. O verdadeiro m ovim ento pentecostal
tem sua base na atividade livre do E spírito Santo nas esferas da
em oção e da razão, ond e se enfatiza as m anifestações espiritu
ais através dos dons espirituais. O verdadeiro m o v im en to do
E spírito não é u m m o v im en to novo, p o rq u e tem seu início no
D ia de Pentecostes, e essa verdade é indiscutível. O m o v im en
to espiritual tem sua base na pessoa de C risto (1 C o 3.11). As
coisas novas de hoje não são tiradas da “velha fo n te ” , mas são
tiradas de “ cisternas rotas” (Jr 2.13).
Jesus quis en sin ar aos seus discípulos q u e a d o u trin a do
R e in o é tão velha, visto q u e foi p ro clam ad a e ensinada p e
los antigos profetas, mas o q u e é n ov o nesta d o u trin a é a
im a g em q u e Jesus q u e ria dar ao R e in o dos céus. Se na d o u
trin a dos escribas (m estres da lei) o povo de D e u s p ro v in h a
de A braão, agora, o n ov o povo de D eu s, fo rm a d o p o r ju d e u s
e g en tio s, p ro v é m da Palavra de D eu s. A m en sag em que
p reg am o s h o je é tão antiga q u a n to o q u e os profetas p re g a
ram . A d iferen ça está apenas na ro u p a g e m q u e se dá a essa
m en sag em . Jesus e n sin o u q u e os filhos do R e in o são nasci
dos de sua Palavra. H e rb e r t L o k y er d eclaro u sobre esta v e r
dade as seg u in tes palavras: “ A revelação divina é antiga; p o
rém , re tê -la e v iv en ciá-la é algo n o v o ” . P rin c íp io s divinos
são antigos; mas p raticá-lo s é algo novo. E isso q u e to rn a a
B íblia tão fascinan te aos discípulos d o R e in o . Suas verdades
são antigas, e n o e n ta n to são sem p re novas, rec e n te s, re lu z in d o c o m nova g ló ria e p u lsan d o c o m nova v id a ” . O após
to lo P au lo escreveu: “ A ssim que, se a lg u ém está e m C risto ,
nova c riatu ra é: as coisas velhas já passaram ; eis q u e tu d o se
fez n o v o ” (2 C o 5.17).
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P a rá b o la s d e Jesu s
U M A CO M PA RA ÇÃ O DISTINTA
D iz o t e x t o : t o d o escriba instruído... é sem elhante a u m
pai de fam ília” (v. 52). Som ente Jesus, o M estre dos mestres seria
capaz de criar elem entos de com paração que jam ais se viu fazer
por outro mestre Jesus era especialista em polem izar valores morais
e espirituais os quais em sua óptica eram discutíveis. Ele nunca
colocou em dúvida os valores absolutos estabelecidos na revela
ção divina, mas podia perfeitam ente polem izar e discutir valores
tem porais criados pelo próprio hom em . N o caso do versículo
52, Jesus não polem iza, mas faz um a com paração de m odo sin
gular. A relação que Ele fez do “ escriba in struído” c o m “u m pai
de família” é algo espetacular. Q u an to ao “escriba in struído” já
discutim os em outro ponto, mas nesta parte do texto o M estre
buscou na im portância do papel patern o dentro de um a família
os elem entos que m elhor representam aqueles que tem a missão
de ensinar as verdades do R e in o dos céus. A o proferir a expres
são “pai de família” Ele queria destacar a autoridade que um pai
de família exerce dentro de sua própria casa.Todo cristão autên
tico é investido de autoridade especial, com o um pai de família
e com o u m “ escriba instruído” para ensinar a lei do S enhor e
interpretá-la corretam ente. O ra, u m pai de família era alguém
que tinha poderes de com andar sua casa. Era o cabeça da família,
o provedor de sustento m aterial e físico da família. U m b o m pai
deve conhecer as coisas velhas e as coisas novas para saber com o
dar aos seus filhos. N o te isto: u m escriba tinha autoridade para
interpretar a lei e m anter-se fiel a ela enquanto vivesse. N ão
podia, p o r hipótese alguma, acrescentar coisa nova, diferente, à
interpretação da lei. A igreja deve exercer sua autoridade através
dos seus pastores para aceitar ou não qualquer coisa nova. Agora,
podem os descobrir coisas novas nas coisas velhas. Por quê? Por
que Jesus falou que o pai de família tira “ coisas novas e velhas”
do seu tesouro” ( v. 52).
