Esvaziando a ontologia

In Brandon Jahel da Rosa, Eduardo Alves & Taís Regina Chiodelli (eds.), XXII Semana Acadêmica do PPG-Filosofia PUCRS - Filosofia Contemporânea I. Porto Alegre, RS, Brasil: pp. 147-162 (2022)
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Abstract

Ontologia é, em linhas gerais, a pergunta pelo que existe. Como ramo da filosofia, ela perdurou ao longo de milênios, passando desde a pergunta pela natureza dos objetos comuns até as questões sobre as entidades matemáticas. Com tanta história e debate transcorrido, a ontologia de fato se consagrou e, mesmo quando questionada (como Kant o fez, por exemplo) ela ainda assim mantinha sua soberania, garantida por seus próprios críticos. Isso, contudo, mudou no século XIX e especialmente no início do século XX. Quando os membros do Círculo de Viena puseram seus esforços na análise da linguagem e afirmaram a ciência como meio de conhecimento do mundo, o resultado foi o questionamento da ontologia e da metafísica, uma vez que as verdades viriam da lógica e da ciência. Por outro lado, W. V. Quine (1908-2000) tentava manter uma certa forma de ontologia, mas colocando-a como submetida ao que nossas melhores teorias científicas disponíveis dizem que há. Ou seja, o século XX foi palco de um esvaziamento da ontologia enquanto âmbito até então consagrado, questionando seu próprio significado e sua validade. Esta apresentação terá o intuito de investigar os principais argumentos utilizados então em favor de tal esvaziamento. Se a ontologia se baseia num erro, se é um mero jogo de palavras sem sentido ou se só se trataria de uma confusão arrastada ao longo de séculos pelo simples fato de, até então, não sermos capazes de empreender uma análise lógica da linguagem de maneira eficaz. Para isso, serão analisados especialmente os argumentos de Rudolf Carnap (1891-1970) e de Quine e, quando necessário, também serão abordados textos de outros autores a respeito da discussão. Nosso objetivo será compreender de forma clara (embora, de modo algum, definitiva) a disputa em torno do estatuto da ontologia surgida nessa época e que se desenrolou em um debate que até hoje rende muitas discussões na filosofia. Compreender a pergunta pelo que há nos levará a compreender nossos comprometimentos quanto ao que afirmamos existir e quanto ao que nossas teorias científicas disponíveis postulam. Tal definição é de suma importância em outros ramos da filosofia, como a metaética, a filosofia da mente e a filosofia da ciência e, portanto, deve ser discutida com esmero, como propomos neste trabalho.

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Deiver Melo
University of Campinas

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2022-12-19

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