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CARTA AO LEITOR
Querido Leitor
Este manual veio ao mundo de uma forma totalmente inesperada.
Pode-se até pensar em uma “gravidez” de alto risco (estava com 40 anos
quando voltei a estudar e ingressei na UNICAMP), Na ocasião a minha
orientadora Profª. Dra. Maria José Franklin Moreira sugeriu que usasse
o HTP na pesquisa.
D HTP não fazia parte da minha prática clínica, e muito animada
comecei a me inteirar materiais publicados até então. A princípio senti
dificuldade em encontrar em um único livro as várias interpretações
fornecidas para a análise do grafismo. Cada autor priorizava uma
observação, e foi aí que senti necessidade de reunir esses diversos e
ricos apontamentos em um único material.
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Comecei a fazer uma apostila para uso próprio, para facilitar a consulta
durante a confecção da tese. A cada livro consultado, novas visões e
novos apontamentos acabavam sendo incorporados. Conforme os
testes eram aplicados e avaliados a minha apostila ia crescendo e
ficando cada vez mais encorpada. As minhas idéias sobre o tema foram
amadurecendo.
Este manual é uma reunião dessas várias interpretações (consultar as
referências bibliográficas) fornecidas para a análise dos grafismos, feitas
pelos autores do teste e por alguns especialistas no assunto. A idéia
inicial foi compilar e sintetizar de modo organizado as contribuições dos
principais autores, cujo maior objetivo é facilitar a vida do profissional e
do estudante de psicologia.
Desde então tenho usado o “HTP-F” com quase todos os pacientes, e,
em menor frequência o HTP-F cromático. Além disso, tenho pedido para
os pacientes desenharem um sol, percebo que cada um “vê o sol de seu
jeito especial”.
Ao lerem o manual perceberão que ao final de muitas interpretações
existem referências a algumas patologias. Algumas patologias
salientadas neste manual são pesquisas de outros autores (comum
em....), outras são sugestões minhas (sugere....), e não são pesquisas
comprovadas. O leitor deve ter consciência de que são apenas
sugestões baseadas nas interpretações. E o objetivo dessas sugestões é
estimular o leitor para novas pesquisas.
Vale ressaltar que o estudante ou o profissional que fizer uso deste
manual, ao interpretar o teste, deve olhar primeiro o global, a tendência
mais forte de um indício, e, quando este se repetir nos vários desenhos
ou quando no inquérito a suspeita se confirmar, só assim poderá
pensarem um diagnóstico.
No último capítulo fiz referências a várias patologias, sendo o ideal usálas com muito cuidado, principalmente nos diagnósticos infantis.
A idéia de publicação surgiu da dificuldade em encontrar em um único
livro as pesquisas e observações de diferentes e consagrados autores,
que condensasse de uma forma prática e clara toda a complexidade do
teste.
Um abraço
Flor.
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Sumário
INTRODUÇÃO. 15
2. NORMAS PARA APLICAÇÃO 19
2.1 Material 19
2.2 Instruções 20
3. INQUÉRITO 21
4. ANÁLISE QUALITATIVA 27
4.1, Resistências 27
4.2. Análise sequencial do conjunto dos desenhos 28
4.3. Tempo consumido 28
4.4. Pressão no desenhar 29
4.5. Caracterização do traço 29
4.6. Indicadores de conflitos 30
4.7. Localização no papel 31
4.8. Tamanho das figuras 33
4.9. Detalhes no desenho 34
4.10. Uso da borracha 35
5. CASA 37
5.1. Introdução 38
5.2. Perspectiva e posição da casa 39
5.3, Tipos de casa 40
5.4. Linha representativa do solo ou chão 41
5.5. Paredes 41
5.6. Porta 42
5.7. Janela 43
7
5.8. Telha ou telhado 45
5.9. Chaminé 465.10. Fumaça 48
5.11. Acessórios no desenho da casa 486. ARVORE 51
6.1. Introdução 52
6.2. Impressão da árvore como um todo 53
6.3. Idade atribuída à árvore 55
6.4. Arvore apresentada como morta 55
6.5. Perspectiva ou posição da árvore 56
6.6. Simetria 57
6.7. Raiz 57
6.8. Linha da terra ou do solo 58
6.9. Tronco 60
6.10. Tamanho do tronco 61
6.11. Largura do tronco 61
6.12. Contorno do tronco 62
6.13. Superfície ou tipos de desenhos no tronco 63
6.14. Galhos ou ramos 64
6.15. Tamanho dos galhos ou ramos 67
6.16. Largura dos galhos ou ramos 67
6.17. Direção dos galhos ou ramos 68
6.18. Copa 69
6.19. Tamanho da copa 71
6.20. Direção da copa 72
6.21. Folhas 72
8
6.22. Flores 74
6.23. Frutos 74
6.24. Acessórios no desenho da árvore 75
7. FIGURA HUMANA 77
7.1. Introdução 78
7.2. Figuras inacabadas 81
7.3. Sucessão das partes desenhadas 82
7.4. Ordem das figuras 84
7.5. Visão geral das figuras 85
7.6. Idade das figuras 86
7.7 Posturas das figuras 86
7.8. Simetria dos desenhos 87
7.9. Movimentos nos desenhos 87
710. Transparência nas figuras 89
7.11. Cabeça 90
712. Rosto 91
7.13. Cabelo 92
7.14. Chapéu 93
7.15. Barba e/ou bigode 93
7.16. Olhos 94
7.17. Sobrancelhas 96
7.18. Nariz 96
7.19. Boca 97
7.20. Orelhas 98
7.21. Queixo 99
7.22. Pescoço 99
9
7.23. Colarinho e gravata 100
7.24. Ombros 101
7.25. Tórax 102
7.26. Seios 103
7.2 7. Camisa, paletó, blusa ou camiseta 103
7.28. Cintura 104
7.29. Quadril e nádegas 1O5
7.30. Zona genital 105
7.31, Braços 106
7.32. Mãos 108
7.33. Dedos 109
7.34. Unhas 110
7.35, Anéis nos dedos 110
7.36. Pernas 111
7.37 Calças, saias e cintos 112
7.38. Pés e dedos 113
7.39. Sapatos e meias 114
7.40. Roupas e acessórios 114
7.41. Complementos 115
7.42. Comparação entre as duas figuras 116
8. FAMÍLIA DE ORIGEM E FAMÍLIA IDEAL 119
8.1. Introdução 120
8.2. Normas para aplicação 122
8.3. Observações na avaliação 122
8.4. Posições das figuras 123
8.5. Proporção entre os desenhos 126
10
8.6. Omissões 127
8.7 Figuras parentais 127
9. HTP-F CROMÁTICO 129
9.1. Observações na avaliação do HTP-F cromático 129
9.2. Disposição das cores 131
9.3. Simbolismo das cores 132
10. DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS 135
10.1. Caso n° 1 - Paciente A 135
10.2. Caso n°2 - Paciente B 141
10.3. Caso n°3 - Paciente C 149
11. O SIGNIFICADO DE ALGUMAS DOENÇAS DESTE MANUAL 159
11.1. Transtorno da Personalidade Antissocial 161
11.2. Transtorno de Personalidade Borderline 162
11.3. Transtorno de Personalidade Dependente 164
11.4. Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo 165
11.5. Transtorno da Personalidade Esquizoide 166
11.6. Transtorno de Personalidade Esquizotípica 167
11.7. Transtorno de Personalidade Histriônico 167
11.8. Transtorno da Personalidade Masoquista 169
11.9. Transtorno da Personalidade Narcisista 169
11.10. Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo 170
11.11. Transtorno da Personalidade Paranóide 171
11.12. Transtorno da Personalidade Sádica 172
11.13. Trans tono da Aprendizagem 173
11.14. Transtorno da Ansiedade Generalizada 174
11.15. Transtorno de Conduta 775
11
11.16. Transtorno de Despersonalização 177
11.17. Transtorno de Estresse Pós-Traumático 177
11.18. Transtorno de Somatização 178
11.19. Transtorno Depressivo 179
11.20. Transtorno do Pânico 181
11.21. Esquizofrenia 182
11.22. Exibicionismo 184
11.23. Fobia Social 185
11.24. Hipocondria 186
11.25. Homossexualidade 187
11.26. Impulso Sexual Excessivo 188
11.27. Roubo patológico 189
11.28. Voyeurismo 189
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 191
1.
INTRODUÇÃO
O HTP (House-Tree-Person) é uma técnica projetiva de desenho, que
visa penetrar na personalidade do indivíduo. Neste livro estamos
incluindo também os desenhos das Famílias (de Origem e Ideal) como
um complemento do teste. Uma técnica projetiva é um instrumento que
é considerado especialmente sensível a aspectos inconscientes ou
velados do comportamento, que permite ou encoraja uma ampla
variedade de respostas no sujeito.
Hammer (1981) amplia o conceito de projeção de Freud, onde o que é
projetado é sempre recalcado, e a define como a “colocação de uma
experiência interna ou de uma imagem interna, no mundo exterior”. E
completa: “... a projeção é o processo psicológico de se atribuir
qualidades, sentimentos, atitudes e anseios próprios, aos objetos do
12
ambiente (pessoas, outros organismos ou coisas). O conteúdo da
projeção pode ou não ser conhecido pelo sujeito como parte de si
próprio”.
Seu criador John N. Buck (1948) percebeu por meio de sua experiência
clínica que o tema Casa-Arvore-Pessoa são conceitos familiares mesmo
para as crianças bem pequenas; portanto, mais facilmente aceitos para
serem desenhados por sujeitos de todas as idades. Estimulam
verbalizações mais francas e abertas do que outros temas. Descobriu-se
que apesar de casas, árvores e pessoas poderem ser desenhadas em
quase uma infinita variedade de modos, um sistema de avaliação
quantitativa e qualitativa pode ser esquematizado para extrair
informações úteis relativas ao nível da função intelectual e emocional
do sujeito.
O HTP (neste livro, como estamos incluindo os desenhos da Família de
Origem e Ideal, usaremos a abreviação HTP-F) é uma técnica de
desenhos basicamente não verbal, que pode ser aplicada tanto em
crianças, adolescentes e adultos como também em deficientes mentais,
pessoas sem escolaridade, estrangeiros que não dominam plenamente
o idioma, mudos, tímidos (retraídos) e nos que são bloqueados
emocionalmente na área verbal.
O desenho é anterior a linguagem escrita e é considerado uma das mais
antigas formas de comunicação do ser humano. Isto é atestado pelos
desenhos e pinturas dos homens das cavernas e dos povos primitivos,
que fizeram com que chegassem até nós os seus interesses e expressões
de aspectos de sua vida.
Muito antes de escrever, as crianças aprendem a desenhar e, quando
desenham por lazer, geralmente retratam pessoas, casas, árvores,
animais, sol, etc. Esses temas são vistos nos trabalhos de crianças de
todas as terras e culturas, atestando a universalidade básica da mente
humana e dos sentimentos. As crianças pequenas tendem a ignorar ou
transformar a realidade em um mundo subjetivo, rico em fantasias. Os
desenhos são representações, e não reproduções da realidade.
O HTP-F alcança também uma função especial, proporcionando uma
introdução minimamente ameaçadora e maximamente prazerosa,
principalmente às crianças. Uma das vantagens da introdução dos
desenhos destacadas por Di Leo (1987), especialmente com crianças, é
que estes permitem “estabelecer um rapport rápido, fácil e agradável
com a criança”.
13
Atualmente, os desenhos das crianças são considerados um meio
privilegiado para a descoberta do seu mundo interno e da sua
psicodinâmica, além de constituírem um modo natural de expressão
para as mesmas. Sendo um meio de expressão e de comunicação, revela
muito do inconsciente daquele que desenha. O desenho projetivo, hoje
em dia, é considerado uma fonte frutífera de informação e
compreensão da personalidade, além de econômica e profunda.
Sempre que houver alguma barreira para a linguagem, o desenho
apresenta um potencial facilitador na expressão da personalidade,
servindo também como um meio de descontração, mesmo com uma
criança tímida ou um adulto de atitude negativa.
Da oportunidade de se observar e analisar um grande número de
desenhos, fica claro o surgimento e a elucidação de sentimentos que os
pacientes talvez nunca poderiam ser capazes de expressar com palavras,
mesmo que estivessem inteiramente conscientes desses estados que os
atormentam e os mobilizam. Os sentimentos e conflitos dos pacientes,
sejam eles crianças ou adultos, frequentemente infiltram-se em seus
desenhos, involuntária e/ou inconscientemente (observar a análise dos
desenhos na descrição de casos clínicos).
O desenho não constitui uma reprodução fiel da realidade. É antes uma
interpretação da realidade, uma maneira de ver as coisas e de se colocar
diante delas.
Coube à psicanálise desvendar que o inconsciente fala por meio de
imagens simbólicas. Dessa forma, os sonhos, mitos, folclore, fantasias e
obras de arte estão impregnados de determinismo inconsciente, sendo
seu estudo e interpretação uma importante via de acesso ao
inconsciente.
“O HPT investiga o fluxo da personalidade à medida que ela invade a
área da criatividade artística” (Harnmer, 1981). A linguagem do
inconsciente é fundamentalmente imaginativa e simbólica e, emerge
com bastante facilidade por meio dos desenhos. Tanto a linguagem
simbólica quanto o desenho alcançam níveis primitivos da
personalidade, permitindo o acesso ao mundo interno.
No HTP-F, os desenhos representam um reflexo da personalidade de seu
autor e mostram mais sobre o artista do que sobre o objeto retratado.
As atividades psicomotoras do sujeito ficam gravadas no papel. O
princípio básico da interpretação dos mesmos é que a folha de papel
14
representa o ambiente e o desenho, o próprio sujeito, e é a partir dessa
interação simbolizada que são realizadas as interpretações.
A página em branco sobre a qual o desenho é executado serve como um
fundo no qual o paciente nos oferece um vislumbre de seu mundo
interno, de seus traços e atitudes, de suas características
comportamentais, das fraquezas e forças de sua personalidade,
incluindo o grau em que pode mobilizar seus recursos internos para
lidar com seus conflitos psicodinâmicos, tanto interpessoais quanto
intrapsíquicos.
A linha feita pode ser firme ou tímida, incerta, hesitante ou audaciosa,
ou, ainda, pode consistir em um ataque selvagem ao papel. Além disso,
a percepção consciente e inconsciente do sujeito em relação a si mesmo
e às pessoas significativas do seu ambiente determina o conteúdo de
seu desenho.
Partindo dessa idéia básica, o trabalho com desenhos segue uma
sequencia de avaliação, em que vários traços gráficos são identificados
em sua forma específica, segundo critérios próprios.
Para interpretar o HTP-F, é necessário que o psicólogo tenha uma vasta
experiência clínica, conhecimentos de psicopatologia, psicossomática e
psicanálise, estudos sobre movimentos expressivos da personalidade e
uma reflexão sobre os mitos e as lendas populares. Da mesma forma
saber se as características dos desenhos são comuns ao mesmo grupo
etário, sexual, cultural, etc. (em uma criança de 4 anos não se espera o
desenho da figura humana completo). A metodologia do examinador
precisa, por necessidade, ser tanto intuitiva como analítica, e confiar
apenas em detalhes específicos pode ser enganador. Para uma análise
substanciosa é importante uma relação dos detalhes com o todo, pois
um traço gráfico isolado não significa muita coisa: é apenas um sinal,
que adquire uma importância máxima quando existem muitos
elementos apontados na mesma direção. Apesar disso, o examinador
deve ter bom senso, pois alguns detalhes são mais incomuns e mais
significativos que outros, como o retratamento explícito dos órgãos
sexuais, a falta de telhado ou a porta em uma casa ou uma árvore de
espinhos. Não se trata somente de uma questão de números de
detalhes, mas também da qualidade destes.
Após a primeira visão global dos desenhos, encaminha-se para a
avaliação das partes individuais. As partes individuais são significativas
em sua inter-relação com o todo, afetando reciprocamente o contexto
15
global. Um paralelo pode ser feito com o que ocorre no corpo humano:
quando uma parte está doente ou danificada, o corpo é afetado
globalmente. Porém, o grau desse comprometimento é determinado
pelo corpo, considerando- o um organismo que funciona como um todo
(Dileo, 1987).
O conhecimento do HTP-F permite ao psicólogo clínico realizar um
processo de inferência clínica. Esta, no procedimento de exploração da
personalidade, vai permitir ao profissional estabelecer uma série de
hipóteses dinâmicas e estruturais sobre o indivíduo. Além disso, o HTP-F
também tem-se mostrado extremamente útil, tanto no diagnóstico
como no prognóstico das avaliações individuais. Sua aplicação durante o
decorrer da terapia, em intervalos regulares, indica como o paciente
está progredindo no tratamento e a validade das mudanças emocionais
e comportamentais. É um instrumento sensível aos fluxos e refluxos das
mudanças terapêuticas e menos influenciado pelas lembranças das
aplicações anteriores.
2.
NORMAS PARA APLICAÇÃO
Os desenhos devem ser executados na seguinte ordem: CASA, ÁRVORE,
FIGURA HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO AO DA
PRIMEIRA DESENHADA, FAMILIA DE ORIGEM e o desenho da FAMILIA
IDEAL. Segundo E. Hammer, a manutenção dessa ordem proporciona
uma gradual introdução do examinando na tarefa de desenhar, levandoo gradativamente aos temas mais difíceis do desenho. O examinando é
levado do autorretrato mais neutro (CASA) ao de maior implicação
afetiva, que é o desenho da FIGURA HUMANA.
Para cada desenho se oferece, ao avaliando, uma folha branca, tamanho
ofício. Caso ele execute o desenho completo (como, por exemplo, no
desenho da FIGURA HUMANA faça somente o rosto), deve recolher-se
esse primeiro, oferecer-lhe outra folha e instruí-lo para fazer o desenho
de uma pessoa completa. Por uma pessoa completa, às vezes, é
necessário informá-lo que esta apresenta cabeça, tronco, braços e
pernas. Quando quaisquer dessas áreas estão omitidas, a figura é
considerada incompleta, porém, se apenas uma parte de uma área é
omitida, como, por exemplo, mãos, pés ou uma das partes do rosto, o
desenho deve ser aceito como completo.
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Caso o examinando peça permissão para usar ou tenta usar qualquer
auxílio mecânico (como, por exemplo, uma régua), é necessário instruílo que o desenho deve ser feito à mão livre.
Depois que a bateria acromática estiver pronta, faz-se o inquérito (ver o
capítulo de Inquérito). O examinador recolhe os desenhos e o lápis
preto, dando novas folhas e a caixa de lápis de cor. O lápis preto deve
ser recolhido, para que o examinando não seja tentado a fazer o
contorno com lápis preto, para depois colori-lo.
2.1 — Material
1. Sala privativa, com mesa e cadeiras adequadas e confortáveis.
2. Folhas de papel branco, tamanho oficio.
3. Lápis, de preferência o n° 2.
4. Borracha macia.
5. Caixa de lápis de cor ou crayon.
Segundo E. Hammer, a caixa de lápis coloridos ou crayons (Hammer usa
um conjunto de crayons marca rayola) deve consistir de oito cores:
vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, preto, violeta e laranja.
2.2 — Instruções
O examinador deve falar ao sujeito: “Por favor, desenhe uma casa, da
melhor maneira que puder. Pode levar o tempo que quiser e apagar
quando precisa que não conta contra você. O importante é fazer o
melhor que conseguir”.
Caso o examinando apresente-se tímido ou incapaz de uma boa
execução, o examinador deve estimulá-lo e ao mesmo tempo deixar
claro que o importante não são os dotes artísticos, e sim as qualidades
de seu traçado e a compreensão do que foi pedido.
Procede-se da mesma forma em todos os desenhos,
No caso da FIGURA HUMANA, pede-se primeiro que desenhe uma
pessoa qualquer. Aplica-se o questionário e depois pede-se que
desenhe outra figura do sexo oposto ao da primeira desenhada.
Para o desenho da CASA e das FAMÍLIAS, o papel deve ser apresentado
com o eixo maior na horizontal, e, para os desenhos da FIGURA
HUMANA e da ARVORE, o eixo maior deve ser ria vertical.
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“Depois que a bateria acromática estiver pronta, inicia-se a bateria
cromática: ‘Agora, por favor, desenhe uma casa colorida”. E assim deve
proceder-se com os demais desenhos.
É importante que o examinador tenha o cuidado de não pedir ao
examinando para desenhar “outra” casa, ou “outra” árvore, porque a
palavra “outra” pode significar que ele não deve repetir o mesmo tipo
de desenho feito com o lápis preto. Para que o teste apresente uma
maior fidedignidade, o examinando deve ter todas as possibilidades de
escolha.
Para qualquer dúvida do examinando, como, por exemplo: “Que tipo de
casa devo desenhar?” ou “Não sei desenhar muito bem”, etc., o
examinador deve calmamente responder: “Como você quiser”, “Como
você achar melhor” ou “Como você gostar”.
3.
INQUÉRITO
O examinador deve observar e anotar todos os movimentos e
verbalizações do examinando estimulando-o sempre de forma tranquila
e despretensiosa. Qualquer emoção manifestada pelo sujeito enquanto
está desenhando ou sendo questionado a respeito de seus desenhos
representa uma reação emocional à situação, que, de certa forma, está
direta ou simbolicamente representada ou sugerida nos desenhos.
É importante que se observe como ele se entrega à tarefa, de forma
confiante e confortável ou se expressa dúvidas a respeito de suas
habilidades.
Quando está realizando os desenhos, o que as suas expressões revelam?
( )Insegurança
( )Ansiedade
( ) Desconfiança
( )Tensão
( )Arrogância
( ) Hostilidade
( ) Negativismo
( ) Cautela
( ) Autocrítica
( )Relaxamento
( )Bom humor
( ) Alegria
( ) Serenidade
( ) Confiança
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É importante observar a sequencia em que o examinando faz seus
desenhos. O examinador deve ficar alerta quando a sequencia é
alterada e anotar enquanto o desenho está sendo produzido; caso
contrário, esses detalhes ficam perdidos em um global terminado. O
global pode parecer muito bom, mas a dificuldade em produzi-lo de
uma maneira convencional pode ser o primeiro sinal de problema
psicológico.
Deve-se lembrar sempre que um sinal isolado não quer dizer muita
coisa. É apenas um indicador de problemas e somente quando temos
uma gama de sinais apontados em uma mesma direção é que podemos
pensar em uma patologia.
Após o término dos desenhos, o avaliador deve começar o inquérito
relativo a cada um dos desenhos.
Nome------------------------------------------------------------------------------------------------------Idade;----.anos------meses Data de nasc.: ____/____ /
Grau de escolaridade--------------------------------------Data: ___/___/___
1 — Casa
Uso da borracha ( ) Excessivo ( )
Normal ( )
( ) Não usa
01. Muito bem, vejamos agora se inventamos uma história sobre essa
casa como se fosse uma novela ou uma peça de teatro. Por exemplo, de
quem é essa casa?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------02. Quantas pessoas moram nela?----------------------------------------------------03. Quantos andares tem?----------------------------------------------------------------04. Falta alguma coisa nessa casa?------------------------------------------------------
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05. Você gostaria de morar nela?----------------------------------------------------------06. Se você fosse dono (a) dessa casa e pudesse fazer com ela o que
bem quisesse, qual o cômodo que você escolheria para você? Por quê?
-----------------------------------------------------------------------------------------------07. Quando você olha para a casa, ela parece estar perto ou longe de
você?--------------------------------------------------------------------------------------------------------------08. Se você estivesse olhando essa casa, como você a estaria vendo?
( )Na altura dos seus olhos ( ) Abaixo
( ) Acima dos seus olhos
09. Em que essa casa faz você lembrar ou pensar?-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------10. Essa casa é:
( )Feliz
( )Amiga )
( ) Confiável
( )Triste
( )Agressiva
( ) Barulhenta Por que? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------11. Você acha que a maioria das casas é assim ?-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------12. Alguém ou alguma coisa já machucou essa casa? Por quê?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------13. De que essa casa necessita mais -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------20
14. Desenhe um sol. Vamos imaginar que esse sol seja alguma coisa ou
pessoa que você conhece. Quem seria?------------------------------------------------------------------------------
2— Árvore
Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa
01. Sequencia do desenho:
____________________________________________
02. Que tipo de árvore é essa que você desenhou? ____
03. Onde ela poderia estar situada? ________________
04. Quem a plantou? Por quê? _______________________
05. Que idade ela tem? ___________________________ ________
06, Você pensa nela como estando:
Viva ( ) Por que você acha que ela está viva? ______ _______________
Morta ( ) Existe alguma parte morta nessa árvore? Por que você acha
que morreu?
Há quanto tempo
morreu?_____________________________________________
07. Essa árvore para você parece mais um homem ou uma mulher? Por
quê? ____
08. Essa árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? _------------_________________________
09. Olhando para a árvore, você tem a impressão de que ela está:
Acima ( ) Abaixo ( ) No mesmo plano que você
10. Como está o clima nessa figura?
_________________________________
11. Há algum vento soprando nessa figura? _____________ _____
21
12. Em que essa árvore faz você lembrar ou pensar?
___________________ - 13. Essa árvore está sadia? _____________________________
14. Por que você acha que ela está sadia? ___________
15. Do que essa árvore mais necessita? ________________
______________
16. Alguém ou alguma coisa já feriu essa árvore? _________ ________
________
3—Pessoa
Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa
01. Sequencia do desenho:
_________________________________________________
02. Isso é: ( ) um homem ( ) uma mulher
( ) Um menino
( ) uma menina
03, Quantos anos tem? ____________________
04. Quem é ele (a)? ______________ ____
05. O que ele (a) está fazendo? _______________
06. Ele (a) se dá melhor com o pai ou com a mãe
07. Em que ano está na escola? ________
08. O que ele(a) quer ser?
_______________________________________________
09. Qual é a parte mais bonita de seu corpo? ____________________ _______________
10. E a mais feia? ____________ ______
11. Como ele (a) se sente? Por quê? ____________
12. O que mais o(a) preocupa? ___________
22
13. Tem muitos amigos? ___________________ ______—
14. Mais velhos ou mais novos? ______________ _____
15. O que ele (a) mais quer da vida? ________________________-____
16. A melhor qualidade dele (a) é _______________ _____ --____ —
17. A pior é _______________ _____ _______
18. Do que ele (a) tem medo? _____________ __________
19. Deque essa pessoa mais precisa? ________ _____ - -- -—
20. Você gostaria de ser como essa pessoa? __________________ -- —
21. O que as pessoas falam dele (a)? _____________________
22. E os familiares? ______________
23. Alguém já feriu essa pessoa? Por quê?
________________________________
24. Imagine que o sol seja uma pessoa que você conhece. Quem seria?
25. Você acha que a maioria das pessoas se sente assim?
26. Qual é o clima nessa figura? —
27. Que tipo de roupa está vestindo? __________ ____
Só Para Adultos
01. Estuda ou trabalha?
02. O que mais quer da vida? __________________
03. Prefere ficar só ou no meio de outras pessoas? —
04. Namora? ____________________________
05. Tem vida sexual?__________________________
06. Se casado (a) - Vive bem com o companheiro (a)?
07. As relações sexuais são gratificantes? _____
23
4—
Família de Origem
Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa
01 Sequencia do desenho -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------02. Quem são as pessoas que desenhou?----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------03. Aí estão todos os seus familiares?---------------------------------------------------------04. Quem está faltando?--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------05. Por que não está aí?-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------06. Quem é a pessoa com quem você melhor se relaciona nessa família?
Por quê?-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------07. Quem é a pessoa com quem você tem mais dificuldade em se
relacionar? Por quê?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------08. Quem é a pessoa mais feliz desse grupo? Por quê?-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------09. Quem é a mais triste ou a menos feliz? Por quê?-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
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5—
Família Ideal
1. Sequencia do desenho:- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------2. Quem são as pessoas que desenhou?-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------3. Em que família você estava pensando quando estava desenhando?---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
No final de cada desenho é interessante pedir ao examinando que
coloque um sol. Presume-se que o sol simbolize a figura de maior
autoridade ou de maior calor e/ou aFeto no ambiente. A disparidade de
tamanho entre o sol e o total do desenho pode expressar a visão que o
examinando tem a respeito de seu relacionamento com a pessoa
representada pelo sol.
4.
ANÁLISE QUALITATIVA
Avaliação do HTP-F, tanto cromático como acromático, precisa ser
efetuada com bastante cuidado. A interpretação de um dado só pode
ser considerada correta depois ter relacionado esse detalhe à
configuração total obtida. É essencial que não se coloque peso
demasiado em dados isolados.
Na avaliação dos desenhos deve levar-se em conta o princípio básico de
que o papel repreta o ambiente, o desenho, o próprio sujeito e que
somente a partir dessa interação simbolizada é que são realizadas as
interpretações.
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Uma série de itens faz parte da coleta de dados referentes à maneira
como o indivíduo desenhou, na análise qualitativa, devemos considerar
todos os desenhos (CASA, ÁRVORE,HUMANA, FIGURA HUMANA DO
SEXO OPOSTO AO DA DESENHADA, FAMÍLIA DE ORIGEM e FAMÍLIA
IDEAL).
Para efetuar uma análise qualitativa, necessitamos observar os
seguintes itens:
4.1 — Resistências
São casos de rejeição à tarefa proposta em graus diferentes de
intensidade, podendo ocorrer, em um extremo, a negação para
desenhar e, no outro, a execução adequada dos desenhos.
Não apresenta — confiança no desempenho.
Negação — intenso sentimento de inferioridade, sensação de ser
inadequado para o cumprimento da tarefa, dificuldade em arriscar-se e
em receber julgamentos, bloqueios severos ou atitudes de negativismo
e oposição em relação ao ambiente (comum em fobia Social, Transtorno
de Personalidade de Esquiva ou Transtorno de Personalidade
Paranóide).
Omissão de algumas partes do desenho — indícios de problemas e
conflitos em relação à parte em questão (comum em pacientes com
Esquizofrenia, Transtorno Depressivo, Transtorno de Estresse PósTraumático, Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Hipocondria).
4.2 — Análise sequencial do conjunto dos desenhos
Oferece pistas a respeito da quantidade de energia e disposição do
avaliando. O avaliador precisa ficar atento tanto ao aumento quanto à
diminuição psicomotora e observar se o sujeito deixa levar-se por
associações emocionais despertadas pela tarefa.
Desenvolvimento normal — boa energia, equilíbrio emocional e
mental. Alguns pacientes começam ansiosos, mas logo acalmam-se e
trabalham eficientemente, sugerindo apenas uma ansiedade situacional.
Decréscimo psicomotor — elevada fatigabilidade e em alguns casos
depressão. A depressão caracteriza-se por uma acentuada pobreza de
detalhes ou incapacidade para completar os desenhos. Alguns pacientes
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inicialmente aceitam a tarefa de desenhar sem muito protesto,
produzem um desenho razoavelmente bom na primeira tentativa, mas
demonstram fadiga óbvia no desenho seguinte. Por exemplo:
abandonam a tarefa logo após terem produzido apenas a “cabeça” do
desenho da FIGURA HUMANA.
Aumento psicomotor — impulsividade, ansiedade excessiva, abertura a
estímulos (sugere Transtorno de Personalidade Borderline).
4.3 — Tempo consumido
O uso que o avaliando faz do tempo durante a execução fornece pistas
valiosas referentes ao significado que os desenhos têm para ele. O
avaliador deve relacionar o tempo total consumido com a qualidade dos
desenhos. Alguns pacientes desenham e apagam várias vezes, perdendo
muito tempo; outros consomem a mesma quantidade de tempo, mas
desenham livremente e colocam uma infinidade de detalhes.
Tempo de latência inicial — a maioria dos indivíduos bem ajustados
começa a desenhar mais ou menos 30 segundos depois que as
instruções foram dadas.
Pausas durante a realização do desenho — depois de iniciado o
desenho, qualquer pausa superior a mais ou menos que cinco segundos
sugere conflitos com o que acabou de desenhar ou ainda com o que vai
ser desenhado. Quando ocorrem pausas durante os comentários
espontâneos do sujeito ou enquanto ele está respondendo ao
questionário, é indício de prováveis bloqueios.
4.4 Pressão no desenhar
Analisa o nível de energia do indivíduo. O tipo de linha e a pressão do
traçado indicam, em extremo, energia, vitalidade, decisão e iniciativa e,
no outro, insegurança, falta de confiança em si ou ansiedade.
Pressão média — boa energia, equilíbrio e vitalidade.
Pouca pressão, traço leve — baixo nível de energia, insegurança,
timidez, sentimento de incapacidade, falta de confiança em si mesmo e
em alguns casos repressão dos impulsos. (comum em Deprimidos,
Esquizofrênicos e sugere também Transtorno de Personalidade
Dependente ou sentido artístico e/ou pessoas com personalidade mais
sensível).
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Muita pressão, traços fortes — excesso de energia, vitalidade, iniciativa,
decisão, confiança em si mesmo ou medo, tensão, insegurança,
agressividade e hostilidade para com o ambiente, aguda consciência da
necessidade de autocontrole, falta de adaptação com esforço para
manter o equilíbrio da personalidade ou ainda pode ser uma expressão
de isolamento com necessidade de proteger-se de pressões externas
(comum em Transtorno de Conduta, Transtorno de Personalidade
Antissocial, Transtorno de Somatização e sugere também Transtorno de
Ansiedade Generalizada).
Variação na pressão — flexibilidade, capacidade de adaptação ou
labilidade de humor, instabilidade e impulsividade (comum em
pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline).
4.5 — Caracterização do traço
Pessoas que apresentam o desenvolvimento da técnica do desenho
utilizam-se de avanços e recuos no seu traçado. Crianças, de maneira
geral, apresentam com mais frequência um traço contínuo, com linhas
firmes, grossas e pesadas.
Traços com predominância de linhas decisivas, controladas e livres —
decisão, rapidez, esforço dirigido, bom tônus muscular e equilíbrio
emocional e mental (comum em indivíduos rápidos, decididos, seguros e
com perseverança para trabalhar e alcançar os objetivos).
Traços longos ou extremamente contínuos — falta de sensibilidade,
medo de iniciativas ou humor agressivo (comum em alguns indivíduos
inibidos e sugere Fobia Social).
Traços com avanços e recuos - emotividade, ansiedade, falta de
confiança em si, timidez, insegurança, hesitação ao encontrar novas
situações ou sentido artístico, intuição e sensibilidade (comum em
pacientes excitáveis e com comportamento mais impulsivo, sugerindo
Transtorno de Ansiedade Generalizada).
Traços interrompidos, mudando de direção — incerteza, temor,
angústia, insegurança, falta de opinião própria e de pontos de vista bem
firmados ou dissimulação de problemas, não aceitação do meio
ambiente, agressividade controlada e oposição (sugere Transtorno de
Ansiedade Generalizada).
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Traços apagados — dissimulação da agressividade, medo de revelar os
problemas, de se expor ou debilidade física, inibição, timidez,
sentimento de insignificância, sensação de ser desprovido de valor e
sensação de ser incapaz de ser reconhecido como pessoa (sugere
Transtorno Depressivo).
Traços trêmulos — insegurança, medo, esgotamento nervoso, fadiga
extrema e sensibilidade excessiva (comum em Doenças Cerebrais,
Alcoolismo, Intoxicação por Drogas, remédios, etc. e sugere Transtorno
Depressivo).
Traços pontilhados ou denteados — agressividade, hostilidade e
dissimulação (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno de
Personalidade Antissocial).
Traços peludos — personalidade primitiva, comum em pessoas que
agem mais pelo instinto do que pela razão (sugere Transtorno da
Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial).
Quando em cada linha há indícios de estresse, falta de objetivos,
confusão ou traços estranhos (olhos fora do rosto, mãos e dedos ou
estão ligados a lugares errados ou não estão presentes) — sugere
Esquizofrenia.
4.6 — Indicadores de conflitos
O tratamento diferencial dado a qualquer área do desenho indica, na
maioria das vezes, conflitos nessa determinada área. É importante
salientar que um sombreado nem sempre é ansiedade, pois pessoas
com aptidões para desenhos muitas vezes fazem uso desse recurso.
Reforços suaves ou raros -brandura, passividade de temperamento ou
expressão auto-afirmativa.
Sombreamento não excessivo — tato, sensibilidade, pessoa sonhadora
ou que mascara conflitos.
Correções e retoques — insatisfação com a produção, incerteza,
insegurança, ansiedade, algumas vezes podendo sugerir agressividade e
dissimulação (sugere Fobia Social).
Rasuras ou borraduras resultantes de correções — insegurança, falta
de autoconfiança e desejo de perfeccionismo (sugere Fobia Social e/ou
Transtorno de Ansiedade Generalizada).
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Recobrir uma linha já traçada com riscos mais intensos — ansiedade,
insegurança, falta de autoconfiança ao se defrontar com situações novas
ou sentimento de perda afetiva e de acobertamento da angústia ou da
agressividade (comum em pessoas imaturas sexualmente e em alguns
Homossexuais).
Sombreamento — ansiedade, conflitos, medo, insegurança ou
descontentamento aberto e consciente, Quanto mais extensa a área
sombreada, maior é a ansiedade. No caso de efeitos artísticos, pode
refletir racionalização da ansiedade.
Omissões de braços, pernas, mãos ou traços fisionômicos — conflitos,
Deve analisar-se de acordo com a área, pois assumem significados
distintos.
4.7 — Localização no papel
A folha de papel simboliza o ambiente, e a localização do desenho
revela a adaptação do sujeito ao meio e como ele o manipula, assim
como a maneira de estar no mundo, suas atitudes ante a vida
intelectual, instintiva, etc.
Fazendo uma analogia com a figura humana, podemos intuir que os pés
simbolizam o contato direto com o chão, com a realidade e com a terra
e a cabeça como sendo a fonte das idéias, das fantasias e do intelecto.
Meio da página ou centro — comportamento emocional e adaptativo
em equilíbrio e segurança. As crianças cujo trabalho não é centralizado
tendem a apresentar pouco controle e maior dependência. Quando
todos os desenhos são colocados rigidamente no meio da página,
podemos pensar também em ansiedade, inflexibilidade ou insegurança.
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Metade superior — quanto mais para cima o desenho, maior a
tendência de buscar satisfação na fantasia, e não na realidade. Alguns
pacientes deprimidos fazem seus desenhos bem no alto, como que
enfatizando o sentimento de que estão se empenhando bastante para
não mostrar a depressão. Adultos inseguros em relação à própria
capacidade, que vivem como “flutuando no ar”, sem muito contato com
a realidade também costumam fazer seu desenho no alto da página. A
metade superior pode simbolizar a vida espiritual, a tendência mística e
o mundo do “grande pai”.
Metade inferior — quanto mais para baixo o desenho, maior a
tendência ao materialismo, a fixação à terra e ao inconsciente. Alguns
pacientes deprimidos fazem seus desenhos na beira do papel, e
geralmente estes são pouco minuciosos com uma deterioração
progressiva tanto da qualidade das linhas quanto da quantidade de
detalhes. A metade inferior também simboliza o mundo da mãe terra, a
fixação à matéria e a dimensão concreta,
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Figuras presas à margem do papel — falta de confiança, medo de ações
independentes e necessidade de apoio (a interpretação é a mesma de
janelas presas à margem das paredes).
Em diagonal — perda de equilíbrio e insegurança.
4.8 — Tamanho das figuras
Em geral o desenho ocupa de 1/3 a 2/3 da página. O tamanho das
figuras fornece um paralelo entre a dinâmica, o ambiente e as figuras
parentais. Oferece, também, pistas a respeito da autoestima, autoexpansividade, fantasia de auto-inflação, o grau de adequação e a forma
como está reagindo às pressões ambientais. Em um extremo, o paciente
pode estar reagindo às pressões ambientais com sentimentos de
inadequação e inferioridade e no outro, pode reagir com grande
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valorização de si mesmo, Crianças inseguras tendem a desenhar figuras
pequenas, em contraste com as figuras grandes e ousadas das crianças
seguras.
Tamanho médio - inteligência, boa autoestima, adequação ao meio,
capacidade de abstração e equilíbrio emocional.
Figuras grandes — podem indicar tanto expansividade como inibição.
Sugerem reação às pressões ambientais, com sentimentos de expansão
e agressão, falta de controle ou inibição e idéias de grandeza, para
encobrir sentimentos de inadequação. Podem também simbolizar
sentimentos de rejeição social e inferioridade a respeito do corpo. (O
desenho bem centrado pode indicar ambições e força de expansão do
ego, porém preso pelo mundo da fantasia.)
Figuras muito grandes que chegam a ultrapassar o limite da folha —
sugerem sentimento de constrição por parte do ambiente, com
fantasias compensatórias de auto-expansão e evidência de
agressividade com possível descarga motora no meio ou controle
interno ineficiente (comum em casos orgânicos, Transtorno de
Personalidade Paranóide ou crianças com descontrole motor que não
percebem o limite da folha ou com tendência ao roubo).
Figuras pequenas — sentimento de inferioridade com dificuldade em se
colocar no meio, inibição, timidez, repressão da agressividade,
comportamento emocionalmente dependente e ansioso. Sugere
eventualmente inteligência elevada, mas com problemas emocionais
por sentimentos de inadequação, baixa autoestima, insignificância,
excesso de autocontrole e reação de maneira não adequada às pressões
ambientais (comum em Depressivos e sugere também Transtorno de
Personalidade Dependente).
Figuras muito pequenas, minúsculas — sentimento de inadequação e
rejeição pelo ambiente, tendência ao isolamento; a criança que faz um
desenho muito pequeno indica que as relações com o meio são sentidas
como esmagadoras (sugere fobia Social, Transtorno de Personalidade
Esquiva, Transtorno de Personalidade Esquizoide e/ou Transtorno de
Estresse Pós-Traumático).
Criança que desenha figuras pequenas e grandes — dificuldade em
responder de forma plenamente saudável às experiências, ou percepção
tendenciosa de si mesmo e dos outros.
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Relação das partes do desenho em relação ao todo — quanto maior a
disparidade, maior a possibilidade de desajuste.
4.9 — Detalhes no desenho
Existem detalhes que são essenciais aos desenhos, como, por exemplo,
no desenho da CASA. Esta deve possuir pelo menos uma porta (a não
ser que somente o lado da casa esteja desenhado), uma janela, parede e
telhado. Atualmente com ouso do aquecimento elétrico, a chaminé não
constitui mais um detalhe essencial no desenho da CASA.
A ARVORE deve ter pelo menos tronco e copa.
A FIGURA HUMANA deve apresentar cabeça, tronco, dois braços e duas
pernas, a não ser que seja desenhada de tal maneira que somente um
dos membros seja aparente, o que também é significativo. Nas
características faciais, deve ter dois olhos, um nariz, uma boca e duas
orelhas, a não ser que a posição não permita que todos os elementos
apareçam.
A ausência de qualquer detalhe essencial é séria e quanto maior o
número destas, mais significativas serão as implicações patológicas.
Detalhes adequados — inteligência, percepção adequada e
ajustamento ao meio.
Uso limitado de detalhes não essenciais — bom teste de realidade e
relação equilibrada com o ambiente.
Detalhes inadequados ou uso mínimo de detalhes essenciais — fuga
e/ou conflito na área representada ou simbolizada pelo detalhe,
dificuldade de entendimento, insegurança, energia reduzida,
sentimento de vazio e retraimento (comum em Depressivos, que
geralmente fazem desenhos apagados, com linhas tênues e sem
detalhes).
Detalhes excessivos — insegurança, sentimento de que o mundo é
incerto e/ou perigoso, rigidez, tendência a defender-se contra o caos
externo ou interno criando um mundo rigidamente organizado e
altamente estruturado (desenhos exatos, com elementos rígidos e
repetidos, não existindo nem uma linha fora de lugar, são encontrados
com frequência Transtorno de Personalidade Obsessivos-Compulsivos).
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Detalhes não essenciais — geralmente tendem a enriquecer o desenho,
como, por exemplo na CASA, a colocação de cortinas na janela ou
material de parede, indicado por desenho minucioso ou sombreado,
etc. Na ARVORE, uma folhagem desenhada detalhadamente ou
sombreada; na FIGURA HUMANA, cabelo ou roupa extremamente
elaborados.
Detalhes bizarros — como, por exemplo, órgãos internos vistos por
meio da roupa ou pele parede transparente de forma que se observem
os objetos dentro da casa, sugerem desordem emocional, porém, em
crianças pequenas, não apresentam significado patológico (em adultos
sugere Esquizofrenia).
4.10 — Uso da borracha
O uso da borracha só tem valor quando o sujeito mostra capacidade de
melhorar o seu desempenho. Apagar o desenho sem aperfeiçoá-lo não é
bom sinal e quando o toma pior é mais significativo ainda.
A constante necessidade de apagar na maioria das vezes significa
conflito.
Normal — autocrítica.
Não usa— falta de crítica ou autoconfiança no desempenho.
