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Manual pratico de htp

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1 2 3 4 CARTA AO LEITOR Querido Leitor Este manual veio ao mundo de uma forma totalmente inesperada. Pode-se até pensar em uma “gravidez” de alto risco (estava com 40 anos quando voltei a estudar e ingressei na UNICAMP), Na ocasião a minha orientadora Profª. Dra. Maria José Franklin Moreira sugeriu que usasse o HTP na pesquisa. D HTP não fazia parte da minha prática clínica, e muito animada comecei a me inteirar materiais publicados até então. A princípio senti dificuldade em encontrar em um único livro as várias interpretações fornecidas para a análise do grafismo. Cada autor priorizava uma observação, e foi aí que senti necessidade de reunir esses diversos e ricos apontamentos em um único material. 5 Comecei a fazer uma apostila para uso próprio, para facilitar a consulta durante a confecção da tese. A cada livro consultado, novas visões e novos apontamentos acabavam sendo incorporados. Conforme os testes eram aplicados e avaliados a minha apostila ia crescendo e ficando cada vez mais encorpada. As minhas idéias sobre o tema foram amadurecendo. Este manual é uma reunião dessas várias interpretações (consultar as referências bibliográficas) fornecidas para a análise dos grafismos, feitas pelos autores do teste e por alguns especialistas no assunto. A idéia inicial foi compilar e sintetizar de modo organizado as contribuições dos principais autores, cujo maior objetivo é facilitar a vida do profissional e do estudante de psicologia. Desde então tenho usado o “HTP-F” com quase todos os pacientes, e, em menor frequência o HTP-F cromático. Além disso, tenho pedido para os pacientes desenharem um sol, percebo que cada um “vê o sol de seu jeito especial”. Ao lerem o manual perceberão que ao final de muitas interpretações existem referências a algumas patologias. Algumas patologias salientadas neste manual são pesquisas de outros autores (comum em....), outras são sugestões minhas (sugere....), e não são pesquisas comprovadas. O leitor deve ter consciência de que são apenas sugestões baseadas nas interpretações. E o objetivo dessas sugestões é estimular o leitor para novas pesquisas. Vale ressaltar que o estudante ou o profissional que fizer uso deste manual, ao interpretar o teste, deve olhar primeiro o global, a tendência mais forte de um indício, e, quando este se repetir nos vários desenhos ou quando no inquérito a suspeita se confirmar, só assim poderá pensarem um diagnóstico. No último capítulo fiz referências a várias patologias, sendo o ideal usálas com muito cuidado, principalmente nos diagnósticos infantis. A idéia de publicação surgiu da dificuldade em encontrar em um único livro as pesquisas e observações de diferentes e consagrados autores, que condensasse de uma forma prática e clara toda a complexidade do teste. Um abraço Flor. 6 Sumário INTRODUÇÃO. 15 2. NORMAS PARA APLICAÇÃO 19 2.1 Material 19 2.2 Instruções 20 3. INQUÉRITO 21 4. ANÁLISE QUALITATIVA 27 4.1, Resistências 27 4.2. Análise sequencial do conjunto dos desenhos 28 4.3. Tempo consumido 28 4.4. Pressão no desenhar 29 4.5. Caracterização do traço 29 4.6. Indicadores de conflitos 30 4.7. Localização no papel 31 4.8. Tamanho das figuras 33 4.9. Detalhes no desenho 34 4.10. Uso da borracha 35 5. CASA 37 5.1. Introdução 38 5.2. Perspectiva e posição da casa 39 5.3, Tipos de casa 40 5.4. Linha representativa do solo ou chão 41 5.5. Paredes 41 5.6. Porta 42 5.7. Janela 43 7 5.8. Telha ou telhado 45 5.9. Chaminé 465.10. Fumaça 48 5.11. Acessórios no desenho da casa 486. ARVORE 51 6.1. Introdução 52 6.2. Impressão da árvore como um todo 53 6.3. Idade atribuída à árvore 55 6.4. Arvore apresentada como morta 55 6.5. Perspectiva ou posição da árvore 56 6.6. Simetria 57 6.7. Raiz 57 6.8. Linha da terra ou do solo 58 6.9. Tronco 60 6.10. Tamanho do tronco 61 6.11. Largura do tronco 61 6.12. Contorno do tronco 62 6.13. Superfície ou tipos de desenhos no tronco 63 6.14. Galhos ou ramos 64 6.15. Tamanho dos galhos ou ramos 67 6.16. Largura dos galhos ou ramos 67 6.17. Direção dos galhos ou ramos 68 6.18. Copa 69 6.19. Tamanho da copa 71 6.20. Direção da copa 72 6.21. Folhas 72 8 6.22. Flores 74 6.23. Frutos 74 6.24. Acessórios no desenho da árvore 75 7. FIGURA HUMANA 77 7.1. Introdução 78 7.2. Figuras inacabadas 81 7.3. Sucessão das partes desenhadas 82 7.4. Ordem das figuras 84 7.5. Visão geral das figuras 85 7.6. Idade das figuras 86 7.7 Posturas das figuras 86 7.8. Simetria dos desenhos 87 7.9. Movimentos nos desenhos 87 710. Transparência nas figuras 89 7.11. Cabeça 90 712. Rosto 91 7.13. Cabelo 92 7.14. Chapéu 93 7.15. Barba e/ou bigode 93 7.16. Olhos 94 7.17. Sobrancelhas 96 7.18. Nariz 96 7.19. Boca 97 7.20. Orelhas 98 7.21. Queixo 99 7.22. Pescoço 99 9 7.23. Colarinho e gravata 100 7.24. Ombros 101 7.25. Tórax 102 7.26. Seios 103 7.2 7. Camisa, paletó, blusa ou camiseta 103 7.28. Cintura 104 7.29. Quadril e nádegas 1O5 7.30. Zona genital 105 7.31, Braços 106 7.32. Mãos 108 7.33. Dedos 109 7.34. Unhas 110 7.35, Anéis nos dedos 110 7.36. Pernas 111 7.37 Calças, saias e cintos 112 7.38. Pés e dedos 113 7.39. Sapatos e meias 114 7.40. Roupas e acessórios 114 7.41. Complementos 115 7.42. Comparação entre as duas figuras 116 8. FAMÍLIA DE ORIGEM E FAMÍLIA IDEAL 119 8.1. Introdução 120 8.2. Normas para aplicação 122 8.3. Observações na avaliação 122 8.4. Posições das figuras 123 8.5. Proporção entre os desenhos 126 10 8.6. Omissões 127 8.7 Figuras parentais 127 9. HTP-F CROMÁTICO 129 9.1. Observações na avaliação do HTP-F cromático 129 9.2. Disposição das cores 131 9.3. Simbolismo das cores 132 10. DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS 135 10.1. Caso n° 1 - Paciente A 135 10.2. Caso n°2 - Paciente B 141 10.3. Caso n°3 - Paciente C 149 11. O SIGNIFICADO DE ALGUMAS DOENÇAS DESTE MANUAL 159 11.1. Transtorno da Personalidade Antissocial 161 11.2. Transtorno de Personalidade Borderline 162 11.3. Transtorno de Personalidade Dependente 164 11.4. Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo 165 11.5. Transtorno da Personalidade Esquizoide 166 11.6. Transtorno de Personalidade Esquizotípica 167 11.7. Transtorno de Personalidade Histriônico 167 11.8. Transtorno da Personalidade Masoquista 169 11.9. Transtorno da Personalidade Narcisista 169 11.10. Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo 170 11.11. Transtorno da Personalidade Paranóide 171 11.12. Transtorno da Personalidade Sádica 172 11.13. Trans tono da Aprendizagem 173 11.14. Transtorno da Ansiedade Generalizada 174 11.15. Transtorno de Conduta 775 11 11.16. Transtorno de Despersonalização 177 11.17. Transtorno de Estresse Pós-Traumático 177 11.18. Transtorno de Somatização 178 11.19. Transtorno Depressivo 179 11.20. Transtorno do Pânico 181 11.21. Esquizofrenia 182 11.22. Exibicionismo 184 11.23. Fobia Social 185 11.24. Hipocondria 186 11.25. Homossexualidade 187 11.26. Impulso Sexual Excessivo 188 11.27. Roubo patológico 189 11.28. Voyeurismo 189 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 191 1. INTRODUÇÃO O HTP (House-Tree-Person) é uma técnica projetiva de desenho, que visa penetrar na personalidade do indivíduo. Neste livro estamos incluindo também os desenhos das Famílias (de Origem e Ideal) como um complemento do teste. Uma técnica projetiva é um instrumento que é considerado especialmente sensível a aspectos inconscientes ou velados do comportamento, que permite ou encoraja uma ampla variedade de respostas no sujeito. Hammer (1981) amplia o conceito de projeção de Freud, onde o que é projetado é sempre recalcado, e a define como a “colocação de uma experiência interna ou de uma imagem interna, no mundo exterior”. E completa: “... a projeção é o processo psicológico de se atribuir qualidades, sentimentos, atitudes e anseios próprios, aos objetos do 12 ambiente (pessoas, outros organismos ou coisas). O conteúdo da projeção pode ou não ser conhecido pelo sujeito como parte de si próprio”. Seu criador John N. Buck (1948) percebeu por meio de sua experiência clínica que o tema Casa-Arvore-Pessoa são conceitos familiares mesmo para as crianças bem pequenas; portanto, mais facilmente aceitos para serem desenhados por sujeitos de todas as idades. Estimulam verbalizações mais francas e abertas do que outros temas. Descobriu-se que apesar de casas, árvores e pessoas poderem ser desenhadas em quase uma infinita variedade de modos, um sistema de avaliação quantitativa e qualitativa pode ser esquematizado para extrair informações úteis relativas ao nível da função intelectual e emocional do sujeito. O HTP (neste livro, como estamos incluindo os desenhos da Família de Origem e Ideal, usaremos a abreviação HTP-F) é uma técnica de desenhos basicamente não verbal, que pode ser aplicada tanto em crianças, adolescentes e adultos como também em deficientes mentais, pessoas sem escolaridade, estrangeiros que não dominam plenamente o idioma, mudos, tímidos (retraídos) e nos que são bloqueados emocionalmente na área verbal. O desenho é anterior a linguagem escrita e é considerado uma das mais antigas formas de comunicação do ser humano. Isto é atestado pelos desenhos e pinturas dos homens das cavernas e dos povos primitivos, que fizeram com que chegassem até nós os seus interesses e expressões de aspectos de sua vida. Muito antes de escrever, as crianças aprendem a desenhar e, quando desenham por lazer, geralmente retratam pessoas, casas, árvores, animais, sol, etc. Esses temas são vistos nos trabalhos de crianças de todas as terras e culturas, atestando a universalidade básica da mente humana e dos sentimentos. As crianças pequenas tendem a ignorar ou transformar a realidade em um mundo subjetivo, rico em fantasias. Os desenhos são representações, e não reproduções da realidade. O HTP-F alcança também uma função especial, proporcionando uma introdução minimamente ameaçadora e maximamente prazerosa, principalmente às crianças. Uma das vantagens da introdução dos desenhos destacadas por Di Leo (1987), especialmente com crianças, é que estes permitem “estabelecer um rapport rápido, fácil e agradável com a criança”. 13 Atualmente, os desenhos das crianças são considerados um meio privilegiado para a descoberta do seu mundo interno e da sua psicodinâmica, além de constituírem um modo natural de expressão para as mesmas. Sendo um meio de expressão e de comunicação, revela muito do inconsciente daquele que desenha. O desenho projetivo, hoje em dia, é considerado uma fonte frutífera de informação e compreensão da personalidade, além de econômica e profunda. Sempre que houver alguma barreira para a linguagem, o desenho apresenta um potencial facilitador na expressão da personalidade, servindo também como um meio de descontração, mesmo com uma criança tímida ou um adulto de atitude negativa. Da oportunidade de se observar e analisar um grande número de desenhos, fica claro o surgimento e a elucidação de sentimentos que os pacientes talvez nunca poderiam ser capazes de expressar com palavras, mesmo que estivessem inteiramente conscientes desses estados que os atormentam e os mobilizam. Os sentimentos e conflitos dos pacientes, sejam eles crianças ou adultos, frequentemente infiltram-se em seus desenhos, involuntária e/ou inconscientemente (observar a análise dos desenhos na descrição de casos clínicos). O desenho não constitui uma reprodução fiel da realidade. É antes uma interpretação da realidade, uma maneira de ver as coisas e de se colocar diante delas. Coube à psicanálise desvendar que o inconsciente fala por meio de imagens simbólicas. Dessa forma, os sonhos, mitos, folclore, fantasias e obras de arte estão impregnados de determinismo inconsciente, sendo seu estudo e interpretação uma importante via de acesso ao inconsciente. “O HPT investiga o fluxo da personalidade à medida que ela invade a área da criatividade artística” (Harnmer, 1981). A linguagem do inconsciente é fundamentalmente imaginativa e simbólica e, emerge com bastante facilidade por meio dos desenhos. Tanto a linguagem simbólica quanto o desenho alcançam níveis primitivos da personalidade, permitindo o acesso ao mundo interno. No HTP-F, os desenhos representam um reflexo da personalidade de seu autor e mostram mais sobre o artista do que sobre o objeto retratado. As atividades psicomotoras do sujeito ficam gravadas no papel. O princípio básico da interpretação dos mesmos é que a folha de papel 14 representa o ambiente e o desenho, o próprio sujeito, e é a partir dessa interação simbolizada que são realizadas as interpretações. A página em branco sobre a qual o desenho é executado serve como um fundo no qual o paciente nos oferece um vislumbre de seu mundo interno, de seus traços e atitudes, de suas características comportamentais, das fraquezas e forças de sua personalidade, incluindo o grau em que pode mobilizar seus recursos internos para lidar com seus conflitos psicodinâmicos, tanto interpessoais quanto intrapsíquicos. A linha feita pode ser firme ou tímida, incerta, hesitante ou audaciosa, ou, ainda, pode consistir em um ataque selvagem ao papel. Além disso, a percepção consciente e inconsciente do sujeito em relação a si mesmo e às pessoas significativas do seu ambiente determina o conteúdo de seu desenho. Partindo dessa idéia básica, o trabalho com desenhos segue uma sequencia de avaliação, em que vários traços gráficos são identificados em sua forma específica, segundo critérios próprios. Para interpretar o HTP-F, é necessário que o psicólogo tenha uma vasta experiência clínica, conhecimentos de psicopatologia, psicossomática e psicanálise, estudos sobre movimentos expressivos da personalidade e uma reflexão sobre os mitos e as lendas populares. Da mesma forma saber se as características dos desenhos são comuns ao mesmo grupo etário, sexual, cultural, etc. (em uma criança de 4 anos não se espera o desenho da figura humana completo). A metodologia do examinador precisa, por necessidade, ser tanto intuitiva como analítica, e confiar apenas em detalhes específicos pode ser enganador. Para uma análise substanciosa é importante uma relação dos detalhes com o todo, pois um traço gráfico isolado não significa muita coisa: é apenas um sinal, que adquire uma importância máxima quando existem muitos elementos apontados na mesma direção. Apesar disso, o examinador deve ter bom senso, pois alguns detalhes são mais incomuns e mais significativos que outros, como o retratamento explícito dos órgãos sexuais, a falta de telhado ou a porta em uma casa ou uma árvore de espinhos. Não se trata somente de uma questão de números de detalhes, mas também da qualidade destes. Após a primeira visão global dos desenhos, encaminha-se para a avaliação das partes individuais. As partes individuais são significativas em sua inter-relação com o todo, afetando reciprocamente o contexto 15 global. Um paralelo pode ser feito com o que ocorre no corpo humano: quando uma parte está doente ou danificada, o corpo é afetado globalmente. Porém, o grau desse comprometimento é determinado pelo corpo, considerando- o um organismo que funciona como um todo (Dileo, 1987). O conhecimento do HTP-F permite ao psicólogo clínico realizar um processo de inferência clínica. Esta, no procedimento de exploração da personalidade, vai permitir ao profissional estabelecer uma série de hipóteses dinâmicas e estruturais sobre o indivíduo. Além disso, o HTP-F também tem-se mostrado extremamente útil, tanto no diagnóstico como no prognóstico das avaliações individuais. Sua aplicação durante o decorrer da terapia, em intervalos regulares, indica como o paciente está progredindo no tratamento e a validade das mudanças emocionais e comportamentais. É um instrumento sensível aos fluxos e refluxos das mudanças terapêuticas e menos influenciado pelas lembranças das aplicações anteriores. 2. NORMAS PARA APLICAÇÃO Os desenhos devem ser executados na seguinte ordem: CASA, ÁRVORE, FIGURA HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO AO DA PRIMEIRA DESENHADA, FAMILIA DE ORIGEM e o desenho da FAMILIA IDEAL. Segundo E. Hammer, a manutenção dessa ordem proporciona uma gradual introdução do examinando na tarefa de desenhar, levandoo gradativamente aos temas mais difíceis do desenho. O examinando é levado do autorretrato mais neutro (CASA) ao de maior implicação afetiva, que é o desenho da FIGURA HUMANA. Para cada desenho se oferece, ao avaliando, uma folha branca, tamanho ofício. Caso ele execute o desenho completo (como, por exemplo, no desenho da FIGURA HUMANA faça somente o rosto), deve recolher-se esse primeiro, oferecer-lhe outra folha e instruí-lo para fazer o desenho de uma pessoa completa. Por uma pessoa completa, às vezes, é necessário informá-lo que esta apresenta cabeça, tronco, braços e pernas. Quando quaisquer dessas áreas estão omitidas, a figura é considerada incompleta, porém, se apenas uma parte de uma área é omitida, como, por exemplo, mãos, pés ou uma das partes do rosto, o desenho deve ser aceito como completo. 16 Caso o examinando peça permissão para usar ou tenta usar qualquer auxílio mecânico (como, por exemplo, uma régua), é necessário instruílo que o desenho deve ser feito à mão livre. Depois que a bateria acromática estiver pronta, faz-se o inquérito (ver o capítulo de Inquérito). O examinador recolhe os desenhos e o lápis preto, dando novas folhas e a caixa de lápis de cor. O lápis preto deve ser recolhido, para que o examinando não seja tentado a fazer o contorno com lápis preto, para depois colori-lo. 2.1 — Material 1. Sala privativa, com mesa e cadeiras adequadas e confortáveis. 2. Folhas de papel branco, tamanho oficio. 3. Lápis, de preferência o n° 2. 4. Borracha macia. 5. Caixa de lápis de cor ou crayon. Segundo E. Hammer, a caixa de lápis coloridos ou crayons (Hammer usa um conjunto de crayons marca rayola) deve consistir de oito cores: vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, preto, violeta e laranja. 2.2 — Instruções O examinador deve falar ao sujeito: “Por favor, desenhe uma casa, da melhor maneira que puder. Pode levar o tempo que quiser e apagar quando precisa que não conta contra você. O importante é fazer o melhor que conseguir”. Caso o examinando apresente-se tímido ou incapaz de uma boa execução, o examinador deve estimulá-lo e ao mesmo tempo deixar claro que o importante não são os dotes artísticos, e sim as qualidades de seu traçado e a compreensão do que foi pedido. Procede-se da mesma forma em todos os desenhos, No caso da FIGURA HUMANA, pede-se primeiro que desenhe uma pessoa qualquer. Aplica-se o questionário e depois pede-se que desenhe outra figura do sexo oposto ao da primeira desenhada. Para o desenho da CASA e das FAMÍLIAS, o papel deve ser apresentado com o eixo maior na horizontal, e, para os desenhos da FIGURA HUMANA e da ARVORE, o eixo maior deve ser ria vertical. 17 “Depois que a bateria acromática estiver pronta, inicia-se a bateria cromática: ‘Agora, por favor, desenhe uma casa colorida”. E assim deve proceder-se com os demais desenhos. É importante que o examinador tenha o cuidado de não pedir ao examinando para desenhar “outra” casa, ou “outra” árvore, porque a palavra “outra” pode significar que ele não deve repetir o mesmo tipo de desenho feito com o lápis preto. Para que o teste apresente uma maior fidedignidade, o examinando deve ter todas as possibilidades de escolha. Para qualquer dúvida do examinando, como, por exemplo: “Que tipo de casa devo desenhar?” ou “Não sei desenhar muito bem”, etc., o examinador deve calmamente responder: “Como você quiser”, “Como você achar melhor” ou “Como você gostar”. 3. INQUÉRITO O examinador deve observar e anotar todos os movimentos e verbalizações do examinando estimulando-o sempre de forma tranquila e despretensiosa. Qualquer emoção manifestada pelo sujeito enquanto está desenhando ou sendo questionado a respeito de seus desenhos representa uma reação emocional à situação, que, de certa forma, está direta ou simbolicamente representada ou sugerida nos desenhos. É importante que se observe como ele se entrega à tarefa, de forma confiante e confortável ou se expressa dúvidas a respeito de suas habilidades. Quando está realizando os desenhos, o que as suas expressões revelam? ( )Insegurança ( )Ansiedade ( ) Desconfiança ( )Tensão ( )Arrogância ( ) Hostilidade ( ) Negativismo ( ) Cautela ( ) Autocrítica ( )Relaxamento ( )Bom humor ( ) Alegria ( ) Serenidade ( ) Confiança 18 É importante observar a sequencia em que o examinando faz seus desenhos. O examinador deve ficar alerta quando a sequencia é alterada e anotar enquanto o desenho está sendo produzido; caso contrário, esses detalhes ficam perdidos em um global terminado. O global pode parecer muito bom, mas a dificuldade em produzi-lo de uma maneira convencional pode ser o primeiro sinal de problema psicológico. Deve-se lembrar sempre que um sinal isolado não quer dizer muita coisa. É apenas um indicador de problemas e somente quando temos uma gama de sinais apontados em uma mesma direção é que podemos pensar em uma patologia. Após o término dos desenhos, o avaliador deve começar o inquérito relativo a cada um dos desenhos. Nome------------------------------------------------------------------------------------------------------Idade;----.anos------meses Data de nasc.: ____/____ / Grau de escolaridade--------------------------------------Data: ___/___/___ 1 — Casa Uso da borracha ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) ( ) Não usa 01. Muito bem, vejamos agora se inventamos uma história sobre essa casa como se fosse uma novela ou uma peça de teatro. Por exemplo, de quem é essa casa?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------02. Quantas pessoas moram nela?----------------------------------------------------03. Quantos andares tem?----------------------------------------------------------------04. Falta alguma coisa nessa casa?------------------------------------------------------ 19 05. Você gostaria de morar nela?----------------------------------------------------------06. Se você fosse dono (a) dessa casa e pudesse fazer com ela o que bem quisesse, qual o cômodo que você escolheria para você? Por quê? -----------------------------------------------------------------------------------------------07. Quando você olha para a casa, ela parece estar perto ou longe de você?--------------------------------------------------------------------------------------------------------------08. Se você estivesse olhando essa casa, como você a estaria vendo? ( )Na altura dos seus olhos ( ) Abaixo ( ) Acima dos seus olhos 09. Em que essa casa faz você lembrar ou pensar?-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------10. Essa casa é: ( )Feliz ( )Amiga ) ( ) Confiável ( )Triste ( )Agressiva ( ) Barulhenta Por que? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------11. Você acha que a maioria das casas é assim ?-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------12. Alguém ou alguma coisa já machucou essa casa? Por quê?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------13. De que essa casa necessita mais -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------20 14. Desenhe um sol. Vamos imaginar que esse sol seja alguma coisa ou pessoa que você conhece. Quem seria?------------------------------------------------------------------------------ 2— Árvore Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 01. Sequencia do desenho: ____________________________________________ 02. Que tipo de árvore é essa que você desenhou? ____ 03. Onde ela poderia estar situada? ________________ 04. Quem a plantou? Por quê? _______________________ 05. Que idade ela tem? ___________________________ ________ 06, Você pensa nela como estando: Viva ( ) Por que você acha que ela está viva? ______ _______________ Morta ( ) Existe alguma parte morta nessa árvore? Por que você acha que morreu? Há quanto tempo morreu?_____________________________________________ 07. Essa árvore para você parece mais um homem ou uma mulher? Por quê? ____ 08. Essa árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? _------------_________________________ 09. Olhando para a árvore, você tem a impressão de que ela está: Acima ( ) Abaixo ( ) No mesmo plano que você 10. Como está o clima nessa figura? _________________________________ 11. Há algum vento soprando nessa figura? _____________ _____ 21 12. Em que essa árvore faz você lembrar ou pensar? ___________________ - 13. Essa árvore está sadia? _____________________________ 14. Por que você acha que ela está sadia? ___________ 15. Do que essa árvore mais necessita? ________________ ______________ 16. Alguém ou alguma coisa já feriu essa árvore? _________ ________ ________ 3—Pessoa Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 01. Sequencia do desenho: _________________________________________________ 02. Isso é: ( ) um homem ( ) uma mulher ( ) Um menino ( ) uma menina 03, Quantos anos tem? ____________________ 04. Quem é ele (a)? ______________ ____ 05. O que ele (a) está fazendo? _______________ 06. Ele (a) se dá melhor com o pai ou com a mãe 07. Em que ano está na escola? ________ 08. O que ele(a) quer ser? _______________________________________________ 09. Qual é a parte mais bonita de seu corpo? ____________________ _______________ 10. E a mais feia? ____________ ______ 11. Como ele (a) se sente? Por quê? ____________ 12. O que mais o(a) preocupa? ___________ 22 13. Tem muitos amigos? ___________________ ______— 14. Mais velhos ou mais novos? ______________ _____ 15. O que ele (a) mais quer da vida? ________________________-____ 16. A melhor qualidade dele (a) é _______________ _____ --____ — 17. A pior é _______________ _____ _______ 18. Do que ele (a) tem medo? _____________ __________ 19. Deque essa pessoa mais precisa? ________ _____ - -- -— 20. Você gostaria de ser como essa pessoa? __________________ -- — 21. O que as pessoas falam dele (a)? _____________________ 22. E os familiares? ______________ 23. Alguém já feriu essa pessoa? Por quê? ________________________________ 24. Imagine que o sol seja uma pessoa que você conhece. Quem seria? 25. Você acha que a maioria das pessoas se sente assim? 26. Qual é o clima nessa figura? — 27. Que tipo de roupa está vestindo? __________ ____ Só Para Adultos 01. Estuda ou trabalha? 02. O que mais quer da vida? __________________ 03. Prefere ficar só ou no meio de outras pessoas? — 04. Namora? ____________________________ 05. Tem vida sexual?__________________________ 06. Se casado (a) - Vive bem com o companheiro (a)? 07. As relações sexuais são gratificantes? _____ 23 4— Família de Origem Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 01 Sequencia do desenho -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------02. Quem são as pessoas que desenhou?----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------03. Aí estão todos os seus familiares?---------------------------------------------------------04. Quem está faltando?--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------05. Por que não está aí?-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------06. Quem é a pessoa com quem você melhor se relaciona nessa família? Por quê?-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------07. Quem é a pessoa com quem você tem mais dificuldade em se relacionar? Por quê?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------08. Quem é a pessoa mais feliz desse grupo? Por quê?-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------09. Quem é a mais triste ou a menos feliz? Por quê?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 5— Família Ideal 1. Sequencia do desenho:- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------2. Quem são as pessoas que desenhou?-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------3. Em que família você estava pensando quando estava desenhando?--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- No final de cada desenho é interessante pedir ao examinando que coloque um sol. Presume-se que o sol simbolize a figura de maior autoridade ou de maior calor e/ou aFeto no ambiente. A disparidade de tamanho entre o sol e o total do desenho pode expressar a visão que o examinando tem a respeito de seu relacionamento com a pessoa representada pelo sol. 4. ANÁLISE QUALITATIVA Avaliação do HTP-F, tanto cromático como acromático, precisa ser efetuada com bastante cuidado. A interpretação de um dado só pode ser considerada correta depois ter relacionado esse detalhe à configuração total obtida. É essencial que não se coloque peso demasiado em dados isolados. Na avaliação dos desenhos deve levar-se em conta o princípio básico de que o papel repreta o ambiente, o desenho, o próprio sujeito e que somente a partir dessa interação simbolizada é que são realizadas as interpretações. 25 Uma série de itens faz parte da coleta de dados referentes à maneira como o indivíduo desenhou, na análise qualitativa, devemos considerar todos os desenhos (CASA, ÁRVORE,HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO AO DA DESENHADA, FAMÍLIA DE ORIGEM e FAMÍLIA IDEAL). Para efetuar uma análise qualitativa, necessitamos observar os seguintes itens: 4.1 — Resistências São casos de rejeição à tarefa proposta em graus diferentes de intensidade, podendo ocorrer, em um extremo, a negação para desenhar e, no outro, a execução adequada dos desenhos. Não apresenta — confiança no desempenho. Negação — intenso sentimento de inferioridade, sensação de ser inadequado para o cumprimento da tarefa, dificuldade em arriscar-se e em receber julgamentos, bloqueios severos ou atitudes de negativismo e oposição em relação ao ambiente (comum em fobia Social, Transtorno de Personalidade de Esquiva ou Transtorno de Personalidade Paranóide). Omissão de algumas partes do desenho — indícios de problemas e conflitos em relação à parte em questão (comum em pacientes com Esquizofrenia, Transtorno Depressivo, Transtorno de Estresse PósTraumático, Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Hipocondria). 4.2 — Análise sequencial do conjunto dos desenhos Oferece pistas a respeito da quantidade de energia e disposição do avaliando. O avaliador precisa ficar atento tanto ao aumento quanto à diminuição psicomotora e observar se o sujeito deixa levar-se por associações emocionais despertadas pela tarefa. Desenvolvimento normal — boa energia, equilíbrio emocional e mental. Alguns pacientes começam ansiosos, mas logo acalmam-se e trabalham eficientemente, sugerindo apenas uma ansiedade situacional. Decréscimo psicomotor — elevada fatigabilidade e em alguns casos depressão. A depressão caracteriza-se por uma acentuada pobreza de detalhes ou incapacidade para completar os desenhos. Alguns pacientes 26 inicialmente aceitam a tarefa de desenhar sem muito protesto, produzem um desenho razoavelmente bom na primeira tentativa, mas demonstram fadiga óbvia no desenho seguinte. Por exemplo: abandonam a tarefa logo após terem produzido apenas a “cabeça” do desenho da FIGURA HUMANA. Aumento psicomotor — impulsividade, ansiedade excessiva, abertura a estímulos (sugere Transtorno de Personalidade Borderline). 4.3 — Tempo consumido O uso que o avaliando faz do tempo durante a execução fornece pistas valiosas referentes ao significado que os desenhos têm para ele. O avaliador deve relacionar o tempo total consumido com a qualidade dos desenhos. Alguns pacientes desenham e apagam várias vezes, perdendo muito tempo; outros consomem a mesma quantidade de tempo, mas desenham livremente e colocam uma infinidade de detalhes. Tempo de latência inicial — a maioria dos indivíduos bem ajustados começa a desenhar mais ou menos 30 segundos depois que as instruções foram dadas. Pausas durante a realização do desenho — depois de iniciado o desenho, qualquer pausa superior a mais ou menos que cinco segundos sugere conflitos com o que acabou de desenhar ou ainda com o que vai ser desenhado. Quando ocorrem pausas durante os comentários espontâneos do sujeito ou enquanto ele está respondendo ao questionário, é indício de prováveis bloqueios. 4.4 Pressão no desenhar Analisa o nível de energia do indivíduo. O tipo de linha e a pressão do traçado indicam, em extremo, energia, vitalidade, decisão e iniciativa e, no outro, insegurança, falta de confiança em si ou ansiedade. Pressão média — boa energia, equilíbrio e vitalidade. Pouca pressão, traço leve — baixo nível de energia, insegurança, timidez, sentimento de incapacidade, falta de confiança em si mesmo e em alguns casos repressão dos impulsos. (comum em Deprimidos, Esquizofrênicos e sugere também Transtorno de Personalidade Dependente ou sentido artístico e/ou pessoas com personalidade mais sensível). 27 Muita pressão, traços fortes — excesso de energia, vitalidade, iniciativa, decisão, confiança em si mesmo ou medo, tensão, insegurança, agressividade e hostilidade para com o ambiente, aguda consciência da necessidade de autocontrole, falta de adaptação com esforço para manter o equilíbrio da personalidade ou ainda pode ser uma expressão de isolamento com necessidade de proteger-se de pressões externas (comum em Transtorno de Conduta, Transtorno de Personalidade Antissocial, Transtorno de Somatização e sugere também Transtorno de Ansiedade Generalizada). Variação na pressão — flexibilidade, capacidade de adaptação ou labilidade de humor, instabilidade e impulsividade (comum em pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline). 4.5 — Caracterização do traço Pessoas que apresentam o desenvolvimento da técnica do desenho utilizam-se de avanços e recuos no seu traçado. Crianças, de maneira geral, apresentam com mais frequência um traço contínuo, com linhas firmes, grossas e pesadas. Traços com predominância de linhas decisivas, controladas e livres — decisão, rapidez, esforço dirigido, bom tônus muscular e equilíbrio emocional e mental (comum em indivíduos rápidos, decididos, seguros e com perseverança para trabalhar e alcançar os objetivos). Traços longos ou extremamente contínuos — falta de sensibilidade, medo de iniciativas ou humor agressivo (comum em alguns indivíduos inibidos e sugere Fobia Social). Traços com avanços e recuos - emotividade, ansiedade, falta de confiança em si, timidez, insegurança, hesitação ao encontrar novas situações ou sentido artístico, intuição e sensibilidade (comum em pacientes excitáveis e com comportamento mais impulsivo, sugerindo Transtorno de Ansiedade Generalizada). Traços interrompidos, mudando de direção — incerteza, temor, angústia, insegurança, falta de opinião própria e de pontos de vista bem firmados ou dissimulação de problemas, não aceitação do meio ambiente, agressividade controlada e oposição (sugere Transtorno de Ansiedade Generalizada). 28 Traços apagados — dissimulação da agressividade, medo de revelar os problemas, de se expor ou debilidade física, inibição, timidez, sentimento de insignificância, sensação de ser desprovido de valor e sensação de ser incapaz de ser reconhecido como pessoa (sugere Transtorno Depressivo). Traços trêmulos — insegurança, medo, esgotamento nervoso, fadiga extrema e sensibilidade excessiva (comum em Doenças Cerebrais, Alcoolismo, Intoxicação por Drogas, remédios, etc. e sugere Transtorno Depressivo). Traços pontilhados ou denteados — agressividade, hostilidade e dissimulação (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial). Traços peludos — personalidade primitiva, comum em pessoas que agem mais pelo instinto do que pela razão (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial). Quando em cada linha há indícios de estresse, falta de objetivos, confusão ou traços estranhos (olhos fora do rosto, mãos e dedos ou estão ligados a lugares errados ou não estão presentes) — sugere Esquizofrenia. 4.6 — Indicadores de conflitos O tratamento diferencial dado a qualquer área do desenho indica, na maioria das vezes, conflitos nessa determinada área. É importante salientar que um sombreado nem sempre é ansiedade, pois pessoas com aptidões para desenhos muitas vezes fazem uso desse recurso. Reforços suaves ou raros -brandura, passividade de temperamento ou expressão auto-afirmativa. Sombreamento não excessivo — tato, sensibilidade, pessoa sonhadora ou que mascara conflitos. Correções e retoques — insatisfação com a produção, incerteza, insegurança, ansiedade, algumas vezes podendo sugerir agressividade e dissimulação (sugere Fobia Social). Rasuras ou borraduras resultantes de correções — insegurança, falta de autoconfiança e desejo de perfeccionismo (sugere Fobia Social e/ou Transtorno de Ansiedade Generalizada). 29 Recobrir uma linha já traçada com riscos mais intensos — ansiedade, insegurança, falta de autoconfiança ao se defrontar com situações novas ou sentimento de perda afetiva e de acobertamento da angústia ou da agressividade (comum em pessoas imaturas sexualmente e em alguns Homossexuais). Sombreamento — ansiedade, conflitos, medo, insegurança ou descontentamento aberto e consciente, Quanto mais extensa a área sombreada, maior é a ansiedade. No caso de efeitos artísticos, pode refletir racionalização da ansiedade. Omissões de braços, pernas, mãos ou traços fisionômicos — conflitos, Deve analisar-se de acordo com a área, pois assumem significados distintos. 4.7 — Localização no papel A folha de papel simboliza o ambiente, e a localização do desenho revela a adaptação do sujeito ao meio e como ele o manipula, assim como a maneira de estar no mundo, suas atitudes ante a vida intelectual, instintiva, etc. Fazendo uma analogia com a figura humana, podemos intuir que os pés simbolizam o contato direto com o chão, com a realidade e com a terra e a cabeça como sendo a fonte das idéias, das fantasias e do intelecto. Meio da página ou centro — comportamento emocional e adaptativo em equilíbrio e segurança. As crianças cujo trabalho não é centralizado tendem a apresentar pouco controle e maior dependência. Quando todos os desenhos são colocados rigidamente no meio da página, podemos pensar também em ansiedade, inflexibilidade ou insegurança. 30 Metade superior — quanto mais para cima o desenho, maior a tendência de buscar satisfação na fantasia, e não na realidade. Alguns pacientes deprimidos fazem seus desenhos bem no alto, como que enfatizando o sentimento de que estão se empenhando bastante para não mostrar a depressão. Adultos inseguros em relação à própria capacidade, que vivem como “flutuando no ar”, sem muito contato com a realidade também costumam fazer seu desenho no alto da página. A metade superior pode simbolizar a vida espiritual, a tendência mística e o mundo do “grande pai”. Metade inferior — quanto mais para baixo o desenho, maior a tendência ao materialismo, a fixação à terra e ao inconsciente. Alguns pacientes deprimidos fazem seus desenhos na beira do papel, e geralmente estes são pouco minuciosos com uma deterioração progressiva tanto da qualidade das linhas quanto da quantidade de detalhes. A metade inferior também simboliza o mundo da mãe terra, a fixação à matéria e a dimensão concreta, 31 Figuras presas à margem do papel — falta de confiança, medo de ações independentes e necessidade de apoio (a interpretação é a mesma de janelas presas à margem das paredes). Em diagonal — perda de equilíbrio e insegurança. 4.8 — Tamanho das figuras Em geral o desenho ocupa de 1/3 a 2/3 da página. O tamanho das figuras fornece um paralelo entre a dinâmica, o ambiente e as figuras parentais. Oferece, também, pistas a respeito da autoestima, autoexpansividade, fantasia de auto-inflação, o grau de adequação e a forma como está reagindo às pressões ambientais. Em um extremo, o paciente pode estar reagindo às pressões ambientais com sentimentos de inadequação e inferioridade e no outro, pode reagir com grande 32 valorização de si mesmo, Crianças inseguras tendem a desenhar figuras pequenas, em contraste com as figuras grandes e ousadas das crianças seguras. Tamanho médio - inteligência, boa autoestima, adequação ao meio, capacidade de abstração e equilíbrio emocional. Figuras grandes — podem indicar tanto expansividade como inibição. Sugerem reação às pressões ambientais, com sentimentos de expansão e agressão, falta de controle ou inibição e idéias de grandeza, para encobrir sentimentos de inadequação. Podem também simbolizar sentimentos de rejeição social e inferioridade a respeito do corpo. (O desenho bem centrado pode indicar ambições e força de expansão do ego, porém preso pelo mundo da fantasia.) Figuras muito grandes que chegam a ultrapassar o limite da folha — sugerem sentimento de constrição por parte do ambiente, com fantasias compensatórias de auto-expansão e evidência de agressividade com possível descarga motora no meio ou controle interno ineficiente (comum em casos orgânicos, Transtorno de Personalidade Paranóide ou crianças com descontrole motor que não percebem o limite da folha ou com tendência ao roubo). Figuras pequenas — sentimento de inferioridade com dificuldade em se colocar no meio, inibição, timidez, repressão da agressividade, comportamento emocionalmente dependente e ansioso. Sugere eventualmente inteligência elevada, mas com problemas emocionais por sentimentos de inadequação, baixa autoestima, insignificância, excesso de autocontrole e reação de maneira não adequada às pressões ambientais (comum em Depressivos e sugere também Transtorno de Personalidade Dependente). Figuras muito pequenas, minúsculas — sentimento de inadequação e rejeição pelo ambiente, tendência ao isolamento; a criança que faz um desenho muito pequeno indica que as relações com o meio são sentidas como esmagadoras (sugere fobia Social, Transtorno de Personalidade Esquiva, Transtorno de Personalidade Esquizoide e/ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Criança que desenha figuras pequenas e grandes — dificuldade em responder de forma plenamente saudável às experiências, ou percepção tendenciosa de si mesmo e dos outros. 33 Relação das partes do desenho em relação ao todo — quanto maior a disparidade, maior a possibilidade de desajuste. 4.9 — Detalhes no desenho Existem detalhes que são essenciais aos desenhos, como, por exemplo, no desenho da CASA. Esta deve possuir pelo menos uma porta (a não ser que somente o lado da casa esteja desenhado), uma janela, parede e telhado. Atualmente com ouso do aquecimento elétrico, a chaminé não constitui mais um detalhe essencial no desenho da CASA. A ARVORE deve ter pelo menos tronco e copa. A FIGURA HUMANA deve apresentar cabeça, tronco, dois braços e duas pernas, a não ser que seja desenhada de tal maneira que somente um dos membros seja aparente, o que também é significativo. Nas características faciais, deve ter dois olhos, um nariz, uma boca e duas orelhas, a não ser que a posição não permita que todos os elementos apareçam. A ausência de qualquer detalhe essencial é séria e quanto maior o número destas, mais significativas serão as implicações patológicas. Detalhes adequados — inteligência, percepção adequada e ajustamento ao meio. Uso limitado de detalhes não essenciais — bom teste de realidade e relação equilibrada com o ambiente. Detalhes inadequados ou uso mínimo de detalhes essenciais — fuga e/ou conflito na área representada ou simbolizada pelo detalhe, dificuldade de entendimento, insegurança, energia reduzida, sentimento de vazio e retraimento (comum em Depressivos, que geralmente fazem desenhos apagados, com linhas tênues e sem detalhes). Detalhes excessivos — insegurança, sentimento de que o mundo é incerto e/ou perigoso, rigidez, tendência a defender-se contra o caos externo ou interno criando um mundo rigidamente organizado e altamente estruturado (desenhos exatos, com elementos rígidos e repetidos, não existindo nem uma linha fora de lugar, são encontrados com frequência Transtorno de Personalidade Obsessivos-Compulsivos). 34 Detalhes não essenciais — geralmente tendem a enriquecer o desenho, como, por exemplo na CASA, a colocação de cortinas na janela ou material de parede, indicado por desenho minucioso ou sombreado, etc. Na ARVORE, uma folhagem desenhada detalhadamente ou sombreada; na FIGURA HUMANA, cabelo ou roupa extremamente elaborados. Detalhes bizarros — como, por exemplo, órgãos internos vistos por meio da roupa ou pele parede transparente de forma que se observem os objetos dentro da casa, sugerem desordem emocional, porém, em crianças pequenas, não apresentam significado patológico (em adultos sugere Esquizofrenia). 4.10 — Uso da borracha O uso da borracha só tem valor quando o sujeito mostra capacidade de melhorar o seu desempenho. Apagar o desenho sem aperfeiçoá-lo não é bom sinal e quando o toma pior é mais significativo ainda. A constante necessidade de apagar na maioria das vezes significa conflito. Normal — autocrítica. Não usa— falta de crítica ou autoconfiança no desempenho. Uso exagerado — insegurança, excesso de autocrítica, indecisão, insatisfação consigo mesmo, falta de controle e fuga (sugere Fobia Social). - 35 5.1 — Introdução A CASA, como local de moradia, simboliza a cena das relações intrafamiliares, desde as mais satisfatórias até as mais frustrantes. 