Papers by Fabrizia Nicoli Dias
Este artigo busca fundamentar a existência de tópicas epidíticas do louvor e da censura na primei... more Este artigo busca fundamentar a existência de tópicas epidíticas do louvor e da censura na primeira e décima segunda cartas das Heroides de Públio Ovídio Nasão. Recorre-se sobretudo ao segundo tratado de retórica epidítica de Menandro, o Retor, bem como a testemunhos antigos e modernos acerca do gênero demonstrativo. São reconhecidas categorias epidíticas em trechos das epístolas 1 e 12. Neles, incidem lugares-comuns do elogio e/ou vitupério: a família, a natureza, os feitos e os pedidos. A inclusão do demonstrativo nas Heroides, vinculando-se ao comum uso antigo da Retórica como recurso literário, auxilia a reconfiguração da imagem das personagens mitológicas femininas que, se na tradição são representadas como vítimas de modo geral, nessas epístolas, são constituídas como heroínas.
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O encômio paradoxal, variedade de elogio na qual se aplicam as mesmas técnicas epidíticas do repe... more O encômio paradoxal, variedade de elogio na qual se aplicam as mesmas técnicas epidíticas do repertório retórico comum a matérias pouco enaltecidas tradicionalmente, foi exercido por Marco Cornélio Frontão, um dos únicos autores romanos que se inseriu nessa prática laudatória. O orador produziu cartas que costumam ser apresentadas sob os títulos de "Os elogios da fumaça e da poeira" (Laudes fumi et pulveris), "Os elogios da negligência" (Laudes neglegentiae) e "Dos feriados em Álsio 3" (De feriis Alsiensibus 3), na qual, por sua vez, é possível enxergar uma elevação do sono e, de modo mais geral, do ócio. Por vezes se constata, na fortuna crítica existente sobre a modalidade elogiosa em questão, uma perspectiva segundo a qual as composições lúdicas seriam vazias de sentido, de forma que a noção de jogo retórico acaba por ser vinculada à de gratuidade. Diante desse cenário, este trabalho propõe discutir as possíveis aplicações desempenhadas pelo encômio paradoxal na literatura latina a partir do exame do corpus de análise constituído pelas epístolas frontonianas acima discriminadas. Para tanto, abordam-se pressupostos contemplados na teoria retórica antiga, sobretudo no que diz respeito às percepções sobre o gênero epidítico (ou demonstrativo), o elogio e, mais especificamente, o louvor paradoxal. Quanto a essas considerações, apresentam-se as de Aristóteles, Pseudo-Anaxímenes, do anônimo de Retórica a Herênio, Cícero, Quintiliano, Pseudo-Aristides, Menandro de Laodiceia, Élio Teão, Hermógenes, Aftônio, o Sofista, e Nicolau, o Sofista. Ademais, para discutir o conceito de Segunda Sofística, remetemo-nos sobretudo a Flávio Filóstrato, que é considerado quem cunhou a expressão. Com tais reflexões antigas, intercalamos especialmente os comentários modernos de Pernot (1993), Dandrey (1997; 2015), Bowersock (1969), Anderson (1993) e Goldhill (2009). Como conclusão, do caso de Frontão, compreendemos que a elevação da experiência retórica é comum às três missivas estudadas, que estas veiculam parte da concepção do retor de acordo com a qual o exercício da eloquência é integrante da vida cívica imperial e que, por fim, o encômio paradoxal, segundo a ótica frontoniana, desfaz a correlação habitualmente realizada entre o caráter lúdico e a frivolidade.
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