Uso exagerado — insegurança, excesso de autocrítica, indecisão,
insatisfação consigo mesmo, falta de controle e fuga (sugere Fobia
Social).
-
35
5.1 — Introdução
A CASA, como local de moradia, simboliza a cena das relações
intrafamiliares, desde as mais satisfatórias até as mais frustrantes.
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Provoca associações referentes à vida doméstica no passado, presente
ou como gostaria que fosse no futuro ou, ainda, uma combinação
desses estágios. A CASA também pode simbolizar um autorretrato,
fornecendo ao examinador ricas informações sobre as relações do
sujeito com a realidade e a fantasia, sobre os contatos que faz com o
meio e também sobre a maturidade e o ajustamento psicossexual.
E interessante ressaltar que após a observação de inúmeros desenhos
percebe-se que a grande maioria dos pacientes (adultos e crianças) faz
suas casas com um telhado inclinado e chaminé, em uma representação
infantil, Em concordância Di Leu (1987) em seu estudo sobre o desenho
da CASA, aplicado em crianças citadinas, percebeu que a grande maioria
desenhou casas que são típicas da vida campestre (com telhado
inclinado e chaminés), em vez dos complexos apartamentos, tipo
colmeia, em que a maioria delas realmente vive.
O desenho da CASA fornece dados sobre as relações familiares, pois
simboliza o lugar onde são buscados os afetos, a segurança e as
necessidades básicas que encontram preenchimento na vida familiar.
A criança antes da idade escolar ao representar uma CASA desenha o
que sabe que deve estar lá, ignorando como ou se realmente está
visível. A realidade interna dará lugar, gradualmente, a uma realidade
exterior mais prosaica desprovida da fantasia, quando a criança
amadurece. A passagem da subjetividade para a objetividade não é
abrupta, ambas as formas de “ver” podem coexistir até bem depois dos
7 anos de idade.
Quando solicitadas a desenhar uma CASA, as crianças invariavelmente
desenharão o exterior. Se a casa é percebida como um lar, com todas as
suas conotações de calor, proteção, segurança e amor, poderão vitalizála com as pessoas significativas em suas vidas, flores, árvores ou sol.
Nos adultos, quando casados, o desenho da CASA também reflete a
situação doméstica em relação ao cônjuge.
Simbolicamente a CASA pode, também, representar a imagem corporal.
Pessoas com problemas em áreas fálicas (preocupação a respeito de
questões sexuais com necessidade de demonstrar virilidade)
frequentemente projetarão tais problemas desenhando uma chaminé
bem grande.
Os dados psicológicos levantados são obtidos pelo significado funcional
dos elementos do desenho, pelo seu formato e por meio do aspecto
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simbólico ligado a cada detalhe. É importante observar a habilidade com
que o sujeito organiza seus detalhes em um todo significativo. O
telhado, a parede, a porta e a(s) janela(s) são detalhes considerados
essenciais no desenho da Casa. Habitualmente as pessoas desenham na
seguinte sequencia: Telhado, parede, porta e janela(s) ou uma linha de
base, parede, telhado, porta e janela.
Uma sequencia de detalhes oscilantes indica, na melhor das hipóteses,
indecisão.
A casa geralmente é desenhada de pé, intacta, Qualquer movimento,
como telhado paredes caindo, pode expressar um colapso do ego sob os
ataques do ambiente ou das relações interpessoais.
5.2— Perspectiva e posição da casa
Fornece-nos dados da reação afetiva sobre a vida familiar.
Casa como um todo adequado e substancial, na altura do observador
— harmonia nas relações familiares e adequação na imagem corporal.
Casa desenhada como se fosse vista de cima — rejeição e
distanciamento da situação familiar e dos valores pertinentes, com
sentimento compensatório de superioridade (o sentimento de
superioridade em relação ao ambiente familiar pode tratar-se de uma
atitude defensiva).
Casa desenhada como se fosse vista de baixo — sensação de rejeição,
perda de valor, baixa autoestima e inferioridade na situação doméstica;
a felicidade na situação familiar é considerada como algo dificilmente
atingível (comum em pacientes com desajustamento familiar e
deprimidos).
Casa de longe como se estivesse distante do observador — isolamento
afetivo, retraimento, inacessibilidade, sensação de que as boas relações
com os familiares são inatingíveis ou incapacidade para enfrentar a
situação doméstica (comum em pacientes com dificuldades para lidar,
com as situações referentes à família e deprimidos).
Casa em perfil parcial — bom nível intelectual e tendência a um
comportamento mais flexível.
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Casa do tipo “perfil absoluto” ou desenho em que a porta ou a entrada
não são visíveis — retraimento, isolamento, inibição, dificuldade nos
contatos sociais, tendência à fuga e oposição ou máscara social (comum
em pacientes com Transtorno de Personalidade Paranóide e sugere
também Fobia Social).
Casa desenhada como vista pelos fundos ou por trás-retraimento,
isolamento e dificuldade nos contatos sociais, porém com sentido mais
patológico (comum em Esquizofrênicos, Transtorno de Personalidade
Paranóide e sugere também Fobia Social).
Desenhos de fachada (isto é, só uma parede é mostrada e não oferece
sugestão de profundidade) —tendência a usar uma máscara social
(comum em pacientes com comportamento rígido que escondem
sentimentos de inadequação e insegurança).
Casa desenhada de modo que uma das margens laterais do papel sirva
como parede — insegurança extrema (sugere Transtorno do Pânico).
Uso da margem inferior da página como base ou linha do solo sentimento de inadequação e insegurança (comum em alguns casos de
depressão).
5.3 — Tipos de Casa
Ao analisar a Casa como um todo, observa-se que, além de o sujeito
mostrar como se relaciona com o meio, pode por meio do desenho
expor todos os seus sonhos e fantasias de realização, assim como a
precariedade de sua vida.
Choupana — desejo de isolamento, de descansar em paz, de romper
com o mundo e/ou sentimento de perda amorosa, econômica ou social.
Forma imatura de reagir aos estímulos ambientais (sugere Transtorno
Depressivo, Transtorno de Personalidade de Esquiva e/ou Transtorno de
Personalidade Esquizoide).
Igreja- culpa sensação de não ser bom o bastante, pensamentos ruins
ou sublimação dos impulsos sexuais.
Hospital — medo ou fixação de doença (comum em Hipocondríacos).
Escola — dificuldades intelectuais, medo de não ser bom o bastante,
problemas ou fixação na escola ou ambição e supervalorização
intelectual (sugere Transtorno de Aprendizagem).
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Prisão — culpa necessidade de liberdade e conflitos (comum em
pessoas que se veem aprisionadas em uma situação doméstica).
Casa de aparência irreal, como em contos de fada — dificuldade para
encarar a realidade com imersão na fantasia (sugere Transtorno de
Personalidade Esquizotípica).
Castelos — imersão na fantasia e/ou sentimentos de inferioridade.
Prédios — sensação de falta de espaço, prisão, necessidade de
liberdade ou acolhimento ou sensação de fazer parte de um todo.
Casa de dois andares com apartamentos — cerceamento,
aprisionamento ou desejo de contato sexual (comum em Deprimidos).
Casa de dois andares ou mansão — aspirações, vontade de ser
reconhecido, notado e necessidade de status social ou fortes
sentimentos de inferioridade (sugere Transtorno de Personalidade
Narcisista).
5.4-Linha representativa do solo ou chão
O chão simboliza o contato com a realidade. O solo pode ser firme, claro
ou tênue, adquirindo aspecto importante para o diagnóstico.
Pacientes mais comprometidos emocionalmente invariavelmente
apresentam dificuldade em desenhar a CASA com um contato firme com
a realidade, geralmente não traçam a linha representativa, fazendo com
que o desenho flutue no ar, sem tocar qualquer ponto.
Linha firme e clara — bom contato com a realidade objetiva.
Linha de base como o primeiro detalhe a ser desenhado, com ênfase
por reforçamento ou negrito —insegurança e necessidade de amarrar o
desenho em alguma coisa substancial na página (comum em
Deprimidos).
Linha do solo distante do desenho ou desenho que flutua no ar sem
tocar em qualquer ponto — suspeita de rompimento com a realidade
objetiva e refúgio na fantasia (sugere Transtorno de Personalidade
Esquizotípica).
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Chão tipo arco, com a maior elevação no centro da página — suspeita
de sentimentos de dependência (sugere Transtorno de Personalidade
Dependente).
Linha representada pela borda do papel — é comum em crianças, mas
em adultos sugere insegurança, ansiedade e fixação na infância.
5.5- Paredes
As paredes simbolizam a capacidade de auto-sustentação, integração e
controle dos impulsos. Representam por hipótese o ego do sujeito
indicando sua força, fraqueza ou deterioração.
O material das paredes é menos frequentemente desenhado em relação
a outras partes do desenho.
Paredes com traços firmes e adequados — personalidade estável, bom
ajustamento e controle do ego.
Paredes menores que o teto ou corpo da casa pequeno e teto grande
— tendência a buscar satisfação na fantasia e na atividade imaginativa.
Paredes maiores que o teto ou corpo da casa grande e teto pequeno —
menor valorização da fantasia, tendência à objetividade, maior controle
racional sobre a vida instintiva, com comportamento mais prático e
voltado para a realidade concreta.
Paredes desconjuntadas ou que estão desabando — franca
desintegração do ego (comum em pacientes que estão empregando um
esforço consciente, hipervigilante, constante e intenso para manter o
ego intacto).
Reforço nos contornos da parede — esforço e vigilância para manter a
integridade do ego e aumento das defesas.
Paredes frágeis, com traço fraco, tênue e/ou inadequado —
sentimento de colapso, de fraco controle do ego, de ruptura emocional
iminente sem o emprego de defesas compensatórias a sentimentos de
inadequação, insegurança e necessidade de apoio (comum em
pacientes mais adaptados à própria patologia, que aceitaram derrota
como inevitável e pararam de lutar, ao contrário dos que reforçam as
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linhas da parede, estes apresentam uma atitude mais passiva de
submissão às forças desintegradoras que os ameaçam e sugere
Transtorno Depressivo).
Paredes com apoios ou tijolos aparentes — desgaste emocional,
ameaça de destruição, com sofrimento do ego e sensação de
desintegração (sugere Transtorno stress Pós -Traumático).
Paredes transparentes, permitindo a visão de objetos no interior da
casa — no adulto sugere violação das regras da realidade, imaturidade e
diminuição da percepção da realidade (comum em Transtorno de
Aprendizagem e em Esquizofrênicos). Em crianças pequenas, apenas
indicam a sua imaturidade em termos de capacidade conceitual,
permitindo-se uma grande liberalidade quanto à representação da
realidade.
Calhas para escoamento de água — atitude defensiva e de suspeita,
com um esforço concomitante de canalizar estímulos desagradáveis.
5.6 — Porta
A porta indica o local de passagem entre dois estados, entre dois
mundos, entre o conhecido e o desconhecido, entre o interior e o
exterior e simboliza o contato, o relacionamento a interação com o
meio ambiente.
Obs.: Após o desenho da casa é interessante perguntar ao examinando
se a porta está fechada ou aberta; crianças muitas vezes desenham a
porta fechada, mas a imaginam aberta.
Porta aberta e um caminho à vista — pessoa equilibrada ou que
procura novos caminhos.
Porta muito pequena em relação às janelas e à casa em geral —
relutância em estabelecer contato com o ambiente, afastamento das
trocas interpessoais, timidez e receio nas relações com os outros
(sugere Transtorno de Personalidade de Esquiva e/ou Transtorno de
Personalidade Esquizoide).
Porta excessivamente grande — excessiva dependência em relação ao
meio ou às pessoas em geral e necessidade de interação; quanto maior
a porta, maior a dependência do meio externo (sugere Transtorno de
Personalidade Dependente).
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Porta fechada — autodefesa e/ou defesa para com o mundo.
Porta fechada com fechaduras, dobradiças ou olho mágico — medo
hiperdefensivo do perigo externo, de contato, sensibilidade e defesa ou
problema sexual e/ou desejo de contato sexual (comum em Transtorno
de Personalidade Paranóide e sugere também Transtorno do Pânico).
Ênfase na maçaneta — preocupação com o contato (função da porta).
Porta aberta — necessidade interna de receber calor emocional do
exterior e de expressar acessibilidade (quando existem pessoas
morando na casa). Quando a casa é vazia (não existe ninguém
morando), a porta aberta indica sentimento de extrema vulnerabilidade,
carência afetiva, necessidade de reforço emocional de fora e falta de
adequação das defesas do ego (sugere Transtorno de Personalidade
Dependente).
Porta entreaberta — equilíbrio e/ou necessidade de contato.
Porta bem acima da linha que representa o chão da casa, sem que
apareçam degraus — isolamento do meio e tentativa de se conservar
inacessível nas relações interpessoais; os contatos são unicamente
segundo as próprias conveniências (sugere Transtorno de Personalidade
Esquizoide).
Porta acima do solo e com degraus — tentativa de se manter
inacessível, comum em pessoas que só estabelecem contatos com os
outros nos seus próprios termos.
5.7 —Janela
É o meio secundário de interação com o ambiente. Representa uma
maneira de comunicação menos direta e menos imediata com o mesmo.
Enquanto abertura para o ar e para a luz, a janela simboliza a
receptividade.
Janela no lugar normal, simples, aberta e sem ênfase — equilíbrio e
calma no contato social.
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Janela com florzinhas — otimismo, interesse pela aparência,
preocupação com o exterior, vaidade (sugere Transtorno de
Personalidade Narcisista).
Pessoa na janela — família bem equilibrada, harmonia e em alguns
casos ansiedade.
Janelas nuas, sem cortinas ou persianas— tendência a relacionamentos
e contatos sociais diretos, falta de tato ou oposição.
Reforço no contorno das janelas (quando não aparece em outras partes
do desenho)—fixações orais, gula ou tendência ao tabagismo.
Janela com grades, vidraças fechadas e/ou fechadas com trinco —
medo defensivo do perigo externo, desejo de proteção e/ou defesa
contra os impulsos ou estímulos externos, isolamento, barreiras nos
contatos sociais, insegurança ou sentimento de estar cercado (a),
sensação de o lar ser uma prisão em vez de algo confortável (comum em
Transtorno de Personalidade Paranóide),
Janelas decoradas com persianas ou cortinas — atitudes de interação
controlada com o meio, certa ansiedade nas relações interpessoais e ou
dissimulação. Pode também mostrar a visão da vida por meio das
cortinas ou exibicionismo e narcisismo (comum em pessoas com
Transtorno de Somatização).
Janelas fechadas com persianas ou cortinas — retraimento, cautela nas
trocas interpessoais e relutância em interagir com os outros (sugere
Transtorno de Personalidade de Esquiva).
Cortinas ou persianas nas janelas abertas ou parcialmente abertas —
interação controlada com o ambiente ou a certa ansiedade nas relações
interpessoais.
Várias janelas sem persianas ou cortinas — tendência a se comportar
de forma abrupta e às vezes direta, sem necessidade de mascarar
sentimentos.
Várias janelas com persianas ou cortinas — preocupação a respeito da
interação com o ambiente.
Distorção no tamanho das janelas — quando a janela da sala é maior
que a do banheiro, é normal; caso contrário, dá indícios de um possível
treinamento severo nos hábitos de higiene ou sentimentos de culpa por
44
masturbação excessiva (comum em Transtorno de Personalidade
Obsessivo Compulsivo).
Janelas da frente em altura diferente das janelas do lado — sugerindo
que a altura do chão não é a mesma - dificuldade de organização
(comum em formas precoces de Esquizofrenia).
Janelas centrais maiores que as outras- desejo de contato
Janela junto ao teto ou telhado- tendência a viver mais no mundo da
fantasia do que no da realidade ou necessidade de fuga (comum em
pessoas com transtorno de somatização e em adultos com dificuldade
inter-relação ou de contato sexual).
Janela no telhado ( sótão) – dificuldade de contorno direto,contato
vivido mais na base da fantasia e na imaginação,riqueza de vivencia
interior e tato por meio de um meio mais intelectualizado (sugere
Transtorno de Personalidade Esquizoide).
Janela junto ao canto da parede — necessidade de apoio, medo de
ações independentes e falta de autoconfiança (sugere Transtorno de
Personalidade Dependente).
Janela fechada e porta aberta — dificuldade de se mostrar no contato
interpessoal, conflitos e medo de rejeição (sugere Fobia Social).
Janela fechada e porta fechada — isolamento emocional e afastamento
do contato interpessoal (sugere Transtorno de Personalidade
Esquizoide).
Janela aberta e porta fechada ou pequena — timidez ou receio no
contato afetivo e interação mais controlada com os outros.
Janela aberta e porta aberta — extroversão, necessidade de contato
afetivo (sugere Transtorno de Personalidade Dependente).
5.8 — Telha ou telhado
Simboliza a área ocupada pela fantasia e pensamentos, os impulsos e as
tentativas de controle. Os extremos no tamanho do telhado tendem a
refletir o grau em que o sujeito devota seu tempo à fantasia e em que
medida ele se volta para esta área a fim de obter satisfação.
45
O material do telhado é indicado por traços que variam desde o
desenho meticuloso de cada telha até riscos esparsos ou o vazio.
Telhado de tamanho adequado — equilíbrio entre a fantasia e a
realidade, interação equilibrada com o ambiente.
Telhado exageradamente grande e o resto da casa pequeno — grande
imersão com ênfase exagerada na fantasia, afastamento dos contatos
interpessoais (pouco contato manifesto) e ambição maior que a
capacidade de realização.
Casa representada só por teto ou telhado — ego dominado pela
fantasia (comum em esquizofrênicos-geralmente eles desenham um
telhado e depois colocam a porta e as janelas de forma que a casa seja
toda telhado.,São pessoas que vivem no mundo predominantemente de
fantasia).
Lajes — bloqueios, repressão da vida de fantasia, da imaginação e
orientação para o concreto (comum em pessoas estéreis afetivamente).
Ausência de telhado ou telhado representado por uma única linha —
dificuldade em fantasiar ou devanear, tendência para o pensamento
mais concreto (comum em personalidades reprimidas ou de pouca
inteligência e sugere também Transtorno de Aprendizagem).
Telhado reforçado por uma linha forte e grossa (quando isso não
ocorre nas outras áreas do desenho da casa) — tentativa de defesa da
ameaça de perda do controle pela fantasia, temor que os impulsos
atualmente expressos pela fantasia se expandam para o
comportamento manifesto ou distorçam a percepção da realidade,
receio de perder o controle sobre a vida imaginativa (comum em
Transtorno de Ansiedade Generalizada e sugere também Transtorno de
Personalidade Esquizotípica).
Telhado ligeiramente afastado ou deslocado da parede, sombreado ou
com buraco— ansiedade, dificuldade de aprendizagem e idéias de fuga
do ambiente (comum em pessoas com Transtorno de Somatização e
sugere também Transtorno de Aprendizagem).
Telhado muito elaborado (com telhas ou vários riscos) — capacidade
de enfrentar problemas e controle da fantasia ou minuciosidade,
preocupação com detalhes, (comum em Transtorno de Personalidade
Obsessivo-Compulsivo).
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Telhado terminado em pontas — simbolismo sexual (comum na
puberdade e adolescência).
Telhado vazio sem telhas — senso prático, orientado para o essencial
ou diminuição da fantasia.
5.9 — Chaminé
Em pessoas bem ajustadas, a chaminé via de regra representa apenas
um detalhe à representação da casa. Detalhe este que atualmente não é
essencial no nosso meio devido à propagação do aquecimento elétrico,
ao clima tropical e de poucas casas possuírem lareira.
As crianças na sua grande maioria desenham a chaminé num ângulo
reto ao plano do telhado. Se for um telhado inclinado ficará oblíqua. É
necessário certa maturação para que a chaminé seja desenhada
verticalmente, ignorando a inclinação do teto. Esta correção expressa
um avanço no nível do pensamento, depende de uma operação mental
que não é ainda acessível à criança pequena.
Para alguns adultos a chaminé pode representar um símbolo fálico ou
indicar o nível de maturidade sensual (emerge do corpo da casa)
embora isso não seja obrigatório em todos os desenhos, pois também
simboliza afeto, tensão interior ou no lar.
(Da observação de inúmeros desenhos, percebe-se que a grande
maioria dos pacientes desenha suas casas com um telhado inclinado e
chaminé, numa representação infantil Dileo, 1987).
Chaminé proporcional à casa — calor no lar, bom ajustamento familiar
e pessoal,
Ausência de chaminé - atualmente não é considerada importante, mas
pode simbolizar falta de calor e afeto no lar ou, em alguns adultos,
dificuldades de ajustamento sexual.
Dificuldade em desenhar a chaminé — em crianças - tensão interior
e/ou na família. Em adultos - indícios de mal ajustamento sexual,
temores quanto à dificuldade para lidar com protuberâncias que saem
do próprio corpo e dúvidas sobre a capacidade fálica.
Chaminé exageradamente grande — em crianças - necessidade de
chamar atenção e de ser visto, notado. Em adultos - preocupação a
47
respeito das questões sexuais com necessidade de demonstrar
virilidade, tendências exibicionistas e sentimentos compensatórios para
inadequação fálica (comum em Transtorno de Personalidade
Antissocial).
Chaminé superenfatizada, completamente exposta, saindo da linha de
base em adolescentes e adultos — tendências exibicionistas no sentido
da sexualidade.
Chaminé quase completamente escondida — em crianças sugere
relutância em lidar com estímulos que provocam emoção. Em adultos
pode simbolizar angústia em relação às vivências fálicas ou à dificuldade
de expressar a turbulência emocional e repressão.
Várias chaminés na mesma casa, chaminé tombando ou em formato
fálico em desenhos de adolescentes e adultos.— sentimento de
inferioridade e compensação por sentimentos de adequação fálica, sob
uma capa de esforço viril (comum em Impulso Sexual Excessivo e
Transtorno de Personalidade Antissocial).
Chaminé transparente ou visível por meio de uma parede transparente
— negação de aspectos sexuais, sensação de impotência, sentimento de
fraqueza em relação ao pênis ou medo de castração ou tendências
exibicionistas ou expressão de que o sujeito sente que a sua
preocupação fálica deve ser óbvia para os outros. (comum em Impulso
Sexual Excessivo e Transtorno de Personalidade Antissocial).
Chaminé perpendicular à inclinação do telhado — comum em crianças
e adultos sugere angústia em relação às vivências fálicas e/ou a
dificuldade de expressar a turbulência emocional.
Antenas ou outros símbolos fálicos — indícios de fantasias sexuais ou
necessidade de comunicação com o mundo externo.
5.10 — Fumaça
Simboliza a respiração e, portanto a expressão da vida dentro da casa.
Chaminé emitindo uma fumaça abundante — expressão de calor e
afeto dentro da casa (comum em desenho de crianças).
Fumaça dirigida para um lado como sob efeito de forte vento -(a força
da pressão do vento é indicada pelo grau de desvio da fumaça, e o
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sentimento é revelado pela quantidade de fumaça) — sentimento de
forte pressão ambiental (comum em crianças com dificuldade escolar
e/ou pressionadas pelos pais e em adolescentes constritos pela
realização acadêmica).
Fumaça em novelo — conflitos internos e externos ou esforço para
extravasar energia intelectual (comum em pessoas que veem o lar como
um lugar de conflitos, turbulência e inquietação).
Fumaça em negrito, densa e/ou exagerada — grande tensão interna,
conflitos e turbulência no lar ou ambos (denota sintomas mais graves).
5.11 — Acessórios no desenho da casa
Quando aparecem acessórios no desenho da CASA, estes devem ser
analisados de acordo com o conjunto dos desenhos. Detalhes bem
organizados na maioria das vezes indicam boa relação com o meio e
maior possibilidade de a ansiedade ser bem canalizada e controlada. Por
outro lado, alguns pacientes revelam diretamente a sua falta de
segurança ao circundar ou apoiar sua CASA com arbustos, árvores e
outros detalhes que não estão relacionados com a instrução dada.
Indica que quanto maior a quantidade desses detalhes, mais intenso é o
sentimento de insegurança ou a falta de proteção.
Caminho bem feito e proporcionado, conduzindo a porta — controle e
tato no contato com os outros e equilíbrio na procura de novos
caminhos.
Caminho longo e sinuoso — reserva nas relações interpessoais (comum
em pessoas que inicialmente se mostram cautelosas em fazer amizades,
mas, quando a relação se desenvolve, tende a ser profunda).
Caminho excessivamente largo na extremidade voltada para o
observador, mas que diminui, de modo a ficar mais estreito que a
porta — tentativa de encobrir o desejo de manter-se distante,
empregando uma afabilidade superficial (comum em pessoas seletivas
em seus contatos e sugere também Fobia Social).
Caminhos bifurcados — indecisão e imaturidade afetiva.
Caminho pedregoso-vivências traumatizantes e dificuldade de contato
com o mundo (sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático).
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Calçada reta na frente ou caminho que acaba em montanha — falta de
energia para vencer os problemas ou dificuldade no contato com as
pessoas (sugere Transtorno depressivo).
Casa com árvores, vegetais, arbustos e/ou grande e vasto jardim —
insegurança, necessidade de proteção e de erguer barreiras defensivas
para fazer contato formal com os outros (em alguns adultos pode
simbolizar desejo e/ou repressão da sexualidade).
Casa com escadas — dificuldade em mostrar-se, em ser autêntico (a) e
em ter relacionamentos íntimos. Demonstra ser necessário galgar os
degraus para chegar ao interior da pessoa.
Casa Com varanda ou com sombra e água fresca — necessidade de
relaxar; comodismo mecanismo de compensação ou problema de
relação social.
Árvores desenhadas ao redor da casa — frequentemente representam
pessoas, e o examinador pode induzir o sujeito a identificá-las, O tipo e
o tamanho da árvore, particularmente sua colocação em relação à
CASA, podem revelar muito a respeito da percepção que o indivíduo
tem da sua constelação familiar.
Montanhas aparecendo no desenho da casa — atitudes defensivas
e/ou necessidade de independência, frequentemente independência
maternal (sugere Transtorno de Personalidade Dependente).
Cercas desenhadas em torno da casa — necessidade de proteção,
comportamento defensivo e insegurança (sugere Transtorno de
Personalidade Dependente ou Trans- torno de Personalidade
Paranóide).
Florzinha, patinho, etc., — imaturidade afetiva ou ambição desejo de
conquistar algo.
Nuvem — ansiedade, pressão ambiental ou expressão de pais
repressores.
Nuvem escura — ansiedade, pressão ambiental e ameaça a distância.
Nuvens, neve e/ou chuva caindo — ambiente opressivo (comum em
Deprimidos).
Sombras — situações de conflitos e ansiedade em nível mais consciente.
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(Sol—(na maioria das vezes simboliza a figura de maior autoridade ou
de maior valência emocional (positiva ou negativa) no ambiente do
sujeito tomo Depressivo)
Sol brilhando sobre o lado esquerdo — lado materno, bom
relacionamento com a mãe.
Sol brilhando sobre o lado direito — lado paterno, bom relacionamento
com o pai.
Torres - isolamento e introversão. (sugere Transtorno de Personalidade
Esquizoide).
Torres cheias de janelas — excitação sexual. (sugere Impulso Sexual
Excessivo).
Elevadores — em desenhos de adolescentes ou adultos sugere
problema sexual fantasia de realização sexual,
Detalhes degradantes (lata de lixo, coisas jogadas, etc.) sentimentos de
hostilidade e agressividade (sugere Transtorno da Conduta e/ou
Personalidade Antissocial).
6.1 — Introdução
Simbolicamente, a ÁRVORE atinge os aspectos mais profundos e básicos
da personalidade. Acredita-se que isto aconteça pelo fato de trazer um
mínimo de associações conscientes, levando a uma menor defesa do
ego por parte do examinando.
O uso da ARVORE como teste projetivo é baseado na suposição de ser
um autorretrato inconsciente ou urna elaboração inconsciente da
autoimagem, que é relacionado com os três maiores campos da
personalidade humana (instintivo emocional e intelectual).
As Raízes significam a vida instintiva e os sentimentos que se referem ao
contato com a realidade; o Tronco representa a vida emocional ou o
domínio emocional sobre as pressões ambientais e as tensões internas;
e a Copa revela a vida intelectual e social, as trocas com o ambiente, a
busca de realizações e a distribuição dos investimentos psicológicos na
área da fantasia.
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O fato de a árvore ter vida e crescer continuamente é que torna possível
a representação simbólica do psiquismo humano.
Observa-se que ao traçar a ARVORE as crianças de até mais ou menos
sete anos de idade desenham frequentemente um tronco bem grande,
simbolizando a riqueza da vida emocional.
O desenho da ARVORE reflete os sentimentos mais profundos e
inconscientes do examinando sobre si mesmo, enquanto que a FIGURA
HUMANA converte-se em um veículo de expressão dos aspectos mais
conscientes e de suas relações com o meio.
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A experiência clínica sugere que é mais fácil perceber atitudes
conflitantes ou emocionalmente perturbadoras no desenho da ARVORE
do que no da FIGURA HUMANA, porque esta se parece mais com um
autorretrato. Por exemplo, o examinando pode projetar com maior
facilidade sua vivência de um trauma emocional fazendo cicatrizes no
tronco da árvore, em lugar de cicatrizes na FIGURA HUMANA
desenhada.
O critério de que a ÁRVORE permite investigar sentimentos mais básicos
e antigos se vê assinalado pelo fato de este desenho ser menos
suscetível a sofrer modificações no reteste. Apenas com uma
psicoterapia profunda e com alterações significativas na vida do
paciente é que aparecem alterações no desenho.
Para uma avaliação precisa é necessário primeiro observar a ÁRVORE
como um todo, para depois fazer uma avaliação dos detalhes do
desenho. E importante atentar para a habilidade com que o sujeito
organiza os detalhes em um todo significativo.
Do ponto de vista de detalhes essenciais, para uma árvore existir é
necessário que tenha pelo menos o tronco e a copa. Habitualmente as
pessoas desenham na seguinte sequencia:
• Tronco, galhos e copa ou
• Estrutura de ramos e depois o tronco ou
• Raiz, tronco e copa.
6.2- Impressão da árvore como um todo
Pelo fato de as raízes mergulharem no solo e os galhos se elevarem para
o céu, a árvore é universalmente considerada como símbolo da vida.
A Árvore vista como um todo pode dar a impressão de harmonia,
inquietude, vazio, abundância, hostilidade, vigilância, alegria, beleza,
etc., fornecendo dados sobre os aspectos inconscientes da
personalidade.
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Arvore média vigorosa e bem enraizada- integração intacta da
personalidade.
Arvore grande - tendência à expansão.
Árvore muito grande, quando o topo ultrapassa a parte superior do
papel — tendência a expandir-se exageradamente na área da fantasia
em busca de satisfação.
Árvore pequena — desencorajamento, pressão ambiental, controle e
sentimentos de inadequação para lidar como meio (sugere Transtorno
Depressivo).
Árvore com a base no papel — insegurança, sentimento de
inadequação (comum em depressivos que na maioria das vezes usam
linhas tênues, mostrando a falta de energia e motivação, e também em
pessoas muito inseguras, que geralmente se prendem à parte inferior da
folha em busca de uma segurança compensatória).
Árvore mutilada, com cicatrizes e/ou ramos cortados — traumas e
assaltos à personalidade (sugere Transtorno de Estresse PósTraumático).
Arvore cindida, dividida verticalmente, dando a impressão de duas
árvores — fragmentação e/ou divisão da personalidade, ruptura das
defesas e perigo de que os impulsos internos se extravasem no
ambiente (comum em Esquizofrênicos).
Árvore com tronco e copa em uma linha contínua, sem divisão —
negativismo e/ou oposicionismo (comum em pessoas que estão apenas
atendendo a um pedido do examinador; é uma forma de evitar uma
recusa direta).
Folhas, frutos, galhos e/ou flores caídas ou caindo — falta de atenção,
esquecimento, leve separação entre sentimentos e pensamentos, falta
de firmeza ou sentimento de rejeição.
Sombreados claros-escuros -ansiedade, humor vacilante,
desorientação, incerteza, indecisão, falta de energia, passividade ou
imaturidade (comum em Deprimidos).
Árvore sobre a qual paira uma ave de rapina ou sob a qual urina um
cão — sentimentos de culpa, sensação de destruição, degradação,
profunda desvalorização e baixa autoestima (sugere Transtorno do
Pânico e/ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático).
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Árvore em que um homem ameaça destruí-la a golpes de machado —
sentimento de iminente mutilação física, terror e pânico; na maioria das
vezes o homem simboliza a figura paterna ou a de maior autoridade
(sugere Transtorno do Pânico e/ou Transtorno de Estresse PósTraumático).
Árvores frutíferas — desejo de realizar, de ter sucesso, comum em
mulheres grávidas e em crianças pequenas (geralmente desenham
macieiras). As crianças e adolescentes na maioria das vezes até mais ou
menos 14 anos de idade identificam-se com a fruta, e a árvore simboliza
a figura materna, Quando a fruta está caindo ou já está caída, significa
sentimento de rejeição, perda ou separação.
Desenho de chorões — sentimento de menos valia cansaço e tristeza
(comum em Deprimidos).
Árvore de Natal — no adulto, pode indicar tanto dependência com
desejo de retomar à infância quanto exibicionismo, quando a ênfase
maior está nas luzes e decorações. Nas crianças, se está próximo do
natal, geralmente é a influência da própria festa, mas, quando fora da
data, denota expressão de saudade e lembrança de momentos
passados.
Estilizada — sofisticação, superficialidade, falta de autenticidade ou
disciplina, ou aptidões técnicas e construtivas, gosto pela sistematização
(sugere Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva).
Formas inautênticas (copa em coração, em trevo, etc.) — falta de
autenticidade, mascaramento e ou dissimulação (comum em desenhos
de adolescentes).
Árvore inclinada para a esquerda — introversão, atitude defensiva,
cautela, necessidade de segurança, medo de afetos, prisão ao passado e
satisfação controlada dos impulsos (sugere Transtorno de Personalidade
Esquizoide).
Árvore inclinada para a direita impulsividade, necessidade de satisfação
imediata, capacidade de entrega pessoal e amor ao dever (sugere
Transtorno de Personalidade Histriônico).
Árvore com apoio, estacas — necessidade de apoio, segurança e
orientação, falta de independência e de confiança em si mesmo (sugere
Transtorno de Personalidade Dependente).
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Estereotipias — rigidez, dificuldade ou falta de capacidade de
expressão, falta de independência no julgar, horizonte limitado (comum
em crianças até mais ou menos 7 anos de idade e, em adultos sugere
apego a esquemas infantis ou Transtorno de Personalidade ObsessivoCompulsivo).
Riqueza na representação da árvore — sonhador, valorização do
exterior, desejo de produtividade artística e/ou necessidade estética.
Simplificação na representação da árvore — senso prático, objetivo,
orientado para o essencial, desprezo pelo exterior, falta de fantasia ou
pode ser apenas “preguiça”
6.3 — Idade atribuída à árvore
A idade que o examinado dá à sua árvore simboliza o nível de
maturidade psicossexual, e o do é que seja próxima à idade dele.
Geralmente as pessoas prendem-se a uma faixa de maior satisfação ou
fixam-se em vivências traumáticas.
Idade próxima à do paciente — bom nível de maturidade psicossexual.
Idade aquém a idade do sujeito — imaturidade ou vivências
traumáticas (sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático).
Idade muito além da idade do sujeito- vivências depressivas e
inadequadas para a idade e/ou com necessidade de crescer logo.
6.4— Árvore apresentada como morta
As questões a respeito: da “vida” ou “morte” da árvore dão ao
examinando a oportunidade de projetar e expressar simbolicamente
seus sentimentos de pressão, inadequação sofrimentos e de declarar se
sente que a pressão vem de dentro, de fora do self ou de ambas as
formas.
Pessoas mais doentes psicologicamente muitas vezes veem suas árvores
como mortas. Quando a morte é na raiz, é mais patológico do que nos
galhos (os galhos da mesma forma que os braços da pessoa simbolizam
os recursos para a busca de satisfação); quando o tronco que está morto
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implica em uma perda de controle e poder para o alcance do bemestar.
Deve-se questionar se a morte da árvore (ou de parte dela) é decorrente
de causa externa ou interna e há quanto tempo isso ocorreu, pois
geralmente corresponde a época ou tempo do trauma.
Morte por causa interna — apodrecimento ou doença da raiz, do tronco
e/ou dos galhos - implica em algo interno e mais doentio (pior
prognóstico) e fortes sentimentos de culpa (comum em Esquizofrênicos,
Depressivos e sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático).
Morte por causa externa — parasitas, raios, ventos, golpes de
machado, etc. - sensação deque o meio é responsável por suas
dificuldades e traumas (o prognóstico é melhor). A morte do tronco
sugere problemas mais sérios que o da copa (comum em retraídos.
deprimidos e desesperançados em conseguir um ajustamento razoável
e sugere também Transtorno de Estresse Pós-Traumático).
Idade da morte — geralmente coincide com a época do trauma
6.5 — Perspectiva ou posição da árvore
A árvore pode ser desenhada desde uma forma natural, ereta, até
totalmente inclinada, recurvada e destituída de qualquer força.
Vertical ou ereta — posição natural, maturidade, inteligência,
espiritualidade, altivez: ou superestimação de si mesmo,
Inclinada para a direita — dedicação, capacidade de entrega pessoal,
disponibilidade para o sacrifício e para servir aos outros, fraqueza de
domínio ou ainda impulsividade, facilidade de renovação, fixação no
futuro e/ou desejo de esquecer um passado infeliz (sugere Transtorno
de Personalidade Histriônico).
Inclinada para a esquerda — introversão, necessidade de proteção e de
segurança, atitude defensiva, aversão e/ou rejeição do ambiente, medo
de afetos, constrangimento, fixação e/ou prisão ao passado com medo
do futuro, satisfação controlada dos impulsos (sugere Transtorno de
Personalidade Esquizoide).
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Árvore recurvada, voltada para a terra, sacudida pelo vento ou
quebrada por tempestades — sensação de forte pressão ambiental,
falta de apoio, inibição, bloqueios ou sentimento de prisão ao passado,
de ser impedido pelas circunstâncias (comum em Transtorno de
Personalidade Obsessivo Compulsivo e sugere também Hipocondria).
Em arco — cansaço, fadiga, resignação, introspecção ou culpa (comum
em Deprimidos).
6.6 Simetria
Moderada-capacidade de organização, equilíbrio e habilidade para
obter satisfação do ambiente.
Exagerada— apego a esquemas fixos, necessidade de equilíbrio íntimo,
falta de adapintelectual, rigidez ou ambivalência (comum em Transtorno
de Personalidade Obsessivo-Compulsivo).
Ausência — insegurança, instabilidade e falta de defesas (comum em
Esquizofrênicos).
6.7-Raiz
São inúmeras as funções da raiz, dentre elas, as mais fundamentais é
que retiram o ali- da terra, apoiam e seguram a árvore. São
frequentemente ocultas ou parcialmente visíveis, mas firmam a sua
existência, mostrando ser a parte mais durável e essencial para o
desenvolvimento da planta.
No teste da ARVORE, a raiz simboliza o inconsciente, as forças
instintivas, primitivas, e não elaboradas, incluindo também o contato
com a realidade, a necessidade apoio e segurança e a busca de energia
psíquica básica.
Raiz abaixo da linha da terra — equilíbrio, maturidade e domínio dos
impulsos.
Sem raiz—pessoa autossuficiente ou se há espaço entre a base do
tronco e a linha do solo pode significar que a pessoa que se sente no ar,
separada do elemento nutridor e falha na capacidade de perceber a
realidade.
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Ênfase no desenho da raiz — imaturidade, primitivismo e predomínio
maior da vida instintiva ou medo de perder a objetividade, preocupação
em desligar-se da realidade, já que a raiz simboliza a ligação à terra
(sugere Transtorno de Personalidade Esquizotípica e/ou Transtorno de
Despersonalização).
Raiz de tamanho desproporcional — necessidade de agarrar-se e
manter-se fixo à realidade, insegurança e medo da perda de controle
(comum em indivíduos com incapacidade intelectual e sugere também
Transtorno de Aprendizagem e Transtorno de Ansiedade Generalizada).
Raiz sombreada, negrito ou com muitos traços — dificuldade de
enfrentar o meio, apego a terra e conflitos, predomínio da vida
instintiva, medo de perder a objetividade, preocupação em desligar-se
da realidade comum em Transtorno de Personalidade Equizotípico)
Raiz com um traço só — primitivismo, cujos impulsos não são
fiscalizados pelo consciente, pouca independência e pressão familiar
(comum em Transtorno de Aprendizagem).
Raízes terminadas em pontas — predomínio da vida instintiva, falta de
agilidade mental, primitivismo intelectual e em alguns casos
agressividade.
Raiz ramificada — riqueza e sensibilidade maior do inconsciente.
Raízes acima da linha da terra — maior domínio do superego (comum
em pessoas com incapacidade intelectual ou Transtorno de
Aprendizagem).
Raiz saindo da base do papel — é normal até 10 anos de idade. No
adulto sugere dificuldade de aprendizagem ou caráter dependente,
insegurança e sentimento de inadequação. Prende-se à base do papel
como segurança compensatória (comum em Deprimidos e sugere
também Transtorno de Personalidade Dependente).
Raiz por meio de solo transparente (que aparecem sob a linha do solo)
— falha na capacidade de perceber a realidade, imaturidade cognitiva e
dependência. Comum em crianças até mais ou menos 7 anos de idade.
Em adolescentes e/ou adultos, indica uni prejuízo na capacidade de
perceber a realidade (sugere Transtorno de Personalidade
Esquizotípica).
Raiz em forma de garra, representada como que lutando para prenderse ao solo — ligação hipervigilante e de pobre contato com a realidade,
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temor, pânico de perder o contato com a mesma; é como se tivesse que
agarrar para não perder o contato com a objetividade (encontrado em
pessoas agressivas com Transtorno de Personalidade Paranóide ou
Transtorno do Pânico).
6.8 — Linha da terra ou do solo
A linha do solo simboliza o traço divisório entre o consciente e o
inconsciente (os separa e os liga concomitantemente). E a base da
árvore e separa o meio nutridor (raízes, terra) da sua zona de expressão
(copa). Fornece dados sobre os sentimentos de segurança, estabilidade,
equilíbrio, necessidade de apoio ou auto-sustentação.
A maior parte das pessoas desenha a linha do solo. As crianças o fazem
com menor frequência, mesmo porque preferem colocar a árvore na
beira do papel, que para elas simboliza o chão.
Linha entre o tronco e a raiz — equilíbrio entre o consciente e
inconsciente, harmonia - e maturidade.
Linha acima da base do tronco — indiferença em relação a realidade,
alienamento e atitude passiva (comum em adolescentes e em doentes
hospitalizados, pois um longo período de ociosidade forçada
naturalmente faz com que estas pessoas considerem a realidade num
plano afastado. A linha do chão, como expressão da realidade imediata,
urrada para o horizonte).
Linha abaixo da base do tronco — sentimento de desenraizamento e
separação.
Ausência de linha entre a base e a terra — falta de firmeza, estado mais
primitivo com reduzida capacidade de objetivação ou falta de
diferenciação do eu (comum em pessoas que não têm “os pés no chão,
que vivem como que suspensas no ar”).
Linha de terra bem escura, em negrito — ansiedade desejo de ocultar
ou disfarçar os conflitos íntimos.
Linha oblíqua ou inclinada — aversão, afastamento, reserva inclinação a
contradizer. Incerteza, instabilidade, desamparo em face de pressões
ambientais e falta de estabilidade (perdendo o “pé”, escorregando,
insegurança).
Linha tipo ilha — isolamento, solidão ou sentimentos de rejeição e
abandono (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide).
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Linha convexa-(árvore colocada em uma colina ou montanha) —
isolamento aliado à necessidade de autonomia, solidão e reserva; pode
ser também indício de vaidade, posse, necessidade de colocado em um
pedestal, de ser admirado, sentimentos de grandeza, “o todo-poderoso”
ou sugere dependência maternal.
Linha côncava (árvore colocada em uma depressão) — sentimentos de
inadequação e inferioridade (comum em pacientes Deprimidos).
Linha representada pela borda do papel — na criança é bastante
comum e no adulto pode indicar dificuldade de base afetiva e
representação infantil do mundo.
Linha grande por toda a largura do papel-necessidade de maior
objetivação na vida e insegurança.
Linha cheia de vegetação — insegurança, dramatização, dificuldade na
área afetiva ou vaidade.
Linha borrada — ansiedade com relação ao sentir a terra sob seus pés,
o saber onde pisa e como se situa no mundo (sugere Fobia Social).
6.9 — Tronco
O tronco é o suporte da copa, a parte mais estável e durável da árvore.
Simboliza a força interior, o sentimento de poder e de sustentação do
ego, o equilíbrio, e fornece também dados sobre o desenvolvimento
emocional e sobre a integração da personalidade.