36 Provoca associações referentes à vida doméstica no passado, presente ou como gostaria que fosse no futuro ou, ainda, uma combinação desses estágios. A CASA também pode simbolizar um autorretrato, fornecendo ao examinador ricas informações sobre as relações do sujeito com a realidade e a fantasia, sobre os contatos que faz com o meio e também sobre a maturidade e o ajustamento psicossexual. E interessante ressaltar que após a observação de inúmeros desenhos percebe-se que a grande maioria dos pacientes (adultos e crianças) faz suas casas com um telhado inclinado e chaminé, em uma representação infantil, Em concordância Di Leu (1987) em seu estudo sobre o desenho da CASA, aplicado em crianças citadinas, percebeu que a grande maioria desenhou casas que são típicas da vida campestre (com telhado inclinado e chaminés), em vez dos complexos apartamentos, tipo colmeia, em que a maioria delas realmente vive. O desenho da CASA fornece dados sobre as relações familiares, pois simboliza o lugar onde são buscados os afetos, a segurança e as necessidades básicas que encontram preenchimento na vida familiar. A criança antes da idade escolar ao representar uma CASA desenha o que sabe que deve estar lá, ignorando como ou se realmente está visível. A realidade interna dará lugar, gradualmente, a uma realidade exterior mais prosaica desprovida da fantasia, quando a criança amadurece. A passagem da subjetividade para a objetividade não é abrupta, ambas as formas de “ver” podem coexistir até bem depois dos 7 anos de idade. Quando solicitadas a desenhar uma CASA, as crianças invariavelmente desenharão o exterior. Se a casa é percebida como um lar, com todas as suas conotações de calor, proteção, segurança e amor, poderão vitalizála com as pessoas significativas em suas vidas, flores, árvores ou sol. Nos adultos, quando casados, o desenho da CASA também reflete a situação doméstica em relação ao cônjuge. Simbolicamente a CASA pode, também, representar a imagem corporal. Pessoas com problemas em áreas fálicas (preocupação a respeito de questões sexuais com necessidade de demonstrar virilidade) frequentemente projetarão tais problemas desenhando uma chaminé bem grande. Os dados psicológicos levantados são obtidos pelo significado funcional dos elementos do desenho, pelo seu formato e por meio do aspecto 37 simbólico ligado a cada detalhe. É importante observar a habilidade com que o sujeito organiza seus detalhes em um todo significativo. O telhado, a parede, a porta e a(s) janela(s) são detalhes considerados essenciais no desenho da Casa. Habitualmente as pessoas desenham na seguinte sequencia: Telhado, parede, porta e janela(s) ou uma linha de base, parede, telhado, porta e janela. Uma sequencia de detalhes oscilantes indica, na melhor das hipóteses, indecisão. A casa geralmente é desenhada de pé, intacta, Qualquer movimento, como telhado paredes caindo, pode expressar um colapso do ego sob os ataques do ambiente ou das relações interpessoais. 5.2— Perspectiva e posição da casa Fornece-nos dados da reação afetiva sobre a vida familiar. Casa como um todo adequado e substancial, na altura do observador — harmonia nas relações familiares e adequação na imagem corporal. Casa desenhada como se fosse vista de cima — rejeição e distanciamento da situação familiar e dos valores pertinentes, com sentimento compensatório de superioridade (o sentimento de superioridade em relação ao ambiente familiar pode tratar-se de uma atitude defensiva). Casa desenhada como se fosse vista de baixo — sensação de rejeição, perda de valor, baixa autoestima e inferioridade na situação doméstica; a felicidade na situação familiar é considerada como algo dificilmente atingível (comum em pacientes com desajustamento familiar e deprimidos). Casa de longe como se estivesse distante do observador — isolamento afetivo, retraimento, inacessibilidade, sensação de que as boas relações com os familiares são inatingíveis ou incapacidade para enfrentar a situação doméstica (comum em pacientes com dificuldades para lidar, com as situações referentes à família e deprimidos). Casa em perfil parcial — bom nível intelectual e tendência a um comportamento mais flexível. 38 Casa do tipo “perfil absoluto” ou desenho em que a porta ou a entrada não são visíveis — retraimento, isolamento, inibição, dificuldade nos contatos sociais, tendência à fuga e oposição ou máscara social (comum em pacientes com Transtorno de Personalidade Paranóide e sugere também Fobia Social). Casa desenhada como vista pelos fundos ou por trás-retraimento, isolamento e dificuldade nos contatos sociais, porém com sentido mais patológico (comum em Esquizofrênicos, Transtorno de Personalidade Paranóide e sugere também Fobia Social). Desenhos de fachada (isto é, só uma parede é mostrada e não oferece sugestão de profundidade) —tendência a usar uma máscara social (comum em pacientes com comportamento rígido que escondem sentimentos de inadequação e insegurança). Casa desenhada de modo que uma das margens laterais do papel sirva como parede — insegurança extrema (sugere Transtorno do Pânico). Uso da margem inferior da página como base ou linha do solo sentimento de inadequação e insegurança (comum em alguns casos de depressão). 5.3 — Tipos de Casa Ao analisar a Casa como um todo, observa-se que, além de o sujeito mostrar como se relaciona com o meio, pode por meio do desenho expor todos os seus sonhos e fantasias de realização, assim como a precariedade de sua vida. Choupana — desejo de isolamento, de descansar em paz, de romper com o mundo e/ou sentimento de perda amorosa, econômica ou social. Forma imatura de reagir aos estímulos ambientais (sugere Transtorno Depressivo, Transtorno de Personalidade de Esquiva e/ou Transtorno de Personalidade Esquizoide). Igreja- culpa sensação de não ser bom o bastante, pensamentos ruins ou sublimação dos impulsos sexuais. Hospital — medo ou fixação de doença (comum em Hipocondríacos). Escola — dificuldades intelectuais, medo de não ser bom o bastante, problemas ou fixação na escola ou ambição e supervalorização intelectual (sugere Transtorno de Aprendizagem). 39 Prisão — culpa necessidade de liberdade e conflitos (comum em pessoas que se veem aprisionadas em uma situação doméstica). Casa de aparência irreal, como em contos de fada — dificuldade para encarar a realidade com imersão na fantasia (sugere Transtorno de Personalidade Esquizotípica). Castelos — imersão na fantasia e/ou sentimentos de inferioridade. Prédios — sensação de falta de espaço, prisão, necessidade de liberdade ou acolhimento ou sensação de fazer parte de um todo. Casa de dois andares com apartamentos — cerceamento, aprisionamento ou desejo de contato sexual (comum em Deprimidos). Casa de dois andares ou mansão — aspirações, vontade de ser reconhecido, notado e necessidade de status social ou fortes sentimentos de inferioridade (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). 5.4-Linha representativa do solo ou chão O chão simboliza o contato com a realidade. O solo pode ser firme, claro ou tênue, adquirindo aspecto importante para o diagnóstico. Pacientes mais comprometidos emocionalmente invariavelmente apresentam dificuldade em desenhar a CASA com um contato firme com a realidade, geralmente não traçam a linha representativa, fazendo com que o desenho flutue no ar, sem tocar qualquer ponto. Linha firme e clara — bom contato com a realidade objetiva. Linha de base como o primeiro detalhe a ser desenhado, com ênfase por reforçamento ou negrito —insegurança e necessidade de amarrar o desenho em alguma coisa substancial na página (comum em Deprimidos). Linha do solo distante do desenho ou desenho que flutua no ar sem tocar em qualquer ponto — suspeita de rompimento com a realidade objetiva e refúgio na fantasia (sugere Transtorno de Personalidade Esquizotípica). 40 Chão tipo arco, com a maior elevação no centro da página — suspeita de sentimentos de dependência (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Linha representada pela borda do papel — é comum em crianças, mas em adultos sugere insegurança, ansiedade e fixação na infância. 5.5- Paredes As paredes simbolizam a capacidade de auto-sustentação, integração e controle dos impulsos. Representam por hipótese o ego do sujeito indicando sua força, fraqueza ou deterioração. O material das paredes é menos frequentemente desenhado em relação a outras partes do desenho. Paredes com traços firmes e adequados — personalidade estável, bom ajustamento e controle do ego. Paredes menores que o teto ou corpo da casa pequeno e teto grande — tendência a buscar satisfação na fantasia e na atividade imaginativa. Paredes maiores que o teto ou corpo da casa grande e teto pequeno — menor valorização da fantasia, tendência à objetividade, maior controle racional sobre a vida instintiva, com comportamento mais prático e voltado para a realidade concreta. Paredes desconjuntadas ou que estão desabando — franca desintegração do ego (comum em pacientes que estão empregando um esforço consciente, hipervigilante, constante e intenso para manter o ego intacto). Reforço nos contornos da parede — esforço e vigilância para manter a integridade do ego e aumento das defesas. Paredes frágeis, com traço fraco, tênue e/ou inadequado — sentimento de colapso, de fraco controle do ego, de ruptura emocional iminente sem o emprego de defesas compensatórias a sentimentos de inadequação, insegurança e necessidade de apoio (comum em pacientes mais adaptados à própria patologia, que aceitaram derrota como inevitável e pararam de lutar, ao contrário dos que reforçam as 41 linhas da parede, estes apresentam uma atitude mais passiva de submissão às forças desintegradoras que os ameaçam e sugere Transtorno Depressivo). Paredes com apoios ou tijolos aparentes — desgaste emocional, ameaça de destruição, com sofrimento do ego e sensação de desintegração (sugere Transtorno stress Pós -Traumático). Paredes transparentes, permitindo a visão de objetos no interior da casa — no adulto sugere violação das regras da realidade, imaturidade e diminuição da percepção da realidade (comum em Transtorno de Aprendizagem e em Esquizofrênicos). Em crianças pequenas, apenas indicam a sua imaturidade em termos de capacidade conceitual, permitindo-se uma grande liberalidade quanto à representação da realidade. Calhas para escoamento de água — atitude defensiva e de suspeita, com um esforço concomitante de canalizar estímulos desagradáveis. 5.6 — Porta A porta indica o local de passagem entre dois estados, entre dois mundos, entre o conhecido e o desconhecido, entre o interior e o exterior e simboliza o contato, o relacionamento a interação com o meio ambiente. Obs.: Após o desenho da casa é interessante perguntar ao examinando se a porta está fechada ou aberta; crianças muitas vezes desenham a porta fechada, mas a imaginam aberta. Porta aberta e um caminho à vista — pessoa equilibrada ou que procura novos caminhos. Porta muito pequena em relação às janelas e à casa em geral — relutância em estabelecer contato com o ambiente, afastamento das trocas interpessoais, timidez e receio nas relações com os outros (sugere Transtorno de Personalidade de Esquiva e/ou Transtorno de Personalidade Esquizoide). Porta excessivamente grande — excessiva dependência em relação ao meio ou às pessoas em geral e necessidade de interação; quanto maior a porta, maior a dependência do meio externo (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 42 Porta fechada — autodefesa e/ou defesa para com o mundo. Porta fechada com fechaduras, dobradiças ou olho mágico — medo hiperdefensivo do perigo externo, de contato, sensibilidade e defesa ou problema sexual e/ou desejo de contato sexual (comum em Transtorno de Personalidade Paranóide e sugere também Transtorno do Pânico). Ênfase na maçaneta — preocupação com o contato (função da porta). Porta aberta — necessidade interna de receber calor emocional do exterior e de expressar acessibilidade (quando existem pessoas morando na casa). Quando a casa é vazia (não existe ninguém morando), a porta aberta indica sentimento de extrema vulnerabilidade, carência afetiva, necessidade de reforço emocional de fora e falta de adequação das defesas do ego (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Porta entreaberta — equilíbrio e/ou necessidade de contato. Porta bem acima da linha que representa o chão da casa, sem que apareçam degraus — isolamento do meio e tentativa de se conservar inacessível nas relações interpessoais; os contatos são unicamente segundo as próprias conveniências (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Porta acima do solo e com degraus — tentativa de se manter inacessível, comum em pessoas que só estabelecem contatos com os outros nos seus próprios termos. 5.7 —Janela É o meio secundário de interação com o ambiente. Representa uma maneira de comunicação menos direta e menos imediata com o mesmo. Enquanto abertura para o ar e para a luz, a janela simboliza a receptividade. Janela no lugar normal, simples, aberta e sem ênfase — equilíbrio e calma no contato social. 43 Janela com florzinhas — otimismo, interesse pela aparência, preocupação com o exterior, vaidade (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Pessoa na janela — família bem equilibrada, harmonia e em alguns casos ansiedade. Janelas nuas, sem cortinas ou persianas— tendência a relacionamentos e contatos sociais diretos, falta de tato ou oposição. Reforço no contorno das janelas (quando não aparece em outras partes do desenho)—fixações orais, gula ou tendência ao tabagismo. Janela com grades, vidraças fechadas e/ou fechadas com trinco — medo defensivo do perigo externo, desejo de proteção e/ou defesa contra os impulsos ou estímulos externos, isolamento, barreiras nos contatos sociais, insegurança ou sentimento de estar cercado (a), sensação de o lar ser uma prisão em vez de algo confortável (comum em Transtorno de Personalidade Paranóide), Janelas decoradas com persianas ou cortinas — atitudes de interação controlada com o meio, certa ansiedade nas relações interpessoais e ou dissimulação. Pode também mostrar a visão da vida por meio das cortinas ou exibicionismo e narcisismo (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). Janelas fechadas com persianas ou cortinas — retraimento, cautela nas trocas interpessoais e relutância em interagir com os outros (sugere Transtorno de Personalidade de Esquiva). Cortinas ou persianas nas janelas abertas ou parcialmente abertas — interação controlada com o ambiente ou a certa ansiedade nas relações interpessoais. Várias janelas sem persianas ou cortinas — tendência a se comportar de forma abrupta e às vezes direta, sem necessidade de mascarar sentimentos. Várias janelas com persianas ou cortinas — preocupação a respeito da interação com o ambiente. Distorção no tamanho das janelas — quando a janela da sala é maior que a do banheiro, é normal; caso contrário, dá indícios de um possível treinamento severo nos hábitos de higiene ou sentimentos de culpa por 44 masturbação excessiva (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo). Janelas da frente em altura diferente das janelas do lado — sugerindo que a altura do chão não é a mesma - dificuldade de organização (comum em formas precoces de Esquizofrenia). Janelas centrais maiores que as outras- desejo de contato Janela junto ao teto ou telhado- tendência a viver mais no mundo da fantasia do que no da realidade ou necessidade de fuga (comum em pessoas com transtorno de somatização e em adultos com dificuldade inter-relação ou de contato sexual). Janela no telhado ( sótão) – dificuldade de contorno direto,contato vivido mais na base da fantasia e na imaginação,riqueza de vivencia interior e tato por meio de um meio mais intelectualizado (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Janela junto ao canto da parede — necessidade de apoio, medo de ações independentes e falta de autoconfiança (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Janela fechada e porta aberta — dificuldade de se mostrar no contato interpessoal, conflitos e medo de rejeição (sugere Fobia Social). Janela fechada e porta fechada — isolamento emocional e afastamento do contato interpessoal (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Janela aberta e porta fechada ou pequena — timidez ou receio no contato afetivo e interação mais controlada com os outros. Janela aberta e porta aberta — extroversão, necessidade de contato afetivo (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 5.8 — Telha ou telhado Simboliza a área ocupada pela fantasia e pensamentos, os impulsos e as tentativas de controle. Os extremos no tamanho do telhado tendem a refletir o grau em que o sujeito devota seu tempo à fantasia e em que medida ele se volta para esta área a fim de obter satisfação. 45 O material do telhado é indicado por traços que variam desde o desenho meticuloso de cada telha até riscos esparsos ou o vazio. Telhado de tamanho adequado — equilíbrio entre a fantasia e a realidade, interação equilibrada com o ambiente. Telhado exageradamente grande e o resto da casa pequeno — grande imersão com ênfase exagerada na fantasia, afastamento dos contatos interpessoais (pouco contato manifesto) e ambição maior que a capacidade de realização. Casa representada só por teto ou telhado — ego dominado pela fantasia (comum em esquizofrênicos-geralmente eles desenham um telhado e depois colocam a porta e as janelas de forma que a casa seja toda telhado.,São pessoas que vivem no mundo predominantemente de fantasia). Lajes — bloqueios, repressão da vida de fantasia, da imaginação e orientação para o concreto (comum em pessoas estéreis afetivamente). Ausência de telhado ou telhado representado por uma única linha — dificuldade em fantasiar ou devanear, tendência para o pensamento mais concreto (comum em personalidades reprimidas ou de pouca inteligência e sugere também Transtorno de Aprendizagem). Telhado reforçado por uma linha forte e grossa (quando isso não ocorre nas outras áreas do desenho da casa) — tentativa de defesa da ameaça de perda do controle pela fantasia, temor que os impulsos atualmente expressos pela fantasia se expandam para o comportamento manifesto ou distorçam a percepção da realidade, receio de perder o controle sobre a vida imaginativa (comum em Transtorno de Ansiedade Generalizada e sugere também Transtorno de Personalidade Esquizotípica). Telhado ligeiramente afastado ou deslocado da parede, sombreado ou com buraco— ansiedade, dificuldade de aprendizagem e idéias de fuga do ambiente (comum em pessoas com Transtorno de Somatização e sugere também Transtorno de Aprendizagem). Telhado muito elaborado (com telhas ou vários riscos) — capacidade de enfrentar problemas e controle da fantasia ou minuciosidade, preocupação com detalhes, (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 46 Telhado terminado em pontas — simbolismo sexual (comum na puberdade e adolescência). Telhado vazio sem telhas — senso prático, orientado para o essencial ou diminuição da fantasia. 5.9 — Chaminé Em pessoas bem ajustadas, a chaminé via de regra representa apenas um detalhe à representação da casa. Detalhe este que atualmente não é essencial no nosso meio devido à propagação do aquecimento elétrico, ao clima tropical e de poucas casas possuírem lareira. As crianças na sua grande maioria desenham a chaminé num ângulo reto ao plano do telhado. Se for um telhado inclinado ficará oblíqua. É necessário certa maturação para que a chaminé seja desenhada verticalmente, ignorando a inclinação do teto. Esta correção expressa um avanço no nível do pensamento, depende de uma operação mental que não é ainda acessível à criança pequena. Para alguns adultos a chaminé pode representar um símbolo fálico ou indicar o nível de maturidade sensual (emerge do corpo da casa) embora isso não seja obrigatório em todos os desenhos, pois também simboliza afeto, tensão interior ou no lar. (Da observação de inúmeros desenhos, percebe-se que a grande maioria dos pacientes desenha suas casas com um telhado inclinado e chaminé, numa representação infantil Dileo, 1987). Chaminé proporcional à casa — calor no lar, bom ajustamento familiar e pessoal, Ausência de chaminé - atualmente não é considerada importante, mas pode simbolizar falta de calor e afeto no lar ou, em alguns adultos, dificuldades de ajustamento sexual. Dificuldade em desenhar a chaminé — em crianças - tensão interior e/ou na família. Em adultos - indícios de mal ajustamento sexual, temores quanto à dificuldade para lidar com protuberâncias que saem do próprio corpo e dúvidas sobre a capacidade fálica. Chaminé exageradamente grande — em crianças - necessidade de chamar atenção e de ser visto, notado. Em adultos - preocupação a 47 respeito das questões sexuais com necessidade de demonstrar virilidade, tendências exibicionistas e sentimentos compensatórios para inadequação fálica (comum em Transtorno de Personalidade Antissocial). Chaminé superenfatizada, completamente exposta, saindo da linha de base em adolescentes e adultos — tendências exibicionistas no sentido da sexualidade. Chaminé quase completamente escondida — em crianças sugere relutância em lidar com estímulos que provocam emoção. Em adultos pode simbolizar angústia em relação às vivências fálicas ou à dificuldade de expressar a turbulência emocional e repressão. Várias chaminés na mesma casa, chaminé tombando ou em formato fálico em desenhos de adolescentes e adultos.— sentimento de inferioridade e compensação por sentimentos de adequação fálica, sob uma capa de esforço viril (comum em Impulso Sexual Excessivo e Transtorno de Personalidade Antissocial). Chaminé transparente ou visível por meio de uma parede transparente — negação de aspectos sexuais, sensação de impotência, sentimento de fraqueza em relação ao pênis ou medo de castração ou tendências exibicionistas ou expressão de que o sujeito sente que a sua preocupação fálica deve ser óbvia para os outros. (comum em Impulso Sexual Excessivo e Transtorno de Personalidade Antissocial). Chaminé perpendicular à inclinação do telhado — comum em crianças e adultos sugere angústia em relação às vivências fálicas e/ou a dificuldade de expressar a turbulência emocional. Antenas ou outros símbolos fálicos — indícios de fantasias sexuais ou necessidade de comunicação com o mundo externo. 5.10 — Fumaça Simboliza a respiração e, portanto a expressão da vida dentro da casa. Chaminé emitindo uma fumaça abundante — expressão de calor e afeto dentro da casa (comum em desenho de crianças). Fumaça dirigida para um lado como sob efeito de forte vento -(a força da pressão do vento é indicada pelo grau de desvio da fumaça, e o 48 sentimento é revelado pela quantidade de fumaça) — sentimento de forte pressão ambiental (comum em crianças com dificuldade escolar e/ou pressionadas pelos pais e em adolescentes constritos pela realização acadêmica). Fumaça em novelo — conflitos internos e externos ou esforço para extravasar energia intelectual (comum em pessoas que veem o lar como um lugar de conflitos, turbulência e inquietação). Fumaça em negrito, densa e/ou exagerada — grande tensão interna, conflitos e turbulência no lar ou ambos (denota sintomas mais graves). 5.11 — Acessórios no desenho da casa Quando aparecem acessórios no desenho da CASA, estes devem ser analisados de acordo com o conjunto dos desenhos. Detalhes bem organizados na maioria das vezes indicam boa relação com o meio e maior possibilidade de a ansiedade ser bem canalizada e controlada. Por outro lado, alguns pacientes revelam diretamente a sua falta de segurança ao circundar ou apoiar sua CASA com arbustos, árvores e outros detalhes que não estão relacionados com a instrução dada. Indica que quanto maior a quantidade desses detalhes, mais intenso é o sentimento de insegurança ou a falta de proteção. Caminho bem feito e proporcionado, conduzindo a porta — controle e tato no contato com os outros e equilíbrio na procura de novos caminhos. Caminho longo e sinuoso — reserva nas relações interpessoais (comum em pessoas que inicialmente se mostram cautelosas em fazer amizades, mas, quando a relação se desenvolve, tende a ser profunda). Caminho excessivamente largo na extremidade voltada para o observador, mas que diminui, de modo a ficar mais estreito que a porta — tentativa de encobrir o desejo de manter-se distante, empregando uma afabilidade superficial (comum em pessoas seletivas em seus contatos e sugere também Fobia Social). Caminhos bifurcados — indecisão e imaturidade afetiva. Caminho pedregoso-vivências traumatizantes e dificuldade de contato com o mundo (sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 49 Calçada reta na frente ou caminho que acaba em montanha — falta de energia para vencer os problemas ou dificuldade no contato com as pessoas (sugere Transtorno depressivo). Casa com árvores, vegetais, arbustos e/ou grande e vasto jardim — insegurança, necessidade de proteção e de erguer barreiras defensivas para fazer contato formal com os outros (em alguns adultos pode simbolizar desejo e/ou repressão da sexualidade). Casa com escadas — dificuldade em mostrar-se, em ser autêntico (a) e em ter relacionamentos íntimos. Demonstra ser necessário galgar os degraus para chegar ao interior da pessoa. Casa Com varanda ou com sombra e água fresca — necessidade de relaxar; comodismo mecanismo de compensação ou problema de relação social. Árvores desenhadas ao redor da casa — frequentemente representam pessoas, e o examinador pode induzir o sujeito a identificá-las, O tipo e o tamanho da árvore, particularmente sua colocação em relação à CASA, podem revelar muito a respeito da percepção que o indivíduo tem da sua constelação familiar. Montanhas aparecendo no desenho da casa — atitudes defensivas e/ou necessidade de independência, frequentemente independência maternal (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Cercas desenhadas em torno da casa — necessidade de proteção, comportamento defensivo e insegurança (sugere Transtorno de Personalidade Dependente ou Trans- torno de Personalidade Paranóide). Florzinha, patinho, etc., — imaturidade afetiva ou ambição desejo de conquistar algo. Nuvem — ansiedade, pressão ambiental ou expressão de pais repressores. Nuvem escura — ansiedade, pressão ambiental e ameaça a distância. Nuvens, neve e/ou chuva caindo — ambiente opressivo (comum em Deprimidos). Sombras — situações de conflitos e ansiedade em nível mais consciente. 50 (Sol—(na maioria das vezes simboliza a figura de maior autoridade ou de maior valência emocional (positiva ou negativa) no ambiente do sujeito tomo Depressivo) Sol brilhando sobre o lado esquerdo — lado materno, bom relacionamento com a mãe. Sol brilhando sobre o lado direito — lado paterno, bom relacionamento com o pai. Torres - isolamento e introversão. (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Torres cheias de janelas — excitação sexual. (sugere Impulso Sexual Excessivo). Elevadores — em desenhos de adolescentes ou adultos sugere problema sexual fantasia de realização sexual, Detalhes degradantes (lata de lixo, coisas jogadas, etc.) sentimentos de hostilidade e agressividade (sugere Transtorno da Conduta e/ou Personalidade Antissocial). 6.1 — Introdução Simbolicamente, a ÁRVORE atinge os aspectos mais profundos e básicos da personalidade. Acredita-se que isto aconteça pelo fato de trazer um mínimo de associações conscientes, levando a uma menor defesa do ego por parte do examinando. O uso da ARVORE como teste projetivo é baseado na suposição de ser um autorretrato inconsciente ou urna elaboração inconsciente da autoimagem, que é relacionado com os três maiores campos da personalidade humana (instintivo emocional e intelectual). As Raízes significam a vida instintiva e os sentimentos que se referem ao contato com a realidade; o Tronco representa a vida emocional ou o domínio emocional sobre as pressões ambientais e as tensões internas; e a Copa revela a vida intelectual e social, as trocas com o ambiente, a busca de realizações e a distribuição dos investimentos psicológicos na área da fantasia. 51 O fato de a árvore ter vida e crescer continuamente é que torna possível a representação simbólica do psiquismo humano. Observa-se que ao traçar a ARVORE as crianças de até mais ou menos sete anos de idade desenham frequentemente um tronco bem grande, simbolizando a riqueza da vida emocional. O desenho da ARVORE reflete os sentimentos mais profundos e inconscientes do examinando sobre si mesmo, enquanto que a FIGURA HUMANA converte-se em um veículo de expressão dos aspectos mais conscientes e de suas relações com o meio. 52 A experiência clínica sugere que é mais fácil perceber atitudes conflitantes ou emocionalmente perturbadoras no desenho da ARVORE do que no da FIGURA HUMANA, porque esta se parece mais com um autorretrato. Por exemplo, o examinando pode projetar com maior facilidade sua vivência de um trauma emocional fazendo cicatrizes no tronco da árvore, em lugar de cicatrizes na FIGURA HUMANA desenhada. O critério de que a ÁRVORE permite investigar sentimentos mais básicos e antigos se vê assinalado pelo fato de este desenho ser menos suscetível a sofrer modificações no reteste. Apenas com uma psicoterapia profunda e com alterações significativas na vida do paciente é que aparecem alterações no desenho. Para uma avaliação precisa é necessário primeiro observar a ÁRVORE como um todo, para depois fazer uma avaliação dos detalhes do desenho. E importante atentar para a habilidade com que o sujeito organiza os detalhes em um todo significativo. Do ponto de vista de detalhes essenciais, para uma árvore existir é necessário que tenha pelo menos o tronco e a copa. Habitualmente as pessoas desenham na seguinte sequencia: • Tronco, galhos e copa ou • Estrutura de ramos e depois o tronco ou • Raiz, tronco e copa. 6.2- Impressão da árvore como um todo Pelo fato de as raízes mergulharem no solo e os galhos se elevarem para o céu, a árvore é universalmente considerada como símbolo da vida. A Árvore vista como um todo pode dar a impressão de harmonia, inquietude, vazio, abundância, hostilidade, vigilância, alegria, beleza, etc., fornecendo dados sobre os aspectos inconscientes da personalidade. 53 Arvore média vigorosa e bem enraizada- integração intacta da personalidade. Arvore grande - tendência à expansão. Árvore muito grande, quando o topo ultrapassa a parte superior do papel — tendência a expandir-se exageradamente na área da fantasia em busca de satisfação. Árvore pequena — desencorajamento, pressão ambiental, controle e sentimentos de inadequação para lidar como meio (sugere Transtorno Depressivo). Árvore com a base no papel — insegurança, sentimento de inadequação (comum em depressivos que na maioria das vezes usam linhas tênues, mostrando a falta de energia e motivação, e também em pessoas muito inseguras, que geralmente se prendem à parte inferior da folha em busca de uma segurança compensatória). Árvore mutilada, com cicatrizes e/ou ramos cortados — traumas e assaltos à personalidade (sugere Transtorno de Estresse PósTraumático). Arvore cindida, dividida verticalmente, dando a impressão de duas árvores — fragmentação e/ou divisão da personalidade, ruptura das defesas e perigo de que os impulsos internos se extravasem no ambiente (comum em Esquizofrênicos). Árvore com tronco e copa em uma linha contínua, sem divisão — negativismo e/ou oposicionismo (comum em pessoas que estão apenas atendendo a um pedido do examinador; é uma forma de evitar uma recusa direta). Folhas, frutos, galhos e/ou flores caídas ou caindo — falta de atenção, esquecimento, leve separação entre sentimentos e pensamentos, falta de firmeza ou sentimento de rejeição. Sombreados claros-escuros -ansiedade, humor vacilante, desorientação, incerteza, indecisão, falta de energia, passividade ou imaturidade (comum em Deprimidos). Árvore sobre a qual paira uma ave de rapina ou sob a qual urina um cão — sentimentos de culpa, sensação de destruição, degradação, profunda desvalorização e baixa autoestima (sugere Transtorno do Pânico e/ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 54 Árvore em que um homem ameaça destruí-la a golpes de machado — sentimento de iminente mutilação física, terror e pânico; na maioria das vezes o homem simboliza a figura paterna ou a de maior autoridade (sugere Transtorno do Pânico e/ou Transtorno de Estresse PósTraumático). Árvores frutíferas — desejo de realizar, de ter sucesso, comum em mulheres grávidas e em crianças pequenas (geralmente desenham macieiras). As crianças e adolescentes na maioria das vezes até mais ou menos 14 anos de idade identificam-se com a fruta, e a árvore simboliza a figura materna, Quando a fruta está caindo ou já está caída, significa sentimento de rejeição, perda ou separação. Desenho de chorões — sentimento de menos valia cansaço e tristeza (comum em Deprimidos). Árvore de Natal — no adulto, pode indicar tanto dependência com desejo de retomar à infância quanto exibicionismo, quando a ênfase maior está nas luzes e decorações. Nas crianças, se está próximo do natal, geralmente é a influência da própria festa, mas, quando fora da data, denota expressão de saudade e lembrança de momentos passados. Estilizada — sofisticação, superficialidade, falta de autenticidade ou disciplina, ou aptidões técnicas e construtivas, gosto pela sistematização (sugere Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva). Formas inautênticas (copa em coração, em trevo, etc.) — falta de autenticidade, mascaramento e ou dissimulação (comum em desenhos de adolescentes). Árvore inclinada para a esquerda — introversão, atitude defensiva, cautela, necessidade de segurança, medo de afetos, prisão ao passado e satisfação controlada dos impulsos (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Árvore inclinada para a direita impulsividade, necessidade de satisfação imediata, capacidade de entrega pessoal e amor ao dever (sugere Transtorno de Personalidade Histriônico). Árvore com apoio, estacas — necessidade de apoio, segurança e orientação, falta de independência e de confiança em si mesmo (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 55 Estereotipias — rigidez, dificuldade ou falta de capacidade de expressão, falta de independência no julgar, horizonte limitado (comum em crianças até mais ou menos 7 anos de idade e, em adultos sugere apego a esquemas infantis ou Transtorno de Personalidade ObsessivoCompulsivo). Riqueza na representação da árvore — sonhador, valorização do exterior, desejo de produtividade artística e/ou necessidade estética. Simplificação na representação da árvore — senso prático, objetivo, orientado para o essencial, desprezo pelo exterior, falta de fantasia ou pode ser apenas “preguiça” 6.3 — Idade atribuída à árvore A idade que o examinado dá à sua árvore simboliza o nível de maturidade psicossexual, e o do é que seja próxima à idade dele. Geralmente as pessoas prendem-se a uma faixa de maior satisfação ou fixam-se em vivências traumáticas. Idade próxima à do paciente — bom nível de maturidade psicossexual. Idade aquém a idade do sujeito — imaturidade ou vivências traumáticas (sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Idade muito além da idade do sujeito- vivências depressivas e inadequadas para a idade e/ou com necessidade de crescer logo. 6.4— Árvore apresentada como morta As questões a respeito: da “vida” ou “morte” da árvore dão ao examinando a oportunidade de projetar e expressar simbolicamente seus sentimentos de pressão, inadequação sofrimentos e de declarar se sente que a pressão vem de dentro, de fora do self ou de ambas as formas. Pessoas mais doentes psicologicamente muitas vezes veem suas árvores como mortas. Quando a morte é na raiz, é mais patológico do que nos galhos (os galhos da mesma forma que os braços da pessoa simbolizam os recursos para a busca de satisfação); quando o tronco que está morto 56 implica em uma perda de controle e poder para o alcance do bemestar. Deve-se questionar se a morte da árvore (ou de parte dela) é decorrente de causa externa ou interna e há quanto tempo isso ocorreu, pois geralmente corresponde a época ou tempo do trauma. Morte por causa interna — apodrecimento ou doença da raiz, do tronco e/ou dos galhos - implica em algo interno e mais doentio (pior prognóstico) e fortes sentimentos de culpa (comum em Esquizofrênicos, Depressivos e sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Morte por causa externa — parasitas, raios, ventos, golpes de machado, etc. - sensação deque o meio é responsável por suas dificuldades e traumas (o prognóstico é melhor). A morte do tronco sugere problemas mais sérios que o da copa (comum em retraídos. deprimidos e desesperançados em conseguir um ajustamento razoável e sugere também Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Idade da morte — geralmente coincide com a época do trauma 6.5 — Perspectiva ou posição da árvore A árvore pode ser desenhada desde uma forma natural, ereta, até totalmente inclinada, recurvada e destituída de qualquer força. Vertical ou ereta — posição natural, maturidade, inteligência, espiritualidade, altivez: ou superestimação de si mesmo, Inclinada para a direita — dedicação, capacidade de entrega pessoal, disponibilidade para o sacrifício e para servir aos outros, fraqueza de domínio ou ainda impulsividade, facilidade de renovação, fixação no futuro e/ou desejo de esquecer um passado infeliz (sugere Transtorno de Personalidade Histriônico). Inclinada para a esquerda — introversão, necessidade de proteção e de segurança, atitude defensiva, aversão e/ou rejeição do ambiente, medo de afetos, constrangimento, fixação e/ou prisão ao passado com medo do futuro, satisfação controlada dos impulsos (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). 57 Árvore recurvada, voltada para a terra, sacudida pelo vento ou quebrada por tempestades — sensação de forte pressão ambiental, falta de apoio, inibição, bloqueios ou sentimento de prisão ao passado, de ser impedido pelas circunstâncias (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo e sugere também Hipocondria). Em arco — cansaço, fadiga, resignação, introspecção ou culpa (comum em Deprimidos). 6.6 Simetria Moderada-capacidade de organização, equilíbrio e habilidade para obter satisfação do ambiente. Exagerada— apego a esquemas fixos, necessidade de equilíbrio íntimo, falta de adapintelectual, rigidez ou ambivalência (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Ausência — insegurança, instabilidade e falta de defesas (comum em Esquizofrênicos). 6.7-Raiz São inúmeras as funções da raiz, dentre elas, as mais fundamentais é que retiram o ali- da terra, apoiam e seguram a árvore. São frequentemente ocultas ou parcialmente visíveis, mas firmam a sua existência, mostrando ser a parte mais durável e essencial para o desenvolvimento da planta. No teste da ARVORE, a raiz simboliza o inconsciente, as forças instintivas, primitivas, e não elaboradas, incluindo também o contato com a realidade, a necessidade apoio e segurança e a busca de energia psíquica básica. Raiz abaixo da linha da terra — equilíbrio, maturidade e domínio dos impulsos. Sem raiz—pessoa autossuficiente ou se há espaço entre a base do tronco e a linha do solo pode significar que a pessoa que se sente no ar, separada do elemento nutridor e falha na capacidade de perceber a realidade. 58 Ênfase no desenho da raiz — imaturidade, primitivismo e predomínio maior da vida instintiva ou medo de perder a objetividade, preocupação em desligar-se da realidade, já que a raiz simboliza a ligação à terra (sugere Transtorno de Personalidade Esquizotípica e/ou Transtorno de Despersonalização). Raiz de tamanho desproporcional — necessidade de agarrar-se e manter-se fixo à realidade, insegurança e medo da perda de controle (comum em indivíduos com incapacidade intelectual e sugere também Transtorno de Aprendizagem e Transtorno de Ansiedade Generalizada). Raiz sombreada, negrito ou com muitos traços — dificuldade de enfrentar o meio, apego a terra e conflitos, predomínio da vida instintiva, medo de perder a objetividade, preocupação em desligar-se da realidade comum em Transtorno de Personalidade Equizotípico) Raiz com um traço só — primitivismo, cujos impulsos não são fiscalizados pelo consciente, pouca independência e pressão familiar (comum em Transtorno de Aprendizagem). Raízes terminadas em pontas — predomínio da vida instintiva, falta de agilidade mental, primitivismo intelectual e em alguns casos agressividade. Raiz ramificada — riqueza e sensibilidade maior do inconsciente. Raízes acima da linha da terra — maior domínio do superego (comum em pessoas com incapacidade intelectual ou Transtorno de Aprendizagem). Raiz saindo da base do papel — é normal até 10 anos de idade. No adulto sugere dificuldade de aprendizagem ou caráter dependente, insegurança e sentimento de inadequação. Prende-se à base do papel como segurança compensatória (comum em Deprimidos e sugere também Transtorno de Personalidade Dependente). Raiz por meio de solo transparente (que aparecem sob a linha do solo) — falha na capacidade de perceber a realidade, imaturidade cognitiva e dependência. Comum em crianças até mais ou menos 7 anos de idade. Em adolescentes e/ou adultos, indica uni prejuízo na capacidade de perceber a realidade (sugere Transtorno de Personalidade Esquizotípica). Raiz em forma de garra, representada como que lutando para prenderse ao solo — ligação hipervigilante e de pobre contato com a realidade, 59 temor, pânico de perder o contato com a mesma; é como se tivesse que agarrar para não perder o contato com a objetividade (encontrado em pessoas agressivas com Transtorno de Personalidade Paranóide ou Transtorno do Pânico). 6.8 — Linha da terra ou do solo A linha do solo simboliza o traço divisório entre o consciente e o inconsciente (os separa e os liga concomitantemente). E a base da árvore e separa o meio nutridor (raízes, terra) da sua zona de expressão (copa). Fornece dados sobre os sentimentos de segurança, estabilidade, equilíbrio, necessidade de apoio ou auto-sustentação. A maior parte das pessoas desenha a linha do solo. As crianças o fazem com menor frequência, mesmo porque preferem colocar a árvore na beira do papel, que para elas simboliza o chão. Linha entre o tronco e a raiz — equilíbrio entre o consciente e inconsciente, harmonia - e maturidade. Linha acima da base do tronco — indiferença em relação a realidade, alienamento e atitude passiva (comum em adolescentes e em doentes hospitalizados, pois um longo período de ociosidade forçada naturalmente faz com que estas pessoas considerem a realidade num plano afastado. A linha do chão, como expressão da realidade imediata, urrada para o horizonte). Linha abaixo da base do tronco — sentimento de desenraizamento e separação. Ausência de linha entre a base e a terra — falta de firmeza, estado mais primitivo com reduzida capacidade de objetivação ou falta de diferenciação do eu (comum em pessoas que não têm “os pés no chão, que vivem como que suspensas no ar”). Linha de terra bem escura, em negrito — ansiedade desejo de ocultar ou disfarçar os conflitos íntimos. Linha oblíqua ou inclinada — aversão, afastamento, reserva inclinação a contradizer. Incerteza, instabilidade, desamparo em face de pressões ambientais e falta de estabilidade (perdendo o “pé”, escorregando, insegurança). Linha tipo ilha — isolamento, solidão ou sentimentos de rejeição e abandono (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). 60 Linha convexa-(árvore colocada em uma colina ou montanha) — isolamento aliado à necessidade de autonomia, solidão e reserva; pode ser também indício de vaidade, posse, necessidade de colocado em um pedestal, de ser admirado, sentimentos de grandeza, “o todo-poderoso” ou sugere dependência maternal. Linha côncava (árvore colocada em uma depressão) — sentimentos de inadequação e inferioridade (comum em pacientes Deprimidos). Linha representada pela borda do papel — na criança é bastante comum e no adulto pode indicar dificuldade de base afetiva e representação infantil do mundo. Linha grande por toda a largura do papel-necessidade de maior objetivação na vida e insegurança. Linha cheia de vegetação — insegurança, dramatização, dificuldade na área afetiva ou vaidade. Linha borrada — ansiedade com relação ao sentir a terra sob seus pés, o saber onde pisa e como se situa no mundo (sugere Fobia Social). 