176
A P
a r á b o l a
d a s
C
o is a s
N
o v a s
e
V
e l h a s
O T E SO U R O DE U M PAI DE FAMÍLIA
D iz o texto, l i t e r a l m e n t e : q u e tira do seu tesouro coisas
novas e velhas” (v. 52). A expressão “ teso u ro ” deixa claro que
aquele pai de fam ília era organizado, precavido e tin h a e m re
serva tanto quanto precisasse para su prir quaisquer necessida
des. O ra, a com paração inicial é feita co m os discípulos de
Jesus. Eles deveriam saber guardar n o baú da fam ília “ as boas
coisas, novas e velhas” , para n o seu tem p o p ró p rio tirá-las e
usufruí-las de igual m odo. Para a missão que tem os de ensinar
as verdades do R e in o de D eus às pessoas, que tem os em reser
va? Q ual é o nosso tesouro? Lançam os fora as “ coisas velhas”?
Ficarem os só co m as “ coisas novas” ? O que Jesus espera de
seus discípulos é que sejam capazes de satisfazer às necessidades
dos seus ouvintes co m verdades tiradas de toda a Bíblia, a qual
representa o nosso verdadeiro baú. N ele tem os “ coisas novas e
velhas” .As velhas coisas são todas aquelas verdades indestrutíveis
b e m com o as coisas novas são todas aquelas mesmas verdades
com a roupagem cristã. A fonte será sem pre a m esm a, co m o o
tesouro será sem pre o m esm o, co n te n d o coisas velhas e novas.
Q uaisquer coisas novas fora “ do b o m te so u ro ” são inaceitáveis.
Tudo q u anto Jesus havia ensinado nas sete outras parábolas
podia parecer velho, mas Ele queria que isto fosse e n ten d id o
sob um a nova perspectiva.
E n ten d em o s, então, que o tesouro p o d e representar o co
ração daquele verdadeiro escriba, discípulo e pai de família,
co n fo rm e Jesus m esm o falou: “ O h o m e m b o m , do b o m te
souro do seu coração, tira o b e m ” (Lc 6.45). D evem os, p o rta n
to, valorizar o antigo, mas ab rin d o espaço para o novo. A lei
mosaica é antiga, mas o evangelho é novo. U m não desfaz o
outro. O novo veio para cu m p rir o que exigia o antigo. Jesus
deu esse exem plo. Ele c u m p riu a exigência da velha lei para
dar nova vida aos pecadores.
177
C a p í t u l o 15
A Pa r á b o l a d a s
O v e l h a s e d o s Bo d e s
M a te u s
2 5 .3 1 -4 6
D eus não atropela sua própria justiça porque E le ju lg a com eqüidade.
Pelo fato de alguns com entaristas não considerarem esse
texto um a narrativa, não o rec o n h ec em co m o parábola. E n tre
tanto, na listagem da Bíblia de E studo Pentecostal, esse tex to é
indicado com o parábola. U m a vez que Jesus utiliza um a lin
guagem figurada que fala de pastor, ovelhas e bodes, tem os a
descrição de um a cena real que trata de u m evento futuro
(escatológico) relacionado co m os ju lgam ento s. N a verdade, os
capítulos 25 e 26 de M ateus tratam em o rd em cronológica de
dois julgam entos: o ju lg a m e n to de Israel (M t 25.1-30) e o ju l
g am en to dos gentios (M t 2 5 .3 1 -4 6 ). P o rém , na exposição
escatológica que C risto fez, u m terceiro ju lg a m e n to é aponta
do com o o ú ltim o dos grandes ju lgam ento s, o do G rande T ro
no Branco.