Tronco reto, bem proporcionado — evolução normal da personalidade.
Tronco forte, firme e estável — capacidade de adaptação, autosustentação, sensação de força e poder.
Tronco reto e rígido como um poste — rigidez do ego, controle,
emocional, necessidade de defesas para manter a integridade da
personalidade, recursos mais manuais do que intelectuais ou afetivos,
Em adultos também pode representar um símbolo fálico (sugere
Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva).
Base do tronco reta ou apoiada na beira do papel — é a representação
infantil do mundo; portanto, é normal em crianças pequenas. Em
adultos sugere infantilidade, imaturidade, regressão, sentimentos de
inadequação e insegurança (comum em Deprimidos e em alguns casos
de Deficiência Intelectual).
61
Tronco solto no espaço, sem raiz, sem base, longe da linha da terra —
falta de apoio, desorientação, falta de firmeza e insegurança.
Tronco cortado, quebrado ou fechado na parte superior —
discrepância entre desejo e realidade, entre querer e poder (sentir e
agir), não verdadeiro para consigo (comum em crianças até 6, 7 anos de
idade, em Transtorno de Ansiedade Generalizada).
Tronco aberto na parte superior — dificuldade de conclusão, de
comprometer-se, indefinição (deixar como está para ver como fica) ou
abertura para novas idéias e soluções, espírito inventivo e necessidade
de investigar.
Tronco aberto na parte superior e fechado na inferior — esforços
superdeterminados e desgastantes de assertividade associada a
fragilidade e insegurança, repressão da energia instintiva (base
pequena).
Tronco aberto na parte inferior e fechado na superior — predomínio da
vida instintiva.
Tronco aberto na parte superior e na inferior - indecisão,
comportamento flutuante e dificuldade de compreensão na vida.
Dois troncos ou um tronco dentro do outro— necessidade de
apresentar-se frente ao mundo com força e autoafirmação encobrindo
sentimentos de fragilidade interior.
Tronco curvado ou cortado — pressão ambiental e inibição, sentimento
de castração (sugere Transtorno do Pânico). Tronco bifurcado — ambivalência afetiva.
6.10— Tamanho do tronco
Equilíbrio entre o tamanho do tronco e o da copa — evolução normal
da personalidade.
Tronco curto e/ou grosso com copa grande — pressão externa e
dificuldade de expressão do eu, maior satisfação na fantasia e contato
62
com a realidade menor que o desejável, ambição, autopreocupação,
entusiasmo, idealismo, arrogância, superficialidade, equilíbrio precário
da personalidade por efeito da frustração em não conseguir satisfazer as
necessidades básicas, desenvolvimento retardado e regressão a estados
primitivos (comum em desenhos de crianças pequenas, pacientes com
Transtorno de Somatização e em adultos regredidos).
Tronco longo — predomínio da vida instintiva e emocional, imaturidade,
inquietude motora, vivacidade de fundo emocional ou sentimento de
constrição ambiental com uma tendência a reagir agressivamente na
realidade ou na fantasia (comum em crianças).
Tronco longo que se estende além do topo da página — necessidade
de buscar satisfação na fantasia.
Tronco longo e sombreado — reação emocional à má condição do
meio.
Tronco longo e fino com grande estrutura de galhos — precário
equilíbrio da personalidade motivado por excesso de ênfase na
satisfação das necessidades.
Tronco longo, copa pequena — predomínio da vida instintiva,
imaturidade, falta de adequação para expressar-se, inquietação motora
e vivacidade de fundo emocional. Considerado normal em crianças até a
fase do jardim da infância, as com idade escolar geralmente desenham a
copa do mesmo tamanho que o tronco, sendo que as meninas fazem o
tronco um pouco mais longo que os meninos. Também encontrado em
Transtorno de Aprendizagem.
Tronco grande e pequena estrutura de galhos -precário equilíbrio da
personalidade motivado pela frustração e pela incapacidade de
satisfazer as necessidades básicas.
6.11 — Largura do tronco
Tronco frágil, fino e instável - sensibilidade, vulnerabilidade e
insegurança.
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Tronco muito fino ou pequeno, com uma grande estrutura de galhos —
equilíbrio precário da personalidade, necessidade de maior satisfação,
mas com pouca sustentação.
Base do tronco alargada para a esquerda — introversão, inibição,
bloqueios, conflitos dependência ou fixação materna, prisão ao passado
e dificuldade para libertar-se de algo (comum em alguns casos de
Transtorno de Aprendizagem e sugere também Transtorno de
Personalidade Esquizoide).
Base do tronco alargada para a direita — desejo de expansão, oposição
ou resistência aos outros e teimosia. Ocasionalmente pode indicar
ressentimento, desconfiança e predominância dos desejos e instintos
(sugere Transtorno de Personalidade Histriônico).
Base do tronco alargada para os dois lados — inibição do pensamento,
dificuldade para aprender, dificuldades na compreensão da vida ou
medo de possível perda de contato com a realidade com afirmação
compensatória.
Tronco de base alargada podendo ou não terminar em ponta —
imaturidade, predomínio da vida instintiva, estagnação da vida afetiva,
constrição do crescimento. A diminuição gradual do tronco é esperada,
mas quando é rápida ou repentina transmite um sentimento de
racionamento abrupto no decorrer do desenvolvimento e de uma vida
anterior mais rica e satisfatória emocionalmente (comum em
Transtorno de Aprendizagem).
6.12— Contorno do tronco
Contorno do tronco ondulado em ambos os lados do tronco —
vitalidade, animação, capacidade de adaptação, habilidade nas
dificuldades e no contato.
Contorno do tronco irregular à esquerda — introversão,
vulnerabilidade interna, conflitos, dificuldades, inibição, difícil
adaptação e traumatismos psíquicos (comum em pacientes com doença
orgânica e acidentados Transtorno de Somatização, Transtorno de
Personalidade Esquizoide).
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Contorno do tronco irregular à direta — contato ativo com a realidade
ou traumas psíquicos e dificuldade de adaptação (sugere Transtorno e
Estresse Pós-Traumático e de Personalidade Histriônico)
Contorno do tronco em linhas difusas e interrompidas — sensibilidade,
empatia ou caráter hesitante e sentimento obscuro dos limites de
personalidade.
Contorno do tronco com linhas de traços curtos — irritabilidade,
impulsividade e impaciência (sugere Transtorno de Personalidade
Borderline),
Contorno do tronco com saliências, linhas tremidas, tortas ou nós —
desenvolvimento físico ou psíquico com traumatismos, doenças graves,
acidentes, grandes dificuldades, congestionamento de afetos,
bloqueios, choque ou impulsividade, vulnerabilidade, excitabilidade,
nervosismo e impaciência (sugere Transtorno de Estress PósTraumático).
Contorno do tronco com reforço das linhas- medo de desintegração do
eu; necessidade de manter a integridade da personalidade empregando
defesas compensatórias encobrir ou combater o temor e o pânico.
Tentativa de preservar-se contra esta eventualidade por meio dos
recursos disponíveis (comum em adultos imaturos, com humor lábil,
passivos e sem energia e sugere Transtorno Depressivo).
Contorno do tronco com traços leves ou falhos — sentimento de
colapso da personalidade ou perda da identidade pessoal. Trata-se de
um estágio no qual as defesas compensatórias são consideradas inúteis
para impedir uma desintegração iminente, estando invariavelmente
presente uma ansiedade aguda (sugere Transtorno da Ansiedade
Generalizada ou Transtorno do Pânico).
613 — Superfície ou tipos de desenhos no tronco
Superfície raiada, rugosa, áspera, com traços pontiagudos, angulosos
ou serrilhados.
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— suscetibilidade, vulnerabilidade, sensibilidade exacerbada,
emotividade, irritabilidade, propensão à violência e cólera, aspereza e
falta de tato ou capacidade de observação (comum em pessoas com
espírito crítico e que reagem facilmente).
Superfície com traços curtos, arredondados ou delicados —
flexibilidade, facilidade no contato e disposição para se adaptar.
Superfície do tronco borrada ou sombreada — ansiedade,
traumatismos, sensibilidade ou adaptabilidade (comum em Depressivos
e em alguns casos de Impulso Sexual Excessivo e sugere Transtorno de
Estresse Pós-Traumático).
Superfície com sombreado à esquerda — sonhador, introvertido,
suscetibilidade, vulnerabilidade, inibições, dificuldade para expressar-se,
falta de mobilidade, rigidez, falta de agilidade, regressão e fixação em
estágios mais primitivos (sugere Transtorno de Personalidade
Esquizoide).
Superfície com sombreado à direta — capacidade para fazer amizades,
de contatar com os outros e adaptabilidade (na puberdade o sombreado
a esquerda e à direita se alterna com bastante frequência).
Superfície com protuberâncias, buracos, rachaduras ou fendas —
traumas psíquicos, sentimento de inferioridade, de dúvida, ansiedade,
carência, culpa e bloqueios (comum em acidentados ou doentes e
sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático).
Tronco com buracos e com animais espiando para fora — eventos
traumáticos, sensação de que um segmento da personalidade está
patologicamente sem controle, tendendo à destruição (dissociação) ou
ainda indica maior identificação com o animal do que com a própria
árvore, expressando anseios regressivos pelo isolamento, pelo calor e
proteção da existência intrauterina (comum em crianças em idade
escolar, ocasionalmente entre adultos imaturos, Transtorno de
Ansiedade Generalizada e sugere Transtorno e Estresse PósTraumático).
Superfície manchada — traumas, ansiedade (comum em alguns casos
de Impulso Sexual Excessivo e sugere também Transtorno de Estresse
Pós-Traumático).
6.14 — Galhos ou ramos
66
Os galhos representam os braços da árvore e simbolizam a capacidade
para obter satisfação no meio. Representam os recursos subjetivos do
indivíduo para aproximar-se dos outros, expandir-se e realizar-se.
Formam a zona de contato com o ambiente, permitindo o intercâmbio
entre o que é interior e o que é exterior.
Um paciente omitirá os galhos se não se relaciona com as pessoas que o
cercam. Às vezes, um examinando pode tentar mascarar com um
otimismo superficial ou compensatório seus sentimentos mais
profundos de incapacidade para obter satisfação desenhando uma
pessoa com braços longos e abertos. Mas, na árvore, os ramos estão
truncados ou quebrados, demonstrando que não sente nenhuma
esperança de sucesso.
O número, tamanho, forma e flexibilidade dos galhos indicam o grau de
habilidade do indivíduo para relacionar-se com os outros.
Galhos ou ramos frondosos e vivos — bom humor e facilidade em
buscar satisfação no meio.
Arranjo de galhos ou ramos em harmonia — serenidade, calma,
autoconfiança, condições para buscar satisfações no ambiente ou ainda
insensibilidade e ausência de tensões.
Galhos ou ramos ricamente ramificados — sensibilidade, delicadeza de
sentimento, facilmente impressionável ou grande reatividade,
agressividade, criticismo e agudeza (comum em pessoas supersensíveis).
Galhos ou ramos ondulados e/ou arredondados — tendência ao
devaneio, sonho, mas com facilidade em expressar-se, comunicar- se e
habilidade no contato social.
Galhos ou ramos interrompidos em sua interseção (principalmente nas
linhas curvas) — consideração e delicadeza.
Arranjo de galhos ou ramos em desarmonia - excitabilidade,
inquietude, ansiedade extroversão (sugere Transtorno de Conduta e/u
Transtorno de Personalidade Antissocial).
Galhos os ou ramos em traços simples e não duplos — imaturidade,
sentimento de ,impotência, desenvolvimento mais afetivo que
intelectual (comum em crianças embora às vezes pode ser sinal de
transtorno de Aprendizagem ou regressão em adultos).
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Galhos ou ramos e tronco com traços simples e não duplos —
sentimentos de impotência falta de força do ego para busca de
satisfação e sentimentos de inadequação (comum em casos orgânicos e
sugere também Hipocondria).
Galhos ou ramos cortados ou quebrados, pendentes, mortos ou presos
à árvore — experiências traumáticas corte e/ou inibição das vias de
expressão, bloqueios, conflitos, sentimento de não ser uma unidade
completa dentro de si mesmo (desintegrado), desamparo. Falta de
autoconfiança, isolamento e reserva (sugere Transtorno de Estresse
Pós-Traumático).
Tronco de árvore truncado e/ou cortado e dele saindo pequenos
galhos ou ramos — personalidade lesada e crescimento emocional
bloqueado, mas no entanto apresentando ensaios hesitantes para
retomar o crescimento. Trauma com indício de reajustamento ou
recuperação.
Galhos ou ramos soldados na copa, quando há uma linha divisória
entre o tronco e a copa — discrepância entre o desejo e a realidade, a
vontade e a ação, divisão interior entre as tentativas genuínas e as
forçadas.
Galhos ou ramos caídos ou caindo — sentimento de perda, sacrifício e
renúncia (sugere Transtorno Depressivo).
Galhos ou ramos finos ou selos nas pontas e pontudos —
agressividade, sensibilidade elevada ou espírito crítico e mordaz ou
sadismo (sugere Transtorno de Conduta e/ou Transtorno de
personalidade antissocial).
Galhos ou ramos secos em lugar da copa — aridez, vida afetiva vazia ou
agressividade.
Galhos ou ramos semelhantes a lanças pontiagudas, farpas ou
espinhos — impulsos intensos e carregados de hostilidade e agressão
ou sadismo caso externamente a pessoa mostra-se reservada ou gentil,
provavelmente este ajustamento é feito à custa de esforços maciços de
repressão. Devem-se buscar indícios de falta de controle e/ou
agressividade em outros detalhes do desenho.
Galhos ou ramos que se assemelham mais a falos do que
propriamente ramos — preocupações sexuais, medo de castração e/ou
esforços pata conquistar a virilidade,
68
Galhos ou ramos secundários como se fossem espetos encravados no
corpo dos ramos primários — tendência masoquista.
Galhos ou ramos não fechados nas pontas — pouco controle na
expressão dos impulsos (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno
de Personalidade Antissocial).
Arranjo de galhos ou ramos de forma repetida, ligamentos sucessivos
— estereotipia por perturbação na evolução, falta de senso com a
realidade, regressão e pouca capacidade de adaptação (comum em
Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva)
Galhos ou ramos em labirintos e/ou de formas angulares —
imaturidade, primitivismo, regressão a um estado infantil e inibição do
desenvolvimento, Em desenhos de crianças de 6 anos de idade
aparecem em traço único e mais tarde em traço duplo, e aos 9 anos de
idade desaparecem (comum em adultos regredidos).
Galhos ou ramos com ângulos — pessoas severas, de adaptação difícil e
resistentes (comum em Transtorno de Personalidade Esquizotípica).
Galhos ou ramos em parênteses uns contra os outros, dentro da copa
— confusão, repressão, facilidade em ser influenciável e dominável
(comum em transtorno de Personalidade Esquizotípica).
Galhos ou ramos entrelaçados — ambivalência, indecisão ou
capacidade crítica para julgamentos.
Galhos ou ramos em traços descontínuos — superficialidade, incerteza,
instabilidade, impulsividade, distúrbios do pensamento e da atenção e,
em alguns casos: pessoas intuitivas, de espírito inquieto e aberto
(comum em pessoas com Distúrbio da Atenção e sugere também
Transtorno de Personalidade Esquizotípica).
Galhos ou ramos que se estendem como que flutuando no espaço ou
como fumaça — tendência ao sonho, à fantasia, à falta de concentração
e, dificuldade para a ação, dispersão, preocupação com o menos
importante e incapacidade para agir.
Galhos ou ramos frágeis e inadequados — dificuldade na busca de
satisfação no ambiente.
Galhos ou ramos envolvidos por flores como chumaços de algodão ou
tipo nuvem nas suas extremidades — atenuação das verdadeiras
intenções, dificuldade de contato próximo com as coisas, medo e/ou
69
dificuldade em expressar agressividade, reserva, timidez diante da
realidade e discrição (a dura expressão dos galhos é ocultada pela
almofada de algodão, comum em pessoas impenetráveis que poupam a
si mesmas).
Galhos ou ramos separados — impulsividade associada a falta de
amplitude interpessoal, impulsos agressivos e hostis (sugere Transtorno
de Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial) Preenchimento do espaço da copa com galhos, frutos ou flores ao
acaso -- imaturidade e regressão.
Galhos ou ramos e copa inclinados sob um sol grande e baixo —
afastamento tímido da dominação de urna figura de autoridade,
parental ou não, sensação de inadequação, de ser controlado e
subjugado.
Galhos ou ramos superdesenvolvidos e tronco raquítico — ênfase na
busca do prazer, dúvida acerca de sua importância e tendência à
fantasia.
Galhos ou ramos com estereotipias (todos iguais) — dificuldade de
expressão, automatismo e limitação intelectual (comum em Transtorno
de Personalidade Obsessivo e Compulsivo).
Ausência de galhos ou ramos — é bastante comum a copa ocultar os
galhos, mas dependendo da impressão da árvore como um todo, sugere
dificuldade em obter satisfação do meio em realizar-se e em interagir
com as pessoas.
6.15 — Tamanho dos galhos ou ramos
Galhos ou ramos muito curtos — reserva artificialismo, inibição dos
afetos, angústia e inadaptação.
Galhos ou ramos muito longos, arqueados e sinuosos — descuido, falta
de controle, timidez nos afetos e medo.
Galhos ou ramos longos e finos — (número maior de galhos ou ramos
para cima e pouquíssimos para os lados) - medo de não conseguir
satisfação no ambiente, com recompensa na fantasia.
70
Galhos ou ramos muito longos, sem direção certa, para preencher um
vazio — tendência a fugir ao que é estabelecido, a sonhar, indisciplina,
medo e excitação.
Galhos ou ramos pequenos, copa raquítica sobre um tronco muito
grande — frustração devido à inabilidade de satisfazer necessidades
básicas.
6.16 — Largura dos galhos ou ramos
Galhos ou ramos primeiro mais grossos e próximos e depois mais finos
e afastados— sentimento de alta capacidade para obter satisfação do
ambiente.
Galhos ou ramos que começam e continuam grossos até a
extremidade — perseverança ou tendência a violência, primitivismo.
Galhos ou ramos que começam estreitos e depois engrossam —
realização quantitativa, trabalhador fanático, indivíduo pronto para a
ação, extrovertido, ambicioso, ativo e dirigido por impulsos.
Galhos ou ramos finos e pequenos — egoísmo e avareza.
Galhos ou ramos em duas dimensões abertos nas extremidades —
sentimento de pouco controle sobre a expressão dos próprios impulsos.
6. 17 — Direção dos galhos ou ramos
Galhos ou ramos estendendo-se tanto lateralmente (para o ambiente
exterior) como para cima (área da fantasia) — equilíbrio nos esforços
em busca de auto-satisfação, serenidade, calma, confiança, apoio em
recursos internos e facilidade em buscar satisfação no ambiente.
Galhos ou ramos em direções opostas — contradição, oposição,
inconsequência, desadaptação, teimosia, desorientação, ambivalência,
luta entre afetividade e controle.
Galhos ou ramos abertos e em direções opostas — ambivalência
afetiva, indefinição, desejos variáveis, sem um tenha central e oposição
(comum em pessoas que sob pressão explodem).
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Galhos ou ramos cruzados com descontinuidade — prudência, cautela,
falta de clareza e de aptidão para discernir.
Galhos ou ramos para o alto a ponto de fazer o topo da árvore
ultrapassar o limite superior da página — inversão na fantasia (comum
em Esquizofrênicos).
Galhos ou ramos para o alto e poucos para os lados — medo e/ou
dificuldade em não conseguir obter satisfação do ambiente e tendência
a fantasiar (subindo em direção ao topo da página) para conseguir
gratificação substitutiva.
Galhos ou ramos que se voltam para dentro (como cascas de cebola)
ao invés de saírem para o ambiente — egocentrismo, fortes tendências
introvertidas e ruminantes ou não influenciáveis, senso de
independência e isolamento do exterior (comum em pacientes com
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo).
Galhos ou ramos que se afastam do centro (saem para fora) —
agressividade, iniciativa, necessidade de contato com a realidade e
extroversão.
Galhos ou ramos dirigindo-se para o sol como num apelo — grande
necessidade de afeição. A árvore estende os braços ansiosos em busca
de calor (sol representa a figura de autoridade, que pode ser positiva ou
negativa).
Galhos ou ramos com movimentos para cima — energia, atividade,
entusiasmo, fanatismo, tendência religiosa ou falta de senso da
realidade.
Galhos ou ramos com movimentos para baixo — insegurança,
depressão, melancolia, resignação, falta de coragem, cansaço e pouca
resistência (sugere Transtorno Depressivo).
Ênfase exagerada nos galhos ou ramos à esquerda (quanto ao número
e tamanho-— introversão, reserva inibição e desequilíbrio na
personalidade (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide)).
Ênfase exagerada nos galhos ou ramos à direta (quanto ao número e
tamanho) — desequilíbrio produzido por evitar ou retardar satisfação
emocional e procura de satisfação o por meio de esforço intelectual
(sugere Transtorno de Personalidade Histriônico).
6.18— Copa
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A é o campo de expressão e beleza da árvore. É a sua parte mais
delicada e perecível, é a sede das folhas, flores e frutos, sendo a
manifestação da plenitude de sua existência.
O desenho da copa traz no seu grafismo indicações da vida intelectual,
das fantasias e da criatividade do paciente. Indica também a relação de
troca entre o que é de dentro e o que é de fora, o tipo de
comportamento em relação à realidade, sociabilidade e atividade
imaginativa a parte externa e as extremidades simbolizam a zona de
contato com o ambiente.
Copa apresentando um conjunto equilibrado, sem pender para
nenhum lado — calma interior, estado de equilíbrio, autoconfiança e
maturidade.
Copa só contornada, vazia — vazio de alma (o espaço da copa é o
campo de expressão do indivíduo).
Copa dividida em fragmentos ou pedaços — riqueza interior e/ou
proteção a si mesmo (os ramos envolvem-se para evitar o choque).
Copa achatada ou apoiada na borda da folha — pressão ambiental ou
dependência e imaturidade.
Ausência de copa, copa incompleta ou dificuldade em completá-la —
dificuldade nas relações pessoais, indefinição e dificuldade para achar
soluções adequadas.
Parte da copa omitida ou cortada — sentimento de inferioridade,
desenvolvimento detido, inibição, resistência, timidez, necessidade de
omitir-se ou de esconder algo.
Copa com espaços internos vazios -- cautela, impenetrabilidade,
sentimento de insuficiência e necessidade de ocultação (evitar certas
zonas indica sentimento de inferioridade e de fracasso).
Copa fechada e sombreada — repressão da energia instintiva e
isolamento social.
Copa esférica — tendência a fantasia, falta de autenticidade ou medo
da vida real (comum em tipos emotivos e fantasiosos. Mais frequente
nos desenhos dos meninos do que nos das meninas).
Copa esférica, envolvida por uma membrana — dificuldade de
comunicação, timidez, retraimento, medo, falta dc contato interior, não
verdadeiro para consigo mesmo e dissimulação.
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Copa descoberta — algo incompleto, indecisão, indeterminação ou
tendência à investigação e à iniciativa.
Copa encaracolada ou ondulada — valorização do aspecto externo,
superficialidade, entusiasmo, tendência à extravagância, atividade,
animação, dramatização e comunicação.
Copa com emaranhado de linhas confusas — grande mobilidade
psíquica, poder de improvisar, sem objetivo, confuso, inconsequente,
selvagem, falta de estabilidade, incapacidade de concentração, falta de
disciplina, impulsivo, imprevisível, falta de clareza de pensamento e
trabalho sem método.
Copa arredondada e do tipo nuvem — tendência a fantasia, sonhador,
flexibilidade ou falta de energia para realização e medo da realidade.
Copa em forma de raios ou varas ou linha de serra — nervosismo,
irritabilidade, agressão, agitação, impulsividade, fraca estabilidade,
impaciência, exigência, teimosia ou diversificação de interesses,
dificuldade de concentração (comum na crise da puberdade e em
Transtorno de Ansiedade Generalizada).
Copa com formato dado por jardineiro — dificuldade em se expor, falta
de originalidade, artificialidade, pessoa não verdadeira para consigo,
correção forçada, rigidez, mecanização ou sofisticação (comum em
alunos-modelo com falta de originalidade e sugere também Transtorno
de Personalidade Obsessivo-Compulsivo).
Copa do tipo salgueiro — insegurança e indivíduo fortemente afetado
pelo ambiente (comum em Deprimidos).
Copa em forma de trevo ou coração — mascaramento e falta de
autenticidade.
Copa como flocos de algodão ou nuvens nas pontas dos galhos —
obscurecimento ou mascaramento das próprias intenções, medo de
contato com a realidade e dificuldade em estabelecer uma relação mais
inteira com as pessoas ou situações.
Copa como rolo de fumaça — indivíduo facilmente influenciável,
tendência a devanear e a fantasiar e dificuldade para agir.
Copa como chama de vela — entusiasmo, energia, orientação para o
auto-aperfeiçoamento ao contínuo, fanatismo, fantasia e imaginação
criadora.
74
Copa achatada na parte superior — inibição, forte pressão ambiental,
obediência não desejada, resignação, dificuldade para tomar decisões,
sentimento de inferioridade, a imobilizada que não pode escapar de um
estado emocional e falta de agressividade (sugere Transtorno
Depressivo).
Copa levemente sombreada — empatia, suavidade, passividade ou
indeterminação irresolução e confusão.
Copa em ponta. — crítica e agressividade.
Copa em ramificações delgadas — sensibilidade e suscetibilidade.
Copa em linhas simples — falta de maturidade intelectual ou afetiva
(normal na infância).
Copa de linhas curvas — doçura, imaginação, compreensão afetiva e
cortesia (comum em pessoas prestativas),
Copa com linhas trêmulas — nervosismo, irritabilidade e insegurança.
Copa feita por um conjunto mais ou menos discordante de linhas —
grande mobilidade psíquica, atividade, agitação, labilidade de humor,
ambivalência, falta de estabilidade, desorientação ou produtividade,
espontaneidade, inconsequência e improvisação (sugere Transtorno de
Personalidade Borderline).
Linha separando a copa do tronco — discordância entre capacidade e
ação, entre querer e fazer, visão curta e infantil, inadaptabilidade
(normal entre crianças pequenas, porém, depois dos 7,8 anos de idade,
sugere Transtorno de Aprendizagem).
6.19 — Tamanho da copa
Copa grande e tronco pequeno — confiança em si mesmo, preocupação
consigo e ambição maior que a capacidade de realização.
Copa pequena e tronco grande — forte dinâmica emocional e
imaturidade (comum em crianças) e, se forem adolescentes ou adultos,
sugere sentimento de inadequação, dificuldade de realização e
regressão aos níveis mais primitivos.
Copa pequena — infantilidade e imaturidade (até 9 ou 10 anos de idade
é normal).
75
Copa grande — fantasia, vaidade, entusiasmo, exibição ou instabilidade,
falta de concentração e agitação.
Copa muito grande e incompleta por não caber no papel — maior
satisfação na fantasia que na realidade.
6.20 — Direção da copa
Copa em equilíbrio (não tendendo para nenhum dos lados) - estado de
equilíbrio calma, maturidade, satisfação consigo mesmo ou
psicologicamente estático e tensão de duas forças igualmente fortes.
Copa aumentada para o lado direito -extroversão, autossuficiência,
autoconfiança, arrogância, vaidade, necessidade de ser importante,
orgulho, facilidade em expressar afetos, ambição intelectual e
desembaraço em lidar com o mundo exterior.
Copa aumentada para o lado esquerdo — introversão, timidez,
subjetividade, narcisismo ou fixação materna, prisão ao passado, medo
do progresso, preocupação consigo mesmo, vivendo no mundo dos
desejos e passividade.
Copa com ramos descendentes do lado esquerdo e ascendentes do
lado direito — exterioriza com entusiasmo maior do que sente, esforço
de superação do abatimento e fadiga (comum em Deprimidos).
Copa pendendo aos lados do tronco — imobilização na emoção, não
produz o quanto poderia, falta de agressividade, cansaço, falta de
energia, passividade, indecisão e apatia (comum em Deprimidos).
Copa orientada para o alto — entusiasmo, energia, tendência à
realização, busca de realização na fantasia e ambição.
Copa com ramos para o centro (para dentro) — tendência a reserva,
proteção do ego, defesas, concentração, ou autossuficiência,
independência, harmonia interior, firmeza, decisão ou egocentrismo,
narcisismo e dificuldade de comunicação e sociabilização.
Copa com os ramos para fora — tendência a agressividade, atividade,
confusão mental, iniciativa, extroversão ou maior necessidade de
76
contato com a realidade (quando os ramos não são do tipo espinho, a
agressividade não é tão forte).
6.21 — Folhas
São as folhas que nos dão os primeiros sinais de germinação, fertilidade
e crescimento da árvore. Apresentam uma função vital (respiração da
planta), além de contribuírem para aparência e beleza da árvore. São o
símbolo da vida, servem para enfeitar e decorar o esqueleto da arvore e
simbolicamente para indicar como o sujeito realiza contato com o
ambiente.
Sua formação no desenho tanto pode significar harmonia, desordem
como comporta- Obsessivo-Compulsivo (estereotipia).
Folhas médias — bom ajustamento, capacidade de expressão e
adaptação.
Folha ao longo dos galhos e ramos numa disposição naturalcapacidade de observação para os aspectos exteriores, preocupação
com a aparência, dotes decorativos e visuais, vivacidade ou prazer em
dramatização e/ou auto-expressão com necessidade de
reconhecimento, interesse por aspectos exteriores e tendência à
fantasia (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista)
Folhas grandes — necessidade de crescer e receber elogios.
Folhas de tamanho exagerado —imaturidade e desejo de mascarar
sentimentos de inadequação básicos com uma capa de ajustamento
superficial.
Folhas miúdas e numerosas— minuciosidade, preocupação com
detalhes e trabalho mecânico, Quando exagera na minúcia pode
significar falta de senso de realidade e ausência de julgamento (comum
em pacientes com Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo).
Folhas incrustadas na copa — dom de observação dos aspectos
exteriores, necessidade de reconhecimento, tendência a adornos,
fantasia ou visão infantil do mundo e ingenuidade (sugere Transtorno de
Personalidade Narcisista).
Folhas no tronco e/ou abaixo da copa — realização infantil,
imaturidade, ingenuidade e primitivismo.
77
Folhas em galho seco — sinal de renascimento.
Folhas caindo ou caídas — perda, separação, sacrifício, renúncia,
desistência ou sensibilidade, delicadeza de sentimento, facilidade para
esquecer, alívio fácil, distração. Pode também ser indício de sensação de
não mais poder conformar-se às demandas da sociedade, sensação de
algo perdido, de perda da habilidade de fazer ajustamentos mais
refinados no ambiente ou instabilidade (encontrado em alguns casos de
Depressão e de transtorno de Despersonalização).
Folhas em disposição simétrica e regular — automatismo, primitivismo,
realismo estreito, identidade a nível de fantasia e insegurança (sugere
Transtorno de Personalidade Obsessivo -Compulsivo).
Folhas, ramos, frutos abaixo da copa — realização infantil, resíduo de
primitivismo, ingenuidade e imaturidade.
6.22 — Flores
As flores são a produção mais delicada da árvore, nos falam da
aparência, da estética, do enfeite, da graciosidade e da beleza.
A nível simbólico pode sugerir urna necessidade de revestir-se de boa
aparência (máscara), preocupação com a fantasia, com a beleza,
autoadmiração, vaidade e necessidade de agradar (a verdadeira árvore
é invernal).
Flores bem localizadas — equilíbrio.
Árvore cheia de flores — autoadmiração, interesse pela aparência,
vaidade, imaturidade, capacidade aparente, tendência à falsidade, falta
de persistência e busca de satisfação no momento imediato (sugere
Transtorno de Personalidade Narcisista).
6.23 — Frutos
Só aparecem depois da flor fecundada e são o resultado de um lento e
longo processo de maturação, o qual viabiliza a perpetuação da espécie.
Simbolizam o rendimento da árvore, a sua utilidade, o desejo de
realização, de compreender os problemas da vida e a própria criação.
Crianças de 7 a 10 anos de idade desenham árvores cheias de frutos e
na maioria das vezes soltos; aos 12 anos de idade os frutos são
78
geralmente ligados por uma haste, e depois dos 14 anos de idade a
presença de frutos é vista como uma indicação de infantilidade.
Árvore cheia de frutos — desejo de realizar, prosperar, de obter
sucesso rápido, procura de boas recompensas, oportunismo, luta ou
impaciência (comum em crianças e adolescentes, porém bastante raro
nos adultos).
Árvore cheia de frutos em adultos — fixação na infância ou
adolescência, oportunismo, desejo de ver resultados imediatos,
impaciência e necessidade de autoestima (comum em mulheres
grávidas e sugere também Transtorno de Personalidade Dependente).
Frutos soltos -_ desprendimento, desapego e reação emocional aos
familiares (comum em crianças depois dos 14 anos, imaturidade).
Frutos que caem ou caídos — perda, sentimentos de rejeição, de
sacrifício, de renúncia, de frustração e de morte.
Macieiras — necessidade de independência (comum em crianças). Em
adultos sugere Transtorno de Personalidade Dependente.
6.24— Acessórios no desenho da arvore
Quando aparecem devem ser analisados.
Enfeites, adornos — tendência ao bom humor e a enfrentar os
problemas brincando.
Chão com vegetação, grama, flores ou arbustos em grau limitado —
insegurança; grau excessivo - ansiedade.
Paisagem apenas esboçada ou incompleta.— tendência a sonho,
indolência, contem,, meditação, observação, dom da imaginação e falta
de senso da realidade.
Paisagem como tema dominante- sensação de ser ameaçado pelo
mundo exterior, ausência de liberdade em relação à realidade, desejo
de fuga, ansiedade, cansaço e de controle sobre as idéias negativas
(comum em pacientes Deprimidos).
Arvore cercada com estacas, suportes, grades ou cercas — insegurança,
falta de independência e necessidade de apoio (sugere Transtorno de
Personalidade Dependente).
79
Ninhos— desejo de proteção, imaturidade, dependência, imersão na
fantasia e concepção infantil do mundo (normal em crianças até 12 anos
de idade). Mais tarde sugere Transtorno de Personalidade Dependente
Sombra no terreno — desejo de proteção.
Sol — geralmente representa a figura de maior autoridade ou de maior
valência emocional (positiva ou negativa) no ambiente do sujeito.
Sol minúsculo e distante — sentimento que o ambiente geral
proporciona pouco calor ou sensação de um grande distanciamento em
relação às figuras parentais ou de autoridade.
Outra árvore — carência afetiva, necessidade de companhia (comum
em desenhos de Esquizofrênicos, dê crianças com insuficiente
maturidade escolar e de órfãos).
Formas impróprias, pessoas, dizeres, versos, rabiscos sem significado
— incerteza, insegurança e falta de confiança em si (comum em pessoas
brincalhonas, irônicas e em alguns casos de Esquizofrenia).
Árvore localizada em uma colina — tendência ao isolamento e
espiritualidade.
Árvores dentro de potes, vasos — distúrbios sexuais.
Serpente envolvendo a árvore — proteção contra tendências sexuais.
80
Na idade pré-escolar (5 a 6 anos de idade), a maioria dos desenhos já
apresenta as mãos e os dedos. A mão é desenhada como um círculo e os
dedos, como linhas retas. Os pés só aparecem um pouco mais tarde.
Nesta fase as crianças param de desenhar o umbigo, porque o conceito
de self independente já não é novo, e no lugar do umbigo geralmente
surge uma fileira de botões, o que é comum até mais ou menos os 8
anos de idade (a criança ainda não se encontra totalmente
81
independente da mãe). Depois dessa idade tende a desaparecer
também a fileira de botões, o que ocorre quando a criança resolve de
maneira satisfatória as questões de dependência e independência.
Nos desenhos das crianças pré- escolares a cabeça é
desproporcionalmente maior, quase que dominando toda a figura. A
medida que a criança amadurece, os desenhos vão se tornando mais
realistas, e, usualmente por volta dos 7 ou 8 anos de idade, a figura
humana e suas partes assumem proporções mais objetivas e o tamanho
da cabeça representa cerca de um oitavo da estatura total.
Por volta dos 8 anos de idade, surge a separação entre a cabeça e o
corpo (o pescoço simboliza a ligação entre o mental e o físico). Nessa
época as crianças apresentam maior consciência da necessidade de
controle intelectual. O comprimento e a largura do pescoço, assim como
a ênfase geral a ele dada, constituem uma medida de sua necessidade
desse controle. Pode-se afirmar que quanto mais o pescoço é
evidenciado, mais ameaçadores são os impulsos corporais e maior é a
necessidade de defesa contra tais impulsos por meio do controle
intelectual.
7.1 — Introdução
Da observação de incontáveis desenhos infantis, percebemos que a
primeira representação do corpo humano feita pela criança pequena é
um círculo.
As crianças de 3 ou 4 anos de idade o identificam espontaneamente
como a figura de pessoa. Nesse modelo circular compreende também o
tórax e muitas vezes são adicionados os olhos, a boca e o nariz. No
entanto, apesar da simplicidade do desenho, fica claro para maioria dos
observadores que o esquema representa uma pessoa.
Até os 4 anos de idade mais ou menos não é esperada a representação
dos braços. A dos 6 anos de idade sua ausência é preocupante e aos 10
anos de idade é extremamente significativa. O mesmo se aplica quanto
ao ponto de junção dos mesmos; não é normal que as crianças em idade
escolar continuem a desenhar braços que saem de cabeças ou de
pernas, e, quando isso ocorre, refletem falhas do desenvolvimento ou
patologia.
82
Aos 5 anos de idade, o umbigo é salientado, e os braços são desenhados
como extensão da cabeça em lugar do corpo. As crianças nesta fase já
têm alguma consciência das diferenças entre os sexos, que é expressada
pela ausência ou presença de uma saia ou pelo comprimento do cabelo.
Na idade pré-escolar(5 a 6 anos de idade),a maioria dos desenhos já
apresenta as mãos e os dedos. A mão é desenhada como um circulo e os
dedos como linhas retas. Os pés só aparecem um pouco mais tarde.
Nessa fase as crianças param de desenhar o umbigo, geralmente surgem
uma fileira de botões, o que é comum até mais ou menos 8 anos de
idade( a criança ainda não se encontra totalmente independente da
mãe) Depois dessa idade tende a desaparecer a fileira de botões , o que
ocorre quando a criança resolve de maneira satisfatória as questões de
dependência e independência.
Nos desenhos das crianças pré-escolares a cabeça é
desproporcionalmente maior, quase que dominando toda a figura. À
medida que a criança amadurece, os desenhos vão se tornando mais
realistas, e,usualmente por volta dos 7 ou 8 anos de idade, a figura
humana e suas partes assumem proporções mais objetivas e o tamanho
da cabeça representa cerca de um oitavo da estatura total.
Por volta dos 8 anos de idade, surge a separação entre a cabeça e o
corpo( o pescoço simboliza a ligação entre o mental e o físico). Nessa
época as crianças apresentam maior consciência da necessidade de
controle intelectual. O comprimento e a largura do pescoço, assim como
a ênfase geral a ele dada, constitui uma medida de sua necessidade
desse controle. Pode-se afirmar que quanto mais o pescoço é
evidenciado, mais ameaçadores são os impulsos corporais e maior é a
necessidade de defesa contra tais impulsos por meio do controle
intelectual.
Entre os 8 e 10 anos de idade surgem também os braços e as pernas em
duas dimensões, ocorre um aperfeiçoamento do desenho da figura
humana em termos de aspectos integrativos e surge a consciência do
corpo como uma unidade, no lugar de uma série de partes somadas
umas às outras.
Desta fase até a puberdade, os desenhos mostram esforços no sentido
da obtenção de prestígio e segurança por meio da adição de símbolos
de força e importância.
Nos dos meninos é comum observar armas, varas de pescar, chapéus de
caubói, etc. Nos das meninas aparecem bolsas, livros, prendedores de
83
cabelos, enfeites; o cabelo na maioria das vezes é visto como algo a ser
cuidado e embelezado.
Na puberdade e adolescência, além do desaparecimento da concepção
fragmentada do corpo humano, os desenhos adquirem maior
sofisticação. O corpo adquire uma nova e especial importância e,
consequentemente, dependendo do sexo do examinando, os desenhos
enfatizam atributos, como tamanho, força, graça, atração física, etc., Só
aqui é que surge algum tipo de reconhecimento das diferenças sexuais,
como a forma do corpo, contornos, curvas, etc.
Às vezes, o jovem em lugar de indicar os seios reforça os contornos
externos da área a fim de indicar o conflito. Os esforços no sentido de
controlar e integrar os impulsos corporais podem ser também
registrados como conflitos na área do pescoço, uma vez que este
estabelece a relação entre a cabeça e o corpo. Outro indicativo de que
existe uma repressão forçada dos impulsos corporais é o traçado de
uma fina linha na cintura, típico do desenho de adolescentes. Outros
instrumentos gráficos de controle podem ser observados na posição
retesada, por dedos cerrados ou “enluvados” ou na asseada restrição
imposta por um arco, um prendedor ou apenas uma linha que visa
encerrar a ativa excitação do cabelo.
À postura da figura e o tratamento dado às pernas e aos pés podem
revelar a atitude do examinando quanto a mobilidade, estabilidade e
sentimentos de segurança nas suas relações com o meio ou nos
assuntos sexuais. O comprimento dos braços, sua robustez, direção e
vigor com que eles partem do corpo em direção ao “ambiente”
fornecem dados adicionais sobre a natureza do contato que o
examinando tem com o meio.
Muitos adolescentes atribuem aos seus desenhos uma idade superior à
sua própria, o que é evidência de seu interesse em crescer, indicando os
desejos acerca de si mesmo e colocando na figura que desenham uma
promessa daquela realidade para o futuro.
Os desenhos na maioria das vezes revelam problemas infantis e
representam um dos canais de expressão dos medos, esperanças e
fantasias. Quando o homem desenha uma mulher, o desenho pode ser a
representação de uma criança, de uma moça ideal com quem sonha um
dia casar-se ou da figura materna, ou um problema de identidade sexual
se desenha primeiro a figura do sexo oposto.
84
E importante observar quais as partes do corpo feminino que são
enfatizadas. Quando os seios são desenhados muito grandes ou com
muito cuidado, pode indicar desde fortes necessidades de dependência
oral até atração pelos mesmos. Se os braços e mãos são colocados e
proeminentes, pode estar indicando tanto a necessidade de figura
materna pro como dificuldades de interação com o ambiente. Ombros e
outros indicadores de masculinidade desenhados de forma exagerada
na figura masculina denotam expressão de insegurança com respeito à
masculinidade, sentimentos de inadequação e inferioridade.
Na análise, é essencial uma observação precisa do desenho como um
todo, para dc num segundo momento, atentar para os detalhes.
Os desenhos das crianças pequenas são muito semelhantes aos
desenhos de paciente psicóticos, que representam a figura humana
empobrecida e destituída de qualquer elemento emocional. Porém, isso
ocorre pela falta de habilidade e maturidade em função de seu estágio
de desenvolvimento e não pode ser identificado com o afastamento da
realidade que é típico de um indivíduo psicótico. Apesar da semelhança
dos desenhos, psicologicamente as duas expressões são de mundos
separados e totalmente diferentes (Dileo, 1987).
A falha em combinar as partes num todo integrado só tem significado
patológico depois da idade pré-escolar. Nessa época também é comum
às crianças desenharem figuras grandes, como se quisessem indicar a
sua importância. Por ser mais significativa, a FIGURA HUMANA é
geralmente desenhada maior que a CASA e a ARVORE.
O desenho da Pessoa manifesta três tipos de projeções: autorretrato, eu
ideal ou ideal de ego e percepção das pessoas significativas (pais,
irmãos, professores, etc.).
AUTO-RETRATO - é quando o examinando desenha o que ele acredita
ser. Se é obeso ou magro, alto ou baixo, nariz grande, orelhas
pontiagudas, olhos pequenos, barriga saliente, etc.
Os examinandos de inteligência média ou inferior geralmente
reproduzem determinados detalhes em espelho; por exemplo: se
apresentam algum defeito na mão direta, fazem-no na mão esquerda da
pessoa desenhada. Todavia, tem-se observado que os defeitos ou falhas
físicas são projetados nos desenhos somente quando apresentam
alguma influência sobre o conceito que o indivíduo faz de si mesmo ou
quando este tenha criado uma área de sensibilidade psicológica.
85
Juntamente com sua projeção de sentimentos relativos a seus defeitos
físicos, o examinando também pode projetar suas qualidades: ombros
largos, desenvolvimento muscular, cintura fina, pernas longas, rosto
atrativo, etc.