6.9 — Tronco O tronco é o suporte da copa, a parte mais estável e durável da árvore. Simboliza a força interior, o sentimento de poder e de sustentação do ego, o equilíbrio, e fornece também dados sobre o desenvolvimento emocional e sobre a integração da personalidade. Tronco reto, bem proporcionado — evolução normal da personalidade. Tronco forte, firme e estável — capacidade de adaptação, autosustentação, sensação de força e poder. Tronco reto e rígido como um poste — rigidez do ego, controle, emocional, necessidade de defesas para manter a integridade da personalidade, recursos mais manuais do que intelectuais ou afetivos, Em adultos também pode representar um símbolo fálico (sugere Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva). Base do tronco reta ou apoiada na beira do papel — é a representação infantil do mundo; portanto, é normal em crianças pequenas. Em adultos sugere infantilidade, imaturidade, regressão, sentimentos de inadequação e insegurança (comum em Deprimidos e em alguns casos de Deficiência Intelectual). 61 Tronco solto no espaço, sem raiz, sem base, longe da linha da terra — falta de apoio, desorientação, falta de firmeza e insegurança. Tronco cortado, quebrado ou fechado na parte superior — discrepância entre desejo e realidade, entre querer e poder (sentir e agir), não verdadeiro para consigo (comum em crianças até 6, 7 anos de idade, em Transtorno de Ansiedade Generalizada). Tronco aberto na parte superior — dificuldade de conclusão, de comprometer-se, indefinição (deixar como está para ver como fica) ou abertura para novas idéias e soluções, espírito inventivo e necessidade de investigar. Tronco aberto na parte superior e fechado na inferior — esforços superdeterminados e desgastantes de assertividade associada a fragilidade e insegurança, repressão da energia instintiva (base pequena). Tronco aberto na parte inferior e fechado na superior — predomínio da vida instintiva. Tronco aberto na parte superior e na inferior - indecisão, comportamento flutuante e dificuldade de compreensão na vida. Dois troncos ou um tronco dentro do outro— necessidade de apresentar-se frente ao mundo com força e autoafirmação encobrindo sentimentos de fragilidade interior. Tronco curvado ou cortado — pressão ambiental e inibição, sentimento de castração (sugere Transtorno do Pânico). Tronco bifurcado — ambivalência afetiva. 6.10— Tamanho do tronco Equilíbrio entre o tamanho do tronco e o da copa — evolução normal da personalidade. Tronco curto e/ou grosso com copa grande — pressão externa e dificuldade de expressão do eu, maior satisfação na fantasia e contato 62 com a realidade menor que o desejável, ambição, autopreocupação, entusiasmo, idealismo, arrogância, superficialidade, equilíbrio precário da personalidade por efeito da frustração em não conseguir satisfazer as necessidades básicas, desenvolvimento retardado e regressão a estados primitivos (comum em desenhos de crianças pequenas, pacientes com Transtorno de Somatização e em adultos regredidos). Tronco longo — predomínio da vida instintiva e emocional, imaturidade, inquietude motora, vivacidade de fundo emocional ou sentimento de constrição ambiental com uma tendência a reagir agressivamente na realidade ou na fantasia (comum em crianças). Tronco longo que se estende além do topo da página — necessidade de buscar satisfação na fantasia. Tronco longo e sombreado — reação emocional à má condição do meio. Tronco longo e fino com grande estrutura de galhos — precário equilíbrio da personalidade motivado por excesso de ênfase na satisfação das necessidades. Tronco longo, copa pequena — predomínio da vida instintiva, imaturidade, falta de adequação para expressar-se, inquietação motora e vivacidade de fundo emocional. Considerado normal em crianças até a fase do jardim da infância, as com idade escolar geralmente desenham a copa do mesmo tamanho que o tronco, sendo que as meninas fazem o tronco um pouco mais longo que os meninos. Também encontrado em Transtorno de Aprendizagem. Tronco grande e pequena estrutura de galhos -precário equilíbrio da personalidade motivado pela frustração e pela incapacidade de satisfazer as necessidades básicas. 6.11 — Largura do tronco Tronco frágil, fino e instável - sensibilidade, vulnerabilidade e insegurança. 63 Tronco muito fino ou pequeno, com uma grande estrutura de galhos — equilíbrio precário da personalidade, necessidade de maior satisfação, mas com pouca sustentação. Base do tronco alargada para a esquerda — introversão, inibição, bloqueios, conflitos dependência ou fixação materna, prisão ao passado e dificuldade para libertar-se de algo (comum em alguns casos de Transtorno de Aprendizagem e sugere também Transtorno de Personalidade Esquizoide). Base do tronco alargada para a direita — desejo de expansão, oposição ou resistência aos outros e teimosia. Ocasionalmente pode indicar ressentimento, desconfiança e predominância dos desejos e instintos (sugere Transtorno de Personalidade Histriônico). Base do tronco alargada para os dois lados — inibição do pensamento, dificuldade para aprender, dificuldades na compreensão da vida ou medo de possível perda de contato com a realidade com afirmação compensatória. Tronco de base alargada podendo ou não terminar em ponta — imaturidade, predomínio da vida instintiva, estagnação da vida afetiva, constrição do crescimento. A diminuição gradual do tronco é esperada, mas quando é rápida ou repentina transmite um sentimento de racionamento abrupto no decorrer do desenvolvimento e de uma vida anterior mais rica e satisfatória emocionalmente (comum em Transtorno de Aprendizagem). 6.12— Contorno do tronco Contorno do tronco ondulado em ambos os lados do tronco — vitalidade, animação, capacidade de adaptação, habilidade nas dificuldades e no contato. Contorno do tronco irregular à esquerda — introversão, vulnerabilidade interna, conflitos, dificuldades, inibição, difícil adaptação e traumatismos psíquicos (comum em pacientes com doença orgânica e acidentados Transtorno de Somatização, Transtorno de Personalidade Esquizoide). 64 Contorno do tronco irregular à direta — contato ativo com a realidade ou traumas psíquicos e dificuldade de adaptação (sugere Transtorno e Estresse Pós-Traumático e de Personalidade Histriônico) Contorno do tronco em linhas difusas e interrompidas — sensibilidade, empatia ou caráter hesitante e sentimento obscuro dos limites de personalidade. Contorno do tronco com linhas de traços curtos — irritabilidade, impulsividade e impaciência (sugere Transtorno de Personalidade Borderline), Contorno do tronco com saliências, linhas tremidas, tortas ou nós — desenvolvimento físico ou psíquico com traumatismos, doenças graves, acidentes, grandes dificuldades, congestionamento de afetos, bloqueios, choque ou impulsividade, vulnerabilidade, excitabilidade, nervosismo e impaciência (sugere Transtorno de Estress PósTraumático). Contorno do tronco com reforço das linhas- medo de desintegração do eu; necessidade de manter a integridade da personalidade empregando defesas compensatórias encobrir ou combater o temor e o pânico. Tentativa de preservar-se contra esta eventualidade por meio dos recursos disponíveis (comum em adultos imaturos, com humor lábil, passivos e sem energia e sugere Transtorno Depressivo). Contorno do tronco com traços leves ou falhos — sentimento de colapso da personalidade ou perda da identidade pessoal. Trata-se de um estágio no qual as defesas compensatórias são consideradas inúteis para impedir uma desintegração iminente, estando invariavelmente presente uma ansiedade aguda (sugere Transtorno da Ansiedade Generalizada ou Transtorno do Pânico). 613 — Superfície ou tipos de desenhos no tronco Superfície raiada, rugosa, áspera, com traços pontiagudos, angulosos ou serrilhados. 65 — suscetibilidade, vulnerabilidade, sensibilidade exacerbada, emotividade, irritabilidade, propensão à violência e cólera, aspereza e falta de tato ou capacidade de observação (comum em pessoas com espírito crítico e que reagem facilmente). Superfície com traços curtos, arredondados ou delicados — flexibilidade, facilidade no contato e disposição para se adaptar. Superfície do tronco borrada ou sombreada — ansiedade, traumatismos, sensibilidade ou adaptabilidade (comum em Depressivos e em alguns casos de Impulso Sexual Excessivo e sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Superfície com sombreado à esquerda — sonhador, introvertido, suscetibilidade, vulnerabilidade, inibições, dificuldade para expressar-se, falta de mobilidade, rigidez, falta de agilidade, regressão e fixação em estágios mais primitivos (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Superfície com sombreado à direta — capacidade para fazer amizades, de contatar com os outros e adaptabilidade (na puberdade o sombreado a esquerda e à direita se alterna com bastante frequência). Superfície com protuberâncias, buracos, rachaduras ou fendas — traumas psíquicos, sentimento de inferioridade, de dúvida, ansiedade, carência, culpa e bloqueios (comum em acidentados ou doentes e sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Tronco com buracos e com animais espiando para fora — eventos traumáticos, sensação de que um segmento da personalidade está patologicamente sem controle, tendendo à destruição (dissociação) ou ainda indica maior identificação com o animal do que com a própria árvore, expressando anseios regressivos pelo isolamento, pelo calor e proteção da existência intrauterina (comum em crianças em idade escolar, ocasionalmente entre adultos imaturos, Transtorno de Ansiedade Generalizada e sugere Transtorno e Estresse PósTraumático). Superfície manchada — traumas, ansiedade (comum em alguns casos de Impulso Sexual Excessivo e sugere também Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 6.14 — Galhos ou ramos 66 Os galhos representam os braços da árvore e simbolizam a capacidade para obter satisfação no meio. Representam os recursos subjetivos do indivíduo para aproximar-se dos outros, expandir-se e realizar-se. Formam a zona de contato com o ambiente, permitindo o intercâmbio entre o que é interior e o que é exterior. Um paciente omitirá os galhos se não se relaciona com as pessoas que o cercam. Às vezes, um examinando pode tentar mascarar com um otimismo superficial ou compensatório seus sentimentos mais profundos de incapacidade para obter satisfação desenhando uma pessoa com braços longos e abertos. Mas, na árvore, os ramos estão truncados ou quebrados, demonstrando que não sente nenhuma esperança de sucesso. O número, tamanho, forma e flexibilidade dos galhos indicam o grau de habilidade do indivíduo para relacionar-se com os outros. Galhos ou ramos frondosos e vivos — bom humor e facilidade em buscar satisfação no meio. Arranjo de galhos ou ramos em harmonia — serenidade, calma, autoconfiança, condições para buscar satisfações no ambiente ou ainda insensibilidade e ausência de tensões. Galhos ou ramos ricamente ramificados — sensibilidade, delicadeza de sentimento, facilmente impressionável ou grande reatividade, agressividade, criticismo e agudeza (comum em pessoas supersensíveis). Galhos ou ramos ondulados e/ou arredondados — tendência ao devaneio, sonho, mas com facilidade em expressar-se, comunicar- se e habilidade no contato social. Galhos ou ramos interrompidos em sua interseção (principalmente nas linhas curvas) — consideração e delicadeza. Arranjo de galhos ou ramos em desarmonia - excitabilidade, inquietude, ansiedade extroversão (sugere Transtorno de Conduta e/u Transtorno de Personalidade Antissocial). Galhos os ou ramos em traços simples e não duplos — imaturidade, sentimento de ,impotência, desenvolvimento mais afetivo que intelectual (comum em crianças embora às vezes pode ser sinal de transtorno de Aprendizagem ou regressão em adultos). 67 Galhos ou ramos e tronco com traços simples e não duplos — sentimentos de impotência falta de força do ego para busca de satisfação e sentimentos de inadequação (comum em casos orgânicos e sugere também Hipocondria). Galhos ou ramos cortados ou quebrados, pendentes, mortos ou presos à árvore — experiências traumáticas corte e/ou inibição das vias de expressão, bloqueios, conflitos, sentimento de não ser uma unidade completa dentro de si mesmo (desintegrado), desamparo. Falta de autoconfiança, isolamento e reserva (sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Tronco de árvore truncado e/ou cortado e dele saindo pequenos galhos ou ramos — personalidade lesada e crescimento emocional bloqueado, mas no entanto apresentando ensaios hesitantes para retomar o crescimento. Trauma com indício de reajustamento ou recuperação. Galhos ou ramos soldados na copa, quando há uma linha divisória entre o tronco e a copa — discrepância entre o desejo e a realidade, a vontade e a ação, divisão interior entre as tentativas genuínas e as forçadas. Galhos ou ramos caídos ou caindo — sentimento de perda, sacrifício e renúncia (sugere Transtorno Depressivo). Galhos ou ramos finos ou selos nas pontas e pontudos — agressividade, sensibilidade elevada ou espírito crítico e mordaz ou sadismo (sugere Transtorno de Conduta e/ou Transtorno de personalidade antissocial). Galhos ou ramos secos em lugar da copa — aridez, vida afetiva vazia ou agressividade. Galhos ou ramos semelhantes a lanças pontiagudas, farpas ou espinhos — impulsos intensos e carregados de hostilidade e agressão ou sadismo caso externamente a pessoa mostra-se reservada ou gentil, provavelmente este ajustamento é feito à custa de esforços maciços de repressão. Devem-se buscar indícios de falta de controle e/ou agressividade em outros detalhes do desenho. Galhos ou ramos que se assemelham mais a falos do que propriamente ramos — preocupações sexuais, medo de castração e/ou esforços pata conquistar a virilidade, 68 Galhos ou ramos secundários como se fossem espetos encravados no corpo dos ramos primários — tendência masoquista. Galhos ou ramos não fechados nas pontas — pouco controle na expressão dos impulsos (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial). Arranjo de galhos ou ramos de forma repetida, ligamentos sucessivos — estereotipia por perturbação na evolução, falta de senso com a realidade, regressão e pouca capacidade de adaptação (comum em Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva) Galhos ou ramos em labirintos e/ou de formas angulares — imaturidade, primitivismo, regressão a um estado infantil e inibição do desenvolvimento, Em desenhos de crianças de 6 anos de idade aparecem em traço único e mais tarde em traço duplo, e aos 9 anos de idade desaparecem (comum em adultos regredidos). Galhos ou ramos com ângulos — pessoas severas, de adaptação difícil e resistentes (comum em Transtorno de Personalidade Esquizotípica). Galhos ou ramos em parênteses uns contra os outros, dentro da copa — confusão, repressão, facilidade em ser influenciável e dominável (comum em transtorno de Personalidade Esquizotípica). Galhos ou ramos entrelaçados — ambivalência, indecisão ou capacidade crítica para julgamentos. Galhos ou ramos em traços descontínuos — superficialidade, incerteza, instabilidade, impulsividade, distúrbios do pensamento e da atenção e, em alguns casos: pessoas intuitivas, de espírito inquieto e aberto (comum em pessoas com Distúrbio da Atenção e sugere também Transtorno de Personalidade Esquizotípica). Galhos ou ramos que se estendem como que flutuando no espaço ou como fumaça — tendência ao sonho, à fantasia, à falta de concentração e, dificuldade para a ação, dispersão, preocupação com o menos importante e incapacidade para agir. Galhos ou ramos frágeis e inadequados — dificuldade na busca de satisfação no ambiente. Galhos ou ramos envolvidos por flores como chumaços de algodão ou tipo nuvem nas suas extremidades — atenuação das verdadeiras intenções, dificuldade de contato próximo com as coisas, medo e/ou 69 dificuldade em expressar agressividade, reserva, timidez diante da realidade e discrição (a dura expressão dos galhos é ocultada pela almofada de algodão, comum em pessoas impenetráveis que poupam a si mesmas). Galhos ou ramos separados — impulsividade associada a falta de amplitude interpessoal, impulsos agressivos e hostis (sugere Transtorno de Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial) Preenchimento do espaço da copa com galhos, frutos ou flores ao acaso -- imaturidade e regressão. Galhos ou ramos e copa inclinados sob um sol grande e baixo — afastamento tímido da dominação de urna figura de autoridade, parental ou não, sensação de inadequação, de ser controlado e subjugado. Galhos ou ramos superdesenvolvidos e tronco raquítico — ênfase na busca do prazer, dúvida acerca de sua importância e tendência à fantasia. Galhos ou ramos com estereotipias (todos iguais) — dificuldade de expressão, automatismo e limitação intelectual (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo e Compulsivo). Ausência de galhos ou ramos — é bastante comum a copa ocultar os galhos, mas dependendo da impressão da árvore como um todo, sugere dificuldade em obter satisfação do meio em realizar-se e em interagir com as pessoas. 6.15 — Tamanho dos galhos ou ramos Galhos ou ramos muito curtos — reserva artificialismo, inibição dos afetos, angústia e inadaptação. Galhos ou ramos muito longos, arqueados e sinuosos — descuido, falta de controle, timidez nos afetos e medo. Galhos ou ramos longos e finos — (número maior de galhos ou ramos para cima e pouquíssimos para os lados) - medo de não conseguir satisfação no ambiente, com recompensa na fantasia. 70 Galhos ou ramos muito longos, sem direção certa, para preencher um vazio — tendência a fugir ao que é estabelecido, a sonhar, indisciplina, medo e excitação. Galhos ou ramos pequenos, copa raquítica sobre um tronco muito grande — frustração devido à inabilidade de satisfazer necessidades básicas. 6.16 — Largura dos galhos ou ramos Galhos ou ramos primeiro mais grossos e próximos e depois mais finos e afastados— sentimento de alta capacidade para obter satisfação do ambiente. Galhos ou ramos que começam e continuam grossos até a extremidade — perseverança ou tendência a violência, primitivismo. Galhos ou ramos que começam estreitos e depois engrossam — realização quantitativa, trabalhador fanático, indivíduo pronto para a ação, extrovertido, ambicioso, ativo e dirigido por impulsos. Galhos ou ramos finos e pequenos — egoísmo e avareza. Galhos ou ramos em duas dimensões abertos nas extremidades — sentimento de pouco controle sobre a expressão dos próprios impulsos. 6. 17 — Direção dos galhos ou ramos Galhos ou ramos estendendo-se tanto lateralmente (para o ambiente exterior) como para cima (área da fantasia) — equilíbrio nos esforços em busca de auto-satisfação, serenidade, calma, confiança, apoio em recursos internos e facilidade em buscar satisfação no ambiente. Galhos ou ramos em direções opostas — contradição, oposição, inconsequência, desadaptação, teimosia, desorientação, ambivalência, luta entre afetividade e controle. Galhos ou ramos abertos e em direções opostas — ambivalência afetiva, indefinição, desejos variáveis, sem um tenha central e oposição (comum em pessoas que sob pressão explodem). 71 Galhos ou ramos cruzados com descontinuidade — prudência, cautela, falta de clareza e de aptidão para discernir. Galhos ou ramos para o alto a ponto de fazer o topo da árvore ultrapassar o limite superior da página — inversão na fantasia (comum em Esquizofrênicos). Galhos ou ramos para o alto e poucos para os lados — medo e/ou dificuldade em não conseguir obter satisfação do ambiente e tendência a fantasiar (subindo em direção ao topo da página) para conseguir gratificação substitutiva. Galhos ou ramos que se voltam para dentro (como cascas de cebola) ao invés de saírem para o ambiente — egocentrismo, fortes tendências introvertidas e ruminantes ou não influenciáveis, senso de independência e isolamento do exterior (comum em pacientes com Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Galhos ou ramos que se afastam do centro (saem para fora) — agressividade, iniciativa, necessidade de contato com a realidade e extroversão. Galhos ou ramos dirigindo-se para o sol como num apelo — grande necessidade de afeição. A árvore estende os braços ansiosos em busca de calor (sol representa a figura de autoridade, que pode ser positiva ou negativa). Galhos ou ramos com movimentos para cima — energia, atividade, entusiasmo, fanatismo, tendência religiosa ou falta de senso da realidade. Galhos ou ramos com movimentos para baixo — insegurança, depressão, melancolia, resignação, falta de coragem, cansaço e pouca resistência (sugere Transtorno Depressivo). Ênfase exagerada nos galhos ou ramos à esquerda (quanto ao número e tamanho-— introversão, reserva inibição e desequilíbrio na personalidade (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide)). Ênfase exagerada nos galhos ou ramos à direta (quanto ao número e tamanho) — desequilíbrio produzido por evitar ou retardar satisfação emocional e procura de satisfação o por meio de esforço intelectual (sugere Transtorno de Personalidade Histriônico). 6.18— Copa 72 A é o campo de expressão e beleza da árvore. É a sua parte mais delicada e perecível, é a sede das folhas, flores e frutos, sendo a manifestação da plenitude de sua existência. O desenho da copa traz no seu grafismo indicações da vida intelectual, das fantasias e da criatividade do paciente. Indica também a relação de troca entre o que é de dentro e o que é de fora, o tipo de comportamento em relação à realidade, sociabilidade e atividade imaginativa a parte externa e as extremidades simbolizam a zona de contato com o ambiente. Copa apresentando um conjunto equilibrado, sem pender para nenhum lado — calma interior, estado de equilíbrio, autoconfiança e maturidade. Copa só contornada, vazia — vazio de alma (o espaço da copa é o campo de expressão do indivíduo). Copa dividida em fragmentos ou pedaços — riqueza interior e/ou proteção a si mesmo (os ramos envolvem-se para evitar o choque). Copa achatada ou apoiada na borda da folha — pressão ambiental ou dependência e imaturidade. Ausência de copa, copa incompleta ou dificuldade em completá-la — dificuldade nas relações pessoais, indefinição e dificuldade para achar soluções adequadas. Parte da copa omitida ou cortada — sentimento de inferioridade, desenvolvimento detido, inibição, resistência, timidez, necessidade de omitir-se ou de esconder algo. Copa com espaços internos vazios -- cautela, impenetrabilidade, sentimento de insuficiência e necessidade de ocultação (evitar certas zonas indica sentimento de inferioridade e de fracasso). Copa fechada e sombreada — repressão da energia instintiva e isolamento social. Copa esférica — tendência a fantasia, falta de autenticidade ou medo da vida real (comum em tipos emotivos e fantasiosos. Mais frequente nos desenhos dos meninos do que nos das meninas). Copa esférica, envolvida por uma membrana — dificuldade de comunicação, timidez, retraimento, medo, falta dc contato interior, não verdadeiro para consigo mesmo e dissimulação. 73 Copa descoberta — algo incompleto, indecisão, indeterminação ou tendência à investigação e à iniciativa. Copa encaracolada ou ondulada — valorização do aspecto externo, superficialidade, entusiasmo, tendência à extravagância, atividade, animação, dramatização e comunicação. Copa com emaranhado de linhas confusas — grande mobilidade psíquica, poder de improvisar, sem objetivo, confuso, inconsequente, selvagem, falta de estabilidade, incapacidade de concentração, falta de disciplina, impulsivo, imprevisível, falta de clareza de pensamento e trabalho sem método. Copa arredondada e do tipo nuvem — tendência a fantasia, sonhador, flexibilidade ou falta de energia para realização e medo da realidade. Copa em forma de raios ou varas ou linha de serra — nervosismo, irritabilidade, agressão, agitação, impulsividade, fraca estabilidade, impaciência, exigência, teimosia ou diversificação de interesses, dificuldade de concentração (comum na crise da puberdade e em Transtorno de Ansiedade Generalizada). Copa com formato dado por jardineiro — dificuldade em se expor, falta de originalidade, artificialidade, pessoa não verdadeira para consigo, correção forçada, rigidez, mecanização ou sofisticação (comum em alunos-modelo com falta de originalidade e sugere também Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Copa do tipo salgueiro — insegurança e indivíduo fortemente afetado pelo ambiente (comum em Deprimidos). Copa em forma de trevo ou coração — mascaramento e falta de autenticidade. Copa como flocos de algodão ou nuvens nas pontas dos galhos — obscurecimento ou mascaramento das próprias intenções, medo de contato com a realidade e dificuldade em estabelecer uma relação mais inteira com as pessoas ou situações. Copa como rolo de fumaça — indivíduo facilmente influenciável, tendência a devanear e a fantasiar e dificuldade para agir. Copa como chama de vela — entusiasmo, energia, orientação para o auto-aperfeiçoamento ao contínuo, fanatismo, fantasia e imaginação criadora. 74 Copa achatada na parte superior — inibição, forte pressão ambiental, obediência não desejada, resignação, dificuldade para tomar decisões, sentimento de inferioridade, a imobilizada que não pode escapar de um estado emocional e falta de agressividade (sugere Transtorno Depressivo). Copa levemente sombreada — empatia, suavidade, passividade ou indeterminação irresolução e confusão. Copa em ponta. — crítica e agressividade. Copa em ramificações delgadas — sensibilidade e suscetibilidade. Copa em linhas simples — falta de maturidade intelectual ou afetiva (normal na infância). Copa de linhas curvas — doçura, imaginação, compreensão afetiva e cortesia (comum em pessoas prestativas), Copa com linhas trêmulas — nervosismo, irritabilidade e insegurança. Copa feita por um conjunto mais ou menos discordante de linhas — grande mobilidade psíquica, atividade, agitação, labilidade de humor, ambivalência, falta de estabilidade, desorientação ou produtividade, espontaneidade, inconsequência e improvisação (sugere Transtorno de Personalidade Borderline). Linha separando a copa do tronco — discordância entre capacidade e ação, entre querer e fazer, visão curta e infantil, inadaptabilidade (normal entre crianças pequenas, porém, depois dos 7,8 anos de idade, sugere Transtorno de Aprendizagem). 6.19 — Tamanho da copa Copa grande e tronco pequeno — confiança em si mesmo, preocupação consigo e ambição maior que a capacidade de realização. Copa pequena e tronco grande — forte dinâmica emocional e imaturidade (comum em crianças) e, se forem adolescentes ou adultos, sugere sentimento de inadequação, dificuldade de realização e regressão aos níveis mais primitivos. Copa pequena — infantilidade e imaturidade (até 9 ou 10 anos de idade é normal). 75 Copa grande — fantasia, vaidade, entusiasmo, exibição ou instabilidade, falta de concentração e agitação. Copa muito grande e incompleta por não caber no papel — maior satisfação na fantasia que na realidade. 6.20 — Direção da copa Copa em equilíbrio (não tendendo para nenhum dos lados) - estado de equilíbrio calma, maturidade, satisfação consigo mesmo ou psicologicamente estático e tensão de duas forças igualmente fortes. Copa aumentada para o lado direito -extroversão, autossuficiência, autoconfiança, arrogância, vaidade, necessidade de ser importante, orgulho, facilidade em expressar afetos, ambição intelectual e desembaraço em lidar com o mundo exterior. Copa aumentada para o lado esquerdo — introversão, timidez, subjetividade, narcisismo ou fixação materna, prisão ao passado, medo do progresso, preocupação consigo mesmo, vivendo no mundo dos desejos e passividade. Copa com ramos descendentes do lado esquerdo e ascendentes do lado direito — exterioriza com entusiasmo maior do que sente, esforço de superação do abatimento e fadiga (comum em Deprimidos). Copa pendendo aos lados do tronco — imobilização na emoção, não produz o quanto poderia, falta de agressividade, cansaço, falta de energia, passividade, indecisão e apatia (comum em Deprimidos). Copa orientada para o alto — entusiasmo, energia, tendência à realização, busca de realização na fantasia e ambição. Copa com ramos para o centro (para dentro) — tendência a reserva, proteção do ego, defesas, concentração, ou autossuficiência, independência, harmonia interior, firmeza, decisão ou egocentrismo, narcisismo e dificuldade de comunicação e sociabilização. Copa com os ramos para fora — tendência a agressividade, atividade, confusão mental, iniciativa, extroversão ou maior necessidade de 76 contato com a realidade (quando os ramos não são do tipo espinho, a agressividade não é tão forte). 6.21 — Folhas São as folhas que nos dão os primeiros sinais de germinação, fertilidade e crescimento da árvore. Apresentam uma função vital (respiração da planta), além de contribuírem para aparência e beleza da árvore. São o símbolo da vida, servem para enfeitar e decorar o esqueleto da arvore e simbolicamente para indicar como o sujeito realiza contato com o ambiente. Sua formação no desenho tanto pode significar harmonia, desordem como comporta- Obsessivo-Compulsivo (estereotipia). Folhas médias — bom ajustamento, capacidade de expressão e adaptação. Folha ao longo dos galhos e ramos numa disposição naturalcapacidade de observação para os aspectos exteriores, preocupação com a aparência, dotes decorativos e visuais, vivacidade ou prazer em dramatização e/ou auto-expressão com necessidade de reconhecimento, interesse por aspectos exteriores e tendência à fantasia (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista) Folhas grandes — necessidade de crescer e receber elogios. Folhas de tamanho exagerado —imaturidade e desejo de mascarar sentimentos de inadequação básicos com uma capa de ajustamento superficial. Folhas miúdas e numerosas— minuciosidade, preocupação com detalhes e trabalho mecânico, Quando exagera na minúcia pode significar falta de senso de realidade e ausência de julgamento (comum em pacientes com Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Folhas incrustadas na copa — dom de observação dos aspectos exteriores, necessidade de reconhecimento, tendência a adornos, fantasia ou visão infantil do mundo e ingenuidade (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Folhas no tronco e/ou abaixo da copa — realização infantil, imaturidade, ingenuidade e primitivismo. 77 Folhas em galho seco — sinal de renascimento. Folhas caindo ou caídas — perda, separação, sacrifício, renúncia, desistência ou sensibilidade, delicadeza de sentimento, facilidade para esquecer, alívio fácil, distração. Pode também ser indício de sensação de não mais poder conformar-se às demandas da sociedade, sensação de algo perdido, de perda da habilidade de fazer ajustamentos mais refinados no ambiente ou instabilidade (encontrado em alguns casos de Depressão e de transtorno de Despersonalização). Folhas em disposição simétrica e regular — automatismo, primitivismo, realismo estreito, identidade a nível de fantasia e insegurança (sugere Transtorno de Personalidade Obsessivo -Compulsivo). Folhas, ramos, frutos abaixo da copa — realização infantil, resíduo de primitivismo, ingenuidade e imaturidade. 6.22 — Flores As flores são a produção mais delicada da árvore, nos falam da aparência, da estética, do enfeite, da graciosidade e da beleza. A nível simbólico pode sugerir urna necessidade de revestir-se de boa aparência (máscara), preocupação com a fantasia, com a beleza, autoadmiração, vaidade e necessidade de agradar (a verdadeira árvore é invernal). Flores bem localizadas — equilíbrio. Árvore cheia de flores — autoadmiração, interesse pela aparência, vaidade, imaturidade, capacidade aparente, tendência à falsidade, falta de persistência e busca de satisfação no momento imediato (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). 6.23 — Frutos Só aparecem depois da flor fecundada e são o resultado de um lento e longo processo de maturação, o qual viabiliza a perpetuação da espécie. Simbolizam o rendimento da árvore, a sua utilidade, o desejo de realização, de compreender os problemas da vida e a própria criação. Crianças de 7 a 10 anos de idade desenham árvores cheias de frutos e na maioria das vezes soltos; aos 12 anos de idade os frutos são 78 geralmente ligados por uma haste, e depois dos 14 anos de idade a presença de frutos é vista como uma indicação de infantilidade. Árvore cheia de frutos — desejo de realizar, prosperar, de obter sucesso rápido, procura de boas recompensas, oportunismo, luta ou impaciência (comum em crianças e adolescentes, porém bastante raro nos adultos). Árvore cheia de frutos em adultos — fixação na infância ou adolescência, oportunismo, desejo de ver resultados imediatos, impaciência e necessidade de autoestima (comum em mulheres grávidas e sugere também Transtorno de Personalidade Dependente). Frutos soltos -_ desprendimento, desapego e reação emocional aos familiares (comum em crianças depois dos 14 anos, imaturidade). Frutos que caem ou caídos — perda, sentimentos de rejeição, de sacrifício, de renúncia, de frustração e de morte. Macieiras — necessidade de independência (comum em crianças). Em adultos sugere Transtorno de Personalidade Dependente. 6.24— Acessórios no desenho da arvore Quando aparecem devem ser analisados. Enfeites, adornos — tendência ao bom humor e a enfrentar os problemas brincando. Chão com vegetação, grama, flores ou arbustos em grau limitado — insegurança; grau excessivo - ansiedade. Paisagem apenas esboçada ou incompleta.— tendência a sonho, indolência, contem,, meditação, observação, dom da imaginação e falta de senso da realidade. Paisagem como tema dominante- sensação de ser ameaçado pelo mundo exterior, ausência de liberdade em relação à realidade, desejo de fuga, ansiedade, cansaço e de controle sobre as idéias negativas (comum em pacientes Deprimidos). Arvore cercada com estacas, suportes, grades ou cercas — insegurança, falta de independência e necessidade de apoio (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 79 Ninhos— desejo de proteção, imaturidade, dependência, imersão na fantasia e concepção infantil do mundo (normal em crianças até 12 anos de idade). Mais tarde sugere Transtorno de Personalidade Dependente Sombra no terreno — desejo de proteção. Sol — geralmente representa a figura de maior autoridade ou de maior valência emocional (positiva ou negativa) no ambiente do sujeito. Sol minúsculo e distante — sentimento que o ambiente geral proporciona pouco calor ou sensação de um grande distanciamento em relação às figuras parentais ou de autoridade. Outra árvore — carência afetiva, necessidade de companhia (comum em desenhos de Esquizofrênicos, dê crianças com insuficiente maturidade escolar e de órfãos). Formas impróprias, pessoas, dizeres, versos, rabiscos sem significado — incerteza, insegurança e falta de confiança em si (comum em pessoas brincalhonas, irônicas e em alguns casos de Esquizofrenia). Árvore localizada em uma colina — tendência ao isolamento e espiritualidade. Árvores dentro de potes, vasos — distúrbios sexuais. Serpente envolvendo a árvore — proteção contra tendências sexuais. 80 Na idade pré-escolar (5 a 6 anos de idade), a maioria dos desenhos já apresenta as mãos e os dedos. A mão é desenhada como um círculo e os dedos, como linhas retas. Os pés só aparecem um pouco mais tarde. Nesta fase as crianças param de desenhar o umbigo, porque o conceito de self independente já não é novo, e no lugar do umbigo geralmente surge uma fileira de botões, o que é comum até mais ou menos os 8 anos de idade (a criança ainda não se encontra totalmente 81 independente da mãe). Depois dessa idade tende a desaparecer também a fileira de botões, o que ocorre quando a criança resolve de maneira satisfatória as questões de dependência e independência. Nos desenhos das crianças pré- escolares a cabeça é desproporcionalmente maior, quase que dominando toda a figura. A medida que a criança amadurece, os desenhos vão se tornando mais realistas, e, usualmente por volta dos 7 ou 8 anos de idade, a figura humana e suas partes assumem proporções mais objetivas e o tamanho da cabeça representa cerca de um oitavo da estatura total. Por volta dos 8 anos de idade, surge a separação entre a cabeça e o corpo (o pescoço simboliza a ligação entre o mental e o físico). Nessa época as crianças apresentam maior consciência da necessidade de controle intelectual. O comprimento e a largura do pescoço, assim como a ênfase geral a ele dada, constituem uma medida de sua necessidade desse controle. Pode-se afirmar que quanto mais o pescoço é evidenciado, mais ameaçadores são os impulsos corporais e maior é a necessidade de defesa contra tais impulsos por meio do controle intelectual. 7.1 — Introdução Da observação de incontáveis desenhos infantis, percebemos que a primeira representação do corpo humano feita pela criança pequena é um círculo. As crianças de 3 ou 4 anos de idade o identificam espontaneamente como a figura de pessoa. Nesse modelo circular compreende também o tórax e muitas vezes são adicionados os olhos, a boca e o nariz. No entanto, apesar da simplicidade do desenho, fica claro para maioria dos observadores que o esquema representa uma pessoa. Até os 4 anos de idade mais ou menos não é esperada a representação dos braços. A dos 6 anos de idade sua ausência é preocupante e aos 10 anos de idade é extremamente significativa. O mesmo se aplica quanto ao ponto de junção dos mesmos; não é normal que as crianças em idade escolar continuem a desenhar braços que saem de cabeças ou de pernas, e, quando isso ocorre, refletem falhas do desenvolvimento ou patologia. 82 Aos 5 anos de idade, o umbigo é salientado, e os braços são desenhados como extensão da cabeça em lugar do corpo. As crianças nesta fase já têm alguma consciência das diferenças entre os sexos, que é expressada pela ausência ou presença de uma saia ou pelo comprimento do cabelo. Na idade pré-escolar(5 a 6 anos de idade),a maioria dos desenhos já apresenta as mãos e os dedos. A mão é desenhada como um circulo e os dedos como linhas retas. Os pés só aparecem um pouco mais tarde. Nessa fase as crianças param de desenhar o umbigo, geralmente surgem uma fileira de botões, o que é comum até mais ou menos 8 anos de idade( a criança ainda não se encontra totalmente independente da mãe) Depois dessa idade tende a desaparecer a fileira de botões , o que ocorre quando a criança resolve de maneira satisfatória as questões de dependência e independência. Nos desenhos das crianças pré-escolares a cabeça é desproporcionalmente maior, quase que dominando toda a figura. À medida que a criança amadurece, os desenhos vão se tornando mais realistas, e,usualmente por volta dos 7 ou 8 anos de idade, a figura humana e suas partes assumem proporções mais objetivas e o tamanho da cabeça representa cerca de um oitavo da estatura total. Por volta dos 8 anos de idade, surge a separação entre a cabeça e o corpo( o pescoço simboliza a ligação entre o mental e o físico). Nessa época as crianças apresentam maior consciência da necessidade de controle intelectual. O comprimento e a largura do pescoço, assim como a ênfase geral a ele dada, constitui uma medida de sua necessidade desse controle. Pode-se afirmar que quanto mais o pescoço é evidenciado, mais ameaçadores são os impulsos corporais e maior é a necessidade de defesa contra tais impulsos por meio do controle intelectual. Entre os 8 e 10 anos de idade surgem também os braços e as pernas em duas dimensões, ocorre um aperfeiçoamento do desenho da figura humana em termos de aspectos integrativos e surge a consciência do corpo como uma unidade, no lugar de uma série de partes somadas umas às outras. Desta fase até a puberdade, os desenhos mostram esforços no sentido da obtenção de prestígio e segurança por meio da adição de símbolos de força e importância. Nos dos meninos é comum observar armas, varas de pescar, chapéus de caubói, etc. Nos das meninas aparecem bolsas, livros, prendedores de 83 cabelos, enfeites; o cabelo na maioria das vezes é visto como algo a ser cuidado e embelezado. Na puberdade e adolescência, além do desaparecimento da concepção fragmentada do corpo humano, os desenhos adquirem maior sofisticação. O corpo adquire uma nova e especial importância e, consequentemente, dependendo do sexo do examinando, os desenhos enfatizam atributos, como tamanho, força, graça, atração física, etc., Só aqui é que surge algum tipo de reconhecimento das diferenças sexuais, como a forma do corpo, contornos, curvas, etc. Às vezes, o jovem em lugar de indicar os seios reforça os contornos externos da área a fim de indicar o conflito. Os esforços no sentido de controlar e integrar os impulsos corporais podem ser também registrados como conflitos na área do pescoço, uma vez que este estabelece a relação entre a cabeça e o corpo. Outro indicativo de que existe uma repressão forçada dos impulsos corporais é o traçado de uma fina linha na cintura, típico do desenho de adolescentes. Outros instrumentos gráficos de controle podem ser observados na posição retesada, por dedos cerrados ou “enluvados” ou na asseada restrição imposta por um arco, um prendedor ou apenas uma linha que visa encerrar a ativa excitação do cabelo. À postura da figura e o tratamento dado às pernas e aos pés podem revelar a atitude do examinando quanto a mobilidade, estabilidade e sentimentos de segurança nas suas relações com o meio ou nos assuntos sexuais. O comprimento dos braços, sua robustez, direção e vigor com que eles partem do corpo em direção ao “ambiente” fornecem dados adicionais sobre a natureza do contato que o examinando tem com o meio. Muitos adolescentes atribuem aos seus desenhos uma idade superior à sua própria, o que é evidência de seu interesse em crescer, indicando os desejos acerca de si mesmo e colocando na figura que desenham uma promessa daquela realidade para o futuro. Os desenhos na maioria das vezes revelam problemas infantis e representam um dos canais de expressão dos medos, esperanças e fantasias. Quando o homem desenha uma mulher, o desenho pode ser a representação de uma criança, de uma moça ideal com quem sonha um dia casar-se ou da figura materna, ou um problema de identidade sexual se desenha primeiro a figura do sexo oposto. 84 E importante observar quais as partes do corpo feminino que são enfatizadas. Quando os seios são desenhados muito grandes ou com muito cuidado, pode indicar desde fortes necessidades de dependência oral até atração pelos mesmos. Se os braços e mãos são colocados e proeminentes, pode estar indicando tanto a necessidade de figura materna pro como dificuldades de interação com o ambiente. Ombros e outros indicadores de masculinidade desenhados de forma exagerada na figura masculina denotam expressão de insegurança com respeito à masculinidade, sentimentos de inadequação e inferioridade. Na análise, é essencial uma observação precisa do desenho como um todo, para dc num segundo momento, atentar para os detalhes. Os desenhos das crianças pequenas são muito semelhantes aos desenhos de paciente psicóticos, que representam a figura humana empobrecida e destituída de qualquer elemento emocional. Porém, isso ocorre pela falta de habilidade e maturidade em função de seu estágio de desenvolvimento e não pode ser identificado com o afastamento da realidade que é típico de um indivíduo psicótico. Apesar da semelhança dos desenhos, psicologicamente as duas expressões são de mundos separados e totalmente diferentes (Dileo, 1987). A falha em combinar as partes num todo integrado só tem significado patológico depois da idade pré-escolar. Nessa época também é comum às crianças desenharem figuras grandes, como se quisessem indicar a sua importância. Por ser mais significativa, a FIGURA HUMANA é geralmente desenhada maior que a CASA e a ARVORE. O desenho da Pessoa manifesta três tipos de projeções: autorretrato, eu ideal ou ideal de ego e percepção das pessoas significativas (pais, irmãos, professores, etc.). AUTO-RETRATO - é quando o examinando desenha o que ele acredita ser. Se é obeso ou magro, alto ou baixo, nariz grande, orelhas pontiagudas, olhos pequenos, barriga saliente, etc. Os examinandos de inteligência média ou inferior geralmente reproduzem determinados detalhes em espelho; por exemplo: se apresentam algum defeito na mão direta, fazem-no na mão esquerda da pessoa desenhada. Todavia, tem-se observado que os defeitos ou falhas físicas são projetados nos desenhos somente quando apresentam alguma influência sobre o conceito que o indivíduo faz de si mesmo ou quando este tenha criado uma área de sensibilidade psicológica. 