Papers by Marcia Arruda Franco
RESUMO: Analisa-se neste artigo duas importantes acepcoes da figura diabolica: a oficial e a popu... more RESUMO: Analisa-se neste artigo duas importantes acepcoes da figura diabolica: a oficial e a popular. A partir do texto biblico e de sua breve interpretacao, sera delineado o perfil geral de Lucifer, suas origens e atribuicoes, para, em seguida, dissertar sobre a tao contundente cultura do medo do inferno propagada sobretudo durante o inicio da Idade Moderna. Sera apresentado tambem um panorama teorico a respeito das estrategias populares de enfrentamento dessa entidade e notas sobre o processo de diabolizacao de figuras miticas pagas. Em paralelo, como forma de complementar o aporte teorico, serao apresentadas representacoes iconograficas do Diabo em consonância a epoca e acepcoes mencionadas. Pretende-se, assim, demonstrar os provaveis efeitos do processo de diabolizacao de figuras miticas do folclore pagao com o advento e propagacao do cristianismo pela Europa. PALAVRAS-CHAVE: Diabo. Literatura popular. Folclore europeu. Cristianismo. ABSTRACT : This article analyzes two importan...
Revista e-scrita : Revista do Curso de Letras da UNIABEU, 2018
O presente artigo convida o leitor a refletir acerca da presenca das fadas em textos teatrais por... more O presente artigo convida o leitor a refletir acerca da presenca das fadas em textos teatrais portugueses do seculo XVI. Para isso, parte de uma retrospectiva panorâmica relativa aos primordios do pensamento magico, apresentando fundamentos teoricos criticos ao discurso historico-evolutivo da historia dos pensamentos que atribui ao chamado “homem primitivo” uma grosseria intelectual incapaz de desenvolver raciocinios desinteressados da simples manutencao da sobrevivencia. A seguir sao apontados exemplos de praticas magicas registradas nas escrituras biblicas, direcionando o texto para a nocao de “mediacao” relativa a objetos e seres magicos, com posterior detrimento na figura da fada. Posteriormente, o texto parte para a indicacao de possibilidades interpretativas quanto a origem, forma, dominio e habilidades atribuidas as fadas, para entao apresentar e analisar as principais ocorrencias destes seres no recorte textual em questao.
Inicialmente proferido para comemorar o quinto centenario do Cancioneiro geral de Garcia de Resen... more Inicialmente proferido para comemorar o quinto centenario do Cancioneiro geral de Garcia de Resende, na Jornada 500 anos do CGGR/USP, em 2016, o presente artigo pretende refutar o juizo de que haja um divorcio entre a letra e a musica na maioria qualificada das trovas ai compiladas.
O tão praticado trabalho de citação poética (Compagnon, 1996), ou seja, a receção que um poeta ma... more O tão praticado trabalho de citação poética (Compagnon, 1996), ou seja, a receção que um poeta manifesta, na escrita da sua poesia, da linguagem de outros autores, permite propor uma abordagem comparativa da história literária, subordinada ao paradigma comunicacional dos estudos de literatura (Coelho, 1982), de uma maneira multilateral. Ao construírem a sua própria linguagem, os poetas dialogam criticamente com o texto citado, seja ele um fragmento de poesia, seja de outras manifestações artísticas e discursos. Pode-se dizer que cada obra contemporânea cria em sua rede de citações uma biblioteca e um museu imaginário próprios, que evidenciam as leituras do autor, a sua visão crítica do poético e também da história da literatura. A partir da presença do fragmento citado na linguagem poética atual legitimam-se estudos comparativos que fazem uma história crítica da litera-tura, não continuista e afirmadora da hegemonia ocidental, mas regenerativa e transformadora. O poeta contemporâneo, tal qual um crítico literário, ao se fazer leitor de textos escritos no seu e noutros idiomas, elabora o próprio entendimento e prática do poético, isto é, constrói a sua dicção a partir daqueles autores e discursos com os quais convive pela leitura. Não se trata de modelar e emular a tradição poética num horizonte de semelhança estético ou filosófico, mas de reelaborar expressões, palavras, temas, imagens, ritmos, a fim de dizer algo ausente do texto citado, e que se legitima, no panorama poético e na «episteme»1 contemporânea, como próprio, individual e atual. Tal ideia fincou raízes no fazer poético ocidental há quase um século, desde o ensaio seminal de T. S. Eliot «Tradição e Talento Individual» (Eliot, 1989). No caso de Waly Salomão, no poema «Câmara de Ecos», porém, o próprio trabalho da citação rompe as fronteiras de identidade entre a linguagem do eu e a do outro: «Agora, entre o meu ser e o ser alheio / a linha da fronteira se rompeu» (PT: 219).
