Ecologizar: diferenças entre revisões
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O verbo '''ecologizar''' aplica-se aos [[governo|governos]] e às [[Administração pública|administrações públicas]], às [[empresa|empresas]], à [[educação]] e à [[cultura]], à vida pessoal, aos valores sociais. Em princípio, tudo pode ser ecologizado, no sentido de que pode-se adotar formas de [[sentir]], de [[pensar]], de [[comunicar]] e de [[agir]] menos agressivas ao [[ambiente]], mais harmonizadas com os processos naturais, no sentido amplo da [[ecologia]]. |
O verbo '''ecologizar''' aplica-se aos [[governo|governos]] e às [[Administração pública|administrações públicas]], às [[empresa|empresas]], à [[educação]] e à [[cultura]], à vida pessoal, aos valores sociais. Em princípio, tudo pode ser ecologizado, no sentido de que pode-se adotar formas de [[sentir]], de [[pensar]], de [[comunicar]] e de [[agir]] menos agressivas ao [[ambiente]], mais harmonizadas com os processos naturais, no sentido amplo da [[ecologia]]. |
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Cada uma das ecologias compõe um mosaico de visões, [[perspectiva|perspectivas]] e abre possibilidades de compreensão do mundo e de atuação sobre ele. A visão ecológica a partir de cada um desses ângulos, a capacidade de perceber a realidade ambiental por meio de vários [[filtro|filtros]] e [[lente|lentes]], aproxima-nos da visão [[holística]] da ecologia, na qual a percepção do todo é enriquecida pela visão mais detalhada de cada uma de suas partes. O filósofo francês [[Edgar Morin]] afirma a necessidade de ecologizar o pensamento, diante do fato de que a nossa cultura e a nossa civilização baseiam-se em valores e visões de mundo dissociadas das leis da [[natureza]], o que resulta na crescente [[degradação]] ambiental, acumulação de [[resíduos]], perda de [[sustentabilidade]]. |
Cada uma das ecologias compõe um mosaico de visões, [[perspectiva|perspectivas]] e abre possibilidades de compreensão do mundo e de atuação sobre ele. A visão ecológica a partir de cada um desses ângulos, a capacidade de perceber a realidade ambiental por meio de vários [[filtro|filtros]] e [[lente|lentes]], aproxima-nos da visão [[holística]] da ecologia, na qual a percepção do todo é enriquecida pela visão mais detalhada de cada uma de suas partes. |
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O filósofo francês [[Edgar Morin]] afirma a necessidade de ecologizar o pensamento, diante do fato de que a nossa cultura e a nossa civilização baseiam-se em valores e visões de mundo dissociadas das leis da [[natureza]], o que resulta na crescente [[degradação]] ambiental, acumulação de [[resíduos]], perda de [[sustentabilidade]]. |
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[[Miguel Grinberg]], ambientalista argentino, editor e autor no campo da ecologia social, define a difusão de valores ecológicos como um processo de contágio que pressupõe contato, transmissão por proximidade. Tanto a alegria pode ser contagiante, como também as doenças. No caso da ecologização, trata-se de contagiar a vida pessoal, a família, o município, a sociedade, o planeta, com o anticorpo da consciência ecológica, combatendo o vírus da poluição e da degradação do ambiente. |
[[Miguel Grinberg]], ambientalista argentino, editor e autor no campo da ecologia social, define a difusão de valores ecológicos como um processo de contágio que pressupõe contato, transmissão por proximidade. Tanto a alegria pode ser contagiante, como também as doenças. No caso da ecologização, trata-se de contagiar a vida pessoal, a família, o município, a sociedade, o planeta, com o anticorpo da consciência ecológica, combatendo o vírus da poluição e da degradação do ambiente. |
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Ecologizar expressa a ação de introduzir a dimensão ecológica nos vários campos da vida e da sociedade.
É um verbo proposto pelo arquiteto e ambientalista brasilero Maurício Andrés Ribeiro no seu livro "Ecologizar, pensando o ambiente humano".
O verbo ecologizar aplica-se aos governos e às administrações públicas, às empresas, à educação e à cultura, à vida pessoal, aos valores sociais. Em princípio, tudo pode ser ecologizado, no sentido de que pode-se adotar formas de sentir, de pensar, de comunicar e de agir menos agressivas ao ambiente, mais harmonizadas com os processos naturais, no sentido amplo da ecologia.