Além do eu físico (autorretrato físico), o sujeito pode projetar no
desenho um quadro do eu psicológico (autorretrato psicológico). Pode
acontecer que examinandos de altura adequada ou superior desenhem
figuras pequenas, com braços caídos em atitude de derrota ou desvalia,
pés um para cada lado mostrando ambivalência, olhos vazados (cegos)
ou boca com um traço tenso. Neste caso o indivíduo projeta a idéia
psicológica que tem de si mesmo, isto é, se vê como um ser pequeno,
impotente, insignificante, desvalido, dependente e necessitado de
apoio, apesar de não corresponder a seu real aspecto físico.
Cada paciente elabora o seu autorretrato à sua própria maneira,
acentuando e/ou modificando diferentes partes em função dos
mecanismos de sua personalidade e de toda sua passada e presente. O
fato é que o autorretrato pode ser distorcido da realidade, muitas vezes
tal imagem, associa-se a aspectos idealizados ou patológicos que geralrefletem dificuldades profundas com o próprio corpo.
EU IDEAL OU IDEAL DO EGO - é comum pessoas frágeis fisicamente,
desenharem atletas ou levantadores de peso; pessoas obesas
desenharem bailarinas esguias dançando livremente sem o fardo da
massa corporal; crianças espancadas produzirem armas, espadas,
projetando a sua necessidade de força, a fim de evitar danos para si
mesmo.
Nas crianças observa-se grande influência dos personagens das histórias
em quadrinhos e desenhos da televisão. A imaturidade não permite a
reprodução intencional de sentimentos e atitudes mais sutis; este fato
só ocorre a partir da adolescência.
PESSOAS SIGNIFICATIVAS - a criança pequena de modo inconsciente e
automático elege ideais e valores assim como exerce comportamentos
que se assemelham com as figuras de sua constelação familiar, as quais
ama, admira, respeita e algumas vezes tem medo. Essas identificações
assumem importância capital na infância, mas prosseguem
significativamente durante a vida toda. Nos desenhos infantis, muitas
vezes são projetadas imagens dos pais, mostrando a grande importância
que estes têm para a criança e a necessidade que estas sentem de um
modelo com que seja capaz de incorporar em seu conceito de si mesmo.
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E também comum desenhar pessoas significativas (professores, tios,
etc.) do meio social contemporâneo ou passado, devido à forte valência
positiva ou negativa que estas pessoas têm para a criança.
Esta inclusão da percepção que o examinando tem de figuras
significativas do meio social, em contraste com a percepção que tem de
si mesmo, se produz com maior frequência em desenhos de crianças do
que de adolescentes e adultos (às vezes o mesmo desenho pode dar
uma imagem fusionada de si mesmo e dos outros).
Características das figuras materna ou paterna que a criança projeta em
seu desenho constituem-se na maioria das vezes em um elemento de
profecia. Vários anos mais tarde, o teste aponta determinados sinais
que a criança incorporou dos pais. Isto fica mais evidente quando a
criança não passa por uma psicoterapia ou quando a sua situação
ambiental o sofre mudanças significativas (Rabin, 1996).
7.2 — Figuras inacabadas
A distorção ou omissão de qualquer parte da figura sugerem conflitos
que podem estar relacionados com a parte em questão. Por exemplo, é
comum voyeuristas omitirem os olhos; pessoas muito inseguras não
desenharem os braços; indivíduos com conflitos sexuais omitirem partes
do corpo, etc.
Observações, rasuras, sombreamento ou reforçamento têm o mesmo
significado de interpretação das distorções e omissões.
Não esquecer que quando o examinando faz uma figura incompleta, o
examinador deve oferecer outra folha e solicitar ao mesmo que desenhe
uma figura completa (ver normas para aplicação).
Desenho só da cabeça — censura ao próprio corpo ou sexual, Em alguns
casos pode indicar valorização exagerada da própria inteligência ou
refúgio na fantasia.
Desenho apenas da cabeça e tórax — censura da área genital, forte
preocupação sexual ou desajustamentos em relação ao corpo.
Dificuldade para desenhar braços e pernas visíveis- inabilidade para
estabelecer contatos sociais espontâneos e dificuldade para avaliar
corretamente as próprias potencialidades.
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Partes omissas — censura da parte omitida (comum em imaturos que
não querem tomar conhecimento dos problemas do mundo, pessoas
com Transtorno de Somatização e Transtorno de Ansiedade
Generalizado).
7.3 — Sucessão das partes desenhadas
A sequencia habitual no desenho da figura humana é em primeiro lugar
a cabeça e as características faciais (olhos, nariz, boca e orelhas),
pescoço, tronco superior, braços, mãos, tronco inferior, pernas e pés.
As alterações nas sequencias alertam para as partes do corpo
possivelmente mais problemáticas ou importantes para o paciente.
Com o mesmo significado, a demora na apresentação das características
faciais implica num desejo de retardar a identificação da pessoa e a
demora em desenhar dedos ou mãos denota uma relutância em fazer
contato imediato e íntimo com o ambiente. As vezes esta é a maneira
que o paciente encontra para evitar a revelação de sentimentos de
inadequação.
Em crianças é normal as alterações sequenciais, porém nos adultos
apresentam outros significados.
Começo pela cabeça — aceitação do desenvolvimento (é o modo mais
comum de iniciar o desenho, pois é na cabeça que estão os conceitos do
self).
Começo pelas mãos, braços, tronco e cabeça por último — dificuldade
nas relações pessoais e predomínio de aspectos mecânicos da
personalidade (em alguns casos, indica perturbações do pensamento).
Começo pelas pernas e pés — desânimo, desencorajamento e
dificuldade em caminhar na vida (comum em Deprimidos).
Começar uma parte e abandonar, ir para outra ou retomar para a
inicial — distúrbio sério de despersonalização (comum em começo de
Esquizofrenia).
Desenvolvimento bilateral — dissimulação e ambivalência (comum em
Transtorno de personalidade Obsessivo-Compulsivo).
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Começo pelo cabelo — problema de virilidade (comum em pessoas com
distúrbios na área da sexualidade e sugere também Impulso Sexual
Excessivo).
Começo pelo rosto — necessidade de agradar e de inter-relacionar com
as pessoas (no rosto é que estão todos os elementos da inter-relação
social).
Começo pelo pescoço — necessidade de viver sob controle e
policiamento dos desejos do corpo (o pescoço é o elemento de ligação
entre as forças afetivas e os impulsos controladores do corpo).
Começo pelos ombros — ambição, desejo de autoafirmação e fantasia
de força e o poder, no caso de ombros largos (comum em pacientes
com Transtorno de Somatização).
Começo pelos braços — ambição por meios econômicos, por
compreensão, afeto, desejo de inter-relação ou sentimentos de culpa,
quando são muito retocados (é importante verificar se a ambição é
positiva ou negativa).
Começo pelas mãos — pessoa ambiciosa ou sentimentos de culpa ou
frustração. Começo pelas pernas — desejo ou fantasias de mudanças,
física ou profissional.
Começo pelo pé — desejo de mudança ou desencorajamento (comum
em pacientes Deprimidos e em alguns casos de Distúrbio Sexual).
Começo pelos pés com dedos — afetividade primitiva, sensualidade
instintiva e sem controle ou agressividade (sugere Transtorno de
Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial).
Cabeça desenhada por último — distúrbio mental (explorar a
possibilidade de perturbação do pensamento).
Começo por quadris e/ou seios, realçados ou retocados, feito por
homem — tendência homossexual.
Começo pelo vestuário — necessidade de chamar a atenção,
preocupação com as roupas, com a sociedade ou sentimento de
inferioridade, necessidade de proteção e couraça (sugere Transtorno de
Personalidade Narcisista).
Traços em direção ao corpo — tendências introvertidas.
Traços que se afastam do corpo — tendências extrovertidas.
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7.4 — Ordem das figuras
O esperado do ponto de vista de identificação sexual é que as pessoas
desenhem o próprio sexo em primeiro lugar. Quando o desenho não
representa o autorretrato do autor, outras variáveis podem estar
influenciando a escolha, como fantasias românticas, preocupações
momentâneas, grande relação afetiva, conflitos com o progenitor do
sexo oposto, identificação com o sexo oposto, conflitos frente a
identidade sexual ou outras condições temporárias do sujeito.
Estudos têm confirmado a visão, geralmente aceita, de que a grande
maioria das crianças desenha seu próprio sexo primeiro, quando
solicitadas a desenhar a figura humana. Observa-se também que a
porcentagem de meninas desenhando seu próprio sexo declina com a
aproximação da adolescência (Lourenção Van Kolck, 1984).
Essa mudança que ocorre num significado número de meninas nem
sempre representa uma troca no papel ou na identificação sexual.
Quando uma adolescente desenha a figura masculina em primeiro lugar,
pode estar expressando um interesse pelo outro sexo, e não problemas
na identificação sexual.
Na adolescência parece haver maior inclinação a desenhar um amigo da
mesma idade ou um adulto solícito, do que os próprios pais.
Crianças — desenham com mais frequência pessoas significativas de seu
ambiente (pai, mãe, irmãos, professores, etc.), e não a percepção do
próprio self, provavelmente porque os pais representam um modelo de
identificação que a criança quer incorporar.
Crianças de 7 a 16 anos — desenham primeiro a figura do sexo oposto
quando têm maior estima por este ou quando apresentam sentimentos
negativos para consigo mesmo, quando são mais dependentes faltandolhes segurança quanto a própria imagem ou quando não têm plena
consciência do próprio sexo do ponto de vista das características sexuais
já reconhecidas.
Adultos — que reproduzem as figuras parentais em seus desenhos,
normalmente mostram-se presos ao passado, sem jamais terem
conseguido atingir totalmente a independência do controle parental.
Quando pergunta sobre o sexo que se deve desenhar primeiro —
confusão a respeito do papel sexual.
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Desenho do próprio sexo em primeiro lugar — identificação com o
papel característico do próprio sexo (é o mais comum).
Desenho do sexo oposto em 1°lugar— como já foi dito acima, pode
simbolizar fantasias românticas, preocupações momentâneas, conflitos
com o progenitor do sexo oposto forte ligação e dependência com o
genitor ou com a pessoa que tem mais afinidade sexo oposto, confusão
a respeito do papel sexual, perturbação na identificação sexual em
alguns casos homossexualismo.
7.5— Visão geral das figuras
Simbolizam o grau de auto-exposição do paciente.
Figura de frente — quando é a figura do sexo do autor indica aceitação
de si mesmo boa evolução psicossexual e relacionamento com o mundo
exterior de forma t e franca.
Figura de perfil — atitude evasiva, necessidade de esconder dos outros
os próprios sentimentos, recusa em apreender a realidade, dificuldades
e indiferença para com o meio, problemas de relacionamento afetivo,
tendência para evitar o confronto com os problemas e busca de
satisfação na fantasia (desenho comum em crianças inteligentes, mas
ocorre também em psicóticos).
Figura de costas — grande problema de ajustamento, fuga do meio,
dissimulação dos impulsos “proibidos”, culpa e vergonha (comum em
Transtorno de Personalidade Paranóide).
Figura com o rosto de perfil e corpo de frente — em crianças, é comum
devido a certa imaturidade perceptiva. Em adolescentes pode indicar
conflitos entre exibicionismo e controle social; já nos adultos sugere
dificuldades de ajustamento, de percepção do meio e de si mesmo ou
falta de habilidade técnica.
Figura com a cabeça de perfil e olhos de frente — discernimento
escasso e falta de perspectiva (comum em Esquizofrênicos, Transtorno
de Somatização e/ou de Transtorno de Aprendizagem).
Desenho pedagógico (ou figura de palitos) — grande dificuldade nas
relações interpessoais ou expressão de desprezo e/ou hostilidade em
relação a si mesmo (comum em adolescentes que se sentem rejeitados,
em Transtorno de Personalidade Antissocial e/ou Hipocondria).
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Estereótipos — insegurança, identidade a nível de fantasia e evasão dos
problemas de relacionamento pessoal (frequente em crianças inseguras
e deprimidas ou oriundas de lares desfeitos e em adultos infantilizados),
Estátuas, múmias, etc., — enrijecimento das defesas e fuga das
situações emocionais e do convívio com as pessoas (sugere Transtorno
do Pânico).
Palhaços, caricaturas, anões, monstros, figuras grotescas, etc. -esforço
inconsciente para deformar a realidade, desprezo e hostilidade para
com as pessoas e atitude auto-depreciativa ou sentimento de
inadequação e pobre conceito de si mesmo, (comum em adolescentes
que se sentem rejeitados),
7.6 — Idade das figuras
A atribuição de idade à figura humana simboliza o indício dos desejos,
atitudes culturais e perspectiva temporal do examinando.
Idade da figura próxima à do examinando — bom nível de maturidade
sociocultural.
Idade da figura inferior à do examinando — imaturidade, fixação
emocional em alguma fase ou reação a traumas, quando o indivíduo se
fixa em uma época anterior mais feliz (sugere Transtorno de Estresse
Pós-Traumático).
Idade da figura superior à do examinando em geral sugere vivências
depressivas e/ou inadequadas para a idade. Nas crianças indicam
sentimentos de não ser aceita pelos pais, levando-as a inferiorizar essa
experiência e sentir um forte desejo de crescer ou pais dominadores ou
identificação com um dos pais.
7.7 — Postura das figuras
A Figura Humana tanto pode ser desenhada ereta, indicando toda a sua
força e vitalidade, como deitada, mostrando o seu baixo nível de
energia.
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Figura ereta — normal boa energia e vitalidade.
Figura inclinada, sentada, agachada ou deitada — baixo nível de
energia para responder a estímulos, instabilidade, equilíbrio precário,
debilidade física, falta de ânimo, exaustão mental, preocupação ansiosa
a respeito do equilíbrio pessoal e sua posição precária, sensação de
estar doente ou alerta para pessoas doentes na família (comum em
alcoólicos crônicos e Deprimidos).
Figura solta no espaço (página) ou que parece estar caindo —
sentimentos de iminente colapso da personalidade, instabilidade,
insegurança, dificuldade para estabelecer contato ativo com a realidade
e sensação de estar no ar.
Figura vergada e/ou corcunda— vivências depressivas, peso nas costas
ou culpa.
Figura apoiada a um poste ou cerca — necessidade de ajuda, de
segurança, de apoio, falta confiança em si e dependência (sugere
Transtorno de Personalidade Dependente).
Figura na linha do solo — preocupação com a realidade e necessidade
de saber onde (não é essencial à estrutura do desenho).
Figura sob a pressão de um vento forte — sensação de muita pressão
ambiental turbulência no lar.
7.8— Simetria dos desenhos
O ser humano é aparentemente simétrico em seu físico, mas não em
seus detalhes; o, considera-se um desenho “saudável” quando há certo
equilíbrio entre as partes do corpo.
Muita ordem e igualdade entre as partes do corpo — rigidez, defesas
compulsiva e/ou muscular contra os impulsos ou ameaças do meio,
preocupação com o certo ou errado, frieza e distanciamento emocional
ou necessidade de controle (comum em Transtorno de Personalidade
Obsessivo-Compulsivo, perfeccionistas e exibicionistas).
Braços e/ou pernas de diferentes tamanhos ou largura — comum em
crianças até aproximadamente sete anos de idade; mais tarde sugere
93
agressividade, dificuldade escolar, imaturidade, coordenação pobre,
excesso de espontaneidade, descuido, falta de controle, impulsividade,
hiperatividade ou insegurança, instabilidade, falta de defesas, perda de
equilíbrio da produção gráfica e desorganização mental. Quando as
diferenças são muito acentuadas, demonstra desarmonia na
personalidade e no comportamento (comum em Transtorno de
Personalidade Histriônico).
7.9 — Movimentos nos desenhos
Uma das maneiras pelas quais percebemos que um ser tem vida (ou
está vivo) é demonstrada pelo movimento que este exerce impelido
pelas suas próprias forças. Alguns desenhos mostram pessoas andando
ou correndo, cachorros pulando, pássaros voando, árvores balançando,
etc.; nota-se que a representação dos desenhos pode variar desde a
rigidez até a mobilidade extrema (Di Leo, 1987).
Espontânea ou imitativamente, as crianças usam uma variedade de
expedientes no seu desejo de imprimir movimento às suas figuras, e
alguns deles habilmente copiam os Recursos utilizados pelos artistas de
estórias em quadrinhos. De forma geral, os meninos costumam retratar
mais ação, enquanto as meninas parecem mais interessadas nos
detalhes e acabamento.
Crianças em idade escolar não se satisfazem por muito tempo com
figuras frontais e estáticas, tentam desenhá-las com animação,
esperançosas de criar a ilusão do movimento, Percebendo a dificuldade
de indicar movimento num desenho frontal, descobrem o perfil como
oferecendo orientação mais efetiva para retratar o caminhar, o correr e
o fazer.
Dos três desenhos o qual é mais comum de se encontrar indicando
movimento é o da FIGURA HUMANA e depois desta, a ARVORE; a CASA
é sempre estática. Como regra geral, podemos afirmar o seguinte:
quanto mais involuntário, mais evidente e desagradável for o
movimento, maior o índice de patologia. O movimento da figura pode
avaliar o impulso para a atividade, a natureza do controle sobre os
impulsos, a fantasia, a mobilidade psíquica, a capacidade mental, a ação,
o contato social, a adaptação, etc.
Figura parada ou com movimento moderado ou andando relaxados —
bom ajustamento, riqueza de vida interior e inteligência (considerado
normal).
94
Figura rígida, estática — (cabeça bem ereta, pernas presas uma a outra
ou braços estendidos lateralmente) - controle rigoroso sobre a vida
impulsiva, inadequação das defesas do ego, conflitos profundos,
dificuldade para relaxar, medo de relações espontâneas, repressão dos
estímulos interiores, necessidade de segurar em algo mais, face a uma
ameaça de desorganização e medo de que os impulsos proibitivos se
rompam (comum em casos orgânicos e Transtorno de Personalidade
Obsessivo-Compulsivo, Transtorno Depressivo ou Esquizofrênicos).
Figura com movimento hesitante — insegurança, dissimulação e fraco
controle sobre as reações e impulsos (sugere Transtorno de Ansiedade
Generalizada).
Figura com movimento excessivo ou involuntário, violento e
desagradável — inquietação, superatividade, excitação, impulsividade,
impaciência, agressividade ou desejo de dominar (comum em crianças
hiperativas e/ou inquietas e Transtorno de Personalidade Histriônico e
Transtorno de Personalidade Borderline).
Figura correndo — dependendo da configuração geral do desenho pode
indicar medo extremo ou pânico (sugere Transtorno do Pânico).
7.10— Transparência nas figuras
A transparência simboliza o juízo crítico.
Em crianças pequenas, de 5 a 7 anos de idade, não é considerado
patológico, porque não têm capacidade de abstração. No adulto, são
importantes desde que impliquem numa falha da percepção e da crítica
frente à realidade, indicando a presença de desorganização da
personalidade ou a ruptura com o meio (mais patológico). Por exemplo,
uma transparência na roupa, como deixar aparecer o braço sob a
manga, não é tão sério quanto aparecer a mobília por meio das paredes
de uma casa ou os órgãos internos na figura humana.
Figura nua — necessidade de exibir-se, de mostrar-se, de contato ou
rebelião contra a sociedade e/ou figuras paternas em alguns casos
indica consciência de conflitos sexuais (comum em Voyeuristas e
Exibicionistas).
95
Figura nua em desenho do próprio sexo — narcisismo, supervalorização
do corpo necessidade de exibição ou contato (comum em indivíduos
infantis e egocêntricos e também sugere Voyeurismo e Exibicionismo).
Figura nua com as partes sexuais acentuadas — Ansiedade,
/lmaturidade, /Impulsividade revolta contra a sociedade e/ou figuras
paternas, Exibicionismo, conflitos sexuais ou voyeurismo.
Figura nua mostrando pouca diferença entre o homem e a mulher —
dificuldade na identificação do papel sexual, confusão e repressão da
libido.
Figura parcialmente nua ou com roupa indicada por cintos ou botões
— autoestima pouco desenvolvida, falta de interesse pelas pessoas e
negligência das defesas sociais.
Figura nua sob um robe ou uma roupa, mas sem mostrar a parte
genital — conflitos sexuais, exibicionismo e dificuldade de adaptação.
Figura com roupa transparente ou com elementos sexuais por meio da
roupa — curiosidade sexual ou exibicionismo, necessidade de seduzir
carência afetiva, julgamento deficiente ou muito pobre, conflitos e
problema com a área que mostra a transparência.
Figura com calça ou saia transparente -problemas sexuais, imaturidade,
exibicionismo e impulsividade (comum em, Homossexuais e
Esquizofrênicos).
Figura com sombreamento nos seios — necessidade materna,
dependência, curiosidade ou autoafirmação (comum em préadolescentes e em pessoas com Transtornos de Somatização).
Figura com transparência e/ou com contorno dos seios, desenhada por
homem — sentimentos de culpa, apego ou fixação à figura materna.
Figura mostrando a anatomia interna ou transparência do corpo —
Esquizofrenia (concordância de vários autores).
Figura com ênfase nas articulações — extrema preocupação com o
corpo, sensação de algo imperfeito na integridade corporal,
dependência materna, insegurança, incerteza e imaturidade afetiva e
sexual. Em alguns poucos casos pode indicar a necessidade de ação,
movimento, uma forma de realizar-se, passagem da inatividade à ação
(a presença de joelhos e cotovelos é observada na maioria das vezes em
desenhos feitos por indivíduos com Transtorno de Personalidade
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Paranoide, Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e
Hipocondríacos).
7.11 - Cabeça
Geralmente é desenhada em primeiro lugar. É a parte do corpo mais
exposta e considerada o centro do poder intelectual, racional, social e
do controle dos impulsos corporais. Representa também a autoridade
de governar, ordenar, intuir, etc.
Simboliza o auto-conceito e, juntamente com os traços fisionômicos,
expressa as necessidades sociais e de contato. A forma como é
desenhada projeta o controle do corpo e das fantasias.
Cabeça de tamanho normal — autoconceito positivo.
Cabeça exageradamente grande em relação ao tamanho do corpo —
valorização exagerada da própria inteligência, ambição, aspirações
intelectuais, ou agressividade, frustração nas aspirações intelectuais,
sentimento de menos valia. Introspecção e ênfase na fantasia como
fonte de satisfação (comum em pré-escolares até 5 ou 6 anos de idade,
em crianças disléxicas, pessoas com Transtorno Somatização,
Transtorno de Personalidade Paranóide e Esquizofrênicos).
Cabeça grande — confiança excessiva nas funções sociais e de controle,
com correspondente subestima do corpo e dos impulsos vitais,
valorização da inteligência, ênfase na fantasia como fonte de satisfação,
aspirações intelectuais, compensação por sentimentos de inferioridade
e introspecção (comum em pessoas preocupadas com doentes na
família ou Hipocondríacas).
Cabeça pequena em relação ao corpo — sentimento de menos valia,
inferioridade inadequação, preocupação com a crítica, desejo de negar
o controle intelectual pressão do desejo obsessivo em negar
pensamentos dolorosos e sentimentos de (comum em Deprimidos,
pessoas com inteligência inferior ou socialmente não a das, Transtorno
de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e Fobia Social).
Cabeça achatada — pressão ambiental repressão da fantasia ou da
dinâmica racional expressar sentimentos de que o ambiente reprime o
potencial intelectual.
97
Cabeça desenhada com muitas clareza em contraste com o corpo
vagamente esboçado ou pouco claro — supervalorização do intelecto,
apego à fantasia como mecanismo de compensação, sentimentos de
inferioridade e/ou vergonha a respeito das partes do corpo e suas
funções.
Cabeça com ênfase nas linhas periféricas — esforço para manter
controle de fantasias.
Cabeça e rosto pouco claros—necessidade de esconder-se, timidez e
sentimentos de inferioridade. ( sugere Transtorno de Personalidade de
Esquiva.)
Cabeça geométrica, triangular ou quadrada — comum em
Esquizofrênicos.
7.12 Rosto
Simboliza a interação com o meio, onde se inscrevem os pensamentos e
sentimentos. É mais expressiva do corpo, o centro da comunicação, do
contato com a realidade, sociabilidade.
Rosto de frente — preparo para o confronto com a vida e boa interação
com o meio.
Rosto com ausência de contorno facial, mas com presença de olhos,
nariz ou boca — dificuldade de contato com o exterior (comum em
Transtorno de Personalidade Esquizoide).
Rosto com contorno e acentuação dos caracteres faciais — esforço
para manter uma máscara social, ou timidez, sentimentos de
inferioridade, menos valia ou importância e/ou valorização do próprio
eu (comum em alguns estados de Transtorno de Despersonalização).
Rosto com contorno reforçado — dificuldade de inter-relação social,
insegurança e ansiedade ou culpa nos contatos sociais (sugere Fobia
Social).
Rosto com ausência de olhos, nariz ou boca — timidez, ausência de
relação com o meio, fuga dos estímulos exteriores ou do meio,
imaturidade na comunicação, tendência a evitar contatos, introversão,
superficialidade, cautela ou hostilidade (comum em pessoas tímidas,
98
que vivem em seu próprio mundo e não se comunicam, e sugere
Transtorno de Personalidade Esquizóide).
Rosto com marca ou cicatriz — sentimento de ser diferente dos outros
e que os outros percebem essa diferença.
Rosto com sombreado — agressividade, tendência ao roubo.
7.13 CABELO
O cabelo é a expressão do que está vivo e crescendo. Simboliza
vitalidade, virilidade, força, sensualidade e sexualidade. Adolescentes,
narcisistas e homossexuais dão grande ênfase ao cabelo, indicando o
interesse pela aparência e a necessidade de autoafirmação.
Cabelo bem cuidado e/ou bem penteado — interesse pela aparência
social, desinibição, facilidade em mover-se no ambiente e bom
equilíbrio psicossexual.
Cabelo com traço firme — energia e vitalidade.
Cabelo com sombreado forte -conflitos referentes a força e virilidade,
ansiedade com relação aos pensamentos e fantasias ou agressão
(sugere Impulso Sexual Excessivo).
Cabelo comprido e em abundância — sensualidade, virilidade e
vitalidade sexual.
Cabelo escasso -insegurança, sentimentos de inferioridade e
inadequação, sentimento de perda da virilidade e/ou da força.
Cabelo extremamente bem penteado — preocupação em seduzir,
narcisismo, exibicionismo ou moralismo. Quando desenhado por
homem sinaliza insegurança da adequação masculina com esforço
consciente para demonstrar virilidade (comum em adolescentes do sexo
feminino e Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e sugere
Transtorno de Personalidade Narcisista),
Cabelo desordenado — infantilidade, sensibilidade primitiva ou
discordância entre as limitações e as convenções de ordem social; em
alguns adultos sugere confusão relacionada com fantasias sexuais.
Cabelo fora da cabeça — caráter regressivo (comum em
Esquizofrênicos).
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Cabelo em escova - reação agressiva a algo não aceito.
Cabelo trançado - sujeição ou policiamento dos impulsos sexuais.
Cabelo ondulado ou com cachos — desejo de chamar a atenção
(comum em meninas sexualmente precoces).
Cabelo grudado em caracol — repressão sexual e de conceitos morais
errados,
Cabelo repartido no meio — conflito entre identificação feminina e
masculina. ambivalência afetiva ou social.
Cabelo tampando o rosto — dissimulação dos problemas; em adultos
sugere busca compensatória de virilidade devido a sentimentos de
inadequação ou conduta sexual- mente desviada (sugere Impulso Sexual
Excessivo).
Homem ou adolescente que desenha a mulher com cabelo bem
delineado e homem com chapéu— caráter regressivo e sexualidade
infantil com fantasias viris. O chapéu em alguns casos pode simbolizar a
impotência.
Homem ou adolescente que desenha a mulher com cabelo
desordenado e o homem com muita ordem — desordem ou
imaturidade sexual e hostilidade à mulher.
Sem cabelos (careca) — falta de energia, desvitalização, sentimento de
debilidade, impotência, passividade ou isolamento (sugere Transtorno
Depressivo).
Testa grande — desejo de afirmação da inteligência (comum em
Transtorno de Somatização).
Franja em geral — dissimulação de fantasias sexuais e cobertura do
problema sexual ou corporal.
Franja na figura feminina — domínio dos impulsos sexuais sobre os
intelectuais.
Rabo- de cavalo, presilhas, laços e fitas — controle da sensualidade.
Fita no cabelo da figura feminina— esforços no sentido de contenção
dos impulsos.
100
7.14 — Chapéu
É mais frequente na figura masculina e pode tanto simbolizar proteção
ou status social, sensação de impotência e/ou aspectos fálicos.
Chapéu sobre o cabelo — status social (se muito enfeitado),
necessidade de proteção, conduta sexual primitiva ou dissimulação
sexual.
Chapéu cobrindo quase toda a testa — desconfiança, suspeita e atitude
de alerta ou em guarda.
Apenas chapéu, sem outras roupas — regressão (geralmente também
aparece em outros traços).
Capacete — repressão e/ou tentativa de controle das fantasias.
7.15 — Barba e/ou bigode
Simboliza na esfera da sexualidade a luta pela virilidade, principalmente
entre aqueles que têm fortes sentimentos de inadequação sexual ou
dúvidas sobre a masculinidade.
Barba e bigode bem feitos —virilidade, vitalidade sexual ou busca
compensatória de demonstrar virilidade ou sinal de status social ou
dúvida acerca da masculinidade e atração pelo sexo oposto.
Barba e bigode desenhados na mulher — ambivalência sexual, conflito
com a mãe e agressividade para com a mulher.
Ênfase na barba—necessidade de dominância mais social que sexual e
sentimento de impotência social.
Ênfase no bigode -busca compensatória de demonstrar virilidade.
Barba reforçada em figura de perfil — compensação por debilidade e
indecisão, necessidade de parecer socialmente enérgico e dominante ou
desejo de chamar a atenção.
Costeletas — -fantasia de poder sexual.
7.16 — Olhos
101
A criança ao fazer o circulo representativo da figura humana desenha
em primeiro lugar os olhos. Simbolizam o contato com o mundo
exterior, a percepção da realidade, a discriminação perceptiva do
ambiente e o controle. Grande parte da comunicação social concentrase nos olhos; “os olhos são o espelho da alma” e podem tanto expressar
amor e compaixão como hostilidade e desprezo.
O embelezamento dos olhos é mais frequente nas figuras femininas de
meninas adolescentes; os desenhados pelos meninos são mais simples,
naturais e funcionais.
Olhos médios- bom ajustamento e contato equilibrado com a realidade.
Olhos pequenos — exclusão ao mundo exterior e absorto em si mesmo.
Olhos grandes — maior capacidade de absorver o mundo visualmente,
observação, curiosidade, dependência do ambiente e das experiências
visuais ou desconfiança (comum controladores e Transtorno de
Personalidade Paranóide).
Quando desenhados por moças sugere desejo de chamar a atenção dos
rapazes. Quando desenhado por rapazes, pode ser indicativo de
homossexualismo, se forem grandes e com cílios.
Nas crianças pequenas, olhos grandes são simplesmente uma expressão
da importância dos mesmos.
Omissão — é um fenômeno raro, geralmente é o primeiro detalhe que a
criança desenha após a cabeça e por isso não deve ser considerado
descuido; sua omissão sugere culpa, vergonha, imaturidade afetiva e!ou
psicossocial (comum em Voyeuristas, crianças socialmente isoladas que
tendem a negar seus problemas e fugir para a fantasia.
Olhos representados por um traço ou fechados introversão, não
aceitação do meio, desejo muito forte de evitar estimulação visual
desagradável, passividade frente ao meio, ou estado de dependência,
imaturidade afetiva e recusa da realidade. A pessoa que fecha os olhos
para não ver (comum em Transtorno de Personalidade Narcisista).
Olhos representados por um ponto — imaturidade para enfrentar a
vida, limitado campo de visão, regressão, desejo de ver o mínimo
possível e imaturidade no contato com o meio (comum em Transtorno
de Personalidade Paranóide).
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Olhos sem pupila ou cegos — percepção vaga e não diferenciada do
mundo, acentuada relutância em aceitar estímulos do ambiente, recusa
a enfrentar a realidade das coisas, inibição, dificuldade de
discriminação, imaturidade, egocentrismo ou agressividade, hostilidade,
culpa e vergonha (comum em Transtorno de Personalidade Histriônico e
em Voyeristas)
Olhos representados por um círculo (da mesma forma que a boca ou
nariz) — em adultos indica infantilidade (comum em Transtorno de
Aprendizagem). Nas crianças sugere dependência, superficialidade ou
falta de discriminação.
Olhos muito bem trabalhados (embelezados) — nas meninas sugere
feminilidade, sedução, afirmação sexual e desejo de chamar a atenção.
Nos rapazes, sexualidade inadaptada e ambivalência sexual e/ou afetiva
(comum em desenhos de Homossexuais).
Olhos cruzados ou estrábicos — reflexo de ira e rebeldia (comum em
crianças agressivas ou com dificuldades emocionais).
Olhos para baixo — fraco controle diante do meio, culpa e vergonha
(comum em Deprimidos).
Olhos para cima — na mulher sugere desejo de chamar atenção,
afirmação no grupo ou desejo de contato sexual. No homem pode
indicar ambivalência sexual ou Homossexualismo.
Olhos em negrito fixos e/ou reforçados conflito na inter-relação social,
controle sobre o ambiente, persecutoriedade, medo de perder o
controle e medo de não enxergar (comum em Transtorno de
Somatização e de Personalidade Paranóide).
Óculos — dissimulação da dificuldade em enfrentar o mundo, desejo de
estabelecer contato interpessoal e afetivo, necessidade de enxergar a
realidade objetiva ou status social (comum em pessoas com Transtorno
de Somatização).
7.17 — Sobrancelhas
As sobrancelhas sugerem atitudes tanto de arrogância, dúvida como de
autoritarismo. A simbologia deste detalhe deve ser analisada de acordo
com o global.
103
Sobrancelhas bem cuidadas com traços finos e delicados —
sensibilidade e refinamento pessoal.
Sobrancelhas levantadas — arrogância, desdém, dúvida e dependendo
da expressão pode indicar medo ou pânico (comum em Transtorno de
Personalidade Paranóide).
Sobrancelha peluda e grossa — sensualidade primitiva, áspera e não
inibida.
Sobrancelhas em linha reta—personalidade forte, decidida, teimosia e
autoritária.
Sobrancelhas, olhos grandes e cílios, na figura masculina desenhada
por homens.— comum em Homossexuais.
7.18 — Nariz
São inúmeros os simbolismos ligados ao nariz, principalmente porque é
o órgão do “faro” que denuncia os sentimentos de simpatia e de
antipatia, orientando muitas vezes os desejos e as palavras. As
expressões populares conferem vários sentidos, como: bisbilhotar,
bufar, agredir, ser metido, intromissão — “meter o nariz onde não é
chamado”, “gente de nariz empinado”, desconfiança — “lá tem coisa
que não cheira bem”, simbolismo sexual (está na linha média do corpo e
sobressalente como o pênis) Nariz médio — bom ajustamento social e sexual.
Nariz pequeno — infantilidade no plano sexual, temor de castração ou
consciência de debilidade sexual.
Nariz grande — em adolescentes e adultos sugere desejo de virilidade e
compensação por sentimentos de impotência.
Nariz grande feito por adolescentes — sensação ou medo da
dificuldade de estabelecer o seu papel estipulado.
Nariz grande na figura masculina — mecanismo de compensação
associado com sentimentos de impotência sexual (comum em
pacientes masculinos que sofrem de Depressão)
104
Nariz com deformações — sentimento de menos valia e desvio sexual
(sugere impulso Sexual Excessivo).
Nariz de perfil com o rosto de frente -infantilidade, indecisão,
inadequação sexual, temores de castração, dúvida e conflitos (comum
em crianças).
Nariz visto de frente, sombreado, reforçado ou com retoque - conflito
sexual, preocupação fálica e possível medo de castração, imaturidade,
complexo de inferioridade e em alguns casos indicativo de
Homossexualismo, também sugere Impulso Sexual Excessivo.
Nariz arrebitado — realização sexual.
Nariz afilado — práticas agressivas sexuais (se outros indícios puderem
ser confirmados).
Nariz curto ou largo com narinas abertas - rejeição ou desprezo ao
ambiente.
Narinas no lugar do nariz — infantilidade, sensibilidade, autoafirmação,
provocação, desprezo ou fantasia sexual.
Narinas com asas bem acentuadas- forte sexualidade, agressividade e
impulsividade (sugere Transtorno de Personalidade Antissocial).
Omissão — sentimento de imobilidade e falta de defesa, incapacidade
para progredir e avançar, timidez, passividade, angústia, sensação de
desamparo.
7.19—Boca
A boca é o órgão receptor das mais primitivas sensações de prazer ou
desprazer e é a de fixações precoces com efeito pela vida afora.
Representa a assimilação de no- idéias e a nutrição, permite a
comunicação, o intercâmbio social, dar e receber os, agredir, maltratar,
ferir, etc.
Simboliza por meio da linguagem a força capaz tanto de construir, de
animar, de ordenar, de var como de destruir, de confundir e de rebaixar.
Boca média — bom ajustamento social e afetivo.
Boca ausente com olhos e nariz desenhados — angústia, insegurança,
retraimento, incapacidade para comunicar-se ou sentimento de culpa
105
com relação à agressividade, tendências sádicas, rejeição ao meio,
negação das necessidades afetivas, possibilidade de conflito com a
figura materna ou dificuldades na área da alimentação (comum também
em pessoas deprimidas ou com Transtorno de Somatização).
Boca grande — ambição, voracidade, erotismo oral, desejo de interrelação social, ou oscilação de humor.
Boca pequena — repressão da oralidade, dificuldade nas relações
sociais ou expressão de distúrbios alimentares.
Boca fechada ou com um traço só reto — negação, recusa nos
relacionamentos, oposição, agressividade verbal, tensão, alta
capacidade de crítica e em alguns casos sadismo (comum em pacientes
laringectomizados).
Boca redonda ou oval com lábios grossos — sensualidade, sexualidade
precoce, agressividade oral, conduta sexual desviante ou dependência
(comum em Impulso Sexual Excessivo).
Boca com as comissuras para cima, igual a de palhaço — imaturidade
psíquica, máscara social, necessidade de simpatia, de agradar, mesmo
que forçada, desejo de obter aprovação e de aceitação social (comum
em crianças).
Boca com as comissuras para baixo — pessimismo, mau-humor, tristeza
ou raiva (comum em Depressivos).
Boca com lábios finos — repressão ou dificuldades nas atitudes sexuais.
Boca sensual - feminilidade e sedução.
Boca projetada, bicuda — personalidade primitiva, instintiva, desejo de
autoafirmação ou agressão verbal.
Boca aberta — passividade oral ou desejo de receber.
Boca em negrito — ansiedade a respeito da necessidade de
dependência ou angústia relacionada com a área.
Língua — intensificação da concentração oral em um estágio primitivo e
com a adição de sinal erótico, desvio da conduta sexual ou rebeldia e
desafio (comum em Esquizofrênicos).
Dentes — infantilidade, imaturidade afetiva, forte agressividade oral,
hostilidade, defesa e em alguns casos sadismo (comum em
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Esquizofrênicos, Transtorno de Personalidade Anti-Social, Transtorno de
Personalidade Histriônico e Transtorno de Somatização).
Palito, cigarro, cachimbo entre os lábios — acentuação da
concentração erótica, dependência oral ou busca de virilidade.
7.20 — Orelhas
Raramente são desenhadas com detalhes, frequentemente são ocultas
pelo cabelo e simbolizam a sensibilidade às críticas. As distorções nos
desenhos representam desde uma suave sensibilidade à crítica social
até uma paranoia.
Omissão — é o mais comum, porém em alguns casos pode indicar
passividade (comum em deficientes auditivos, pré-escolares e
escolares).
Omissão na figura feminina — bastante comum, principalmente
quando é ocultado pelo cabelo.
Omissão na figura masculina — sinal de indiferença em relação ao sexo
masculino e sua aparência (principalmente se o desenho é feito por
moças)
Orelhas pequenas — sentimento de inferioridade e desejo de não ouvir
críticas (sugere Fobia Social).
Orelhas muito grandes e/ou enfatizadas - atitudes desconfiadas,
preocupação com acrítica social, desejo de aprovação social ou
resistência à autoridade (comum em pessoas com conflitos
Homossexuais, danos orgânicos na área da audição ou Fobia
Social).prognóstico desfavorável.
Desenho das orelhas, em lugar não propício — é bastante raro mesmo
em pacientes psiquiátricos. Não parece ser associado a atraso mental,
mas constitui um prognóstico desfavorável.
Orelhas pontiagudas — complexo de inferioridade e sexualidade
primitiva.
Brincos- preocupação sexual desejo de atrair o sexo oposto,
necessidade de embelezar-se e de chamar atenção.
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7.21 —Queixo
Simboliza força, autoridade, autoafirmação e determinação - “pessoa de
queixo duro”.
Queixo muito pequeno — sentimento de inferioridade e inadequação
ou dificuldades sexuais
Queixo grande — tendências agressivas e, se for muito exagerado, pode
significar sentimentos compensatórios de fraqueza e indecisão, medo
de responsabilidades e impulsos fortes de autoafirmação.
Queixo quadrado — afirmação social ou sexual, teimosia, firmeza,
decisão e símbolo masculino.
Queixo redondo — delicadeza e feminilidade.
7.22 — Pescoço
O pescoço simboliza a comunicação da alma com o corpo, a área de
controle das emoções, dos sentimentos e dos impulsos corporais.
Constitui a conexão entre o corpo (impulsos e sentimentos) e a cabeça
(pensamento e controle). Controla a organização corporal e ser como
ligação entre os impulsos instintivos do corpo e o controle exercido pelo
cérebro.
Pescoço bem proporcionado — bem-estar, equilíbrio entre emoções e
controle.
Pescoço desenhado com muita ênfase — perturbação por falta de
coordenação a impulsos e controle intelectual, certa consciência da
bifurcação da personalidade conflitos decorrentes da força do superego.
Pescoço com distorção na forma, no contorno ou em negrito conflito e
dificuldade em controlar os impulsos corporais (comum em indivíduos
com Transtorno de Sumarização.
Pescoço feito em uma linha só — imaturidade e dificuldade na
coordenação dos aspectos intelectuais e instintivos.
Pescoço curto e grosso — comportamento impulsivo, conduta guiada
mais pelos instintos do que pelo intelecto, mau-humor, poder físico ou
mecanismos de compensação (sugere Transtorno de Conduta e
Transtorno de Personalidade Antissocial).
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Pescoço fino e longo —dificuldade em controlar e dirigir impulsos
instintivos (pessoas severas e moralistas), aguda consciência de
impulsos corporais com grande esforço para contê-los, supercontrole
repressivo, afastamento da vida emocional ou ansiedade (comum em
pessoas com Transtorno de Somatização).
Pomo de Adão — desejo de virilidade.
Omissão — dificuldade de coordenação dos impulsos, perda de
controle, sensação de desamparo perante os impulsos, comportamento
impulsivo, com controle interno pobre, imaturidade e regressão
(comum em crianças até aproximadamente 5 anos de idade ou com
Roubo Patológico).
7.23 — Colarinho e gravata
Apresentam uma simbologia tanto sexual como social, dependendo da
configuração geral do desenho. Geralmente são enfatizados pelas
pessoas que sentem intimidadas por pescoço longo (mecanismo de
compensação).
Colar, colarinho, gola ou gravata separando o pescoço — separa o
corpo (impulsos físicos, vitais) da cabeça (controle intelectual, racional),
necessidade de controle da vida instintiva e dificuldade intelectual de
controlar os impulsos vitais.
Decote muito longo ou muito estreito — compensação por sentimento
de inferioridade ou dificuldade sexual (comum em pacientes com
Transtorno de Somatização).
Decote - quando desenhado por homem - dificuldades sexuais ou
desejos inconfessáveis.
Decote - quando desenhado por mulher — mecanismo de
compensação (pescoço maior), problema sexual e imaturidade (porém,
na mulher é mais aceitável).
Decote em V — fixação sexual sobre os seios e tendências voyeuristas.
Decote alto — repressão.
Ausência de gravata em traje completo com chapéu — timidez no
reconhecimento deste símbolo sexual socializado ou dificuldades na
aceitação dos impulsos sexuais.
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Gravata desenhada com muita ênfase por homem — preocupação
fálica com suspeita de sentimentos de impotência e em alguns casos
Homossexualismo.
Gravata pequena ou borboleta — sentimento reprimido de
inferioridade física.
Gravata muito cuidada na figura feminina - possibilidade de tendências
homossexuais
Gravata voando, como fora do corpo — intensa preocupação sexual.
7.24— Ombros
Simboliza a força, poder físico, autoridade, autoafirmação, autonomia e
domínio sobre o ambiente.
Ombros bem proporcionados — flexibilidade e harmonia com o poder
interno.
Ombros desproporcionados — desequilíbrio interno, conflitos sexuais
ou dificuldade de se impor no mundo.