As
P a rá b o la s d e Jesu s
C O R R IG IN D O UM A
IN T ER PR E T A Ç Ã O EQUIVOCADA
N ã o s e tr a ta d e u m j u l g a m e n t o g e n é r i c o d e s a l
v o s e p e r d id o s
Tornou-se quase tradicional o ensino de que o julgam ento
que separa ovelhas e bodes aconteceria no últim o grande dia, o do
G rande Trono Branco, ou seja, o Juízo final. Esse m odo de pensar
sugere u m julgam ento genérico no qual todos os salvos e perdi
dos irão com parecer diante do G rande Juiz, e este, então, fará a
separação, colocando os salvos (as ovelhas) à direita e os perdidos
(os bodes) à esquerda (M t 25.32,33). Devem os distinguir os textos
referenciais de M ateus 25.31-46 e Apocalipse 20.11-15.
0
j u l g a m e n t o d o s s a lv o s
Esse ju lg a m e n to não é punitivo e diz respeito ao T ribunal
de C risto, quand o a Igreja verdadeira com parecerá diante de
C risto para recom pensa das obras feitas p o r m eio do c o rp o na
terra (R m 14.10;2 C o 5.10). Esse ju lg a m e n to acontecerá im e
diatam ente ao arrebatam ento dos vivos e da ressurreição dos
m o rto s em C risto na volta do S en hor nos ares (1 C o 15.51,52;
1 Ts 4.13-17). N aturalm ente, entendem o s que as ovelhas não
se referem de m aneira específica à Igreja, mas às nações gentílicas
na volta pessoal de C risto a terra (Jl 3.1,2).
O j u lg a m e n t o d o s p e r d id o s
Esse ju lg a m e n to é o últim o de todos os ju lg am en to s divi
nos p o rq u e te m u m sentido punitivo (Ap 20.11). E m todos os
tem pos, todas as criaturas hum anas, inevitavelm ente, com pare
cerão diante do G rande T rono B ranco e serão julgadas pelas
180
A P
a r á b o l a
d a s
O
v e l h a s
e
d o s
B
o d e s
obras que realizaram .Todos os m o rto s (com exceção dos salvos
em C risto) com parecerão diante do Justo Juiz, e terão sua p u
nição incontestável.
OS JU LG A M EN TO S ASSOCIADOS À
SEGUNDA VINDA DE C R IST O
D os vários ju lg am en to s prescritos na Bíblia, alguns deles
têm relação direta com a segunda vinda de C risto.
A s d u a s fa se s d a v in d a d e C r is to
O ra, a segunda vinda de C risto é identificada com o tal
porque a sua prim eira vinda aconteceu na sua encarnação com o
h o m em , com o o Verbo divino que se fez carne e habitou entre
nós 0 o 1.1-3,14). A p rim eira fase de sua segunda vinda referese à sua vinda até as nuvens, nos ares (1 Ts 4.16,17) para o
e n co n tro co m a Igreja arrebatada dos vivos e os ressurretos
transform ados. A segunda fase da sua vinda foi predita pelo
p ró p rio C risto, que voltaria a terra para estabelecer u m R e in o
especial sobre os hom ens. E um a vinda pessoal, visível e g lo ri
osa, pois “ ... to d o olho o verá” (Ap 1.7).Trata-se de um a vinda
pré-m ilenar, isto é, som ente depois dessa vinda pessoal de C risto
será instalado o seu R e in o de m il anos. E ntre a p rim eira e a
segunda fase da sua vinda surgirá o A nticristo, que instalará seu
do m ín io a p artir de Israel. E n tão será identificado o p erío d o da
G rande Tribulação. N este p eríodo (a G rande Tribulação) a Igreja
não estará mais na terra, um a vez que já terá sido arrebatada
para estar co m C risto. H á os que ad m item a idéia de que a
prim eira m etade da G rande Tribulação será experim entada pela
Igreja e daí, então, oco rrerá o arrebatam ento. E ntretanto , o ar
rebatam ento só se justifica co m o um a form a de tirar a Igreja
antes que se inicie esse período.