85 Juntamente com sua projeção de sentimentos relativos a seus defeitos físicos, o examinando também pode projetar suas qualidades: ombros largos, desenvolvimento muscular, cintura fina, pernas longas, rosto atrativo, etc. Além do eu físico (autorretrato físico), o sujeito pode projetar no desenho um quadro do eu psicológico (autorretrato psicológico). Pode acontecer que examinandos de altura adequada ou superior desenhem figuras pequenas, com braços caídos em atitude de derrota ou desvalia, pés um para cada lado mostrando ambivalência, olhos vazados (cegos) ou boca com um traço tenso. Neste caso o indivíduo projeta a idéia psicológica que tem de si mesmo, isto é, se vê como um ser pequeno, impotente, insignificante, desvalido, dependente e necessitado de apoio, apesar de não corresponder a seu real aspecto físico. Cada paciente elabora o seu autorretrato à sua própria maneira, acentuando e/ou modificando diferentes partes em função dos mecanismos de sua personalidade e de toda sua passada e presente. O fato é que o autorretrato pode ser distorcido da realidade, muitas vezes tal imagem, associa-se a aspectos idealizados ou patológicos que geralrefletem dificuldades profundas com o próprio corpo. EU IDEAL OU IDEAL DO EGO - é comum pessoas frágeis fisicamente, desenharem atletas ou levantadores de peso; pessoas obesas desenharem bailarinas esguias dançando livremente sem o fardo da massa corporal; crianças espancadas produzirem armas, espadas, projetando a sua necessidade de força, a fim de evitar danos para si mesmo. Nas crianças observa-se grande influência dos personagens das histórias em quadrinhos e desenhos da televisão. A imaturidade não permite a reprodução intencional de sentimentos e atitudes mais sutis; este fato só ocorre a partir da adolescência. PESSOAS SIGNIFICATIVAS - a criança pequena de modo inconsciente e automático elege ideais e valores assim como exerce comportamentos que se assemelham com as figuras de sua constelação familiar, as quais ama, admira, respeita e algumas vezes tem medo. Essas identificações assumem importância capital na infância, mas prosseguem significativamente durante a vida toda. Nos desenhos infantis, muitas vezes são projetadas imagens dos pais, mostrando a grande importância que estes têm para a criança e a necessidade que estas sentem de um modelo com que seja capaz de incorporar em seu conceito de si mesmo. 86 E também comum desenhar pessoas significativas (professores, tios, etc.) do meio social contemporâneo ou passado, devido à forte valência positiva ou negativa que estas pessoas têm para a criança. Esta inclusão da percepção que o examinando tem de figuras significativas do meio social, em contraste com a percepção que tem de si mesmo, se produz com maior frequência em desenhos de crianças do que de adolescentes e adultos (às vezes o mesmo desenho pode dar uma imagem fusionada de si mesmo e dos outros). Características das figuras materna ou paterna que a criança projeta em seu desenho constituem-se na maioria das vezes em um elemento de profecia. Vários anos mais tarde, o teste aponta determinados sinais que a criança incorporou dos pais. Isto fica mais evidente quando a criança não passa por uma psicoterapia ou quando a sua situação ambiental o sofre mudanças significativas (Rabin, 1996). 7.2 — Figuras inacabadas A distorção ou omissão de qualquer parte da figura sugerem conflitos que podem estar relacionados com a parte em questão. Por exemplo, é comum voyeuristas omitirem os olhos; pessoas muito inseguras não desenharem os braços; indivíduos com conflitos sexuais omitirem partes do corpo, etc. Observações, rasuras, sombreamento ou reforçamento têm o mesmo significado de interpretação das distorções e omissões. Não esquecer que quando o examinando faz uma figura incompleta, o examinador deve oferecer outra folha e solicitar ao mesmo que desenhe uma figura completa (ver normas para aplicação). Desenho só da cabeça — censura ao próprio corpo ou sexual, Em alguns casos pode indicar valorização exagerada da própria inteligência ou refúgio na fantasia. Desenho apenas da cabeça e tórax — censura da área genital, forte preocupação sexual ou desajustamentos em relação ao corpo. Dificuldade para desenhar braços e pernas visíveis- inabilidade para estabelecer contatos sociais espontâneos e dificuldade para avaliar corretamente as próprias potencialidades. 87 Partes omissas — censura da parte omitida (comum em imaturos que não querem tomar conhecimento dos problemas do mundo, pessoas com Transtorno de Somatização e Transtorno de Ansiedade Generalizado). 7.3 — Sucessão das partes desenhadas A sequencia habitual no desenho da figura humana é em primeiro lugar a cabeça e as características faciais (olhos, nariz, boca e orelhas), pescoço, tronco superior, braços, mãos, tronco inferior, pernas e pés. As alterações nas sequencias alertam para as partes do corpo possivelmente mais problemáticas ou importantes para o paciente. Com o mesmo significado, a demora na apresentação das características faciais implica num desejo de retardar a identificação da pessoa e a demora em desenhar dedos ou mãos denota uma relutância em fazer contato imediato e íntimo com o ambiente. As vezes esta é a maneira que o paciente encontra para evitar a revelação de sentimentos de inadequação. Em crianças é normal as alterações sequenciais, porém nos adultos apresentam outros significados. Começo pela cabeça — aceitação do desenvolvimento (é o modo mais comum de iniciar o desenho, pois é na cabeça que estão os conceitos do self). Começo pelas mãos, braços, tronco e cabeça por último — dificuldade nas relações pessoais e predomínio de aspectos mecânicos da personalidade (em alguns casos, indica perturbações do pensamento). Começo pelas pernas e pés — desânimo, desencorajamento e dificuldade em caminhar na vida (comum em Deprimidos). Começar uma parte e abandonar, ir para outra ou retomar para a inicial — distúrbio sério de despersonalização (comum em começo de Esquizofrenia). Desenvolvimento bilateral — dissimulação e ambivalência (comum em Transtorno de personalidade Obsessivo-Compulsivo). 88 Começo pelo cabelo — problema de virilidade (comum em pessoas com distúrbios na área da sexualidade e sugere também Impulso Sexual Excessivo). Começo pelo rosto — necessidade de agradar e de inter-relacionar com as pessoas (no rosto é que estão todos os elementos da inter-relação social). Começo pelo pescoço — necessidade de viver sob controle e policiamento dos desejos do corpo (o pescoço é o elemento de ligação entre as forças afetivas e os impulsos controladores do corpo). Começo pelos ombros — ambição, desejo de autoafirmação e fantasia de força e o poder, no caso de ombros largos (comum em pacientes com Transtorno de Somatização). Começo pelos braços — ambição por meios econômicos, por compreensão, afeto, desejo de inter-relação ou sentimentos de culpa, quando são muito retocados (é importante verificar se a ambição é positiva ou negativa). Começo pelas mãos — pessoa ambiciosa ou sentimentos de culpa ou frustração. Começo pelas pernas — desejo ou fantasias de mudanças, física ou profissional. Começo pelo pé — desejo de mudança ou desencorajamento (comum em pacientes Deprimidos e em alguns casos de Distúrbio Sexual). Começo pelos pés com dedos — afetividade primitiva, sensualidade instintiva e sem controle ou agressividade (sugere Transtorno de Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial). Cabeça desenhada por último — distúrbio mental (explorar a possibilidade de perturbação do pensamento). Começo por quadris e/ou seios, realçados ou retocados, feito por homem — tendência homossexual. Começo pelo vestuário — necessidade de chamar a atenção, preocupação com as roupas, com a sociedade ou sentimento de inferioridade, necessidade de proteção e couraça (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Traços em direção ao corpo — tendências introvertidas. Traços que se afastam do corpo — tendências extrovertidas. 89 7.4 — Ordem das figuras O esperado do ponto de vista de identificação sexual é que as pessoas desenhem o próprio sexo em primeiro lugar. Quando o desenho não representa o autorretrato do autor, outras variáveis podem estar influenciando a escolha, como fantasias românticas, preocupações momentâneas, grande relação afetiva, conflitos com o progenitor do sexo oposto, identificação com o sexo oposto, conflitos frente a identidade sexual ou outras condições temporárias do sujeito. Estudos têm confirmado a visão, geralmente aceita, de que a grande maioria das crianças desenha seu próprio sexo primeiro, quando solicitadas a desenhar a figura humana. Observa-se também que a porcentagem de meninas desenhando seu próprio sexo declina com a aproximação da adolescência (Lourenção Van Kolck, 1984). Essa mudança que ocorre num significado número de meninas nem sempre representa uma troca no papel ou na identificação sexual. Quando uma adolescente desenha a figura masculina em primeiro lugar, pode estar expressando um interesse pelo outro sexo, e não problemas na identificação sexual. Na adolescência parece haver maior inclinação a desenhar um amigo da mesma idade ou um adulto solícito, do que os próprios pais. Crianças — desenham com mais frequência pessoas significativas de seu ambiente (pai, mãe, irmãos, professores, etc.), e não a percepção do próprio self, provavelmente porque os pais representam um modelo de identificação que a criança quer incorporar. Crianças de 7 a 16 anos — desenham primeiro a figura do sexo oposto quando têm maior estima por este ou quando apresentam sentimentos negativos para consigo mesmo, quando são mais dependentes faltandolhes segurança quanto a própria imagem ou quando não têm plena consciência do próprio sexo do ponto de vista das características sexuais já reconhecidas. Adultos — que reproduzem as figuras parentais em seus desenhos, normalmente mostram-se presos ao passado, sem jamais terem conseguido atingir totalmente a independência do controle parental. Quando pergunta sobre o sexo que se deve desenhar primeiro — confusão a respeito do papel sexual. 90 Desenho do próprio sexo em primeiro lugar — identificação com o papel característico do próprio sexo (é o mais comum). Desenho do sexo oposto em 1°lugar— como já foi dito acima, pode simbolizar fantasias românticas, preocupações momentâneas, conflitos com o progenitor do sexo oposto forte ligação e dependência com o genitor ou com a pessoa que tem mais afinidade sexo oposto, confusão a respeito do papel sexual, perturbação na identificação sexual em alguns casos homossexualismo. 7.5— Visão geral das figuras Simbolizam o grau de auto-exposição do paciente. Figura de frente — quando é a figura do sexo do autor indica aceitação de si mesmo boa evolução psicossexual e relacionamento com o mundo exterior de forma t e franca. Figura de perfil — atitude evasiva, necessidade de esconder dos outros os próprios sentimentos, recusa em apreender a realidade, dificuldades e indiferença para com o meio, problemas de relacionamento afetivo, tendência para evitar o confronto com os problemas e busca de satisfação na fantasia (desenho comum em crianças inteligentes, mas ocorre também em psicóticos). Figura de costas — grande problema de ajustamento, fuga do meio, dissimulação dos impulsos “proibidos”, culpa e vergonha (comum em Transtorno de Personalidade Paranóide). Figura com o rosto de perfil e corpo de frente — em crianças, é comum devido a certa imaturidade perceptiva. Em adolescentes pode indicar conflitos entre exibicionismo e controle social; já nos adultos sugere dificuldades de ajustamento, de percepção do meio e de si mesmo ou falta de habilidade técnica. Figura com a cabeça de perfil e olhos de frente — discernimento escasso e falta de perspectiva (comum em Esquizofrênicos, Transtorno de Somatização e/ou de Transtorno de Aprendizagem). Desenho pedagógico (ou figura de palitos) — grande dificuldade nas relações interpessoais ou expressão de desprezo e/ou hostilidade em relação a si mesmo (comum em adolescentes que se sentem rejeitados, em Transtorno de Personalidade Antissocial e/ou Hipocondria). 91 Estereótipos — insegurança, identidade a nível de fantasia e evasão dos problemas de relacionamento pessoal (frequente em crianças inseguras e deprimidas ou oriundas de lares desfeitos e em adultos infantilizados), Estátuas, múmias, etc., — enrijecimento das defesas e fuga das situações emocionais e do convívio com as pessoas (sugere Transtorno do Pânico). Palhaços, caricaturas, anões, monstros, figuras grotescas, etc. -esforço inconsciente para deformar a realidade, desprezo e hostilidade para com as pessoas e atitude auto-depreciativa ou sentimento de inadequação e pobre conceito de si mesmo, (comum em adolescentes que se sentem rejeitados), 7.6 — Idade das figuras A atribuição de idade à figura humana simboliza o indício dos desejos, atitudes culturais e perspectiva temporal do examinando. Idade da figura próxima à do examinando — bom nível de maturidade sociocultural. Idade da figura inferior à do examinando — imaturidade, fixação emocional em alguma fase ou reação a traumas, quando o indivíduo se fixa em uma época anterior mais feliz (sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Idade da figura superior à do examinando em geral sugere vivências depressivas e/ou inadequadas para a idade. Nas crianças indicam sentimentos de não ser aceita pelos pais, levando-as a inferiorizar essa experiência e sentir um forte desejo de crescer ou pais dominadores ou identificação com um dos pais. 7.7 — Postura das figuras A Figura Humana tanto pode ser desenhada ereta, indicando toda a sua força e vitalidade, como deitada, mostrando o seu baixo nível de energia. 92 Figura ereta — normal boa energia e vitalidade. Figura inclinada, sentada, agachada ou deitada — baixo nível de energia para responder a estímulos, instabilidade, equilíbrio precário, debilidade física, falta de ânimo, exaustão mental, preocupação ansiosa a respeito do equilíbrio pessoal e sua posição precária, sensação de estar doente ou alerta para pessoas doentes na família (comum em alcoólicos crônicos e Deprimidos). Figura solta no espaço (página) ou que parece estar caindo — sentimentos de iminente colapso da personalidade, instabilidade, insegurança, dificuldade para estabelecer contato ativo com a realidade e sensação de estar no ar. Figura vergada e/ou corcunda— vivências depressivas, peso nas costas ou culpa. Figura apoiada a um poste ou cerca — necessidade de ajuda, de segurança, de apoio, falta confiança em si e dependência (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Figura na linha do solo — preocupação com a realidade e necessidade de saber onde (não é essencial à estrutura do desenho). Figura sob a pressão de um vento forte — sensação de muita pressão ambiental turbulência no lar. 7.8— Simetria dos desenhos O ser humano é aparentemente simétrico em seu físico, mas não em seus detalhes; o, considera-se um desenho “saudável” quando há certo equilíbrio entre as partes do corpo. Muita ordem e igualdade entre as partes do corpo — rigidez, defesas compulsiva e/ou muscular contra os impulsos ou ameaças do meio, preocupação com o certo ou errado, frieza e distanciamento emocional ou necessidade de controle (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo, perfeccionistas e exibicionistas). Braços e/ou pernas de diferentes tamanhos ou largura — comum em crianças até aproximadamente sete anos de idade; mais tarde sugere 93 agressividade, dificuldade escolar, imaturidade, coordenação pobre, excesso de espontaneidade, descuido, falta de controle, impulsividade, hiperatividade ou insegurança, instabilidade, falta de defesas, perda de equilíbrio da produção gráfica e desorganização mental. Quando as diferenças são muito acentuadas, demonstra desarmonia na personalidade e no comportamento (comum em Transtorno de Personalidade Histriônico). 7.9 — Movimentos nos desenhos Uma das maneiras pelas quais percebemos que um ser tem vida (ou está vivo) é demonstrada pelo movimento que este exerce impelido pelas suas próprias forças. Alguns desenhos mostram pessoas andando ou correndo, cachorros pulando, pássaros voando, árvores balançando, etc.; nota-se que a representação dos desenhos pode variar desde a rigidez até a mobilidade extrema (Di Leo, 1987). Espontânea ou imitativamente, as crianças usam uma variedade de expedientes no seu desejo de imprimir movimento às suas figuras, e alguns deles habilmente copiam os Recursos utilizados pelos artistas de estórias em quadrinhos. De forma geral, os meninos costumam retratar mais ação, enquanto as meninas parecem mais interessadas nos detalhes e acabamento. Crianças em idade escolar não se satisfazem por muito tempo com figuras frontais e estáticas, tentam desenhá-las com animação, esperançosas de criar a ilusão do movimento, Percebendo a dificuldade de indicar movimento num desenho frontal, descobrem o perfil como oferecendo orientação mais efetiva para retratar o caminhar, o correr e o fazer. Dos três desenhos o qual é mais comum de se encontrar indicando movimento é o da FIGURA HUMANA e depois desta, a ARVORE; a CASA é sempre estática. Como regra geral, podemos afirmar o seguinte: quanto mais involuntário, mais evidente e desagradável for o movimento, maior o índice de patologia. O movimento da figura pode avaliar o impulso para a atividade, a natureza do controle sobre os impulsos, a fantasia, a mobilidade psíquica, a capacidade mental, a ação, o contato social, a adaptação, etc. Figura parada ou com movimento moderado ou andando relaxados — bom ajustamento, riqueza de vida interior e inteligência (considerado normal). 94 Figura rígida, estática — (cabeça bem ereta, pernas presas uma a outra ou braços estendidos lateralmente) - controle rigoroso sobre a vida impulsiva, inadequação das defesas do ego, conflitos profundos, dificuldade para relaxar, medo de relações espontâneas, repressão dos estímulos interiores, necessidade de segurar em algo mais, face a uma ameaça de desorganização e medo de que os impulsos proibitivos se rompam (comum em casos orgânicos e Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo, Transtorno Depressivo ou Esquizofrênicos). Figura com movimento hesitante — insegurança, dissimulação e fraco controle sobre as reações e impulsos (sugere Transtorno de Ansiedade Generalizada). Figura com movimento excessivo ou involuntário, violento e desagradável — inquietação, superatividade, excitação, impulsividade, impaciência, agressividade ou desejo de dominar (comum em crianças hiperativas e/ou inquietas e Transtorno de Personalidade Histriônico e Transtorno de Personalidade Borderline). Figura correndo — dependendo da configuração geral do desenho pode indicar medo extremo ou pânico (sugere Transtorno do Pânico). 7.10— Transparência nas figuras A transparência simboliza o juízo crítico. Em crianças pequenas, de 5 a 7 anos de idade, não é considerado patológico, porque não têm capacidade de abstração. No adulto, são importantes desde que impliquem numa falha da percepção e da crítica frente à realidade, indicando a presença de desorganização da personalidade ou a ruptura com o meio (mais patológico). Por exemplo, uma transparência na roupa, como deixar aparecer o braço sob a manga, não é tão sério quanto aparecer a mobília por meio das paredes de uma casa ou os órgãos internos na figura humana. Figura nua — necessidade de exibir-se, de mostrar-se, de contato ou rebelião contra a sociedade e/ou figuras paternas em alguns casos indica consciência de conflitos sexuais (comum em Voyeuristas e Exibicionistas). 95 Figura nua em desenho do próprio sexo — narcisismo, supervalorização do corpo necessidade de exibição ou contato (comum em indivíduos infantis e egocêntricos e também sugere Voyeurismo e Exibicionismo). Figura nua com as partes sexuais acentuadas — Ansiedade, /lmaturidade, /Impulsividade revolta contra a sociedade e/ou figuras paternas, Exibicionismo, conflitos sexuais ou voyeurismo. Figura nua mostrando pouca diferença entre o homem e a mulher — dificuldade na identificação do papel sexual, confusão e repressão da libido. Figura parcialmente nua ou com roupa indicada por cintos ou botões — autoestima pouco desenvolvida, falta de interesse pelas pessoas e negligência das defesas sociais. Figura nua sob um robe ou uma roupa, mas sem mostrar a parte genital — conflitos sexuais, exibicionismo e dificuldade de adaptação. Figura com roupa transparente ou com elementos sexuais por meio da roupa — curiosidade sexual ou exibicionismo, necessidade de seduzir carência afetiva, julgamento deficiente ou muito pobre, conflitos e problema com a área que mostra a transparência. Figura com calça ou saia transparente -problemas sexuais, imaturidade, exibicionismo e impulsividade (comum em, Homossexuais e Esquizofrênicos). Figura com sombreamento nos seios — necessidade materna, dependência, curiosidade ou autoafirmação (comum em préadolescentes e em pessoas com Transtornos de Somatização). Figura com transparência e/ou com contorno dos seios, desenhada por homem — sentimentos de culpa, apego ou fixação à figura materna. Figura mostrando a anatomia interna ou transparência do corpo — Esquizofrenia (concordância de vários autores). Figura com ênfase nas articulações — extrema preocupação com o corpo, sensação de algo imperfeito na integridade corporal, dependência materna, insegurança, incerteza e imaturidade afetiva e sexual. Em alguns poucos casos pode indicar a necessidade de ação, movimento, uma forma de realizar-se, passagem da inatividade à ação (a presença de joelhos e cotovelos é observada na maioria das vezes em desenhos feitos por indivíduos com Transtorno de Personalidade 96 Paranoide, Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e Hipocondríacos). 7.11 - Cabeça Geralmente é desenhada em primeiro lugar. É a parte do corpo mais exposta e considerada o centro do poder intelectual, racional, social e do controle dos impulsos corporais. Representa também a autoridade de governar, ordenar, intuir, etc. Simboliza o auto-conceito e, juntamente com os traços fisionômicos, expressa as necessidades sociais e de contato. A forma como é desenhada projeta o controle do corpo e das fantasias. Cabeça de tamanho normal — autoconceito positivo. Cabeça exageradamente grande em relação ao tamanho do corpo — valorização exagerada da própria inteligência, ambição, aspirações intelectuais, ou agressividade, frustração nas aspirações intelectuais, sentimento de menos valia. Introspecção e ênfase na fantasia como fonte de satisfação (comum em pré-escolares até 5 ou 6 anos de idade, em crianças disléxicas, pessoas com Transtorno Somatização, Transtorno de Personalidade Paranóide e Esquizofrênicos). Cabeça grande — confiança excessiva nas funções sociais e de controle, com correspondente subestima do corpo e dos impulsos vitais, valorização da inteligência, ênfase na fantasia como fonte de satisfação, aspirações intelectuais, compensação por sentimentos de inferioridade e introspecção (comum em pessoas preocupadas com doentes na família ou Hipocondríacas). Cabeça pequena em relação ao corpo — sentimento de menos valia, inferioridade inadequação, preocupação com a crítica, desejo de negar o controle intelectual pressão do desejo obsessivo em negar pensamentos dolorosos e sentimentos de (comum em Deprimidos, pessoas com inteligência inferior ou socialmente não a das, Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e Fobia Social). Cabeça achatada — pressão ambiental repressão da fantasia ou da dinâmica racional expressar sentimentos de que o ambiente reprime o potencial intelectual. 97 Cabeça desenhada com muitas clareza em contraste com o corpo vagamente esboçado ou pouco claro — supervalorização do intelecto, apego à fantasia como mecanismo de compensação, sentimentos de inferioridade e/ou vergonha a respeito das partes do corpo e suas funções. Cabeça com ênfase nas linhas periféricas — esforço para manter controle de fantasias. Cabeça e rosto pouco claros—necessidade de esconder-se, timidez e sentimentos de inferioridade. ( sugere Transtorno de Personalidade de Esquiva.) Cabeça geométrica, triangular ou quadrada — comum em Esquizofrênicos. 7.12 Rosto Simboliza a interação com o meio, onde se inscrevem os pensamentos e sentimentos. É mais expressiva do corpo, o centro da comunicação, do contato com a realidade, sociabilidade. Rosto de frente — preparo para o confronto com a vida e boa interação com o meio. Rosto com ausência de contorno facial, mas com presença de olhos, nariz ou boca — dificuldade de contato com o exterior (comum em Transtorno de Personalidade Esquizoide). Rosto com contorno e acentuação dos caracteres faciais — esforço para manter uma máscara social, ou timidez, sentimentos de inferioridade, menos valia ou importância e/ou valorização do próprio eu (comum em alguns estados de Transtorno de Despersonalização). Rosto com contorno reforçado — dificuldade de inter-relação social, insegurança e ansiedade ou culpa nos contatos sociais (sugere Fobia Social). Rosto com ausência de olhos, nariz ou boca — timidez, ausência de relação com o meio, fuga dos estímulos exteriores ou do meio, imaturidade na comunicação, tendência a evitar contatos, introversão, superficialidade, cautela ou hostilidade (comum em pessoas tímidas, 98 que vivem em seu próprio mundo e não se comunicam, e sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide). Rosto com marca ou cicatriz — sentimento de ser diferente dos outros e que os outros percebem essa diferença. Rosto com sombreado — agressividade, tendência ao roubo. 7.13 CABELO O cabelo é a expressão do que está vivo e crescendo. Simboliza vitalidade, virilidade, força, sensualidade e sexualidade. Adolescentes, narcisistas e homossexuais dão grande ênfase ao cabelo, indicando o interesse pela aparência e a necessidade de autoafirmação. Cabelo bem cuidado e/ou bem penteado — interesse pela aparência social, desinibição, facilidade em mover-se no ambiente e bom equilíbrio psicossexual. Cabelo com traço firme — energia e vitalidade. Cabelo com sombreado forte -conflitos referentes a força e virilidade, ansiedade com relação aos pensamentos e fantasias ou agressão (sugere Impulso Sexual Excessivo). Cabelo comprido e em abundância — sensualidade, virilidade e vitalidade sexual. Cabelo escasso -insegurança, sentimentos de inferioridade e inadequação, sentimento de perda da virilidade e/ou da força. Cabelo extremamente bem penteado — preocupação em seduzir, narcisismo, exibicionismo ou moralismo. Quando desenhado por homem sinaliza insegurança da adequação masculina com esforço consciente para demonstrar virilidade (comum em adolescentes do sexo feminino e Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e sugere Transtorno de Personalidade Narcisista), Cabelo desordenado — infantilidade, sensibilidade primitiva ou discordância entre as limitações e as convenções de ordem social; em alguns adultos sugere confusão relacionada com fantasias sexuais. Cabelo fora da cabeça — caráter regressivo (comum em Esquizofrênicos). 99 Cabelo em escova - reação agressiva a algo não aceito. Cabelo trançado - sujeição ou policiamento dos impulsos sexuais. Cabelo ondulado ou com cachos — desejo de chamar a atenção (comum em meninas sexualmente precoces). Cabelo grudado em caracol — repressão sexual e de conceitos morais errados, Cabelo repartido no meio — conflito entre identificação feminina e masculina. ambivalência afetiva ou social. Cabelo tampando o rosto — dissimulação dos problemas; em adultos sugere busca compensatória de virilidade devido a sentimentos de inadequação ou conduta sexual- mente desviada (sugere Impulso Sexual Excessivo). Homem ou adolescente que desenha a mulher com cabelo bem delineado e homem com chapéu— caráter regressivo e sexualidade infantil com fantasias viris. O chapéu em alguns casos pode simbolizar a impotência. Homem ou adolescente que desenha a mulher com cabelo desordenado e o homem com muita ordem — desordem ou imaturidade sexual e hostilidade à mulher. Sem cabelos (careca) — falta de energia, desvitalização, sentimento de debilidade, impotência, passividade ou isolamento (sugere Transtorno Depressivo). Testa grande — desejo de afirmação da inteligência (comum em Transtorno de Somatização). Franja em geral — dissimulação de fantasias sexuais e cobertura do problema sexual ou corporal. Franja na figura feminina — domínio dos impulsos sexuais sobre os intelectuais. Rabo- de cavalo, presilhas, laços e fitas — controle da sensualidade. Fita no cabelo da figura feminina— esforços no sentido de contenção dos impulsos. 100 7.14 — Chapéu É mais frequente na figura masculina e pode tanto simbolizar proteção ou status social, sensação de impotência e/ou aspectos fálicos. Chapéu sobre o cabelo — status social (se muito enfeitado), necessidade de proteção, conduta sexual primitiva ou dissimulação sexual. Chapéu cobrindo quase toda a testa — desconfiança, suspeita e atitude de alerta ou em guarda. Apenas chapéu, sem outras roupas — regressão (geralmente também aparece em outros traços). Capacete — repressão e/ou tentativa de controle das fantasias. 7.15 — Barba e/ou bigode Simboliza na esfera da sexualidade a luta pela virilidade, principalmente entre aqueles que têm fortes sentimentos de inadequação sexual ou dúvidas sobre a masculinidade. Barba e bigode bem feitos —virilidade, vitalidade sexual ou busca compensatória de demonstrar virilidade ou sinal de status social ou dúvida acerca da masculinidade e atração pelo sexo oposto. Barba e bigode desenhados na mulher — ambivalência sexual, conflito com a mãe e agressividade para com a mulher. Ênfase na barba—necessidade de dominância mais social que sexual e sentimento de impotência social. Ênfase no bigode -busca compensatória de demonstrar virilidade. Barba reforçada em figura de perfil — compensação por debilidade e indecisão, necessidade de parecer socialmente enérgico e dominante ou desejo de chamar a atenção. Costeletas — -fantasia de poder sexual. 7.16 — Olhos 101 A criança ao fazer o circulo representativo da figura humana desenha em primeiro lugar os olhos. Simbolizam o contato com o mundo exterior, a percepção da realidade, a discriminação perceptiva do ambiente e o controle. Grande parte da comunicação social concentrase nos olhos; “os olhos são o espelho da alma” e podem tanto expressar amor e compaixão como hostilidade e desprezo. O embelezamento dos olhos é mais frequente nas figuras femininas de meninas adolescentes; os desenhados pelos meninos são mais simples, naturais e funcionais. Olhos médios- bom ajustamento e contato equilibrado com a realidade. Olhos pequenos — exclusão ao mundo exterior e absorto em si mesmo. Olhos grandes — maior capacidade de absorver o mundo visualmente, observação, curiosidade, dependência do ambiente e das experiências visuais ou desconfiança (comum controladores e Transtorno de Personalidade Paranóide). Quando desenhados por moças sugere desejo de chamar a atenção dos rapazes. Quando desenhado por rapazes, pode ser indicativo de homossexualismo, se forem grandes e com cílios. Nas crianças pequenas, olhos grandes são simplesmente uma expressão da importância dos mesmos. Omissão — é um fenômeno raro, geralmente é o primeiro detalhe que a criança desenha após a cabeça e por isso não deve ser considerado descuido; sua omissão sugere culpa, vergonha, imaturidade afetiva e!ou psicossocial (comum em Voyeuristas, crianças socialmente isoladas que tendem a negar seus problemas e fugir para a fantasia. Olhos representados por um traço ou fechados introversão, não aceitação do meio, desejo muito forte de evitar estimulação visual desagradável, passividade frente ao meio, ou estado de dependência, imaturidade afetiva e recusa da realidade. A pessoa que fecha os olhos para não ver (comum em Transtorno de Personalidade Narcisista). Olhos representados por um ponto — imaturidade para enfrentar a vida, limitado campo de visão, regressão, desejo de ver o mínimo possível e imaturidade no contato com o meio (comum em Transtorno de Personalidade Paranóide). 102 Olhos sem pupila ou cegos — percepção vaga e não diferenciada do mundo, acentuada relutância em aceitar estímulos do ambiente, recusa a enfrentar a realidade das coisas, inibição, dificuldade de discriminação, imaturidade, egocentrismo ou agressividade, hostilidade, culpa e vergonha (comum em Transtorno de Personalidade Histriônico e em Voyeristas) Olhos representados por um círculo (da mesma forma que a boca ou nariz) — em adultos indica infantilidade (comum em Transtorno de Aprendizagem). Nas crianças sugere dependência, superficialidade ou falta de discriminação. Olhos muito bem trabalhados (embelezados) — nas meninas sugere feminilidade, sedução, afirmação sexual e desejo de chamar a atenção. Nos rapazes, sexualidade inadaptada e ambivalência sexual e/ou afetiva (comum em desenhos de Homossexuais). Olhos cruzados ou estrábicos — reflexo de ira e rebeldia (comum em crianças agressivas ou com dificuldades emocionais). Olhos para baixo — fraco controle diante do meio, culpa e vergonha (comum em Deprimidos). Olhos para cima — na mulher sugere desejo de chamar atenção, afirmação no grupo ou desejo de contato sexual. No homem pode indicar ambivalência sexual ou Homossexualismo. Olhos em negrito fixos e/ou reforçados conflito na inter-relação social, controle sobre o ambiente, persecutoriedade, medo de perder o controle e medo de não enxergar (comum em Transtorno de Somatização e de Personalidade Paranóide). Óculos — dissimulação da dificuldade em enfrentar o mundo, desejo de estabelecer contato interpessoal e afetivo, necessidade de enxergar a realidade objetiva ou status social (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). 7.17 — Sobrancelhas As sobrancelhas sugerem atitudes tanto de arrogância, dúvida como de autoritarismo. A simbologia deste detalhe deve ser analisada de acordo com o global. 103 Sobrancelhas bem cuidadas com traços finos e delicados — sensibilidade e refinamento pessoal. Sobrancelhas levantadas — arrogância, desdém, dúvida e dependendo da expressão pode indicar medo ou pânico (comum em Transtorno de Personalidade Paranóide). Sobrancelha peluda e grossa — sensualidade primitiva, áspera e não inibida. Sobrancelhas em linha reta—personalidade forte, decidida, teimosia e autoritária. Sobrancelhas, olhos grandes e cílios, na figura masculina desenhada por homens.— comum em Homossexuais. 7.18 — Nariz São inúmeros os simbolismos ligados ao nariz, principalmente porque é o órgão do “faro” que denuncia os sentimentos de simpatia e de antipatia, orientando muitas vezes os desejos e as palavras. As expressões populares conferem vários sentidos, como: bisbilhotar, bufar, agredir, ser metido, intromissão — “meter o nariz onde não é chamado”, “gente de nariz empinado”, desconfiança — “lá tem coisa que não cheira bem”, simbolismo sexual (está na linha média do corpo e sobressalente como o pênis) Nariz médio — bom ajustamento social e sexual. Nariz pequeno — infantilidade no plano sexual, temor de castração ou consciência de debilidade sexual. Nariz grande — em adolescentes e adultos sugere desejo de virilidade e compensação por sentimentos de impotência. Nariz grande feito por adolescentes — sensação ou medo da dificuldade de estabelecer o seu papel estipulado. Nariz grande na figura masculina — mecanismo de compensação associado com sentimentos de impotência sexual (comum em pacientes masculinos que sofrem de Depressão) 104 Nariz com deformações — sentimento de menos valia e desvio sexual (sugere impulso Sexual Excessivo). Nariz de perfil com o rosto de frente -infantilidade, indecisão, inadequação sexual, temores de castração, dúvida e conflitos (comum em crianças). Nariz visto de frente, sombreado, reforçado ou com retoque - conflito sexual, preocupação fálica e possível medo de castração, imaturidade, complexo de inferioridade e em alguns casos indicativo de Homossexualismo, também sugere Impulso Sexual Excessivo. Nariz arrebitado — realização sexual. Nariz afilado — práticas agressivas sexuais (se outros indícios puderem ser confirmados). Nariz curto ou largo com narinas abertas - rejeição ou desprezo ao ambiente. Narinas no lugar do nariz — infantilidade, sensibilidade, autoafirmação, provocação, desprezo ou fantasia sexual. Narinas com asas bem acentuadas- forte sexualidade, agressividade e impulsividade (sugere Transtorno de Personalidade Antissocial). Omissão — sentimento de imobilidade e falta de defesa, incapacidade para progredir e avançar, timidez, passividade, angústia, sensação de desamparo. 7.19—Boca A boca é o órgão receptor das mais primitivas sensações de prazer ou desprazer e é a de fixações precoces com efeito pela vida afora. Representa a assimilação de no- idéias e a nutrição, permite a comunicação, o intercâmbio social, dar e receber os, agredir, maltratar, ferir, etc. Simboliza por meio da linguagem a força capaz tanto de construir, de animar, de ordenar, de var como de destruir, de confundir e de rebaixar. Boca média — bom ajustamento social e afetivo. Boca ausente com olhos e nariz desenhados — angústia, insegurança, retraimento, incapacidade para comunicar-se ou sentimento de culpa 105 com relação à agressividade, tendências sádicas, rejeição ao meio, negação das necessidades afetivas, possibilidade de conflito com a figura materna ou dificuldades na área da alimentação (comum também em pessoas deprimidas ou com Transtorno de Somatização). Boca grande — ambição, voracidade, erotismo oral, desejo de interrelação social, ou oscilação de humor. Boca pequena — repressão da oralidade, dificuldade nas relações sociais ou expressão de distúrbios alimentares. Boca fechada ou com um traço só reto — negação, recusa nos relacionamentos, oposição, agressividade verbal, tensão, alta capacidade de crítica e em alguns casos sadismo (comum em pacientes laringectomizados). Boca redonda ou oval com lábios grossos — sensualidade, sexualidade precoce, agressividade oral, conduta sexual desviante ou dependência (comum em Impulso Sexual Excessivo). Boca com as comissuras para cima, igual a de palhaço — imaturidade psíquica, máscara social, necessidade de simpatia, de agradar, mesmo que forçada, desejo de obter aprovação e de aceitação social (comum em crianças). Boca com as comissuras para baixo — pessimismo, mau-humor, tristeza ou raiva (comum em Depressivos). Boca com lábios finos — repressão ou dificuldades nas atitudes sexuais. Boca sensual - feminilidade e sedução. Boca projetada, bicuda — personalidade primitiva, instintiva, desejo de autoafirmação ou agressão verbal. Boca aberta — passividade oral ou desejo de receber. Boca em negrito — ansiedade a respeito da necessidade de dependência ou angústia relacionada com a área. Língua — intensificação da concentração oral em um estágio primitivo e com a adição de sinal erótico, desvio da conduta sexual ou rebeldia e desafio (comum em Esquizofrênicos). Dentes — infantilidade, imaturidade afetiva, forte agressividade oral, hostilidade, defesa e em alguns casos sadismo (comum em 106 Esquizofrênicos, Transtorno de Personalidade Anti-Social, Transtorno de Personalidade Histriônico e Transtorno de Somatização). Palito, cigarro, cachimbo entre os lábios — acentuação da concentração erótica, dependência oral ou busca de virilidade. 7.20 — Orelhas Raramente são desenhadas com detalhes, frequentemente são ocultas pelo cabelo e simbolizam a sensibilidade às críticas. As distorções nos desenhos representam desde uma suave sensibilidade à crítica social até uma paranoia. Omissão — é o mais comum, porém em alguns casos pode indicar passividade (comum em deficientes auditivos, pré-escolares e escolares). Omissão na figura feminina — bastante comum, principalmente quando é ocultado pelo cabelo. Omissão na figura masculina — sinal de indiferença em relação ao sexo masculino e sua aparência (principalmente se o desenho é feito por moças) Orelhas pequenas — sentimento de inferioridade e desejo de não ouvir críticas (sugere Fobia Social). Orelhas muito grandes e/ou enfatizadas - atitudes desconfiadas, preocupação com acrítica social, desejo de aprovação social ou resistência à autoridade (comum em pessoas com conflitos Homossexuais, danos orgânicos na área da audição ou Fobia Social).prognóstico desfavorável. Desenho das orelhas, em lugar não propício — é bastante raro mesmo em pacientes psiquiátricos. Não parece ser associado a atraso mental, mas constitui um prognóstico desfavorável. Orelhas pontiagudas — complexo de inferioridade e sexualidade primitiva. Brincos- preocupação sexual desejo de atrair o sexo oposto, necessidade de embelezar-se e de chamar atenção. 107 7.21 —Queixo Simboliza força, autoridade, autoafirmação e determinação - “pessoa de queixo duro”. Queixo muito pequeno — sentimento de inferioridade e inadequação ou dificuldades sexuais Queixo grande — tendências agressivas e, se for muito exagerado, pode significar sentimentos compensatórios de fraqueza e indecisão, medo de responsabilidades e impulsos fortes de autoafirmação. Queixo quadrado — afirmação social ou sexual, teimosia, firmeza, decisão e símbolo masculino. Queixo redondo — delicadeza e feminilidade. 7.22 — Pescoço O pescoço simboliza a comunicação da alma com o corpo, a área de controle das emoções, dos sentimentos e dos impulsos corporais. Constitui a conexão entre o corpo (impulsos e sentimentos) e a cabeça (pensamento e controle). Controla a organização corporal e ser como ligação entre os impulsos instintivos do corpo e o controle exercido pelo cérebro. Pescoço bem proporcionado — bem-estar, equilíbrio entre emoções e controle. Pescoço desenhado com muita ênfase — perturbação por falta de coordenação a impulsos e controle intelectual, certa consciência da bifurcação da personalidade conflitos decorrentes da força do superego. Pescoço com distorção na forma, no contorno ou em negrito conflito e dificuldade em controlar os impulsos corporais (comum em indivíduos com Transtorno de Sumarização. Pescoço feito em uma linha só — imaturidade e dificuldade na coordenação dos aspectos intelectuais e instintivos. Pescoço curto e grosso — comportamento impulsivo, conduta guiada mais pelos instintos do que pelo intelecto, mau-humor, poder físico ou mecanismos de compensação (sugere Transtorno de Conduta e Transtorno de Personalidade Antissocial). 108 Pescoço fino e longo —dificuldade em controlar e dirigir impulsos instintivos (pessoas severas e moralistas), aguda consciência de impulsos corporais com grande esforço para contê-los, supercontrole repressivo, afastamento da vida emocional ou ansiedade (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). Pomo de Adão — desejo de virilidade. Omissão — dificuldade de coordenação dos impulsos, perda de controle, sensação de desamparo perante os impulsos, comportamento impulsivo, com controle interno pobre, imaturidade e regressão (comum em crianças até aproximadamente 5 anos de idade ou com Roubo Patológico). 7.23 — Colarinho e gravata Apresentam uma simbologia tanto sexual como social, dependendo da configuração geral do desenho. Geralmente são enfatizados pelas pessoas que sentem intimidadas por pescoço longo (mecanismo de compensação). Colar, colarinho, gola ou gravata separando o pescoço — separa o corpo (impulsos físicos, vitais) da cabeça (controle intelectual, racional), necessidade de controle da vida instintiva e dificuldade intelectual de controlar os impulsos vitais. Decote muito longo ou muito estreito — compensação por sentimento de inferioridade ou dificuldade sexual (comum em pacientes com Transtorno de Somatização). Decote - quando desenhado por homem - dificuldades sexuais ou desejos inconfessáveis. Decote - quando desenhado por mulher — mecanismo de compensação (pescoço maior), problema sexual e imaturidade (porém, na mulher é mais aceitável). Decote em V — fixação sexual sobre os seios e tendências voyeuristas. Decote alto — repressão. Ausência de gravata em traje completo com chapéu — timidez no reconhecimento deste símbolo sexual socializado ou dificuldades na aceitação dos impulsos sexuais. 109 Gravata desenhada com muita ênfase por homem — preocupação fálica com suspeita de sentimentos de impotência e em alguns casos Homossexualismo. Gravata pequena ou borboleta — sentimento reprimido de inferioridade física. Gravata muito cuidada na figura feminina - possibilidade de tendências homossexuais Gravata voando, como fora do corpo — intensa preocupação sexual. 7.24— Ombros Simboliza a força, poder físico, autoridade, autoafirmação, autonomia e domínio sobre o ambiente. Ombros bem proporcionados — flexibilidade e harmonia com o poder interno. Ombros desproporcionados — desequilíbrio interno, conflitos sexuais ou dificuldade de se impor no mundo. Desenha primeiro ombros pequenos, depois apaga e desenha ombros grandes.— reação primária de sentimentos de inferioridade e ocultação com fachada de capacidade e adequação. Ombros grandes — desejo de afirmação, agressividade, autoridade, necessidade de mostrar-se forte e de dominar o ambiente (sugere Transtorno de Personalidade Antissocial). Ombros pequenos — submissão, sentimentos de inferioridade e de menos valia. Ombros exagerados ou representação apagada — preocupação com o poder e com a perfeição física, temor de debilidade sexual (quando com muita ênfase, indica uma concentração no corpo em grau patológico, sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Ombros geométricos, em linha reta ou quadrados — imaturidade psíquica, com atitudes hostis e super defensivas, necessidade de provarse capaz, e de impor-se no ambiente. 