Desenha primeiro ombros pequenos, depois apaga e desenha ombros
grandes.— reação primária de sentimentos de inferioridade e ocultação
com fachada de capacidade e adequação.
Ombros grandes — desejo de afirmação, agressividade, autoridade,
necessidade de mostrar-se forte e de dominar o ambiente (sugere
Transtorno de Personalidade Antissocial).
Ombros pequenos — submissão, sentimentos de inferioridade e de
menos valia.
Ombros exagerados ou representação apagada — preocupação com o
poder e com a perfeição física, temor de debilidade sexual (quando com
muita ênfase, indica uma concentração no corpo em grau patológico,
sugere Transtorno de Personalidade Narcisista).
Ombros geométricos, em linha reta ou quadrados — imaturidade
psíquica, com atitudes hostis e super defensivas, necessidade de provarse capaz, e de impor-se no ambiente.
110
Ombros estreitos em relação ao corpo — sentimento de menos valia,
de inferioridade e/ou inadequação (comum em Deprimidos c em
Transtorno de Somatização).
Ombros arredondados — símbolo de feminilidade. Quando desenhado
por homens pode ser indicativo de Homossexualismo ou confusão
sexual.
Ombros másculos — símbolo de masculinidade, desejo de força.
Quando desenhados por homem, de forma exagerada: insegurança com
respeito a masculinidade, ambivalência sexual ou virilidade reprimida.
Ombros vergados — culpa, vergonha, sensação de vida árdua e excesso
de responsabilidades (sugere Transtorno Depressivo).
7.25 — Tórax
É a sede dos órgãos vitais, da vida instintiva e emocional.
Simboliza tanto a altivez como a timidez, a agressividade como a
gentileza, a prepotência como a humildade; a sua postura da FIGURA
HUMANA mostra como a pessoa apresenta-se no mundo e como
relaciona-se com as pessoas.
Tórax bem proporcionado — harmonia interna e equilíbrio entre a vida
instintiva e emocional.
Tórax pequeno e/ou estreito — inibição, constrição emocional, negação
dos impulsos instintivos e/ou sentimentos de inferioridade (comum em
pessoas com Transtorno de Somatização).
Tórax grande e/ou longo — presença de impulsos não satisfeitos,
dificuldade em se expressar (sente nas vísceras, mas não expressa),
compensação por baixa estatura ou preocupação com a beleza estética
e em mostrar-se (comum em Transtorno de Personalidade Esquizoide e
Transtorno de Personalidade Narcisista).
Tórax arredondado ou com linhas suaves—símbolos feminino, menor
agressividade, submissão e introversão (quando desenhado por homem,
pode ser indício de Homossexualismo).
Tórax rígido — defesas contra emoções e dificuldade em se expor.
111
Tórax como uma caixa quadrada com ângulos — símbolo masculino,
maior agressividade, propensão à crítica ou extroversão (comum em
pessoas regredidas, primitivas ou desorganizadas e sugere Transtorno
da Conduta e Transtorno da Personalidade Antissocial).
Tórax com a parte inferior não fechada — preocupação sexual, conflito
sexual não do ou tendências homossexuais com culpa e ansiedade.
Tórax Com ênfase, sombreamento, negrito ou contorno duplo —
ansiedade em o ao desenvolvimento corporal, preocupação com o
poder físico ou expressão de masculinidade (comum em pessoas com
Transtorno de Somatização).
Tórax com pelos — desejo de masculinidade, necessidade de conferir o
aspecto, masculino o ou sensualidade e narcisismo.
Omissão do tórax — imaturidade severa, perturbação emocional com
aguda ansiedade pelo corpo, rejeição ao corpo e necessidade de
recalcar ou negar os impulsos corpos (comum em crianças pequenas,
Roubo Patológico e raro nos desenhos de adultos).
7.26—Seios
Símbolo de proteção, tem relação com o princípio feminino, com a
maternidade, suavidade e segurança. Frequentemente é associado às
imagens de intimidade, de oferenda, dádiva e de refúgio. Estão também
vinculados aos sentimentos afetivos de identidade e auto valorização.
Seios grandes ou desenhados com muito cuidado — fortes
necessidades com dependência da figura materna ou conflitos com a
maternidade, necessidade oral, gula e erotismo.
Ênfase no seio desenhado por moças — identificação com a mãe,
erotismo oral, necessidade de alimentação e de cuidado ou
constrangimento em relação ao próprio busto (comum em adolescentes
com grande desejo de crescer).
Seios pequenos ou apenas assinalados - preocupação reprimida com os
seios e dificuldade em assumir o crescimento.
112
Seios com ênfase na figura masculina — ambivalência sexual (comum
em Homossexuais).
Costelas — é raro aparecer, porém quando estão presentes sinaliza a
presença de problemas graves, como Esquizofrenia.
7.27— Camisa, paletó, blusa ou camiseta
Símbolo de proteção. Estar sem camisa é como mostrar-se sem a
segunda pele.
Paletó, blusa ou camisa com botões -dependência oral e materna, gula,
sentimentos de inadequação, repressão, preocupações com o corpo e
com a saúde, conflitos ou ambivalência sexual (comum em crianças
pequenas, Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo, adultos
infantilizados, sugere também Hipocondria e/ou Transtorno de
Personalidade Dependente).
Botões em desenhos de crianças — forte dependência materna. As
crianças pequenas costumam associar o botão com o umbigo indicando
uma simbiose com a mãe e dificuldade em soltar-se.
Botões na linha central — é normal em crianças pequenas e nas mais
velhas pode indicar forte dependência materna; em adultos sugere
preocupações com o corpo e com a saúde (comum em Hipocondríacos).
Paletó, blusa ou camiseta com bolso — privação afetiva e dependência
materna ou identificação psicossocial com a mãe (comum em adultos
infantis e dependentes).
Bolso desenhado por crianças — afirmação social e pessoal e expansão
do ego (principalmente quando estão cheios de estilingue, revólver, etc.
- símbolo de expansão do ego e do amadurecimento).
Bolso desenhado por adolescentes — luta pela virilidade em
antagonismo com dependência materna.
Lenço no bolso em linha reta e/ou em ponta — fantasia de virilidade ou
facilidade sexual.
Sombreamento do paletó, blusa ou camiseta -ansiedade em relação à
feminilidade ou à masculinidade e dificuldade ou vergonha do corpo
(comum em Hipocondríaco.
113
7.28 — Cintura
Simboliza a área de controle do impulso sexual, da feminilidade, da
sedução e da possibilidade de atração.
Cintura adequada - harmonia entre a zona superior e inferior, entre os
impulsos e a razão.
Cintura enfatizada por sombreamento, traços reforçados ou
interrompidos- ansiedade em relação à divisão da zona superior e
inferior, repressão na esfera sexual, ambivalência entre expressão e
controle corporal na área da sexualidade preocupação ou policiamento
dos impulsos do corpo.
Cintura pequena e bem apertada na figura feminina — controle
precário das emoções saída com explosões ou necessidade de seduzir.
Cinto apertado no homem — necessidade de mostrar estabilidade,
força e controle, dependendo do global sugere também
Homossexualidade.
Cinto com fivela — castidade, repressão da sexualidade, controle e
racionalização da tensão representada pela divisão do corpo em zonas
(quanto mais elaborado o cinto, r tendência em converter a tensão em
formas estéticas e próprias de expressão).
7.29 — Quadril e nádegas
Zona a de expressão de conflitos.
Grandes ou com sombreamento na figura feminina, feita por moças —
interesse nela maternidade e/ou maturidade ou necessidade de chamar
a atenção.
Grandes ou com sombreamento na figura feminina, feita por rapazes
— tendências homossexuais ou problemas na área da sexualidade.
114
7.30 — Zona genital
O sombreamento ou o desenho dos órgãos sexuais não são comuns e
quando aparecem conflitos e expressam distúrbios.
Representação dos órgãos sexuais — agressividade, exibicionismo,
voyeurismo ou preocupação com a própria identidade sexual (sinal
patológico de deterioração, comum em Esquizofrênicos. Não é válido
pata indicar Homossexualismo).
Representação dos órgãos sexuais em crianças de mais de 5 anos —
agressividade, conflitos familiares, oposição aberta ao ambiente, atraso
afetivo, falta de adaptação ao meio ou patologia mais séria envolvendo
aguda ansiedade em relação ao corpo e pobre controle dos impulsos
(sugere Transtorno da Conduta).
Vista na calça acentuada — preocupação sexual, mas não
necessariamente indício de Homossexualismo,
Abdômen com sombreamento — ansiedade com relação è sexualidade
e/ou ao corpo (sugere Hipocondria).
7.31 — Braços
O comprimento dos braços, sua robustez e a direção com que eles
partem do corpo para o ambiente oferecem dados adicionais sobre a
natureza da interação do indivíduo com o mundo (os braços equivalem
aos galhos da árvore e a porta da casa). Simbolizam o contato com
objetos e pessoas, o desenvolvimento do eu, a adaptação social, a interrelação com o ambiente, a força, o poder de fazei; o socorro concedido
e a proteção.
Braços proporcionais, flexíveis e relaxados — bom ajustamento pessoal
e capacidade de inter-relação com o ambiente,
Braços longos e fortes e/ou grossos — (que alcançam abaixo dos
joelhos) – ambivalência com erro, poder de realização, capacidade de
luta, domínio, facilidade em estabelecer contato com pessoas ou com o
ambiente, ou necessidade de uma figura materna protetora ou
agressividade dirigidas ao ambiente e às pessoas.
Braços mais largos que o corpo-dificuldade nas relações com as pessoas
e/ou o ambiente, fantasia e ambição maior que a capacidade de
realização.
115
Braços longos e finos — (que alcançam abaixo dos joelhos) - debilidade
física ou psíquica, sentimento de inadequação e insuficiência, amplos
horizontes mas sem capacidade de manipulação ou realização,
insegurança e impotência, são braços que não podem realizar nada e
que não reagem aos estímulos interiores.
Braços em uma linha só— marcados sentimentos de inadequação no
contato pessoas e sinal de deterioração.
Braços curtos ou insuficientemente compridos para alcançar a cintura
— Retraimento, contato limitado com o ambiente e com as pessoas,
inibição, passividade e falta de luta.
Braços voltados para a frente do corpo—disposição para o contato.
Braços afastados para os lados ou pendentes ao longo do corpo e
caídos- passividade, dificuldade para iniciativa, inatividade ou
incapacidade e de dependência, ou sentimento de culpa (sugere
Transtorno Depressivo).
Braços rígidos, apertados ao corpo — controle interno rígido, falta de
flexibilidade relações interpessoais pobres, dificuldade em aproximar e
estabelecer relações com as pessoas, medo vinculado a impulsos hostis,
falta de tensão muscular, passividade do mentos de defesa (sugere
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo)
Braços em movimento com o outro, junto ao corpo — tentativa para
vencer as dificuldades do meio.
Braços para trás — inibição, culpa, dificuldades, relutância, medo do
contato com pessoas e/ou ambiente, falta de confiança, insegurança em
participar no ambiente necessidade em controlar a expressão de
impulsos agressivos ou hostis (sue Transtorno de Personalidade
Esquiva).
Braço para frente e outro para trás—misto de evasão e contato ou
ambivalência e agredir e acariciar.
Braços cruzados no peito — atitudes de suspeita, fuga, desafio,
insegurança ou hostilidade.
Braços cruzados sobre a zona genital — sentimentos mal resolvidos na
área genital e (comum em indivíduos sexualmente mal ajustados e
sugere Impulso Sexual Excessivo)
116
Braços na horizontal de forma mecânica, em ângulo reto com a linha
do corpo — contato superficial e não afetivo com o meio (comum em
desenhos de pessoas regredidas).
Um braço para cima e outro para baixo — conflito entre ambição e
inatividade com solução na fantasia.
Braços estendidos para o ambiente — necessidade de afeto ou de mais
participação social e sentimento de inferioridade e inadaptação.
Braços para cima e rígidos — fantasias ambiciosas, culpa ou imploração
de alguma graça para o alto.
Braços em negrito ou sombreado — conflito, dificuldade de contato
com o mundo exterior e sentimentos de menos valia, de culpa por
impulsos agressivos (comum em Transtorno Depressivo).
Braços com articulação- preocupação hipocondríaca, insegurança e
necessidade de pistas perspectivas para se assegurar (comum em
Transtorno de Personalidade Obsessivo- Compulsivo, Transtorno de
Personalidade Dependente e Hipocondria).
Braços amputados — sentimento de castração, dificuldade em conter o
fluxo dos impulsos e inabilidade para contatar e realizar.
Omissão dos braços-passividade, sentimento de menos valia,
desamparo, abandono, inadequação, dificuldade de realização (não
podem fazer nada), rompimento com o mundo exterior, oposição ao
grupo ou grande sentimento de culpa e ansiedade por condutas
socialmente não aceitáveis e com necessidade de automutilação
(comum em crianças pequenas antes dos 4 anos de idade, Roubo
Patológico, Esquizofrênicos, Transtorno Depressivo em pessoas que
sofreram rejeição materna e em indivíduos com possíveis tendências
suicidas).
7.32 — Mãos
Simbolizam o instrumento mais refinado para ação ofensiva ou
defensiva do ego. São os membros de contato e manipulação do corpo,
são comprometidas com a atividade de agarrar, manipular, tocar
objetos ou pessoas ou mesmo a si mesmo. Revelam o nível de aspiração
do examinando, sua confiança, agressividade, eficiência e muito
frequentemente sua culpa ou conflito a respeito das relações
117
interpessoais, além das realizações pessoais, como pintar, realizar
trabalhos manuais, etc. Por meio das mãos podemos compreender
comportamentos que traduzem medo, timidez, hostilidade ou agressão.
Mãos médias, proporcionais ao corpo — harmonia interna com
facilidade para estabelecer contato com as pessoas e o meio.
Mãos ausentes ou com contorno impreciso — falta de confiança nos
contatos sociais, na produtividade ou ambos, possibilidade de contato
limitada, com retraimento, passividade, dificuldade de toque,
manipulação, ataque e agressão (comum em crianças que roem unhas,
em pessoas que não experenciaram mãos que ajudam num momento
de necessidade ou em pessoas que se sentem culpadas).
Mãos no bolso—possibilidade de contato limitada, passividade do ego,
sentimento de menos valia e/ou punição. Defesa contra a atuação de
impulsos proibidos com as mãos (comum em desenhos de pessoas com
Transtorno de Personalidade Antissocial, Roubo Patológico e com
Impulso Sexual Excessivo).
Mãos escondidas ou atrás das costas — falta de confiança no
relacionamento com as pessoas, dificuldade de contato e/ou
sentimentos de culpa (comum em pessoas com Transtorno de
Personalidade Antissocial, Roubo Patológico e com Impulso Sexual
Excessivo).
Mãos cruzadas na zona central — preocupação com erotismo e com a
sexualidade (sugere Impulso Sexual Excessivo).
Mãos pendentes — abandono e tendência à inércia e dificuldade de
atuação (são mãos que não interagem, sugere Transtorno Depressivo).
Mãos fechadas — dificuldade nas relações sociais, fantasia de
agressividade ou agressividade dissimulada, comum em pessoas
usuárias (sugere Transtorno da Conduta e Transtorno da Personalidade
Antissocial).
Mãos em perfil — inteligência.
Mãos abertas — necessidade de afeto e relação com as pessoas.
Mãos pequenas — sentimento de culpa e/ou inadequação, menos valia,
timidez: agressividade reprimida (sugere Transtorno Depressivo).
Mãos grandes — expressão de poder, ambição, domínio, agressividade,
impulsividade cimentos compensatórios por debilidade, insuficiência de
118
manipulação e inaptidão nos aspectos mais refinados das relações
sociais (comum em Roubo Patológico).
Mãos maiores em relação às outras partes do corpo — ambição, poder,
domínio sentimento de menos valia, impotência e dificuldade no
contato (comum em as com Transtorno de Somatização).
Mãos sombreadas — ansiedade e/ou culpa relativas a atividades de
manipulação contato (comum em pessoas agressivas, Transtorno de
Personalidade Antissocial ou Impulso Sexual Excessivo).
Luvas— repressão da agressividade, sofisticação e pedantismo, As luvas
simbolizam m a evitação do contato direto e imprudente com algo
impuro ou sujo.
7.33— Dedos
Dedos representam os pormenores da vida. O polegar simboliza o
intelecto e a preocupação o indicador - o ego e o medo, o médio - a
raiva e a sexualidade, o anular - as uniões e o e o mínimo representa a
família e a honestidade.
Simbolicamente são elementos multifacetados, pois podem acariciar
explorar (orifícios do corpo), agredir (dedo no gatilho de um revólver,
dedo em riste), ensinar (linguagem dos surdos. São os pontos reais do
tato e contato (Lourerição Van Kolck, 1984).
Dedos apresentados de forma natural — harmonia entre agressividade
e toque.
Dedos cuidadosamente articulados e/ou muito detalhados — desejo
de perfeição ou obsessividade (comum em Transtorno de Personalidade
Obsessivo-Compulsivo e em Esquizofrênicos).
Dedos sem a palma da mão — agressividade (é comum em crianças
pequenas, mas, quando combinados com outros traços, significa
agressividade infantil).
Dedos como alfinetes, palitos, garfo, garras, tesouras ou compridos e
pontudos — agressividade e imaturidade. São dedos capazes de
espetar, agarrar, cortar e agredir (comum em Transtorno de
Personalidade Antissocial e Transtorno de Personalidade Sádica).
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Dedos apagados — sentimentos de culpa de inadequação, impotência,
de menos valia, conflitos ou agressividade reprimida ou impulsividade e
ansiedade de autoafirmação.
Dedos muito curtos ou muito longos — sentimentos de culpa (comum
em pessoas com Impulso Sexual Excessivo)
Dedos longos e finos — equilíbrio ou sentimentos de menos valia,
desejo de afirmação ou hostilidade (depende do global do desenho).
Dedos grossos e curtos — agressividade reprimida, dificuldade de interrelação e hostilidade.
Menos ou mais que cinco dedos — falta de atenção e observação,
incapacidade ou dependência (comum em crianças, no adulto sugere
imaturidade, ambição, agressividade ou disposições aquisitivas)
Dedos com articulação — vida instintiva superior a intelectual (comum
em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo).
Punhos cerrados — repressão ou recalcamento da agressividade.
7.34 — Unhas
Representam as próprias armas (arranham e ferem) e ao mesmo tempo
podem simbolizar autoproteção e sedução.
Ênfase nas unhas — controle obsessivo da agressividade ou dificuldade
com relação ao conceito corporal (comum em Esquizofrênicos e
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo).
Unhas longas desenhadas por homem — ambivalência ou confusão
sexual.
7.35 — Anéis nos dedos
Podem ter a simbologia de um meio de reconhecimento da força de um
laço que ninguém pode romper (aliança, comunhão ou destino
associado). Representam também a necessidade de ostentação e
autoafirmação pelo poder econômico.
120
Desenhados por homem — conflito no casamento (aliança),
ambivalência sexual ou afirmação econômica (anéis vistosos).
Desenhados por mulher — afirmação social, necessidade de status e
vontade de chamar a atenção (sugere Transtorno de Personalidade
Narcisista).
7.36— Pernas
Membro facilitador da marcha permite as aproximações, facilita os
contatos, suprime as distancias. Reveste-se, portanto, de importância
social. As pernas também simbolizam a estabilidade do corpo,
representam contato com o ambiente (compartilham com os braços), e
equilibram o corpo, tomam possível a locomoção, compartilham com a
região do tronco na esfera sexual, simbolizando atitudes do examinando
frente à vida.
Pernas médias no comprimento e na grossura — estabilidade interna,
contato adequado e destreza ao caminhar no ambiente.
Pernas com sombreamento, reforço, rasuras ou mudanças de linha —
conflitos, dificuldades de locomoção e/ou de equilíbrio na vida ou
exagerada consciência sexual (comum em crianças com ansiedade pelo
crescimento físico).
Recusa em desenhar o corpo abaixo da linha da cintura ou indicação
muito sumária da região das pernas — perturbação, conflitos e /ou
dificuldades sexuais.
Pernas ocultas em traje de noite — racionalização do conflito e
dificuldade no caminhar da vida.
Pernas ausentes ou incompletas por não caber no papel —
necessidade de autonomia, sem possibilidade de efetivação.
Pernas juntas, fechadas ou apertadas — rigidez, tensão, tentativa de
controle dos impulsos corporais ou medo de ataque sexual, isolamento,
sentimentos de culpa, dificuldade de socialização ou curiosidade sexual,
repressão ou problemas na área sexual (principalmente se combinam
com os braços junto ao corpo).
121
Pernas juntas e rígidas, sem sinal de movimento — self fechado para o
mundo, estagnação entre a fantasia e a capacidade de realização e os
impulsos internos mantidos sob um rígido controle.
Pernas separadas — falta de equilíbrio (comum em pessoas com
Transtorno de Somatização).
Pernas longas - necessidade de autoafirmação social, fuga ou desajuste
ao ambiente, busca de autonomia e necessidade de independência.
Pernas longas e grossas — desejo de contato, falta de possibilidade de
realizar a ambição desejada ou fuga.
Pernas longas e finas — inadequação e dificuldade para conseguir
independência pessoal (sugere Transtorno de Personalidade
Dependente).
Pernas em uma linha apenas — sentimentos de inadequação e
insegurança (comum em crianças).
Penas pequenas e frágeis ou curtas e finas — dificuldade de locomoção
no ambiente, sentimento de inadequação, deficiência e/ou constrição
no caminhar da vida (comum em Transtorno de Somatização).
Pernas grossas — desejo dc contato ou fuga e sem muita possibilidade
de realização, principalmente se as pernas forem curtas.
Perna curta e grossa — sentimento profundo de imobilidade e falta de
autonomia (sugere Transtorno de Personalidade Dependente).
Pernas arqueadas — desajuste e imaturidade psicossexual.
Quando não desenha a zona de bifurcação das pernas — imaturidade,
desajuste, conflitos sexuais ou imaturidade psicossexual.
Figura feminina com pernas torcidas desenhada por rapaz —
imaturidade psicossexual e desprezo à figura.
Disparidade no tamanho das pernas (comprimento, largura ou ambos)
— ambivalência referente ao impulso para a autonomia ou
independência. Angústia frente à realidade (comum em Deprimidos).
Ênfase nos joelhos — preocupação com o corpo, insegurança,
imaturidade afetiva ou sexual (comum em Transtornos da Personalidade
Obsessivo-Compulsivo).
122
Omissão das pernas — é bastante raro, sugerindo patológicos
sentimentos de constrição e de castração ambiental, deterioração
(comum em Esquizofrênicos e Transtorno de Ansiedade Generalizada).
7.37 — Calças, saias e cintos.
Calça com vista — preocupação sexual com a masturbação,
insegurança, medo, mas não necessariamente indício de
homossexualismo.
Calça com vinco — exibicionismo da masculinidade.
Calça com o gancho elevado — ansiedade sexual.
Calça ou saia sombreada, em negrito, quadriculada ou com
transparência — ansiedade, temor de castração, medo na área sexual
ou violação.
Saia comprida cortada com uma linha no meio para dar idéia de calça
em adultos — imaturidade afetiva e sexual.
Sombreamento ou reforço na barra da calça ou saia — controle ativo
ou interesse infantil em olhar a área sexual ou as pernas.
7.38 Pés e dedos
Simbolizam o contato com a realidade, as atitudes frente à vida, dão
indicações da iça do envolvimento no meio ambiente. Os pés são o
ponto de apoio do corpo na caminhada da vida.
Tocam o chão e por isso podem ser envolvidos em idéias de fobias por
germes e/ou sujeira, frequentemente são associados com sexualidade e
sentimentos de culpa (são órgãos extensivos e proeminentes no corpo),
dão passos, ato de afirmação que envolve os movimentos de todo o
corpo (sentimento de mobilidade fisiológica e/ou psicológica na esfera
pessoal), dão chutes (implicações agressivas), são extremidades e
pontos de contato )(equilíbrio), representam o se posicionar no mundo
(autonomia e adaptabilidade).
123
Pés de tamanho adequado — segurança e equilíbrio para caminhar no
ambiente.
Pés sombreados, borrados ou distorcidos — conflitos, insegurança no
caminhar e no estar no mundo, constrição, dependência (sugere
Transtorno de Personalidade Dependente).
Pés muito grandes — necessidade de segurança, de demonstrar
virilidade ou sentimento de inadequação sexual.
Pés muito pequenos— constrição, dependência e fortes sentimentos de
insegurança para manter-se ou atingir os objetivos (sugere Transtorno
de Personalidade Dependente).
Pés em ponta- tênue contato com a realidade, equilíbrio precário ou
forte necessidade de fuga.
Pés para dentro — ambivalência e falta de autonomia.
Pés um para cada lado — indecisão, ambivalência, dissimulação do
conflito ou oposição.
Pés com calcanhares e dedos — agressividade sexual e símbolo de
castração (sugere Impulso Sexual Excessivo).
Pés com calcanhares muito acentuado- falta de base,dificuldade de
evoluir ou problema sexual.
Dedos nos pés em uma figura vestida — agressividade (sugere
Transtorno da Conduta ou Transtorno da Personalidade Antissocial).
Omissão dos pés — timidez, insegurança no caminhar na vida, falta de
autonomia e contato, sentimento de menos valia, de castração ou
dificuldades sexuais (comum em pacientes Esquizofrênicos e sugere
Fobia Social),
Omissão por não caberem no papel — necessidade de autonomia e
independência,medo ou dificuldade de satisfação.
7.39-Sapatos e meias
124
Representam o símbolo da afirmação social, num extremo está o
contato com a realidade e no outro a sexualidade e o desejo de chamar
a atenção.
Sapatos sombreados — dependência e dificuldade no caminhar
(comum em pacientes com Transtorno de Personalidade ObsessivoCompulsivo e sugere Transtorno de Personalidade Dependente).
Sapatos de salto — na figura masculina sugere ambivalência ou
tendências homossexuais. Na figura feminina, compensação por baixa
estatura ou necessidade de chamar a atenção.
Meias na figura masculina — preocupação com vestuário e narcisismo.
Meias curtas na figura feminina — identificação com o modelo infantil
(sugere Transtorno da Personalidade Dependente).
7.40 — Roupas e acessórios
Simbolizara a necessidade de proteção, pudor e socialização. O sentido
de proteger o corpo foi estendido para a necessidade da aparência
social (como a pessoa é na realidade e como gostaria de parecer aos
outros).
O tratamento dado à roupa é, pelo menos parcialmente, um reflexo do
ajustamento emocional, e os conflitos expressos pela mesma são menos
profundos que os conflitos expressos pelo corpo. Pacientes com
tendências depressivas, assim como os com menor adequação à
realidade, tendem a incluir menos vestimentas em suas figuras
humanas, porém a maioria dos pacientes apresentam as suas figuras
vestidas (Lourenção Van Kolck, 1984).
Traje comum completo — ajustamento interno e com a sociedade.
Ausência de roupas — rebelião contra a sociedade e/ou figuras
parentais, consciência de conflitos na área da sexualidade, necessidade
de contato ou exibicionismo (comum em Voyeuristas).
Roupa muito bem detalhada em figura de autoconceito — narcisismo
pela roupa, vestuário ou sociedade, necessidade de chamar atenção e
egocentrismo (comum em adultos infantilizados e sugere Transtorno de
Personalidade Narcisista).
125
Roupas em ambas as figuras bem detalhadas e elaboradas —
sentimento de inferioridade e necessidade de proteção, couraça,
importância atribuída ao prestígio social e as posses dentro do sistema
de valores (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo e sugere Transtorno de Personalidade Narcisista).
Ênfase no contorno da roupa (sombreamento, linha dupla, reforçada
ou borrão) — conflito entre modéstia e exibicionismo, entre o impulso
de expor e o controle social Ou problema com a área sombreada.
Roupa intima –exibicionismo e/ou narcisismo
Traje de banho — narcisismo pelo corpo, mecanismo de compensação
por estresse (vontade estar na praia) ou debilidade física ou sexual.
Traje de noite- narcisismo, desejo de chamar atenção, de agradar e de
atrair sexualmente (sugere transtorno de personalidade narcisista)
Uniforme ou fantasia — insegurança, identidade em nível de fantasia,
desprezo e hostilidade em relação a si e medo de não agradar.
Figura vestida como policiais, bandidos, etc., — são encontrados nos
desenhos de crianças com grandes problemas com os pais.
Figura vestida como feiticeira — hostilidade para com as mulheres
expressa abertamente de forma punitiva.
Vaqueiros desenhados por homem — representação de uma forma
mais masculina do sente na realidade e sentimentos de insuficiência a
respeito a virilidade que se enraízam na estrutura de personalidade.
7.41 — Complementos
Quando aparecem devem ser analisados.
Joias e pinturas — desejo de afirmação social, econômica e/ou sexual
(atrair pela aparência, sugere transtorno de personalidade narcisista.
Meias e luvas — símbolo sexual, sentimento de culpa, menos valia,
fantasia de realização sexual ou necessidade de status social. Cachimbo, cigarro, diplomas, armas, bengala, guarda-chuva, etc. —
necessidade de proteção ou simbolismo sexual, busca e/ou luta pela
virilidade.
126
Objetos na mão (livros, jornais, pacotes, flores, bolsa, pasta, etc.) —
insegurança, necessidade de contato com algo e de apoio (no caso de
livros, é comum em pessoas com problemas escolares, sugere
Transtorno de Aprendizagem).
Acentuação dos acessórios em detrimento dos itens essenciais na
roupa -pobreza no julgamento, dificuldade do entendimento ou
sentimento de inferioridade social. a área sombreada.
Adornos (flores, lenços, broches, brincos, etc.) —preocupação sexual,
exibicionismo, desejo de atrair o sexo oposto, necessidade de chamar
atenção, embelezar-se ou fortes sentimentos de inferioridade social
(sugere Transtorno de Personalidade Narcisista).
Abundância de pormenores: lenço no bolso, luvas, enfeites no chapéu,
no vestido, bolsa ou objetos na mão, etc. — devem ser analisados em
relação ao papel que desempenham (comum em Transtorno de
Personalidade Obsessivo-Compulsivo).
Paisagem como tema de fundo no desenho da figura humana —
tendência a sonho, indolência, fantasia, afetividade e capacidade de
observação.
Paisagem como tema dominante no desenho da figura humana —
sensação de ser ameaçado pelo mundo exterior, estando à mercê das
forças exteriores, ausência de liberdade em relação a realidade,
ansiedade, cansaço e falta de controle sobre idéias negativas (comum
em Deprimidos).
Acréscimo de outra figura — solidão, necessidade de companhia afetiva
real ou sensação de incompetência (comum nas crianças criadas em
instituições ou em famílias grandes com privação cultural).
Dizeres, versos, rabiscos sem significado ou formas impróprias junto à
figura — incerteza, insegurança e falta de confiança em si (comum em
Esquizofrênicos).
Nuvens, chuvas ou neve — ansiedade, sensação de ameaça, no caso de
crianças ameaça pelo adulto ou pelos pais (comum em Transtorno
Depressivo).
7.42 — Comparação entre as duas figuras
127
Reflete as atitudes do paciente para com os dois sexos. Um exemplo
seria a criança que desenha a figura masculina menor e menos móvel
que a feminina, podendo indicar que vê o homem como mais passivo,
inativo e introvertido que a mulher, que é vista como mais ativa,
extrovertida ou agressiva.
Figura maior e mais elaborada — maior importância e/ou valorização
atribuída àquele sexo.
Figura menor e menos elaborada — depreciação, hostilidade ou medo.
Pequena diferenciação entre as figuras masculina e feminina —
fracasso em reconhecer o sexo oposto como diferente do seu próprio,
desinteresse ou medo na aceitação das características sexuais
secundárias do corpo.
Figura masculina menor que a figura feminina desenhada por homem
— sentimento de inferioridade ou medo em relação às mulheres,
identificação psicossexual conflitiva.
Ambas as figuras cuidadosamente delineadas -alta inclinação para o
detalhe e a ordem(comum em Transtorno de Personalidade ObsessivoCompulsivo).
Pessoa pequena que se representa em figura grande — disfarce do
sentimento de inferioridade, necessidade de mostrar-se importante,
tendência narcisista, exibicionista ou forte agressividade (sugere
Transtorno de Personalidade Narcisista).
Figura feminina com trajes masculinos — ambivalência sexual ou
conflito na identidade e no papel sexual (sugere Homossexualismo).
128
8.1 — Introdução
Segundo Hammer (1981), a técnica de desenho da família apareceu
repentinamente e obteve uma popularidade tão rápida entre os
psicólogos, por intermédio da informação oral, que a sua autoria é
indeterminada. Foi dado crédito a várias pessoas em diferentes regiões
do mundo, mas o seu criador ainda não foi reconhecido. “Talvez, como
muitas invenções importantes, ela tenha surgido simultaneamente na
mente de diferentes profissionais (Hammer- 1981),”
129
Os desenhos das FAMÍLIAS (DE ORIGEM E IDEAL) têm- se mostrado
extremamente úteis para conhecer a situação do examinado dentro do
seio familiar. Juntamente com o HTP, vem a contribuir para a
observação de determinados aspectos inconscientes e conscientes da
personalidade, mais especificamente para uma abordagem da estrutura
e da dinâmica da família em que o examinando está inserido.
Os desenhos, além de possibilitarem o acesso às informações
substanciosas, facilitam trabalho de intervenção do profissional no
contexto familiar por meio da apreensão e apresentação dos conteúdos
do mundo interno do indivíduo.
Na prática clínica, os resultados têm sido relevantes e comprovam a
eficácia do instrumento na detecção de angústias inconscientes
presentes no examinando e nas relações familiares (o examinado “grita”
graficamente sua posição e seus conflitos).
De acordo com Lima (em Trinca - 1997) é no contexto familiar que a
criança faz as primeiras relações de objeto, as quais vêm
posteriormente determinar as modalidades de vínculos que ela
estabelece com o mundo.
A família, qualquer que seja a sua constituição, é o núcleo primordial
que recebe e contem a criança, o lugar onde ela realiza a experiência de
existir como um ser em si mesmo apresenta a primeira vivência de
contato com o mundo, que chega a ela pelo toque, o as sensações, o
amor, o prazer, a frustração, etc.
Os pais são os suportes preferenciais em que a criança deposita seus
afetos e ansiedades seus primeiros objetos de relação, que constituirão
modelos para o resto de sua vida do interjogo entre a família real e os
sentimentos, impulsos e desejos da criança, ela constrói uma a família
dentro de si, que são seus objetos internos. Tal representação de família
ideal molda e interfere em sua relação com a família real.
Os membros da família podem crescer e ajudarem-se mutuamente ou
podem repetir e projetar no mundo externo a estrutura do mundo
interno de cada um, convertendo objetos externos em prolongamentos
dos objetos internos e impedindo um encontro mais direto com a
realidade. Desta maneira, tal vida familiar é geradora de confusão entre
o dentro e o fora familiar e interpessoal, entre o passado e o presente,
mundo da percepção e o mundo do significado.
130
É na família que ocorre o processo de diferenciação e de aquisição da
identidade por meio da separação/individualização. Durante esse
estágio, passa-se por momentos de desorganização, que podem ser
transitórios e passageiros, desde que a família seja capaz de tolerar a
diferenciação do indivíduo dentro do grupo. Se, ao contrário, a família
não puder conter essa mudança, sua ação será sobre o próprio
indivíduo.
Todo sistema busca uma forma de equilíbrio, aceitando ou elegendo um
ou mais elementos grupo como reguladores das transações familiares.
Esse elemento pode tomar-se depositário do projeto dos pais e, nesta
posição, funcionar como estabilizador do grupo.
A família tem grande participação não só na estruturação, mas também
na dinâmica e funcionamento do indivíduo, atuando muitas vezes como
condutora ou indutora de atitudes e resultados.
Os desenhos das famílias (ORIGEM E IDEAL) oferecem ao psicólogo a
possibilidade de penetração no mundo psíquico do indivíduo, com
ênfase nos objetos internalizados e na maneira pela qual estes se
formam nas relações com o ambiente familiar. Por exemplo, uma
criança que se sente a favorita da família vai desenhar-se numa
constelação de forma muito diferente daquela que se sente
negligenciada, rejeitada ou ansiosa por atenção.
Às vezes, as crianças ao desenharem a família omitem seus irmãos e
irmãs. As que fazem isso invariavelmente são aquelas que sentem
fortes ciúmes de seus irmãos e tentam, simbolicamente, eliminar a
competição perturbadora, não desenhando tais elementos competitivos
na unidade familiar.
O tamanho das diferentes figuras também é uma variável importante.
Imaginemos um desenho em que a figura materna seja retratada de
uma forma exagerada (quando a mãe não é na realidade o genitor mais
alto); isto sugere uma figura matriarcal e dominante e, se o pai é
representado como uma figura pequena e insignificante, pouco maior
do que as crianças implica que este é percebido como estando pouco
acima do status das crianças ou ausente.
Quando desenha a família, a criança ou o adulto pode representar-se
muito próximos dos progenitores, cada membro absorvido em sua
própria atividade, ou colocarem-se numa posição afastada, expressando
claramente os seus sentimentos de rejeição dolorosa e isolamento.
131
A maioria dos examinandos responde adequadamente à solicitação para
os desenhos das famílias (ORIGEM E IDEAL). As resistências e/ou
negação têm sido notadas em crianças cuja vida no lar é caracterizada
por tumulto e violência e que adquiriram uma imagem intensamente
negativa da família, mas mesmo entre essas crianças a recusa absoluta é
rara. Usualmente estas desenham o grupo familial no qual incluem
todos os irmãos e a si mesmas, mas omitem seus pais (Di Leo, 1987).
8.2 — Normas para aplicação
Da mesma forma que para a aplicação do HTP os desenhos das famílias
incluem o uso de folhas de papel sulfite, lápis preto e borracha.
O procedimento consiste em pedir ao examinando que desenhe
primeiramente a sua família real (FAMILIA DE ORIGEM). Deve-se
observar quem ele desenha primeiro, quais as pessoas que representa,
qual a figura maior, como é o traçado, a linha, se põe negrito, se apaga
muito. Etc. Terminada a FAMILIA DE ORIGEM, aplica-se o
QUESTIONARIO, pede-se que desenhe uma família que gostaria de ter
ou uma família que o examinando acha interessante e/ou feliz (FAMILIA
IDEAL) e procede-se da mesma forma que no primeiro desenho.
Os dois desenhos permitem uma exploração do inconsciente, com certa
aproximação dos conflitos pessoais e as dificuldades em relação aos
vínculos familiares, Permitem também observar os pontos expressivos
da dinâmica familiar, tanto no plano da fantasia no mundo real.
Contribuem para detectar a presença de influências sobre o sintoma e
em alguns casos, construir hipóteses sobre o tipo e a intensidade dessas
influências.
8.3 — Observações na avaliação
É essencial a observação global dos desenhos das famílias (DE ORIGEM E
DA IDEAL) para numa segunda instância efetuar a avaliação de
determinados detalhes individuais. Como já afirmado anteriormente os
detalhes somente serão significativos na inter-relação com o todo. Nas
análises parciais é preciso notar a qualidade e a composição do grafismo
(análise qualitativa semelhante ao HTP).
Determinados fatores tirados da experiência na prática clínica e
observados na avaliação desenhos das famílias, podem ser úteis à
compreensão do material clínico como um todo.
132
1. Posições das figuras - simboliza a forma que o examinando apresenta
a sua família, o espaço ocupado, o grau de envolvimento
(aproximação/distanciamento) do examinado com o próprio eu e com
os membros da família.
2. Proporção entre os desenhos - simboliza as valências positivas ou
negativas de membros.
3. Omissões - geralmente elucida os relacionamentos entre os
membros, quando estão representados ou ausentes.
4. Figuras parentais - mostra a dinâmica do relacionamento com os pais.
Como são vividas as funções materna e paterna, como são atribuídos os
papéis e seu funcionamento dentro da dinâmica familiar.
5. Comparação entre as duas famílias (DR ORIGEM E IDEAL)-verificar se
as formas de representação se mantém ou se modificam,onde e de que
maneira.
6. Analise de cada figura – a primeira pessoa desenhada geralmente é a
figura de maior Valencia, positiva ou negativa. É importante fazer a
análise qualitativa dos traços. Verificar sucessivamente as demais
pessoas desenhadas.
A finalidade dos desenhos da FAMÍLIA DE ORIGEM E DA FAMILIA
IDEAL,é detectar conteúdos inconscientes que se referem as relações do
examinando com os objetos internos e externos pertencentes ao seu
mundo familiar. Outra finalidade é a identificação de conflitos
decorrentes das relações familiares e suas implicações. Na maioria das
vezes, a criança ou adulto nos oferecem gratuitamente os retratos dos
seus conflitos familiares, como eles veem a sua constelação familiar e
como eles gostariam que fossem o ideal.
Os desenhos da FAMILIA ORIGEM E DE IDEAL,juntamente com o HTP,
podem e devem ser usados tanto no diagnóstico como no decorrer da
terapia em avaliações sistemáticas” observar os casos clínicos”. É um
instrumento de aplicação rápida e fácil e geralmente bem aceito
principalmente pelas crianças.
Os resultados obtidos podem ser empregados dentro do processo
terapêutico como um guia, uma definição do campo terapêutico, um
indicador de metas e de áreas de alcance. Torna-se um instrumento útil
ao psicoterapeuta e um ponto de referência do qual pode partir e
133
voltar, numa reavaliação. Os desenhos na maioria das vezes favorecem
insights, que podem promover mudanças.
Os pais muitas vezes ao verem os desenhos de seus filhos alcançam uma
“percepção” concreta, visível e clara dos problemas familiares e
consequentemente aderem com mais facilidade a psicoterapia.
Com o resultado desse tipo de avaliação, temos confirmado que os
desenhos da FAMÍLIA DE ORIGEM E DA FAMILIA IDEAL vêm se tomando
cada vez mais um instrumento de presença indispensável no diagnóstico
e nas reavaliações de crianças, adolescentes e adultos.
8.4 — Posições das figuras
O espaço e a postura dos membros familiares simbolizam a proximidade
afetiva e a confiança no relacionamento com pares (proximidade); ou
autoestima rebaixada e distanciamento afetivo (afastamento).
Todos os membros de pé, eretos e de frente — normal, indica uma
família bem estruturada, adaptada e que encara os problemas de frente.
Figuras sentadas ou agachadas — cansaço e/ou debilidade entre os
membros. Pode simbolizar também instabilidade, baixo nível de energia,
preocupação ansiosa com o equilíbrio entre os membros ou com o
membro sentado (sugere Transtorno Depressivo ou Hipocondria).
Figuras deitadas — sugere patologia familiar ou pode indicar a presença
de uma pessoa doente na família (deve-se fazer inquérito).
Figuras que parecem estar caindo ou inclinadas — colapso e/ou
instabilidade entre os membros e falta de apoio mútuo.
Linha para representar o chão ou cerca para apoiar os membros —
necessidade de chão ou de ajuda, instabilidade entre os membros
(sugere Transtorno de Personalidade Dependente).
Figuras de perfil — família evasiva, dissimulada, incapaz de enfrentar os
problemas de frente, os membros aparecem indiferentes e/ou estéreis
afetivamente.
Corpos de frente e rostos de perfil -família conflituosa, desajustada,
com dificuldade de interação e contato entre os membros.
134
Figuras de costas — família dissimulada, conflituosa, hostilidade entre
os membros e, às vezes, agressão (sugere Transtorno de Conduta ou
Transtorno de Personalidade Antissocial)
Desenho só do rosto dos membros — inteligência elevada, problemas
com o corpo e/ou dificuldade de contato físico (sugere Hipocondria).
Família com os órgãos sexuais expostos —promiscuidade no lar,
autoafirmação ou descoberta do sexo (comum em adultos com
problemas graves na área da sexualidade, sugere Voyeurismo).
Figuras em negrito, muitos traços ou com correções e retoques
conflito com os familiares ou com o membro retocado.
Distância entre os membros da família — sentimento de isolamento,
distanciamento entre os membros e falta de ressonância afetiva.
Proximidade entre as figuras — sentimento de interação, solidariedade
e pertinência.
Cada membro da família absorvido na sua própria atividade —
isolamento na família, falta de comunicação e distanciamento afetivo
(sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide).
Família num quadrado — desejo de libertar-se e desajustamento
familiar ou coesão.
Família em um quadrado e o examinando desenhado separado —
fortes sentimento de rejeição e isolamento (sugere Transtorno de
Personalidade Esquizoide),
Família compartimentalizada, colocação de cada membro em uma
moldura separado por uma linha ou quando o examinando separa a si
mesmo dos pais pela colocação de uma peça de mobília ou um
aparelho de televisão-,falta de comunicação entre os membros,
sentimento de afastamento da interação familiar, sensação de
isolamento, distanciamento afetivo ou de distância para com o membro
desenhado sugere transtorno de personalidade esquizoide.