Este artigo e parte do primeiro capitulo de um trabalho maior que reune os textos poeticos e orat... more Este artigo e parte do primeiro capitulo de um trabalho maior que reune os textos poeticos e oratorios em torno do casamento e da morte do principe D. Joao, filho de D. Joao III, a fim de desnudar a perspectiva do letrado e do poeta, dentro do clientelismo patronal da sociedade de corte iberica, no contexto das festas matrimoniais e no de exequias. Apresentamos uma leitura comparativa entre o celebre espelho de principes de Francisco de Monzon e a educacao que os principes ibericos, pais de D. Sebastiao,receberam de aios e mestres. O cultivo da religiao, da musica, da leitura e dos esportes os vocacionou para o mecenato artistico, religioso e letrado.
letras.ufmg.br
Preto-FAPEMIG este ano 2000, em que se comemoram os 500 anos do Descobrimento do Brasil, é a poes... more Preto-FAPEMIG este ano 2000, em que se comemoram os 500 anos do Descobrimento do Brasil, é a poesia portuguesa, atual e antiga, que parece ter sido redescoberta, ao longo do século XX. Carlito Azevedo, poeta brasileiro ainda hoje vivo, em 1993, relê um dos mais bonitos decassílabos mirandinos, "E vou tresvaliando como em sonho". Em 1979, Alexandre O'Neill dedicava um poema montado com versos de Mário de Sá Carneiro e Sá de Miranda a Augusto de Campos, que os "viu juntos" no anti-ensaio sobre Donne. Nas comemorações dos 500 anos, numa visão retrospectiva, é o passado quinhentista que está sendo redescoberto pelo presente, nos dois lados do Atlântico. * A presente versão deste trabalho não seria possível sem o subsídio de viagem fornecido pela Fundação Calouste Gulbenkian, em abril de 2000, para conclusão do projeto "Sá de Miranda, um poeta do século XX". Resumo Na segunda metade do século XX, a poesia de Sá de Miranda foi redescoberta por alguns poetas da língua portuguesa, nos dois lados do Atlântico. Aqui apresentamos dois exemplos desta redescoberta, o de Carlito Azevedo, nos anos noventa, no Brasil, e o de Alexandre O'Neill, nos anos setenta, em Portugal. Ambos parecem redescobrir a atualidade do poeta antigo através dos irmãos Campos.
Convergência Lusíada
O presente artigo pretende estudar o labirinto de Luís de Camões, a fim de pensar uma história da... more O presente artigo pretende estudar o labirinto de Luís de Camões, a fim de pensar uma história das formas poéticas, desde a antiguidade à contemporaneidade.
Revista Texto Poético
Este artigo pretende resgatar, por meio da análise da dialogia implícita na troca de cartas, mime... more Este artigo pretende resgatar, por meio da análise da dialogia implícita na troca de cartas, mimese da arte da conversação, a correspondência elegíaca entre António Ferreira e Francisco de Sá de Miranda, de 1553, a respeito da morte do primogênito Gonçalo Mendes de Sá, em cruzada tardia contra o Marrocos, na batalha do Monte de Condessa, onde foi dizimada a fina flor da aristocracia ibérica.
Remate de Males
O presente artigo acompanha o esforço dos poetas modernistas em salvar de colapso o complexo arqu... more O presente artigo acompanha o esforço dos poetas modernistas em salvar de colapso o complexo arquitetônico colonial de Ouro Preto, através da criação da SPHAN, logo DPHAN, e da escrita de poemas e textos, desde os primeiros anos da década de 1920 até os fins dos anos 1960.