110 Ombros estreitos em relação ao corpo — sentimento de menos valia, de inferioridade e/ou inadequação (comum em Deprimidos c em Transtorno de Somatização). Ombros arredondados — símbolo de feminilidade. Quando desenhado por homens pode ser indicativo de Homossexualismo ou confusão sexual. Ombros másculos — símbolo de masculinidade, desejo de força. Quando desenhados por homem, de forma exagerada: insegurança com respeito a masculinidade, ambivalência sexual ou virilidade reprimida. Ombros vergados — culpa, vergonha, sensação de vida árdua e excesso de responsabilidades (sugere Transtorno Depressivo). 7.25 — Tórax É a sede dos órgãos vitais, da vida instintiva e emocional. Simboliza tanto a altivez como a timidez, a agressividade como a gentileza, a prepotência como a humildade; a sua postura da FIGURA HUMANA mostra como a pessoa apresenta-se no mundo e como relaciona-se com as pessoas. Tórax bem proporcionado — harmonia interna e equilíbrio entre a vida instintiva e emocional. Tórax pequeno e/ou estreito — inibição, constrição emocional, negação dos impulsos instintivos e/ou sentimentos de inferioridade (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). Tórax grande e/ou longo — presença de impulsos não satisfeitos, dificuldade em se expressar (sente nas vísceras, mas não expressa), compensação por baixa estatura ou preocupação com a beleza estética e em mostrar-se (comum em Transtorno de Personalidade Esquizoide e Transtorno de Personalidade Narcisista). Tórax arredondado ou com linhas suaves—símbolos feminino, menor agressividade, submissão e introversão (quando desenhado por homem, pode ser indício de Homossexualismo). Tórax rígido — defesas contra emoções e dificuldade em se expor. 111 Tórax como uma caixa quadrada com ângulos — símbolo masculino, maior agressividade, propensão à crítica ou extroversão (comum em pessoas regredidas, primitivas ou desorganizadas e sugere Transtorno da Conduta e Transtorno da Personalidade Antissocial). Tórax com a parte inferior não fechada — preocupação sexual, conflito sexual não do ou tendências homossexuais com culpa e ansiedade. Tórax Com ênfase, sombreamento, negrito ou contorno duplo — ansiedade em o ao desenvolvimento corporal, preocupação com o poder físico ou expressão de masculinidade (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). Tórax com pelos — desejo de masculinidade, necessidade de conferir o aspecto, masculino o ou sensualidade e narcisismo. Omissão do tórax — imaturidade severa, perturbação emocional com aguda ansiedade pelo corpo, rejeição ao corpo e necessidade de recalcar ou negar os impulsos corpos (comum em crianças pequenas, Roubo Patológico e raro nos desenhos de adultos). 7.26—Seios Símbolo de proteção, tem relação com o princípio feminino, com a maternidade, suavidade e segurança. Frequentemente é associado às imagens de intimidade, de oferenda, dádiva e de refúgio. Estão também vinculados aos sentimentos afetivos de identidade e auto valorização. Seios grandes ou desenhados com muito cuidado — fortes necessidades com dependência da figura materna ou conflitos com a maternidade, necessidade oral, gula e erotismo. Ênfase no seio desenhado por moças — identificação com a mãe, erotismo oral, necessidade de alimentação e de cuidado ou constrangimento em relação ao próprio busto (comum em adolescentes com grande desejo de crescer). Seios pequenos ou apenas assinalados - preocupação reprimida com os seios e dificuldade em assumir o crescimento. 112 Seios com ênfase na figura masculina — ambivalência sexual (comum em Homossexuais). Costelas — é raro aparecer, porém quando estão presentes sinaliza a presença de problemas graves, como Esquizofrenia. 7.27— Camisa, paletó, blusa ou camiseta Símbolo de proteção. Estar sem camisa é como mostrar-se sem a segunda pele. Paletó, blusa ou camisa com botões -dependência oral e materna, gula, sentimentos de inadequação, repressão, preocupações com o corpo e com a saúde, conflitos ou ambivalência sexual (comum em crianças pequenas, Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo, adultos infantilizados, sugere também Hipocondria e/ou Transtorno de Personalidade Dependente). Botões em desenhos de crianças — forte dependência materna. As crianças pequenas costumam associar o botão com o umbigo indicando uma simbiose com a mãe e dificuldade em soltar-se. Botões na linha central — é normal em crianças pequenas e nas mais velhas pode indicar forte dependência materna; em adultos sugere preocupações com o corpo e com a saúde (comum em Hipocondríacos). Paletó, blusa ou camiseta com bolso — privação afetiva e dependência materna ou identificação psicossocial com a mãe (comum em adultos infantis e dependentes). Bolso desenhado por crianças — afirmação social e pessoal e expansão do ego (principalmente quando estão cheios de estilingue, revólver, etc. - símbolo de expansão do ego e do amadurecimento). Bolso desenhado por adolescentes — luta pela virilidade em antagonismo com dependência materna. Lenço no bolso em linha reta e/ou em ponta — fantasia de virilidade ou facilidade sexual. Sombreamento do paletó, blusa ou camiseta -ansiedade em relação à feminilidade ou à masculinidade e dificuldade ou vergonha do corpo (comum em Hipocondríaco. 113 7.28 — Cintura Simboliza a área de controle do impulso sexual, da feminilidade, da sedução e da possibilidade de atração. Cintura adequada - harmonia entre a zona superior e inferior, entre os impulsos e a razão. Cintura enfatizada por sombreamento, traços reforçados ou interrompidos- ansiedade em relação à divisão da zona superior e inferior, repressão na esfera sexual, ambivalência entre expressão e controle corporal na área da sexualidade preocupação ou policiamento dos impulsos do corpo. Cintura pequena e bem apertada na figura feminina — controle precário das emoções saída com explosões ou necessidade de seduzir. Cinto apertado no homem — necessidade de mostrar estabilidade, força e controle, dependendo do global sugere também Homossexualidade. Cinto com fivela — castidade, repressão da sexualidade, controle e racionalização da tensão representada pela divisão do corpo em zonas (quanto mais elaborado o cinto, r tendência em converter a tensão em formas estéticas e próprias de expressão). 7.29 — Quadril e nádegas Zona a de expressão de conflitos. Grandes ou com sombreamento na figura feminina, feita por moças — interesse nela maternidade e/ou maturidade ou necessidade de chamar a atenção. Grandes ou com sombreamento na figura feminina, feita por rapazes — tendências homossexuais ou problemas na área da sexualidade. 114 7.30 — Zona genital O sombreamento ou o desenho dos órgãos sexuais não são comuns e quando aparecem conflitos e expressam distúrbios. Representação dos órgãos sexuais — agressividade, exibicionismo, voyeurismo ou preocupação com a própria identidade sexual (sinal patológico de deterioração, comum em Esquizofrênicos. Não é válido pata indicar Homossexualismo). Representação dos órgãos sexuais em crianças de mais de 5 anos — agressividade, conflitos familiares, oposição aberta ao ambiente, atraso afetivo, falta de adaptação ao meio ou patologia mais séria envolvendo aguda ansiedade em relação ao corpo e pobre controle dos impulsos (sugere Transtorno da Conduta). Vista na calça acentuada — preocupação sexual, mas não necessariamente indício de Homossexualismo, Abdômen com sombreamento — ansiedade com relação è sexualidade e/ou ao corpo (sugere Hipocondria). 7.31 — Braços O comprimento dos braços, sua robustez e a direção com que eles partem do corpo para o ambiente oferecem dados adicionais sobre a natureza da interação do indivíduo com o mundo (os braços equivalem aos galhos da árvore e a porta da casa). Simbolizam o contato com objetos e pessoas, o desenvolvimento do eu, a adaptação social, a interrelação com o ambiente, a força, o poder de fazei; o socorro concedido e a proteção. Braços proporcionais, flexíveis e relaxados — bom ajustamento pessoal e capacidade de inter-relação com o ambiente, Braços longos e fortes e/ou grossos — (que alcançam abaixo dos joelhos) – ambivalência com erro, poder de realização, capacidade de luta, domínio, facilidade em estabelecer contato com pessoas ou com o ambiente, ou necessidade de uma figura materna protetora ou agressividade dirigidas ao ambiente e às pessoas. Braços mais largos que o corpo-dificuldade nas relações com as pessoas e/ou o ambiente, fantasia e ambição maior que a capacidade de realização. 115 Braços longos e finos — (que alcançam abaixo dos joelhos) - debilidade física ou psíquica, sentimento de inadequação e insuficiência, amplos horizontes mas sem capacidade de manipulação ou realização, insegurança e impotência, são braços que não podem realizar nada e que não reagem aos estímulos interiores. Braços em uma linha só— marcados sentimentos de inadequação no contato pessoas e sinal de deterioração. Braços curtos ou insuficientemente compridos para alcançar a cintura — Retraimento, contato limitado com o ambiente e com as pessoas, inibição, passividade e falta de luta. Braços voltados para a frente do corpo—disposição para o contato. Braços afastados para os lados ou pendentes ao longo do corpo e caídos- passividade, dificuldade para iniciativa, inatividade ou incapacidade e de dependência, ou sentimento de culpa (sugere Transtorno Depressivo). Braços rígidos, apertados ao corpo — controle interno rígido, falta de flexibilidade relações interpessoais pobres, dificuldade em aproximar e estabelecer relações com as pessoas, medo vinculado a impulsos hostis, falta de tensão muscular, passividade do mentos de defesa (sugere Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo) Braços em movimento com o outro, junto ao corpo — tentativa para vencer as dificuldades do meio. Braços para trás — inibição, culpa, dificuldades, relutância, medo do contato com pessoas e/ou ambiente, falta de confiança, insegurança em participar no ambiente necessidade em controlar a expressão de impulsos agressivos ou hostis (sue Transtorno de Personalidade Esquiva). Braço para frente e outro para trás—misto de evasão e contato ou ambivalência e agredir e acariciar. Braços cruzados no peito — atitudes de suspeita, fuga, desafio, insegurança ou hostilidade. Braços cruzados sobre a zona genital — sentimentos mal resolvidos na área genital e (comum em indivíduos sexualmente mal ajustados e sugere Impulso Sexual Excessivo) 116 Braços na horizontal de forma mecânica, em ângulo reto com a linha do corpo — contato superficial e não afetivo com o meio (comum em desenhos de pessoas regredidas). Um braço para cima e outro para baixo — conflito entre ambição e inatividade com solução na fantasia. Braços estendidos para o ambiente — necessidade de afeto ou de mais participação social e sentimento de inferioridade e inadaptação. Braços para cima e rígidos — fantasias ambiciosas, culpa ou imploração de alguma graça para o alto. Braços em negrito ou sombreado — conflito, dificuldade de contato com o mundo exterior e sentimentos de menos valia, de culpa por impulsos agressivos (comum em Transtorno Depressivo). Braços com articulação- preocupação hipocondríaca, insegurança e necessidade de pistas perspectivas para se assegurar (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo- Compulsivo, Transtorno de Personalidade Dependente e Hipocondria). Braços amputados — sentimento de castração, dificuldade em conter o fluxo dos impulsos e inabilidade para contatar e realizar. Omissão dos braços-passividade, sentimento de menos valia, desamparo, abandono, inadequação, dificuldade de realização (não podem fazer nada), rompimento com o mundo exterior, oposição ao grupo ou grande sentimento de culpa e ansiedade por condutas socialmente não aceitáveis e com necessidade de automutilação (comum em crianças pequenas antes dos 4 anos de idade, Roubo Patológico, Esquizofrênicos, Transtorno Depressivo em pessoas que sofreram rejeição materna e em indivíduos com possíveis tendências suicidas). 7.32 — Mãos Simbolizam o instrumento mais refinado para ação ofensiva ou defensiva do ego. São os membros de contato e manipulação do corpo, são comprometidas com a atividade de agarrar, manipular, tocar objetos ou pessoas ou mesmo a si mesmo. Revelam o nível de aspiração do examinando, sua confiança, agressividade, eficiência e muito frequentemente sua culpa ou conflito a respeito das relações 117 interpessoais, além das realizações pessoais, como pintar, realizar trabalhos manuais, etc. Por meio das mãos podemos compreender comportamentos que traduzem medo, timidez, hostilidade ou agressão. Mãos médias, proporcionais ao corpo — harmonia interna com facilidade para estabelecer contato com as pessoas e o meio. Mãos ausentes ou com contorno impreciso — falta de confiança nos contatos sociais, na produtividade ou ambos, possibilidade de contato limitada, com retraimento, passividade, dificuldade de toque, manipulação, ataque e agressão (comum em crianças que roem unhas, em pessoas que não experenciaram mãos que ajudam num momento de necessidade ou em pessoas que se sentem culpadas). Mãos no bolso—possibilidade de contato limitada, passividade do ego, sentimento de menos valia e/ou punição. Defesa contra a atuação de impulsos proibidos com as mãos (comum em desenhos de pessoas com Transtorno de Personalidade Antissocial, Roubo Patológico e com Impulso Sexual Excessivo). Mãos escondidas ou atrás das costas — falta de confiança no relacionamento com as pessoas, dificuldade de contato e/ou sentimentos de culpa (comum em pessoas com Transtorno de Personalidade Antissocial, Roubo Patológico e com Impulso Sexual Excessivo). Mãos cruzadas na zona central — preocupação com erotismo e com a sexualidade (sugere Impulso Sexual Excessivo). Mãos pendentes — abandono e tendência à inércia e dificuldade de atuação (são mãos que não interagem, sugere Transtorno Depressivo). Mãos fechadas — dificuldade nas relações sociais, fantasia de agressividade ou agressividade dissimulada, comum em pessoas usuárias (sugere Transtorno da Conduta e Transtorno da Personalidade Antissocial). Mãos em perfil — inteligência. Mãos abertas — necessidade de afeto e relação com as pessoas. Mãos pequenas — sentimento de culpa e/ou inadequação, menos valia, timidez: agressividade reprimida (sugere Transtorno Depressivo). Mãos grandes — expressão de poder, ambição, domínio, agressividade, impulsividade cimentos compensatórios por debilidade, insuficiência de 118 manipulação e inaptidão nos aspectos mais refinados das relações sociais (comum em Roubo Patológico). Mãos maiores em relação às outras partes do corpo — ambição, poder, domínio sentimento de menos valia, impotência e dificuldade no contato (comum em as com Transtorno de Somatização). Mãos sombreadas — ansiedade e/ou culpa relativas a atividades de manipulação contato (comum em pessoas agressivas, Transtorno de Personalidade Antissocial ou Impulso Sexual Excessivo). Luvas— repressão da agressividade, sofisticação e pedantismo, As luvas simbolizam m a evitação do contato direto e imprudente com algo impuro ou sujo. 7.33— Dedos Dedos representam os pormenores da vida. O polegar simboliza o intelecto e a preocupação o indicador - o ego e o medo, o médio - a raiva e a sexualidade, o anular - as uniões e o e o mínimo representa a família e a honestidade. Simbolicamente são elementos multifacetados, pois podem acariciar explorar (orifícios do corpo), agredir (dedo no gatilho de um revólver, dedo em riste), ensinar (linguagem dos surdos. São os pontos reais do tato e contato (Lourerição Van Kolck, 1984). Dedos apresentados de forma natural — harmonia entre agressividade e toque. Dedos cuidadosamente articulados e/ou muito detalhados — desejo de perfeição ou obsessividade (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e em Esquizofrênicos). Dedos sem a palma da mão — agressividade (é comum em crianças pequenas, mas, quando combinados com outros traços, significa agressividade infantil). Dedos como alfinetes, palitos, garfo, garras, tesouras ou compridos e pontudos — agressividade e imaturidade. São dedos capazes de espetar, agarrar, cortar e agredir (comum em Transtorno de Personalidade Antissocial e Transtorno de Personalidade Sádica). 119 Dedos apagados — sentimentos de culpa de inadequação, impotência, de menos valia, conflitos ou agressividade reprimida ou impulsividade e ansiedade de autoafirmação. Dedos muito curtos ou muito longos — sentimentos de culpa (comum em pessoas com Impulso Sexual Excessivo) Dedos longos e finos — equilíbrio ou sentimentos de menos valia, desejo de afirmação ou hostilidade (depende do global do desenho). Dedos grossos e curtos — agressividade reprimida, dificuldade de interrelação e hostilidade. Menos ou mais que cinco dedos — falta de atenção e observação, incapacidade ou dependência (comum em crianças, no adulto sugere imaturidade, ambição, agressividade ou disposições aquisitivas) Dedos com articulação — vida instintiva superior a intelectual (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Punhos cerrados — repressão ou recalcamento da agressividade. 7.34 — Unhas Representam as próprias armas (arranham e ferem) e ao mesmo tempo podem simbolizar autoproteção e sedução. Ênfase nas unhas — controle obsessivo da agressividade ou dificuldade com relação ao conceito corporal (comum em Esquizofrênicos e Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Unhas longas desenhadas por homem — ambivalência ou confusão sexual. 7.35 — Anéis nos dedos Podem ter a simbologia de um meio de reconhecimento da força de um laço que ninguém pode romper (aliança, comunhão ou destino associado). Representam também a necessidade de ostentação e autoafirmação pelo poder econômico. 120 Desenhados por homem — conflito no casamento (aliança), ambivalência sexual ou afirmação econômica (anéis vistosos). Desenhados por mulher — afirmação social, necessidade de status e vontade de chamar a atenção (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). 7.36— Pernas Membro facilitador da marcha permite as aproximações, facilita os contatos, suprime as distancias. Reveste-se, portanto, de importância social. As pernas também simbolizam a estabilidade do corpo, representam contato com o ambiente (compartilham com os braços), e equilibram o corpo, tomam possível a locomoção, compartilham com a região do tronco na esfera sexual, simbolizando atitudes do examinando frente à vida. Pernas médias no comprimento e na grossura — estabilidade interna, contato adequado e destreza ao caminhar no ambiente. Pernas com sombreamento, reforço, rasuras ou mudanças de linha — conflitos, dificuldades de locomoção e/ou de equilíbrio na vida ou exagerada consciência sexual (comum em crianças com ansiedade pelo crescimento físico). Recusa em desenhar o corpo abaixo da linha da cintura ou indicação muito sumária da região das pernas — perturbação, conflitos e /ou dificuldades sexuais. Pernas ocultas em traje de noite — racionalização do conflito e dificuldade no caminhar da vida. Pernas ausentes ou incompletas por não caber no papel — necessidade de autonomia, sem possibilidade de efetivação. Pernas juntas, fechadas ou apertadas — rigidez, tensão, tentativa de controle dos impulsos corporais ou medo de ataque sexual, isolamento, sentimentos de culpa, dificuldade de socialização ou curiosidade sexual, repressão ou problemas na área sexual (principalmente se combinam com os braços junto ao corpo). 121 Pernas juntas e rígidas, sem sinal de movimento — self fechado para o mundo, estagnação entre a fantasia e a capacidade de realização e os impulsos internos mantidos sob um rígido controle. Pernas separadas — falta de equilíbrio (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). Pernas longas - necessidade de autoafirmação social, fuga ou desajuste ao ambiente, busca de autonomia e necessidade de independência. Pernas longas e grossas — desejo de contato, falta de possibilidade de realizar a ambição desejada ou fuga. Pernas longas e finas — inadequação e dificuldade para conseguir independência pessoal (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Pernas em uma linha apenas — sentimentos de inadequação e insegurança (comum em crianças). Penas pequenas e frágeis ou curtas e finas — dificuldade de locomoção no ambiente, sentimento de inadequação, deficiência e/ou constrição no caminhar da vida (comum em Transtorno de Somatização). Pernas grossas — desejo dc contato ou fuga e sem muita possibilidade de realização, principalmente se as pernas forem curtas. Perna curta e grossa — sentimento profundo de imobilidade e falta de autonomia (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Pernas arqueadas — desajuste e imaturidade psicossexual. Quando não desenha a zona de bifurcação das pernas — imaturidade, desajuste, conflitos sexuais ou imaturidade psicossexual. Figura feminina com pernas torcidas desenhada por rapaz — imaturidade psicossexual e desprezo à figura. Disparidade no tamanho das pernas (comprimento, largura ou ambos) — ambivalência referente ao impulso para a autonomia ou independência. Angústia frente à realidade (comum em Deprimidos). Ênfase nos joelhos — preocupação com o corpo, insegurança, imaturidade afetiva ou sexual (comum em Transtornos da Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 122 Omissão das pernas — é bastante raro, sugerindo patológicos sentimentos de constrição e de castração ambiental, deterioração (comum em Esquizofrênicos e Transtorno de Ansiedade Generalizada). 7.37 — Calças, saias e cintos. Calça com vista — preocupação sexual com a masturbação, insegurança, medo, mas não necessariamente indício de homossexualismo. Calça com vinco — exibicionismo da masculinidade. Calça com o gancho elevado — ansiedade sexual. Calça ou saia sombreada, em negrito, quadriculada ou com transparência — ansiedade, temor de castração, medo na área sexual ou violação. Saia comprida cortada com uma linha no meio para dar idéia de calça em adultos — imaturidade afetiva e sexual. Sombreamento ou reforço na barra da calça ou saia — controle ativo ou interesse infantil em olhar a área sexual ou as pernas. 7.38 Pés e dedos Simbolizam o contato com a realidade, as atitudes frente à vida, dão indicações da iça do envolvimento no meio ambiente. Os pés são o ponto de apoio do corpo na caminhada da vida. Tocam o chão e por isso podem ser envolvidos em idéias de fobias por germes e/ou sujeira, frequentemente são associados com sexualidade e sentimentos de culpa (são órgãos extensivos e proeminentes no corpo), dão passos, ato de afirmação que envolve os movimentos de todo o corpo (sentimento de mobilidade fisiológica e/ou psicológica na esfera pessoal), dão chutes (implicações agressivas), são extremidades e pontos de contato )(equilíbrio), representam o se posicionar no mundo (autonomia e adaptabilidade). 123 Pés de tamanho adequado — segurança e equilíbrio para caminhar no ambiente. Pés sombreados, borrados ou distorcidos — conflitos, insegurança no caminhar e no estar no mundo, constrição, dependência (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Pés muito grandes — necessidade de segurança, de demonstrar virilidade ou sentimento de inadequação sexual. Pés muito pequenos— constrição, dependência e fortes sentimentos de insegurança para manter-se ou atingir os objetivos (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Pés em ponta- tênue contato com a realidade, equilíbrio precário ou forte necessidade de fuga. Pés para dentro — ambivalência e falta de autonomia. Pés um para cada lado — indecisão, ambivalência, dissimulação do conflito ou oposição. Pés com calcanhares e dedos — agressividade sexual e símbolo de castração (sugere Impulso Sexual Excessivo). Pés com calcanhares muito acentuado- falta de base,dificuldade de evoluir ou problema sexual. Dedos nos pés em uma figura vestida — agressividade (sugere Transtorno da Conduta ou Transtorno da Personalidade Antissocial). Omissão dos pés — timidez, insegurança no caminhar na vida, falta de autonomia e contato, sentimento de menos valia, de castração ou dificuldades sexuais (comum em pacientes Esquizofrênicos e sugere Fobia Social), Omissão por não caberem no papel — necessidade de autonomia e independência,medo ou dificuldade de satisfação. 7.39-Sapatos e meias 124 Representam o símbolo da afirmação social, num extremo está o contato com a realidade e no outro a sexualidade e o desejo de chamar a atenção. Sapatos sombreados — dependência e dificuldade no caminhar (comum em pacientes com Transtorno de Personalidade ObsessivoCompulsivo e sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Sapatos de salto — na figura masculina sugere ambivalência ou tendências homossexuais. Na figura feminina, compensação por baixa estatura ou necessidade de chamar a atenção. Meias na figura masculina — preocupação com vestuário e narcisismo. Meias curtas na figura feminina — identificação com o modelo infantil (sugere Transtorno da Personalidade Dependente). 7.40 — Roupas e acessórios Simbolizara a necessidade de proteção, pudor e socialização. O sentido de proteger o corpo foi estendido para a necessidade da aparência social (como a pessoa é na realidade e como gostaria de parecer aos outros). O tratamento dado à roupa é, pelo menos parcialmente, um reflexo do ajustamento emocional, e os conflitos expressos pela mesma são menos profundos que os conflitos expressos pelo corpo. Pacientes com tendências depressivas, assim como os com menor adequação à realidade, tendem a incluir menos vestimentas em suas figuras humanas, porém a maioria dos pacientes apresentam as suas figuras vestidas (Lourenção Van Kolck, 1984). Traje comum completo — ajustamento interno e com a sociedade. Ausência de roupas — rebelião contra a sociedade e/ou figuras parentais, consciência de conflitos na área da sexualidade, necessidade de contato ou exibicionismo (comum em Voyeuristas). Roupa muito bem detalhada em figura de autoconceito — narcisismo pela roupa, vestuário ou sociedade, necessidade de chamar atenção e egocentrismo (comum em adultos infantilizados e sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). 125 Roupas em ambas as figuras bem detalhadas e elaboradas — sentimento de inferioridade e necessidade de proteção, couraça, importância atribuída ao prestígio social e as posses dentro do sistema de valores (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo e sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Ênfase no contorno da roupa (sombreamento, linha dupla, reforçada ou borrão) — conflito entre modéstia e exibicionismo, entre o impulso de expor e o controle social Ou problema com a área sombreada. Roupa intima –exibicionismo e/ou narcisismo Traje de banho — narcisismo pelo corpo, mecanismo de compensação por estresse (vontade estar na praia) ou debilidade física ou sexual. Traje de noite- narcisismo, desejo de chamar atenção, de agradar e de atrair sexualmente (sugere transtorno de personalidade narcisista) Uniforme ou fantasia — insegurança, identidade em nível de fantasia, desprezo e hostilidade em relação a si e medo de não agradar. Figura vestida como policiais, bandidos, etc., — são encontrados nos desenhos de crianças com grandes problemas com os pais. Figura vestida como feiticeira — hostilidade para com as mulheres expressa abertamente de forma punitiva. Vaqueiros desenhados por homem — representação de uma forma mais masculina do sente na realidade e sentimentos de insuficiência a respeito a virilidade que se enraízam na estrutura de personalidade. 7.41 — Complementos Quando aparecem devem ser analisados. Joias e pinturas — desejo de afirmação social, econômica e/ou sexual (atrair pela aparência, sugere transtorno de personalidade narcisista. Meias e luvas — símbolo sexual, sentimento de culpa, menos valia, fantasia de realização sexual ou necessidade de status social. Cachimbo, cigarro, diplomas, armas, bengala, guarda-chuva, etc. — necessidade de proteção ou simbolismo sexual, busca e/ou luta pela virilidade. 126 Objetos na mão (livros, jornais, pacotes, flores, bolsa, pasta, etc.) — insegurança, necessidade de contato com algo e de apoio (no caso de livros, é comum em pessoas com problemas escolares, sugere Transtorno de Aprendizagem). Acentuação dos acessórios em detrimento dos itens essenciais na roupa -pobreza no julgamento, dificuldade do entendimento ou sentimento de inferioridade social. a área sombreada. Adornos (flores, lenços, broches, brincos, etc.) —preocupação sexual, exibicionismo, desejo de atrair o sexo oposto, necessidade de chamar atenção, embelezar-se ou fortes sentimentos de inferioridade social (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Abundância de pormenores: lenço no bolso, luvas, enfeites no chapéu, no vestido, bolsa ou objetos na mão, etc. — devem ser analisados em relação ao papel que desempenham (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Paisagem como tema de fundo no desenho da figura humana — tendência a sonho, indolência, fantasia, afetividade e capacidade de observação. Paisagem como tema dominante no desenho da figura humana — sensação de ser ameaçado pelo mundo exterior, estando à mercê das forças exteriores, ausência de liberdade em relação a realidade, ansiedade, cansaço e falta de controle sobre idéias negativas (comum em Deprimidos). Acréscimo de outra figura — solidão, necessidade de companhia afetiva real ou sensação de incompetência (comum nas crianças criadas em instituições ou em famílias grandes com privação cultural). Dizeres, versos, rabiscos sem significado ou formas impróprias junto à figura — incerteza, insegurança e falta de confiança em si (comum em Esquizofrênicos). Nuvens, chuvas ou neve — ansiedade, sensação de ameaça, no caso de crianças ameaça pelo adulto ou pelos pais (comum em Transtorno Depressivo). 7.42 — Comparação entre as duas figuras 127 Reflete as atitudes do paciente para com os dois sexos. Um exemplo seria a criança que desenha a figura masculina menor e menos móvel que a feminina, podendo indicar que vê o homem como mais passivo, inativo e introvertido que a mulher, que é vista como mais ativa, extrovertida ou agressiva. Figura maior e mais elaborada — maior importância e/ou valorização atribuída àquele sexo. Figura menor e menos elaborada — depreciação, hostilidade ou medo. Pequena diferenciação entre as figuras masculina e feminina — fracasso em reconhecer o sexo oposto como diferente do seu próprio, desinteresse ou medo na aceitação das características sexuais secundárias do corpo. Figura masculina menor que a figura feminina desenhada por homem — sentimento de inferioridade ou medo em relação às mulheres, identificação psicossexual conflitiva. Ambas as figuras cuidadosamente delineadas -alta inclinação para o detalhe e a ordem(comum em Transtorno de Personalidade ObsessivoCompulsivo). Pessoa pequena que se representa em figura grande — disfarce do sentimento de inferioridade, necessidade de mostrar-se importante, tendência narcisista, exibicionista ou forte agressividade (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Figura feminina com trajes masculinos — ambivalência sexual ou conflito na identidade e no papel sexual (sugere Homossexualismo). 128 8.1 — Introdução Segundo Hammer (1981), a técnica de desenho da família apareceu repentinamente e obteve uma popularidade tão rápida entre os psicólogos, por intermédio da informação oral, que a sua autoria é indeterminada. Foi dado crédito a várias pessoas em diferentes regiões do mundo, mas o seu criador ainda não foi reconhecido. “Talvez, como muitas invenções importantes, ela tenha surgido simultaneamente na mente de diferentes profissionais (Hammer- 1981),” 129 Os desenhos das FAMÍLIAS (DE ORIGEM E IDEAL) têm- se mostrado extremamente úteis para conhecer a situação do examinado dentro do seio familiar. Juntamente com o HTP, vem a contribuir para a observação de determinados aspectos inconscientes e conscientes da personalidade, mais especificamente para uma abordagem da estrutura e da dinâmica da família em que o examinando está inserido. Os desenhos, além de possibilitarem o acesso às informações substanciosas, facilitam trabalho de intervenção do profissional no contexto familiar por meio da apreensão e apresentação dos conteúdos do mundo interno do indivíduo. Na prática clínica, os resultados têm sido relevantes e comprovam a eficácia do instrumento na detecção de angústias inconscientes presentes no examinando e nas relações familiares (o examinado “grita” graficamente sua posição e seus conflitos). De acordo com Lima (em Trinca - 1997) é no contexto familiar que a criança faz as primeiras relações de objeto, as quais vêm posteriormente determinar as modalidades de vínculos que ela estabelece com o mundo. A família, qualquer que seja a sua constituição, é o núcleo primordial que recebe e contem a criança, o lugar onde ela realiza a experiência de existir como um ser em si mesmo apresenta a primeira vivência de contato com o mundo, que chega a ela pelo toque, o as sensações, o amor, o prazer, a frustração, etc. Os pais são os suportes preferenciais em que a criança deposita seus afetos e ansiedades seus primeiros objetos de relação, que constituirão modelos para o resto de sua vida do interjogo entre a família real e os sentimentos, impulsos e desejos da criança, ela constrói uma a família dentro de si, que são seus objetos internos. Tal representação de família ideal molda e interfere em sua relação com a família real. Os membros da família podem crescer e ajudarem-se mutuamente ou podem repetir e projetar no mundo externo a estrutura do mundo interno de cada um, convertendo objetos externos em prolongamentos dos objetos internos e impedindo um encontro mais direto com a realidade. Desta maneira, tal vida familiar é geradora de confusão entre o dentro e o fora familiar e interpessoal, entre o passado e o presente, mundo da percepção e o mundo do significado. 130 É na família que ocorre o processo de diferenciação e de aquisição da identidade por meio da separação/individualização. Durante esse estágio, passa-se por momentos de desorganização, que podem ser transitórios e passageiros, desde que a família seja capaz de tolerar a diferenciação do indivíduo dentro do grupo. Se, ao contrário, a família não puder conter essa mudança, sua ação será sobre o próprio indivíduo. Todo sistema busca uma forma de equilíbrio, aceitando ou elegendo um ou mais elementos grupo como reguladores das transações familiares. Esse elemento pode tomar-se depositário do projeto dos pais e, nesta posição, funcionar como estabilizador do grupo. A família tem grande participação não só na estruturação, mas também na dinâmica e funcionamento do indivíduo, atuando muitas vezes como condutora ou indutora de atitudes e resultados. Os desenhos das famílias (ORIGEM E IDEAL) oferecem ao psicólogo a possibilidade de penetração no mundo psíquico do indivíduo, com ênfase nos objetos internalizados e na maneira pela qual estes se formam nas relações com o ambiente familiar. Por exemplo, uma criança que se sente a favorita da família vai desenhar-se numa constelação de forma muito diferente daquela que se sente negligenciada, rejeitada ou ansiosa por atenção. Às vezes, as crianças ao desenharem a família omitem seus irmãos e irmãs. As que fazem isso invariavelmente são aquelas que sentem fortes ciúmes de seus irmãos e tentam, simbolicamente, eliminar a competição perturbadora, não desenhando tais elementos competitivos na unidade familiar. O tamanho das diferentes figuras também é uma variável importante. Imaginemos um desenho em que a figura materna seja retratada de uma forma exagerada (quando a mãe não é na realidade o genitor mais alto); isto sugere uma figura matriarcal e dominante e, se o pai é representado como uma figura pequena e insignificante, pouco maior do que as crianças implica que este é percebido como estando pouco acima do status das crianças ou ausente. Quando desenha a família, a criança ou o adulto pode representar-se muito próximos dos progenitores, cada membro absorvido em sua própria atividade, ou colocarem-se numa posição afastada, expressando claramente os seus sentimentos de rejeição dolorosa e isolamento. 131 A maioria dos examinandos responde adequadamente à solicitação para os desenhos das famílias (ORIGEM E IDEAL). As resistências e/ou negação têm sido notadas em crianças cuja vida no lar é caracterizada por tumulto e violência e que adquiriram uma imagem intensamente negativa da família, mas mesmo entre essas crianças a recusa absoluta é rara. Usualmente estas desenham o grupo familial no qual incluem todos os irmãos e a si mesmas, mas omitem seus pais (Di Leo, 1987). 8.2 — Normas para aplicação Da mesma forma que para a aplicação do HTP os desenhos das famílias incluem o uso de folhas de papel sulfite, lápis preto e borracha. O procedimento consiste em pedir ao examinando que desenhe primeiramente a sua família real (FAMILIA DE ORIGEM). Deve-se observar quem ele desenha primeiro, quais as pessoas que representa, qual a figura maior, como é o traçado, a linha, se põe negrito, se apaga muito. Etc. Terminada a FAMILIA DE ORIGEM, aplica-se o QUESTIONARIO, pede-se que desenhe uma família que gostaria de ter ou uma família que o examinando acha interessante e/ou feliz (FAMILIA IDEAL) e procede-se da mesma forma que no primeiro desenho. Os dois desenhos permitem uma exploração do inconsciente, com certa aproximação dos conflitos pessoais e as dificuldades em relação aos vínculos familiares, Permitem também observar os pontos expressivos da dinâmica familiar, tanto no plano da fantasia no mundo real. Contribuem para detectar a presença de influências sobre o sintoma e em alguns casos, construir hipóteses sobre o tipo e a intensidade dessas influências. 8.3 — Observações na avaliação É essencial a observação global dos desenhos das famílias (DE ORIGEM E DA IDEAL) para numa segunda instância efetuar a avaliação de determinados detalhes individuais. Como já afirmado anteriormente os detalhes somente serão significativos na inter-relação com o todo. Nas análises parciais é preciso notar a qualidade e a composição do grafismo (análise qualitativa semelhante ao HTP). Determinados fatores tirados da experiência na prática clínica e observados na avaliação desenhos das famílias, podem ser úteis à compreensão do material clínico como um todo. 132 1. Posições das figuras - simboliza a forma que o examinando apresenta a sua família, o espaço ocupado, o grau de envolvimento (aproximação/distanciamento) do examinado com o próprio eu e com os membros da família. 2. Proporção entre os desenhos - simboliza as valências positivas ou negativas de membros. 3. Omissões - geralmente elucida os relacionamentos entre os membros, quando estão representados ou ausentes. 4. Figuras parentais - mostra a dinâmica do relacionamento com os pais. Como são vividas as funções materna e paterna, como são atribuídos os papéis e seu funcionamento dentro da dinâmica familiar. 5. Comparação entre as duas famílias (DR ORIGEM E IDEAL)-verificar se as formas de representação se mantém ou se modificam,onde e de que maneira. 6. Analise de cada figura – a primeira pessoa desenhada geralmente é a figura de maior Valencia, positiva ou negativa. É importante fazer a análise qualitativa dos traços. Verificar sucessivamente as demais pessoas desenhadas. A finalidade dos desenhos da FAMÍLIA DE ORIGEM E DA FAMILIA IDEAL,é detectar conteúdos inconscientes que se referem as relações do examinando com os objetos internos e externos pertencentes ao seu mundo familiar. Outra finalidade é a identificação de conflitos decorrentes das relações familiares e suas implicações. Na maioria das vezes, a criança ou adulto nos oferecem gratuitamente os retratos dos seus conflitos familiares, como eles veem a sua constelação familiar e como eles gostariam que fossem o ideal. Os desenhos da FAMILIA ORIGEM E DE IDEAL,juntamente com o HTP, podem e devem ser usados tanto no diagnóstico como no decorrer da terapia em avaliações sistemáticas” observar os casos clínicos”. É um instrumento de aplicação rápida e fácil e geralmente bem aceito principalmente pelas crianças. Os resultados obtidos podem ser empregados dentro do processo terapêutico como um guia, uma definição do campo terapêutico, um indicador de metas e de áreas de alcance. Torna-se um instrumento útil ao psicoterapeuta e um ponto de referência do qual pode partir e 133 voltar, numa reavaliação. Os desenhos na maioria das vezes favorecem insights, que podem promover mudanças. Os pais muitas vezes ao verem os desenhos de seus filhos alcançam uma “percepção” concreta, visível e clara dos problemas familiares e consequentemente aderem com mais facilidade a psicoterapia. Com o resultado desse tipo de avaliação, temos confirmado que os desenhos da FAMÍLIA DE ORIGEM E DA FAMILIA IDEAL vêm se tomando cada vez mais um instrumento de presença indispensável no diagnóstico e nas reavaliações de crianças, adolescentes e adultos. 8.4 — Posições das figuras O espaço e a postura dos membros familiares simbolizam a proximidade afetiva e a confiança no relacionamento com pares (proximidade); ou autoestima rebaixada e distanciamento afetivo (afastamento). Todos os membros de pé, eretos e de frente — normal, indica uma família bem estruturada, adaptada e que encara os problemas de frente. Figuras sentadas ou agachadas — cansaço e/ou debilidade entre os membros. Pode simbolizar também instabilidade, baixo nível de energia, preocupação ansiosa com o equilíbrio entre os membros ou com o membro sentado (sugere Transtorno Depressivo ou Hipocondria). Figuras deitadas — sugere patologia familiar ou pode indicar a presença de uma pessoa doente na família (deve-se fazer inquérito). Figuras que parecem estar caindo ou inclinadas — colapso e/ou instabilidade entre os membros e falta de apoio mútuo. Linha para representar o chão ou cerca para apoiar os membros — necessidade de chão ou de ajuda, instabilidade entre os membros (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Figuras de perfil — família evasiva, dissimulada, incapaz de enfrentar os problemas de frente, os membros aparecem indiferentes e/ou estéreis afetivamente. Corpos de frente e rostos de perfil -família conflituosa, desajustada, com dificuldade de interação e contato entre os membros. 134 Figuras de costas — família dissimulada, conflituosa, hostilidade entre os membros e, às vezes, agressão (sugere Transtorno de Conduta ou Transtorno de Personalidade Antissocial) Desenho só do rosto dos membros — inteligência elevada, problemas com o corpo e/ou dificuldade de contato físico (sugere Hipocondria). Família com os órgãos sexuais expostos —promiscuidade no lar, autoafirmação ou descoberta do sexo (comum em adultos com problemas graves na área da sexualidade, sugere Voyeurismo). Figuras em negrito, muitos traços ou com correções e retoques conflito com os familiares ou com o membro retocado. Distância entre os membros da família — sentimento de isolamento, distanciamento entre os membros e falta de ressonância afetiva. Proximidade entre as figuras — sentimento de interação, solidariedade e pertinência. Cada membro da família absorvido na sua própria atividade — isolamento na família, falta de comunicação e distanciamento afetivo (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). Família num quadrado — desejo de libertar-se e desajustamento familiar ou coesão. Família em um quadrado e o examinando desenhado separado — fortes sentimento de rejeição e isolamento (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide), Família compartimentalizada, colocação de cada membro em uma moldura separado por uma linha ou quando o examinando separa a si mesmo dos pais pela colocação de uma peça de mobília ou um aparelho de televisão-,falta de comunicação entre os membros, sentimento de afastamento da interação familiar, sensação de isolamento, distanciamento afetivo ou de distância para com o membro desenhado sugere transtorno de personalidade esquizoide. Família em que cada membro está desenhado em um canto da página. Intenso sentimento de afastamento da interação familiar quando os membros da família não compartilham sequer o mesmo plano, o problema é mais grave (sugere Transtorno de personalidade esquizoide). 