Família em que cada membro está desenhado em um canto da página.
Intenso sentimento de afastamento da interação familiar quando os
membros da família não compartilham sequer o mesmo plano, o
problema é mais grave (sugere Transtorno de personalidade
esquizoide).
135
Família sentada em frente a uma mesa grande e vazia — distância
emocional entre os membros e intensos sentimentos de afastamento da
interação familiar (sugere transtorno de Personalidade Esquizoide)
Família separada em grupos — divisão na família.
Família de mãos dadas, pai ou mãe puxando os demais —
cerceamento, prisão e falta de liberdade.
Examinando que se desenha isolado — expressão de rejeição dolorosa
e isolamento (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide ou
Transtorno Depressivo).
Figura dentro de um círculo — desejo inconsciente de eliminar ou
afastar a própria representação da pessoa mais importante ou alguém
doente na família (fazer inquérito).
Colocação do sujeito próximo de um dos pais ou irmão (a) — sensação
de pertinência e preferência ou sentimentos negativos para com aquele
membro.
Figura riscada — problemas em relação a essa figura.
Desenhar e riscar uma figura — desejo de se afastar, sentimentos de
hostilidade frente à pessoa ou conflitos.
Figura desenhada tapando uma outra figura — desejo de ocultar essa
figura ou ciúmes.
Desenho de uma vizinha — maior intimidade e afetividade com a
vizinha ou conflito com a pessoa.
Desenho de pessoas mortas — fixação ou conflitos com as mesmas.
Representação do examinando em primeiro lugar — sensação de ser o
mais importante, egocentrismo ou mecanismo de compensação por
sentimentos de rejeição.
Representação do examinando em último — cerceamento, isolamento
e sensação de não receber a devida atenção.
8.5 Proporções entre os desenhos
136
Fornece um paralelo das atitudes do examinado para com os membros
da família.
Quando baseado na idade de cada um — desejo de perfeição ou falta
de criatividade e/ou preferências, rigidez ou equilíbrio emocional entre
os membros (sugere Transtorno de Personalidade ObsessivoCompulsivo).
Figura maior dentro da família— indica maior importância positiva ou
negativa, com sentimentos de valorização, hostilidade ou conflitos.
(fazer Inquérito)
Figura menor dentro da família — sentimentos de menos valia,
depreciação, hostilidade ou superioridade frente à figura.
Genitor dominante —geralmente é desenhado maior que o outro, sem
ser levado em conta suas reais dimensões físicas. Simboliza maior
importância e/ou valorização do mesmo, figura que dá mais atenção ou
desejo que seja a figura ideal figura maior pode ter valência positiva ou
negativa.
Cabeça maior de um dos pais — atribui maior autoridade a esta figura e
valência positiva ou negativa.
Disparidade entre os membros, irmão menor desenhado maior e viceversa- conflitos e/ou dificuldade com esse (a) irmão(ã) ou este(a) é
considerado(a) o(a) importante, atencioso(a) ou percepção tendenciosa
de si mesmo e dos outros( quanto maior a disparidade, maior a
possibilidade de desajuste).
Pai ou mãe representados como uma figura pequena e insignificante
maior que a criança — pai ou mãe percebidos como sendo pouco acima
das crianças, ausentes e sem muitos significados.
Irmão ou irmã maior que o pai e/ou mãe — sentimento de ciúme ou
importância, que lhe dá mais atenção.
Desenho de um Irmã (o) bebê, do mesmo tamanho que os outros — de
que o bebê é um forte competidor e que põe em risco a posição do
examinado dentro na família, até então exclusiva.
Pai desenhado menor que a mãe — a mãe é vista como uma figura
mais te e/ou mais atenciosa.
137
8.6 Omissões
Refletem os sentimentos de proximidade, ciúmes, rejeições e conflitos
entre os familiares.
Examinando que se inclui no desenho — sentimentos de pertinência e
de fazer parte da família.
Omissão do examinando do grupo familiar — sentimentos de rejeição,
de não participar do grupo familiar, de não ser apreciado(a), querido(a),
de ser inferior, de não receber a afetividade desejada ou rivalidade
entre os irmãos. Pode tanto ser rejeição como sentir-se rejeitado ou
desejo de afastar-se. Comum em crianças adotadas, à medida que se
aproximam da adolescência, momento em que a identidade se torna a
maior preocupação; e acontece o mesmo entre aqueles que vivem com
seus pais verdadeiros, mas que se sentem rejeitados (sugere Transtorno
Depressivo).
Omissão dos pais e inclusão de si e dos irmãos - medo, dificuldade e
conflitos com as figuras parentais.
Quando um dos pais não mora com a família e o examinando o
desenha como fazendo parte da mesma — recusa em assimilar uma
realidade inaceitável, ligação com o genitor ausente, vínculo não
desfeito e conflitos.
Quando um dos pais vive com a família, mas a criança não o desenha
— ressentimentos e mágoas para com o membro ausente.
Omissão de irmão ou irmã — ciúmes dos irmãos.
8.7— Figuras parentais
Refletem a origem, a estruturação e as modalidades dos vínculos
familiares.
138
Pequena diferenciação entre a mãe e o pai — fracasso em reconhecer
características diferentes entre os pais, desinteresse ou medo frente aos
progenitores.
Pai e/ou mãe com expressão afetuosa — calor no lar, sensação de
pertinência, acolhimento, sentimento de interação e solidariedade.
Pai e/ou mãe desenhado (a) em primeiro lugar — figura dominante, a
mais importante, a mais afetiva ou a mais agressiva.
Pai e/ou mãe com expressão severa e/ou proibitiva — tendência ao
retraimento, medo e isolamento.
Pai e/ou mãe assistindo à televisão, fumando, comendo, praticando
um esporte ou escondendo o rosto atrás do jornal — pai e/ou mãe
ausente, afastamento dos interesses, cuidados e atividades familiares,
sentimento de ser negligenciado (quando o pai é visto como ausente, é
menos grave do que a mãe, e geralmente os efeitos são menos
profundos).
Pai e/ou mãe como uma figura assustadora, com mãos grandes, dedos
longos pontiagudos — a criança vê o pai ou a mãe como rígido(a) e
punitivo(a), evidente rejeição e crueldade física e mental,
frequentemente racionalizada como disciplina treinamento para o
melhoramento da criança.
Pai ou mãe atirando coisas no lixo — forte sentimento de rejeição e
sensação de ser como um objeto a ser descartado.
Pai e/ou mãe cozinhando ou servindo comida — símbolo de dar calor e
amor lar (dando afeto).
Pai e/ou mãe fazendo trabalhos domésticos - sensação de não ser tão
importante quanto a ordem e limpeza, que o cuidado com a casa é mais
importante do que a criança.
Família de “marcianos”, artistas, cantores de rock, etc. — sentimento
de que em um lugar distante pode encontrar proximidade e interação
familiar. Expectativa de que aceitação e proximidade familiar não
podem ser atingidas neste mundo e tendência a buscar satisfação na
fantasia.
Família de figuras geométricas, despersonalizadas ou desumanizadasdeteriorização do lar, da família, violência, tumulto, conflitos, atitude
139
controlada, racionalizada e sem emoção (comum em crianças que vivem
sob condições deterioradas no lar).
Família com excesso dc membros (tios, avós, primos) — dificuldade em
perceber a família de origem, confusão, dificuldade de ligação afetiva e
solidão (tem muita gente e não tem ninguém), pais ausentes ou ainda
pode simbolizar uma grande família unida e solidária.
9. HTP-F CROMÁTICO
Na fase cromática do HTP-F, solicita-se ao examinado que realize uma
nova série de desenhos. O psicólogo deve recolher os desenhos já
realizados, apresentar novas folhas de papel e os lápis de cor ou crayons
nas cores: vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, preto, violeta e
laranja. Retira-se o lápis preto n° 2 para que o examinando não seja
tentado a fazer o esboço a lápis e depois colorir.
As instruções iniciais são as seguintes: ‘Agora por favor desenhe uma
CASA colorida.”; depois pede-se a ARVORE e a FIGURA HUMANA. Não
deve falar ao examinado Para desenhar “outra” CASA ou “outra”
ARVORE, pois para a maioria das pessoas a Palavra “outra” implicaria
em não poder duplicar seus desenhos acromáticos. O objetivo é dar ao
examinando a maior liberdade de escolha possível.
Na série acromática permite-se ao examinado o uso da borracha, o que
não é permitida na série cromática.
Segundo Hammer (1981), “o HTP cromático permite derrubar as defesas
e mostrar a nu um nível mais profundo da personalidade do que é
possível com o conjunto de desenhos acromáticos, e desta maneira é
possível derivar uma hierarquia grosseira dos conflitos e defesas do
sujeito, obtendo-se uma descrição mais rica de sua personalidade”.
A série cromática visa a suplementar a série acromática tirando partido
do fato de que duas amostras de comportamento sempre são melhores
do que uma só.
9.1 — Observações na avaliação do HTP-F cromático
É importante observar como o examinando usa os lápis de cor ou
crayons, As pessoas psicologicamente mais sãs lançam-se com confiança
140
à tarefa cromática (as crianças na maioria das vezes mostram imenso
prazer), utilizam cores mais cálidas, aplicam uma pressão firme e segura,
refletindo assim maior autoafirmação e confiança nas áreas emocionais
que as cores representam.
Em outro extremo do contínuo desta posição intermediária mais sã,
estão os examinandos que utilizam uma pressão quase selvagem
(acalcam com tanta força o crayon que muitas vezes chegam a quebrálos), e em seus desenhos as cores geralmente estão em desarmonia.
Este grupo é caracterizado por um estado de tensão com excessiva
labilidade de humor ou emoções turbulentas com necessidades internas
discordantes.
Outro grupo pega o crayon com certa ansiedade, mostrando traços
fracos e incertos, preferindo cores escuras, como o preto ou marrom
(cores menos perigosas), revelando assim restrições da personalidade,
incertezas e dificuldade em se posicionar no mundo.
A escolha — quanto mais vagarosa e indecisa a escolha das cores por
parte examinando, maior é a possibilidade de o item que está sendo
produzido ter significado especial para ele.
Emprego da cor pelo examinando — deve-se observar se ele usa a cor
somente para produzir linhas (como faz com o lápis preto), sombrea
áreas maiores ou sombrea algumas áreas e outras não.
Cor usada somente para o contorno — timidez emocional (sugere
Transtorno Depressivo).
Cor usada para sombrear - sombreado leve indica na maioria das vezes
sensibilidade Sombreado forte geralmente implica ansiedade.
Área da página sombreada — o esperado é que o examinando pinte
menos de 3/4 da página. Quando ultrapassa esse limite, mesmo que
seja um colorido bem controlado indica uma certa emotividade. Quanto
mais colorido for o fundo e quanto mais colorido invadir o desenho,
maior a problemática.
Controle — é avaliado pela qualidade das linhas e pela habilidade do
examinado em manter um sombreado uniforme e dentro das linhas
periféricas. Um colorido que passa as linhas periféricas sugere uma
resposta impulsiva aos estímulos.
Consistência — grande inconsistência de desenho para desenho no uso
da cor pede uma investigação cuidadosa.
141
Número de cores empregadas para cada desenho — O esperado é de
três a cinco cores para a CASA, de duas a três para a ARVORE e de três a
cinco para a FIGURA HUMANA.
Uso inferior a esse número de cores — corresponde a examinandos
incapazes de estabelecer livremente relações interpessoais quentes e
compartilhadas, são pessoas mais tímidas emocionalmente (tendem a
usar o crayon ou o lápis de cor como o lápis preto, não colorindo os
desenhos).
Uso excessivo de cores — especialmente quando combinado com o uso
não convencional, é comum em indivíduos que manifestam uma
incapacidade para exercer um controle adequado - sobre seus impulsos
emocionais (o psicótico pode desenhar oito janelas e pintar cada uma
de uma cor, revelando sua falta de controle e de contato com a
realidade).
Uso de muitas cores em crianças — normal. Em geral as crianças
tendem a fazer um maior e mais indiscriminado de cores que o adulto.
Isto vem de encontro crença a resposta emocional precede à resposta
intelectual no desenvolvimento da maturidade. Crianças mais velhas
tendem a diminuir a necessidade do uso de muitas cores,sugerindo que
o autocontrole aumenta com a idade.
O uso de muitas cores em adultos — descontrole das emoções (comum
em esquizofrênicos, que geralmente usam muitas cores e sem muita
crítica, indicando a falta de controle das emoções). Adaptação às
convenções — é interessante observar se as cores usadas obedecem às
cores convencionais dos elementos, Em geral usa-se preto ou marrom
para a fumaça,vermelho ou marrom para o telhado, etc.
Adaptação à realidade — deve-se lembrar que no desenho da FIGURA
HUMANA é muito difícil adaptar-se à realidade com as oito cores
mencionadas, como por exemplo para produzir uma cor de pele. A
maior parte dos examinandos simplesmente usam o lápis preto para
delinear todas as partes descobertas da pessoa. Isto é uma quebra da
realidade, mas não é sério porque é um método popular de
representação.
9.2— Disposição das cores
Cores separadas — expansão, porém com emoções controladas ou
dirigidas, desejo de ordem e equilíbrio.
142
Cores entrelaçada, mescladas — menor controle emocional.
Cores superpostas — regressão, conflito emocional e conflito na relação
eu mundo.
Cores desordenadas, justapostas de modo confuso, com negligência —
confusão mental descontrole, sem noção de limite e desorganização
psíquica.
Cores cuidadosamente dispostas, ocupando toda a área disponível —
desejo de perfeição e disciplina rígida (comum em Transtorno de
Personalidade Obsessivo-Compulsivo).
9.3 — Simbolismo das cores
Segundo E. Hammer (1981), deve-se sempre oferecer oito cores ao
examinando: amarelo, azul, laranja, marrom, preto, verde, vermelho e
violeta.
Da mesma forma que o HTP acromático, não existe uma universalidade
dos símbolos para a interpretação dos desenhos, A simbologia das cores
varia de cultura para cultura, ocorrendo uma diversidade de
interpretações. No entanto, quanto mais bizarro for o emprego da cor,
maior a probabilidade de ter um significado representativo.
Amarelo— é a cor da luz, do ouro e do sol. É a cor preferida por pessoas
alegres, desinibidas, flexíveis e espontâneas. Quando usada com muita
ênfase sugere agressividade ou hostilidade; em crianças, um
comportamento mais dependente e emocional.
Azul — é a cor do céu, do espírito. A contemplação do azul determina
profundidade, sentimento de penetração no infinito, sensação de leveza
e contentamento. É a cor preferida por pessoas calmas, seguras,
equilibradas e mais controladas.
Laranja— é a cor que está a meio caminho entre o amarelo e o
vermelho, simboliza o ponto de equilíbrio entre o espírito e a libido. E a
cor preferida por pessoas confiantes, perseverantes, independentes e
extrovertidas. Quando usado com muita ênfase no adulto sugere
143
superestima de si mesmo ou projeção de problemas e afetos no
exterior; já nas crianças, desejo de conseguir algo e se valorizar.
Marrom — é a cor da terra, da força de estruturação do ego, da
resistência psíquica, da perseverarão emocional e do fanatismo.
Escurecido, ele possui a vitalidade e a força impulsiva do vermelho, só
que de forma atenuada. E a cor preferida de pessoas passivas,
indiferentes, inseguras e observadoras das regras. Quando usado com
muita ênfase por crianças sugere inibição ou repressão.
Preto — é a ausência de todas as cores, transmite a sensação de
renuncia, abandono e introspecção. No Ocidente é a cor do luto por
expressar melhor a eternidade em seu sentido mais profundo: a não
existência. As pessoas que usam o preto desenhos demonstram tristeza,
conflitos não solucionados, inibição, repressão ou interior sombria. Em
crianças reflete repressão da vida emocional ou ansiedade.
Verde — é a cor da natureza, do crescimento, da criação, da
reprodução, é chamada a cor do equilíbrio. E a cor preferida por pessoas
sensíveis, sociáveis e com facilidade de inter-relação com os outros.
Quando usado com muita ênfase nas crianças dificuldade de expressão
nas emoções.
Vermelho — universalmente considerado como o símbolo fundamental
do principio da vida, é a cor do sangue. E uma cor ativa e estimulante,
que produz emoções rápidas e fortes. Quando usado com muita ênfase
por adultos sugere alta excitabilidade infantilidade ou falta de
autocrítica, O interesse pelo vermelho decresce à medida que a criança
supera a fase impulsiva e ingressa na fase da razão.
Violeta ou roxo — é a cor resultante da mistura do vermelho com o
azul, conservando as propriedades de ambos, embora seja uma cor
distinta. Quando usado com muita ênfase por adultos sugere fortes
impulsos para o poder; já nas crianças reflete um temperamento mais
sombrio ou tristeza.
DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS
Para este capítulo selecionei apenas três casos, de um número
significativo da minha prática clínica. A esses pacientes foi solicitado
apenas o HTP-F acromático, na seguinte ordem:
144
CASA, ÁRVORE, FIGURA HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO
AO DA PRIMEIRA DESENHADA, FAMÍLIA DE ORIGEM E FAMÍLIA IDEAL.
10.1 — Caso n° 1 - Paciente A.
A. Têm 28 anos, sexo feminino, solteira, classe média baixa, proveniente
de uma família numerosa de nove irmãos, sendo a quarta filha do casal,
e reside com os pais.
Durante o atendimento mostrou-se reservada e tímida, falou muito
baixo a ponto de o terapeuta ficar com dificuldade para escutar:
Verbalizou não acreditar nas pessoas, não ter e nunca ter namorado.
Trabalhou por onze anos como doméstica, conseguiu se formar em
contabilidade e atualmente trabalha em um escritório.
Veio à consulta com a queixa de “Síndrome do Pânico”. Diz ter tido a
primeira crise aos nove anos quando estava brincando com uma das
irmãs, e acabaram se desentendendo. “Me senti tão mal como se fosse
morrer, foi um pavor muito grande, o meu coração acelerou tanto que
parecia que ia sair para fora. Depois disso eu nunca mais deixei de ter as
crises. Fui a vários médicos, mas eles diziam que eu não tinha nada no
coração e que era nervosismo. Depois eu li numa revista sobre a
Síndrome do Pânico e soube que era isso mesmo que eu tinha. Por causa
do pânico, eu não conseguia ficar sozinha; muitas vezes tinha de voltar
da escola para casa, e a crise só passava quando um dos meus pais
chegava.”
HTP-F
A. precisou ser muito estimulada para a execução dos desenhos
(RESISTÊNCIA), mesmo assim só conseguiu concluí-los ao final de três
sessões (ANALISE SEQUENCIAL DO CONJUNTO DE DESENHOS decréscimo psicomotor).
Seus desenhos são apagados, com o traço muito leve, com ‘linhas
quebradas, indecisas e trêmulas, sugerindo um baixo nível de energia,
inibição, insegurança, ansiedade, medo, conflitos, aguda necessidade de
autocontrole e repressão da agressividade.
A. fez todos os seus desenhos na metade superior esquerda da folha
(LOCALIZAÇÃO NO PAPEL), indicando que tende a procurar mais
satisfação na fantasia que na realidade, passividade, timidez,
introversão, insegurança e tendência a manter-se distante e inacessível
(os desenhos estão como se estivessem flutuando no ar, sugerindo
145
necessidade de apoio, medo de ações independentes e falta de
autoconfiança).
Suas figuras são pequenas (TAMANHO DAS FIGURAS),pobres em
pormenores (DETALHES NO DESENHO), mostrando mais retraimento
com dificuldade de se colocar no ambiente e de se relacionar com as
pessoas.(A. não tem amigos e nunca namorou).
Na representação da CASA, A. desenha uma choupana mostrando seu
isolamento, o sentimento de perda afetiva e sua imaturidade para reagir
aos estímulos ambientais (A. não interage com as pessoas).
Comenta que a sua CASA é vista de cima e ao longe (PESPECTIVA DA
CASA), indicando sentimentos de retraimento e inacessibilidade, o que é
comum em pessoas que consideram as boas relações com os familiares
como algo inatingível. A. apresenta compensatoriamente sentimentos
de superioridade e revolta contra os valores tradicionais ensinados no
lar, isolando-se (foi a única na casa que concluiu os estudos e sente que
a família a despreza por isso; diz sentir-se diferente dos irmãos,
verbaliza com frequência: “em casa ninguém me entende, apesar de ter
muita gente eu vivo só”)
146
Quando observamos a sua CASA percebemos que além de distante ela
está inclinada e solta no ar (LINHA REPRESENTATIVA DO SOLO OU
CHAO), mostrando uma vez a sua insegurança, o afastamento afetivo, a
sua reserva, a sua instabilidade desamparo frente às pressões do
ambiente.
O TELHADO (área da Fantasia), apesar de proporcional à casa, É feito
com linhas trêmulas do mesmo jeito que as PAREDES, indicando o
emprego de um esforço consciente, hipervigilante, constante e intenso
para manter o ego intacto e o sentimento de colapso eminente (A. tem
pânico).
A PORTA e a JANELA são apresentadas como um detalhe reforçado (A.
passou mais VEZES o lápis), indicando a sua relutância em estabelecer
contato com o ambiente, seu afastamento das trocas interpessoais, o
retraimento no intercâmbio pessoal e sua timidez “ A não tem amigos e
nunca namorou.
Não pôs CHAMINÉ, e por solicitação do terapeuta desenhou um sol, mas
não conseguiu ninguém significativo para representá-lo (forte
sentimento de isolamento afetivo).
A. fez uma árvore pequena, um pouco inclinada para a esquerda, com o
tronco e copa em uma linha contínua, sem divisão e achatada na parte
superior (IMPRESSAO DA ARVORE COMO UM TODO), indicando
147
desencorajamento, retraimento, necessidade de proteção e forte
pressão ambiental.
Quando pergunto quantos anos tem a sua árvore (IDADE ATRIBUÍDA A
ARVORE), responde que é muito velha, mas não sabe dizer ao certo. Diz
também que os seus galhos estão doentes (ARVORE APRESENTADA
COMO MORTA) e que apodreceram por falta de cuidados (observa-se
que não representou os galhos, apenas verbalizou que estão doentes).
Os GALHOS representam os recursos subjetivos para buscar satisfação
no ambiente para aproximar-se dos outros, para se expandir e se
realizar. Formam a zona de contato com o ambiente, zona de
relacionamento e intercâmbio entre o que é interior e exterior (A. vive
isolada, sem amigos).
Um dado interessante é que os galhos da Arvore de A, morreram
quando tinha mais ou 1O anos de idade (IDADE DA MORTE). A- começou
a ter pânico aos nove anos de idade.
Vamos observar mais uma vez a árvore de A.: ela não apresenta RAIZ
(está solta no ar) O TRONCO é feito de linhas tremidas, alargado e com
contorno irregular para a esquerda aberto na parte superior e na
inferior; esses detalhes apontam para traumas durante o
desenvolvimento, insegurança, indecisão, conflitos, falta de apoio,
desorientação, inibição timidez e fixação ao passado (A. tem pânico).
Quando observamos a COPA, percebemos que é achatada na parte
superior, aumentada para o lado esquerdo e só contornada, vazia,
indicando mais uma vez forte inibição, e pressão do ambiente (copa
achatada), sentimento de inferioridade e vazio (o espaço da copa é o
campo de expressão do indivíduo).
Desenho da Figura Humana
A.
faz primeiro a FIGURA MASCULINA e comenta que é o seu pai,
tem 50 anos, mas mesmo tempo não sabe do que ele gosta, se está
bem, no que pensa ou do que precisa.A única resposta consistente é a
respeito dos defeitos: “não dá atenção para a família”.
148
Em relação à FIGURA FEMININA, A. comenta que é a mãe, tem 20 anos,
está bem, mas que tem muito medo de ficar só (há certa confusão nos
papéis de filha e mãe).
Ambas as figuras estão paradas, sem movimento, parecendo
espantalhos, o que implica forte rigidez e repressão dos estímulos
interiores.
O aspecto geral das figuras (parecem espantalhos) indica o sentimento
de que as relações com os outros são muito desagradáveis e
dificultosas, além de desprezo e hostilidade em relação a si mesmo.
Figura em palitos ou espantalho é comum em pessoas que se sentem
rejeitadas, inseguras e que duvidam de si mesmas.
Esses dados confirmam pelo TAMANHO DAS FIGURAS (são figuras
pequenas) sugerindo sentimentos de inferioridade, inadequação e
reação de maneira não apropriada às pressões ambientais.
149
Vamos observar as figuras: a CABEÇA apresenta contornos mais claros
que o corpo sendo isso comum em pessoas que recorrem à fantasia
como mecanismo de compensação, com sentimentos de inferioridade
ou vergonha a respeito das partes do corpo e suas funções (A. nunca
namorou).
OLHOS, da mesma forma que o NARIZ e a BOCA, são representados por
um traço, do introversão, insegurança, dúvida, imaturidade afetiva, não
aceitação do meio, dificuldade para enfrentar os problemas (suas
figuras estão de olhos fechados para o mundo).
Os CABELOS, da mesma forma que o PESCOÇO, estão em negrito, como
que “gritando” a sua insegurança sexual e a dificuldade em controlar e
entender os impulsos corporais. O pescoço controla a organização
corporal, serve como ligação entre os impulsos instintivos vindos do
corpo e o controle exercido pelo cérebro.
O que nos chama muito a atenção nas figuras são os BRAÇOS e as
MÃOS.
Os BRAÇOS estão afastados para os lados e rígidos; os da figura
masculina estão na horizontal de forma mecânica (A. verbaliza que o pai
150
é uma figura ausente na família), sugerindo sensação de incapacidade e
dependência, contato superficial e não afetivo com as pessoas,
dificuldade de contato tanto pessoal como sexual, e mesmo rigidez e
culpa.
As MÁOS estão ausentes, e os DEDOS parecem palitos ou arames.
Confirmando os achados anteriores, essa ausência de mãos implica
falta de confiança nos contatos sociais produtividade ou ambos,
retraimento, forte agressividade reprimida (dedos), dificuldade de
toque, ataque, manipulação ou quaisquer outras formas de contato.
Como senão tivesse experimentado mãos que ajudam quanto delas
necessitava ou como se as mãos fossem culposas e que podem fazer
coisas que a nossa cultura rotula como tabu.
As PERNAS mantêm a estabilidade do corpo, representam o contato, a
destreza e o caminhar no ambiente, estão abertas e com total ausência
dos PES. A, representa graficamente mais uma vez a sua dificuldade de
contato, insegurança no caminhar e na sexualidade a sua falta de
autonomia e o seu sentimento de menos valia.
151
A.
Desenhou todos os membros da sua família (FAMÍLIA DE
ORIGEM) de forma automática quando chegou ao final, percebeu que
não se incluiu. Espantou-se e representou-se como a ultima da fila a
menor, a menos significativa. Deixou claro seus sentimentos de rejeição
dolorosa ser um a mais no grupo e de não sentir-se significativa ou
amada pelos demais.
Quando solicito para fazer uma FAMILIA IDEAL, A, desenha pai, mãe e
filha, indicando a sua fantasia de que apenas em uma família pequena
poderia ser vista ou percebida de forma afetiva e amorosa.
Em ambas as representações as figuras não têm MAOS ou PES (MAOS
apenas o pai na FAMÍLIA DE ORIGEM e na FAMILIA IDEAL e a filha na
FAMILÍA IDEAL). Os membros parecem “soltos”, como bonecos, sem
vida, distantes emocionalmente e sem_contato íntimo entre eles. A mãe
representada em ambas as famílias não tem MAOS, sugerindo que A.
não vivenciou de modo consistente mãos afetuosas ou carinhosas (A. é
insegura, não consegue se relacionar com os outros).
A ausência de PÉS confirma mais uma vez a insegurança de A. e a sua
falta de autonomia (“pelo que eu li na revista eu tenho síndrome de
pânico”).
10.2 — Caso n° 2 - Paciente B
152
A paciente B. é uma menina, de 8 anos, estudante da segunda série,
pertencente à classe econômica alta e é filha de pais universitários. O
casal tem duas filhas, sendo que B. é a primeira, e a irmã tem 6 anos.
Na primeira consulta veio somente a mãe com a seguinte queixa: “B.
anda deprimida. Não vai bem na escola, é atrasada na sala de aula e
segundo a professora parece estar sempre no mundo da lua. Também
tem complexo da barriga, não se troca na frente dos outros e vive se
criticando; se acha feia e, por mais que eu fale que ela não é, ela não
acredita.
Uma outra coisa que me incomoda é que ela não tem amiguinhas, nunca
convida ninguém para vir em casa. Quando vamos à alguma festa, ela
fica do meu lado e não brinca com as outras crianças. A irmã é
totalmente diferente; é extrovertida e tem muitas amiguinhas. Quando
B. não tem coragem de fazer alguma coisa, manda a irmã fazer”.
HTP-F
B. não apresentou RESISTÊNCIA para desenhar e fez todos os desenhos
em apenas uma sessão. Seu TRAÇADO é firme e em alguns desenhos
usou muita PRESSAO (vestido da figura feminina e blusa na figura
masculina), sugerindo conflitos com o corpo, tensão, ansiedade, falta de
autoconfiança ou ainda agressividade e hostilidade para com o
ambiente.
Os desenhos são centrais (LOALIZAÇAO NO PAPEL), as figuras são de
TAMANHO e com DETALHES adequados, indicando inteligência e
ajustamento ao meio.
Casa
B.
a enxerga como se fosse vista de cima e distante (PERSPECTIVAS
OU POSIÇÃO da Casa), o que é comum em pessoas que rejeitam a
situação familiar e os valores pertinentes e que em geral exibem
compensatoriamente sentimentos de superioridade frente ao
isolamento afetivo.
153
Quando observamos a TELHA OU TELHADO (área ocupada pela fantasia)
constatamos que é, em ponta, muito elaborado e bastante reforçado
com linhas fortes e grossas, o é característico de indivíduos que estão
tentando se defender da ameaça de perda do controle pela fantasia.
Representam uma preocupação aumentada com o temor de impulsos
atualmente expressos pela fantasia se expandam para o
comportamento manifesto ou distorçam a percepção da realidade.
As PAREDES (força do ego) são normais. A PORTA, além de inclinada e
fechada, é pequena em relação às janelas e à casa em geral, indicando
uma certa relutância para estabelecer contato com o ambiente,
afastamento das trocas interpessoais e receio nas relações com os
outros B. não tem amigos).
As JANELAS, apesar de grandes e abertas, estão junto ao teto, indicando
maior receptividade de relacionamento social na área da fantasia.
Comentou que os traços eram a varanda da casa, o que confirma um
mecanismo de compensação por problemas na relação social.
Árvore
B. começou sua ÁRVORE pelo TRONCO. Ela o fez rígido, ligeiramente
tremido e bem mais longo que a copa, sugerindo predomínio da vida
instintiva, certa inquietação e vivacidade de fundo emocional.
154
Quando pergunto quantos anos sua árvore tem (IDADE ATRIBUIDA À
ÁRVORE), diz: “é bem velhinha, 40 ou 30 anos”, indicando vivências
depressivas e inadequadas para a idade. Falou que quem plantou foi o
tio que já morreu, Que é uma árvore só, cheia de flores, mas que
ninguém tem acesso a ela por causa das abelhas. Está ferida e necessita
de água, pois está com doença no tronco.
Quando observamos a COPA, percebemos que apesar de pequena e
ligeiramente aumentada para o lado esquerdo (timidez), está cheia de
flores. B. é vaidosa e se preocupa com a aparência.
Figura Humana
Tanto a FIGURA FEMININA quanto a MASCULINA, B. começou pela
CABEÇA (aceitação do desenvolvimento) e deu-lhes uma idade próxima
da dela - 11 anos de idade.
Quando as observamos percebemos que são dois adolescentes, com
roupas elaboradas, mostrando seu esforço no sentido da obtenção de
155
prestígio e atenção. Fez a mulher levemente menor que o homem, mas
não algo muito significativo.
Percebemos que na FIGURA FEMININA, B. coloca uma linha do lado
direito e outra representando o chão, mas a figura está solta. Na
FIGURA MASCULINA, a linha é meio inclinada, indicando insegurança,
falta de firmeza e necessidade de ajuda.
Ambas as figuras estão paradas, sem mobilidade, sugerindo conflitos
sérios e profundos sobre os quais mantém um controle rígido e
normalmente frágil. Mas por outro lado fez os mesmos de frente, como
que preparados para encarar o mundo. B. é uma criança cheia de
recursos, apesar de comprometida emocionalmente.
Fez primeiro a FIGURA FEMININA, comentando ser uma dançarina, que
vive com os pais e que é saudável, porque come frutas e verduras. Mas
que tem medo da morte e que precisa de ajuda.
Olhando com bastante agudeza para as figuras, percebemos que a
CABEÇA é um pouco grande em relação aos OMBROS, indicando
ambição, tendência a viver mais na fantasia e provavelmente com
sentimentos de menos valia.
156
Os OLHOS da menina são representados por um ponto, e o esquerdo
parece vazado; os do menino são maiores, porém são estrábicos,
mostrando a dificuldade em olhar e entender a vida.
O NARIZ é representado por um ponto mal localizado.
A BOCA é grande, numa tentativa de sorriso, porém fechada indicando
tensão, imaturidade para enfrentar a vida, desejo de inter-relação
social, gula e ansiedade a respeito da necessidade de dependência.
Os CABELOS são desordenados e em negrito, mostrando a sua energia
mal canalizada e ansiedade.
O PESCOÇO (elo de ligação entre a mente e os impulsos) é fino e
comprido, indicando conflitos e dificuldade em controlar os impulsos
corporais.
Quando observamos os OMBROS, percebemos que os da menina são
estreitos em relação ao corpo, demonstrando sentimentos de
inferioridade e de menos valia, apesar de os do menino serem
proporcionais.
O que mais nos chama a atenção em ambos os desenhos é o TORAX. O
corpo da menina é longo e magro, mas o vestido e a camisa do rapaz
estão em negrito, indicando conflito com o corpo (B. não se troca na
frente de ninguém e se acha feia).
Os BRAÇOS são curtos e de tamanhos diferentes (em ambas as
figuras),mostrando um contato limitado com o ambiente, insegurança,
falta de confiança, dificuldade em aproximar-se e estabelecer relações
com as pessoas e medo vinculado a impulsos hostis. São braços que não
podem realizar nada, sugerindo sentimentos de inadequação
insuficiência. Percebemos isso também nas MÃOS pendentes (B. não
tem amigos, na festas não sai de perto da mãe).
As PERNAS da figura feminina estão separadas, e os PÉS estão em ponta,
com contato tênue com a realidade (como visto acima, B. despende
bastante de suas energias na fantasia). Nas do menino, além de
desproporcionais, os pés estão um para cada lado, mos falta de
mobilidade e ambivalência (a figura está inclinada).
Põe luvas na menina indicando mais uma vez vaidade, seu desejo de
crescer e de ser bem-sucedida.
Desenho Das Famílias
157
O mais significativo em ambos os desenhos é que B. não se inclui nos
desenhos.
Comenta no primeiro desenho (FAMÍLIA DE ORIGEM) que a mãe, a irmã
e o pai estão sentados no sofá assistindo à televisão. Para reforçar esta
idéia põe uma espécie de círculo em torno dos membros da família.
Representa-os como uma família muito unida, mas da qual ela não
participa; “esqueceu” de incluir-se no desenho.
158
Na FAMÍLIA IDEAL, a irmã sobressai na metade superior da folha
indicando ser a mais importante da casa (também foi a primeira a ser
desenhada),
Outro detalhe que nos chama a atenção e que reforça a hipótese de que
B. se sente excluída da família é que todos os membros estão de olhos
fechados (fechados para eb Interessante também é que estão sorrindo,
como que felizes, mas parece que B. não participa dessa alegria; sentese isolada, deprimida e não ajustada).
Se mais uma vez observarmos a CASA, vamos perceber que B. não
colocou CHAMINE, o que é comum em pessoas que sentem certa
distância afetiva na que sentem o lar como frio e sem calor afetivo.
O HTP-F é um instrumento interessante, pois permite à criança
desenhar e mostrar sentimentos mais profundos.
A mãe de B, na entrevista devolutiva, ao observar os desenhos das
FAMÍLIA ORIGEM E IDEAL, apresentou um grande insight. Comentou de
uma forma comovente “Como é que eu não tinha percebido antes? Não
é que eu não tinha percebido, eu queria acreditar ou aceitar o que ela
tem é ciúmes da irmã! A irmã é magrinha, extrovertida faz amizade com
todo mundo, e ela é sempre a sombra da irmã, Ela de certa forma
mostrou que tinha ciúmes da irmã, mas eu nunca quis ver!”
Combinamos que B. seria atendida em psicoterapia uma vez por
semana, Cinco meses depois, solicito à paciente novo desenho da
família. B. aceita desenhar apenas a sua família (FAMILIA DE ORIGEM).
159
Desta vez se representou em primeiro lugar, exclamando a sua
importância, seu sentimento de pertinência e de fazer parte da família.
Desenhou todos os membros de pé, de frente e juntos, indicando maior
estruturação e proximidade entre os elementos.
Esses detalhes indicam que estamos caminhando bem na psicoterapia,
mas ainda não estamos em época de alta, pois, se observarmos com
bastante agudeza as figuras, percebemos que B. ainda se sente um
pouco menos significativa ou inferior a irmã. Apesar de desenhar-se em
primeiro lugar, representa-se como uma figura menor, e na realidade a
irmã é dois anos de idade mais nova que ela.
Outro fator que nos chama a atenção são os BRAÇOS - rígidos,
apertados ao corpo e para trás (mãe e pai), indicando que ainda tem
dificuldade em aproximar-se e estabelecer relações afetivas com as
pessoas.
10.3 — Caso n° 3 - Paciente C
O paciente C. é um menino pré-adolescente de 12 anos, estudante da
quinta série.
Na primeira consulta compareceu somente a mãe, uma senhora
decidida, com aspecto rígido e autoritário. Veio com a seguinte queixa:
“C. está cada vez mais rebelde, respondão e exigente. Se quer alguma
coisa luta até o fim; dá a impressão de que está revoltado. Ele nunca
aceita “não” como resposta. A vida dele é assistir à televisão, e implica
muito com o pai”.
Na entrevista C. reclamou que ninguém o entendia, tudo o que queria
ou pedia o pai achava que era muito dinheiro ou besteira, Disse gostar
de coisas bonitas e de ser vaidoso quer fazer uma mecha no cabelo,
como alguns colegas da escola, mas o pai não deixa. Na casa tudo que
envolve dinheiro não pode. Não vê a hora de crescer mais para
trabalhar e não depender mais dos pais; gostaria de ser estilista, médico
ou decorador Gosta das coisas bonitas, adora desenhar, principalmente,
roupas femininas.
1°HTP-F
Apesar de bastante estimulado, C. negou a desenhar a CASA, a FAMÍLIA
DE ORIGEM E A FAMILIA IDEAL. Mas mesmo assim vamos à análise dos
três desenhos.
160
Qualitativamente ficam evidentes certas dificuldades de C. quando
constatamos a sua RESISTENCIA para desenhar, o DECRESCIMO
PSICOMOTOR, as PAUSAS DURANTE A EXECUÇAO, a PRESSAO
EXAGERADA de seus traços, o TAMANHO DAS FIGURAS e os DETALHES
de seus desenhos.
Esses fatores sugerem intensos sentimentos de inferioridade com
dificuldades de se expor e se colocar assertivamente no meio, sensação
de ser inadequado para o cumprimento da tarefa, dificuldade em
arriscar-se e em receber julgamentos, bloqueios severos, medo, tensão
e insegurança. Podemos pensar também em inibição (TAMANHO DAS
FIGURAS), timidez, necessidade de proteger-se das pressões externas,
agressividade, hostilidade para com o ambiente com aguda consciência
da necessidade de autocontrole.
A necessidade de autocontrole fica evidente também pela LOCALIZAÇÃO
NO PAPEL (desenho próximo à linha vertical e tendendo para o lado
esquerdo) - introversão, contato ativo com a realidade e tentativa de
manter um controle intelectual sobre o desejo de satisfação imediata.
Embora C. rejeite executar o teste completo, verificamos quão
substancial pode ser o resultado da análise de apenas três dos
desenhos.
Árvore
161
C.
faz a sua ÁRVORE pequena (pressão ambiental), depressivas e
inadequadas para a idade), porém ERETA e SIMETRICA
Começou o seu desenho pelo TRONCO - longo com grande estrutura de
galhos e uma pequena saliência no lado direito, indicando certa rigidez,
predomínio da vida instintiva com desejo de expansão sentimento
obscuro dos limites da personalidade, oposição aos outros, ia,
ocasionalmente ressentimento, desconfiança e medo de figuras
autoritárias. Quanto a pequena saliência, podemos pensar em traumas
psíquicos, dificuldade de adaptação, congestionamento de afetos,
impulsividade, vulnerabilidade ou talvez excitabilidade.
Suas RAÍZES são visíveis (predomínio da vida instintiva) com traço duplo
e em forma de garra sob a linha da terra, sugerindo uma ligação
hipervigilante e com pobre contato com a realidade, temor e pânico de
perder o contato com a mesma (é como se tivesse de agarrar não
perder o contato com a realidade).
LINHA DA TERRA OU SOLO está abaixo da base do tronco, indicando
certo sentimento de desenraizamento e separação.
Quando observamos a COPA, o que nos chama a atenção é que ela é
fechada e cheia de espinhos, orientada para o alto e levemente
aumentada para o lado direito, sugerindo energia agitação, exigência,
162
teimosia, nervosismo, irritabilidade, agressão, necessidade de ser
importante, autossuficiência e vaidade (lado direito).
Os GALHOS são cheios de espinhos, indicando impulsos intensos e
prontos para a hostilidade e agressão (C. com o terapeuta é uma criança
passiva, meio tímida, calma, fala baixinho, sugerindo que seu
ajustamento é feito à custa de esforços maciços de repressão).
Percebemos que o arranjo dos ramos é de forma repetida com
ligamentos sucessivos, indicando a sua pouca capacidade de adaptação,
minuciosidade, preocupação com detalhes e identidade em nível de
fantasia.
Quanto ao tamanho dos galhos, notamos que são longos, em sua
maioria para cima e pouquíssimos para os lados, mostrando o seu medo
de não conseguir satisfação no ambiente, com recompensa na fantasia.
Figura Humana
Tanto a FIGURA FEMININA como a MASCULINA C. nega-se a desenhá-las
de corpo inteiro. Faz primeiro a FIGURA FEMININA. O desenho só do
busto nos leva a pensar em várias hipóteses como: não gostar do
próprio corpo, censura da área genital ou forte preocupação sexual
misturada com desajustamento.
163
Estes dados nos chamam a atenção, justamente pelo fato de C.
desenhar primeiro a mulher. Crianças e adolescentes costumam
desenhar primeiro o sexo oposto quando têm maior estima por este,
quando apresentam sentimentos negativos para consigo mesmo,
quando são mais dependentes faltando-lhe segurança quanto à própria
imagem ou quando não têm plena consciência do próprio sexo do ponto
de vista das características sexuais já conhecidas.
Se o que C. nos oferece é apenas um busto feminino e um masculino,
então precisamos observá-los com atenção redobrada e muita
perspicácia.
FIGURA FEMININA tem a CABEÇA um pouco maior que a da
MASCULINA, indicando maior valorização da mesma ou ênfase na
fantasia como fonte de satisfação.
O seu homem tem 20 anos, podendo indicar vivências depressivas ou
inadequadas para a ou sensação de não ser muito aceito pelos pais,
levando-o a inferiorizar a infância e a experimentar um forte desejo de
crescer.
164
Os ROSTOS de ambos estão de frente, como que preparados para
encarar o mundo, há uma acentuação dos caracteres faciais e contorno
reforçado (principalmente homem), indicando certa timidez.
Os OLHOS de ambos são grandes, mostrando que C. absorve o mundo
visualmente, é curioso e talvez desconfiado. Como são olhos lamuriosos
e bem trabalhados, podemos pensar em desejo de chamar a atenção,
sexualidade inadaptada, ambivalência ou conflito na inter-relação social.
A sua FIGURA FEMININA apresenta SOBRANCELHAS bem cuidadas e
levantadas, sugerindo refinamento pessoal ou dúvida.
Os CABELOS também são bem penteados, indicando seu interesse pela
aparência social e sua preocupação em deslumbrar ou seduzir.
Quando observamos o NARIZ, percebemos que C, os faz em negrito,
fato que nos faz pensar em conflitos sexuais, indecisão ou inadequação
sexual ou temores de castração.
A BOCA de ambos é grande e cerrada, mostrando ambição,
agressividade, crises de mau humor ou alta capacidade crítica (C. anda
rebelde e respondão).
As ORELHAS da mulher estão ocultas pelo cabelo, mas na figura
masculina são representadas sugerindo sensibilidade a críticas.
O QUEIXO de ambos são redondos, mostrando certa sensualidade.