Intellèctus
A fim de pôr em questão a visão propagada pelos manuais de história literária e nos currículos es... more A fim de pôr em questão a visão propagada pelos manuais de história literária e nos currículos escolares de que durante o modernismo brasileiro houve um rompimento radical com a cultura portuguesa e com os intelectuais portugueses, pretende-se apontar a continuidade da interlocução poética e intelectual de portugueses e modernistas brasileiros nos anos heroicos do modernismo paulista, na década de 1930, e em decorrência do Acordo Cultural, de 1941, enfocando a figura controversa de António Ferro, excluído de Orpheu, mas “klaxista”, e alguma correspondência portuguesa de Mário de Andrade, em especial a de Osório de Oliveira.
Estudios Portugueses Revista De Filologia Portuguesa, 2008
Floema Caderno De Teoria E Historia Literaria, Aug 20, 2010
Floema Caderno De Teoria E Historia Literaria, Mar 25, 2010
Estudios Portugueses Revista De Filologia Portuguesa, 2003
Revista Do Centro De Estudos Portugueses, Nov 20, 2014
&... more <p>Escrito para introduzir a minha edição do Cancioneiro de Sá de Miranda – ainda inédita e sem editor –, este artigo pretende refletir sobre as relações entre o trovadorismo palaciano praticado por Sá de Miranda e seus contemporâneos e os diversos trovadorismos anteriores, sobretudo oprovençal e o galego-português. Também é colocada a questão da renovação poética implícita na prática híbrida do trovadorismo palaciano, como uma etapa prévia à renovação formal propiciada pela difusão do novo código renascentista, centrado no princípio criativo da imitação.</p> <p>Written to introduce mine edition of Sá de Miranda´s Cancioneiro, still not published and without publisher, this text means to think about the relationship between the poetry practiced in the early XVI th century and that practiced in the Middle Ages, in the south of France and in Spain and Portugal. Also it is pointed out that the innovation set by the diffusion of renaissance poetic principles, based on the practice of…
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 1998
Idade do Jazz-band, conferência que António Ferro proferiu nas maiores cidades brasileiras, dois ... more Idade do Jazz-band, conferência que António Ferro proferiu nas maiores cidades brasileiras, dois meses após a Semana de Arte Moderna de São Paulo, até os primeiros meses do ano seguinte (1923), garantiu-lhe um lugar singular na história do modernismo brasileiro. Nessa performance modernista, o vanguardista português imagina a humanidade artificial produzida pela luz eléctrica como efeito da americanização da vida moderna. A conferência futurista deixa ver a base totalitária do pensamento de Ferro, ao fantasiar, diante do público feminino de sua conferência, a utópica "Idade da mulher", também dita "Idade da Mentira", onde haveria a "artificialização" radical do corpo feminino, cuja alma seria mutável a cada novo vestido. A substituição do corpo pelo vestido tornar-se-ia uma arma contra o envelhecimento e a feiura. O que observa sobre o corpo, a dança, a roupa da mulher, em relação à sua psicologia e a seu modo de comportamento social pode ser entendido como uma distopia totalitária, na vanguarda da globalização tecnológica norte-americana, segundo um futurismo patriarcal, bem diverso de A Utopia de Tomás Morus.
Idade do Jazz-band, conferência que António Ferro proferiu nas maiores cidades brasileiras, dois ... more Idade do Jazz-band, conferência que António Ferro proferiu nas maiores cidades brasileiras, dois meses após a Semana de Arte Moderna de São Paulo, até os primeiros meses do ano seguinte (1923), garantiu-lhe um lugar singular na história do modernismo brasileiro. Nessa performance modernista, o vanguardista português imagina a humanidade artificial produzida pela luz eléctrica como efeito da americanização da vida moderna. A conferência futurista deixa ver a base totalitária do pensamento de Ferro, ao fantasiar, diante do público feminino de sua conferência, a utópica "Idade da mulher", também dita "Idade da Mentira", onde haveria a "artificialização" radical do corpo feminino, cuja alma seria mutável a cada novo vestido. A substituição do corpo pelo vestido tornar-se-ia uma arma contra o envelhecimento e a feiura. O que observa sobre o corpo, a dança, a roupa da mulher, em relação à sua psicologia e a seu modo de comportamento social pode ser entendido como uma distopia totalitária, na vanguarda da globalização tecnológica norte-americana, segundo um futurismo patriarcal, bem diverso de A Utopia de Tomás Morus.
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