181
As
P a rá b o la s d e Jesu s
D o is e v e n t o s p r e d ito s p a r a a Ig r e ja a p ó s o a r r e b a
ta m e n to
Esses dois eventos são retratados na Bíblia co m ênfase no
fato de se tratar do que acontecerá com a Igreja depois que for
arrebatada. Todos os crentes em C risto com parecerão perante
o T ribunal de C risto e logo depois participarão das bodas do
C ordeiro. O p rim eiro evento que ocorrerá n o céu será o T ri
bunal de C risto (R m 14.10; 2 C o 5.10). Esse trib unal não é
punitivo, mas será de recom pensa pelas obras individualm ente
feitas pelos crentes. N ã o acontecerá na terra, mas nas “regiões
celestiais” . O segundo evento mais im p o rtan te co m a Igreja
arrebatada é a grande festa denom inada bodas do C ordeiro,
quando C risto, o Esposo am ado receberá a sua esposa, que é a
Igreja (Jo 3.29; R m 7.4; 2 C o 11.2; E f 5.25-33; Ap 19.7,8).
Q u a tr o j u lg a m e n t o s p r e v is to s p a r a o s j u íz o s d iv in o s
D epois do arrebatam ento da Igreja inicia-se o prim eiro
ju lg am en to e o últim o acontece diante do G rande T rono B ran
co. O p rim eiro com eça co m o ju lg a m e n to de Israel, q ue acon
tecerá no p erío d o da G rande Tribulação (M t 24.15-30). O se
gundo, logo a seguir, é o ju lg a m e n to dos gentios (M t 25.3146) e acontecerá im ediatam ente após o ju lg a m e n to de Israel,
logo depois da vinda pessoal de C risto a terra (J1 3.1,2; M t
25.34). O local desse ju lg a m e n to será na terra. O terceiro ju l
gam ento é o ju lg am en to dos anjos caídos (2 Pe 2.4; J d 6 ;A p
20.10) e acontecerá no céu. O quarto ju lgam ento é o do G rande
T rono B ranco (Ap 20.11-15) e acontecerá no céu.
O JU LG A M EN TO DOS G EN TIO S
Esse ju lg a m e n to se relaciona diretam ente com a parábola
m etafórica das ovelhas e dos bodes e está explicitado p o r Jesus
em M ateus 25.31-46.
182
1
A
P
a r á b o l a
d a s
O
v e l h a s
e
d o s
B
o d e s
Q u a n d o a c o n te c e r á ?
Esse ju lg am en to ocorrerá após a segunda vinda de C risto a
terra (J1 3.1,2). O profeta Jo el nos faz e n ten d er que esse ju lg a
m ento é a vingança do S en h o r contra as nações que m altrata
ram Israel. A despeito da incredulidade de Israel e de sua rejei
ção ao Messias, o S en hor irá restaurar a nação de Israel à sua
terra p o r causa das promessas feitas aos seus servos no passado.
O povo de Israel, antes rebelde, ex perim entará um a conversão
ao Messias m anifestado, e, q uand o reu nido na sua terra, se p ro
cessará o seu ju lg a m e n to e será separado entre o povo, as ove
lhas dos bodes. O s incrédulos serão lançados fora, e os salvos de
Israel serão conduzidos ao R e in o m ilenar instituído p o r Jesus
(R m 11.26,27).
Q u a l o lu g a r d o j u lg a m e n t o ?
Tem havido discussões sobre o local desse ju lg am en to . O
profeta Zacarias p rofetizou o reto rn o do S en h o r sobre o m o n
te das Oliveiras, o nd e se abrirá u m grande vale com o p o d e r de
sua vinda. A credita-se que este será o local (Zc 14.4). O u tro s
crêem que o vale de Josafá será o lugar do ju lg am en to , p o rq u e
naquele m esm o lugar o rei Josafá d e rro to u os m oabitas e os
am onitas, cuja vitória serviu de inspiração para se crer que “ o
vale de Josafá” será o lugar do grande ju lg a m e n to (2 C r 20 .2 6 28). A profecia de Jo el 3.2 declara que esse ju lg a m e n to dos
gentios ocorrerá nesse “vale de Josafá” .