Quando observamos o PESCOÇO, percebemos que ambos são
detalhados (o da mulher apresenta um colar e o do homem tem pelos).
Isso sugere uma perturbação por falta de coordenação dos impulsos e
controle intelectual, certa consciência da bifurcação da personalidade,
com conflitos decorrentes da força do superego.
Os enfeites no pescoço separam o corpo (impulsos físicos, vitais) da
cabeça (controle intelectual racional).
A presença do decote em “V” na figura feminina nos faz pensar em
fixação sexual sobre seios, tendências voyeurísticas ou curiosidade.
Os pelos da figura masculina podem sugerir desejo de masculinidade ou
necessidade conferir o aspecto masculino,
Os OMBROS de ambos são estreitos em relação ao corpo e
arredondados, denotando sentimentos de menos valia, inferioridade
e/ou inadequação.
165
Após esta avaliação foi feito novo contato com os pais. Desta vez ambos
compareceram o pai de C. mostrou-se uma pessoa passiva, apagada e
sem muita energia; a mãe, por sua vez praticamente falou o tempo
todo sugerindo muita ansiedade e verbalizou com frequência a falta de
entendimento e afeto pelo marido.
Quando foi mostrado os desenhos a mãe conseguiu verbalizar todas as
suas apreensão preocupações, assim como a razão principal da sua
consulta; chorando muito disse; Eu ando muito nervosa, já devia ter te
procurado quando o C. estava na pré-escola e a diretora me chamou. Já
naquela época elas achavam que ele era diferente, só gostava de
brincadeiras de menina. Eu não acho que ele seja “bicha”, mas ele é
diferente, quer ficar enfeitando a casa gosta de cozinhar, na escola só
fica com as meninas, nunca gostou de jogar bola....”
Após este contato, C. foi encaminhado para psicoterapia, duas vezes por
semana.
2° HTP - F — 7 meses depois
Desta vez C. aceitou fazer todos os desenhos com exceção da FAMÍLIA
IDEAL.
Mostrou confiança no desempenho, usou apenas uma sessão para
todos os desenhos e os fez com PREDOMINANCIA DE LINHAS FIRMES E
DECIDIDAS, assim como apresentação de DETALHES adequados.
Esses fatores sugerem que C. está mais seguro e equilibrado
emocionalmente.
Casa
c.
fez a sua casa na metade inferior da folha (LOCALIZAÇÃO NO
PAPEL), indicando Que ainda se sente inseguro, com necessidade de
firmar-se na realidade. Vê sua casa como Distante, sugerindo
sentimentos de rejeição à situação familiar e aos valores pertinentes,
com sentimentos compensatórios de superioridade.
166
Quando observamos o TELHADO, percebemos que está proporcional ao
tamanho da casa (equilíbrio entre a fantasia e a realidade) e terminado
em ponta (simbolismo sexual).
As PAREDES são desenhadas com traços firmes e adequados, e a Porta
está fechada com chave (autodefesa), mas a JANELA está aberta
indicando uma possibilidade de interação.
Desta vez fez um sol, mas não conseguiu imaginar ninguém que pudesse
representar o calor.
Árvore
C, desenhou a sua ÁRVORE centrada, ereta e bem grande, ocupando
quase toda a folha, nos clarificando que está reagindo às pressões
ambientais com sentimentos de expansão. Mas continua preso ao
mundo da fantasia.
Diz que apesar de saudável, é uma árvore bem velha (IDADE ATRIBUÍDA
À ÁRVORE) mais ou menos cinquenta anos, sugerindo vivências
depressivas e inadequadas para a idade.
Sua ÁRVORE apesar de grande está vazia, indicando timidez e
negativismo.
Mas vamos ao TRONCO: é aberto na parte superior e inferior e alargado
para os lados. Esses fatores indicam indecisão, comportamento
flutuante, dificuldades de entendimento e compreensão da vida.
A COPA é grande (vaidade, entusiasmo e expansão), mas totalmente
vazia mostrando dificuldade de comunicação, retraimento e timidez.
167
Figurara humana
Desta vez C. fez primeiro a FIGURA MASCULINA. Um menino de nove
anos de idade, que segundo ele está muito feliz, gosta de brincar,
bagunçar e conversar.
Essa idade da figura aquém da sua própria sugere uma fixação
emocional ou reação a traumas quando se fixou em uma época anterior
mais feliz.
Começou o seu menino pelo ROSTO, mostrando a sua necessidade em
agradar e de relacionar-se com as pessoas. Mas o fez meio inclinado,
com MOVIMENTO hesitante, indicando uma certa instabilidade,
insegurança ou fraco controle sobre as reações.
168
CABEÇA do menino está com tamanho normal, mas a da menina é um
pouco maior, denotando que ainda valoriza de forma mais consistente a
figura feminina.
Quando observamos o rosto, percebemos que C. os fez de frente
sorrindo (necessidade de simpatia, desejo de obter aprovação), com
NARIZ e BOCA adequados, mas pôs um par de óculos na menina,
indicando dissimulação da dificuldade em enfrentar o mundo, desejo de
estabelecer contato interpessoal e afetivo.
Os CABELOS do menino estão sob um boné e os da menina, presos em
“Maria Chiquinha” com franja, sugerindo interesse pela aparência,
status social, facilidade em se mover no ambiente e seus esforços no
sentido de contenção dos impulsos (cabelos presos).
Não desenhou ORELHAS em nenhuma das figuras, indicando que está
num momento mais passivo.
Desta vez fez um PESCOÇO mais proporcional (maior equilíbrio das
emoções). Os OMBROS são pequenos e os BRAÇOS, desproporcionais,
curtos e afastados, indicando que ainda apresenta dificuldade de
contato com o ambiente, um certo sentimento de incapacidade e talvez
com sentimentos de culpa (são braços afastados).
As MÃOS estão afastadas também, e os DEDOS, pendentes e curtos,
indicando mais uma vez a falta de confiança nos contatos sociais ou uma
possibilidade de contato limitada.
As PERNAS são finas e separadas, sugerindo falta de equilíbrio,
sentimento de inadequação e dificuldade para conseguir independência
pessoal.
Os PÉS são pequenos, representando novamente seus sentimentos de
insegurança para manter-se ou atingir os objetivos.
169
Família de origem
C. aceita desenhar apenas a sua FAMÍLIA DE ORIGEM. Uma detalhe
interessante que o pai (figura sentida como ausente pelo paciente)
desta vez foi desenhado em primeiro lugar e de forma saliente (cabeça
maior).
Durante o processo terapêutico, este aspecto foi trabalhado com
intensidade.
Esta representação indica que no momento o paciente está
conseguindo de uma mais madura entender e aceitar a forma de ser de
seu pai. Atualmente, não precisa agredi-lo identificando- se com a mãe
nos afazeres domésticos.
...a terapia continua...
170
11.
O SIGNIFICADO DE ALGUMAS
DOENÇAS DESTE MANUAL
Este capítulo inclui uma variedade de condições e de padrões de
comportamento clinicamente significativos. O HTP-F como é uma
técnica projetiva de desenho que visa penetrar personalidade individual
tem-se mostrado sensível a essas condições.
Kaplan (1993) define personalidade como a totalidade relativamente
estável e previsível de traços emocionais e comportamentais que
caracterizam a pessoa na sua vida cotidiana, sob condições normais. Os
traços são padrões persistentes no modo de perceber, relacionar e
pensar sobre o ambiente e sobre si mesmo, exibido em uma ampla faixa
de contextos sociais e pessoais.
Apenas quando os traços de personalidade são inflexíveis e
desajustados, causando um sofrimento subjetivo ou um
funcionamento significativamente prejudicado, é que levam a um
Transtorno de Personalidade.
Um Transtorno de Personalidade é um padrão persistente de vivência
íntima ou comportamento que se desvia acentuadamente das
expectativas da cultura do indivíduo, é invasivo e inflexível, tem seu
171
início na adolescência ou começo da idade adulta, é estável ao longo do
tempo e provoca sofrimento ou prejuízo (DSM-IV).
Os pacientes que apresentam algum transtorno mostram padrões
inflexíveis e mal ajustados de relacionamento e percepção do ambiente
e de si mesmos. Este padrão persistente é inflexível e abrange uma
ampla faixa de situações pessoais e sociais e provoca sofrimento
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou
ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Os juízos acerca do funcionamento da personalidade devem levar em
conta a bagagem étnica, cultural e social do indivíduo. Os Transtornos
de Personalidade não devem ser confundidos com problemas
associados à aculturação após a imigração ou à expressão de hábitos,
costumes ou valores religiosos e políticos professados pela cultura de
origem do indivíduo. Especialmente na avaliação de uma pessoa de
diferente origem étnica, é útil obter informações adicionais a partir de
informantes familiarizados com a respectiva bagagem cultural (DSM-IV).
Os Transtornos de Personalidade diferem das alterações de
personalidade pelo tempo e modo de seu aparecimento. O seu
diagnóstico exige uma determinação de funcionamento a longo prazo,
as características particulares de personalidade devem ser evidentes na
infância ou adolescência e continuam pela vida adulta.
A avaliação de um transtorno deve ser baseada em tantas fontes de
informações quanto possíveis. Alem do HTP-F, o psicólogo deve se
munir de entrevistas (muitas vezes espaçadas ao longo do tempo e no
caso de crianças, entrevistas com os familiares) para se colher os dados
da história do paciente.
Na avaliação de crianças vale ressaltar que os traços de um transtorno
frequentemente não persistem inalterados até a vida adulta; o mais
correto é o psicólogo com muita cautela perceber as “tendências”
infantis daquele momento de vida. Alguns traços que têm sido
identificados na infância podem estar associados com Transtornos de
Personalidade na idade adulta, Por exemplo, as crianças com
temperamento medroso podem desenvolver Transtorno de
Personalidade Evitativo.
Alguns Transtornos de Personalidade surgem devido a um desajuste
familiar, como, exemplo, uma criança ansiosa criada por uma mãe
igualmente ansiosa está mais vulnerável a um Transtorno de
Personalidade do que se fosse criada por uma mãe calma. As culturas
172
que encorajam a agressividade podem, involuntariamente, reforçar e,
portanto contribuir para os Transtornos de Personalidade Anti-Social. O
ambiente físico pode exercer seu papel. Por exemplo, uma criança
pequena ativa pode parecer hiperativa se mantida em um apartamento
pequeno e fechado, mas pode parecer normal em casa espaçosa de
classe média, com quintal (Kapian, 1993).
Quando todos os dados apontam numa mesma direção, indicando um
transtorno psicólogo deve ter em mente que, para um diagnóstico de
Transtorno de Personalidade em um indivíduo com menos de 18 anos,
as características devem estar presentes no mínimo um ano.
O HTP-F tem-se mostrado sensível a várias patologias; algumas
interpretações manual são avaliações e pesquisas de outros estudiosos,
como Rabin &Haworth (1966) Hammer(1981), Ocampo (1981),
Laurenção Van Kolck (1975, 1984), Di Leo (1987). SouzaCampos (1989),
Azevedo (1996), Battistone (1996) (comum em...), outras são sugestões
e/ou achados clínicos meus (sugere)
Para se interpretar o teste, como foi especificado na introdução, a
metodologia do precisa por necessidade ser tanto intuitiva como
analítica; confiar apenas em isolados pode ser enganador. Para uma
interpretação conclusiva, deve-se ter em motivo da consulta (queixa), as
entrevistas diagnósticas e a análise do teste.
As patologias aqui presentes foram escritas de forma bastante
resumidas. O psicólogo ao perceber que vários sinais apontam para
alguma delas, deve fazer uma leitura mais minuciosa a respeito da
mesma, antes de fechar um diagnóstico ou rotular o paciente.
Este manual contém 857 possíveis interpretações gráficas, 405 são
traços esperados dentro da normalidade ou apontam para algumas
características individuais, e 452 são avaliações indicativas de algumas
patologias; dentre elas estão:
Transtorno da Personalidade Antissocial
Neste manual existem 26 interpretações indicativas de Transtorno de
Personalidade Social.
Transtorno de Personalidade Antissocial é caracterizado pela
desconsideração e violação dos direitos dos outros, que se inicia na
infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta (DSMIV),
173
É também chamado de Personalidade Amoral, Dissocial, Associal,
Psicopática ou Sociopática, é caracterizado por atos antissociais e
criminais contínuos, mas não é sinônimo de criminalidade. Em vez disso,
trata-se de uma incapacidade para conformar-se às normas sociais. Para
receber este diagnóstico o indivíduo deve ter pelo menos 18 anos e ter
tido uma história de alguns sintomas do Transtorno de Conduta antes
dos 15 anos.
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Antissocial não se
conformam com as normas pertinentes a um comportamento dentro
dos parâmetros legais. Podem realizar repetidos atos que constituem
motivo de detenção, tais como destruir propriedade alheia; indiferença
insensível pelos sentimentos alheios; atitude flagrante e persistente de
irresponsabilidade e desrespeito por normas, regras e obrigações
sociais; incapacidade de manter relacionamentos (embora não haja
dificuldade em estabelecê-los); muito baixa tolerância à frustração e um
baixo limiar para descarga de agressão, incluindo violência;
incapacidade de experimentar culpa e de aprender com a experiência,
particularmente punição; propensão marcante para culpar os outros ou
para oferecer racionalizações plausíveis para o comportamento que
levou o paciente a um conflito com a sociedade.
Os pacientes com Transtorno de Personalidade Antissocial
frequentemente apresentam um exterior normal e até mesmo
agradável e cativante. Suas histórias, entretanto, revelam muitas áreas
de funcionamento vital desordenado. Mentiras, faltas à escola, fugas de
casa, furtos, brigas, abuso de drogas e atividades ilegais são experiências
típicas que, conforme relatos do paciente, começaram durante a
infância. As personalidades antissociais frequentemente impressionam
os clínicos do sexo oposto com seus aspectos exuberantes e sedutores,
mas os clínicos do mesmo sexo podem considerá-las manipuladoras e
exigentes.
Os indivíduos com personalidade antissocial demonstram uma falta de
ansiedade ou depressão, que pode parecer grosseiramente
incongruente com suas situações, e suas próprias explicações do
comportamento antissocial fazem-no parecer algo impensado. Ameaças
de suicídio e preocupações somáticas podem ser comuns. Ainda assim,
o conteúdo mental do paciente revela completa ausência de delírios e
outros sinais de pensamento irracional. De fato, eles frequentemente
demonstram um senso aumentado de teste de realidade,
174
Frequentemente impressionam os observadores por terem uma boa
inteligência verbal.
Os pacientes com Transtorno de Personalidade Antissocial são
altamente representados pelos chamados “vigaristas”. São altamente
manipuladores e frequentemente capazes de convencer outras pessoas
a participar de esquemas que envolvam modos fáceis de obter dinheiro
ou de adquirir fama e notoriedade, o que eventualmente pode levar os
outros a ruína financeira, embaraço social ou ambos. As personalidades
antissociais não falam a verdade e não se pode confiar nelas para levar
avante qualquer projeto ou aderir qualquer padrão convencional de
moralidade. Promiscuidade, abuso do cônjuge, abuso infantil e
condução de veículos sob os efeitos do álcool são eventos comuns na
vida desses pacientes. Um achado digno de nota é uma falta de
remorsos por tais ações, ou seja, estes pacientes parecem desprovidos
de consciência. Eles podem mostrar-se indiferentes ou oferecer uma
racionalização superficial para o fato de terem ferido, maltratado ou
roubado alguém. Ou então culpar suas vítimas de serem tolas,
impotentes ou por terem o destino que merecem, minimizando as
consequências danosas de suas ações ou para simplesmente
demonstrar completa indiferença.
Como mencionado anteriormente, os pacientes podem parecer
compostos e dignos de credibilidade ao entrevistador. Entretanto, sob a
aparência, existe tensão, hostilidade, irritabilidade e raiva. Entrevistas
estressantes, nas quais os pacientes são vigorosamente confrontados
com as inconsistências em suas histórias, podem ser necessárias para a
revelação da patologia. Até mesmo profissionais muito experientes são
enganados por esses indivíduos
Transtorno de Personalidade Borderline
Neste manual existem 5 interpretações indicativas para Transtorno de
Persona1id Borderline.
É um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, autoimagem e afetos, bem como acentuada impulsividade (DSM-IV).
Também conhecida por Esquizofrenia Ambulatória, Personalidade
“como Esquizofrenia Pseudoneurótica, Caráter Psicótico ou
Personalidade Emocionalmente Instável.
175
São pacientes que se situam no limite entre a neurose e a psicose e se
caracterizam por humor, comportamento, relações objetais e
autoimagem extraordinariamente instáveis.
Os pacientes Borderline quase sempre parecem estar em estado de
crise; suas oscilação de humor são bastante comuns. Podem mostrar-se
briguentos num momento, deprimidos em outro ou ainda queixar-se de
não sentirem coisa alguma. O comportamento dessas pessoas é
altamente imprevisível; por conseguinte, raramente conseguem atingir
o nível máximo de suas capacidades.
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline fazem
esforços frenéticos para evitarem um abandono real ou imaginado.
Experimentam intensos temores de abandono e raiva inadequada,
mesmo diante de uma separação real de tempo limitado ou quando
existem mudanças inevitáveis em seus planos. Muitas vezes acreditam
que este abandono implica que eles são “maus”. Esse medo de
abandono está relacionado a uma intolerância à solidão e uma
necessidade de ter outras pessoas consigo.
A natureza sofrida de suas vidas reflete-se em atos autodestrutivos
repetidos. Esses pacientes podem cortar os pulsos ou realizar outras
automutilações para obterem auxílio de outros, para expressar raiva ou
para afastar-se de afetos demasiadamente opressivos.
Uma vez que se sentem tanto dependentes quanto hostis, as
personalidades Borderline exibem relacionamentos interpessoais
tumultuados. Podem ser muito dependentes daqueles com quem
convivem e expressar uma raiva intensa contra seus amigos íntimos,
quando frustrados. As personalidades Borderline, contudo, não
conseguem tolerar a solidão e preferem uma busca desenfreada de
companhia, não se importando com a qualidade da companhia, a
ficarem a sós consigo mesmos.
Frequentemente, queixam-se de sentimentos crônicos de vazio e tédio,
de falta de um senso de identidade consistente e, quando pressionados,
frequentemente queixam-se do quanto se sentem deprimidos na maior
parte do tempo, apesar da aparente exuberância de seus afetos.
As pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline na maioria das
vezes apresentam um distúrbio de identidade, apresentando uma
autoimagem totalmente instável; os objetivos, as opiniões, os planos de
carreira, a identidade sexual e os tipos de amigos sofrem mudanças
súbitas. Da mesma forma os papéis, ora são suplicantes e carentes, ora
176
são vingadores implacáveis. Apresentam instabilidade afetiva devido a
uma acentuada reatividade do humor.
São pessoas impulsivas podem jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer
em excesso, abusar de substâncias, engajar-se em sexo inseguro ou
dirigir de forma imprudente.
Adolescentes e adultos jovens com problemas de identidade,
especialmente quando acompanhados do uso de drogas, podem exibir
temporariamente comportamentos que podem ser confundidos com
Transtorno de Personalidade Borderline.
Transtorno de Personalidade Dependente
Neste manual existem 25 interpretações indicativas de Transtorno de
Personalidade Dependente.
O Transtorno de Personalidade Dependente é um padrão de
comportamento submisso e aderente, relacionado a uma necessidade
excessiva de proteção e cuidados (DSM-IV).
Também conhecido por Personalidade Astênica, Passiva, Autoderrotista
ou Inadequada. As pessoas com esse transtorno subordinam suas
próprias necessidades às dos outros, fazem com que Outras pessoas
assumam responsabilidade pelas principais áreas de suas vidas, não
possuem autoconfiança e podem experimentar intenso desconforto
quando sozinhas. São pessoas que visam obter atenção e cuidados,
acreditando-se incapazes de funcionar adequadamente sem o auxílio de
outras pessoas.
Os pacientes com Transtorno de Personalidade Dependente são
incapazes de tomar decisões sem um excesso de aconselhamento e
tranquilizarão por Outros, evitam posições de responsabilidade e se
tornam ansiosos se solicitados a assumir um papel de liderança,
preferindo cargos subalternos.
Estas pessoas não gostam de estar sozinhas, procuram outras pessoas
das quais possam depender, e seus relacionamentos são, assim,
distorcidos por sua necessidade de estarem ligadas àquela outra pessoa.
Geralmente dependem de um dos pais ou do cônjuge para decidir onde
devem viver; que tipo de trabalho devem ter e com que vizinhos devem
fazer amizade. Os adolescentes com o transtorno podem permitir que
seus pais decidam o que devem vestir, com quem devem sair, como
devem passar seu tempo livre e que faculdade cursar.
177
Pessimismo, insegurança, passividade e temores de expressar
sentimentos sexuais e agressivos caracterizam o comportamento da
personalidade dependente. Um cônjuge abusivo, infiel ou alcoólico
pode ser tolerado por longos períodos de tempo para que a vinculação
seja rompida. São pessoas que se sentem tão incapazes de funcionar
sozinhas, preferindo concordar com coisas que consideram erradas, a se
arriscarem à perda da ajuda daqueles em quem buscam orientação.
Os relacionamentos sociais limitam-se às pessoas das quais dependem e
podem sofrer abusos físicos ou mentais por não conseguirem autoafirmar-se, Podem ficar “colados” em outras pessoas importantes em
suas vidas apenas para não ficar sozinhas, mesmo que não tenham
interesse ou envolvimento no que está acontecendo. Correm o risco de
severa depressão, quando enfrentam a perda de uma pessoa da qual
eram dependentes.
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Dependente muitas
vezes se caracterizam por pessimismo e insegurança, tendendo a
menosprezar suas capacidades e realizações, tomam as críticas como
prova de sua inutilidade e são desprovidos de autoconfiança e
autoestima.
‘Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo
Este manual existem 7 interpretações para o Transtorno de
Personalidade Esquiva.
Transtorno da Personalidade Esquiva caracteriza-se por um padrão de
inibição social sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a
avaliações negativas (DSM-1V).
Essas pessoas evitam atividades profissionais ou escolares que
envolvam contato pessoal significativo por medo de críticas,
desaprovação ou rejeição; da mesma a que evitam fazer novas
amizades, ao menos que tenham certeza de que serão estimadas e
aceitas sem crítica.
Pessoas com Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo não
participam de atividades de grupo, têm dificuldade de intimidade
interpessoal, embora consigam estabelecer relacionamentos íntimos
quando existem garantias de uma aceitação sem críticas. São pessoas
que se magoam facilmente com qualquer crítica ou desaprovação por
mais leve que seja.
178
Na maioria das vezes são pessoas tímidas, quietas, inibidas, que passam
“invisíveis”, pelo medo de que qualquer atenção possa trazer
degradação ou rejeição. Demonstram inibição em novas situações
interpessoais, devido a seus sentimentos de inadequação e baixa
autoestima. Ao falarem com alguém, expressam incerteza e falta de
autoconfiança, podendo falar de maneira autodepreciativa. Têm medo
de falar em público ou fazer pedidos a outras pessoas, pois são
hipervigilantes quanto à rejeição. Tendem a interpretar mal os
comentários feitos por outras pessoas, considerando-os ridicularizantes
ou depreciativos. A recusa a qualquer pedido que façam leva-as ao
retraimento e a se sentirem magoadas. Elas são descritas pelos outros
como “tímidas”, “acanhadas”, “solitárias” e “isoladas”.
Na esfera profissional, as personalidades evitativas frequentemente
assumem empregos secundários, Raramente conseguem progredir
muito ou exercer muita autoridade. Em vez disso, no trabalho parecem
simplesmente tímidos e ávidos por agradar.
O comportamento esquivo começa com frequência na infância, com
timidez, isolamento, medo de estranhos e de situações novas. Embora a
timidez seja um percursor comum do Transtorno de Personalidade de
Esquiva, na maioria dos indivíduos ela tende a dissipar-se com a idade.
Por outro lado, os indivíduos que desenvolvem o transtorno podem
tornar-se progressivamente mais tímidos e arredios durante a
adolescência e início da idade adulta, quando os relacionamentos sociais
com pessoas novas assumem uma especial importância.
Na entrevista clínica, o aspecto mais notável é a ansiedade do paciente
acerca de falar com o entrevistador. O modo tenso e nervoso do
paciente parece aumentar e diminuir segundo sua percepção quanto ao
agrado que o profissional tem por eles. Mostram-se vulneráveis aos
comentários e sugestões do entrevistador, podendo considerar um
esclarecimento ou uma interpretação como uma crítica.
Trans torno da Personalidade Esquizoide
Neste manual existem 23 interpretações indicativas de Transtorno de
Personalidade Esquizoide.
A característica do Transtorno de Personalidade Esquizoide é um
padrão invasivo de distanciamento de relacionamentos sociais e uma
faixa restrita de expressão emocional em contextos interpessoais
(DSM-IV)
179
O transtorno de personalidade esquizoide é diagnosticado em pacientes
que exibem um padrão vitalício de retraimento social. Seu desconforto
com a interação humana, sua introversão e afeto brando e constrito são
dignos de nota. As pessoas com esse transtorno parecem não possuir
desejo de intimidade, mostram-se indiferentes as oportunidades de
desenvolver relacionamentos íntimos e parecem não obter satisfação
do fato de fazerem parte de uma família ou de algum grupo social.
Preferem passar seu tempo sozinhas a estarem com outras pessoas,
escolhendo passatempos solitários que não evolvam a interação com
outras pessoas. As crianças com esta tendência na maioria das vezes
passam horas desenhando; os adultos com o transtorno preferem o
computador a qualquer interação pessoal, podem apresentar pouco
interesse sexual, preferindo a fantasia a uma sexualidade madura,
apresentam dificuldade em fazer algum amigo íntimo ou participar de
uma turma.
São pessoas que vivem absortas em si mesmas e frequentemente se
mostram indiferentes à aprovação ou crítica social, mostram um
exterior indiferente, sem reatividade emocional, exibem um afeto
restrito e parecem frios. Esses indivíduos podem ter uma particular
dificuldade para expressar raiva, mesmo em resposta à provocação
direta, o que contribui para a impressão de não possuírem emoções.
Ocasionalmente em circunstâncias muito incomuns em que se sentem
muito à vontade para se revelarem, podem reconhecer sentimentos
dolorosos principalmente relacionados a interações sociais.
As pessoas com o transtorno tendem a buscar empregos solitários que
envolvem ou nenhum contato com outros. Muitos preferem o trabalho
noturno ao diurno, de que não tenham de lidar com muitas pessoas.
Embora as pessoas com Transtorno de Personalidade Esquizoide
possam parecer a absortas e engajadas em devaneios excessivos, não
mostram perda da capacidade reconhecimento da realidade. Uma vez
que atos agressivos raramente são incluídos seu repertório de respostas
habituais, a maior parte das ameaças, reais ou imaginarias é enfrentada
com onipotência ou resignação fantasiosa. Essas pessoas geralmente tas
como alienadas; contudo, às vezes são capazes de conceber,
desenvolver e mundo idéias genuinamente originais e criativas.
O Transtorno de Personalidade Esquizoide pode aparecer pela primeira
vez na ou adolescência na forma de solidão, fracos relacionamentos
com seus pares e rendimento escolar, o que pode deixar essas crianças
e adolescentes marcados diferentes e sujeitos a zombarias.
180
Transtorno de Personalidade Esquizotípica
Neste manual existem 9 interpretações indicativas de Personalidade
Esquizotípica.
A característica essencial do Transtorno de Personalidade Esquizotípica
é um padrão invasivo de déficits sociais e interpessoais, distorções
cognitivas ou da percepção de comportamentos excêntricos (DSM-IV).
No Transtorno de Personalidade Esquizotípica, o pensamento e a
comunicação estão perturbados. Como os pacientes esquizofrênicos, as
pessoas com esse transtorno podem não conhecer seus próprios
sentimentos; contudo, são extremamente sensíveis aos sentimentos dos
outros, especialmente aos afetos negativos como a raiva. Podem ser
supersticiosos ou declarar poderes de clarividência, e na maioria das
vezes o seu mundo interior está cheio de relacionamentos imaginários,
temores ou fantasias infantis. Também em pensar que possuem
poderes especiais de pressentir acontecimentos ou de ler os
pensamentos de outras pessoas.
Na maioria das vezes eles não são capazes de lidar com toda a faixa de
afetos e indicadores interpessoais necessários para relacionamentos
bem-sucedidos, de modo que muitas vezes parecem interagir com os
outros de maneira inadequada, rígida ou constrita.
Esses indivíduos muitas vezes são considerados esquisitos ou
excêntricos por causa dos maneirismos incomuns ou pelo modo
esquisito de vestir-se, no qual nada combina com nada, bem como por
sua desatenção às convenções sociais.
O Transtorno de Personalidade Esquizotípica pode manifestar-se pela
primeira vez na infância e adolescência, na forma de solidão, fracos
relacionamentos com seus pares, ansiedade social, baixo rendimento
escolar, excessiva suscetibilidade, pensamentos e linguagem peculiares
e fantasias bizarras. Essas crianças podem parecer “esquisitas” ou
“excêntricas” e atrair gozações dos colegas.
Sob tensão, os pacientes com Transtorno de Personalidade Esquizotípica
podem descompensar-se e apresentar sintomas psicóticos, mas estes
geralmente têm duração breve.
Transtorno de Personalidade Histriônico
181
Neste manual existem 9 interpretações indicativas de Transtorno de
Personalidade histriônica,
A característica principal desse transtorno é um padrão de excessiva
emotividade e busca de atenção (DSM-IV).
Também conhecida por Personalidade Histérica ou Psicoinfantil. Os
indivíduos com esse transtorno sentem-se desconfortáveis ou
desconsiderados quando não são o centro das atenções e exteriorizam
um comportamento exuberante, dramático e extrovertido. Tendem a
exagerar seus pensamentos e sentimentos, fazendo com que tudo soe
mais importante do que realmente é. Exibem ataques de
temperamento, lágrimas e acusações, caso não marquem sua presença
ou se não estejam recebendo os elogios ou a provação esperada.
A aparência e o comportamento desses indivíduos na maioria das vezes
são inadequados, podem mostrar-se excessivamente provocantes ou
sedutores, e este comportamento não é dirigido somente para aqueles
a quem têm interesse sexual ou romântico, e sim para uma ampla
variedade de relacionamentos sociais, ocupacionais e profissionais.
Fantasias sexuais sobre pessoas com as quais os pacientes estão
envolvidos são comuns, mas seus relatos sobre estas fantasias são
inconsistentes e podem ser tímidos ou conquistadores, em vez de
sexualmente agressivos. Na verdade, os pacientes histriônicos podem
ter uma disfunção sexual: as mulheres podem ser anorgásmicas e os
homens, impotentes, Podem atuar segundo seus impulsos sexuais para
confirmarem a si mesmos sua atratividade para com o sexo oposto.
Sua necessidade de reasseguramento é interminável, e seus
relacionamentos tendem a ser superficiais. Na maioria das vezes
mostram-se vaidosos, absortos em si mesmos e instáveis. Sua forte
necessidade de dependência toma-os exageradamente crédulos e
ingênuos.
Estes pacientes não têm consciência de seus verdadeiros sentimentos e
são incapazes de explicar suas motivações. Geralmente têm um estilo de
discurso excessivamente impressionista, porém vago. Podem embaraçar
os amigos e conhecidos por sua excessiva exibição pública de emoções.
Entretanto, suas emoções com frequência dão a impressão de serem
ligadas e desligadas com demasiada rapidez para serem profundamente
sentidas, o que pode levar a acusações de que estão fingindo.
182
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Histriônica têm um alto
grau de sugestibilidade, e suas opiniões e sentimentos são facilmente
influenciados pelos outros e pelas tendências do momento. Nos
relacionamentos íntimos apresentam dificuldade em adquirirem
intimidade emocional, com frequência representam papéis, sem se dar
conta disto. Os relacionamentos a longo prazo podem ser deixados de
lado para dar lugar a relacionamentos novos e excitantes.
Na entrevista, os pacientes histriônicos são geralmente cooperativos e
anseiam por fornecer uma história detalhada.
Transtorno da Personalidade Masoquista
Neste manual existe 1 interpretação indicativa de Transtorno da
Personalidade Masoquista.
A característica da Personalidade Masoquista consiste em obter
gratificação infligindo dor, humilhação ou sofrimento a si próprio
(Kaplan, 1993).
As pessoas com este transtorno escolhem pessoas e situações que
levam ao desapontamento, fracasso ou mau tratamento, mesmo
quando opções melhores se encontram claramente disponíveis.
Geralmente rejeitam as tentativas alheias de oferecimento de auxílio.
Depois de eventos pessoais positivos (por exemplo, uma nova
conquista), respondem com depressão, culpa ou um comportamento
que provoque dor (por exemplo, um acidente). É comum também
provocarem respostas de rejeição em outros e depois sentirem-se
magoados, derrotados ou humilhados (por exemplo, o cônjuge que
ridiculariza a esposa em público, provocando uma resposta irada, para
depois sentir-se arruinado). São pessoas que muitas vezes engajam-se
em auto-sacrifícios excessivos não solicitados e desencorajados por
outros.
No Masoquismo Sexual, os indivíduos sentem-se perturbados por suas
fantasias masoquistas, que podem ser invocadas durante o intercurso
sexual ou masturbação, mas não atuadas de outro modo. Nesses casos,
as fantasias masoquistas em geral envolvem ser estuprado, preso ou
atado por outros, sem possibilidades de fuga.
Outros agem de acordo com seus desejos sexuais masoquistas por conta
própria (por exemplo: atando a si mesmos, picando-se com alfinetes ou
agulhas, auto-administrando choques elétricos ou automutilando-.se)
ou com um parceiro.
183
As fantasias masoquistas tendem a ter estado presentes na infância. A
idade na qual iniciam as atividades masoquistas com parceiros é
variável, mas geralmente se situa nos primeiros anos da vida adulta.
Freud (apud Kaplan, 1993) acreditava que a capacidade masoquista para
atingir o orgasmo seria perturbada pela ansiedade e sentimentos de
culpa sobre o sexo, que são aliviadas pelo próprio sofrimento e punição.
Cerca de 30% dos masoquistas também possuem fantasias sádicas,
sendo conhecidos como sado masoquistas.
Masoquismo Sexual no Kaplan (1993), CID- 10 (1993) e DSM-IV (1995)
está em Parafilias.
Transtorno da Personalidade Narcisista
Neste manual existem 17 interpretações indicativas de Transtorno de
Personalidade Narcisista.
O Transtorno de Personalidade Narcisista é caracterizado por um
padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e de
falta de empatia (DSM- IV).
São pessoas que têm um sentimento grandioso de sua própria
importância. Consideram-se especiais e esperam um tratamento
especial, acreditam ter necessidades especiais, que estão além do
entendimento das pessoas comuns. Essas pessoas constantemente se
preocupam com fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência,
beleza ou amor ideal.
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Narcisista exigem
admiração excessiva, sua autoestima é quase que invariavelmente
muito frágil, vivem a “caçar” elogios e ficam furiosos quando isso não
ocorre. Essas pessoas esperam que lhes seja dado o que desejam ou
julgam precisar, não importando o que isto possa significar aos outros.
Eles tendem a formar amizades ou relacionamentos românticos
somente se vislumbram a possibilidade de que a outra pessoa vá ao
encontro de seus objetivos ou que aumente sua autoestima.
São pessoas que carecem de empatia e têm grandes dificuldades em
reconhecer os de ou sentimentos dos outros, chegando a se
impacientarem quando os outros falam de próprios problemas ou
preocupações. Os que se relacionam com os narcisistas descobrem
neles uma frieza emocional e falta de interesse mútuo.
184
Lidam pobremente com as críticas devido à vulnerabilidade de sua
autoestima, e reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque
afrontoso.
Nas pessoas com Transtorno dc Personalidade Narcisista o
envelhecimento é vivenciado, uma vez que valorizam a beleza, o vigor e
os atributos da juventude aos quais se apegam de forma inapropriada.
Portanto, podem ser mais vulnerável do que os outros grupos às crises
da meia-idade.
Os traços narcisistas podem ser particularmente comuns em
adolescentes, não indicando necessariamente que terão o transtorno
futuramente.
Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo
Neste manual existem 33 interpretações indicativas de Transtorno de
Personalidade Obsessivo-Compulsivo.
O Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo é caracterizado
por um padrão de preocupação com organização, perfeccionismo e
controle mental e interpessoal (DSM-IV).
Também conhecido por Neurose Anancástica, Neurose Obsessiva ou
Neurose obsessiva -Compulsiva, os pacientes com esse transtorno
tentam manter um sentimento de controle por meio de uma atenção
exagerada a regras, detalhes triviais, procedimentos, listas.
O Transtorno de Personalidade Narcisista é caracterizado por um
padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e de falta
de empatia (DSM- IV).
São pessoas que têm um sentimento grandioso de sua. própria
importância. Consideram-se especiais e esperam um tratamento
especial, acreditam ter necessidades especiais, que estão além do
entendimento das pessoas comuns. Essas pessoas constantemente se
preocupam com fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência,
beleza ou amor ideal.
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Narcisista exigem
admiração excessiva, sua autoestima é quase que invariavelmente
muito frágil, vivem a “caçar” elogios e ficam sós quando isso não ocorre.
Essas pessoas esperam que lhes seja dado o que deseja julgam precisar,
não importando o que isto possa significar aos outros. Eles tendem a
amizades ou relacionamentos românticos somente se vislumbram a
185
possibilidade de que outra pessoa vá ao encontro de seus objetivos ou
que aumente sua autoestima.
São pessoas que carecem de empatia e têm grandes dificuldades em
reconhecer os o ou sentimentos dos outros, chegando a se
impacientarem quando os outros falam de próprios problemas ou
preocupações. Os que se relacionam com os narcisistas descobrem
neles uma frieza emocional e falta de interesse mútuo.
Lidam pobremente com as críticas devido à vulnerabilidade de sua
autoestima, e reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque
afrontoso.
Nas pessoas com Transtorno de Personalidade Narcisista o
envelhecimento é vivenciado, uma vez que valorizam a beleza, o vigor e
os atributos da juventude aos quais se apegam de forma inapropriada.
Portanto, podem ser mais vulnerável do que os outros grupos às crises
da meia-idade.
Os traços narcisistas podem ser particularmente comuns em
adolescentes, não indicam necessariamente que terão o transtorno
futuramente.
Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo
Neste manual existem 33 interpretações indicativas de Transtorno de
Personalidade Obsessivo-Compulsivo.
O Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo é caracterizado
por um padrão de preocupação com organização, perfeccionismo e
controle me interpessoal (DSM-IV).
Também conhecido por Neurose Anancástica, Neurose Obsessiva ou
Neurose obsessivava-Compulsiva, os pacientes com esse transtorno
tentam manter um sentimento de controle por meio de uma atenção
exagerada a regras, detalhes triviais, procedimentos listas horários e
formalidades chegando a perder o ponto mais importante da atividade.
Tais pessoas são formais e sérias, desprovidas frequentemente, de
senso de humor. Insistem em uma obediência rígida às regras, sendo
incapazes de tolerar o que percebem como infrações. Por conseguinte,
falta-lhe flexibilidade e tolerância. São capazes de realizar trabalhos
prolongados, desde que sejam rotinizados e não queiram alterações às
quais geralmente não conseguem se adaptar.
186
As habilidades interpessoais das pessoas obsessivo-compulsivas são
extremamente limita- Afastam as pessoas, são incapazes de
comprometer-se e insistem em que os outros se submetam às suas
necessidades e, por outro lado são ávidas por agradar aos que veem
mais poderosos do que elas próprias.
Em razão de seu medo de cometer erros, são indecisos e relutam em
tomar decisões. São pessoas que demonstram excessiva dedicação ao
trabalho e à produtividade, chegando à exclusão de atividades de lazer e
amizades. Passatempos ou atividades recreativas são abordadas como
tarefas sérias, que exigem meticulosa organização e trabalho árduo. A
ênfase sempre está em um desempenho perfeito.
As pessoas com este transtorno têm um respeito muito grande e rígido
para com autoridades e regras, insistem em uma obediência ao pé da
letra, sem qualquer flexibilidade de regras, e também podem ser
incapazes de jogar fora objetos usados ou inúteis, mesmo quando não
possuem valor sentimental. Também podem ser miseráveis e
mesquinhos e manter um padrão de vida bem abaixo daquele que seria
possível, acreditando que os gastos devem ser rigidamente controlados,
a fim de se precaverem de futuras catástrofes.
Qualquer coisa que ameace a rotina da vida destes pacientes ou sua
estabilidade pode precipitar muita ansiedade, que é contida pelos
rituais que impõem às suas vidas e tentam impor a outros.
Transtorno de Personalidade Paranóide
Este manual contém 16 interpretações para Transtorno de
Personalidade Paranóide.
Transtorno de Personalidade Paranóide é caracterizado por um padrão
de desconfiança e suspeita, de modo que os motivos dos outros são
interpretados como malévolos (DSM-1V).
Também conhecido por Personalidade Paranóide Expansiva, Fanática,
Querelante ou Paranóide Sensitiva, são pessoas que vivem sob uma
constante desconfiança das pessoas em geral. Recusam
responsabilidade por seus próprios sentimentos e atribuem a
responsabilidade a outros, supõem que as outras pessoas os exploram,
prejudicam ou as enganam, ainda que não exista qualquer evidência
apoiando esta idéia. Geralmente suspeitam com base em poucas ou
187
nenhuma evidência, se preocupam com dúvidas infundadas quanto à
lealdade e confiabilidade de seus amigos ou colegas, cujas ações são
minuciosamente examinadas em busca de evidências de intenções
hostis.
O Transtorno de Personalidade Paranóide pode manifestar-se pela
primeira vez na infância e adolescência, por uma tendência a ficar
solitário, ter fracos relacionamentos com seus pares, ansiedade e
fantasias idiossincráticas. Essas crianças podem parecer “esquisitas” ou
“excêntricas” e provocar zombarias.
Os adultos com o Transtorno relutam em ter confiança ou intimidade
com outras pessoas pelo medo de que as informações que
compartilham sejam usadas contra eles, geralmente lêem significados
ocultos, humilhantes e ameaçadores em comentários ou observações
benignas, guardam rancores persistentes em perdoar os insultos,
ofensas ou deslizes dos quais pensam ter sido vítimas. Na maioria das
vezes são patologicamente ciumentos, frequentemente suspeitando da
fidelidade do cônjuge, sem qualquer justificativa adequada, muitas
vezes coletam “evidências” triviais para apoiarem suas crenças
ciumentas.
No geral são pessoas de difícil convivência e na maioria das vezes
enfrentam problema com relacionamentos íntimos. Suas desconfianças
e excessiva hostilidade podem ser e expressadas em discussões
agressivas, queixas recorrentes ou afastamento silencioso e
visivelmente hostil. Como são hipervigilantes para possíveis ameaças,
podem comportar de maneira reservada, velada e parecer “frias” e sem
sentimento de ternura. Esses pacientes não possuem calor humano e se
impressionam e prestam muita atenção a temas de poder e hierarquia,
expressando desdém por aqueles vistos como fracos, doentios,
prejudicados ou de alguma forma defeituosos. Nas situações sociais, as
pessoas com Transtorno de Personalidade Paranóide podem parecer
práticas e eficientes, mas frequentemente geram medo ou conflito em
outras pessoas.
Transtorno da Personalidade Sádica
Neste manual existe 1 interpretação indicativa de Personalidade Sádica.
É caracterizado por um padrão de comportamento cruel, humilhante
ou agressivo que começa no início da vida adulta, no qual o indivíduo
188
sente prazer pelo sofrimento psicológico ou físico da vítima (Kaplan,
1993).
As pessoas com este transtorno mostram um padrão generalizado de
comportam cruel, humilhante e agressivo, dirigido para os outros. A
crueldade ou violência física é para infligir dor ou domínio e, não para
atingir algum objetivo (por exemplo: dominar a fim de roubar). Essas
pessoas geralmente também gostam de humilhar ou maltratar em
frente de outros que geralmente trataram ou disciplinaram alguém,
especialmente crianças, com a mesma rigidez (são os pais que educam
seus filhos com mãos de ferro).
Em geral, as pessoas com transtorno de personalidade sádica são
fascinadas pela violência, armas, ferimentos ou torturas, chegam a
divertir-se ou sentir prazer como sofrimento psicológico ou físico de
outros, inclusive nos animais.
No Sadismo Sexual, o indivíduo pode ter fantasias sádicas a fim de obter
prazer, que envolvem habitualmente o completo controle sobre a
vítima, que se sente aterrorizada ante o ato sádico eminente.