135 Família sentada em frente a uma mesa grande e vazia — distância emocional entre os membros e intensos sentimentos de afastamento da interação familiar (sugere transtorno de Personalidade Esquizoide) Família separada em grupos — divisão na família. Família de mãos dadas, pai ou mãe puxando os demais — cerceamento, prisão e falta de liberdade. Examinando que se desenha isolado — expressão de rejeição dolorosa e isolamento (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide ou Transtorno Depressivo). Figura dentro de um círculo — desejo inconsciente de eliminar ou afastar a própria representação da pessoa mais importante ou alguém doente na família (fazer inquérito). Colocação do sujeito próximo de um dos pais ou irmão (a) — sensação de pertinência e preferência ou sentimentos negativos para com aquele membro. Figura riscada — problemas em relação a essa figura. Desenhar e riscar uma figura — desejo de se afastar, sentimentos de hostilidade frente à pessoa ou conflitos. Figura desenhada tapando uma outra figura — desejo de ocultar essa figura ou ciúmes. Desenho de uma vizinha — maior intimidade e afetividade com a vizinha ou conflito com a pessoa. Desenho de pessoas mortas — fixação ou conflitos com as mesmas. Representação do examinando em primeiro lugar — sensação de ser o mais importante, egocentrismo ou mecanismo de compensação por sentimentos de rejeição. Representação do examinando em último — cerceamento, isolamento e sensação de não receber a devida atenção. 8.5 Proporções entre os desenhos 136 Fornece um paralelo das atitudes do examinado para com os membros da família. Quando baseado na idade de cada um — desejo de perfeição ou falta de criatividade e/ou preferências, rigidez ou equilíbrio emocional entre os membros (sugere Transtorno de Personalidade ObsessivoCompulsivo). Figura maior dentro da família— indica maior importância positiva ou negativa, com sentimentos de valorização, hostilidade ou conflitos. (fazer Inquérito) Figura menor dentro da família — sentimentos de menos valia, depreciação, hostilidade ou superioridade frente à figura. Genitor dominante —geralmente é desenhado maior que o outro, sem ser levado em conta suas reais dimensões físicas. Simboliza maior importância e/ou valorização do mesmo, figura que dá mais atenção ou desejo que seja a figura ideal figura maior pode ter valência positiva ou negativa. Cabeça maior de um dos pais — atribui maior autoridade a esta figura e valência positiva ou negativa. Disparidade entre os membros, irmão menor desenhado maior e viceversa- conflitos e/ou dificuldade com esse (a) irmão(ã) ou este(a) é considerado(a) o(a) importante, atencioso(a) ou percepção tendenciosa de si mesmo e dos outros( quanto maior a disparidade, maior a possibilidade de desajuste). Pai ou mãe representados como uma figura pequena e insignificante maior que a criança — pai ou mãe percebidos como sendo pouco acima das crianças, ausentes e sem muitos significados. Irmão ou irmã maior que o pai e/ou mãe — sentimento de ciúme ou importância, que lhe dá mais atenção. Desenho de um Irmã (o) bebê, do mesmo tamanho que os outros — de que o bebê é um forte competidor e que põe em risco a posição do examinado dentro na família, até então exclusiva. Pai desenhado menor que a mãe — a mãe é vista como uma figura mais te e/ou mais atenciosa. 137 8.6 Omissões Refletem os sentimentos de proximidade, ciúmes, rejeições e conflitos entre os familiares. Examinando que se inclui no desenho — sentimentos de pertinência e de fazer parte da família. Omissão do examinando do grupo familiar — sentimentos de rejeição, de não participar do grupo familiar, de não ser apreciado(a), querido(a), de ser inferior, de não receber a afetividade desejada ou rivalidade entre os irmãos. Pode tanto ser rejeição como sentir-se rejeitado ou desejo de afastar-se. Comum em crianças adotadas, à medida que se aproximam da adolescência, momento em que a identidade se torna a maior preocupação; e acontece o mesmo entre aqueles que vivem com seus pais verdadeiros, mas que se sentem rejeitados (sugere Transtorno Depressivo). Omissão dos pais e inclusão de si e dos irmãos - medo, dificuldade e conflitos com as figuras parentais. Quando um dos pais não mora com a família e o examinando o desenha como fazendo parte da mesma — recusa em assimilar uma realidade inaceitável, ligação com o genitor ausente, vínculo não desfeito e conflitos. Quando um dos pais vive com a família, mas a criança não o desenha — ressentimentos e mágoas para com o membro ausente. Omissão de irmão ou irmã — ciúmes dos irmãos. 8.7— Figuras parentais Refletem a origem, a estruturação e as modalidades dos vínculos familiares. 138 Pequena diferenciação entre a mãe e o pai — fracasso em reconhecer características diferentes entre os pais, desinteresse ou medo frente aos progenitores. Pai e/ou mãe com expressão afetuosa — calor no lar, sensação de pertinência, acolhimento, sentimento de interação e solidariedade. Pai e/ou mãe desenhado (a) em primeiro lugar — figura dominante, a mais importante, a mais afetiva ou a mais agressiva. Pai e/ou mãe com expressão severa e/ou proibitiva — tendência ao retraimento, medo e isolamento. Pai e/ou mãe assistindo à televisão, fumando, comendo, praticando um esporte ou escondendo o rosto atrás do jornal — pai e/ou mãe ausente, afastamento dos interesses, cuidados e atividades familiares, sentimento de ser negligenciado (quando o pai é visto como ausente, é menos grave do que a mãe, e geralmente os efeitos são menos profundos). Pai e/ou mãe como uma figura assustadora, com mãos grandes, dedos longos pontiagudos — a criança vê o pai ou a mãe como rígido(a) e punitivo(a), evidente rejeição e crueldade física e mental, frequentemente racionalizada como disciplina treinamento para o melhoramento da criança. Pai ou mãe atirando coisas no lixo — forte sentimento de rejeição e sensação de ser como um objeto a ser descartado. Pai e/ou mãe cozinhando ou servindo comida — símbolo de dar calor e amor lar (dando afeto). Pai e/ou mãe fazendo trabalhos domésticos - sensação de não ser tão importante quanto a ordem e limpeza, que o cuidado com a casa é mais importante do que a criança. Família de “marcianos”, artistas, cantores de rock, etc. — sentimento de que em um lugar distante pode encontrar proximidade e interação familiar. Expectativa de que aceitação e proximidade familiar não podem ser atingidas neste mundo e tendência a buscar satisfação na fantasia. Família de figuras geométricas, despersonalizadas ou desumanizadasdeteriorização do lar, da família, violência, tumulto, conflitos, atitude 139 controlada, racionalizada e sem emoção (comum em crianças que vivem sob condições deterioradas no lar). Família com excesso dc membros (tios, avós, primos) — dificuldade em perceber a família de origem, confusão, dificuldade de ligação afetiva e solidão (tem muita gente e não tem ninguém), pais ausentes ou ainda pode simbolizar uma grande família unida e solidária. 9. HTP-F CROMÁTICO Na fase cromática do HTP-F, solicita-se ao examinado que realize uma nova série de desenhos. O psicólogo deve recolher os desenhos já realizados, apresentar novas folhas de papel e os lápis de cor ou crayons nas cores: vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, preto, violeta e laranja. Retira-se o lápis preto n° 2 para que o examinando não seja tentado a fazer o esboço a lápis e depois colorir. As instruções iniciais são as seguintes: ‘Agora por favor desenhe uma CASA colorida.”; depois pede-se a ARVORE e a FIGURA HUMANA. Não deve falar ao examinado Para desenhar “outra” CASA ou “outra” ARVORE, pois para a maioria das pessoas a Palavra “outra” implicaria em não poder duplicar seus desenhos acromáticos. O objetivo é dar ao examinando a maior liberdade de escolha possível. Na série acromática permite-se ao examinado o uso da borracha, o que não é permitida na série cromática. Segundo Hammer (1981), “o HTP cromático permite derrubar as defesas e mostrar a nu um nível mais profundo da personalidade do que é possível com o conjunto de desenhos acromáticos, e desta maneira é possível derivar uma hierarquia grosseira dos conflitos e defesas do sujeito, obtendo-se uma descrição mais rica de sua personalidade”. A série cromática visa a suplementar a série acromática tirando partido do fato de que duas amostras de comportamento sempre são melhores do que uma só. 9.1 — Observações na avaliação do HTP-F cromático É importante observar como o examinando usa os lápis de cor ou crayons, As pessoas psicologicamente mais sãs lançam-se com confiança 140 à tarefa cromática (as crianças na maioria das vezes mostram imenso prazer), utilizam cores mais cálidas, aplicam uma pressão firme e segura, refletindo assim maior autoafirmação e confiança nas áreas emocionais que as cores representam. Em outro extremo do contínuo desta posição intermediária mais sã, estão os examinandos que utilizam uma pressão quase selvagem (acalcam com tanta força o crayon que muitas vezes chegam a quebrálos), e em seus desenhos as cores geralmente estão em desarmonia. Este grupo é caracterizado por um estado de tensão com excessiva labilidade de humor ou emoções turbulentas com necessidades internas discordantes. Outro grupo pega o crayon com certa ansiedade, mostrando traços fracos e incertos, preferindo cores escuras, como o preto ou marrom (cores menos perigosas), revelando assim restrições da personalidade, incertezas e dificuldade em se posicionar no mundo. A escolha — quanto mais vagarosa e indecisa a escolha das cores por parte examinando, maior é a possibilidade de o item que está sendo produzido ter significado especial para ele. Emprego da cor pelo examinando — deve-se observar se ele usa a cor somente para produzir linhas (como faz com o lápis preto), sombrea áreas maiores ou sombrea algumas áreas e outras não. Cor usada somente para o contorno — timidez emocional (sugere Transtorno Depressivo). Cor usada para sombrear - sombreado leve indica na maioria das vezes sensibilidade Sombreado forte geralmente implica ansiedade. Área da página sombreada — o esperado é que o examinando pinte menos de 3/4 da página. Quando ultrapassa esse limite, mesmo que seja um colorido bem controlado indica uma certa emotividade. Quanto mais colorido for o fundo e quanto mais colorido invadir o desenho, maior a problemática. Controle — é avaliado pela qualidade das linhas e pela habilidade do examinado em manter um sombreado uniforme e dentro das linhas periféricas. Um colorido que passa as linhas periféricas sugere uma resposta impulsiva aos estímulos. Consistência — grande inconsistência de desenho para desenho no uso da cor pede uma investigação cuidadosa. 141 Número de cores empregadas para cada desenho — O esperado é de três a cinco cores para a CASA, de duas a três para a ARVORE e de três a cinco para a FIGURA HUMANA. Uso inferior a esse número de cores — corresponde a examinandos incapazes de estabelecer livremente relações interpessoais quentes e compartilhadas, são pessoas mais tímidas emocionalmente (tendem a usar o crayon ou o lápis de cor como o lápis preto, não colorindo os desenhos). Uso excessivo de cores — especialmente quando combinado com o uso não convencional, é comum em indivíduos que manifestam uma incapacidade para exercer um controle adequado - sobre seus impulsos emocionais (o psicótico pode desenhar oito janelas e pintar cada uma de uma cor, revelando sua falta de controle e de contato com a realidade). Uso de muitas cores em crianças — normal. Em geral as crianças tendem a fazer um maior e mais indiscriminado de cores que o adulto. Isto vem de encontro crença a resposta emocional precede à resposta intelectual no desenvolvimento da maturidade. Crianças mais velhas tendem a diminuir a necessidade do uso de muitas cores,sugerindo que o autocontrole aumenta com a idade. O uso de muitas cores em adultos — descontrole das emoções (comum em esquizofrênicos, que geralmente usam muitas cores e sem muita crítica, indicando a falta de controle das emoções). Adaptação às convenções — é interessante observar se as cores usadas obedecem às cores convencionais dos elementos, Em geral usa-se preto ou marrom para a fumaça,vermelho ou marrom para o telhado, etc. Adaptação à realidade — deve-se lembrar que no desenho da FIGURA HUMANA é muito difícil adaptar-se à realidade com as oito cores mencionadas, como por exemplo para produzir uma cor de pele. A maior parte dos examinandos simplesmente usam o lápis preto para delinear todas as partes descobertas da pessoa. Isto é uma quebra da realidade, mas não é sério porque é um método popular de representação. 9.2— Disposição das cores Cores separadas — expansão, porém com emoções controladas ou dirigidas, desejo de ordem e equilíbrio. 142 Cores entrelaçada, mescladas — menor controle emocional. Cores superpostas — regressão, conflito emocional e conflito na relação eu mundo. Cores desordenadas, justapostas de modo confuso, com negligência — confusão mental descontrole, sem noção de limite e desorganização psíquica. Cores cuidadosamente dispostas, ocupando toda a área disponível — desejo de perfeição e disciplina rígida (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 9.3 — Simbolismo das cores Segundo E. Hammer (1981), deve-se sempre oferecer oito cores ao examinando: amarelo, azul, laranja, marrom, preto, verde, vermelho e violeta. Da mesma forma que o HTP acromático, não existe uma universalidade dos símbolos para a interpretação dos desenhos, A simbologia das cores varia de cultura para cultura, ocorrendo uma diversidade de interpretações. No entanto, quanto mais bizarro for o emprego da cor, maior a probabilidade de ter um significado representativo. Amarelo— é a cor da luz, do ouro e do sol. É a cor preferida por pessoas alegres, desinibidas, flexíveis e espontâneas. Quando usada com muita ênfase sugere agressividade ou hostilidade; em crianças, um comportamento mais dependente e emocional. Azul — é a cor do céu, do espírito. A contemplação do azul determina profundidade, sentimento de penetração no infinito, sensação de leveza e contentamento. É a cor preferida por pessoas calmas, seguras, equilibradas e mais controladas. Laranja— é a cor que está a meio caminho entre o amarelo e o vermelho, simboliza o ponto de equilíbrio entre o espírito e a libido. E a cor preferida por pessoas confiantes, perseverantes, independentes e extrovertidas. Quando usado com muita ênfase no adulto sugere 143 superestima de si mesmo ou projeção de problemas e afetos no exterior; já nas crianças, desejo de conseguir algo e se valorizar. Marrom — é a cor da terra, da força de estruturação do ego, da resistência psíquica, da perseverarão emocional e do fanatismo. Escurecido, ele possui a vitalidade e a força impulsiva do vermelho, só que de forma atenuada. E a cor preferida de pessoas passivas, indiferentes, inseguras e observadoras das regras. Quando usado com muita ênfase por crianças sugere inibição ou repressão. Preto — é a ausência de todas as cores, transmite a sensação de renuncia, abandono e introspecção. No Ocidente é a cor do luto por expressar melhor a eternidade em seu sentido mais profundo: a não existência. As pessoas que usam o preto desenhos demonstram tristeza, conflitos não solucionados, inibição, repressão ou interior sombria. Em crianças reflete repressão da vida emocional ou ansiedade. Verde — é a cor da natureza, do crescimento, da criação, da reprodução, é chamada a cor do equilíbrio. E a cor preferida por pessoas sensíveis, sociáveis e com facilidade de inter-relação com os outros. Quando usado com muita ênfase nas crianças dificuldade de expressão nas emoções. Vermelho — universalmente considerado como o símbolo fundamental do principio da vida, é a cor do sangue. E uma cor ativa e estimulante, que produz emoções rápidas e fortes. Quando usado com muita ênfase por adultos sugere alta excitabilidade infantilidade ou falta de autocrítica, O interesse pelo vermelho decresce à medida que a criança supera a fase impulsiva e ingressa na fase da razão. Violeta ou roxo — é a cor resultante da mistura do vermelho com o azul, conservando as propriedades de ambos, embora seja uma cor distinta. Quando usado com muita ênfase por adultos sugere fortes impulsos para o poder; já nas crianças reflete um temperamento mais sombrio ou tristeza. DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS Para este capítulo selecionei apenas três casos, de um número significativo da minha prática clínica. A esses pacientes foi solicitado apenas o HTP-F acromático, na seguinte ordem: 144 CASA, ÁRVORE, FIGURA HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO AO DA PRIMEIRA DESENHADA, FAMÍLIA DE ORIGEM E FAMÍLIA IDEAL. 10.1 — Caso n° 1 - Paciente A. A. Têm 28 anos, sexo feminino, solteira, classe média baixa, proveniente de uma família numerosa de nove irmãos, sendo a quarta filha do casal, e reside com os pais. Durante o atendimento mostrou-se reservada e tímida, falou muito baixo a ponto de o terapeuta ficar com dificuldade para escutar: Verbalizou não acreditar nas pessoas, não ter e nunca ter namorado. Trabalhou por onze anos como doméstica, conseguiu se formar em contabilidade e atualmente trabalha em um escritório. Veio à consulta com a queixa de “Síndrome do Pânico”. Diz ter tido a primeira crise aos nove anos quando estava brincando com uma das irmãs, e acabaram se desentendendo. “Me senti tão mal como se fosse morrer, foi um pavor muito grande, o meu coração acelerou tanto que parecia que ia sair para fora. Depois disso eu nunca mais deixei de ter as crises. Fui a vários médicos, mas eles diziam que eu não tinha nada no coração e que era nervosismo. Depois eu li numa revista sobre a Síndrome do Pânico e soube que era isso mesmo que eu tinha. Por causa do pânico, eu não conseguia ficar sozinha; muitas vezes tinha de voltar da escola para casa, e a crise só passava quando um dos meus pais chegava.” HTP-F A. precisou ser muito estimulada para a execução dos desenhos (RESISTÊNCIA), mesmo assim só conseguiu concluí-los ao final de três sessões (ANALISE SEQUENCIAL DO CONJUNTO DE DESENHOS decréscimo psicomotor). Seus desenhos são apagados, com o traço muito leve, com ‘linhas quebradas, indecisas e trêmulas, sugerindo um baixo nível de energia, inibição, insegurança, ansiedade, medo, conflitos, aguda necessidade de autocontrole e repressão da agressividade. A. fez todos os seus desenhos na metade superior esquerda da folha (LOCALIZAÇÃO NO PAPEL), indicando que tende a procurar mais satisfação na fantasia que na realidade, passividade, timidez, introversão, insegurança e tendência a manter-se distante e inacessível (os desenhos estão como se estivessem flutuando no ar, sugerindo 145 necessidade de apoio, medo de ações independentes e falta de autoconfiança). Suas figuras são pequenas (TAMANHO DAS FIGURAS),pobres em pormenores (DETALHES NO DESENHO), mostrando mais retraimento com dificuldade de se colocar no ambiente e de se relacionar com as pessoas.(A. não tem amigos e nunca namorou). Na representação da CASA, A. desenha uma choupana mostrando seu isolamento, o sentimento de perda afetiva e sua imaturidade para reagir aos estímulos ambientais (A. não interage com as pessoas). Comenta que a sua CASA é vista de cima e ao longe (PESPECTIVA DA CASA), indicando sentimentos de retraimento e inacessibilidade, o que é comum em pessoas que consideram as boas relações com os familiares como algo inatingível. A. apresenta compensatoriamente sentimentos de superioridade e revolta contra os valores tradicionais ensinados no lar, isolando-se (foi a única na casa que concluiu os estudos e sente que a família a despreza por isso; diz sentir-se diferente dos irmãos, verbaliza com frequência: “em casa ninguém me entende, apesar de ter muita gente eu vivo só”) 146 Quando observamos a sua CASA percebemos que além de distante ela está inclinada e solta no ar (LINHA REPRESENTATIVA DO SOLO OU CHAO), mostrando uma vez a sua insegurança, o afastamento afetivo, a sua reserva, a sua instabilidade desamparo frente às pressões do ambiente. O TELHADO (área da Fantasia), apesar de proporcional à casa, É feito com linhas trêmulas do mesmo jeito que as PAREDES, indicando o emprego de um esforço consciente, hipervigilante, constante e intenso para manter o ego intacto e o sentimento de colapso eminente (A. tem pânico). A PORTA e a JANELA são apresentadas como um detalhe reforçado (A. passou mais VEZES o lápis), indicando a sua relutância em estabelecer contato com o ambiente, seu afastamento das trocas interpessoais, o retraimento no intercâmbio pessoal e sua timidez “ A não tem amigos e nunca namorou. Não pôs CHAMINÉ, e por solicitação do terapeuta desenhou um sol, mas não conseguiu ninguém significativo para representá-lo (forte sentimento de isolamento afetivo). A. fez uma árvore pequena, um pouco inclinada para a esquerda, com o tronco e copa em uma linha contínua, sem divisão e achatada na parte superior (IMPRESSAO DA ARVORE COMO UM TODO), indicando 147 desencorajamento, retraimento, necessidade de proteção e forte pressão ambiental. Quando pergunto quantos anos tem a sua árvore (IDADE ATRIBUÍDA A ARVORE), responde que é muito velha, mas não sabe dizer ao certo. Diz também que os seus galhos estão doentes (ARVORE APRESENTADA COMO MORTA) e que apodreceram por falta de cuidados (observa-se que não representou os galhos, apenas verbalizou que estão doentes). Os GALHOS representam os recursos subjetivos para buscar satisfação no ambiente para aproximar-se dos outros, para se expandir e se realizar. Formam a zona de contato com o ambiente, zona de relacionamento e intercâmbio entre o que é interior e exterior (A. vive isolada, sem amigos). Um dado interessante é que os galhos da Arvore de A, morreram quando tinha mais ou 1O anos de idade (IDADE DA MORTE). A- começou a ter pânico aos nove anos de idade. Vamos observar mais uma vez a árvore de A.: ela não apresenta RAIZ (está solta no ar) O TRONCO é feito de linhas tremidas, alargado e com contorno irregular para a esquerda aberto na parte superior e na inferior; esses detalhes apontam para traumas durante o desenvolvimento, insegurança, indecisão, conflitos, falta de apoio, desorientação, inibição timidez e fixação ao passado (A. tem pânico). Quando observamos a COPA, percebemos que é achatada na parte superior, aumentada para o lado esquerdo e só contornada, vazia, indicando mais uma vez forte inibição, e pressão do ambiente (copa achatada), sentimento de inferioridade e vazio (o espaço da copa é o campo de expressão do indivíduo). Desenho da Figura Humana A. faz primeiro a FIGURA MASCULINA e comenta que é o seu pai, tem 50 anos, mas mesmo tempo não sabe do que ele gosta, se está bem, no que pensa ou do que precisa.A única resposta consistente é a respeito dos defeitos: “não dá atenção para a família”. 148 Em relação à FIGURA FEMININA, A. comenta que é a mãe, tem 20 anos, está bem, mas que tem muito medo de ficar só (há certa confusão nos papéis de filha e mãe). Ambas as figuras estão paradas, sem movimento, parecendo espantalhos, o que implica forte rigidez e repressão dos estímulos interiores. O aspecto geral das figuras (parecem espantalhos) indica o sentimento de que as relações com os outros são muito desagradáveis e dificultosas, além de desprezo e hostilidade em relação a si mesmo. Figura em palitos ou espantalho é comum em pessoas que se sentem rejeitadas, inseguras e que duvidam de si mesmas. Esses dados confirmam pelo TAMANHO DAS FIGURAS (são figuras pequenas) sugerindo sentimentos de inferioridade, inadequação e reação de maneira não apropriada às pressões ambientais. 149 Vamos observar as figuras: a CABEÇA apresenta contornos mais claros que o corpo sendo isso comum em pessoas que recorrem à fantasia como mecanismo de compensação, com sentimentos de inferioridade ou vergonha a respeito das partes do corpo e suas funções (A. nunca namorou). OLHOS, da mesma forma que o NARIZ e a BOCA, são representados por um traço, do introversão, insegurança, dúvida, imaturidade afetiva, não aceitação do meio, dificuldade para enfrentar os problemas (suas figuras estão de olhos fechados para o mundo). Os CABELOS, da mesma forma que o PESCOÇO, estão em negrito, como que “gritando” a sua insegurança sexual e a dificuldade em controlar e entender os impulsos corporais. O pescoço controla a organização corporal, serve como ligação entre os impulsos instintivos vindos do corpo e o controle exercido pelo cérebro. O que nos chama muito a atenção nas figuras são os BRAÇOS e as MÃOS. Os BRAÇOS estão afastados para os lados e rígidos; os da figura masculina estão na horizontal de forma mecânica (A. verbaliza que o pai 150 é uma figura ausente na família), sugerindo sensação de incapacidade e dependência, contato superficial e não afetivo com as pessoas, dificuldade de contato tanto pessoal como sexual, e mesmo rigidez e culpa. As MÁOS estão ausentes, e os DEDOS parecem palitos ou arames. Confirmando os achados anteriores, essa ausência de mãos implica falta de confiança nos contatos sociais produtividade ou ambos, retraimento, forte agressividade reprimida (dedos), dificuldade de toque, ataque, manipulação ou quaisquer outras formas de contato. Como senão tivesse experimentado mãos que ajudam quanto delas necessitava ou como se as mãos fossem culposas e que podem fazer coisas que a nossa cultura rotula como tabu. As PERNAS mantêm a estabilidade do corpo, representam o contato, a destreza e o caminhar no ambiente, estão abertas e com total ausência dos PES. A, representa graficamente mais uma vez a sua dificuldade de contato, insegurança no caminhar e na sexualidade a sua falta de autonomia e o seu sentimento de menos valia. 151 A. Desenhou todos os membros da sua família (FAMÍLIA DE ORIGEM) de forma automática quando chegou ao final, percebeu que não se incluiu. Espantou-se e representou-se como a ultima da fila a menor, a menos significativa. Deixou claro seus sentimentos de rejeição dolorosa ser um a mais no grupo e de não sentir-se significativa ou amada pelos demais. Quando solicito para fazer uma FAMILIA IDEAL, A, desenha pai, mãe e filha, indicando a sua fantasia de que apenas em uma família pequena poderia ser vista ou percebida de forma afetiva e amorosa. Em ambas as representações as figuras não têm MAOS ou PES (MAOS apenas o pai na FAMÍLIA DE ORIGEM e na FAMILIA IDEAL e a filha na FAMILÍA IDEAL). Os membros parecem “soltos”, como bonecos, sem vida, distantes emocionalmente e sem_contato íntimo entre eles. A mãe representada em ambas as famílias não tem MAOS, sugerindo que A. não vivenciou de modo consistente mãos afetuosas ou carinhosas (A. é insegura, não consegue se relacionar com os outros). A ausência de PÉS confirma mais uma vez a insegurança de A. e a sua falta de autonomia (“pelo que eu li na revista eu tenho síndrome de pânico”). 10.2 — Caso n° 2 - Paciente B 152 A paciente B. é uma menina, de 8 anos, estudante da segunda série, pertencente à classe econômica alta e é filha de pais universitários. O casal tem duas filhas, sendo que B. é a primeira, e a irmã tem 6 anos. Na primeira consulta veio somente a mãe com a seguinte queixa: “B. anda deprimida. Não vai bem na escola, é atrasada na sala de aula e segundo a professora parece estar sempre no mundo da lua. Também tem complexo da barriga, não se troca na frente dos outros e vive se criticando; se acha feia e, por mais que eu fale que ela não é, ela não acredita. Uma outra coisa que me incomoda é que ela não tem amiguinhas, nunca convida ninguém para vir em casa. Quando vamos à alguma festa, ela fica do meu lado e não brinca com as outras crianças. A irmã é totalmente diferente; é extrovertida e tem muitas amiguinhas. Quando B. não tem coragem de fazer alguma coisa, manda a irmã fazer”. HTP-F B. não apresentou RESISTÊNCIA para desenhar e fez todos os desenhos em apenas uma sessão. Seu TRAÇADO é firme e em alguns desenhos usou muita PRESSAO (vestido da figura feminina e blusa na figura masculina), sugerindo conflitos com o corpo, tensão, ansiedade, falta de autoconfiança ou ainda agressividade e hostilidade para com o ambiente. Os desenhos são centrais (LOALIZAÇAO NO PAPEL), as figuras são de TAMANHO e com DETALHES adequados, indicando inteligência e ajustamento ao meio. Casa B. a enxerga como se fosse vista de cima e distante (PERSPECTIVAS OU POSIÇÃO da Casa), o que é comum em pessoas que rejeitam a situação familiar e os valores pertinentes e que em geral exibem compensatoriamente sentimentos de superioridade frente ao isolamento afetivo. 153 Quando observamos a TELHA OU TELHADO (área ocupada pela fantasia) constatamos que é, em ponta, muito elaborado e bastante reforçado com linhas fortes e grossas, o é característico de indivíduos que estão tentando se defender da ameaça de perda do controle pela fantasia. Representam uma preocupação aumentada com o temor de impulsos atualmente expressos pela fantasia se expandam para o comportamento manifesto ou distorçam a percepção da realidade. As PAREDES (força do ego) são normais. A PORTA, além de inclinada e fechada, é pequena em relação às janelas e à casa em geral, indicando uma certa relutância para estabelecer contato com o ambiente, afastamento das trocas interpessoais e receio nas relações com os outros B. não tem amigos). As JANELAS, apesar de grandes e abertas, estão junto ao teto, indicando maior receptividade de relacionamento social na área da fantasia. Comentou que os traços eram a varanda da casa, o que confirma um mecanismo de compensação por problemas na relação social. Árvore B. começou sua ÁRVORE pelo TRONCO. Ela o fez rígido, ligeiramente tremido e bem mais longo que a copa, sugerindo predomínio da vida instintiva, certa inquietação e vivacidade de fundo emocional. 154 Quando pergunto quantos anos sua árvore tem (IDADE ATRIBUIDA À ÁRVORE), diz: “é bem velhinha, 40 ou 30 anos”, indicando vivências depressivas e inadequadas para a idade. Falou que quem plantou foi o tio que já morreu, Que é uma árvore só, cheia de flores, mas que ninguém tem acesso a ela por causa das abelhas. Está ferida e necessita de água, pois está com doença no tronco. Quando observamos a COPA, percebemos que apesar de pequena e ligeiramente aumentada para o lado esquerdo (timidez), está cheia de flores. B. é vaidosa e se preocupa com a aparência. Figura Humana Tanto a FIGURA FEMININA quanto a MASCULINA, B. começou pela CABEÇA (aceitação do desenvolvimento) e deu-lhes uma idade próxima da dela - 11 anos de idade. Quando as observamos percebemos que são dois adolescentes, com roupas elaboradas, mostrando seu esforço no sentido da obtenção de 155 prestígio e atenção. Fez a mulher levemente menor que o homem, mas não algo muito significativo. Percebemos que na FIGURA FEMININA, B. coloca uma linha do lado direito e outra representando o chão, mas a figura está solta. Na FIGURA MASCULINA, a linha é meio inclinada, indicando insegurança, falta de firmeza e necessidade de ajuda. Ambas as figuras estão paradas, sem mobilidade, sugerindo conflitos sérios e profundos sobre os quais mantém um controle rígido e normalmente frágil. Mas por outro lado fez os mesmos de frente, como que preparados para encarar o mundo. B. é uma criança cheia de recursos, apesar de comprometida emocionalmente. Fez primeiro a FIGURA FEMININA, comentando ser uma dançarina, que vive com os pais e que é saudável, porque come frutas e verduras. Mas que tem medo da morte e que precisa de ajuda. Olhando com bastante agudeza para as figuras, percebemos que a CABEÇA é um pouco grande em relação aos OMBROS, indicando ambição, tendência a viver mais na fantasia e provavelmente com sentimentos de menos valia. 156 Os OLHOS da menina são representados por um ponto, e o esquerdo parece vazado; os do menino são maiores, porém são estrábicos, mostrando a dificuldade em olhar e entender a vida. O NARIZ é representado por um ponto mal localizado. A BOCA é grande, numa tentativa de sorriso, porém fechada indicando tensão, imaturidade para enfrentar a vida, desejo de inter-relação social, gula e ansiedade a respeito da necessidade de dependência. Os CABELOS são desordenados e em negrito, mostrando a sua energia mal canalizada e ansiedade. O PESCOÇO (elo de ligação entre a mente e os impulsos) é fino e comprido, indicando conflitos e dificuldade em controlar os impulsos corporais. Quando observamos os OMBROS, percebemos que os da menina são estreitos em relação ao corpo, demonstrando sentimentos de inferioridade e de menos valia, apesar de os do menino serem proporcionais. O que mais nos chama a atenção em ambos os desenhos é o TORAX. O corpo da menina é longo e magro, mas o vestido e a camisa do rapaz estão em negrito, indicando conflito com o corpo (B. não se troca na frente de ninguém e se acha feia). Os BRAÇOS são curtos e de tamanhos diferentes (em ambas as figuras),mostrando um contato limitado com o ambiente, insegurança, falta de confiança, dificuldade em aproximar-se e estabelecer relações com as pessoas e medo vinculado a impulsos hostis. São braços que não podem realizar nada, sugerindo sentimentos de inadequação insuficiência. Percebemos isso também nas MÃOS pendentes (B. não tem amigos, na festas não sai de perto da mãe). As PERNAS da figura feminina estão separadas, e os PÉS estão em ponta, com contato tênue com a realidade (como visto acima, B. despende bastante de suas energias na fantasia). Nas do menino, além de desproporcionais, os pés estão um para cada lado, mos falta de mobilidade e ambivalência (a figura está inclinada). Põe luvas na menina indicando mais uma vez vaidade, seu desejo de crescer e de ser bem-sucedida. Desenho Das Famílias 157 O mais significativo em ambos os desenhos é que B. não se inclui nos desenhos. Comenta no primeiro desenho (FAMÍLIA DE ORIGEM) que a mãe, a irmã e o pai estão sentados no sofá assistindo à televisão. Para reforçar esta idéia põe uma espécie de círculo em torno dos membros da família. Representa-os como uma família muito unida, mas da qual ela não participa; “esqueceu” de incluir-se no desenho. 158 Na FAMÍLIA IDEAL, a irmã sobressai na metade superior da folha indicando ser a mais importante da casa (também foi a primeira a ser desenhada), Outro detalhe que nos chama a atenção e que reforça a hipótese de que B. se sente excluída da família é que todos os membros estão de olhos fechados (fechados para eb Interessante também é que estão sorrindo, como que felizes, mas parece que B. não participa dessa alegria; sentese isolada, deprimida e não ajustada). Se mais uma vez observarmos a CASA, vamos perceber que B. não colocou CHAMINE, o que é comum em pessoas que sentem certa distância afetiva na que sentem o lar como frio e sem calor afetivo. O HTP-F é um instrumento interessante, pois permite à criança desenhar e mostrar sentimentos mais profundos. A mãe de B, na entrevista devolutiva, ao observar os desenhos das FAMÍLIA ORIGEM E IDEAL, apresentou um grande insight. Comentou de uma forma comovente “Como é que eu não tinha percebido antes? Não é que eu não tinha percebido, eu queria acreditar ou aceitar o que ela tem é ciúmes da irmã! A irmã é magrinha, extrovertida faz amizade com todo mundo, e ela é sempre a sombra da irmã, Ela de certa forma mostrou que tinha ciúmes da irmã, mas eu nunca quis ver!” Combinamos que B. seria atendida em psicoterapia uma vez por semana, Cinco meses depois, solicito à paciente novo desenho da família. B. aceita desenhar apenas a sua família (FAMILIA DE ORIGEM). 159 Desta vez se representou em primeiro lugar, exclamando a sua importância, seu sentimento de pertinência e de fazer parte da família. Desenhou todos os membros de pé, de frente e juntos, indicando maior estruturação e proximidade entre os elementos. Esses detalhes indicam que estamos caminhando bem na psicoterapia, mas ainda não estamos em época de alta, pois, se observarmos com bastante agudeza as figuras, percebemos que B. ainda se sente um pouco menos significativa ou inferior a irmã. Apesar de desenhar-se em primeiro lugar, representa-se como uma figura menor, e na realidade a irmã é dois anos de idade mais nova que ela. Outro fator que nos chama a atenção são os BRAÇOS - rígidos, apertados ao corpo e para trás (mãe e pai), indicando que ainda tem dificuldade em aproximar-se e estabelecer relações afetivas com as pessoas. 10.3 — Caso n° 3 - Paciente C O paciente C. é um menino pré-adolescente de 12 anos, estudante da quinta série. Na primeira consulta compareceu somente a mãe, uma senhora decidida, com aspecto rígido e autoritário. Veio com a seguinte queixa: “C. está cada vez mais rebelde, respondão e exigente. Se quer alguma coisa luta até o fim; dá a impressão de que está revoltado. Ele nunca aceita “não” como resposta. A vida dele é assistir à televisão, e implica muito com o pai”. Na entrevista C. reclamou que ninguém o entendia, tudo o que queria ou pedia o pai achava que era muito dinheiro ou besteira, Disse gostar de coisas bonitas e de ser vaidoso quer fazer uma mecha no cabelo, como alguns colegas da escola, mas o pai não deixa. Na casa tudo que envolve dinheiro não pode. Não vê a hora de crescer mais para trabalhar e não depender mais dos pais; gostaria de ser estilista, médico ou decorador Gosta das coisas bonitas, adora desenhar, principalmente, roupas femininas. 1°HTP-F Apesar de bastante estimulado, C. negou a desenhar a CASA, a FAMÍLIA DE ORIGEM E A FAMILIA IDEAL. Mas mesmo assim vamos à análise dos três desenhos. 160 Qualitativamente ficam evidentes certas dificuldades de C. quando constatamos a sua RESISTENCIA para desenhar, o DECRESCIMO PSICOMOTOR, as PAUSAS DURANTE A EXECUÇAO, a PRESSAO EXAGERADA de seus traços, o TAMANHO DAS FIGURAS e os DETALHES de seus desenhos. Esses fatores sugerem intensos sentimentos de inferioridade com dificuldades de se expor e se colocar assertivamente no meio, sensação de ser inadequado para o cumprimento da tarefa, dificuldade em arriscar-se e em receber julgamentos, bloqueios severos, medo, tensão e insegurança. Podemos pensar também em inibição (TAMANHO DAS FIGURAS), timidez, necessidade de proteger-se das pressões externas, agressividade, hostilidade para com o ambiente com aguda consciência da necessidade de autocontrole. A necessidade de autocontrole fica evidente também pela LOCALIZAÇÃO NO PAPEL (desenho próximo à linha vertical e tendendo para o lado esquerdo) - introversão, contato ativo com a realidade e tentativa de manter um controle intelectual sobre o desejo de satisfação imediata. Embora C. rejeite executar o teste completo, verificamos quão substancial pode ser o resultado da análise de apenas três dos desenhos. Árvore 161 C. faz a sua ÁRVORE pequena (pressão ambiental), depressivas e inadequadas para a idade), porém ERETA e SIMETRICA Começou o seu desenho pelo TRONCO - longo com grande estrutura de galhos e uma pequena saliência no lado direito, indicando certa rigidez, predomínio da vida instintiva com desejo de expansão sentimento obscuro dos limites da personalidade, oposição aos outros, ia, ocasionalmente ressentimento, desconfiança e medo de figuras autoritárias. Quanto a pequena saliência, podemos pensar em traumas psíquicos, dificuldade de adaptação, congestionamento de afetos, impulsividade, vulnerabilidade ou talvez excitabilidade. Suas RAÍZES são visíveis (predomínio da vida instintiva) com traço duplo e em forma de garra sob a linha da terra, sugerindo uma ligação hipervigilante e com pobre contato com a realidade, temor e pânico de perder o contato com a mesma (é como se tivesse de agarrar não perder o contato com a realidade). LINHA DA TERRA OU SOLO está abaixo da base do tronco, indicando certo sentimento de desenraizamento e separação. Quando observamos a COPA, o que nos chama a atenção é que ela é fechada e cheia de espinhos, orientada para o alto e levemente aumentada para o lado direito, sugerindo energia agitação, exigência, 162 teimosia, nervosismo, irritabilidade, agressão, necessidade de ser importante, autossuficiência e vaidade (lado direito). Os GALHOS são cheios de espinhos, indicando impulsos intensos e prontos para a hostilidade e agressão (C. com o terapeuta é uma criança passiva, meio tímida, calma, fala baixinho, sugerindo que seu ajustamento é feito à custa de esforços maciços de repressão). Percebemos que o arranjo dos ramos é de forma repetida com ligamentos sucessivos, indicando a sua pouca capacidade de adaptação, minuciosidade, preocupação com detalhes e identidade em nível de fantasia. Quanto ao tamanho dos galhos, notamos que são longos, em sua maioria para cima e pouquíssimos para os lados, mostrando o seu medo de não conseguir satisfação no ambiente, com recompensa na fantasia. Figura Humana Tanto a FIGURA FEMININA como a MASCULINA C. nega-se a desenhá-las de corpo inteiro. Faz primeiro a FIGURA FEMININA. O desenho só do busto nos leva a pensar em várias hipóteses como: não gostar do próprio corpo, censura da área genital ou forte preocupação sexual misturada com desajustamento. 163 Estes dados nos chamam a atenção, justamente pelo fato de C. desenhar primeiro a mulher. Crianças e adolescentes costumam desenhar primeiro o sexo oposto quando têm maior estima por este, quando apresentam sentimentos negativos para consigo mesmo, quando são mais dependentes faltando-lhe segurança quanto à própria imagem ou quando não têm plena consciência do próprio sexo do ponto de vista das características sexuais já conhecidas. Se o que C. nos oferece é apenas um busto feminino e um masculino, então precisamos observá-los com atenção redobrada e muita perspicácia. FIGURA FEMININA tem a CABEÇA um pouco maior que a da MASCULINA, indicando maior valorização da mesma ou ênfase na fantasia como fonte de satisfação. O seu homem tem 20 anos, podendo indicar vivências depressivas ou inadequadas para a ou sensação de não ser muito aceito pelos pais, levando-o a inferiorizar a infância e a experimentar um forte desejo de crescer. 164 Os ROSTOS de ambos estão de frente, como que preparados para encarar o mundo, há uma acentuação dos caracteres faciais e contorno reforçado (principalmente homem), indicando certa timidez. Os OLHOS de ambos são grandes, mostrando que C. absorve o mundo visualmente, é curioso e talvez desconfiado. Como são olhos lamuriosos e bem trabalhados, podemos pensar em desejo de chamar a atenção, sexualidade inadaptada, ambivalência ou conflito na inter-relação social. A sua FIGURA FEMININA apresenta SOBRANCELHAS bem cuidadas e levantadas, sugerindo refinamento pessoal ou dúvida. Os CABELOS também são bem penteados, indicando seu interesse pela aparência social e sua preocupação em deslumbrar ou seduzir. Quando observamos o NARIZ, percebemos que C, os faz em negrito, fato que nos faz pensar em conflitos sexuais, indecisão ou inadequação sexual ou temores de castração. A BOCA de ambos é grande e cerrada, mostrando ambição, agressividade, crises de mau humor ou alta capacidade crítica (C. anda rebelde e respondão). As ORELHAS da mulher estão ocultas pelo cabelo, mas na figura masculina são representadas sugerindo sensibilidade a críticas. O QUEIXO de ambos são redondos, mostrando certa sensualidade. Quando observamos o PESCOÇO, percebemos que ambos são detalhados (o da mulher apresenta um colar e o do homem tem pelos). Isso sugere uma perturbação por falta de coordenação dos impulsos e controle intelectual, certa consciência da bifurcação da personalidade, com conflitos decorrentes da força do superego. Os enfeites no pescoço separam o corpo (impulsos físicos, vitais) da cabeça (controle intelectual racional). A presença do decote em “V” na figura feminina nos faz pensar em fixação sexual sobre seios, tendências voyeurísticas ou curiosidade. Os pelos da figura masculina podem sugerir desejo de masculinidade ou necessidade conferir o aspecto masculino, Os OMBROS de ambos são estreitos em relação ao corpo e arredondados, denotando sentimentos de menos valia, inferioridade e/ou inadequação. 165 Após esta avaliação foi feito novo contato com os pais. Desta vez ambos compareceram o pai de C. mostrou-se uma pessoa passiva, apagada e sem muita energia; a mãe, por sua vez praticamente falou o tempo todo sugerindo muita ansiedade e verbalizou com frequência a falta de entendimento e afeto pelo marido. Quando foi mostrado os desenhos a mãe conseguiu verbalizar todas as suas apreensão preocupações, assim como a razão principal da sua consulta; chorando muito disse; Eu ando muito nervosa, já devia ter te procurado quando o C. estava na pré-escola e a diretora me chamou. Já naquela época elas achavam que ele era diferente, só gostava de brincadeiras de menina. Eu não acho que ele seja “bicha”, mas ele é diferente, quer ficar enfeitando a casa gosta de cozinhar, na escola só fica com as meninas, nunca gostou de jogar bola....” Após este contato, C. foi encaminhado para psicoterapia, duas vezes por semana. 2° HTP - F — 7 meses depois Desta vez C. aceitou fazer todos os desenhos com exceção da FAMÍLIA IDEAL. Mostrou confiança no desempenho, usou apenas uma sessão para todos os desenhos e os fez com PREDOMINANCIA DE LINHAS FIRMES E DECIDIDAS, assim como apresentação de DETALHES adequados. Esses fatores sugerem que C. está mais seguro e equilibrado emocionalmente. Casa c. fez a sua casa na metade inferior da folha (LOCALIZAÇÃO NO PAPEL), indicando Que ainda se sente inseguro, com necessidade de firmar-se na realidade. Vê sua casa como Distante, sugerindo sentimentos de rejeição à situação familiar e aos valores pertinentes, com sentimentos compensatórios de superioridade. 