Cada uma das ecologias compõe um mosaico de visões, perspectivas e abre possibilidades de compreensão do mundo e de atuação sobre ele. A visão ecológica a partir de cada um desses ângulos, a capacidade de perceber a realidade ambiental por meio de vários filtros e lentes, aproxima-nos da visão holística da ecologia, na qual a percepção do todo é enriquecida pela visão mais detalhada de cada uma de suas partes.
O filósofo francês Edgar Morin afirma a necessidade de ecologizar o pensamento, diante do fato de que a nossa cultura e a nossa civilização baseiam-se em valores e visões de mundo dissociadas das leis da natureza, o que resulta na crescente degradação ambiental, acumulação de resíduos, perda de sustentabilidade.
Miguel Grinberg, ambientalista argentino, editor e autor no campo da ecologia social, define a difusão de valores ecológicos como um processo de contágio que pressupõe contato, transmissão por proximidade. Tanto a alegria pode ser contagiante, como também as doenças. No caso da ecologização, trata-se de contagiar a vida pessoal, a família, o município, a sociedade, o planeta, com o anticorpo da consciência ecológica, combatendo o vírus da poluição e da degradação do ambiente.
Diz a mitologia grega que o rei Midas transformava em ouro tudo o que tocava. Na peça intitulada O menino do dedo verde, o autor francês Maurice Druon retrata um menino que tinha a capacidade de melhorar o ambiente, limpá-lo e despoluí-lo a partir de seu toque. Cada indivíduo, tendo vontade, disposição e lucidez, pode atuar como um menino do dedo verde, colaborando para o processo de ecologização da sociedade, a partir de sua ação local. Tal ação pode referir-se a temas ligados à realidade local, como a outros de ampla abrangência e alcance global.
Os principais dicionários e enciclopédias ainda não oferecem definições atualizadas sobre o rico campo das ciências ecológicas, que se enriquece de forma acelerada. Por serem recentes e conhecidos, quando muito, pelos especialistas, esses termos ainda não foram captados por aqueles que dicionarizam as novas palavras que circulam.
De fato, desde seus primórdios no século XIX, até os últimos anos, o conceito de ecologia extrapolou suas origens nas ciências biológicas e enveredou-se principalmente pelos domínios das ciências humanas e sociais. Destacam-se, entre outros, os campos da ecologia política, social, humana, cultural, energética, cósmica, pessoal, humana ou do ser; a agroecologia, ecologia urbana, rural, industrial. A Ecologia diferenciou-se em vários e novos campos de atividade, que se reúnem num conceito de Ecologia Integral, que inclui a ecologia do ser, a ecologia social e a ecologia ambiental.
Além de não terem sido integrados aos dicionários gerais, esses novos conceitos têm sido incorporados de forma fragmentada aos dicionários especializados da área. Ainda falta realizar um trabalho de integração, de forma que a visão mais abrangente das ecologias seja colocada à disposição do leitor e possa, então, ser aplicada à realidade.
Aquilo que não está escrito, não pode ser lido e é difícil que se torne parte da cultura de uma sociedade. Assim, é necessário, para o aprimoramento cultural ecologizado, tornar disponíveis palavras que possam ser lidas, compreendidas e escritas nos processos de eco-alfabetização. Cada cultura desenvolve um repertório de conceitos que são úteis para expressar suas necessidades de vida. Assim, os esquimós dispõem de dezenas de palavras para designar o branco, cor dominante na sua paisagem, e o uso adequado de uma palavra para significar um tipo de branco pode levar a uma tomada de decisão que represente a diferença entre a vida e a morte. Da mesma forma, a sofisticada psicologia hindu exigiu o desenvolvimento de um extenso repertório, de modo que para cada termo referente a psicologia, em inglês, há quarenta palavras em sânscrito. O enriquecimento da língua com a invenção e circulação de palavras que expressem a diversidade das dimensões da ecologia será um elemento chave para facilitar a adoção de práticas ecologicamente consistentes e amigáveis.