Q uem
será ju lg a d o n e sse ju lg a m e n to ?
A profecia de Jo el 3.2 declara que na vinda do S en h o r
todas as nações serão reunidas p erante Ele em Israel e ali entra
rá em ju íz o contra aquelas nações p o r causa do seu povo (Isra
el). N o texto de M ateus 25.40,45 Jesus fala de seus “pequeninos
183
As P
a r á b o l a s
d e
J
e s u s
irm ão s” , isto é, o povo de Israel. O mal feito pelas nações co n
tra esses “pequenin os irm ão s” será p u n id o perante o S en hor
naquele dia da sua vinda. N os dias da G rande Tribulação, o
povo de Israel sofrerá g ran d em en te e u m rem anescente fiel de
144 m il será salvo (Ap 7.9-17). São as ovelhas do Senhor. N es
te caso, as ovelhas não se referem g en ericam ente aos crentes
em C risto.
O r e s u lta d o d o j u lg a m e n t o d a s n a ç õ e s
N a parábola de Jesus, percebe-se a linguagem figurada que
Ele usou para distinguir ovelhas e bodes. Ás ovelhas colocadas
à sua direita Ele convidou: “V inde, benditos de m eu P ai” (M t
25.34). M as aos colocados à esquerda, os bodes, Ele disse:
“A partai-vos de m im ,m alditos,para o fogo e te rn o ” (M t 25.41).
E n tend em os, então, que u m g ru p o salvo é levado para o R e i
n o do Pai (Is 55.5; D n 7.14; M q 4.2), en q u an to o ou tro é
excluído do R e in o e destinado ao lago de fogo.
A grande lição que aprendem os co m esta parábola está no
fato de que o ju lg am en to das nações ocorrerá “logo depois da
aflição daqueles dias” (M t 24.29) co m o reto rn o do “ Filho do
h o m e m v indo sobre as nuvens do c éu ” (M t 24.30). P ortanto, a
separação entre ovelhas e bodes não é geral, e refere-se, tão
som ente, a u m ju lg a m e n to no perío d o da volta do S en h o r de
pois da G rande Tribulação.
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E
l
i e n a
i
C
a
b r
a
l
Pa r á b o l a s
de Je s u s
A Bíblia Sagrada, com o a Palavra de D eus revelada, ainda que p o r diferentes
escritores —L cada um dos quais com estilo e linguagem próprios — ,
m an tém sua unidade e autoria divina. E m sua diversidade de linguagem ,
que dentre outras utiliza-se de sím bolos, metáforas, alegorias
e parábolas, esta últim a se destaca e aparece em m uitos dos ensinos de Jesus.
O propósito de Jesus ao co n tar um a parábola era o de transm itir as
verdades eternas em sua m ensagem . E para torná-la fascinante e atrativa,
Ele a ornava com detalhes de beleza histórica que en riqueciam o seu
enredo. Para interpretá-las, é preciso sobretudo que a sua m ensagem
seja discernida espiritualm ente, co m o devem ser discernidas
as coisas espirituais, segundo nos diz o apóstolo Paulo.
C o n tu d o , este livro não tem p o r objetivo tão -so m en te ensinar regras
de interpretação, mas, através de alguns elem entos básicos de interpretação
apresentados, prover o leito r de subsídios para um a análise
das parábolas de Jesus à luz das Escrituras.
O A
u t o r
Elienai Cabral é pastor da Assembléia
de Deus em Sobradinho, DF,
pregador, conferencista, comentarista
das Lições Bíblicas e autor de diversos
livros publicados pela CPAD, entre
os quais, A J u v e n tu d e C r is tã c o S e x o ,
O P reg ad or E fic a z , R o m a n o s e E fé sio s
(ambos da série C om entário Bíblico)
e A S ln d r o m e do C a n to do G a lo .