166 Quando observamos o TELHADO, percebemos que está proporcional ao tamanho da casa (equilíbrio entre a fantasia e a realidade) e terminado em ponta (simbolismo sexual). As PAREDES são desenhadas com traços firmes e adequados, e a Porta está fechada com chave (autodefesa), mas a JANELA está aberta indicando uma possibilidade de interação. Desta vez fez um sol, mas não conseguiu imaginar ninguém que pudesse representar o calor. Árvore C, desenhou a sua ÁRVORE centrada, ereta e bem grande, ocupando quase toda a folha, nos clarificando que está reagindo às pressões ambientais com sentimentos de expansão. Mas continua preso ao mundo da fantasia. Diz que apesar de saudável, é uma árvore bem velha (IDADE ATRIBUÍDA À ÁRVORE) mais ou menos cinquenta anos, sugerindo vivências depressivas e inadequadas para a idade. Sua ÁRVORE apesar de grande está vazia, indicando timidez e negativismo. Mas vamos ao TRONCO: é aberto na parte superior e inferior e alargado para os lados. Esses fatores indicam indecisão, comportamento flutuante, dificuldades de entendimento e compreensão da vida. A COPA é grande (vaidade, entusiasmo e expansão), mas totalmente vazia mostrando dificuldade de comunicação, retraimento e timidez. 167 Figurara humana Desta vez C. fez primeiro a FIGURA MASCULINA. Um menino de nove anos de idade, que segundo ele está muito feliz, gosta de brincar, bagunçar e conversar. Essa idade da figura aquém da sua própria sugere uma fixação emocional ou reação a traumas quando se fixou em uma época anterior mais feliz. Começou o seu menino pelo ROSTO, mostrando a sua necessidade em agradar e de relacionar-se com as pessoas. Mas o fez meio inclinado, com MOVIMENTO hesitante, indicando uma certa instabilidade, insegurança ou fraco controle sobre as reações. 168 CABEÇA do menino está com tamanho normal, mas a da menina é um pouco maior, denotando que ainda valoriza de forma mais consistente a figura feminina. Quando observamos o rosto, percebemos que C. os fez de frente sorrindo (necessidade de simpatia, desejo de obter aprovação), com NARIZ e BOCA adequados, mas pôs um par de óculos na menina, indicando dissimulação da dificuldade em enfrentar o mundo, desejo de estabelecer contato interpessoal e afetivo. Os CABELOS do menino estão sob um boné e os da menina, presos em “Maria Chiquinha” com franja, sugerindo interesse pela aparência, status social, facilidade em se mover no ambiente e seus esforços no sentido de contenção dos impulsos (cabelos presos). Não desenhou ORELHAS em nenhuma das figuras, indicando que está num momento mais passivo. Desta vez fez um PESCOÇO mais proporcional (maior equilíbrio das emoções). Os OMBROS são pequenos e os BRAÇOS, desproporcionais, curtos e afastados, indicando que ainda apresenta dificuldade de contato com o ambiente, um certo sentimento de incapacidade e talvez com sentimentos de culpa (são braços afastados). As MÃOS estão afastadas também, e os DEDOS, pendentes e curtos, indicando mais uma vez a falta de confiança nos contatos sociais ou uma possibilidade de contato limitada. As PERNAS são finas e separadas, sugerindo falta de equilíbrio, sentimento de inadequação e dificuldade para conseguir independência pessoal. Os PÉS são pequenos, representando novamente seus sentimentos de insegurança para manter-se ou atingir os objetivos. 169 Família de origem C. aceita desenhar apenas a sua FAMÍLIA DE ORIGEM. Uma detalhe interessante que o pai (figura sentida como ausente pelo paciente) desta vez foi desenhado em primeiro lugar e de forma saliente (cabeça maior). Durante o processo terapêutico, este aspecto foi trabalhado com intensidade. Esta representação indica que no momento o paciente está conseguindo de uma mais madura entender e aceitar a forma de ser de seu pai. Atualmente, não precisa agredi-lo identificando- se com a mãe nos afazeres domésticos. ...a terapia continua... 170 11. O SIGNIFICADO DE ALGUMAS DOENÇAS DESTE MANUAL Este capítulo inclui uma variedade de condições e de padrões de comportamento clinicamente significativos. O HTP-F como é uma técnica projetiva de desenho que visa penetrar personalidade individual tem-se mostrado sensível a essas condições. Kaplan (1993) define personalidade como a totalidade relativamente estável e previsível de traços emocionais e comportamentais que caracterizam a pessoa na sua vida cotidiana, sob condições normais. Os traços são padrões persistentes no modo de perceber, relacionar e pensar sobre o ambiente e sobre si mesmo, exibido em uma ampla faixa de contextos sociais e pessoais. Apenas quando os traços de personalidade são inflexíveis e desajustados, causando um sofrimento subjetivo ou um funcionamento significativamente prejudicado, é que levam a um Transtorno de Personalidade. Um Transtorno de Personalidade é um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é invasivo e inflexível, tem seu 171 início na adolescência ou começo da idade adulta, é estável ao longo do tempo e provoca sofrimento ou prejuízo (DSM-IV). Os pacientes que apresentam algum transtorno mostram padrões inflexíveis e mal ajustados de relacionamento e percepção do ambiente e de si mesmos. Este padrão persistente é inflexível e abrange uma ampla faixa de situações pessoais e sociais e provoca sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Os juízos acerca do funcionamento da personalidade devem levar em conta a bagagem étnica, cultural e social do indivíduo. Os Transtornos de Personalidade não devem ser confundidos com problemas associados à aculturação após a imigração ou à expressão de hábitos, costumes ou valores religiosos e políticos professados pela cultura de origem do indivíduo. Especialmente na avaliação de uma pessoa de diferente origem étnica, é útil obter informações adicionais a partir de informantes familiarizados com a respectiva bagagem cultural (DSM-IV). Os Transtornos de Personalidade diferem das alterações de personalidade pelo tempo e modo de seu aparecimento. O seu diagnóstico exige uma determinação de funcionamento a longo prazo, as características particulares de personalidade devem ser evidentes na infância ou adolescência e continuam pela vida adulta. A avaliação de um transtorno deve ser baseada em tantas fontes de informações quanto possíveis. Alem do HTP-F, o psicólogo deve se munir de entrevistas (muitas vezes espaçadas ao longo do tempo e no caso de crianças, entrevistas com os familiares) para se colher os dados da história do paciente. Na avaliação de crianças vale ressaltar que os traços de um transtorno frequentemente não persistem inalterados até a vida adulta; o mais correto é o psicólogo com muita cautela perceber as “tendências” infantis daquele momento de vida. Alguns traços que têm sido identificados na infância podem estar associados com Transtornos de Personalidade na idade adulta, Por exemplo, as crianças com temperamento medroso podem desenvolver Transtorno de Personalidade Evitativo. Alguns Transtornos de Personalidade surgem devido a um desajuste familiar, como, exemplo, uma criança ansiosa criada por uma mãe igualmente ansiosa está mais vulnerável a um Transtorno de Personalidade do que se fosse criada por uma mãe calma. As culturas 172 que encorajam a agressividade podem, involuntariamente, reforçar e, portanto contribuir para os Transtornos de Personalidade Anti-Social. O ambiente físico pode exercer seu papel. Por exemplo, uma criança pequena ativa pode parecer hiperativa se mantida em um apartamento pequeno e fechado, mas pode parecer normal em casa espaçosa de classe média, com quintal (Kapian, 1993). Quando todos os dados apontam numa mesma direção, indicando um transtorno psicólogo deve ter em mente que, para um diagnóstico de Transtorno de Personalidade em um indivíduo com menos de 18 anos, as características devem estar presentes no mínimo um ano. O HTP-F tem-se mostrado sensível a várias patologias; algumas interpretações manual são avaliações e pesquisas de outros estudiosos, como Rabin &Haworth (1966) Hammer(1981), Ocampo (1981), Laurenção Van Kolck (1975, 1984), Di Leo (1987). SouzaCampos (1989), Azevedo (1996), Battistone (1996) (comum em...), outras são sugestões e/ou achados clínicos meus (sugere) Para se interpretar o teste, como foi especificado na introdução, a metodologia do precisa por necessidade ser tanto intuitiva como analítica; confiar apenas em isolados pode ser enganador. Para uma interpretação conclusiva, deve-se ter em motivo da consulta (queixa), as entrevistas diagnósticas e a análise do teste. As patologias aqui presentes foram escritas de forma bastante resumidas. O psicólogo ao perceber que vários sinais apontam para alguma delas, deve fazer uma leitura mais minuciosa a respeito da mesma, antes de fechar um diagnóstico ou rotular o paciente. Este manual contém 857 possíveis interpretações gráficas, 405 são traços esperados dentro da normalidade ou apontam para algumas características individuais, e 452 são avaliações indicativas de algumas patologias; dentre elas estão: Transtorno da Personalidade Antissocial Neste manual existem 26 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade Social. Transtorno de Personalidade Antissocial é caracterizado pela desconsideração e violação dos direitos dos outros, que se inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta (DSMIV), 173 É também chamado de Personalidade Amoral, Dissocial, Associal, Psicopática ou Sociopática, é caracterizado por atos antissociais e criminais contínuos, mas não é sinônimo de criminalidade. Em vez disso, trata-se de uma incapacidade para conformar-se às normas sociais. Para receber este diagnóstico o indivíduo deve ter pelo menos 18 anos e ter tido uma história de alguns sintomas do Transtorno de Conduta antes dos 15 anos. Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Antissocial não se conformam com as normas pertinentes a um comportamento dentro dos parâmetros legais. Podem realizar repetidos atos que constituem motivo de detenção, tais como destruir propriedade alheia; indiferença insensível pelos sentimentos alheios; atitude flagrante e persistente de irresponsabilidade e desrespeito por normas, regras e obrigações sociais; incapacidade de manter relacionamentos (embora não haja dificuldade em estabelecê-los); muito baixa tolerância à frustração e um baixo limiar para descarga de agressão, incluindo violência; incapacidade de experimentar culpa e de aprender com a experiência, particularmente punição; propensão marcante para culpar os outros ou para oferecer racionalizações plausíveis para o comportamento que levou o paciente a um conflito com a sociedade. Os pacientes com Transtorno de Personalidade Antissocial frequentemente apresentam um exterior normal e até mesmo agradável e cativante. Suas histórias, entretanto, revelam muitas áreas de funcionamento vital desordenado. Mentiras, faltas à escola, fugas de casa, furtos, brigas, abuso de drogas e atividades ilegais são experiências típicas que, conforme relatos do paciente, começaram durante a infância. As personalidades antissociais frequentemente impressionam os clínicos do sexo oposto com seus aspectos exuberantes e sedutores, mas os clínicos do mesmo sexo podem considerá-las manipuladoras e exigentes. Os indivíduos com personalidade antissocial demonstram uma falta de ansiedade ou depressão, que pode parecer grosseiramente incongruente com suas situações, e suas próprias explicações do comportamento antissocial fazem-no parecer algo impensado. Ameaças de suicídio e preocupações somáticas podem ser comuns. Ainda assim, o conteúdo mental do paciente revela completa ausência de delírios e outros sinais de pensamento irracional. De fato, eles frequentemente demonstram um senso aumentado de teste de realidade, 174 Frequentemente impressionam os observadores por terem uma boa inteligência verbal. Os pacientes com Transtorno de Personalidade Antissocial são altamente representados pelos chamados “vigaristas”. São altamente manipuladores e frequentemente capazes de convencer outras pessoas a participar de esquemas que envolvam modos fáceis de obter dinheiro ou de adquirir fama e notoriedade, o que eventualmente pode levar os outros a ruína financeira, embaraço social ou ambos. As personalidades antissociais não falam a verdade e não se pode confiar nelas para levar avante qualquer projeto ou aderir qualquer padrão convencional de moralidade. Promiscuidade, abuso do cônjuge, abuso infantil e condução de veículos sob os efeitos do álcool são eventos comuns na vida desses pacientes. Um achado digno de nota é uma falta de remorsos por tais ações, ou seja, estes pacientes parecem desprovidos de consciência. Eles podem mostrar-se indiferentes ou oferecer uma racionalização superficial para o fato de terem ferido, maltratado ou roubado alguém. Ou então culpar suas vítimas de serem tolas, impotentes ou por terem o destino que merecem, minimizando as consequências danosas de suas ações ou para simplesmente demonstrar completa indiferença. Como mencionado anteriormente, os pacientes podem parecer compostos e dignos de credibilidade ao entrevistador. Entretanto, sob a aparência, existe tensão, hostilidade, irritabilidade e raiva. Entrevistas estressantes, nas quais os pacientes são vigorosamente confrontados com as inconsistências em suas histórias, podem ser necessárias para a revelação da patologia. Até mesmo profissionais muito experientes são enganados por esses indivíduos Transtorno de Personalidade Borderline Neste manual existem 5 interpretações indicativas para Transtorno de Persona1id Borderline. É um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, autoimagem e afetos, bem como acentuada impulsividade (DSM-IV). Também conhecida por Esquizofrenia Ambulatória, Personalidade “como Esquizofrenia Pseudoneurótica, Caráter Psicótico ou Personalidade Emocionalmente Instável. 175 São pacientes que se situam no limite entre a neurose e a psicose e se caracterizam por humor, comportamento, relações objetais e autoimagem extraordinariamente instáveis. Os pacientes Borderline quase sempre parecem estar em estado de crise; suas oscilação de humor são bastante comuns. Podem mostrar-se briguentos num momento, deprimidos em outro ou ainda queixar-se de não sentirem coisa alguma. O comportamento dessas pessoas é altamente imprevisível; por conseguinte, raramente conseguem atingir o nível máximo de suas capacidades. Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline fazem esforços frenéticos para evitarem um abandono real ou imaginado. Experimentam intensos temores de abandono e raiva inadequada, mesmo diante de uma separação real de tempo limitado ou quando existem mudanças inevitáveis em seus planos. Muitas vezes acreditam que este abandono implica que eles são “maus”. Esse medo de abandono está relacionado a uma intolerância à solidão e uma necessidade de ter outras pessoas consigo. A natureza sofrida de suas vidas reflete-se em atos autodestrutivos repetidos. Esses pacientes podem cortar os pulsos ou realizar outras automutilações para obterem auxílio de outros, para expressar raiva ou para afastar-se de afetos demasiadamente opressivos. Uma vez que se sentem tanto dependentes quanto hostis, as personalidades Borderline exibem relacionamentos interpessoais tumultuados. Podem ser muito dependentes daqueles com quem convivem e expressar uma raiva intensa contra seus amigos íntimos, quando frustrados. As personalidades Borderline, contudo, não conseguem tolerar a solidão e preferem uma busca desenfreada de companhia, não se importando com a qualidade da companhia, a ficarem a sós consigo mesmos. Frequentemente, queixam-se de sentimentos crônicos de vazio e tédio, de falta de um senso de identidade consistente e, quando pressionados, frequentemente queixam-se do quanto se sentem deprimidos na maior parte do tempo, apesar da aparente exuberância de seus afetos. As pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline na maioria das vezes apresentam um distúrbio de identidade, apresentando uma autoimagem totalmente instável; os objetivos, as opiniões, os planos de carreira, a identidade sexual e os tipos de amigos sofrem mudanças súbitas. Da mesma forma os papéis, ora são suplicantes e carentes, ora 176 são vingadores implacáveis. Apresentam instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor. São pessoas impulsivas podem jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso, abusar de substâncias, engajar-se em sexo inseguro ou dirigir de forma imprudente. Adolescentes e adultos jovens com problemas de identidade, especialmente quando acompanhados do uso de drogas, podem exibir temporariamente comportamentos que podem ser confundidos com Transtorno de Personalidade Borderline. Transtorno de Personalidade Dependente Neste manual existem 25 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade Dependente. O Transtorno de Personalidade Dependente é um padrão de comportamento submisso e aderente, relacionado a uma necessidade excessiva de proteção e cuidados (DSM-IV). Também conhecido por Personalidade Astênica, Passiva, Autoderrotista ou Inadequada. As pessoas com esse transtorno subordinam suas próprias necessidades às dos outros, fazem com que Outras pessoas assumam responsabilidade pelas principais áreas de suas vidas, não possuem autoconfiança e podem experimentar intenso desconforto quando sozinhas. São pessoas que visam obter atenção e cuidados, acreditando-se incapazes de funcionar adequadamente sem o auxílio de outras pessoas. Os pacientes com Transtorno de Personalidade Dependente são incapazes de tomar decisões sem um excesso de aconselhamento e tranquilizarão por Outros, evitam posições de responsabilidade e se tornam ansiosos se solicitados a assumir um papel de liderança, preferindo cargos subalternos. Estas pessoas não gostam de estar sozinhas, procuram outras pessoas das quais possam depender, e seus relacionamentos são, assim, distorcidos por sua necessidade de estarem ligadas àquela outra pessoa. Geralmente dependem de um dos pais ou do cônjuge para decidir onde devem viver; que tipo de trabalho devem ter e com que vizinhos devem fazer amizade. Os adolescentes com o transtorno podem permitir que seus pais decidam o que devem vestir, com quem devem sair, como devem passar seu tempo livre e que faculdade cursar. 177 Pessimismo, insegurança, passividade e temores de expressar sentimentos sexuais e agressivos caracterizam o comportamento da personalidade dependente. Um cônjuge abusivo, infiel ou alcoólico pode ser tolerado por longos períodos de tempo para que a vinculação seja rompida. São pessoas que se sentem tão incapazes de funcionar sozinhas, preferindo concordar com coisas que consideram erradas, a se arriscarem à perda da ajuda daqueles em quem buscam orientação. Os relacionamentos sociais limitam-se às pessoas das quais dependem e podem sofrer abusos físicos ou mentais por não conseguirem autoafirmar-se, Podem ficar “colados” em outras pessoas importantes em suas vidas apenas para não ficar sozinhas, mesmo que não tenham interesse ou envolvimento no que está acontecendo. Correm o risco de severa depressão, quando enfrentam a perda de uma pessoa da qual eram dependentes. Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Dependente muitas vezes se caracterizam por pessimismo e insegurança, tendendo a menosprezar suas capacidades e realizações, tomam as críticas como prova de sua inutilidade e são desprovidos de autoconfiança e autoestima. ‘Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo Este manual existem 7 interpretações para o Transtorno de Personalidade Esquiva. Transtorno da Personalidade Esquiva caracteriza-se por um padrão de inibição social sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliações negativas (DSM-1V). Essas pessoas evitam atividades profissionais ou escolares que envolvam contato pessoal significativo por medo de críticas, desaprovação ou rejeição; da mesma a que evitam fazer novas amizades, ao menos que tenham certeza de que serão estimadas e aceitas sem crítica. Pessoas com Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo não participam de atividades de grupo, têm dificuldade de intimidade interpessoal, embora consigam estabelecer relacionamentos íntimos quando existem garantias de uma aceitação sem críticas. São pessoas que se magoam facilmente com qualquer crítica ou desaprovação por mais leve que seja. 178 Na maioria das vezes são pessoas tímidas, quietas, inibidas, que passam “invisíveis”, pelo medo de que qualquer atenção possa trazer degradação ou rejeição. Demonstram inibição em novas situações interpessoais, devido a seus sentimentos de inadequação e baixa autoestima. Ao falarem com alguém, expressam incerteza e falta de autoconfiança, podendo falar de maneira autodepreciativa. Têm medo de falar em público ou fazer pedidos a outras pessoas, pois são hipervigilantes quanto à rejeição. Tendem a interpretar mal os comentários feitos por outras pessoas, considerando-os ridicularizantes ou depreciativos. A recusa a qualquer pedido que façam leva-as ao retraimento e a se sentirem magoadas. Elas são descritas pelos outros como “tímidas”, “acanhadas”, “solitárias” e “isoladas”. Na esfera profissional, as personalidades evitativas frequentemente assumem empregos secundários, Raramente conseguem progredir muito ou exercer muita autoridade. Em vez disso, no trabalho parecem simplesmente tímidos e ávidos por agradar. O comportamento esquivo começa com frequência na infância, com timidez, isolamento, medo de estranhos e de situações novas. Embora a timidez seja um percursor comum do Transtorno de Personalidade de Esquiva, na maioria dos indivíduos ela tende a dissipar-se com a idade. Por outro lado, os indivíduos que desenvolvem o transtorno podem tornar-se progressivamente mais tímidos e arredios durante a adolescência e início da idade adulta, quando os relacionamentos sociais com pessoas novas assumem uma especial importância. Na entrevista clínica, o aspecto mais notável é a ansiedade do paciente acerca de falar com o entrevistador. O modo tenso e nervoso do paciente parece aumentar e diminuir segundo sua percepção quanto ao agrado que o profissional tem por eles. Mostram-se vulneráveis aos comentários e sugestões do entrevistador, podendo considerar um esclarecimento ou uma interpretação como uma crítica. Trans torno da Personalidade Esquizoide Neste manual existem 23 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade Esquizoide. A característica do Transtorno de Personalidade Esquizoide é um padrão invasivo de distanciamento de relacionamentos sociais e uma faixa restrita de expressão emocional em contextos interpessoais (DSM-IV) 179 O transtorno de personalidade esquizoide é diagnosticado em pacientes que exibem um padrão vitalício de retraimento social. Seu desconforto com a interação humana, sua introversão e afeto brando e constrito são dignos de nota. As pessoas com esse transtorno parecem não possuir desejo de intimidade, mostram-se indiferentes as oportunidades de desenvolver relacionamentos íntimos e parecem não obter satisfação do fato de fazerem parte de uma família ou de algum grupo social. Preferem passar seu tempo sozinhas a estarem com outras pessoas, escolhendo passatempos solitários que não evolvam a interação com outras pessoas. As crianças com esta tendência na maioria das vezes passam horas desenhando; os adultos com o transtorno preferem o computador a qualquer interação pessoal, podem apresentar pouco interesse sexual, preferindo a fantasia a uma sexualidade madura, apresentam dificuldade em fazer algum amigo íntimo ou participar de uma turma. São pessoas que vivem absortas em si mesmas e frequentemente se mostram indiferentes à aprovação ou crítica social, mostram um exterior indiferente, sem reatividade emocional, exibem um afeto restrito e parecem frios. Esses indivíduos podem ter uma particular dificuldade para expressar raiva, mesmo em resposta à provocação direta, o que contribui para a impressão de não possuírem emoções. Ocasionalmente em circunstâncias muito incomuns em que se sentem muito à vontade para se revelarem, podem reconhecer sentimentos dolorosos principalmente relacionados a interações sociais. As pessoas com o transtorno tendem a buscar empregos solitários que envolvem ou nenhum contato com outros. Muitos preferem o trabalho noturno ao diurno, de que não tenham de lidar com muitas pessoas. Embora as pessoas com Transtorno de Personalidade Esquizoide possam parecer a absortas e engajadas em devaneios excessivos, não mostram perda da capacidade reconhecimento da realidade. Uma vez que atos agressivos raramente são incluídos seu repertório de respostas habituais, a maior parte das ameaças, reais ou imaginarias é enfrentada com onipotência ou resignação fantasiosa. Essas pessoas geralmente tas como alienadas; contudo, às vezes são capazes de conceber, desenvolver e mundo idéias genuinamente originais e criativas. O Transtorno de Personalidade Esquizoide pode aparecer pela primeira vez na ou adolescência na forma de solidão, fracos relacionamentos com seus pares e rendimento escolar, o que pode deixar essas crianças e adolescentes marcados diferentes e sujeitos a zombarias. 180 Transtorno de Personalidade Esquizotípica Neste manual existem 9 interpretações indicativas de Personalidade Esquizotípica. A característica essencial do Transtorno de Personalidade Esquizotípica é um padrão invasivo de déficits sociais e interpessoais, distorções cognitivas ou da percepção de comportamentos excêntricos (DSM-IV). No Transtorno de Personalidade Esquizotípica, o pensamento e a comunicação estão perturbados. Como os pacientes esquizofrênicos, as pessoas com esse transtorno podem não conhecer seus próprios sentimentos; contudo, são extremamente sensíveis aos sentimentos dos outros, especialmente aos afetos negativos como a raiva. Podem ser supersticiosos ou declarar poderes de clarividência, e na maioria das vezes o seu mundo interior está cheio de relacionamentos imaginários, temores ou fantasias infantis. Também em pensar que possuem poderes especiais de pressentir acontecimentos ou de ler os pensamentos de outras pessoas. Na maioria das vezes eles não são capazes de lidar com toda a faixa de afetos e indicadores interpessoais necessários para relacionamentos bem-sucedidos, de modo que muitas vezes parecem interagir com os outros de maneira inadequada, rígida ou constrita. Esses indivíduos muitas vezes são considerados esquisitos ou excêntricos por causa dos maneirismos incomuns ou pelo modo esquisito de vestir-se, no qual nada combina com nada, bem como por sua desatenção às convenções sociais. O Transtorno de Personalidade Esquizotípica pode manifestar-se pela primeira vez na infância e adolescência, na forma de solidão, fracos relacionamentos com seus pares, ansiedade social, baixo rendimento escolar, excessiva suscetibilidade, pensamentos e linguagem peculiares e fantasias bizarras. Essas crianças podem parecer “esquisitas” ou “excêntricas” e atrair gozações dos colegas. Sob tensão, os pacientes com Transtorno de Personalidade Esquizotípica podem descompensar-se e apresentar sintomas psicóticos, mas estes geralmente têm duração breve. Transtorno de Personalidade Histriônico 181 Neste manual existem 9 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade histriônica, A característica principal desse transtorno é um padrão de excessiva emotividade e busca de atenção (DSM-IV). Também conhecida por Personalidade Histérica ou Psicoinfantil. Os indivíduos com esse transtorno sentem-se desconfortáveis ou desconsiderados quando não são o centro das atenções e exteriorizam um comportamento exuberante, dramático e extrovertido. Tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos, fazendo com que tudo soe mais importante do que realmente é. Exibem ataques de temperamento, lágrimas e acusações, caso não marquem sua presença ou se não estejam recebendo os elogios ou a provação esperada. A aparência e o comportamento desses indivíduos na maioria das vezes são inadequados, podem mostrar-se excessivamente provocantes ou sedutores, e este comportamento não é dirigido somente para aqueles a quem têm interesse sexual ou romântico, e sim para uma ampla variedade de relacionamentos sociais, ocupacionais e profissionais. Fantasias sexuais sobre pessoas com as quais os pacientes estão envolvidos são comuns, mas seus relatos sobre estas fantasias são inconsistentes e podem ser tímidos ou conquistadores, em vez de sexualmente agressivos. Na verdade, os pacientes histriônicos podem ter uma disfunção sexual: as mulheres podem ser anorgásmicas e os homens, impotentes, Podem atuar segundo seus impulsos sexuais para confirmarem a si mesmos sua atratividade para com o sexo oposto. Sua necessidade de reasseguramento é interminável, e seus relacionamentos tendem a ser superficiais. Na maioria das vezes mostram-se vaidosos, absortos em si mesmos e instáveis. Sua forte necessidade de dependência toma-os exageradamente crédulos e ingênuos. Estes pacientes não têm consciência de seus verdadeiros sentimentos e são incapazes de explicar suas motivações. Geralmente têm um estilo de discurso excessivamente impressionista, porém vago. Podem embaraçar os amigos e conhecidos por sua excessiva exibição pública de emoções. Entretanto, suas emoções com frequência dão a impressão de serem ligadas e desligadas com demasiada rapidez para serem profundamente sentidas, o que pode levar a acusações de que estão fingindo. 182 Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Histriônica têm um alto grau de sugestibilidade, e suas opiniões e sentimentos são facilmente influenciados pelos outros e pelas tendências do momento. Nos relacionamentos íntimos apresentam dificuldade em adquirirem intimidade emocional, com frequência representam papéis, sem se dar conta disto. Os relacionamentos a longo prazo podem ser deixados de lado para dar lugar a relacionamentos novos e excitantes. Na entrevista, os pacientes histriônicos são geralmente cooperativos e anseiam por fornecer uma história detalhada. Transtorno da Personalidade Masoquista Neste manual existe 1 interpretação indicativa de Transtorno da Personalidade Masoquista. A característica da Personalidade Masoquista consiste em obter gratificação infligindo dor, humilhação ou sofrimento a si próprio (Kaplan, 1993). As pessoas com este transtorno escolhem pessoas e situações que levam ao desapontamento, fracasso ou mau tratamento, mesmo quando opções melhores se encontram claramente disponíveis. Geralmente rejeitam as tentativas alheias de oferecimento de auxílio. Depois de eventos pessoais positivos (por exemplo, uma nova conquista), respondem com depressão, culpa ou um comportamento que provoque dor (por exemplo, um acidente). É comum também provocarem respostas de rejeição em outros e depois sentirem-se magoados, derrotados ou humilhados (por exemplo, o cônjuge que ridiculariza a esposa em público, provocando uma resposta irada, para depois sentir-se arruinado). São pessoas que muitas vezes engajam-se em auto-sacrifícios excessivos não solicitados e desencorajados por outros. No Masoquismo Sexual, os indivíduos sentem-se perturbados por suas fantasias masoquistas, que podem ser invocadas durante o intercurso sexual ou masturbação, mas não atuadas de outro modo. Nesses casos, as fantasias masoquistas em geral envolvem ser estuprado, preso ou atado por outros, sem possibilidades de fuga. Outros agem de acordo com seus desejos sexuais masoquistas por conta própria (por exemplo: atando a si mesmos, picando-se com alfinetes ou agulhas, auto-administrando choques elétricos ou automutilando-.se) ou com um parceiro. 183 As fantasias masoquistas tendem a ter estado presentes na infância. A idade na qual iniciam as atividades masoquistas com parceiros é variável, mas geralmente se situa nos primeiros anos da vida adulta. Freud (apud Kaplan, 1993) acreditava que a capacidade masoquista para atingir o orgasmo seria perturbada pela ansiedade e sentimentos de culpa sobre o sexo, que são aliviadas pelo próprio sofrimento e punição. Cerca de 30% dos masoquistas também possuem fantasias sádicas, sendo conhecidos como sado masoquistas. Masoquismo Sexual no Kaplan (1993), CID- 10 (1993) e DSM-IV (1995) está em Parafilias. Transtorno da Personalidade Narcisista Neste manual existem 17 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade Narcisista. O Transtorno de Personalidade Narcisista é caracterizado por um padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e de falta de empatia (DSM- IV). São pessoas que têm um sentimento grandioso de sua própria importância. Consideram-se especiais e esperam um tratamento especial, acreditam ter necessidades especiais, que estão além do entendimento das pessoas comuns. Essas pessoas constantemente se preocupam com fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência, beleza ou amor ideal. Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Narcisista exigem admiração excessiva, sua autoestima é quase que invariavelmente muito frágil, vivem a “caçar” elogios e ficam furiosos quando isso não ocorre. Essas pessoas esperam que lhes seja dado o que desejam ou julgam precisar, não importando o que isto possa significar aos outros. Eles tendem a formar amizades ou relacionamentos românticos somente se vislumbram a possibilidade de que a outra pessoa vá ao encontro de seus objetivos ou que aumente sua autoestima. São pessoas que carecem de empatia e têm grandes dificuldades em reconhecer os de ou sentimentos dos outros, chegando a se impacientarem quando os outros falam de próprios problemas ou preocupações. Os que se relacionam com os narcisistas descobrem neles uma frieza emocional e falta de interesse mútuo. 184 Lidam pobremente com as críticas devido à vulnerabilidade de sua autoestima, e reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque afrontoso. Nas pessoas com Transtorno dc Personalidade Narcisista o envelhecimento é vivenciado, uma vez que valorizam a beleza, o vigor e os atributos da juventude aos quais se apegam de forma inapropriada. Portanto, podem ser mais vulnerável do que os outros grupos às crises da meia-idade. Os traços narcisistas podem ser particularmente comuns em adolescentes, não indicando necessariamente que terão o transtorno futuramente. Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo Neste manual existem 33 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo. O Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo é caracterizado por um padrão de preocupação com organização, perfeccionismo e controle mental e interpessoal (DSM-IV). Também conhecido por Neurose Anancástica, Neurose Obsessiva ou Neurose obsessiva -Compulsiva, os pacientes com esse transtorno tentam manter um sentimento de controle por meio de uma atenção exagerada a regras, detalhes triviais, procedimentos, listas. O Transtorno de Personalidade Narcisista é caracterizado por um padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e de falta de empatia (DSM- IV). São pessoas que têm um sentimento grandioso de sua. própria importância. Consideram-se especiais e esperam um tratamento especial, acreditam ter necessidades especiais, que estão além do entendimento das pessoas comuns. Essas pessoas constantemente se preocupam com fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência, beleza ou amor ideal. Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Narcisista exigem admiração excessiva, sua autoestima é quase que invariavelmente muito frágil, vivem a “caçar” elogios e ficam sós quando isso não ocorre. Essas pessoas esperam que lhes seja dado o que deseja julgam precisar, não importando o que isto possa significar aos outros. Eles tendem a amizades ou relacionamentos românticos somente se vislumbram a 185 possibilidade de que outra pessoa vá ao encontro de seus objetivos ou que aumente sua autoestima. São pessoas que carecem de empatia e têm grandes dificuldades em reconhecer os o ou sentimentos dos outros, chegando a se impacientarem quando os outros falam de próprios problemas ou preocupações. Os que se relacionam com os narcisistas descobrem neles uma frieza emocional e falta de interesse mútuo. Lidam pobremente com as críticas devido à vulnerabilidade de sua autoestima, e reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque afrontoso. Nas pessoas com Transtorno de Personalidade Narcisista o envelhecimento é vivenciado, uma vez que valorizam a beleza, o vigor e os atributos da juventude aos quais se apegam de forma inapropriada. Portanto, podem ser mais vulnerável do que os outros grupos às crises da meia-idade. Os traços narcisistas podem ser particularmente comuns em adolescentes, não indicam necessariamente que terão o transtorno futuramente. Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo Neste manual existem 33 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo. O Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo é caracterizado por um padrão de preocupação com organização, perfeccionismo e controle me interpessoal (DSM-IV). Também conhecido por Neurose Anancástica, Neurose Obsessiva ou Neurose obsessivava-Compulsiva, os pacientes com esse transtorno tentam manter um sentimento de controle por meio de uma atenção exagerada a regras, detalhes triviais, procedimentos listas horários e formalidades chegando a perder o ponto mais importante da atividade. Tais pessoas são formais e sérias, desprovidas frequentemente, de senso de humor. Insistem em uma obediência rígida às regras, sendo incapazes de tolerar o que percebem como infrações. Por conseguinte, falta-lhe flexibilidade e tolerância. São capazes de realizar trabalhos prolongados, desde que sejam rotinizados e não queiram alterações às quais geralmente não conseguem se adaptar. 186 As habilidades interpessoais das pessoas obsessivo-compulsivas são extremamente limita- Afastam as pessoas, são incapazes de comprometer-se e insistem em que os outros se submetam às suas necessidades e, por outro lado são ávidas por agradar aos que veem mais poderosos do que elas próprias. Em razão de seu medo de cometer erros, são indecisos e relutam em tomar decisões. São pessoas que demonstram excessiva dedicação ao trabalho e à produtividade, chegando à exclusão de atividades de lazer e amizades. Passatempos ou atividades recreativas são abordadas como tarefas sérias, que exigem meticulosa organização e trabalho árduo. A ênfase sempre está em um desempenho perfeito. As pessoas com este transtorno têm um respeito muito grande e rígido para com autoridades e regras, insistem em uma obediência ao pé da letra, sem qualquer flexibilidade de regras, e também podem ser incapazes de jogar fora objetos usados ou inúteis, mesmo quando não possuem valor sentimental. Também podem ser miseráveis e mesquinhos e manter um padrão de vida bem abaixo daquele que seria possível, acreditando que os gastos devem ser rigidamente controlados, a fim de se precaverem de futuras catástrofes. Qualquer coisa que ameace a rotina da vida destes pacientes ou sua estabilidade pode precipitar muita ansiedade, que é contida pelos rituais que impõem às suas vidas e tentam impor a outros. Transtorno de Personalidade Paranóide Este manual contém 16 interpretações para Transtorno de Personalidade Paranóide. Transtorno de Personalidade Paranóide é caracterizado por um padrão de desconfiança e suspeita, de modo que os motivos dos outros são interpretados como malévolos (DSM-1V). Também conhecido por Personalidade Paranóide Expansiva, Fanática, Querelante ou Paranóide Sensitiva, são pessoas que vivem sob uma constante desconfiança das pessoas em geral. Recusam responsabilidade por seus próprios sentimentos e atribuem a responsabilidade a outros, supõem que as outras pessoas os exploram, prejudicam ou as enganam, ainda que não exista qualquer evidência apoiando esta idéia. Geralmente suspeitam com base em poucas ou 187 nenhuma evidência, se preocupam com dúvidas infundadas quanto à lealdade e confiabilidade de seus amigos ou colegas, cujas ações são minuciosamente examinadas em busca de evidências de intenções hostis. O Transtorno de Personalidade Paranóide pode manifestar-se pela primeira vez na infância e adolescência, por uma tendência a ficar solitário, ter fracos relacionamentos com seus pares, ansiedade e fantasias idiossincráticas. Essas crianças podem parecer “esquisitas” ou “excêntricas” e provocar zombarias. Os adultos com o Transtorno relutam em ter confiança ou intimidade com outras pessoas pelo medo de que as informações que compartilham sejam usadas contra eles, geralmente lêem significados ocultos, humilhantes e ameaçadores em comentários ou observações benignas, guardam rancores persistentes em perdoar os insultos, ofensas ou deslizes dos quais pensam ter sido vítimas. Na maioria das vezes são patologicamente ciumentos, frequentemente suspeitando da fidelidade do cônjuge, sem qualquer justificativa adequada, muitas vezes coletam “evidências” triviais para apoiarem suas crenças ciumentas. No geral são pessoas de difícil convivência e na maioria das vezes enfrentam problema com relacionamentos íntimos. Suas desconfianças e excessiva hostilidade podem ser e expressadas em discussões agressivas, queixas recorrentes ou afastamento silencioso e visivelmente hostil. Como são hipervigilantes para possíveis ameaças, podem comportar de maneira reservada, velada e parecer “frias” e sem sentimento de ternura. Esses pacientes não possuem calor humano e se impressionam e prestam muita atenção a temas de poder e hierarquia, expressando desdém por aqueles vistos como fracos, doentios, prejudicados ou de alguma forma defeituosos. Nas situações sociais, as pessoas com Transtorno de Personalidade Paranóide podem parecer práticas e eficientes, mas frequentemente geram medo ou conflito em outras pessoas. Transtorno da Personalidade Sádica Neste manual existe 1 interpretação indicativa de Personalidade Sádica. É caracterizado por um padrão de comportamento cruel, humilhante ou agressivo que começa no início da vida adulta, no qual o indivíduo 188 sente prazer pelo sofrimento psicológico ou físico da vítima (Kaplan, 1993). As pessoas com este transtorno mostram um padrão generalizado de comportam cruel, humilhante e agressivo, dirigido para os outros. A crueldade ou violência física é para infligir dor ou domínio e, não para atingir algum objetivo (por exemplo: dominar a fim de roubar). Essas pessoas geralmente também gostam de humilhar ou maltratar em frente de outros que geralmente trataram ou disciplinaram alguém, especialmente crianças, com a mesma rigidez (são os pais que educam seus filhos com mãos de ferro). Em geral, as pessoas com transtorno de personalidade sádica são fascinadas pela violência, armas, ferimentos ou torturas, chegam a divertir-se ou sentir prazer como sofrimento psicológico ou físico de outros, inclusive nos animais. No Sadismo Sexual, o indivíduo pode ter fantasias sádicas a fim de obter prazer, que envolvem habitualmente o completo controle sobre a vítima, que se sente aterrorizada ante o ato sádico eminente. Outros colocam em prática seus anseios sexuais sádicos com vitimas que não dão consentimento. Em todos esses casos, o que causa excitação sexual é o sofrimento da vítima. As fantasias ou atos sádicos podem envolver atividades que indicam o domínio do indivíduo sobre a vítima (por exemplo: forçar a vítima a rastejar ou mantê-la em uma jaula) ou podem consistirem atar, vendar, dar palmadas, espancar, chicotear, beliscar,bater, queimar, administrar choques elétricos, estuprar, cortar, esfaquear, estrangular, torturar, mutilar ou matar a vítima. As fantasias sexuais sádicas tendem a ter estado presentes na infância. A idade de início das atividades sádicas é variável, mas habitualmente ocorre nos primeiros anos da vida adulta. Quando o Sadismo Sexual é praticado com parceiros que não consentem com a prática, a atividade tende a ser repetida até que o indivíduo com Sadismo Sexual seja preso. Alguns indivíduos com Sadismo Sexual podem dedicar-se a atos sádicos por muitos anos, sem necessidade de aumentar o potencial de infligir sérios danos físicos. Geralmente, entretanto, a gravidade dos atos sádicos aumenta com o tempo. 