As ciências ecológicas operam transversalmente nos campos de reflexão das ciências exatas, naturais, sociais e humanas, permeando-os com nova perspectiva e ângulo de visão. Com efeito, a abordagem teórica da ecologia não pode mais, hoje, ser reduzida ao enfoque biológico. Abre-se às suas múltiplas facetas, da cósmica à energética, da cultural à psicológica, penetrar nos domínios da ecologia do ser – do corpo, da mente, das emoções -, integrando ao campo da sustentabilidade a Psicologia, os processos cognitivos e emocionais bem como outras Ciências Humanas como a Educação, a Antropologia e a Filosofia.
Ecologizar implicará, nessa perspectiva, conhecer os vários campos do conhecimento nos quais se ramificou a Ecologia clássica, a partir de sua origem na Biologia, estendendo-se, atualmente, a uma multiplicidade de âmbitos de pensamento e ação. E um ponto de partida para uma ação integradora e eficaz, é não só conhecer as várias ecologias, como também buscar as formas de harmonizar seus conceitos com as práticas do desenvolvimento sustentável, retomando conceitos fecundos como o de eco-desenvolvimento.
A ação de ecologizar, ou ecologiz-ação responsável baseia-se em idéias, valores, atitudes ecologizados e nutre-se da mente – sonhos, pensamentos, conceitos e idéias – e do coração – sentimentos, emoções, intuição e energia, aumentando o conteúdo ecológico e utilizando processos ecologicamente amigáveis de viver e de agir .
Numa cultura ecologizada, cada cidadão internaliza valores e comportamentos ecologicamente responsáveis, reduzindo as necessidades de controles externos para se obter um ambiente saudável e equilibrado.
Ao ecologizar a educação, tais valores são transmitidos em cada disciplina que compõe setorialmente o currículo escolar, sintonizando cada campo especializado do conhecimento com a visão holística e ecológica.
Na imprensa ecologizada, cada editoria – desde a de política até a de economia, de artes, cultura, moda, turismo, além da editoria especializada em meio ambiente – passa a trabalhar segundo uma perspectiva ecológica, ressaltando as relações daquele campo com os demais e os impactos ambientais daí decorrentes. A capacidade de as tradições espirituais mobilizarem a energia individual e social, de disseminarem valores e de influenciarem comportamentos só tem paralelo, hoje, com a comunicação de massa através da TV, canal de comunicação forte e visualmente, e que ocupa na moradia moderna um lugar tão importante como o antigo altar ou santuário. Hoje, “a TV é o ópio do povo” e torna-se elemento de depredação ambiental, ao estimular padrões de consumo que levam ao esgotamento dos recursos naturais. A ecologização desse meio de comunicação e transmissão de conhecimento constitui potencialmente um instrumento de preservação ambiental, ao influenciar mudanças de atitudes.
A ecologização da Administração Pública – da municipal à nacional – e, mais além, a governança global dos problemas planetários pressupõe a interferência sobre cada política pública setorial, de forma transversal, ajustando a tomada de decisões de modo a reduzir ao mínimo os impactos negativos das ações do governo, dos agentes econômicos e sociais, maximizando as complementaridades e o aproveitamento dos recursos disponíveis.
Cada profissão pode ser ecologizada, da arquitetura às artes, da economia à medicina, das engenharias à psicologia. Cada profissional tem responsabilidade pelos efeitos e impactos ambientais que sua atividade provoca.
As empresas, ao se ecologizarem, deixam de ser alvos preferenciais da fiscalização de fora para dentro e desenvolvem auditoria que identifica problemas ambientais e ajuda a reduzir os efeitos negativos de sua atividade.
A ecologização da noção de segurança confere atenção a novos perigos que ameaçam a vida humana e ajuda a redistribuir recursos, voltando-os para prevenir ou combater os riscos ambientais relacionados com as mudanças climáticas. A ecologização de cada um desses campos demanda o uso de instrumentos normativos, legislação, de educação e meios informacionais, de instrumentos de coerção e fiscalização, bem como de projetos e planejamentos que reestruturem as formas como se vive.
A ecologização da sociedade influencia os processos de produção e da administração, o modo como os problemas são resolvidos, o modo como a sociedade se estrutura espacialmente, em que tipos de ecossistemas construídos, cidades e assentamentos vivem suas populações. Implica adoção de padrões de consumo e estilos de vida sustentáveis.