Outros colocam em prática seus anseios sexuais sádicos com vitimas
que não dão consentimento. Em todos esses casos, o que causa
excitação sexual é o sofrimento da vítima. As fantasias ou atos sádicos
podem envolver atividades que indicam o domínio do indivíduo sobre a
vítima (por exemplo: forçar a vítima a rastejar ou mantê-la em uma
jaula) ou podem consistirem atar, vendar, dar palmadas, espancar,
chicotear, beliscar,bater, queimar, administrar choques elétricos,
estuprar, cortar, esfaquear, estrangular, torturar, mutilar ou matar a
vítima.
As fantasias sexuais sádicas tendem a ter estado presentes na infância.
A idade de início das atividades sádicas é variável, mas habitualmente
ocorre nos primeiros anos da vida adulta.
Quando o Sadismo Sexual é praticado com parceiros que não
consentem com a prática, a atividade tende a ser repetida até que o
indivíduo com Sadismo Sexual seja preso. Alguns indivíduos com
Sadismo Sexual podem dedicar-se a atos sádicos por muitos anos, sem
necessidade de aumentar o potencial de infligir sérios danos físicos.
Geralmente, entretanto, a gravidade dos atos sádicos aumenta com o
tempo.
189
De acordo com a teoria psicanalítica, o sadismo é uma defesa contra
medos de castração os sádicos fazem a outros o que temem que lhes
aconteça. O prazer é extraído da expressão do instinto agressivo.
Sadismo Sexual no Kaplan (1993), CID- 10 (1993) e DSM-IV (1995) está
em Parafilias.
Transtorno da Aprendizagem
Neste manual existem 14 interpretações indicativas de Transtorno da
Aprendizagem.
Os transtornos da aprendizagem são diagnosticados quando os
resultados do indivíduo em testes padronizados e individualmente
administrados, de leitura, matemática ou expressão escrita estão
substancialmente abaixo do esperado para a idade, escolarização e
nível de inteligência (DSM-IV),
Anteriormente chamado de Transtorno das Habilidades Escolares, esses
transtornos caracterizam-se por um funcionamento acadêmico
substancialmente abaixo do esperado, tendo em vista a idade
cronológica, medidas de inteligência e educação apropriada à idade. Os
transtornos podem ser da leitura, da matemática, da expressão escrita
ou transtorno de Aprendizagem sem Outra especificação, e os
problemas de aprendizagem interferem significativamente no
rendimento escolar ou nas atividades da vida diária.
Desmoralização, baixa autoestima e déficits nas habilidades sociais
podem estar associados com os transtornos de aprendizagem. A taxa de
evasão escolar para crianças ou adolescentes com transtornos de
aprendizagem é de aproximadamente 40%. Os adultos com Transtornos
de Aprendizagem podem ter dificuldades significativas no emprego ou
no ajustamento social.
Anormalidades subjacentes do processamento cognitivo (por exemplo:
déficits na percepção visual, processos linguísticos, atenção, memória
ou uma combinação destes) frequentemente precedem ou estão
associadas com os Transtornos da Aprendizagem. Embora predisposição
genética, danos perinatais e várias condições neurológicas ou outras
condições médicas gerais possam estar associadas com o
desenvolvimento dos Transtornos de Aprendizagem, a presença dessas
condições não prediz, invariavelmente, e existem muitos indivíduos com
Transtornos de Aprendizagem sem essa história.
190
Para um diagnóstico consistente de Transtorno de Aprendizagem o
profissional deve assegurar-se de que os procedimentos de testagem da
inteligência refletem uma atenção adequada à bagagem étnica ou
cultural do indivíduo. Os transtornos da Aprendizagem devem ser
diferenciados das variações normais na realização acadêmica e das
dificuldades escolares devido à falta de oportunidades, ensino fraco ou
fatores culturais. A escolarização inadequada pode resultar em fraco
desempenho em testes estandartizados de rendimento escolar. Crianças
de bagagens étnicas ou culturais diferentes daquelas dominantes na
cultura da escola ou cuja língua materna não é língua do país, bem como
crianças que frequentam escolas de ensino inadequado, podem ter
fraca pontuação nesses testes. As crianças, com essas mesmas bagagens
também podem estar em maior risco para faltas injustificadas à escola,
em virtude de doenças mais frequentes ou ambientes domésticos
empobrecidos ou caóticos.
Os transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares
compreendem grupos de transtornos manifestados por
comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de
habilidades escolares. Esses comprometimentos no aprendizado não
são resultado de outros transtornos, tais como retardo mental, déficits
neurológicos grosseiros, problemas visuais ou auditivos não corrigidos
ou perturbações emocionais, embora eles ocorrer simultaneamente
com tais condições.
Transtorno da Ansiedade Generalizada
Neste manual existem 14 interpretações indicativas de Ansiedade
Generalizada.
O transtorno de Ansiedade Generalizada caracteriza-se por pelo
menos 6 meses de ansiedade e preocupações excessivas e persistentes
(DSM-IV).
Também conhecida por Neurose de Ansiedade, Reação de Ansiedade ou
Estado de Ansiedade,o transtorno é caracterizado pelo fato de as
pessoas se mostrarem patologicamente ansiosas acerca de tudo. Nesses
casos é difícil controlar a preocupação que é irrealista ou excessiva e
não restrita ou mesmo fortemente predominante em alguma
circunstância ambiental em particular (isto é, ela é flutuante).
191
Como em outros transtornos ansiosos, os sintomas dominantes são
altamente variáveis, mas queixas de sentimentos contínuos de
nervosismo, tremores, tensão muscular, sudorese, sensação de cabeça
leve, palpitações, fôlego curto, boca seca, tonturas, resposta de
sobressalto exagerada e desconforto epigástrico são comuns. Medos de
que o paciente ou um parente vai brevemente adoecer ou sofrer um
acidente são frequentemente expressados, junto com uma variedade de
outras preocupações e pressentimentos.
Embora os indivíduos com Transtorno de Ansiedade Generalizada nem
sempre sejam capazes de identificar suas preocupações como
“excessivas, eles relatam sofrimento subjetivo devido à constante
preocupação, têm dificuldade em controlar a preocupação ou
experimentam prejuízos no funcionamento social, ocupacional ou em
outras áreas importantes”.
A intensidade, duração, frequência da ansiedade ou preocupação são
claramente desproporcionais à real probabilidade ou impacto do evento
temido. O paciente considera difícil evitar que as preocupações
interfiram na atenção a tarefas que precisam ser realizadas e têm
dificuldade em parar de se preocupar.
Crianças com Transtorno de Ansiedade Generalizada tendem a exibir
preocupação excessiva com a sua competência, com o desempenho
escolar, atlético ou social, apresentam necessidade frequente de
reasseguramento ou então mostram um excesso de queixas somáticas.
Adultos frequentemente se preocupam com circunstâncias cotidianas e
rotineiras, tais como possíveis responsabilidades no emprego, finanças,
saúde dos membros da família, infortúnios acometendo os filhos ou
mesmo questões menores. Durante o curso do transtorno, o foco da
preocupação pode mudar de uma preocupação para outra, e
frequentemente está relacionado a estresse ambiental crônico.
Alguns dados sugerem que acontecimentos vitais estariam associados
com o aparecimento do Transtorno de Ansiedade Generalizada, O
transtorno apresenta uma condição crônica, que se não tratada pode
durar a vida inteira.
Transtorno de Conduta
Neste manual existem 16 interpretações indicativas de Transtorno de
Conduta.
192
A característica essencial do Transtorno da Conduta é um padrão
repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os
direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes
apropriadas à idade (DSM-IV).
A conduta é mais séria do que as travessuras e brincadeiras comuns das
crianças e adolescentes, O transtorno de Conduta é caracterizado por
um padrão repetitivo e persistente de conduta antissocial, agressiva ou
desafiadora. Os comportamentos do transtorno caem em quatro
agrupamentos principais: conduta agressiva que causa ou ameaça danos
físicos a outras pessoas ou a animais, conduta não agressiva que causa
perdas ou danos a propriedades, defraudação ou furto e sérias violações
de regras. A perturbação do comportamento causa prejuízo
clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou
ocupacional.
Julgamentos acerca da presença de transtorno de conduta devem levar
em consideração o nível de desenvolvimento da criança. Este
diagnóstico aplica-se apenas a pessoas menores de 18 anos de idade.
Uma vez que os indivíduos com Transtorno de Conduta tendem a
minimizar seus problemas, o psicólogo com frequência precisa recorrer
a informações adicionais.
O transtorno de Conduta é mais comum em filhos de pais com
distúrbios de personalidade antissocial e dependência de álcool, do que
na população geral. Condições domésticas caóticas, abuso infantil e
negligência estão associados com o transtorno de conduta e
delinquência.
As crianças criadas em condições caóticas e negligentes tornam-se
zangadas, exigentes, perturbadoras e incapazes de desenvolver,
progressivamente, a tolerância à frustração necessária para
relacionamentos maduros. Uma vez que seus modelos de papéis são
deficientes e frequentemente mudam, não existe a base para o
desenvolvimento, tanto de ideal de ego quanto de consciência. As
crianças sentem pouca motivação para seguirem normas sociais e são
relativamente imunes ao remorso.
Os indivíduos com este transtorno também cometem sérias violações de
regras. As crianças apresentam como padrão, iniciando - se
prematuramente antes dos 13 anos de permanência fora de casa até
193
tarde da noite, apesar de proibições dos pais, como também pode haver
fugas de casa durante a noite.
Esses indivíduos podem ter pouca empatia e pouca preocupação pelos
sentimentos, desejos e bem estar dos outros. Especialmente em
situações ambíguas, as crianças com transtorno, em geral, percebem
mal as intenções dos outros, interpretando-as como mais hostis e
ameaçadoras do que de fato são. Geralmente respondem com uma
agressão que identificam como razoável e justificada, podem ser
grosseiras e não possuem sentimentos apropriados de culpa ou
remorso. A autoestima na maioria das vezes é muito baixa, embora
possam projetar uma imagem de “durão”.
O transtorno de Conduta muitas vezes está associado com um início
precoce de comportamento sexual, consumo de álcool, uso de
substâncias ilícitas e atos imprudentes e arriscados. Os comportamentos
desses indivíduos podem levar à suspensão ou expulsão da
escola,problemas de ajustamento no trabalho, dificuldades legais,
doenças sexualmente transmissíveis, gravidez não planejada e
ferimentos por acidentes ou lutas corporais.
Os sintomas do transtorno variam com a idade, à medida que o
indivíduo desenvolve maior força física, capacidades cognitivas e
maturidade sexual. Podem se iniciar aos 5 ou 6 anos de idade, mas
habitualmente aparecem ao final da infância ou início da adolescência.
Transtorno de Despersonalização
Neste manual existem 3 interpretações indicativas de Transtorno de
Despersonalização.
Transtorno de Despersonalização é caracterizado por um sentimento
persistente ou recorrente de estar distanciado dos próprios processos
mentais ou do próprio corpo, acompanhado por um teste de realidade
intacto (DSM-IV).
A principal queixa do paciente é que a sua atividade mental, seu corpo
e/ou ambiente estão alterados em sua qualidade. Os indivíduos com o
Transtorno podem sentir-se como que mecanizados ou que estão em
um sonho ou distanciados do próprio corpo. Outra queixa comum é de
que não estão produzindo seu próprio pensamento, imaginação ou
lembranças, que seus movimentos e comportamentos não são, de
algum modo, deles próprios.
194
Os indivíduos com Transtorno de Despersonalização mantêm um teste
de realidade intacto, isto é, apresentam consciência de que isto é
apenas uma sensação e de que não são realmente um autômato.
Muitos deles frequentemente podem ter dificuldade em descrever seus
sintomas por temer que essas experiências signifiquem que estão
“loucos”.
A Despersonalização é uma experiência comum; deve- se fazer esse
diagnóstico apenas se os sintomas forem suficientemente severos para
causar sofrimento acentuado ou prejuízo no funcionamento. Mais
comumente, os fenômenos de despersonalização ocorrem no contexto
de Doenças Depressivas, Hipocondria, Transtorno Fóbico e Transtorno
Obsessivo-Compulsivo. Elementos da síndrome podem também ocorrer
em indivíduos mentalmente saudáveis em estados de fadiga, privação
sensorial ou intoxicação alucinógena.
Experiências voluntárias induzidas de Despersonalização fazem parte
das práticas de meditação e transe prevalentes em muitas religiões e
culturas, não devendo ser confundidas com o Transtorno.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático
Neste manual existem 18 interpretações indicativas do Transtorno de
Estresse Pós- Traumático.
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático caracteriza-se pela
revivência de um evento extremamente traumático, acompanhada por
sintomas de excitação aumentada esquiva de estímulos associados
com o trauma (DSM-IV).
Também conhecido por Neurose Traumática, é um transtorno que pode
ocorrer em qualquer idade, mesmo na tenra infância. O transtorno
desenvolve-se em pessoas que experimentaram estresse físico ou
emocional envolvendo uma resposta de intenso medo, impotência ou
horror. Os sintomas típicos incluem episódios de repetidas revivências
do trauma sob a forma de memórias intrusas ou sonhos, falta de
responsividade ao ambiente e evitação de indicativos que relembrem ao
paciente o trauma original. Há usualmente um estado de hiperexcitação autônoma com hipervigilância, uma reação de choque
aumentada e insônia. Da mesma forma a ansiedade e a depressão estão
comumente associadas aos sintomas; e o uso excessivo de álcool ou
drogas pode ser um fator de complicação.
195
Os sintomas em geral iniciam nos três primeiros meses após o trauma,
embora possa haver um lapso de meses ou mesmo anos antes do seu
aparecimento, surgindo como uma resposta tardia a um evento ou
situação estressante.
A probabilidade de desenvolvimento do Transtorno de Estresse PósTraumático em pessoas após um desastre ou trauma está positivamente
correlacionada à gravidade do estressor. Quanto mais grave o estressor,
maior a probabilidade de as pessoas desenvolverem o transtorno.
Quando o trauma é relativamente leve (um acidente automobilístico
sem vítimas fatais) a probabilidade é menor, pois fazer parte de um
grupo de sobrevivente muitas vezes faz com que as pessoas lidem
melhor com o trauma, compartilhando a experiência com outros.
Em geral, as pessoas muito jovens ou crianças e muito idosas têm mais
dificuldade para lidarem com os eventos traumáticos do que aqueles na
meia-idade. Presumivelmente, as crianças pequenas ainda não têm
mecanismos de enfrentamento adequados para lidar os insultos físicos e
emocionais do trauma. Similarmente, as pessoas idosas, quando
comparadas com os adultos jovens, tendem a ter mecanismos de
enfrentamento mais rígidos CE a serem menos capazes de um enfoque
flexível para os efeitos do trauma. Além disso, os efeitos do trauma
podem ser exacerbados por incapacidades físicas e outras
características da velhice.
Transtorno de Somatização
Neste manual existem 25 interpretações indicativas de Transtorno de
Somátização.
O Transtorno de Somatização é um transtorno polissintomático que
inicia antes dos 30 anos, estende-se por um período de anos e é
caracterizado por uma combinação de dor, sintomas gastrintestinais,
sexuais e pseudoneurológicos (DSM-IV).
O Transtorno de Somatização é conhecido como Histeria, Transtorno
Psicossomático Múltiplo, Síndrome de Queixas Múltiplas ou Síndrome
de Briquet.
A característica do Transtorno é um padrão de múltiplas queixas
somáticas recorrentes e clinicamente significativas. As múltiplas queixas
somáticas não podem ser plenamente explicadas por qualquer condição
médica ou pelos efeitos diretos de uma substância.
196
A maioria dos pacientes tem longa e complicada história de contato com
serviços médicos tanto primários quanto especializados, durante a qual
muitas investigações negativas ou operações infrutíferas podem ser
realizadas. Podem ser referidos sintomas relacionados a qualquer parte
ou sistema do corpo, mas sensações gastrintestinais (dor, eructação,
regurgitação, vômito, náusea, etc.) e sensações cutâneas anormais
(coceiras, queimação, formigamento, dormência, sensibilidade, etc.) e
erupções ou manchas estão entre as mais comuns. Queixas sexuais e
menstruais são também comuns. O curso do transtorno é crônico e
flutuante e com frequência está associado a rompimento duradouro do
comportamento social, interpessoal ou familiar.
A causa do Transtorno de Somatização é desconhecida, embora o
exemplo dos pais, bem como os costumes culturais e étnicos, ensinem
algumas crianças a somatizar. Além disso, muitos pacientes são
oriundos de lares instáveis e foram fisicamente maltratados.
Os pacientes com Transtorno de Somatização geralmente descrevem
suas queixas de um modo dramático, emotivo e exagerado, com
linguagem vívida e colorida. Esses pacientes confundem sequencias
temporais e não conseguem distinguir claramente os sintomas atuais da
história passada. Frequentemente vestem-se de modo exibicionista e
podem ser sedutores e cativantes, São descritos como dependentes,
auto-centrado, famintos por admiração, elogios e com frequência são
manipuladores. A história médica dos pacientes geralmente é
circunstancial, vaga, imprecisa, inconsistente e desorganizada. Eles
muitas vezes buscam tratamento com vários médicos ao mesmo tempo,
o que pode levá-los a combinações de tratamentos complicados e por
vezes prejudiciais.
Transtorno Depressivo
Neste manual encontram-se 56 interpretações indicativas para o
Transtorno Depressivo.
O Transtorno Depressivo caracteriza-se por um ou mais Episódios
Depressivos, isto é, pelo menos duas semanas de humor deprimido,
perda de interesse e prazer, energia reduzida levando a uma
fatigabilidade aumentada e atividade diminuída (DSM-IV).
O Transtorno Depressivo pode ocorrer na criança, no adolescente, no
adulto e no idoso. O humor deprimido e uma perda de interesse ou
prazer são os sintomas-chave da depressão. E comum o discurso de
197
desânimo, desesperança e sentimento de inutilidade. Os pacientes
frequentemente descrevem os sintomas da depressão como uma dor
emocional agonizante.
Nas crianças observa-se um apego excessivo aos pais, fobia à escola ou
humor irritável ou rabugento, em vez de um humor triste ou abatido.
Durante a adolescência, a apresentação clínica pode mostrar marcantes
variações individuais, como consumo excessivo de álcool ou drogas,
comportamento antissocial, desempenho escolar pobre, exacerbação de
sintomas fóbicos ou obsessivos preexistentes ou preocupações
hipocondríacas.
O adulto deve apresentar pelo menos quatro sintomas adicionais,
extraídos de uma lista que inclui: alterações no apetite ou peso, sono e
atividade psicomotora, diminuição da energia, sentimentos de desvalia
ou culpa, dificuldade para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, ou
pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida, planos ou
tentativas de suicídio.
A perda de interesse ou prazer quase sempre está presente, pelo menos
em algum grau. Os pacientes podem relatar menor interesse por
passatempos, “não ligo mais”, ou a falta de prazer com qualquer
atividade anteriormente considerada agradável. Os familiares
frequentemente percebem esse retraimento social ou a negligência a
atividades agradáveis. Em alguns indivíduos, há uma redução
significativa nos níveis anteriores de interesse ou desejo sexual.
O apetite pode ser reduzido ou demonstrar uma avidez por alimentos
específicos (por exemplo: doces ou Outros carboidratos).
Aproximadamente 90% dos pacientes queixam-se de perturbações do
sono, especialmente despertar precoce ou despertares múltiplos à
noite, durante os quais ruminam seus problemas. Com menor
frequência, os pacientes apresentam sonolência excessiva, na forma de
episódios prolongados de sono noturno ou sono durante o dia.
As alterações psicomotoras incluem agitação (por exemplo:
incapacidade para ficar sentado, ficar andando sem parar, mexer as
pernas, etc.) ou retardo psicomotor (por exemplo:discurso, pensamento
ou movimentos corporais lentificados, fala diminuída em termos de
volume, etc.). Essas alterações devem ser suficientemente severas para
serem observáveis por outros, e não apenas sentimentos subjetivos.
198
Quase todos os pacientes deprimidos (97%) queixam-se de energia
reduzida, resultando em dificuldades para terminar tarefas, prejuízo
escolar e profissional, e motivação para pôr em prática novos projetos.
O sentimento de desvalia ou culpa associado pode incluir avaliações
negativas e irrealistas da própria vida, preocupações cheias de culpa ou
ruminações acerca de pequenos fracassos do passado. Esses indivíduos
frequentemente interpretam mal eventos triviais ou neutros do
cotidiano como evidências de defeitos pessoais e têm um senso
exagerado de responsabilidade pelas adversidades.
Muitos pacientes relatam prejuízo na capacidade de pensar, concentrarse ou tomar decisões. Em crianças uma queda abrupta no rendimento
escolar pode refletir uma fraca concentração. Em indivíduos idosos as
dificuldades de memória podem ser a queixa principal.
Aproximadamente dois terços dos pacientes deprimidos pensam em
suicídio, e 10% a 15% o cometem. Os pacientes deprimidos às vezes
queixam-se de serem incapazes de chorar, um sintoma que se resolve à
medida que melhoram.
Para episódios depressivos de todos os três graus de gravidade (leve,
moderado ou severo), uma duração de pelo menos duas semanas é
usualmente requerida para o diagnóstico, nas períodos mais curtos
podem ser razoáveis se os sintomas são bastante graves e de início
rápido.
Transtorno do Pânico
Neste manual existem 8 interpretações indicativas de Transtorno do
Pânico.
É caracterizado por Ataques de Pânico inesperados e recorrentes
acerca dos quais o individuo se sente persistentemente preocupado,
seguidos por pelo menos um mês de preocupação acerca de ter um
outro Ataque de Pânico (DSM-IV).
Um ataque de pânico é representado por um período distinto no qual
há o início súbito de intensa apreensão, temor ou terror,
frequentemente associados com sentimentos de catástrofe eminente.
Durante esses ataques, estão presentes sintomas, tais como falta ar,
palpitações, dor ou desconforto torácico, sensação de sufocamento e
medo de “ficar louco” ou perder o controle (DSM-IV).
199
Os aspectos essenciais são ataques recorrentes dc ansiedade grave
(pânico), os quais não são restritos a qualquer situação ou conjunto de
circunstâncias em particular e que são, portanto, imprevisíveis. Os
sintomas dominantes variam de pessoa para pessoa, porém, início
súbito de palpitações, dor no peito, sensações de choque, tontura e
sentimentos de irrealidade (despersonalização) são comuns.
Geralmente há um medo secundário de morrer, perder o controle ou
ficar louco. Os ataques individuais usualmente duram apenas minutos,
ainda que às vezes sejam mais prolongados; sua frequência e curso são
muito variáveis. Um paciente em um ataque de pânico, em geral,
experimenta um medo muito súbito e sintomas autômatos, os quais
resultam em uma saída, usualmente apressada, de onde quer que ele
esteja. Os ataques de pânico constantes produzem medo de ficar
sozinho ou ir a lugares públicos e geralmente é seguido de um medo
persistente de ter outro ataque (CID-1O).
Os indivíduos com Transtorno de Pânico apresentam preocupações
acerca das implicações ou consequências dos Ataques de Pânico. Alguns
temem que os ataques indiquem a presença de uma doença não
diagnosticada e ameaçadora à vida.
Os ataques também podem ser percebidos como uma indicação de que
estão ficando loucos ou perdendo o controle. As preocupações acerca
do próximo ataque ou suas implicações muitas vezes são associadas
com o desenvolvimento de um comportamento de esquiva.
A idade de início varia muito, mas normalmente pode começar no final
da adolescência e início da idade adulta, apenas um pequeno número
de casos começa na infância.
Além da preocupação com os Ataques de Pânico e suas implicações,
muitos indivíduos também relatam sentimentos constantes ou
intermitentes de ansiedade não focalizada sobre qualquer situação ou
evento específico. Outros tomam-se excessivamente apreensivos acerca
do resultado de atividades e experiências rotineiras, particularmente
aquelas relacionadas à saúde ou separação de pessoas queridas. Esses
indivíduos também toleram menos os efeitos colaterais de
medicamentos.
Em pessoas onde o Transtorno do Pânico não foi convencionalmente
tratado ou foi diagnosticado incorretamente, a crença de terem uma
doença ameaçadora à vida não detectada pode levar a uma ansiedade
debilitante e crônica e a constantes consultas médicas. Este padrão
200
pode ser perturbador tanto do ponto de vista emocional como
financeiro.
Esquizofrenia
De acordo com as pesquisas de Hammer (1981), Laurenção Van Kolck
(1984), Souza Campos (1989), neste manual existem 31 interpretações
indicativas de Esquizofrenia.
A Esquizofrenia é uma perturbação que dura peio menos 6 meses e
inclui pelo menos um mês de sintomas da fase ativa (isto é, dois ou
mais) dos seguintes: delírios, alucinações, discurso desorganizado,
comportamento amplamente desorganizado ou catatônico e sintomas
negativos (apatia, pobreza de discurso e embotamento de respostas
emocionais) (DSM-IV),
Os transtornos esquizofrênicos são caracterizados por distorções do
pensamento, da percepção e pelo afeto inadequado. Muitas vezes a
consciência e a capacidade intelectual não apresentam prejuízos,
embora certos déficits cognitivos possam surgir com o tempo. A doença
envolve funções básicas que dão à pessoa normal um senso de
individualidade, unicidade e de direção de si mesmo.
Os sintomas característicos de Esquizofrenia envolvem uma faixa de
disfunções cognitivas e emocionais que acometem a percepção, o
pensamento inferencial, a linguagem e a comunicação, o
monitoramento comportamental, o afeto, a fluência e a produtividade
do pensamento e do discurso, a capacidade hedônica, a volição, o
impulso e a atenção. Nenhum sintoma isolado é patognomônico de
Esquizofrenia; o diagnóstico envolve o reconhecimento de uma
constelação de sinais e sintomas associados com prejuízo no
funcionamento ocupacional ou social.
Esses sintomas característicos podem ser conceituados como positivos
(refletindo um excesso de distorções das funções normais - delírios,
alucinações, discurso desorganizado e comportamento amplamente
desorganizado ou catatônico) ou negativos (perda ou diminuição das
funções normais - embotamento do afeto, alogia e avolição).
Os delírios são crenças errôneas, habitualmente envolvendo a
interpretação falsa de percepções ou experiências. Seu conteúdo pode
incluir uma variedade de temas (por exemplo: persecutórios,
referenciais, somáticos, religiosos ou grandiosos). Os delírios expressam
201
uma perda de controle sobre a mente ou o corpo e geralmente são
considerados bizarros.
As alucinações podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial, mas
as alucinações auditivas são de longe as mais comuns e características
da Esquizofrenia, sendo geralmente experimentadas como vozes
conhecidas ou estranhas, que são percebidas como distintas dos
pensamentos da própria pessoa.
A desorganização do pensamento é definida como o aspecto mais
importante, sendo que o indivíduo apresenta um discurso
desorganizado. O discurso dos indivíduos pode ser desorganizado de
várias maneiras, e a pessoa pode saltar de um assunto para outro ou as
respostas podem não ter relação alguma com as perguntas.
Um comportamento amplamente desorganizado também pode
manifestar-se de várias maneiras, estando em um extremo o
comportamento tolo e pueril até a agitação imprevisível.
Os comportamentos motores catatônicos incluem uma diminuição
acentuada da reatividade ao ambiente, às vezes alcançando um grau
extremo de completa falta de consciência (esturpor catatônico),
manutenção de uma postura rígida e resistência aos esforços de
mobilização (rigidez catatônica), resistência ativa a instruções ou
tentativas de mobilização (negativismo catatônico), adoção de posturas
inadequadas ou bizarras (postura catatônica) ou excessiva atividade
motora sem propósito e não estimulada (excitação catatônica).
Os sintomas negativos da Esquizofrenia respondem por um grau
substancial de morbidade associada ao transtorno. O afeto embotado é
especialmente comum e se caracteriza pelo fato de o rosto da pessoa
mostrar-se imóvel e irresponsivo, com pouco contato visual e linguagem
corporal reduzida. A alogia (pobreza do discurso) é manifestada por
respostas breves, lacônicas e vazias. A avolição caracteriza-se por
incapacidade de iniciar e persistir em atividades dirigidas a um objeto. A
pessoa pode ficar sentada por longos períodos de tempo e demonstra
pouco interesse em participar de atividades profissionais ou sociais.
A Esquizofrenia envolve disfunção em uma ou mais áreas importantes
do funcionamento. Tipicamente, o funcionamento está claramente
abaixo daquele que havia sido atingido antes do aparecimento dos
sintomas. Se a perturbação começa na infância ou adolescência,
entretanto, pode haver um fracasso em conquistar o que seria esperado
do indivíduo, em vez de uma deteriorização no funcionamento. A
202
comparação entre o indivíduo e seus irmãos não afetados pode ser útil
para esta determinação. O progresso educacional frequentemente fica
perturbado, podendo o indivíduo ser incapaz de terminar a
escolarização. Muitos indivíduos são incapazes de manter um trabalho
por períodos prolongados de tempo e estão empregados em um nível
inferior ao de seus pais. A maioria dos indivíduos com Esquizofrenia não
se casa, e a maior parte mantém contatos sociais relativamente
limitados. A disfunção persiste por um período substancial durante o
curso do transtorno e não parece ser o resultado direto de qualquer
aspecto isolado.
O começo pode ser agudo, com comportamento seriamente
perturbado, ou insidioso, com um desenvolvimento gradual de idéias e
condutas estranhas. O curso do transtorno mostra igualmente uma
grande variação e não é, sem dúvida, inevitavelmente crônico ou
deteriorante. Numa proporção de casos, que pode variar em diferentes
culturas e populações, a evolução é para uma completa ou quase
completa recuperação. Os sexos são mais ou menos igualmente
afetados, mas o começo tende a ser mais tardio nas mulheres (CID-10).
Exibicionismo
Neste manual existem 13 interpretações indicativas para o
comportamento exibicionista.
A característica do comportamento Exibicionista é a exposição dos
próprios genitais a um estranho ou a pessoas em lugares públicos, sem
convite ou pretensão de contato íntimo (DSM-IV).
A excitação sexual decorre da antecipação da exposição, e o orgasmo
acontece pela masturbação durante ou após o evento. As vezes o
indivíduo se masturba durante a exposição (ou enquanto fantasia que se
expõe). Se o indivíduo age sob influência desses anseios, geralmente
não existe qualquer tentativa de uma atividade sexual adicional com o
estranho. Em alguns casos, o indivíduo está consciente de um desejo de
surpreender ou chocar o observador; em outros, o indivíduo tem a
fantasia sexualmente excitante de que o observador ficará sexualmente
excitado.
O exibicionismo está quase inteiramente limitado a homens
heterossexuais que se exibem para mulheres adultas ou adolescentes.
Para alguns, o exibicionismo é sua única atividade sexual, mas outros
mantêm o hábito simultaneamente a uma vida sexual ativa e dentro de
203
um relacionamento duradouro, embora seus ímpetos possam tomar-se
mais aguçados frente a um conflito no relacionamento.
A dinâmica do exibicionista reside na afirmação de sua masculinidade
mediante a exposição do pênis e observação da reação da vítima medo, surpresa ou aversão. inconscientemente, estes homens sentemse castrados e impotentes. As esposas de exibicionistas geralmente
servem de substitutas da mãe, a quem o paciente esteve
excessivamente apegado durante a infância.
A maior parte dos exibicionistas considera seus ímpetos difíceis de
controlar e alheios ao próprio ego. Se a pessoa para quem se exibe
parece chocada, assustada ou impressionada, a excitação do
exibicionista é frequentemente intensificada.
O início em geral ocorre antes dos 18, anos embora possa começar mais
tarde. Poucos indivíduos de grupos etários mais velhos são detidos, o
que pode sugerir que a condição se torna menos severa após os 40 anos
de idade (CID- 10).
Fobia Social
Neste manual existem 16 interpretações referentes à Fobia Social.
A Fobia Social caracteriza-se por ansiedade clinicamente significativa
provocada pela exposição a certos tipos de situações sociais ou de
desempenho, frequentemente levando ao comportamento de esquiva
(DSM-IV).
Também chamada de Antropofobia, Neurose Social, Histeria de
Ansiedade ou Transtorno de Ansiedade Social, é uma fobia que está
usualmente associada a baixa auto- estima, medo de críticas, avaliações
negativas, medo de rejeição e sentimento de inferioridade. A exposição
à situação social ou de desempenho provoca uma resposta imediata de
ansiedade, pelo medo de ser indiretamente avaliado por outras pessoas,
resposta esta que pode assumir a forma de Ataque de Pânico ligado à
situação. Embora adolescentes e adultos com este transtorno
reconheçam que seu medo é excessivo ou irracional, isto pode não
ocorrer com as crianças.
Nas situações sociais ou de desempenho temidas, os pacientes com
Fobia Social experimentam preocupações acerca de embaraço e temem
que as outras pessoas os considerem ansiosos, débeis, “malucos” ou
estúpidos.
204
Eles podem ter medo de falar em público em virtude da preocupação de
que os outros percebam a sua ansiedade pelo calor ou gelo das mãos,
voz indecisa ou dificuldade em se expressar. Também podem esquivarse de comer, beber ou escrever em público, pelo medo de sentirem
embaraço se os outros perceberem sua fobia.
Em crianças, pode haver choro, ataques de raiva, imobilidade,
comportamento aderente ou permanência junto a uma pessoa familiar,
podendo a inibição das interações chegar ao ponto do mutismo.
Crianças pequenas podem mostrar-se excessivamente tímidas em
contextos sociais estranhos, retraindo-se do contato, recusando-se a
participarem brincadeiras de grupo, permanecendo tipicamente na
periferia das atividades sociais e tentando permanecer próximas a
adultos conhecidos.
Diferentemente dos adultos, as crianças com Fobia Social em geral não
têm a opção de evitar completamente as situações temidas e podem ser
incapazes de identificar a natureza de sua ansiedade. Elas podem
apresentar declínio no rendimento escolar, recusa em ir à escola ou
esquiva de atividades sociais e encontros adequados à idade, Para este
diagnóstico em crianças, deve haver evidências de que são capazes de
relacionar-se socialmente com pessoas familiares, e a ansiedade social
deve ocorrer em contextos envolvendo seus pares, não apenas em
interações com adultos.
Muitos pacientes conseguem levar uma vida relativamente normal,
apesar do Transtorno Fóbico, porque o objeto ou a situação fóbica é
facilmente evitável; diferentemente do Transtorno do Pânico em que os
ataques são imprevisíveis e inesperados.
Hipocondria
Esse manual apresenta 14 interpretações indicativas de Hipocondria.
Hipocondria é preocupação com o medo ou a idéia de ter uma doença
grave, com base em uma interpretação errônea de sintomas ou
funções corporais (DSM-IV),
A Hipocondria é também chamada de Transtorno Dismórfico Corporal,
Dismorfobia Não Delirante, Neurose Hipocondríaca ou Nosofobia, e sua
característica essencial é a preocupação persistente com a possibilidade
de ter um ou mais transtornos físicos sérios e progressivos. Uma
avaliação médica completa não é capaz de identificar a doença que
responda plenamente pelas preocupações da pessoa, e o medo ou as
205
idéias inadequadas persistem apesar das garantias ao contrário.
Entretanto, a crença não tem intensidade delirante, a pessoa é capaz de
reconhecer a possibilidade de estar exagerando a extensão da doença
temida ou de não existir absolutamente qualquer patologia.
A preocupação na Hipocondria pode envolver funções corporais,
anormalidades físicas menores, preocupação com um órgão específico,
doença específica ou sensações somáticas e ambíguas. Os pacientes
hipocondríacos podem acreditar ter uma doença séria ainda não
detectada, e esta convicção persiste apesar de resultados laboratoriais
negativos, do curso benigno ao longo do tempo e da avaliação
apropriada do médico.
Os pacientes com Hipocondria podem alarmar-se ao lerem ou ouvirem
sobre doenças ou ao saberem que alguém adoeceu ou por sensações e
ocorrências nos seus próprios corpos.
Psicodinamicamente acredita-se que desejos agressivos e hostis em
relação aos outros são transferidos (repressão e deslocamento) para
queixas físicas. A raiva dos hipocondríacos origina-se de decepções,
rejeições e perdas passadas, mas é expressa no presente por meio de
solicitação da ajuda e preocupação de outras pessoas e posterior
rejeição das mesmas como inefetivas. A hipocondria também tem sido
vista como uma defesa contra a culpa, um senso de maldade inata, uma
expressão de baixa autoestima e um sinal de preocupação excessiva
com a própria pessoa. A dor e o sofrimento somático transformam-se,
assim, num meio de compensação e expiação (anulação), podendo ser
experimentados como uma punição merecida por erros passados (reais
ou imaginários) e como uma sensação de ser mau e pecador.
A hipocondria pode ser de origem sociocultural e tem sido vista como
um pedido de admissão ao papel de doente, feito por uma pessoa que
se defronta com problemas aparentemente insolúveis e insuperáveis. O
papel de doente oferece uma via de saída porque ao paciente doente é
permitido evitar obrigações nocivas e adiar desafios desagradáveis,
sendo desculpado dos deveres.
Reações hipocondríacas transitórias ocorrem após estresses maiores,
como morte ou doença séria de alguém importante ou uma doença
ameaçadora à vida que foi resolvida. As respostas hipocondríacas
transitórias ao estresse extremo geralmente apresentam remissão
206
quando o estresse é resolvido, mas podem tornar-se crônicas, se
reforçadas por pessoas no sistema social do paciente ou por
profissionais da saúde.
A Hipocondria pode iniciar-se em qualquer idade, e certos fatores são
pré-disponentes como doenças graves na infância, experiência anterior
com doença em um membro da família ou com a morte de alguém
próximo ao paciente.
Homossexualidade
Este manual contém 19 interpretações sugestivas de homossexualidade.
Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento
da CID-1O, a orientação sexual por si só não é considerada como um
transtorno, e a orientação sexual pode ser Heterossexual,
Homossexual ou Bissexual.
As causas do comportamento homossexual são enigmáticas. De acordo
com a teoria psicodinâmica, as situações do início da vida que podem
resultar no comportamento homossexual masculino incluem uma forte
fixação à mãe, falta de cuidados paternais efetivos, inibição do
desenvolvimento masculino pelos pais e perda na competição com
irmãos e irmãs.
A visão psicodinâmica sobre a homossexualidade feminina inclui uma
falta na resolução da inveja do pênis, associada a conflitos edípicos não
resolvidos. As mulheres homossexuais, comparadas com as mulheres
heterossexuais, são descritas como tendo pais ternos e íntimos, ao
contrário daquilo que se descobriu em relação aos homens
homossexuais. Entretanto, as descrições das mães de homossexuais
femininas não eram diferentes das de heterossexuais.
Alguns homossexuais, particularmente homens, relatam uma
conscientização acerca de atrações românticas pelo mesmo sexo antes
da puberdade. De acordo com os dados de Kinsey (apud Kaplan, 1993),
cerca de metade de todos os homens pré-púberes tem alguma
experiência genital com um parceiro do mesmo sexo. Entretanto, esta
experiência é, frequentemente, de natureza exploratória,
particularmente se compartilhada com um companheiro, não com um
adulto, e tipicamente não possui um forte componente afetivo.
207
A maioria dos homossexuais masculinos e femininos recorda o
aparecimento de atrações românticas e eróticas por parceiros do
mesmo sexo durante o início da adolescência. Entretanto, o claro
reconhecimento da preferência por um(a) parceiro(a) do mesmo sexo
tipicamente ocorre do meio ao final da adolescência ou após a idade
adulta jovem.
As mulheres mais do que homens homossexuais parecem ter
experiências heterossexuais durante suas carreiras homossexuais
primárias. Em um estudo, 56% de uma amostragem de lésbicas teve
intercurso antes de sua primeira experiência homossexual genital,
comparada com 19% de uma amostra de homossexuais masculinos que
tiveram intercurso heterossexual antes. Aproximadamente 40% das
lésbicas tinham tido intercurso heterossexual durante o ano anterior à
pesquisa.
As características comportamentais dos homossexuais femininos e
masculinos são tão variadas quanto aquelas dos indivíduos
heterossexuais de ambos os sexos. As práticas sexuais nas quais os
homossexuais se engajam são as mesmas praticadas pelos
heterossexuais, com as limitações óbvias impostas pelas diferenças
anatômicas.
Existem padrões variáveis de relacionamento prolongado entre
homossexuais, como entre os heterossexuais. Alguns casais
homossexuais vivem num relacionamento monogâmico ou primário por
décadas, enquanto outros homossexuais tipicamente mantêm contatos
sexuais apenas passageiros. Embora existam mais relacionamentos
estáveis entre dois homens do que anteriormente se pensava, estes
relacionamentos parecem ser menos estáveis e mais superficiais do que
entre duas mulheres.
Os casais homossexuais masculinos estão sujeitos a discriminações civis
e sociais e não têm o sistema de apoio social legal do casamento ou a
capacidade biológica para a procriação. Os casais de mulheres
experienciam menor estigmatizarão social e parecem ter
relacionamentos monogâmicos ou primários mais duradouros (Kaplan,
1993).
Impulso Sexual Excessivo
Neste manual existem 17 interpretações indicativas de Impulso Sexual
Excessivo.
208
Tanto os homens com as mulheres podem ocasionalmente queixaremse de impulso sexual excessivo como um problema por si só,
usualmente durante o final da adolescência ou início da idade adulta
(CID- 10).
No impulso sexual excessivo masculino (chamado de Don juanismo ou
Satiríase), a característica principal é a hipersexualidade de certos
homens, manifestada por sua necessidade de terem encontros ou
conquistas sexuais demasiadamente frequentes. Suas atividades
sexuais, entretanto, são utilizadas para mascarar profundos sentimentos
de inferioridade. Alguns destes pacientes podem ter impulsos
homossexuais inconscientes, os quais negam por contatos sexuais
compulsivos com mulheres. Após o sexo, a maioria dos “Don Juans” não
mais se interessa pela mulher.
Ninfomania é um termo descritivo que significa desejo excessivo ou
patológico por coito, em uma mulher. Existem poucos estudos
científicos sobre a condição. Aquelas pacientes estudadas geralmente
tiveram um ou mais transtornos sexuais, geralmente incluindo
anorgasmia. Existe, frequentemente, um medo intenso de perda do
amor. A mulher tenta satisfazer suas necessidades de dependência, em
vez de gratificar os pulsos sexuais por intermédio de suas ações.
Roubo patológico
Neste manual existem 8 interpretações indicativas para Roubo
Patológico.
O Roubo Patológico caracteriza-se por um fracasso recorrente em
resistir a impulsos de roubar objetos desnecessários para o uso pessoal
ou em termos de valor monetário (DSM-IV),
Também chamado de Cleptomania, onde o indivíduo vivencia um
sentimento subjetivo de crescente tensão antes do furto e sente prazer,
satisfação ou alívio ao cometer o furto (os objetos podem ser jogados
fora, presenteados, armazenados e colecionados ou serem devolvidos
disfarçadamente).
O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança, não é
realizado em resposta a um delírio ou alucinação, nem é explicado por
um Transtorno de Conduta, Episódio Maníaco ou Transtorno de
Personalidade Antissocial, Os objetos são furtados apesar de
tipicamente terem pouco valor para o indivíduo, que teria condições de
comprá-los. Os sintomas de cleptomania tendem a aparecer em
209
períodos de estresse significativo, como perdas, separações ou término
de relacionamentos importantes.
Embora algum esforço para ocultamento seja usualmente feito, os
indivíduos que sofrem de cleptomania não costumam planejar seus
furtos e nem levam em conta as possibilidades de serem presos. O
roubo é um ato solitário, realizado sem cúmplice. O indivíduo pode
expressar ansiedade, abatimento e culpa entre os episódios de roubo
(eles geralmente têm consciência de que o ato é errado e sem sentido),
mas isso não impede a repetição.
A cleptomania ou roubo patológico pode começar na infância, embora a
maioria das crianças e adolescentes que furtam não se tornam
cleptomaníacos na idade adulta.
Voyeurismo
Neste manual existem 8 respostas indicativas de voyeurismo.
O Voyeurismo envolve o ato de observar indivíduos, geralmente
estranhos, sem suspeitar que estão sendo observados, que estão nus,
a se despirem ou em atividade sexual (Kaplan, 1993).
É uma preocupação recorrente com fantasias ou atos que envolvam a
busca ou observação de pessoas nuas ou envolvidas em carícias ou
atividade sexual. O ato de “espiar” serve a finalidade de obter excitação
sexual e geralmente não é tentada qualquer atividade sexual com a
pessoa observada. O orgasmo em geral é produzido pela masturbação,
que pode ocorrer durante o voyeurismo ou mais tarde, em resposta à
recordação do que o indivíduo testemunhou. Frequentemente esses
indivíduos fantasiam uma experiência sexual com a pessoa observada,
mas isso raramente ocorre na realidade.
O primeiro ato de Voyeurismo frequentemente ocorre durante a
infância, sendo mais comum nos homens. Em sua forma mais severa, o
ato de espiar constitui a forma exclusiva de atividade sexual, e o curso
tende a ser crônico.
12.
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