189 De acordo com a teoria psicanalítica, o sadismo é uma defesa contra medos de castração os sádicos fazem a outros o que temem que lhes aconteça. O prazer é extraído da expressão do instinto agressivo. Sadismo Sexual no Kaplan (1993), CID- 10 (1993) e DSM-IV (1995) está em Parafilias. Transtorno da Aprendizagem Neste manual existem 14 interpretações indicativas de Transtorno da Aprendizagem. Os transtornos da aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes padronizados e individualmente administrados, de leitura, matemática ou expressão escrita estão substancialmente abaixo do esperado para a idade, escolarização e nível de inteligência (DSM-IV), Anteriormente chamado de Transtorno das Habilidades Escolares, esses transtornos caracterizam-se por um funcionamento acadêmico substancialmente abaixo do esperado, tendo em vista a idade cronológica, medidas de inteligência e educação apropriada à idade. Os transtornos podem ser da leitura, da matemática, da expressão escrita ou transtorno de Aprendizagem sem Outra especificação, e os problemas de aprendizagem interferem significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária. Desmoralização, baixa autoestima e déficits nas habilidades sociais podem estar associados com os transtornos de aprendizagem. A taxa de evasão escolar para crianças ou adolescentes com transtornos de aprendizagem é de aproximadamente 40%. Os adultos com Transtornos de Aprendizagem podem ter dificuldades significativas no emprego ou no ajustamento social. Anormalidades subjacentes do processamento cognitivo (por exemplo: déficits na percepção visual, processos linguísticos, atenção, memória ou uma combinação destes) frequentemente precedem ou estão associadas com os Transtornos da Aprendizagem. Embora predisposição genética, danos perinatais e várias condições neurológicas ou outras condições médicas gerais possam estar associadas com o desenvolvimento dos Transtornos de Aprendizagem, a presença dessas condições não prediz, invariavelmente, e existem muitos indivíduos com Transtornos de Aprendizagem sem essa história. 190 Para um diagnóstico consistente de Transtorno de Aprendizagem o profissional deve assegurar-se de que os procedimentos de testagem da inteligência refletem uma atenção adequada à bagagem étnica ou cultural do indivíduo. Os transtornos da Aprendizagem devem ser diferenciados das variações normais na realização acadêmica e das dificuldades escolares devido à falta de oportunidades, ensino fraco ou fatores culturais. A escolarização inadequada pode resultar em fraco desempenho em testes estandartizados de rendimento escolar. Crianças de bagagens étnicas ou culturais diferentes daquelas dominantes na cultura da escola ou cuja língua materna não é língua do país, bem como crianças que frequentam escolas de ensino inadequado, podem ter fraca pontuação nesses testes. As crianças, com essas mesmas bagagens também podem estar em maior risco para faltas injustificadas à escola, em virtude de doenças mais frequentes ou ambientes domésticos empobrecidos ou caóticos. Os transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares compreendem grupos de transtornos manifestados por comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de habilidades escolares. Esses comprometimentos no aprendizado não são resultado de outros transtornos, tais como retardo mental, déficits neurológicos grosseiros, problemas visuais ou auditivos não corrigidos ou perturbações emocionais, embora eles ocorrer simultaneamente com tais condições. Transtorno da Ansiedade Generalizada Neste manual existem 14 interpretações indicativas de Ansiedade Generalizada. O transtorno de Ansiedade Generalizada caracteriza-se por pelo menos 6 meses de ansiedade e preocupações excessivas e persistentes (DSM-IV). Também conhecida por Neurose de Ansiedade, Reação de Ansiedade ou Estado de Ansiedade,o transtorno é caracterizado pelo fato de as pessoas se mostrarem patologicamente ansiosas acerca de tudo. Nesses casos é difícil controlar a preocupação que é irrealista ou excessiva e não restrita ou mesmo fortemente predominante em alguma circunstância ambiental em particular (isto é, ela é flutuante). 191 Como em outros transtornos ansiosos, os sintomas dominantes são altamente variáveis, mas queixas de sentimentos contínuos de nervosismo, tremores, tensão muscular, sudorese, sensação de cabeça leve, palpitações, fôlego curto, boca seca, tonturas, resposta de sobressalto exagerada e desconforto epigástrico são comuns. Medos de que o paciente ou um parente vai brevemente adoecer ou sofrer um acidente são frequentemente expressados, junto com uma variedade de outras preocupações e pressentimentos. Embora os indivíduos com Transtorno de Ansiedade Generalizada nem sempre sejam capazes de identificar suas preocupações como “excessivas, eles relatam sofrimento subjetivo devido à constante preocupação, têm dificuldade em controlar a preocupação ou experimentam prejuízos no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes”. A intensidade, duração, frequência da ansiedade ou preocupação são claramente desproporcionais à real probabilidade ou impacto do evento temido. O paciente considera difícil evitar que as preocupações interfiram na atenção a tarefas que precisam ser realizadas e têm dificuldade em parar de se preocupar. Crianças com Transtorno de Ansiedade Generalizada tendem a exibir preocupação excessiva com a sua competência, com o desempenho escolar, atlético ou social, apresentam necessidade frequente de reasseguramento ou então mostram um excesso de queixas somáticas. Adultos frequentemente se preocupam com circunstâncias cotidianas e rotineiras, tais como possíveis responsabilidades no emprego, finanças, saúde dos membros da família, infortúnios acometendo os filhos ou mesmo questões menores. Durante o curso do transtorno, o foco da preocupação pode mudar de uma preocupação para outra, e frequentemente está relacionado a estresse ambiental crônico. Alguns dados sugerem que acontecimentos vitais estariam associados com o aparecimento do Transtorno de Ansiedade Generalizada, O transtorno apresenta uma condição crônica, que se não tratada pode durar a vida inteira. Transtorno de Conduta Neste manual existem 16 interpretações indicativas de Transtorno de Conduta. 192 A característica essencial do Transtorno da Conduta é um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes apropriadas à idade (DSM-IV). A conduta é mais séria do que as travessuras e brincadeiras comuns das crianças e adolescentes, O transtorno de Conduta é caracterizado por um padrão repetitivo e persistente de conduta antissocial, agressiva ou desafiadora. Os comportamentos do transtorno caem em quatro agrupamentos principais: conduta agressiva que causa ou ameaça danos físicos a outras pessoas ou a animais, conduta não agressiva que causa perdas ou danos a propriedades, defraudação ou furto e sérias violações de regras. A perturbação do comportamento causa prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional. Julgamentos acerca da presença de transtorno de conduta devem levar em consideração o nível de desenvolvimento da criança. Este diagnóstico aplica-se apenas a pessoas menores de 18 anos de idade. Uma vez que os indivíduos com Transtorno de Conduta tendem a minimizar seus problemas, o psicólogo com frequência precisa recorrer a informações adicionais. O transtorno de Conduta é mais comum em filhos de pais com distúrbios de personalidade antissocial e dependência de álcool, do que na população geral. Condições domésticas caóticas, abuso infantil e negligência estão associados com o transtorno de conduta e delinquência. As crianças criadas em condições caóticas e negligentes tornam-se zangadas, exigentes, perturbadoras e incapazes de desenvolver, progressivamente, a tolerância à frustração necessária para relacionamentos maduros. Uma vez que seus modelos de papéis são deficientes e frequentemente mudam, não existe a base para o desenvolvimento, tanto de ideal de ego quanto de consciência. As crianças sentem pouca motivação para seguirem normas sociais e são relativamente imunes ao remorso. Os indivíduos com este transtorno também cometem sérias violações de regras. As crianças apresentam como padrão, iniciando - se prematuramente antes dos 13 anos de permanência fora de casa até 193 tarde da noite, apesar de proibições dos pais, como também pode haver fugas de casa durante a noite. Esses indivíduos podem ter pouca empatia e pouca preocupação pelos sentimentos, desejos e bem estar dos outros. Especialmente em situações ambíguas, as crianças com transtorno, em geral, percebem mal as intenções dos outros, interpretando-as como mais hostis e ameaçadoras do que de fato são. Geralmente respondem com uma agressão que identificam como razoável e justificada, podem ser grosseiras e não possuem sentimentos apropriados de culpa ou remorso. A autoestima na maioria das vezes é muito baixa, embora possam projetar uma imagem de “durão”. O transtorno de Conduta muitas vezes está associado com um início precoce de comportamento sexual, consumo de álcool, uso de substâncias ilícitas e atos imprudentes e arriscados. Os comportamentos desses indivíduos podem levar à suspensão ou expulsão da escola,problemas de ajustamento no trabalho, dificuldades legais, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez não planejada e ferimentos por acidentes ou lutas corporais. Os sintomas do transtorno variam com a idade, à medida que o indivíduo desenvolve maior força física, capacidades cognitivas e maturidade sexual. Podem se iniciar aos 5 ou 6 anos de idade, mas habitualmente aparecem ao final da infância ou início da adolescência. Transtorno de Despersonalização Neste manual existem 3 interpretações indicativas de Transtorno de Despersonalização. Transtorno de Despersonalização é caracterizado por um sentimento persistente ou recorrente de estar distanciado dos próprios processos mentais ou do próprio corpo, acompanhado por um teste de realidade intacto (DSM-IV). A principal queixa do paciente é que a sua atividade mental, seu corpo e/ou ambiente estão alterados em sua qualidade. Os indivíduos com o Transtorno podem sentir-se como que mecanizados ou que estão em um sonho ou distanciados do próprio corpo. Outra queixa comum é de que não estão produzindo seu próprio pensamento, imaginação ou lembranças, que seus movimentos e comportamentos não são, de algum modo, deles próprios. 194 Os indivíduos com Transtorno de Despersonalização mantêm um teste de realidade intacto, isto é, apresentam consciência de que isto é apenas uma sensação e de que não são realmente um autômato. Muitos deles frequentemente podem ter dificuldade em descrever seus sintomas por temer que essas experiências signifiquem que estão “loucos”. A Despersonalização é uma experiência comum; deve- se fazer esse diagnóstico apenas se os sintomas forem suficientemente severos para causar sofrimento acentuado ou prejuízo no funcionamento. Mais comumente, os fenômenos de despersonalização ocorrem no contexto de Doenças Depressivas, Hipocondria, Transtorno Fóbico e Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Elementos da síndrome podem também ocorrer em indivíduos mentalmente saudáveis em estados de fadiga, privação sensorial ou intoxicação alucinógena. Experiências voluntárias induzidas de Despersonalização fazem parte das práticas de meditação e transe prevalentes em muitas religiões e culturas, não devendo ser confundidas com o Transtorno. Transtorno de Estresse Pós-Traumático Neste manual existem 18 interpretações indicativas do Transtorno de Estresse Pós- Traumático. O Transtorno de Estresse Pós-Traumático caracteriza-se pela revivência de um evento extremamente traumático, acompanhada por sintomas de excitação aumentada esquiva de estímulos associados com o trauma (DSM-IV). Também conhecido por Neurose Traumática, é um transtorno que pode ocorrer em qualquer idade, mesmo na tenra infância. O transtorno desenvolve-se em pessoas que experimentaram estresse físico ou emocional envolvendo uma resposta de intenso medo, impotência ou horror. Os sintomas típicos incluem episódios de repetidas revivências do trauma sob a forma de memórias intrusas ou sonhos, falta de responsividade ao ambiente e evitação de indicativos que relembrem ao paciente o trauma original. Há usualmente um estado de hiperexcitação autônoma com hipervigilância, uma reação de choque aumentada e insônia. Da mesma forma a ansiedade e a depressão estão comumente associadas aos sintomas; e o uso excessivo de álcool ou drogas pode ser um fator de complicação. 195 Os sintomas em geral iniciam nos três primeiros meses após o trauma, embora possa haver um lapso de meses ou mesmo anos antes do seu aparecimento, surgindo como uma resposta tardia a um evento ou situação estressante. A probabilidade de desenvolvimento do Transtorno de Estresse PósTraumático em pessoas após um desastre ou trauma está positivamente correlacionada à gravidade do estressor. Quanto mais grave o estressor, maior a probabilidade de as pessoas desenvolverem o transtorno. Quando o trauma é relativamente leve (um acidente automobilístico sem vítimas fatais) a probabilidade é menor, pois fazer parte de um grupo de sobrevivente muitas vezes faz com que as pessoas lidem melhor com o trauma, compartilhando a experiência com outros. Em geral, as pessoas muito jovens ou crianças e muito idosas têm mais dificuldade para lidarem com os eventos traumáticos do que aqueles na meia-idade. Presumivelmente, as crianças pequenas ainda não têm mecanismos de enfrentamento adequados para lidar os insultos físicos e emocionais do trauma. Similarmente, as pessoas idosas, quando comparadas com os adultos jovens, tendem a ter mecanismos de enfrentamento mais rígidos CE a serem menos capazes de um enfoque flexível para os efeitos do trauma. Além disso, os efeitos do trauma podem ser exacerbados por incapacidades físicas e outras características da velhice. Transtorno de Somatização Neste manual existem 25 interpretações indicativas de Transtorno de Somátização. O Transtorno de Somatização é um transtorno polissintomático que inicia antes dos 30 anos, estende-se por um período de anos e é caracterizado por uma combinação de dor, sintomas gastrintestinais, sexuais e pseudoneurológicos (DSM-IV). O Transtorno de Somatização é conhecido como Histeria, Transtorno Psicossomático Múltiplo, Síndrome de Queixas Múltiplas ou Síndrome de Briquet. A característica do Transtorno é um padrão de múltiplas queixas somáticas recorrentes e clinicamente significativas. As múltiplas queixas somáticas não podem ser plenamente explicadas por qualquer condição médica ou pelos efeitos diretos de uma substância. 196 A maioria dos pacientes tem longa e complicada história de contato com serviços médicos tanto primários quanto especializados, durante a qual muitas investigações negativas ou operações infrutíferas podem ser realizadas. Podem ser referidos sintomas relacionados a qualquer parte ou sistema do corpo, mas sensações gastrintestinais (dor, eructação, regurgitação, vômito, náusea, etc.) e sensações cutâneas anormais (coceiras, queimação, formigamento, dormência, sensibilidade, etc.) e erupções ou manchas estão entre as mais comuns. Queixas sexuais e menstruais são também comuns. O curso do transtorno é crônico e flutuante e com frequência está associado a rompimento duradouro do comportamento social, interpessoal ou familiar. A causa do Transtorno de Somatização é desconhecida, embora o exemplo dos pais, bem como os costumes culturais e étnicos, ensinem algumas crianças a somatizar. Além disso, muitos pacientes são oriundos de lares instáveis e foram fisicamente maltratados. Os pacientes com Transtorno de Somatização geralmente descrevem suas queixas de um modo dramático, emotivo e exagerado, com linguagem vívida e colorida. Esses pacientes confundem sequencias temporais e não conseguem distinguir claramente os sintomas atuais da história passada. Frequentemente vestem-se de modo exibicionista e podem ser sedutores e cativantes, São descritos como dependentes, auto-centrado, famintos por admiração, elogios e com frequência são manipuladores. A história médica dos pacientes geralmente é circunstancial, vaga, imprecisa, inconsistente e desorganizada. Eles muitas vezes buscam tratamento com vários médicos ao mesmo tempo, o que pode levá-los a combinações de tratamentos complicados e por vezes prejudiciais. Transtorno Depressivo Neste manual encontram-se 56 interpretações indicativas para o Transtorno Depressivo. O Transtorno Depressivo caracteriza-se por um ou mais Episódios Depressivos, isto é, pelo menos duas semanas de humor deprimido, perda de interesse e prazer, energia reduzida levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade diminuída (DSM-IV). O Transtorno Depressivo pode ocorrer na criança, no adolescente, no adulto e no idoso. O humor deprimido e uma perda de interesse ou prazer são os sintomas-chave da depressão. E comum o discurso de 197 desânimo, desesperança e sentimento de inutilidade. Os pacientes frequentemente descrevem os sintomas da depressão como uma dor emocional agonizante. Nas crianças observa-se um apego excessivo aos pais, fobia à escola ou humor irritável ou rabugento, em vez de um humor triste ou abatido. Durante a adolescência, a apresentação clínica pode mostrar marcantes variações individuais, como consumo excessivo de álcool ou drogas, comportamento antissocial, desempenho escolar pobre, exacerbação de sintomas fóbicos ou obsessivos preexistentes ou preocupações hipocondríacas. O adulto deve apresentar pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma lista que inclui: alterações no apetite ou peso, sono e atividade psicomotora, diminuição da energia, sentimentos de desvalia ou culpa, dificuldade para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, ou pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio. A perda de interesse ou prazer quase sempre está presente, pelo menos em algum grau. Os pacientes podem relatar menor interesse por passatempos, “não ligo mais”, ou a falta de prazer com qualquer atividade anteriormente considerada agradável. Os familiares frequentemente percebem esse retraimento social ou a negligência a atividades agradáveis. Em alguns indivíduos, há uma redução significativa nos níveis anteriores de interesse ou desejo sexual. O apetite pode ser reduzido ou demonstrar uma avidez por alimentos específicos (por exemplo: doces ou Outros carboidratos). Aproximadamente 90% dos pacientes queixam-se de perturbações do sono, especialmente despertar precoce ou despertares múltiplos à noite, durante os quais ruminam seus problemas. Com menor frequência, os pacientes apresentam sonolência excessiva, na forma de episódios prolongados de sono noturno ou sono durante o dia. As alterações psicomotoras incluem agitação (por exemplo: incapacidade para ficar sentado, ficar andando sem parar, mexer as pernas, etc.) ou retardo psicomotor (por exemplo:discurso, pensamento ou movimentos corporais lentificados, fala diminuída em termos de volume, etc.). Essas alterações devem ser suficientemente severas para serem observáveis por outros, e não apenas sentimentos subjetivos. 198 Quase todos os pacientes deprimidos (97%) queixam-se de energia reduzida, resultando em dificuldades para terminar tarefas, prejuízo escolar e profissional, e motivação para pôr em prática novos projetos. O sentimento de desvalia ou culpa associado pode incluir avaliações negativas e irrealistas da própria vida, preocupações cheias de culpa ou ruminações acerca de pequenos fracassos do passado. Esses indivíduos frequentemente interpretam mal eventos triviais ou neutros do cotidiano como evidências de defeitos pessoais e têm um senso exagerado de responsabilidade pelas adversidades. Muitos pacientes relatam prejuízo na capacidade de pensar, concentrarse ou tomar decisões. Em crianças uma queda abrupta no rendimento escolar pode refletir uma fraca concentração. Em indivíduos idosos as dificuldades de memória podem ser a queixa principal. Aproximadamente dois terços dos pacientes deprimidos pensam em suicídio, e 10% a 15% o cometem. Os pacientes deprimidos às vezes queixam-se de serem incapazes de chorar, um sintoma que se resolve à medida que melhoram. Para episódios depressivos de todos os três graus de gravidade (leve, moderado ou severo), uma duração de pelo menos duas semanas é usualmente requerida para o diagnóstico, nas períodos mais curtos podem ser razoáveis se os sintomas são bastante graves e de início rápido. Transtorno do Pânico Neste manual existem 8 interpretações indicativas de Transtorno do Pânico. É caracterizado por Ataques de Pânico inesperados e recorrentes acerca dos quais o individuo se sente persistentemente preocupado, seguidos por pelo menos um mês de preocupação acerca de ter um outro Ataque de Pânico (DSM-IV). Um ataque de pânico é representado por um período distinto no qual há o início súbito de intensa apreensão, temor ou terror, frequentemente associados com sentimentos de catástrofe eminente. Durante esses ataques, estão presentes sintomas, tais como falta ar, palpitações, dor ou desconforto torácico, sensação de sufocamento e medo de “ficar louco” ou perder o controle (DSM-IV). 199 Os aspectos essenciais são ataques recorrentes dc ansiedade grave (pânico), os quais não são restritos a qualquer situação ou conjunto de circunstâncias em particular e que são, portanto, imprevisíveis. Os sintomas dominantes variam de pessoa para pessoa, porém, início súbito de palpitações, dor no peito, sensações de choque, tontura e sentimentos de irrealidade (despersonalização) são comuns. Geralmente há um medo secundário de morrer, perder o controle ou ficar louco. Os ataques individuais usualmente duram apenas minutos, ainda que às vezes sejam mais prolongados; sua frequência e curso são muito variáveis. Um paciente em um ataque de pânico, em geral, experimenta um medo muito súbito e sintomas autômatos, os quais resultam em uma saída, usualmente apressada, de onde quer que ele esteja. Os ataques de pânico constantes produzem medo de ficar sozinho ou ir a lugares públicos e geralmente é seguido de um medo persistente de ter outro ataque (CID-1O). Os indivíduos com Transtorno de Pânico apresentam preocupações acerca das implicações ou consequências dos Ataques de Pânico. Alguns temem que os ataques indiquem a presença de uma doença não diagnosticada e ameaçadora à vida. Os ataques também podem ser percebidos como uma indicação de que estão ficando loucos ou perdendo o controle. As preocupações acerca do próximo ataque ou suas implicações muitas vezes são associadas com o desenvolvimento de um comportamento de esquiva. A idade de início varia muito, mas normalmente pode começar no final da adolescência e início da idade adulta, apenas um pequeno número de casos começa na infância. Além da preocupação com os Ataques de Pânico e suas implicações, muitos indivíduos também relatam sentimentos constantes ou intermitentes de ansiedade não focalizada sobre qualquer situação ou evento específico. Outros tomam-se excessivamente apreensivos acerca do resultado de atividades e experiências rotineiras, particularmente aquelas relacionadas à saúde ou separação de pessoas queridas. Esses indivíduos também toleram menos os efeitos colaterais de medicamentos. Em pessoas onde o Transtorno do Pânico não foi convencionalmente tratado ou foi diagnosticado incorretamente, a crença de terem uma doença ameaçadora à vida não detectada pode levar a uma ansiedade debilitante e crônica e a constantes consultas médicas. Este padrão 200 pode ser perturbador tanto do ponto de vista emocional como financeiro. Esquizofrenia De acordo com as pesquisas de Hammer (1981), Laurenção Van Kolck (1984), Souza Campos (1989), neste manual existem 31 interpretações indicativas de Esquizofrenia. A Esquizofrenia é uma perturbação que dura peio menos 6 meses e inclui pelo menos um mês de sintomas da fase ativa (isto é, dois ou mais) dos seguintes: delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatônico e sintomas negativos (apatia, pobreza de discurso e embotamento de respostas emocionais) (DSM-IV), Os transtornos esquizofrênicos são caracterizados por distorções do pensamento, da percepção e pelo afeto inadequado. Muitas vezes a consciência e a capacidade intelectual não apresentam prejuízos, embora certos déficits cognitivos possam surgir com o tempo. A doença envolve funções básicas que dão à pessoa normal um senso de individualidade, unicidade e de direção de si mesmo. Os sintomas característicos de Esquizofrenia envolvem uma faixa de disfunções cognitivas e emocionais que acometem a percepção, o pensamento inferencial, a linguagem e a comunicação, o monitoramento comportamental, o afeto, a fluência e a produtividade do pensamento e do discurso, a capacidade hedônica, a volição, o impulso e a atenção. Nenhum sintoma isolado é patognomônico de Esquizofrenia; o diagnóstico envolve o reconhecimento de uma constelação de sinais e sintomas associados com prejuízo no funcionamento ocupacional ou social. Esses sintomas característicos podem ser conceituados como positivos (refletindo um excesso de distorções das funções normais - delírios, alucinações, discurso desorganizado e comportamento amplamente desorganizado ou catatônico) ou negativos (perda ou diminuição das funções normais - embotamento do afeto, alogia e avolição). Os delírios são crenças errôneas, habitualmente envolvendo a interpretação falsa de percepções ou experiências. Seu conteúdo pode incluir uma variedade de temas (por exemplo: persecutórios, referenciais, somáticos, religiosos ou grandiosos). Os delírios expressam 201 uma perda de controle sobre a mente ou o corpo e geralmente são considerados bizarros. As alucinações podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial, mas as alucinações auditivas são de longe as mais comuns e características da Esquizofrenia, sendo geralmente experimentadas como vozes conhecidas ou estranhas, que são percebidas como distintas dos pensamentos da própria pessoa. A desorganização do pensamento é definida como o aspecto mais importante, sendo que o indivíduo apresenta um discurso desorganizado. O discurso dos indivíduos pode ser desorganizado de várias maneiras, e a pessoa pode saltar de um assunto para outro ou as respostas podem não ter relação alguma com as perguntas. Um comportamento amplamente desorganizado também pode manifestar-se de várias maneiras, estando em um extremo o comportamento tolo e pueril até a agitação imprevisível. Os comportamentos motores catatônicos incluem uma diminuição acentuada da reatividade ao ambiente, às vezes alcançando um grau extremo de completa falta de consciência (esturpor catatônico), manutenção de uma postura rígida e resistência aos esforços de mobilização (rigidez catatônica), resistência ativa a instruções ou tentativas de mobilização (negativismo catatônico), adoção de posturas inadequadas ou bizarras (postura catatônica) ou excessiva atividade motora sem propósito e não estimulada (excitação catatônica). Os sintomas negativos da Esquizofrenia respondem por um grau substancial de morbidade associada ao transtorno. O afeto embotado é especialmente comum e se caracteriza pelo fato de o rosto da pessoa mostrar-se imóvel e irresponsivo, com pouco contato visual e linguagem corporal reduzida. A alogia (pobreza do discurso) é manifestada por respostas breves, lacônicas e vazias. A avolição caracteriza-se por incapacidade de iniciar e persistir em atividades dirigidas a um objeto. A pessoa pode ficar sentada por longos períodos de tempo e demonstra pouco interesse em participar de atividades profissionais ou sociais. A Esquizofrenia envolve disfunção em uma ou mais áreas importantes do funcionamento. Tipicamente, o funcionamento está claramente abaixo daquele que havia sido atingido antes do aparecimento dos sintomas. Se a perturbação começa na infância ou adolescência, entretanto, pode haver um fracasso em conquistar o que seria esperado do indivíduo, em vez de uma deteriorização no funcionamento. A 202 comparação entre o indivíduo e seus irmãos não afetados pode ser útil para esta determinação. O progresso educacional frequentemente fica perturbado, podendo o indivíduo ser incapaz de terminar a escolarização. Muitos indivíduos são incapazes de manter um trabalho por períodos prolongados de tempo e estão empregados em um nível inferior ao de seus pais. A maioria dos indivíduos com Esquizofrenia não se casa, e a maior parte mantém contatos sociais relativamente limitados. A disfunção persiste por um período substancial durante o curso do transtorno e não parece ser o resultado direto de qualquer aspecto isolado. O começo pode ser agudo, com comportamento seriamente perturbado, ou insidioso, com um desenvolvimento gradual de idéias e condutas estranhas. O curso do transtorno mostra igualmente uma grande variação e não é, sem dúvida, inevitavelmente crônico ou deteriorante. Numa proporção de casos, que pode variar em diferentes culturas e populações, a evolução é para uma completa ou quase completa recuperação. Os sexos são mais ou menos igualmente afetados, mas o começo tende a ser mais tardio nas mulheres (CID-10). Exibicionismo Neste manual existem 13 interpretações indicativas para o comportamento exibicionista. A característica do comportamento Exibicionista é a exposição dos próprios genitais a um estranho ou a pessoas em lugares públicos, sem convite ou pretensão de contato íntimo (DSM-IV). A excitação sexual decorre da antecipação da exposição, e o orgasmo acontece pela masturbação durante ou após o evento. As vezes o indivíduo se masturba durante a exposição (ou enquanto fantasia que se expõe). Se o indivíduo age sob influência desses anseios, geralmente não existe qualquer tentativa de uma atividade sexual adicional com o estranho. Em alguns casos, o indivíduo está consciente de um desejo de surpreender ou chocar o observador; em outros, o indivíduo tem a fantasia sexualmente excitante de que o observador ficará sexualmente excitado. O exibicionismo está quase inteiramente limitado a homens heterossexuais que se exibem para mulheres adultas ou adolescentes. Para alguns, o exibicionismo é sua única atividade sexual, mas outros mantêm o hábito simultaneamente a uma vida sexual ativa e dentro de 203 um relacionamento duradouro, embora seus ímpetos possam tomar-se mais aguçados frente a um conflito no relacionamento. A dinâmica do exibicionista reside na afirmação de sua masculinidade mediante a exposição do pênis e observação da reação da vítima medo, surpresa ou aversão. inconscientemente, estes homens sentemse castrados e impotentes. As esposas de exibicionistas geralmente servem de substitutas da mãe, a quem o paciente esteve excessivamente apegado durante a infância. A maior parte dos exibicionistas considera seus ímpetos difíceis de controlar e alheios ao próprio ego. Se a pessoa para quem se exibe parece chocada, assustada ou impressionada, a excitação do exibicionista é frequentemente intensificada. O início em geral ocorre antes dos 18, anos embora possa começar mais tarde. Poucos indivíduos de grupos etários mais velhos são detidos, o que pode sugerir que a condição se torna menos severa após os 40 anos de idade (CID- 10). Fobia Social Neste manual existem 16 interpretações referentes à Fobia Social. A Fobia Social caracteriza-se por ansiedade clinicamente significativa provocada pela exposição a certos tipos de situações sociais ou de desempenho, frequentemente levando ao comportamento de esquiva (DSM-IV). Também chamada de Antropofobia, Neurose Social, Histeria de Ansiedade ou Transtorno de Ansiedade Social, é uma fobia que está usualmente associada a baixa auto- estima, medo de críticas, avaliações negativas, medo de rejeição e sentimento de inferioridade. A exposição à situação social ou de desempenho provoca uma resposta imediata de ansiedade, pelo medo de ser indiretamente avaliado por outras pessoas, resposta esta que pode assumir a forma de Ataque de Pânico ligado à situação. Embora adolescentes e adultos com este transtorno reconheçam que seu medo é excessivo ou irracional, isto pode não ocorrer com as crianças. Nas situações sociais ou de desempenho temidas, os pacientes com Fobia Social experimentam preocupações acerca de embaraço e temem que as outras pessoas os considerem ansiosos, débeis, “malucos” ou estúpidos. 204 Eles podem ter medo de falar em público em virtude da preocupação de que os outros percebam a sua ansiedade pelo calor ou gelo das mãos, voz indecisa ou dificuldade em se expressar. Também podem esquivarse de comer, beber ou escrever em público, pelo medo de sentirem embaraço se os outros perceberem sua fobia. Em crianças, pode haver choro, ataques de raiva, imobilidade, comportamento aderente ou permanência junto a uma pessoa familiar, podendo a inibição das interações chegar ao ponto do mutismo. Crianças pequenas podem mostrar-se excessivamente tímidas em contextos sociais estranhos, retraindo-se do contato, recusando-se a participarem brincadeiras de grupo, permanecendo tipicamente na periferia das atividades sociais e tentando permanecer próximas a adultos conhecidos. Diferentemente dos adultos, as crianças com Fobia Social em geral não têm a opção de evitar completamente as situações temidas e podem ser incapazes de identificar a natureza de sua ansiedade. Elas podem apresentar declínio no rendimento escolar, recusa em ir à escola ou esquiva de atividades sociais e encontros adequados à idade, Para este diagnóstico em crianças, deve haver evidências de que são capazes de relacionar-se socialmente com pessoas familiares, e a ansiedade social deve ocorrer em contextos envolvendo seus pares, não apenas em interações com adultos. Muitos pacientes conseguem levar uma vida relativamente normal, apesar do Transtorno Fóbico, porque o objeto ou a situação fóbica é facilmente evitável; diferentemente do Transtorno do Pânico em que os ataques são imprevisíveis e inesperados. Hipocondria Esse manual apresenta 14 interpretações indicativas de Hipocondria. Hipocondria é preocupação com o medo ou a idéia de ter uma doença grave, com base em uma interpretação errônea de sintomas ou funções corporais (DSM-IV), A Hipocondria é também chamada de Transtorno Dismórfico Corporal, Dismorfobia Não Delirante, Neurose Hipocondríaca ou Nosofobia, e sua característica essencial é a preocupação persistente com a possibilidade de ter um ou mais transtornos físicos sérios e progressivos. Uma avaliação médica completa não é capaz de identificar a doença que responda plenamente pelas preocupações da pessoa, e o medo ou as 205 idéias inadequadas persistem apesar das garantias ao contrário. Entretanto, a crença não tem intensidade delirante, a pessoa é capaz de reconhecer a possibilidade de estar exagerando a extensão da doença temida ou de não existir absolutamente qualquer patologia. A preocupação na Hipocondria pode envolver funções corporais, anormalidades físicas menores, preocupação com um órgão específico, doença específica ou sensações somáticas e ambíguas. Os pacientes hipocondríacos podem acreditar ter uma doença séria ainda não detectada, e esta convicção persiste apesar de resultados laboratoriais negativos, do curso benigno ao longo do tempo e da avaliação apropriada do médico. Os pacientes com Hipocondria podem alarmar-se ao lerem ou ouvirem sobre doenças ou ao saberem que alguém adoeceu ou por sensações e ocorrências nos seus próprios corpos. Psicodinamicamente acredita-se que desejos agressivos e hostis em relação aos outros são transferidos (repressão e deslocamento) para queixas físicas. A raiva dos hipocondríacos origina-se de decepções, rejeições e perdas passadas, mas é expressa no presente por meio de solicitação da ajuda e preocupação de outras pessoas e posterior rejeição das mesmas como inefetivas. A hipocondria também tem sido vista como uma defesa contra a culpa, um senso de maldade inata, uma expressão de baixa autoestima e um sinal de preocupação excessiva com a própria pessoa. A dor e o sofrimento somático transformam-se, assim, num meio de compensação e expiação (anulação), podendo ser experimentados como uma punição merecida por erros passados (reais ou imaginários) e como uma sensação de ser mau e pecador. A hipocondria pode ser de origem sociocultural e tem sido vista como um pedido de admissão ao papel de doente, feito por uma pessoa que se defronta com problemas aparentemente insolúveis e insuperáveis. O papel de doente oferece uma via de saída porque ao paciente doente é permitido evitar obrigações nocivas e adiar desafios desagradáveis, sendo desculpado dos deveres. Reações hipocondríacas transitórias ocorrem após estresses maiores, como morte ou doença séria de alguém importante ou uma doença ameaçadora à vida que foi resolvida. As respostas hipocondríacas transitórias ao estresse extremo geralmente apresentam remissão 206 quando o estresse é resolvido, mas podem tornar-se crônicas, se reforçadas por pessoas no sistema social do paciente ou por profissionais da saúde. A Hipocondria pode iniciar-se em qualquer idade, e certos fatores são pré-disponentes como doenças graves na infância, experiência anterior com doença em um membro da família ou com a morte de alguém próximo ao paciente. Homossexualidade Este manual contém 19 interpretações sugestivas de homossexualidade. Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-1O, a orientação sexual por si só não é considerada como um transtorno, e a orientação sexual pode ser Heterossexual, Homossexual ou Bissexual. As causas do comportamento homossexual são enigmáticas. De acordo com a teoria psicodinâmica, as situações do início da vida que podem resultar no comportamento homossexual masculino incluem uma forte fixação à mãe, falta de cuidados paternais efetivos, inibição do desenvolvimento masculino pelos pais e perda na competição com irmãos e irmãs. A visão psicodinâmica sobre a homossexualidade feminina inclui uma falta na resolução da inveja do pênis, associada a conflitos edípicos não resolvidos. As mulheres homossexuais, comparadas com as mulheres heterossexuais, são descritas como tendo pais ternos e íntimos, ao contrário daquilo que se descobriu em relação aos homens homossexuais. Entretanto, as descrições das mães de homossexuais femininas não eram diferentes das de heterossexuais. Alguns homossexuais, particularmente homens, relatam uma conscientização acerca de atrações românticas pelo mesmo sexo antes da puberdade. De acordo com os dados de Kinsey (apud Kaplan, 1993), cerca de metade de todos os homens pré-púberes tem alguma experiência genital com um parceiro do mesmo sexo. Entretanto, esta experiência é, frequentemente, de natureza exploratória, particularmente se compartilhada com um companheiro, não com um adulto, e tipicamente não possui um forte componente afetivo. 207 A maioria dos homossexuais masculinos e femininos recorda o aparecimento de atrações românticas e eróticas por parceiros do mesmo sexo durante o início da adolescência. Entretanto, o claro reconhecimento da preferência por um(a) parceiro(a) do mesmo sexo tipicamente ocorre do meio ao final da adolescência ou após a idade adulta jovem. As mulheres mais do que homens homossexuais parecem ter experiências heterossexuais durante suas carreiras homossexuais primárias. Em um estudo, 56% de uma amostragem de lésbicas teve intercurso antes de sua primeira experiência homossexual genital, comparada com 19% de uma amostra de homossexuais masculinos que tiveram intercurso heterossexual antes. Aproximadamente 40% das lésbicas tinham tido intercurso heterossexual durante o ano anterior à pesquisa. As características comportamentais dos homossexuais femininos e masculinos são tão variadas quanto aquelas dos indivíduos heterossexuais de ambos os sexos. As práticas sexuais nas quais os homossexuais se engajam são as mesmas praticadas pelos heterossexuais, com as limitações óbvias impostas pelas diferenças anatômicas. Existem padrões variáveis de relacionamento prolongado entre homossexuais, como entre os heterossexuais. Alguns casais homossexuais vivem num relacionamento monogâmico ou primário por décadas, enquanto outros homossexuais tipicamente mantêm contatos sexuais apenas passageiros. Embora existam mais relacionamentos estáveis entre dois homens do que anteriormente se pensava, estes relacionamentos parecem ser menos estáveis e mais superficiais do que entre duas mulheres. Os casais homossexuais masculinos estão sujeitos a discriminações civis e sociais e não têm o sistema de apoio social legal do casamento ou a capacidade biológica para a procriação. Os casais de mulheres experienciam menor estigmatizarão social e parecem ter relacionamentos monogâmicos ou primários mais duradouros (Kaplan, 1993). Impulso Sexual Excessivo Neste manual existem 17 interpretações indicativas de Impulso Sexual Excessivo. 208 Tanto os homens com as mulheres podem ocasionalmente queixaremse de impulso sexual excessivo como um problema por si só, usualmente durante o final da adolescência ou início da idade adulta (CID- 10). No impulso sexual excessivo masculino (chamado de Don juanismo ou Satiríase), a característica principal é a hipersexualidade de certos homens, manifestada por sua necessidade de terem encontros ou conquistas sexuais demasiadamente frequentes. Suas atividades sexuais, entretanto, são utilizadas para mascarar profundos sentimentos de inferioridade. Alguns destes pacientes podem ter impulsos homossexuais inconscientes, os quais negam por contatos sexuais compulsivos com mulheres. Após o sexo, a maioria dos “Don Juans” não mais se interessa pela mulher. Ninfomania é um termo descritivo que significa desejo excessivo ou patológico por coito, em uma mulher. Existem poucos estudos científicos sobre a condição. Aquelas pacientes estudadas geralmente tiveram um ou mais transtornos sexuais, geralmente incluindo anorgasmia. Existe, frequentemente, um medo intenso de perda do amor. A mulher tenta satisfazer suas necessidades de dependência, em vez de gratificar os pulsos sexuais por intermédio de suas ações. Roubo patológico Neste manual existem 8 interpretações indicativas para Roubo Patológico. O Roubo Patológico caracteriza-se por um fracasso recorrente em resistir a impulsos de roubar objetos desnecessários para o uso pessoal ou em termos de valor monetário (DSM-IV), Também chamado de Cleptomania, onde o indivíduo vivencia um sentimento subjetivo de crescente tensão antes do furto e sente prazer, satisfação ou alívio ao cometer o furto (os objetos podem ser jogados fora, presenteados, armazenados e colecionados ou serem devolvidos disfarçadamente). O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança, não é realizado em resposta a um delírio ou alucinação, nem é explicado por um Transtorno de Conduta, Episódio Maníaco ou Transtorno de Personalidade Antissocial, Os objetos são furtados apesar de tipicamente terem pouco valor para o indivíduo, que teria condições de comprá-los. Os sintomas de cleptomania tendem a aparecer em 209 períodos de estresse significativo, como perdas, separações ou término de relacionamentos importantes. Embora algum esforço para ocultamento seja usualmente feito, os indivíduos que sofrem de cleptomania não costumam planejar seus furtos e nem levam em conta as possibilidades de serem presos. O roubo é um ato solitário, realizado sem cúmplice. O indivíduo pode expressar ansiedade, abatimento e culpa entre os episódios de roubo (eles geralmente têm consciência de que o ato é errado e sem sentido), mas isso não impede a repetição. A cleptomania ou roubo patológico pode começar na infância, embora a maioria das crianças e adolescentes que furtam não se tornam cleptomaníacos na idade adulta. Voyeurismo Neste manual existem 8 respostas indicativas de voyeurismo. O Voyeurismo envolve o ato de observar indivíduos, geralmente estranhos, sem suspeitar que estão sendo observados, que estão nus, a se despirem ou em atividade sexual (Kaplan, 1993). É uma preocupação recorrente com fantasias ou atos que envolvam a busca ou observação de pessoas nuas ou envolvidas em carícias ou atividade sexual. O ato de “espiar” serve a finalidade de obter excitação sexual e geralmente não é tentada qualquer atividade sexual com a pessoa observada. O orgasmo em geral é produzido pela masturbação, que pode ocorrer durante o voyeurismo ou mais tarde, em resposta à recordação do que o indivíduo testemunhou. Frequentemente esses indivíduos fantasiam uma experiência sexual com a pessoa observada, mas isso raramente ocorre na realidade. O primeiro ato de Voyeurismo frequentemente ocorre durante a infância, sendo mais comum nos homens. Em sua forma mais severa, o ato de espiar constitui a forma exclusiva de atividade sexual, e o curso tende a ser crônico. 12. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS 210 Alves, 1. C. B. - O Desenho da Casa: Evolução e Possibilidades Diagnósticas. São Paulo, 1986, Tese de doutorado apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Azevedo, M. A. 5. B. - Um Estudo Exploratório da Personalidade da Criança Obesa Através do Desenho da Figura Humana e dos Indicadores Emocionais de Koppitz. Campinas, 1996, Tese de doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade Estadual de Campinas, UNICAMP Battistoni, M. M. M. - Obesidade na Adolescência. Campinas, 1996, Tese de doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade Estadual de Campinas, UNICAMP Buck, 1. N. (1948) - The H.TP test - J. Clin, Psichol., 4: 151-159. 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